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terça-feira, 16 de abril de 2024

A cidade que mudou de nome por causa de Santa Catarina SC

(Por Arnaldo Silva) Natércia, no Sul de Minas, conta atualmente com 4.691 habitantes, segundo Censo do IBGE. Cidade pequena, pacata, charmosa e acolhedora, está a 387 km da capital, fazendo limites territoriais com Heliodora, Lambari, Jesuânia, Conceição das Pedras, Pedralva, Santa Rita do Sapucaí e Careaçu.
          Seu relevo é montanhoso, com belíssimas paisagens naturais nativas, rios e cachoeiras como a cachoeira da Usina, com 45 metros de queda, ótimos atrativos para um convívio maior com a natureza prática de caminhadas e esportes radicais como rapel. (fotografia acima de José Valmei)
Origens
          O que é hoje a cidade de Natércia, tem origens no arraial de Descoberto da Pedra Branca, seu primeiro nome, em 1741. Dois anos depois, em 28/02/1743, passa a se chamar Arraial de Santa Catarina da Pedra Branca, tendo como padroeira, Santa Catarina de Alexandria. Elevado a freguesia em 11/07/1822 por Alvará de 09/05/1822 e a vila/distrito em 14/09/1891, por Lei Estadual n° 2 de 14/09/1891, subordinado a Santa Rita de Sapucaí MG.
          Na data de elevação à freguesia, 11/07/1822, a Igreja de Santa Catarina foi elevada a Paróquia e a partir desta data, a freguesia/vila, passou a se chamar Santa Catarina, posteriormente, elevada à cidade emancipada pela Lei Estadual nº 843, de 07-09-1923.
          Tanto a freguesia, vila e cidade se desenvolveram a 3 km do primitivo Arraial de Santa Catarina da Pedra Branca. A elevação de sua igreja a Paróquia em 11/07/1822 e sua elevação a vila, em 7/09/1923, são datas comemorativas da cidade.
De Santa Catarina MG para Natércia MG
          No século passado, encomendas e cartas levavam semanas e até meses para chegar aos destinatários. O envio era basicamente feito por trens, já que até o anos 1970, o transporte por terra e em trens, era predominante. As longas distâncias e o tempo para chegar ao destinatário, ocasionava extravios ou desvios de correspondências. (fotografia de Éder Paulo Dias)
          É o caso de Santa Catarina MG. Muitas correspondências enviadas a destinatários na cidade, acabavam indo parar no estado de Santa Catarina, o que gerava enormes transtornos. Para por fim a essa questão, os vereadores de Santa Catarina MG se mobilizaram junto ao poder municipal, Assembleia Legislativa e Governo do Estado de Minas Gerais para mudar o nome da cidade, que foi feito através da Lei nº 1039, de 12-12-1953.
          Com a aprovação dessa lei, Santa Catarina MG teve o nome alterado para Natércia MG, nome escolhido pelos políticos locais, com a alteração do nome aprovado pela Câmara Municipal de Vereadores.
Por que Natércia?
          Natércia é um anagrama de Caterina, em alusão aos versos de Luís Vaz de Camões (1524 – 1580), português e Renascentista, é considerado um dos maiores escritores da língua portuguesa de todos os tempos, tido inclusive como o “pai da língua portuguesa”. Camões nutria um forte amor por Caterina de Ataíde, uma linda jovem de olhos azuis, filha de um nobre português e membro da administração da corte real.
          Sua beleza impressionava tanto Camões que Caterina de Ataíde foi imortalizada em diversos de seus sonetos. Um desses sonetos, tem o nome de Natércia. Sua amada havia morrido ainda jovem, vítima de uma grave e fulminante doença. O poeta nunca escondera as saudades e o amor ardente que nutria por sua amada Caterina.
          Camões à época era um jovem irrequieto, aventureiro e demonstrava muita valentia. Por esses motivos, sempre se metia em confusões por onde passava e por várias vezes, foi parar em prisões.
Em uma de suas viagens, se envolveu em problemas na Índia, tendo sido capturado na China e enviado à Índia de navio para ser julgado. Foi nessa viagem de volta à Índia que escreveu o soneto Natércia.
          Para não identificarem o nome da amada, Camões misturou as sílabas de CATERINA, dando nome ao poema de NA-TER-CIA. 
          Na escolha do novo nome para a cidade, foi feita a sugestão de Natércia, com explicações do seu significado. Autoridades da cidade, à época, optaram pela troca do nome Santa Catarina MG para Natércia MG, com a alteração aprovada por projeto de lei, embora o nome escolhido não tenha tido total apoio dos moradores da cidade.
          O anagrama é uma linda poesia de amor, além de fazer alusão à padroeira da cidade, Santa Catarina de Alexandria.
Atrativos de Natércia
          Além da Paróquia de Santa Catarina de Alexandria, Natércia tem como outros atrativos a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, construída no século XIX, com belíssimas obras de arte em seu interior e outras belas igrejas. (na foto acima do Leonardo Souza/jleonardo_souza_srs, a Paróquia de Santa Catarina de Alexandria)
          Além disso, tem o Mirante do Cruzeiro, com uma vista panorâmica espetacular da cidade, as cachoeiras do Salto e sua impressionante queda, trilhas como a Trilha da Pedra do Cruzeiro e estradas rurais que levam a outras cachoeiras como a Cachoeira da Usina na vizinha Conceição das Pedras. Sem contar a possibilidade de praticar esportes aquáticos no Rio Sapucaí, como a canoagem ou mesmo, relaxar às margens do rio e praticar pesca esportiva em seus rios e represas. (foto acima de José Valmei)
          Pra quem prefere um programa familiar, tem o Parque Municipal, um lugar com boa estrutura para diversão, ideal para o dia com a família e fazer piqueniques.
          Para os amantes da cultura que queiram conhecer mais a fundo a história da cidade, Natércia conta com Museu Histórico e a Casa da Cultura, além de preservar suas festas tradicionais como a de Nossa Senhora da Conceição e de Santa Catarina de Alexandria, a padroeira, em 25 de novembro, dentre outras festividades. Tem ainda a oportunidade de visitar fazendas históricas, com construções do período colonial, já que algumas são abertas a visitação.
          E como toda tradicional cidade mineira, a culinária de Natércia é bastante tipicamente mineira e rica em sabores, com destaque para o feijão-tropeiro, o frango com quiabo e a tradicional broa de milho. (na foto acima de José Valmei, a Paróquia de Santa Catarina de Alexandria)
          Natércia conta ainda com uma boa estrutura urbana, um variado comércio, bares, restaurantes, padarias e lanchonetes, além pequenos hotéis e pousadas aconchegantes, ruas e praça arborizadas, um charmoso e atraente casario. (foto acima de Fernando Campanella)
          Além disso, a calma e tranquilidade de Natércia, é por si só um convite ao sossego, bem como a hospitalidade de seu povo, muito gentil e acolhedor. Inclua Natércia em seu roteiro de cidades para conhecer. Irá se encantar com sua história, cultura, turismo, tradições e belezas naturais e rurais.

