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sábado, 9 de setembro de 2023

A cidade de Ponte Nova e o Cemitério dos Escravos

(Por Arnaldo Silva) A cidade de Ponte Nova, na Zona da Mata, tem origens no século XVIII, surgindo como povoamento em 12 de dezembro de 1770, às margens do rio Piranga. Com seu crescimento, foi elevada a freguesia, vila e por fim à cidade emancipada em 30 de outubro de 1866. É uma cidade de grande valor histórico e cultural para Minas Gerais.
          Está a 180 km de Belo Horizonte e faz limites territoriais com Santa Cruz do Escalvado, Urucânia, Oratórios, Amparo da Serra, Teixeiras, Guaraciaba, Acaiaca, Barra Longa e Rio Doce. Segundo último Censo do IBGE, Ponte Nova conta com 57.776 habitantes. (fotografia acima e abaixo de Fabinho Augusto, a vista parcial de Ponte Nova)
          Cidade com boa estrutura urbana, com bons hotéis, pousadas e restaurantes com comida típica, conta com um comércio bem variado, um bom setor de serviços e facilidades de acesso, já que a cidade é corta por várias rodovias estaduais como a MG-066, MG-262, MG-326, MG-329, e também pela BR-120.
          Sua economia tem como base o comércio, setor de serviços, pequenas e médias indústrias que atuam em diversos ramos industriais como alimentício, têxtil, automobilístico, farmacêutico, eletrônico, dentro outros. Outro setor econômico de grande importância para a cidade é a agropecuária com destaque para a agricultura familiar, suinocultura, pecuária leiteira e de corte.
          Município de terras férteis, é banhado pelo rio Piranga e conta com vários pontos turísticos naturais com matas nativas, córregos e rios que formam cachoeiras de águas cristalinas.
          Ponte Nova faz parte do Circuito Turístico Montanhas e Fé, além de ser integrante do Programa de Regionalização do Turismo do Estado de Minas Gerais. Por sua origem histórica, Ponte Nova está ainda na área de influência da Estrada Real e da Rota Imperial, a antiga Estrada São Pedro de Alcântara. (na foto acima do Fabinho Augusto, ponte férrea sobre o rio Piranga em Ponte Nova)
          Além disso, a cidade se destaca em Minas pela sua culinária típica, principalmente seus doces caseiros e belos casarões rurais centenários. (fotografias acima de Fabinho Augusto)
          Ponte Nova conta com vários atrativos naturais e urbanos como a belíssima Matriz de São Sebastião com seus belíssimos casarões em seu entorno (na foto acima do Fabinho Augusto).
          Além disso, na parte central da cidade, podemos admirar belas construções do início do século XX, em estilo eclético (na foto acima de Fabinho Augusto). 
          Tem ainda as praças Getúlio Vargas e Dom Helvécio, o Parque Passa Cinco, a Capela Dom Bosco, a Praça das Palmeiras, o Pesque e Pague Sombrio, o Esporte Clube Palmeirense, a Igreja de São Pedro, o Clube AABB, a Rodoviária, o Rio Piranga, a Capela Vau Açu, a Pista de skate, a Cachoeira do Vau Açu, a Casa da Família Monte, a Estação Ferroviária, a Cachoeira da Sesmaria, o Mirante Alto do C.D.I., o Cemitério dos Escravos e o Parque Ecológico Municipal Tancredo Neves, na foto abaixo do Sérgio Mourão/@encantosdeminas.
          Sem contar as festividades culturais e religiosas durante o ano como Semana Santa, Corpus Christi, Festa do Rosário, Folia de Reis, Festas Juninas, Carnaval e os festejos de aniversário da cidade.
O Cemitério dos Escravos de Ponte Nova
          Construído no início do século XIX, o Cemitério dos Escravos está localizado em terras da Fazenda da Urtiga, que pertenceu a Manoel Ignácio, o Barão do Pontal. Natural do Minho, em Portugal, Manoel Ignácio nasceu em 1781, vindo para o Brasil em 1806.
          Atuando como produtor rural e comerciante na região de Ponte Nova, era muito influente e proprietário de um grande número de escravos. Em 1841, recebeu o título de Barão pelo Imperador Dom Pedro II. Em homenagem à sua propriedade, que ficava em um pontal às margens do rio Piranga, passou a ser chamado, por vontade próprio de Barão do Pontal. Faleceu e foi sepultado em seu cemitério particular, em sua própria fazenda. (na foto acima do Duva Brunelli, as proximidades do Cemitério dos Escravos)
          Em sua propriedade, foi criado um cemitério para sepultamentos de seus escravos, devido à sociedade à época não permitir sepultamentos de negros em cemitérios de brancos.
          É um cemitério com características bem simples, com cerca de 800 m², cercado por um muro de pedras e estruturas em cantaria, que são blocos de rochas talhadas em ferramentas rústicas, pelos próprios escravos, além de uma cruz de madeira ao centro. (nas fotos acima e abaixo do Duva Brunelli, a murada externa do Cemitério dos Escravos)
          Os escravos eram enterrados neste cemitério até a abolição da Escravidão no Brasil, em 1888. A partir desse ano, os negros passaram a ser sepultados nos cemitérios dos distritos de Pontal e Chopotó, pertencentes a Ponte Nova.
          O Cemitério dos Escravos da Fazenda Urtiga é hoje uma parte da história da Escravidão no Brasil. É um bem tombado como patrimônio do município e um dos pontos de visitação.
          Embora pareça estranho um cemitério como bem tombado e atrativo de uma cidade não é um local de contemplação e sim, reflexão. Mas não uma reflexão sobre a vida e a morte, mas sim, sobre a vida de quem lá está sepultado. (foto acima e abaixo do Duva Brunelli, o interior do cemitério)
          Eram seres humanos retirados à força de suas terras e famílias na África, e trazidos para o Brasil para trabalharem como escravos. Vítimas de sofrimentos e humilhações diversas, levaram para a sepultura as marcas de mais de 400 anos de escravidão no Brasil.
          Marcas que nos levam a não esquecê-los e atender suas últimas vontades que era de manter vivas suas memórias e histórias. Vontades essas que os próprios escravos deixaram em vestígios encontrados no entorno de suas sepulturas.

