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terça-feira, 5 de julho de 2022

O menor município do Brasil em extensão territorial

(Por Arnaldo Silva) Com 8.109habitantes, segundo Censo do IBGE/2022, a pacata e atraente cidade de Santa Cruz de Minas está a 180 km distante de Belo Horizonte. Faz divisa com Tiradentes e São João Del Rei, no Campo das Vertentes.
          Embora seja um município jovem, a história de Santa Cru de Minas começou no século XVIII, durante o Ciclo do Ouro. Mas não era o metal precioso que deu origem ao povoamento da cidade e sim o beneficiamento de areia de quartzo e beneficiamento de cal. Esses dois segmentos, foram os dois pilares da economia local desde sua origem. (fotografia acima e abaixo de César Reis)
          Entre a imponente Serra de São José, o pequeno povoado crescia devagar, mas no século XX, seu crescimento aumentou, o vilarejo elevado a distrito em 1962, subordinado a Tiradentes MG, para finalmente ser elevado a cidade emancipada em 21/12/1995.
Estrutura
          A cidade oferece uma boa qualidade de vida a seus moradores. Possui boa estrutura urbana com um belo e charmoso casario, sua bela matriz de São Sebastião, praças charmosas, biblioteca municipal, clubes recreativos, ginásios poliesportivos, corporações musicais e eventos populares e religiosos tradicionais, além da bela Matriz de São Sebastião (na foto acima da Alexa Silva/@alexa.r.silva). 
          Além disso, conta com um setor de prestação de serviços de boa qualidade, comercio variado, hotéis, pousadas e restaurantes de boa qualidade, pequenas indústrias familiares, lojas de diversas, principalmente de artesanatos, além da cidade ser tranquila e bastante atraente.
          Em Santa Cruz de Minas está a Cachoeira Bom Despacho, na Serra de São José, uma das mais belas serras e cachoeiras de Minas, respectivamente, além da cidade se destacar pela qualidade do seu artesanato em metal, ferro, cerâmica, fibra, madeira, madeira de demolição e materiais recicláveis. (na foto acima de Marcelo Melo, a Cachoeira de São José)
          O artesanato que feitos pelas mãos dos artesãos e artesãs santa-cruzenses é reconhecido como um dos melhores de Minas Gerais e um dos atrativos turísticos da cidade. Boa parte do artesanato comercializado em São João Del Rei e Tiradentes, são feitos em Santa Cruz de Minas. (fotografia acima de Arnaldo Silva)

Curiosidades de Santa Cruz de Minas
          A pequena cidade é marcada por 3 curiosidades únicas.
          A cidade faz parte da Estrada Real e os tótens espalhadas pelos 1600 km de extensão da Estrada Real podem ser vistos na cidade, sendo um desses tótens, especial. 
          É em Santa Cruz de Minas que está o marco zero da famosa rota histórica. (na foto acima da Alexa Silva/@alexa.r.silva)
          Santa Cruz de Minas é o único município do Brasil onde a população é 100% urbana. Sua área rural é praticamente inexistente.

          Isso se deve a outro fato curioso. Santa Cruz de Minas é o menor município do Brasil em extensão territorial. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a faixa de terra que forma o município tem área territorial de 3,565 km².
          Santa Cruz de Minas é o menor em termos de tamanho territorial. Em número de habitantes, não. O menor município do Brasil em número de habitantes é também mineiro. É serra da Saudade com apenas 771 habitantes, mas com área territorial de 335,659 km², cerca de 95 vezes maior que a extensão territorial de Santa Cruz de Minas.
          Visite o menor município de Minas Gerais. Em Santa Cruz de Minas (na foto acima de César Reis)  tem cultura, história, gastronomia e um dos mais valiosos e bem acabados artesanatos do Brasil.