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Pesquisa aponta interesse dos brasileiros por morar em Minas

(Por Arnaldo Silva) Santa Catarina ficou em primeiro lugar com 18,3% na preferência da população adulta brasileira como estado preferido para se mudar. Em segundo lugar ficou São Paulo, com 11,8% e Minas Gerais, com 8,9%, entre as melhores opções de estados para se morar no Brasil.
          Isso é o que afirma a pesquisa Tendências de Moradia no Brasil realizada pela Loft em parceria com a Offerwise, sobre a preferência da população adulta em se mudar de estado, caso decidam um dia sair de seu estado de origem. (fotografia acima de Cássia Almeida, do Parque das Águas de São Lourenço MG, Sul de Minas)
          A pesquisa aponta ainda uma preferência maior dos moradores dos estados do Sudeste de permanecerem na região, mas manifestam uma tendência maior de morar em Minas Gerais. Ao todo, 11% dos entrevistados dos demais estados do Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro e Espirito Santo), afirmaram que se mudariam para Minas Gerais, caso optem em deixar seus estados de origem. Em ordem, nas demais preferências dos entrevistados em morar, aparecem as regiões Norte (7,9%), Nordeste (7,7%), Centro-Oeste (6,3%) e o Sul do Brasil (5,3%).
Abaixo, a lista dos estados de preferência dos brasileiros para se mudar
Santa Catarina                                18.3%
São Paulo                                        11.8%
Minas Gerais                                   8.9%
Rio de Janeiro                                 8.7%
Rio Grande do Sul                          7.5%
Bahia                                               6.5%
Paraná                                              6.0%
Ceará                                               3.8%
Goiás                                               3.4%
Pernambuco                                    3.1%
Distrito Federal                               2.9%
Espírito Santo                                 2.6%
Alagoas                                           2.5%
Paraíba                                            2.5%
Mato Grosso                                   1.9%
Rio Grande do Norte                      1.7%
Mato Grosso do Sul                       1.4%
Maranhão                                       1.1%
Tocantins                                        1.1%
Sergipe                                           0.9%
Amazonas                                      0.8%
Pará                                                0.7%
Piauí                                               0.5%
Rondônia                                       0.5%
Acre                                               0.5%
Amapá                                           0.2%
Roraima                                         0.2%
Fonte: Loft e Offerwise

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Terra de Gigantes de Uberaba é reconhecido pela Unesco