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Os três falares de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Em Minas Gerais são 20 milhões de mineiros vivendo em 853 municípios, 1712 distritos e milhares de pequenos povoados, distribuídos em 13 regiões geográficas e 70 regiões intermediárias. É a segunda maior população do Brasil e quarto maior estado brasileiro em extensão territorial, com uma área total de 586.513,983 km².
          Além disso, 54% do território mineiro é formado pelo bioma Cerrado, na porção centro ocidental mineira, 40% pelo bioma Mata Atlântica, na porção oriental e 6% pelo bioma Caatinga, no extremo Norte do Estado, na divisa com a Bahia. (nas fotos o carreiro registrado por Lúís Leite em Desemboque, no Triângulo Mineiro, o Geraizeiro registrado por Eduardo Gomes e o Montanhês na Região Central, de Arnaldo Silva)
          O grande número de regiões, extensão territorial, biomas, origens e formações diferentes dos povos regionais mineiros, são responsáveis pelas diferenças regionais presentes na gastronomia, cultura, religiosidade, jeito de vestir, nas tradições religiosas e folclóricas e principalmente no modo de falar.
          Não temos um dialeto em Minas e sim três dialetos. O mais falado, em 50% do território mineiro é o Montanhês. Esse dialeto é falado na Região Central, Centro-Oeste, Campo das Vertentes, Zona da Mata e Leste de Minas. Outro dialeto presente em Minas é o Caipira, falado em 33% do Estado especificamente nas regiões Sul, Sudoeste, Oeste, Noroeste e Triângulo Mineiro. E em 17% do território mineiro, no Norte de Minas e parte do Vale do Jequitinhonha e Noroeste, o dialeto falado é o Geraizeiro.
          No mapa linguístico acima, do estado de Minas Gerais, estão os três falares de Minas Gerais e sua distribuição territorial, segundo o trabalho: Esboço de um Atlas Linguístico de Minas Gerais (EALMG), da Universidade Federal de Juiz de Fora MG, de 1977.
Diferença entre sotaque e dialeto
          Sotaque é a característica própria de um linguajar de região específica com a substituição de letras que modifiquem a fonética de uma palavra e frase como por exemplo o “X” do modo de falar do carioca. Dialeto é a forma como a língua oficial de uma determinada região é falada, tendo como base a assimilação de outras línguas e uso de palavras e letras diversas, não específicas, gerando pronúncias fonéticas variadas.
          O modo de falar do mineiro é dialeto e não sotaque. Isso porque o falar mineiro é uma mistura de palavras da língua oficial com línguas nativas e também introduzidas. No caso de Minas Gerais, de línguas faladas na região da Costa da Mina, na África e entre povos indígenas, com a língua portuguesa, com o regionalismo da região do Minho, em Portugal. Por isso os falares mineiros serem diferentes, exatamente pela origem dos povos que os formaram serem diferentes, devido as regiões geográficas específicas de cada um desses povos.
          Outras regiões brasileiras receberam portugueses e africanos de outras regiões de seus próprias, com cultura, dialeto e tradições diferentes. Entre os povos indígenas, há línguas, dialetos, cultura, culinária, rituais diferentes de outras tribos, devido a diferentes etnias indígenas.
          Isso explica a diversidade das culturas, arquiteturas, religiosidades, músicas, folclores, vestimentas, dialetos, tradições e gastronomias diferentes entre os Estados Brasil, devido aos diversos povos de regiões diferentes do Brasil, da Europa e África, com etnias indígenas diferentes.          
Conhecendo os falares de Minas Gerais
O falar Geraizeiro