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Benefícios e a receita do leite de amendoim

(Por Arnaldo Silva) Arachis hypogaea L., o amendoim é uma leguminosa nativa do Brasil, Paraguai, Bolívia e Norte da Argentina. Foi descoberta no Brasil pelos portugueses e se expandiu para a América Latina durante a colonização portuguesa e espanhola. Mas o amendoim era consumido pelos índios latinos bem antes da chegada dos colonizadores. Pesquisas histórica datam o consumo do amendoim há cerca de 3 mil anos a.C. pelos povos indígenas da América Latina.
          É um alimento saboroso, de fácil preparo e rico em nutrientes como a arginina, um aminoácido estimulante do óxido nítrico, responsável pela circulação sanguínea na região do clitóris e pênis. Como consequência o consumo do amendoim aumenta o fluxo sanguíneo para os órgãos genitais, aumentando a libido. Por isso a fama de afrodisíaco do amendoim.
          Não é apenas esse o benefício da leguminosa. Segundo pesquisadores, o consumo do amendoim, ajuda no combate ao colesterol ruim e dos triglicérides, além de contribuir no equilíbrio do metabolismo, na prevenção do mal de Alzheimer, doenças cardiovasculares e na redução de tumores.
          Esses benefícios são obtidos com o consumo moderado. Embora seja um alimento com poucas restrições, é recomendado uma avaliação com especialista para casos de restrições alimentares e alergias.
          O amendoim é rico em gorduras boas, vitaminas, proteínas, ômega 3, magnésio, potássio e outros nutrientes. Pode ser consumido in natura, em forma de doces como o pé-de-moleque, torrado, caramelado, como paçoca, em bolos e também em forma de chá.
          O leite de amendoim é muito saboroso e bem fácil de preparar:
Ingredientes
. 1 xícara (chá) de amendoim sem a pele e já torrado
. 1 litro de leite
. 1 caixinha de leite condensado
. 1 vidro de leite de coco ou a mesma medida de água
. Cravo, canela em pó em pau a gosto
Modo de preparo
- Coloque no liquidificador o amendoim e o leite de coco ou a água e bata até que esteja bem triturado.
- Despeje em uma panela, acrescente o leite, o leite condensado, a canela em pó, os cravos, a canela em pau e deixe fervendo no fogo até engrossar. Sirva quente. 
(fotos de Arnaldo Silva)

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Queijo Canastra é eleito o melhor do mundo

(Por Arnaldo Silva) De acordo com o site The Taste Atlas, o queijo da Serra da Canastra está entre os “50 melhores Queijos do Mundo”, divulgado no dia 20/06/2022.
          Idealizado pelo jornalista croata Matija Babic, The Taste Atlas é um guia voltado para a gastronomia mundial com conteúdo colaborativo feito por viajantes de todo o mundo. Funciona em moldes parecidos com o Guia 4 Rodas e Wikipédia, onde os usuários alimentam a plataforma com fotos, conteúdos e comentários. O site permite ainda que os seguidores da plataforma deem notas e votem em pratos, iguarias e estabelecimentos gastronômicos no mundo.
          Neste site, o queijo tem uma categoria exclusiva para postagens de fotos, textos, comentários e votação aberta aos usuários. (na foto acima, queijos Canastra feito na Queijo Dinho, em Piumhi MG/Divulgação)
Os 50 queijos mais votados
          Estar entre os 50 melhores queijos do mundo, não foi surpresa para os produtores de queijos Canastra, já que a iguaria recebe premiações nacionais e internacionais em todos os eventos que participa, sendo considerado um dos melhores queijos do mundo.
          O que chamou atenção dos queijeiros mineiros foi o Queijo Canastra figurar em primeiro lugar no levantamento feito pelo site The Taste Atlas, à frente inclusive de queijos mundialmente famosos como os holandeses Geitenkaas e Gorgonzola, Pecorino, Burrata, os italianos Grana Padano, Burrata, Pecorino e Parmegiano Reggiano, o francês Mont d´Or, do Português Serra da Estral, dentre outros.
          Abaixo podem ver a lista dos 50 melhores queijos do mundo, segundo eleição feita pelo site The Taste Atlas, divulgada nas redes sociais do referido site.
          Embora os critérios de votação e contagem das notas dadas aos queijos não foram especificados com clareza pelo site, os 70 queijeiros que produzem queijo Canastra, nas 7 cidades que formam a região queijeira mineira, comemoraram bastante o resultado. A conquista do queijo Canastra foi comemorada ainda pela Empresa  de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/MG) e pela Associação dos Produtores da Canastra (Aprocan).
O Queijo Canastra
          O queijo Canastra ser reconhecido como melhor do mundo foi absorvido com naturalidade pelos mineiros. Isso porque o queijo feito na Serra da Canastra sempre foi considerado o melhor do mundo pelos mineiros. Pode ser uma surpresa para o mundo, para os mineiros não.
          Feito tradicionalmente há mais de 200 anos, com leite cru de vaca, sal e pingo, o queijo Canastra é Patrimônio Imaterial do Brasil desde 2008, reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). (foto acima e abaixo Queijo Dinho de Piumhi MG/Divulgação)
          Tem como características a casca amarela, formato cilíndrico, sabor e picância levemente ácido, massa firme com presença de algumas olhaduras (furinhos). O Canastra já maduro, acima de 21 dias, é o preferido. Isso porque quanto mais o tempo de maturação, mais acentuado é seu sabor e mais definidas são suas características.
          É um tipo de queijo que harmoniza muito bem com vinhos finos, cachaça, cervejas e claro, com café e doces mineiros. Devido sua qualidade, é um queijo muito versátil na gastronomia, além de melhorar o sabor de vários pratos e quitandas.
          A Região Queijeira Canastra é formada pelo municípios de Medeiros, Vargem Bonita, Tapirai, Delfinópolis, Bambuí, Piumhi e São Roque de Minas com os queijos produzidos nessas cidades constarem o selo de origem e em maioria, grafados no próprio queijo, com caseína, como podem ver na foto acima.