(Por Arnaldo Silva) No dia 27/03/2024, em Paris, na França, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco) concedeu o título de Geoparque a Uberaba MG, no Triângulo Mineiro. Com o reconhecimento internacional, o Geoparque Uberaba, com o nome de “Terra de Gigantes”, se torna o primeiro patrimônio geológico de Minas Gerais, reconhecido pela Unesco e o primeiro da Região Sudeste.
Geoparques no mundo e no Brasil
          São 195 geoparques, em 48 países, reconhecidos até o momento pela Unesco. No Brasil, agora com o Geoparque Uberaba – Terra de Gigantes, são 6. O primeiro geoparque reconhecido no Brasil foi o Geoparque Araripe (CE), em 2006; seguido pelo Geoparque Seridó (RN), e Caminhos dos Cânions do Sul, do litoral de Torres (RS) até a Serra Catarinense, em 2022; e, em 2023, Caçapava do Sul e Quarta Colônia, ambos no Rio Grande do Sul.
As Minas Gerais patrimônio do mundo
          O Geoparque Uberaba – Terra de Gigantes, integra agora a lista dos sítios de Minas Gerais reconhecidos como Patrimônios da Humanidade, juntando-se a Ouro Preto, na Região Central, que recebeu o título de Patrimônio Mundial da Unesco em 1980; o conjunto da Basílica Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas MG, Região Central, reconhecido em 1985; o Centro Histórico de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, reconhecido em 1999; a Serra do Espinhaço, reconhecido pela Unesco como Reserva da Biosfera em 2005 e o Conjunto Moderno da Pampulha, em Belo Horizonte, em 2016. (nas fotos acima de Luís Leite, o Parque dos Dinossauros em Peirópolis, distrito de Uberaba)
Que são geoparques?
          Geoparques são áreas geográficas, sem igual em outros lugares e unificadas, com grande relevância geológica internacional. Com o reconhecimento da Unesco, essas áreas denominas geoparques passam a ser gerenciadas com um conceito holístico de proteção, preservação, educação e desenvolvimento de forma sustentável, uma região e toda sua identidade.
Projeto iniciado em 2010
          Para fazer o inventário, uma equipe formada por pelos pesquisadores e cientistas Luiz Carlos Borges Ribeiro, Gyzah Amui Barros, Paula Cusinato, Gustavo Vaz Silva, Laís Lima Brandespim Gomes, Marcius Marques Mendes, Fabrício Aníbal Corradini, Josenilson Bernardo da Silva, Stela Mariana de Morais, Lúcia Cruvinel Lacerda e Maria Aparecida Basílio, que prepararam todo o dossiê para ser entregue a Unesco.
          O projeto foi idealizado e liderado pelo geólogo Luiz Carlos, foram 14 anos de trabalho, com muita dedicação e empenho, desde 2010. A partir de 2017, o estudo contou com a parceria da Prefeitura de Uberaba, a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), o Sebrae e a Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
          O Geoparque Uberaba – Terra de Gigantes possui 4.540,51 km² de área, de acordo com inventário apresentado à Unesco. São 30 sítios paleontológicos, com achados de fósseis da era dos dinossauros, de grandes valores históricos e culturais, incluindo o Museu dos Dinossauros em Peirópolis, distrito de Uberaba MG, onde encontra-se fósseis do “Uberabatitan Ribeiroi” e várias coleções cientificas. (na foto acima do Duva Brunelli, o interior do Museu dos Dinossauros de Peirópolis)
Uberaba MG
          Conhecida internacionalmente como a Capital Mundial do Gado Zebu e a cidade que revelou ao mundo o médium espírita Chico Xavier (1910-2002), Uberaba se torna agora conhecida no mundo como a terra dos dinossauros, atraindo com isso turistas e estudiosos à cidade mineira.
          Uberaba é uma cidade que prioriza o seu crescimento econômico e científico, preservando sua história, seu patrimônio cultural e natural. Por esse motivo, projeta-se na cidade, a construção de 3 rotas turísticas referentes a “terra de gigantes”, com foco no patrimônio geológico, histórico e cultural de Uberaba, como exemplo, construções do século XIX e início do século XX, como antigas fábricas, igrejas e casarões coloniais, além de suas belezas naturais. (nas fotos acima de Luís Leite, algumas igrejas de Uberaba MG: Igreja de Santa Rita, Igreja das Dores, Igreja de São Domingos e a Catedral)
Orgulho para Minas
          Com o reconhecimento de Uberaba, como geoparque, pela Unesco, tornará Minas Gerais mais conhecida no mundo, atraindo com isso o aumento do turismo nacional e internacional, como consequência, maiores investimentos públicos na cidade e aquecimento da economia do município.