          É um dialeto falado em 17% do território mineiro.
          O termo Geraizeiro é usado desde o século XIX. Refere-se ao povo mineiro que vive do Cerrado com sua história e cultura ligadas a esse bioma, bem como ao seu modo próprio de falar. É uma região que compreende todo o Norte de Minas e boa parte do Noroeste Mineiro e Vale do Jequitinhonha, estendendo-se até a área de transição do Cerrado para a Caatinga, na divisa com a Bahia. (fotos acima de Edson Borges de Felício dos Santos MG)
          São os nativos dos Gerais, que é o sinônimo de Cerrado. É um povo formado por homens e mulheres do Cerrado e com ligações familiares e históricas com este bioma. Por esse motivo, são chamados de Guardiões do Cerrado. É o povo que preserva a identidade cultural e histórica dos geraizeiros do norte mineiro.
          Os Geraizeiros, que tem o sangue dos Gerais nas veias, não destroem a vegetação nativa, ao contrário, a respeita. Criam o gado solto, não retiram da natureza o que não podem tirar e quando tiram, respeitam os limites da terra e seus ciclos. Quando colhem os frutos do Cerrado, catam apenas os frutos já maduros, que caíram no chão. Não arrancam a fruta ainda verde no pé.
          Retiram o mel silvestre, colhem ervas e raízes medicinais, espalham sementes dos frutos do Cerrado, ajudando na propagação e preservação da flora dos Gerais, bem como preservam e vivem em harmonia com a fauna nativa.
          Originalmente, o Geraizeiro é um povo formado por povoadores vindos de São Paulo e da parte norte da Região Central Mineira, com povos indígenas habitantes da região e africanos, que constituem a maioria da origem dos Geraizeiros. Em sua origem, viviam nas partes altas e baixas da região, geralmente às margens de córregos e rios. Com o crescimento da região, a cultura, linguajar e influência dos primeiros geraizeiros foram se expandindo, passando o termo a ser usado para definir o dialeto, culinária, cultura e estilo de vida norte mineiro.
          Os Geraizeiros tradicionais vivem da pesca, da agricultura e dos frutos do Cerrado. Vivem do trabalho e comem do que plantam. Em suas terras cultivam arroz, feijão, mandioca, cana, amendoim, dentre outras culturas, além dos frutos nativos.
          É um povo com identidade própria, tanto no linguajar, quanto no estilo de vida e culinária, que ao longo dos anos, foi se aprimorando em um estilo de cozinha, com base nos frutos do Cerrado e peixes de água doce, mesclando a tradição culinária dos povoadores paulistas, mineiros, indígenas e africanos, à vida e cultura do Cerrado e Caatinga.
          Os Geraizeiros são chamados ainda de catrumanos, e de baianeiros, pelo jeito de falar um pouco parecido com o falar baiano, embora o dialeto Geraizeiro seja mais próximo do dialeto Montanhês, do que o do falar baiano, baseiam-se na proximidade da região com a Bahia e com algumas palavras do falar baianos incorporados ao dialeto Geraizeiro..
          A partir de 2007, foi agregado à Constituição de 1988, a definição de povos tradicionais, além dos povos indígenas e quilombolas, outros povos, que preservam o modo de vida tradicional desde suas origens. Entre os vários povos inseridos neste quesito, está o povo dos Gerais, o Geraizeiro. Desde 2011, comemora-se em Minas Gerais o Dia dos Gerais, especificamente na cidade de Matias Cardoso, no Norte de Minas, por ser a primeira povoação criada em Minas Gerais em 1660, bem a matriz da cidade, dedicada a Nossa Senhora da Conceição erguida em 1664.
O falar Caipira
          É um dialeto falado em 33% do território mineiro.
          O dialeto falado no Triângulo Mineiro, Noroeste, Oeste, Sul e Sudeste de Minas é o dialeto Caipira, além de influência do dialeto Montanhês. Essa região mineira está na área de influência da Paulistânia Caipira, uma área geográfica e cultural com origens em São Paulo no século XVI e expandida por uma imensa área territorial brasileira pelos tropeiros e bandeirantes paulistas ao longo do século XVII e XVIII. (fotografia acima de Marlon Arantes em Aiuruoca MG, Sul de Minas)
          A influência da Paulistânia Caipira está presente em partes de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina. A Paulistânia Caipira não se limita apenas ao dialeto, mas também no modo de vida, na culinária, na vestimenta, nas danças, nos instrumentos musicais e na música.
          Como o assunto é o falar caipira, vamos nos ater a isso. O dialeto caipira é uma variante dialetal da língua tupi antiga, com o português arcaico. O arcaísmo é quando uma palavra ou expressão deixou de ser usada em uma determinada língua. Desde o descobrimento do Brasil, palavras da língua portuguesa vem sendo modificadas em constantes revisões ortográficas, algumas até deixando de existir ou mudando sua escrita, consequentemente mudando a fonética, devido a exclusão de letras e acentos.
          A própria palavra caipira é uma corruptela da palavra tupi “caapora” que significa “morador do mato”. São as pessoas ou grupos que viviam longe das grandes cidades em pequenos povoados. É estilo de vida e falar do povo do interior, da área de influência da Paulistânia.
          Palavras faladas nos séculos XVII, XVIII, XIX e início do século XX são hoje arcaicas, mas ainda presentes no dialeto Caipira. Boa parte das palavras do dialeto Caipira, tidas hoje como erros ortográficos e de pronúncias, nada mais são do que a preservação do português antigo e medieval da mesma forma que era falado e pronunciado no português arcaico. O que era correto escrever e pronunciar no português antigo, é hoje escrita e pronuncia errada.