domingo, 24 de março de 2024

O Queijo Maturado Santana de Sabinópolis

(Por Arnaldo Silva) Sabinópolis é uma típica cidade interiorana mineira. Pacata, charmosa, acolhedora, povo bom, trabalhador e caloroso na hospitalidade. Na cidade, que faz limite territorial com São João Evangelista, Guanhães, Materlândia, Senhora do Porto, Dom Joaquim, Paulista, Alvorada de Minas e Serro, vivem 14 240 habitantes, segundo Censo 2022 do IBGE. 
          Cidade rica em cultura, gastronomia, belezas naturais espetaculares e história que remonta suas origens, em 1805. O pequeno arraial que se chamava São Sebastião das Correntes, surgiu nas terras doadas pelo casal Joaquim José de Gouveia e sua esposa, Francisca Vitória de Almeida e Castro.
          O pequeno arraial prosperou, cresceu, foi elevado a distrito em 1840 com o nome de Sabinópolis das Correntes e por fim, à cidade emancipada em 1924, quando passou a se chamar, Sabinópolis. O nome é em homenagem a Douto Sabino Barroso, ilustre filho do lugar, que foi constituinte de 1891 e Presidente da Câmara dos Deputados. (fotografia acima e abaixo de Sérgio Mourão/@encantosdeminas, do centro de Sabinópolis MG)
          Sabinópolis preserva suas tradições, principalmente suas festas religiosas e folclóricas, suas igrejas e casarões centenários, sua culinária típica, com destaque para o galopé, a famosa canjiquinha com costelinha, o frango do bico atrás, o feijão-tropeiro e frango com quiabo.
Queijos finos e premiados
          Além disso, a tradição queijeira do município e seus queijos finos, se destaca, não apenas em Minas Gerais, mas em todo o Brasil e também no mundo, com queijos premiados em diversos concursos nacionais e internacionais.
Região Queijeira do Serro
          O município de Sabinópolis, distante 270 km de Belo Horizonte, é uma das 10 cidades que formam a Região Queijeira do Serro, patrimônio Imaterial de Minas Gerais e do Brasil. Além de Sabinópolis, a região que produz o Queijo do Serro é formada por Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas e Serro. Somente essas 10 cidades é que podem afirmar produzirem ao legítimo Queijo do Serro.
Queijo Maturado Santana
          Por fazer parte da Região Queijeira do Serro, a cidade de Sabinópolis se destaca na produção tradicional iguaria e uma das principais identidade de Minas Gerais, o Queijo do Serro.
Entre os vários produtores de queijos do município, o Queijo Maturado Santana, do produtor Lindomar Santana, é um dos grandes destaques.
          Totalmente artesanal, feito com leite de vaca cru, pingo, coalho e sal e maturado com ácaros e fungos típicos da Região do Serro, o Queijo Maturado Santana é uma tradição familiar, presente na família Santana há 4 gerações. É produzido na fazenda colonial Barro Amarelo - Ribeirão Turvo Grande, na Zona Rural de Sabinópolis, na divisa com Materlândia MG. 
          Premiado em Minas, no Brasil e exterior, recebeu o Prêmio Queijo Brasil, tendo sido agraciado com medalhas de ouro, prata e bronze, medalhas de prata e bronze na ExpoQueijo Araxá 2019/2021 e prata e bronze mo Mondial du Fromage em 2019/201, realizado em Tours, na França.
Características do Queijo Maturado Santana
          O Queijo Santana é produzido com leite cru de vaca e possui 2 versões:
• Casca lavada lisa, macia, de coloração branca-amarelada com maturação superior a 17 dias que recentemente recebeu o selo de indicação geográfica do Serro ( IG) sendo identificado pela numeração iniciando com o dígito 4. Seu formato é cilíndrico, de aproximadamente 800g e sua massa é prensada, não cozida, uniforme com poucas olhaduras mecânicas pequenas e bem distribuídas, sua consistência é firme ao toque externo. Possui odor suave que remete ao cheiro da gordura do leite. Seu sabor é ligeiramente ácido, com pequena predominância de sal, lembrando gosto de manteiga
• Casca natural enrugada com presença de mofo branco, devido à presença de fungos que variam de acordo com o ambiente e tempo de maturação, sendo predominante o Penicillium. Os queijos produzidos nessa categoria possuem maturação acima de 30 dias. Assim como as peças de casca lavada, esse queijo possui formato cilíndrico, massa prensada, não cozida, poucas e pequenas olhaduras. Sua consistência é semidura, seu sabor é marcante com baixa acidez e leve picância.
          Para os paladares mais apurados é possível identificar notas amanteigadas e acastanhadas que se intensificam com o tempo de maturação. Esse queijo é produzido nos tamanhos: caçulinha com 250g, merendeiro com 450g e tradicional com 800g aproximadamente.
IP e QR Code
          O Queijo Maturado Santana conta com Selo de Indicação de Procedência (IP) e ainda, com QR Code. Com isso, o consumidor terá acesso a toda as informações sobre queijo, como foi produzido, onde, o nome do produtor, etc. Isso é a garantia que o consumidor tem, de estar consumindo, um legítimo e original Queijo do Serro.
Onde encontrar?
          O Queijo Maturado Santana pode ser adquirido em loja de Diamantina, no Serro, no Mercado Central de Belo Horizonte, Feira dos Produtores da Av. Cristiano Machado e na Savassi, na capital mineira. Para quem não tem acesso a esses lugares, o consumidor pode adquirir o queijo online, através do WhatsApp 33 9984-1280 e pelo Instagram @queijomaturadosantana
Fotografias dos queijos e queijarias cedidas pelo Lindomar Santana e da cidade de Sabinópolis, de autorias de Sérgio Mourão.

segunda-feira, 11 de março de 2024

Queijos do Serro agora tem selo de Indicação de Procedência

(Por Arnaldo Silva) Os queijos tipo Serro, produzidos nos 10 municípios mineiros que formam a Região Queijeira do Serro que são: Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho, Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas e Serro, agora conta com selo de Indicação de Procedência (IP). Somente os queijos produzidos nesses municípios podem afirmar que seus queijos são o legítimo Queijo Minas Artesanal do Serro.
          Os primeiros selos de Indicação de procedência foram entregues em cerimônia realizada no dia 7 de março de 2024, na cidade do Serro. O evento contou com a presença do Secretário de Estado da Agricultura, Thalhes Fernandes, autoridades da região, produtores de queijos e convidados. (na imagem acima, enviada pelo Túlio Madureira, o queijo já embalado com e com os selos de identificação da procedência cmom QR Code)
          São cerca de 800 produtores do Queijo do Serro na região. A maioria é formado em sua maioria por pequenos produtores, que contam com assistência da Emater e apoio do Sebrae, através de capacitações e orientações gerenciais para que alcancem melhores resultados, fomentando novas oportunidades de negócios para os produtores rurais.
          Todos que desejarem o selo, terão que requisitá-lo. Os produtores terão que passar por avaliações técnicas dos órgãos sanitários para receberem o selo.
          Os que recebem o selo, terão que cumprir as normas legais e sanitárias estabelecidas, e ainda, terão que passar por constantes visitas técnicas para atestar que os produtores seguem as especificações exigidas. (na foto acima, Thalhes Fernandes, secretário de Agricultura MG, Lindomar Santana, produtor do Queijo Santana e o Mestre Queijeiro, Túlio Madureira)
          O selo conta com QR Code e um código numérico, concedido a cada região queijeira mineira, de acordo com o selo de Idicação de Procedência (IP), que é concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
          Isso permitirá o rastreamento de informações sobre o queijo, o que inibirá falsificações e o consumidor, terá a segurança que está consumindo um produto com procedência, regularizada de acordo com as normas sanitárias vigentes e com sua originalidade preservada. As mesmas informações sobre queijo podem ser conferidas no site da Associação dos Produtores Artesanais de Queijo do Serro (Apaqs).
          Com selo presente no rótulo dos queijos mineiros, além de valorizar o produtor regional e o próprio produtor, que terá maior renda com o seu produto, o consumidor poderá identificar a origem do queijo e quem é o produtor e o tipo de queijo. (na foto acima, o produtor Lindomar Santana, Falco Bonfadini, queijista da Galeria do Queijo em São Paulo, especializado em queijos artesanais e ex-presidente da Comerqueijo, Associação dos Comerciantes Queijistas do Brasil e o Mestre Queijeiro Túlio Madureira)
Modo artesanal original
          O Queijo do Serro é feito de leite cru, pingo (que é o fermento lácteo natural, obtido por meio da coagulação enzimática do leite), sal e coalho. São esses os ingredientes desse tipo de queijo há mais de 200 anos. Em mais de dois séculos, nada foi acrescentado ou retirado da receita original. (na foto acima, o Queijo do Serro do produtor e mestre queijeiro Túlio Madureira)
          O sabor, a textura, cor do queijo, enfim, suas características, são desenvolvidas pelas características peculiares da região, como clima, altitude e principalmente pela flora bacteriana, única e típica desta região queijeira mineira.
          Além disso, tem o tempo do amadurecimento o queijo. No queijo do Serro, são em média 17 dias de maturação para o queijo estar pronto e com suas características já definidas.
          Além disso o selo de reconhecimento de autenticidade do Queijo Serro, resguarda a tradição e originalidade de um dos mais antigos queijos do Brasil, produzido há mais de 200 anos e da mesma forma, sem nenhuma alteração.

sexta-feira, 1 de março de 2024

Apenas 11 cidades mineiras não tem prédios. Saiba quais.

(Por Arnaldo Silva) O crescimento populacional das cidades brasileiras vem modificando a paisagem urbana, até mesmo de cidades históricas. Antes, predominantemente formada por casas, casarões e sobrados, na maior parte das cidades do Brasil, arranha-céus estão cada vez mais presentes nas cidades.
          Segundo dados do Censo Demográfico do IBGE de 2022, divulgados recentemente, dos 853 municípios mineiros, em apenas 11 não existem prédios residenciais (construções residenciais ou comerciais  acima de 3 pavimentos) como opção de moradias, apenas casas. Os prédios, na maioria das cidades brasileiras, em geral, se concentram na parte central das cidades. No Brasil, segundo dados do IBGE, 84,8% vivem dos brasileiros moram em casas. (na foto acima da Sueli Santos, Serra da Saudade MG e abaixo, de Wilson Fortunato, pracinha em Tapiraí MG)
          Os recenseadores do IBGE, colherem dados das residências de todos os municípios brasileiros, como forma de abastecimento de água, existência de canalização de água, existência de banheiro e sanitário, tipo de esgotamento sanitário e destino do lixo.
          Além disso, entrou nos dados da pesquisa o tipo de moradia dos recenseados como se mora em casa, casa de vila ou se moram em condomínios, cortiços, habitação indígena sem paredes e até a estrutura das moradias, se estão degradas ou inacabadas, foram indagadas. (na foto acima do William Santos, a cidade de Fortaleza de Minas)
          Com base nesses dados, o IBGE acredita que contribuirá para um planejamento mais adequado do poder público sobre a verticalização, investimentos públicos em saneamento básico, educação, saúde, moradias, etc.
Minas Gerais
          Em Minas Gerais, a pesquisa do IBGE aponta que 84,3% dos mineiros moram casas, na média nacional. Segundo a pesquisa, 14,36% dos mineiros vivem em apartamentos, 2,4% vivem em casas de vilas ou em condomínios, 0,2% em cortiços ou casas de cômodos, 0,04% em casas degradadas ou inacabadas e menos de 0% afirmam morar em habitação indígena sem paredes ou em malocas. (na foto acima do Rogério Santos Pereira, Queluzito MG)
          Dos 853 municípios mineiros, somente 11 não tem um único prédio sequer. São todas cidades com menos de 6 mil habitantes.       
Veja abaixo a lista e o número de habitantes das 11 cidades
01 - Serra da Saudade, na Região Centro-Oeste Mineiro, com 833 habitantes;
02 - Queluzito, na Região Central, com 1.770 habitantes;
03 - Senador José Bento, na Região Sul de Minas, com 2.068 habitantes;
04 - Araçaí, na Região Central, com 2.181 habitantes;
05 - Alagoa, na Região Sul de Minas, com 2.749 habitantes;
06 - Caranaíba, na Região Central, com 2.933 habitantes;
07 - Fortaleza de Minas, na Região Sul de Minas, com 3.477 habitantes;
08 - Conceição da Barra de Minas, na Região Central, com 3.560 habitantes;
09 - Ipiaçu, na Região do Triângulo Mineiro, com 3.775 habitantes;
10 - José Gonçalves de Minas, na Região do Jequitinhonha/Mucuri, com 3.969 habitantes;
11- Frei Gaspar, na Região do Jequitinhonha/Mucuri, com 5.640 habitantes.
Nota: Os dados acima são oficiais, de acordo com a análise dos recenseadores que visitaram os lares mineiros e brasileiros. Como é oficial, não podemos incluir mais cidades, como muitos nos pedem, alegando que em suas cidades, também não tem prédios. Embora possa haver controvérsias sobre a definição do IBGE sobre o que seja prédios, onde tem e onde não tem prédios, a lista oficial é esta, com apenas 11 cidades mineiras que não tem prédios, segundo o próprio IBGE. 