          É o caso por exemplo de algumas palavras arcaicas que hoje tem a fonética e grafia diferente do português medieval, como exemplo fruta. No português medieval era escrita e pronunciada “fruita”. Outra palavra é escutar, escrita e pronunciada “escuita”, no português medieval. O “i” foi excluído em uma das várias revisões ortográficas da língua portuguesa, mas continuaram sendo faladas na área da Paulistânia Caipira. Ou seja, o dialeto Caipira preservou a escrita a fonética do português antigo.
           Outro exemplo da preservação da forma arcaica da fonética e escrita do português no dialeto Caipira é o uso do “R” retroflexo, ou seja, pronunciado duplamente com fonética arrastada “rr”, além da substituição da letra L pelo” r”.
          A forma fonética do uso constante do “erre” e a troca do L pelo “r”, muda a escrita e a fonética da palavra. Como exemplo: almoço, fica “armoço”, blusa fica “brusa”, calça, fica “carça”, flauta fica “frauta”, anel fica “aner”, alvo fica arvo, Cláudio fica “cráudio”, pastel fica “paster”, globo fica “grobo”, chiclete fica “chicrete”, claro fica "craro", etc. Na gramática atual é erro sim, mas na história e formação fonética do dialeto Caipira, não. É a preservação de uma tradição, de uma forma de falar histórica, da fonética, expressão e grafia do português medieval e tupi antigo.
          Em algumas metásteses caipira, o erro não é acrescentado e sim, mudado de posição. Eram faladas e até hoje continuam sendo faladas com o R trocado de posição na palavra como perfume (prefurme), agradeço (agardeço), percisar (precidar), etc.
          No dialeto caipira, as pronúncias vogais são predominantemente tônicas. Quando uma vogal tem a uma sílaba átoma, mais fraca, é trocada por uma sílaba tônica, com fonética alongada, mais forte como tábua que fica tauba, estátua, que fica estauta, etc.
          Outra característica do dialeto Caipira é a substituição das letras LH quando antecedem a vogal “a”. Nesse casa, as duas letras são substituídas pela vogal “i”. Por exemplo, telha, fica “teia”, trabalhar, fica “trabaiá”, tulha fica “tuia”. Quando o R é no final de uma palavra que antecede uma vogal, o “r” é simplesmente excluído. Por exemplo: comer, fica “comê”, engolir, fica “engoli”, bater fica “batê, gemer fica “gemê”, suprir fica “supri.
          Além disso, singular e plural no dialeto caipira são ausentes, sem concordância verbal alguma. No dialeto Caipira, plural e singular compõem uma mesma frase. Por exemplo, as colheres, no dialeto caipira é escrita e pronunciada “as colher”, nas mesas, é “nas mesa”, etc. É erro ortográfico, hoje sim, claro, mas faz parte da fonética e expressão do dialeto Caipira tradicional, arcaico. É comum quem vive na influência da Paulistânia Caipira pronunciar “as casa”, “as mulhé” “as carne”, “as pessoa”, etc.
          São pronunciadas naturalmente, devido o dialeto ser uma cultura transmitida por gerações e falado pelo povo da região da influência caipira, no caso das regiões mineiras, desde o século XVIII.
          O dialeto Caipira é simplesmente a preservação das características fonéticas da língua portuguesa medieval falada no Brasil em tempos antigos.
O falar Montanhês
          É o dialeto falado em 50% do território mineiro.
          Também chamado de falar mineiro, o Montanhês é o dialeto original de Minas Gerais surgido no século XVIII, durante o Ciclo do Ouro. (fotografia acima de Elvira Nascimento em Catas Altas MG, Região Central)
          É formado pela influência linguística regional dos povos que deram origem ao povo mineiro. O português, em sua maioria, da antiga região portuguesa do Minho, na época uma região de mineração, dai a maioria dos portugueses que vieram para Minas serem dessa região, porque já atuavam nessa atividade.
          O africano, em sua maioria da região Costa da Mina no Continente africano, hoje formada pela Nigéria, Gana, Togo e Benin. Era uma antiga região mineradora, ou seja, os habitantes dessa região africana já trabalhavam na exploração mineral e tinha experiência na escavação de minas. Por esse motivo, foram os escolhidos para o trabalho nas minas mineiras. E ainda povos indígenas de diferentes etnias que viviam em território mineiro por ao menos 12 mil anos, com seus idiomas, cultura e tradições de acordo com as comunidades indígenas existentes na época, foram o tripé da origem do povo mineiro e seu modo de falar.
          Africanos e portugueses que vieram para o Brasil, não vieram de um único lugar em seus países e sim de vários lugares e regiões local com tradições e culturas diferentes, se espalhando pelo Brasil, de acordo com os interesses dos colonizadores portugueses.
          Cada região, tanto de Portugal e da África, possui línguas, dialetos, sotaques e tradições diferentes, embora mesmo sendo em um único país, como Portugal, que é formado pelas regiões do Alentejo, Madeira, Norte, Centro, Lisboa e Algarve. Entre os africanos, a mesma coisa. Países com regiões e dialetos diferentes, além de costumes, tradições e religiosidades diferentes, bem como os povos indígenas, por serem povos formados por várias etnias com variações em suas línguas, costumes, culinária, etc.
          Esses povos, com suas tradições, culturas regionais e dialetos se espalharam pelo Brasil. Por isso as diferenças regionais do Brasil.
          Em relação a Minas, durante o Ciclo do Ouro, além dos paulistas, vieram ainda brasileiros de outras regiões brasileiras como do Nordeste e Sul do país, principalmente do Rio Grande do Sul, para trabalharem na mineração.
          O nome original era Montanhês, isso desde o final do século XVIII. Era como eram chamados os habitantes da região Central, onde se concentrava e ainda concentra, maior parte da exploração mineral do Estado.
          Por ser uma região montanhosa e seus habitantes viverem em povoados no sopé das montanhas ou no topo das serras e morros, eram chamados de Montanhês. O povo mineiro era conhecido como Montanhês antes de existir Minas Gerais como capitania, província e estado. Bem antes mesmo de existir o gentílico “mineiro”.
          O povo montanhês trabalhava nas minas de extração mineral. Eram mineiros, como profissão. Quem não trabalhava nas minas, exercia atividades, que de alguma forma estava ligada a mineração, portanto, eram chamados de mineiros também. Por isso o jeito de falar Montanhês passou a ser chamado também de falar do mineiro, literalmente, os trabalhadores das minas de ouro.
          O jeito Montanhês de falar começou no final do século XVII, com a chegada de bandeirantes e formação de povoados. No século XVIII passou a receber a influência dos portugueses que chegaram da região do Minho, dos africanos e brasileiros de outras regiões que vieram em massa para Minas. No século XIX, recebeu a influência de povos de outros países como dos ingleses, que vieram em grande número para Minas Gerais a partir de 1825.
          O falar Montanhês ou Mineiro, é diferente dialeto Caipira e do dialeto Geraizeiro, embora o esses dois dialetos tenham influência do Montanhês, o falar do mineiro Montanhês é bastante diferente, não apenas em relação aos outros dois falados no Estado mas também no Brasil. É um dialeto único e longe de se limitar apenas ao uai, sô e trem. É bastante abrangente e amplo.
          O Montanhês tem como característica principal o ritmo forte, pronuncias rápidas de uma frase, com fonéticas acentuadas e abertas, que podem ser em tons de afirmação, exclamação ou interrogação. Outra característica do Montanhês é encurtar ao máximo uma palavra e principalmente uma frase, além de fazer catira (trocar) entre vogais.
          Como exemplo a vogal E pelo I ou o O pelo U ou até excluindo palavras na pronúncia. Como exemplo: esporte que se pronuncia “sporti”, estranho, que é pronunciado “strain” e por aí vai. Ao pronunciar uma palavra, já no diminutivo, que termine com as letras HO, são suprimidas de imediato. Por exemplo? pãozinho, fica “pãozin”, Paulinho fica “paulin”, pouquinho, fica “pouquin”, passarinho fica “passarin”, todinho fica “todin”, baixinho fica “baixin”etc.
          Palavras no aumentativo raramente são usadas no dialeto Montanhês, pela simples tendência do próprio estilo em falar rápido, cortando palavras e as diminuindo. É raro uma expressão ou frase pronunciada no dialeto Montanhês sem diminutivos.
          No Montanhês, os hiatos podem ter vogais repetidas e faladas longamente como exemplo: pavio que passa a ser “pavii”, frio que passa a ser “frii”, navio passa a ser “navii”.
          Nesse dialeto, certas palavras pronunciadas bem rápido, perdem mais que a metade das letras. Usa-se a primeira letra e mais uma ou duas e ai sai a palavra e todo mineiro entende. Por exemplo, ônibus fica “ons”; senhora fica “sá”; senhor fica “sô”. Outras palavras, são literalmente pronunciadas pela metade. Como exemplo: desce fica “des”; você fica “ocêfica” ou “cêfica”; pra você fica “procê”.
          Uma frase inteira pode ser diminuída e entendida perfeitamente, pelo menos pelo povo mineiro. Como exemplo: Espere, ouça-me um pouco por favor, ficaria assim: “ Péra, só mais um cadim viu!” Ou: Venha até a mim senhor!, seria assim: “vem cá sô!”.
          Pode ser também uma palavra, meia frase ou frase inteira para não dramatizar tais questões como ao se referir a um lugar muito longe, fala-se assim somente para animar: “Né longe não sô, é logo ali ó, cê chega rapidin!”
          Palavras que terminem em TE e DE são palatalizadas, com o E na fonética de “i”. Como exemplo: horizonte fica “horizonti”, visconde fica “viscondi” com pronuncia bem forte no “I”. No caso de Belo Horizonte, a pronuncia fica “belorizonti” ou ainda, “belzonti”.
          Se for hoje à Belo Horizonte, não ouvirá essa pronúncia e sim Belo Horizonte ou no máximo “belorizonti”, “Beagá” ou “BH”. “Belzonti” era mais pronunciado pelo Montanhês da região Central, nos anos 1960 e 1970.
          Não era erro de português e sim, estilo de pronunciar palavras na característica própria do dialeto Montanhês. Os nomes compostos, sejam de pessoas, cidades ou lugares, sofriam drásticas perdas de letras para facilitar a pronúncia de forma rápida. E é assim até hoje, desde a origem do dialeto Montanhês no século XVII.
          O Montanhês nos permite falar uma frase, um texto ou mesmo escrever um dicionário ou um livro totalmente nesse dialeto, sem problemas, de tão amplo e abrangente que é.
Somos montanheses, caipiras e geraizeiros
          São esses os 3 falares do mineiro. Dialetos que conservam o português arcaico, com expressões da língua africana e indígena. São dialetos que vão além do linguajar. Falar no Montanhês, Caipira e Geraizeiro, é preservar a história de uma região, a cultura, as tradições, a música, a vestimenta, a dança, o folclore e sua própria origem. (fotografia acima de Arnaldo Silva em Moema MG, Centro-Oeste de Minas)
          Por esse motivo, somos mineiros, falamos e vivenciamos o estilo Montanhês com orgulho. Somos mineiros e falamos e vivenciamos o estilo Caipira com orgulho. Somos mineiros, falamos e vivenciamentos o estilo Geraizeiro com orgulho.
Somos de Minas Gerais com muito orgulho. Somos de um Minas que são muitas. A Minas Gerais de todos os mineiros.