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

O Marco Zero de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Carneirinho está a 823 km de Belo Horizonte e a 728 km de Brasília. O município conta com 9.442 habitantes, segundo Censo do IBGE em 2022. Faz limites territoriais com os municípios de Itajá em Goiás, Limeira do Oeste, Mesópolis, Santa Albertina, Populina e Santa Rita d`Oeste em São Paulo e Aparecida do Taboado e Paranaíba, no Mato Grosso do Sul, além de Iturama em Minas Gerais. Carneirinho é o único município mineiro faz limite territorial com o Mato Grosso do Sul.
          Carneirinho é um município jovem, tendo sido emancipado em 27 de abril de 1992. É formado pela sede e pelos distritos de Estrela da Barra, São Sebastião do Pontal e Fátima do Pontal, além das vilas rurais de Gracilândia e Aparecida do Paranaíba, o popular, Barbosa.
          O município encontra-se em uma localização privilegiada entre os rios Grande, Paranaíba e rio Paraná, além de estar ligada a Iturama MG e Paranaíba MS pela BR-497 e ligação com Limeira d´Oeste SP, através de estradas municipais. Além disso, pequenos portos hidroviários ligam o distrito de Estrela da Barra à Santa Albertina/SP e Fátima do Pontal ao município de Santa Clara d´Oeste/SP. (foto acima de Duva Brunelli)
          Como cidade mineira do interior, as belezas naturais e as festas religiosas são destaque. (Fotos acima do Elpídio Justino de Andrade e abaixo de Duva Brunelli)
          Em Carneirinho, além da beleza naturais dos rios Grande, Paranaíba e Paraná, o Aquário Municipal, a Paróquia São João Batista, grupos folclóricos como de Catira e Folias de Reis, o Carnaval de Rua, a Primavera Country, o Baile de Aleluia, a Expocar, a Quermesse da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida e São Sebastião, o Museu da Cultura e História Professor Honório de Souza Carneiro, bem como o Grandes Lagos Resort & Parque Aquáticos, são seus principais atrativos. 
O Marco Zero
Imagem fonte: mapio.net
          Além desses atrativos, sem dúvida alguma, o Marco Zero de Minas é o principal atrativo do município, localizado no distrito de Fátima do Pontal.
          O Marco Zero, em forma triangular com o nome dos 3 estados de divisa, foi posto no exato ponto da divisa de Minas Gerais com os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Para ser mais preciso, este marco está na exata pontinha da ponta do “nariz” de Minas.
          É no Marco Zero que podemos presenciar o encontro do Rio Grande, Rio Paranaíba e Rio Paraná, como podem conferir na imagem acima, um espetáculo de beleza fascinante, além de nos permitir contemplar o começo territorial de Minas Gerais, como vemos no mapa nosso Estado. (na foto acima, o Elpídio Justino no Marco Zero)
          Marco Zero é o nome que se dá ao local de fundação de uma cidade ou o começo de uma região, no caso do marco zero em Carneirinho MG, marca o início territorial de Minas Gerais.
          O acesso ao Marco Zero não é fácil. É feito basicamente por barco. Por terra o melhor caminho é por São Paulo. Por estar em uma propriedade particular, requer autorização expressa do proprietário e o visitante deve estar ciente que geralmente não aceitam a entrada de pessoa estranhas. Peça autorização antes.
          Estando em Carneirinho ou qualquer cidade da divisa, tanto em SP, quanto no MS, pode requerer serviços e informações de donos de embarcações ou mesmo, na secretaria de Cultura de Carneirinho sobre o pontal e a história de Carneirinho e região. 