sábado, 19 de agosto de 2023

Jaguaraçu: a cidade das águas

(Por Arnaldo Silva) Jaguaraçu é uma pacata, charmosa e atraente cidade da Região do Vale do Rio Doce, estando inserida no Colar Metropolitano do Vale do Aço (RMVA), microrregião formada por Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso, além de mais 22 municípios, que integram seu colar metropolitano.
          O Vale do Aço é uma microrregião do Vale do Rio Doce, que apresenta altas taxas de urbanização, crescimento e desenvolvimento. A RMVA foi criada por Lei Complementar Estadual em 30/12/1988. (na foto acima de Elvira Nascimento, o portal de entrada de Jaguaraçu)
          Jaguaraçu é uma das 22 cidades que fazem parte do Colar Metropolitano do Vale do Aço. Na pequena cidade vivem 3.092 pessoas, segundo Censo do IBGE de 2022. (fotografia acima e abaixo de Elvira Nascimento)
          Jaguaraçu, nome de origem indígena que significa “onça grande”, faz limites territoriais com Timóteo, Antônio Dias, Marliéria e São Domingos do Prata. Está distante 185 km de Belo Horizonte.
História e origem
          O município tem origem no final do século XIX, em terras doadas por Lizardo José da Fonseca Lana, à Igreja Católica, em honra a São José, em agradecimento a cura de seu filho, Teófilo Marques. Em torno da igreja, surgiu um povoado, formado ainda por escravos libertos, que passaram a viver na região após a promulgação da Lei Áurea em 1888. (na foto acima da Elvira Nascimento, vista parcial de Jaguaraçu)
          Em 1923, devido o crescimento, o povoado é elevado a distrito, com o nome de Jaguarassu, subordinado a São Domingos do Prata, até 12 de dezembro de 1953, quando foi emancipado, mantendo o mesmo nome, mas com alteração na escrita, de Jaguarassu, para Jaguaraçu. Quem nasce em Jaguaraçu é jaguaraçuense.
O que fazer em Jaguaraçu?
          Cidade pequena, pacata, tradicional e uma das mais belas do Estado, é dotada de enorme beleza natural e arquitetônica, além de cultura e tradição, possui uma gastronomia riquíssima. Jaguaraçu produz uma das melhores rapaduras do Estado, além de doces e queijos de alta qualidade.
          A cidade conta ainda várias fazendas com belos casarões coloniais em sua zona rural, como este acima registrado pela Elvira Nascimento
Personagens ilustres
          Jaguaraçu é terra natal do ator José Mayer e também a cidade em que viveu Elke Maravilha, imigrante alemã/russa que chegou ao Brasil ainda criança, vindo a residir com a família em Jaguaraçu.
          Elke Grünupp, nome original de Elke Maravilha, foi uma modelo, jurada, apresentadora e atriz. Era filha de Georg Grünuup e Lieselotte König. Nasceu oficialmente em 22 de fevereiro de 1945, em Leutkirch im Allgäu, na Alemanha. Embora ela mesma tenha sempre afirmado em vida que era russa, nascida em Leningrado, sua nacionalidade de registro era alemã. Elke Maravilha faleceu em 16 de agosto de 2016 no Rio de Janeiro.
          Os pais, com seus 3 filhos, vieram para o Brasil fugindo da pobreza causada pela Segunda Guerra Mundial. Vieram para Minas, vindo a morar inicialmente em um sítio em Itabira e em seguida, em Jaguaraçu, de onde saiu para Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro.
          Sempre quando indagada, afirmava sua nacionalidade russa, mas deixava bem claro: “Eu só nasci na Rússia, criança, mas eu sou mineira, uai”, uma de suas declarações em entrevista ao Jornal O Estado de Minas.
O portal
          Logo na entrada da cidade, no começo da MG-320, que liga a BR-381 à Jaguaraçu, o portal de entrada desperta atenção. Bem cuidado, chamativo e com jardins. Já é uma mostra de como é essa típica cidade mineira.
Reserva de Mata Atlântica
          Jaguaraçu está situada em uma região montanhosa, que paisagens naturais espetaculares com fauna e flora com enorme diversidade, preservadas em uma reserva de quase 8 mil hectares de Mata Atlântica, com 50 nascentes e 10 cachoeiras. Por esse motivo, conta com grande potencial para o turismo ecológico. (na foto acima da Elvira Nascimento, o portal de entrada de Jaguaraçu)
          Além disso, a reserva, oferece boa estrutura para os amantes da natureza com restaurantes, área de camping, pousadas e trilhas ecológicas. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
Cavalgada
          Na área urbana, a Cavalgada de Jaguaraçu, que acontece sempre em maio de cada ano, é um dos destaques regionais. O evento atrai milhares de turistas à cidade. e conta com shows musicais, concursos de marchas, barracas com comidas típicas, etc.
Festa do Rosário
          Em julho acontece a Festa de Nossa Senhora do Rosário, um dos eventos religiosos mais importantes da cidade.
Fazenda Paiol
          Um passeio imperdível é na Fazenda Paiol, a maior produtora de doces, açúcar mascavo e rapaduras da cidade. A fazenda produz ainda queijos. Como atração está o velho e tradicional engenho, movido a água. (foto acima e abaixo da Elvira Nascimento)
          Ainda na fazenda, o visitante pode subir até o topo da Serra do Urubu, onde terá o prazer de contemplar a belíssima vista em 360° graus da cidade e região, além da beleza nativa, como uma bela cachoeira e formações rochosas esculpidas pela força das águas ao longo de milhares de anos.
Cachoeira da Jacuba
          Entre várias belezas naturais no município destaque para a Cachoeira da Jacuba. É belíssima, com águas limpas e cristalinas. O acesso é fácil, fica pertinho de Ipatinga, com acesso sinalizado pela MG-320. Além de poder contemplar as belezas da Mata Atlântica pelo caminho, se refrescar nas águas dessa cachoeira, uma das mais procuradas da região.
Igreja de São José
          É o principal ponto de encontro dos moradores da cidade e seu mais belo cartão-postal.
          Belíssima, imponente, a Igreja de São José se confunde com a origem da cidade, por isso, além de sua importância religiosa, é de alto valor histórico para Jaguaraçu. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          Desde sua origem, a vida de seus moradores, bem como a cidade, estão em torno da Matriz. Festas, encontros, batizados, namoros na praça, casamentos, missas, eventos. É o cartão de visitas e principal elo de ligação social entre seus moradores.
          Seu estilo arquitetônico e cores fortes e vibrantes da fachada, são únicos em Minas. Seu interior impressiona pela imponência da sua nave e altares, bem como a paz que transmite.
Conheça Jaguaraçu
          A cidade conta com boa estrutura urbana, bons hotéis, pousadas e restaurantes, um bom setor de prestação de serviços, um comércio variado, culinária riquíssima, doces e rapaduras que conquistarão seu paladar, além de ser uma cidade muito pacata e tranquila. (na fotografia acima de Elvira Nascimento, vista noturna da cidade)
          Seu povo é hospitaleiro, simples, acolhedor e bastante simpático.

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Diferenças de broa e bolo

(Por Arnaldo Silva) Vamos entender melhor a diferença entre broa e bolo. É muito comum o mineiro chamar de broa, o que a maioria, chama de bolo. Muita gente pergunta se não é a mesma coisa. Não é não. São guloseimas diferentes. Broa é uma quitanda presente em Minas Gerais há quase 300 anos, ainda nos tempos do Brasil Colônia.
          Broa é um tipo de pão, feito com fubá ou com acréscimo de várias farinhas, como de trigo, centeio e também, leveduras. Tem origem em Portugal e Galiza, tendo sido introduzida em Minas Gerais no início do Ciclo do Ouro, no século XVIII. (na foto acima, uma broa registrada pelo Fabrício Cândido e um bolo de trigo, registrado pelo Judson Nani
          A receita original portuguesa foi adaptada aos ingredientes das terras mineiras, com o fubá triturado no moinho, sem acréscimos de farinhas, por ser a farinha de trigo, inexistente na época do início da colonização. 
          Além disso não se usava fôrmas ou tabuleiros para assar as broas e sim, panelas mesmo, com uma chapa forrada com brasas cobrindo a as panelas. O tradicional bolo assado na brasa.
          As broas que começaram a serem feitas em Minas Gerais, no século XVIII, não se assemelhavam aos pães portugueses e sim aos bolos, porque eram assadas em panelas de ferro, em formatos redondos, parecidas com os bolos europeus, feitos com trigo e em fôrmas próprias, redondas com furo no meio. (na foto acima, bolo de farinha de trigo feito pela Regina Rodrigues da Fazendinha da Regina/@reginasfarm)
          Para se chamar broa em Minas Gerais, na sua forma original, tem que ter milho, triturado no moinho d´água, o nosso fubá de milho. Ou seja, pra ser broa, o ingrediente principal tem que ser o fubá.
          Quando do surgimento da broa mineira, não existia a farinha de trigo no Brasil. Com a popularização da farinha de trigo, esse ingrediente passou a ser acrescentado à massa da broa, mas em uma quantidade pequena, apenas para dar mais liga e tornar a broa mais leve. (na foto acima de Fabrício Cândido, broa acompanhada de café com leite)
          Se o principal ingrediente for a farinha de trigo, maisena ou outra farinha que não seja de milho, já não é broa, e sim bolo. É essa a diferença. Bolo é quando o ingrediente principal é a farinha de trigo ou outra farinha que não seja de milho. 
          Caso a quitanda tiver farinha de trigo e fubá, em partes iguais, é também bolo. Se predominar o fubá, como por exemplo, 500 gramas de fubá para 100 g de trigo, é broa. Se for o contrário, se predominar a farinha de trigo, é bolo.