domingo, 28 de janeiro de 2024

Mineiros são os melhores anfitriões do Brasil, aponta pesquisa

(Por Arnaldo Silva) A Preply, uma plataforma de e-learning e aplicativo de aprendizado de línguas, presente em 203 países, sediada em Kyiv, na Ucrânia e ainda com escritórios em Barcelona na Espanha, elegeu os melhores estados anfitriões do Brasil.
          Na ponta, o povo mineiro foi eleito o melhor anfitrião do Brasil com 22% do total dos votos, seguido pelos baianos, com 14% e paulistas, com 9,2%. Abaixo está o ranking completo dos 10 melhores anfitriões do Brasil.
          Para chegar a esse resultado, a pesquisa ouviu a opinião de mais de mil brasileiros, usuários da plataforma. Além disso, os pesquisados responderam questões de quais seriam os estados brasileiros mais festeiros, mais paqueradores, mais reservados e mais comunicativos. 
          O objetivo dessas pesquisas, segundo a Preply é o de "desvendar os estereótipos mais comuns ligados a diferentes partes do país". (na foto, o café especial do Espaço Roça em Caetanópolis MG da minha amiga Edna Pires)
Os melhores anfitriões do país
          Por outro lado, a nova pesquisa da plataforma Preply reconhece uma das mais antigas tradições mineiras: a hospitalidade e a tradição de receber muito bem, com simpatia e alegria a todos. Não só isso, além de serem ótimos anfitriões, os mineiros sempre oferecem um pouco da culinária mineira ao visitante, ou no mínimo, um café com queijo, biscoito ou pão de queijo, como forma de carinho e expressão de alegria pela visita.
          Pesaram ainda na votação a modéstia e simplicidade dos mineiros, reconhecida em todo o país. O mineiro sempre tratou muito bem as visitas e tem um jeitinho muito especial de cativar as pessoas logo na primeira conversa, um dos motivos que explicam a eleição pela mesma plataforma, do sotaque mineiro como o mais charmoso do país.
          Essas características do povo de Minas Gerais foram fundamentais para os mineiros serem eleitos os melhores anfitriões do país.
Lista dos 10 melhores anfitriões do Brasil
Estado                            % dos entrevistados
1º - Minas Gerais                22%
2º - Bahia                             14%
3º - São Paulo                      9,2%
4° - Rio de Janeiro              7,1%
5° - Pernambuco                  6,1%º
6° - Ceará                             5,4%
7º - Santa Catarina              4,3%
8º - Rio Grande do Sul        4%
9º - Alagoas                         2,8%
10º- Pará                              2,6%
Outras pesquisas da Preply
          A mesma plataforma elegeu anteriormente o sotaque mineiro como o mais charmoso do Brasil e também, apontou as capitais brasileiras mais mal-educadas do país. Nessa pesquisa, os belo-horizontinos figuraram entre as 5 capitais brasileiras mais mal-educadas. Na lista está Goiânia em 1°, Rio de Janeiro em 2°, Porto Alegre em 3°, Salvador 4° e Belo Horizonte, em 5°, com a nota média de 6,48.
          Pesaram na decisão dos seguidores da plataforma, o fato de boa parte dos belo-horizontinos usarem muito o celular em público e em viva-voz, não darem vez a outras pessoas no trânsito, assistir vídeos em público, furar a fila, não dar gorjeta, entre outros.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

A beleza histórica e natural de Congonhas do Norte

(Por Arnaldo Silva) Cidade pacata, pequena, charmosa, atraente e histórica, Congonhas do Norte conta com cerca de 5 mil habitantes. Localizada nos entornos da Serra do Espinhaço, o município faz parte da Estrada Real. Distante 244 km da Capital, faz divisa com Conceição do Mato Dentro, Alvorada de Minas, Santana de Pirapama, Santana do Riacho, Gouveia, Presidente Juscelino e Presidente Kubitschek.
          Emancipada em 30 de março de 1962, Congonhas do Norte tem suas origens no início do século XVIII, entre 1711 e 1715, no início da descoberta de ouro em Minas Gerais.
          Em uma serra com predominância de um abundante arbusto nativo e medicinal, conhecido por Congonhas, foram encontrados cristais e pedras preciosas, como o ouro, pelas bandeiras de Fernão Dias Paes Leme e Borba Gato. Com a descoberta de ouro na região, começou a extração do mineral.
          Nas proximidades do garimpo, na parte de cima de uma serra denominada de Serra da Lapa, foi se formando um pequeno arraial, com o nome de Congonhas de Cima da Serra da Lapa, alusivo a planta nativa da região, encontrada em grande quantidade nas margens dos rios e serras da região.(na fotografia acima do Gabriel Junio, a Praça da Matriz de Congonhas do Norte)
          O pequeno povoado foi elevado a distrito, deixando de ser subordinado a São Francisco de Assis de Paraúnas para pertencer a Conceição do Mato Dentro, permanecendo subordinado a esse município até sua emancipação, em 30 de março de 1962. A cidade adotou o nome de Congonhas do Norte, por estar na parte norte do Espinhaço e para diferenciar de outra cidade homônima, Congonhas do Campo, hoje simplesmente, Congonhas, cidade histórica a 88 km de Belo Horizonte, na Região Central.
Turismo e tradições
          Além de ser uma cidade histórica, Congonhas do Norte se destaca no turismo graças as suas belezas naturais e cachoeiras formadas pelos Rio das Pedras e Congonhas, como as cachoeiras da Bagagem, da Fumaça, do Jacu, do Poção, da Quebra Cangalha, do Maurício, do Bicame (na foto acima do Tom Alves/@tomalvesfotografia), além Barragem do Levi, de trilhas, matas nativas, paisagens rupestres em cavernas como a do Água Debaixo do Chão, da Imbaúba, do Lombé, do Medrado, do Morcego, do Tatu, dos Índios e do Lacerda, sem contar todo o cenário cênico da Serra do Espinhaço.
          A cidade é bem tranquila, seu casario colonial e templos históricos são simples e bem preservados com destaque para a Matriz de Santana, construída no início do século XVIII, tombada pelo IEPHA/MG, em março de 1985 e IPHAN em 2010, além de seu povo ser gentil e muito hospitaleiro. (fotografia acima de Gabriel Junio)
          Congonhas do Norte valoriza e preserva suas tradições familiares, folclóricas e culturais como a Carruagem que consiste em desfile de carros de bois, a Banda Música Lira Santana, a marujada e suas tradições religiosas como a Festa do Divino Espirito Santo e Aniversário da cidade em março, a Festa de Sant´Ana em julho e a Festa de Nossa Senhora do Rosário em setembro.
Tradição na gastronomia mineira
          Congonhas do Norte, por ter origens no século XVIII num pequeno arraial. Por fazer parte da Estrada Real, era caminho de tropas que iam e vinham pelos rincões mineiros trazendo e levando mercadorias para abastecer o comércio local e das redondezas, em lombos de burros, mulas e em carros de bois. Era o tempo das tropas e o arraial servia de pouso, alimentação e descanso dos tropeiros.
          Com a presença constante de tropeiros na região, o modo e estilo de vida e principalmente sua culinária, passaram a ser incorporadas à comunidade local inclusive na prática do cozimento dos alimentos preparados pelas tropas. (na foto acima do Gabriel Junio, o altar da Matriz de Santana)
          Congonhas do Norte se destaca na gastronomia mineira, devido a tradição e preservação da cozinha tradicional tropeira. 
          Um dos pratos mais comuns entre os tropeiros da região, presente até os dias de hoje como tradição da cidade é o Feijão Ferrado. Por ser um prato rápido e de fácil preparo, era o preferido dos tropeiros que não tinham muito tempo para paradas. Esse prato tem como base a farinha, o feijão, o toucinho e a banha do porco. Era feito em um fogão improvisado no chão, com um caldeirão de ferro fundido pendurado em haste de ferro.
          Surgiu no começo do século XVIII, antes mesmo do tradicional Feijão Tropeiro que conhecemos existir e se popularizar. Com base no Feijão Ferrado, o Feijão Tropeiro se tornou o prato preferido dos tropeiros já que tinha sustança como carne de porco, linguiça, ovo frito, tudo junto e misturado. 
          Com a preferência pelo Tropeiro tradicional o Feijão Ferrado se tornou uma opção de comida rápida e mesmo com a opção maior pelo Feijão Tropeiro, a receita tropeira do Feijão Ferrado foi preservada em Congonhas do Norte da mesma forma que há 300 anos atrás. 
          O Feijão Ferrado é um dos pratos tropeiros responsáveis pela identidade gastronômica de Congonhas do Norte, tradição secular na cidade, além de um dos símbolos da história dos tropeiros em Minas Gerais. (na foto abaixo do Edson Borges, o feijão ferrado)
          Visite Congonhas do Norte. A cidade é pequena, charmosa, sossegada e bem estruturada para receber turistas com hotéis e pousadas tradicionais, uma boa estrutura urbana com um comércio pequeno mas variado, gente boa em todos os cantos e restaurantes diversos, com a legitima e autêntica cozinha mineira e tropeira!