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Areinha Branca: um oásis em Monte Azul

(Por Arnaldo Silva) Monte Azul é uma das mais belas e charmosas cidades do Norte de Minas, Distante 668 km de Belo Horizonte, o município faz limites com Espinosa, Mamonas, Gameleiras, Pai Pedro, Catuti, Mato Verde e Santo Antônio do Retiro. Segundo o IBGE, Monte Azul tem hoje 20.328 habitantes. Além disso, Monte Azul faz parte do Circuito Turístico Serra Geral do Norte de Minas. Quem nasce em Monte Azul é Monte-azulense.
Origem
          A cidade tem origem no século XIX, em um povoado chamado Tremendal da Boa Vista, criado em 1868. Mais tarde o nome foi reduzido para Tremendal, sendo elevado à cidade emancipada em 4 de outubro de 1887. (na foto acima de Marcelo Santos, a Areinha Branca na Serra de Montevidéu)
          Por ser rodeada por serras e principalmente morros, que no horizonte tem tons azuis, o nome foi mudado de Tremendal para Monte Azul.. A belezas dos montes azuis de Monte Azul impressiona, encanta e emociona. (foto acima do Marcelo Santos)
Estrutura e economia
          A cidade é pacata, com boa estrutura urbana, comércio em franco crescimento e variado. A cidade conta com bons mercados, padarias, restaurantes, pousadas, hotéis, lanchonetes, bares, lojas de eletrodomésticos, de móveis, de tecidos e confecções no atacado e varejo. Isso devido à cidade ser um polo regional em confecções, contando com pequenas fábricas de roupas íntimas e outras vestimentas em geral.
          Seu povo é simples, acolhedor, hospitaleiro e preserva suas tradições familiares, culturais, folclóricas e religiosas.
          A agricultura é a principal atividade econômica do município, com destaque para a agricultura familiar, a agropecuária e o cultivo do algodão.
O que fazer em Monte Azul?
          Em termos de belezas naturais, Monte Azul é uma das cidades de maiores potenciais turísticos de Minas Gerais. O município encontra-se em área de transição do Cerrado para a Caatinga, o que influi em seu clima e vegetação. A junção desses dois biomas proporciona belezas cênicas com cenários naturais únicos e encantadores.
          São belíssimas paisagens de matas nativas, cachoeiras paradisíacas e a impactante beleza dos tons azuis dos montes e serras, que circundam o município. (fotos acima de Marcelo Santos)
Areinha Branca
          É um lugar de beleza sem igual em Minas e única. Avistando de longe, a primeira impressão é neve ou uma forte geada, mas não é. São campos de areias brancas tão alvas como a neve e finíssima como talco, espalhadas entre formações rochosas, esculpidas pelo tempo, vento e chuvas. São bancos e imensos campos de areias microscópicas e branquíssimas. Uma impressionante visão de oásis!
          Localizado no topo da Serra de Montevidéu, dentro do complexo da Serra do Espinhaço em Monte Azul, a Areinha Branca, como é chamado o lugar, encanta e impressiona todos que vão ao local. Um lugar que transmite um sentimento de leveza e pureza incrível, principalmente ao alvorecer e entardecer. O espetáculo é divino! (fotografias acima e abaixo de Marcelo Santos)
          Por esse motivo, a Areinha Branca é um lugar preferido para meditações, relaxamento, prática de ioga, boa leitura e contemplação da natureza, simplesmente.
          Para chegar a esse santuário de beleza e tranquilidade, você sobe a estrada da Mata de São João até o Tonão da Serra. São 9 km de estrada de terra, a partir do centro de Monte Azul e subida de 300 metros por uma trilha. Fica aberto 24 horas, todos os dias. Melhor é solicitar a ajuda de moradores locais como guias, para conhecer e aproveitar melhor o lugar. (fotografia acima de Marcelo Santos)
          Como é formada essa areia, do que é constituída, porque é tão fina e branca, e que tipo de rochas tem o lugar, não conseguimos obter informações científicas, até o momento.
Outros atrativos naturais
          Além disso, em Monte Azul, cachoeiras são atrativos que refrescam os dias quentes do verão, como a Cachoeira do Riacho Seco, do Chuveirinho, do Geraizinho, do Capim Gordura, dos Olhos D´Água, da Pedra Azul, do Escorredor, da Lavra Monte, do Seu Cícero, dentre outras. São várias  e todas rodeadas por matas nativas.
          Contemplar o nascer do sol e o por do sol no topo do Pico do Formoso, em Monte Azul, é um espetáculo sem igual, como podem ver na foto acima do Marcelo Santos o alvorecer e abaixo, uma noite estrelada.
Atrativos urbanos
           Uma outra dica ótima é passear pela cidade, conhecer os bares, lanchonetes, padarias, restaurantes, sorveterias e praças.
          