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Saiba porque o mineiro chama carne de mistura

(Por Arnaldo Silva) Esse termo surgiu na época que as tropas cortavam o sertão mineiro levando e trazendo mercadorias, no século XVIII. Nas paradas para pouso e alimentação, preparavam as refeições sem carne, por ser muito difícil de se obter nas viagens, além de ser difícil de levar, devido as dificuldades de armazená-la na época.
          Hoje, com a migração do povo do homem do campo para as cidades, as expressões antigas acabaram sendo esquecidas ou pouco faladas e até mudada em seu sentido original. Ou seja, mistura no século XVIII era o acréscimo de carne, hoje no século XXI, é tudo que é misturado ao popular arroz com feijão. Apenas em algumas regiões mineiras, mistura é carne.
          Na Região Central Minera, Oeste, Centro-Oeste, Triângulo Mineiro e Sul de Minas, a influência tropeira, nos modos, costumes, hábitos e linguajar ainda é muito forte, principalmente na formação dos sotaques regionais. Nessas regiões, principalmente povoados rurais, mistura é usada no lugar de carne, bem como outras dezenas de palavras do linguajar tropeiro, hoje incorporados ao dialeto mineiro.
          O paulista do interior pronuncia também mistura ao invés de carne, devido a origem tropeira e bandeirante desse Estado, responsável pela expansão, através das tropas e bandeiras, dos costumes, tradições, modos e hábitos tropeiros em Minas.
          A comida era a base de feijão, farinha, hortaliças nativas, toucinho, além de ovos, que era mais fácil de encontrar. Esse prato passou a ser conhecido no século XVIII, em Congonhas do Norte MG, por “feijão-ferrado”. (na foto acima do Judson Nani, um prato com mistura (frango) e abaixo do Edson Borges, o feijão-ferrado com toucinho, sem mistura)
          Quando tinha carne, era toucinho carnudo ou charque fritado no toucinho e por fim, misturado ao feijão, farinha, ovos, hortaliças, com o torresmo. Assim, quando a carne era misturada ao feijão-ferrado ou em qualquer outro prato, era chamada de mistura.
          Com o tempo, o feijão ferrado, com a mistura, passou a ser o prato mais consumido pelos tropeiros em Minas, que passou a ser chamado de feijão-tropeiro.
          Para os tropeiros, ovos não era considerado mistura e nem verdura, somente carne. É assim hoje. Comida de mineiro tem que ter mistura. (na foto acima do Judson Nani, um prato sem mistura)
          Até hoje, nas casas mineiras, sempre se pergunta qual será a mistura do almoço ou jantar. Ou seja, que tipo de carne será misturada à comida. Ou mesmo, se for visitar uma família mineira para almoçar, irão te perguntar se gosta de mistura ou qual mistura prefere. Se não gostar de mistura, terá a opção de ovos, verduras e hortaliças, que embora possa parecer, não é mistura. Ao menos para o mineiro. (na foto acima do Edson Borges, um prato com mistura)
          Mistura para mineiro é carne de porco, boi ou de galinha no prato do almoço ou jantar.

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