Deve também visitar a belíssima igreja Matriz de Nossa Senhora das Graças, em tons claro e azul, emoldurada pelas serras de mesmo tom. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, a Praça da Matriz) e também a Igreja de São Judas Tadeu e de São João (na foto abaixo do Elpídio Justino de Andrade)
          Tem ainda a Feira da Agricultura Familiar, um local de encontro dos moradores locais e para comprar de produtos alimentos naturais como frutas, verduras, leite, além de doces, queijos, bolos, biscoitos. 
          O visitante pode conhecer o artesanato local, presenciar atividades culturais como teatro, roda de capoeira, dentre outros. Não apenas isso, tem também os pratos típicos da região Norte de Minas como o arroz com pequi, a farofa de feijão tropeiro, dentre outras delicias da cozinha geralista. É um lugar ótimo para encontro de amigos e família. (na foto abaixo do Elpídio Justino de Andrade, coreto da Praça da Matriz)
          Monte Azul é uma cidade simples e de rara beleza, tanto em sua arquitetura, quanto em sua exuberante e cênica paisagem natural. Conheça Monte Azul.

terça-feira, 8 de agosto de 2023

A cidade de maior PIB por habitante no Brasil é mineira

(Por Arnaldo Silva) Nessa cidade, que tem apenas 12 mil habitantes, está o maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita, por pessoa, no Brasil. Se for dividir o PIB total desta cidade por pessoa, daria exatos R$15.617,00 por mês. Por ano, seriam R$209 mil, para cada morador. Esses dados foram levantados pelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (IPEA).
          Esse tanto de dinheiro, evidentemente, não vai diretamente para o bolso de cada morador, já que se trata de divisão total das riquezas produzidas no município, principalmente pela arrecadação de impostos, como o (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto Sobre Serviços (ISS). (foto acima de Duva Brunelli)
          É maior arrecadação de impostos do Brasil, de acordo com a média de habitantes da cidade. Todo o dinheiro arrecadado vai para melhorias da qualidade de vida de seus moradores e investimentos em infraestrutura.
          Essa cidade, considerada a mais rica do Brasil, em termos de rendimento médio gerada pela arrecadação de impostos sobre serviços, é São Gonçalo do Rio Abaixo, na região do Médio Piracicaba, distante 86 km de Belo Horizonte. Faz limites territoriais com os municípios de João Monlevade, Rio Piracicaba, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Bom Jesus do Amparo e Itabira.
          A pequena cidade tem origens com a mineração, no início do século XVIII. Surgiu de um povoado formado em 1720. A mineração é a atividade de origem do município e até os dias de hoje, tem na mineração, sua principal atividade econômica e que garante um PIB alto que a cidade apresenta. 
          São os royalties da mineração, principalmente do minério de ferro extraído do complexo da mina de Brucutu, explorado pela Companhia Vale. Brucutu é um dos maiores complexo de mineração e beneficiamento de minério de ferro do mundo. 
          Esse dinheiro, que todo mês entra nos cofres da Prefeitura Municipal, se fosse dividido mensalmente por morador, daria mais de 15 mil por mês ou 209 mil por ano para cada um. Dai dá para se imaginar o alto valor arrecadado com os royalties do minério. (foto acima do Duva Brunelli)
O que fazer com tanto dinheiro?
          Com o que entra nas contas da prefeitura, retorna à população em obras, que são constantes no município. Os investimentos são priorizados nas áreas de educação, saneamento básico, infraestrutura urbana e rural, além da saúde e segurança. (fotografia acima de Duva Brunelli)
          Atualmente 70% da população tem tratamento de água e esgoto, índice muito alto em se comparando com as demais cidades brasileiras, mas o ideal seria 100% de esgoto e água tratada em todo o município e a cidade tem condições de chegar essa totalidade.
          O município conta com uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) funcionando 24 horas por dia com estrutura de hospital, além de 16 postos de saúde e farmácia popular, 3 escolas funcionando em tempo integral e com 6 refeições servidas diariamente, ajuda de custo mensal para estudantes universitários que estudam fora, transporte escolar com ônibus novos, estradas rurais bem cuidadas e em maioria asfaltadas, além de material escolar, mochila e uniformes paras os estudantes da cidade.        
          A arrecadação da cidade não vem apenas da mineração. Tudo que retira e não repõe, um dia acaba. Isso é fato. Ainda mais em se tratando da natureza. Quando as minas de minério se esgotarem, acabou. 
          Por esse motivo, a cidade vem buscando diversificar sua economia, para não depender única e exclusivamente da mineração, quando as minas exaurirem.
          A própria situação econômica de São Gonçalo do Rio Abaixo, sua estrutura e capacidade de investimentos atuais, são atrativos para novas indústrias se instalarem na cidade, bem como favorece a ampliação de seu comércio e setor de prestação de serviços em geral.
          Com os investimentos nas áreas de saúde, educação, esportes, cultura, lazer, saneamento básico e melhoramento da estrutura urbana e diversificação da economia, ao longos dos anos, com certeza, São Gonçalo do Rio Abaixo MG em referência em qualidade de vida no Brasil.          
O que fazer em São Gonçalo do Rio Abaixo
          Nem só de minério vive São Gonçalo do Rio Abaixo. Tem turismo também. Além da mineração, dos investimentos em obras que ocorrem na cidade, São Gonçalo do Rio Abaixo tem outros atrativos para os visitantes como exemplo:
- A Praça 1° de Março onde encontra-se a Igreja de Nossa Senhora do Rosário (acima em foto do Elpídio Justino de Andrade), um das mais belas construções em estilo rococó em Minas Gerais, um tradicional e atraente casario;
- O memorial Padre João, personalidade de grande importância para a cidade (na foto acima do Duva Brunelli;
- A Matriz de São Gonçalo; (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade)
- Igreja de Santa Efigênia; (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade)
- O Cruzeiro da Matriz (na fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
- O Centro Cultural; (na foto acima do Duva Brunelli)
- A Serra do Catungui e as cachoeiras do Seara, da Cascata e de São José;
- A Usina Hidrelétrica da Cemig e Estação Ambiental do Peti.
- Belos e imponentes casarões coloniais. (foto acima e abaixo de Elpídio Justino de Andrade)
          Além disso, por ter uma boa estrutura urbana, São Gonçalo do Rio Abaixo conta com boas pousadas e hotéis, além de restaurantes com comidas típicas. É uma cidade de povo simples, hospitaleiro e acolhedor, além de ter uma rica história, que vem desde os tempos do início do Ciclo do Ouro.

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