terça-feira, 21 de junho de 2022

O sabonete mineiro feito com azeite de abacate

(Por Júnia Pimenta Gonçalves) Há alguns anos, a empresa Flor do Abacate de São Sebastião do Paraíso, no Sudoeste Mineiro, tem se dedicado, incansavelmente, ao desenvolvimento de produtos inovadores e criativos, à partir dos subprodutos do abacate.
          A tarefa se mostra árdua, desafiadora e morosa, pois aliar princípios sustentáveis, ambientais e de qualidade inquestionáveis envolvem inúmeros procedimentos de pesquisa, técnicos, logísticos e burocráticos que todos os empreendedores conhecem bem. São os famosos bastidores do negócio: aquele caminho percorrido sempre permeado por acertos e erros desde a concepção do produto até a chegada dele ao consumidor. Em nosso caso, no “banheiro” do consumidor.
          Imagino que já descobriram a novidade e o nosso xodó atual: nosso sabonete em barra! Isso mesmo! O primeiro sabonete em barra, industrial, feito com 100% de Azeite de Abacate!
          Já é de conhecimento geral que extraímos dos abacates das nossas lavouras, o Azeite de Abacate e conseguimos, nessas extrações, basicamente, 3 padrões de azeites:
- Azeite de Abacate Paraíso Verde: produto Premium, Clean Label, destinado à gastronomia e ao consumo humano.
-O segundo padrão, seria um azeite também fino, que com suas características, é destinado à indústria farmacêutica e cosmética.
- O terceiro padrão de azeite, com características peculiares e medicinais preservadas, se transformou em dois produtos sensacionais e únicos no mercado mundial: Sabonete em Barra industrial 100% desenvolvido com azeite de abacate e Shampoo em Barra também industrial, desenvolvido com 100% de azeite de abacate.
          O resultado da empreitada, são produtos finos, com características hidratantes e emolientes bem definidas, fragrância exclusiva e um toque extremamente confortável ao corpo.
          Estamos em fase final de aprovação pela ANVISA e ansiosos para que, em breve, eles estejam por aí, levando um pouco de Minas Gerais e do Brasil para todo o mundo!
          Empreender é como um casamento. Só uma coisa é capaz de fazê-lo sobreviver ao longo do tempo e seus desafios: o amor. Quando se ama, os obstáculos se tornam pequenos frente a enorme jornada da vida.”
Contato com a Júnia Pimenta: 35 8876-7922 ou através dos sites: www.paraisoverde.ind.br e www.avolovers.com.br

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Doce de leite: origem e a receita tradicional

(Por Arnaldo Silva) O ato de ferver o leite com açúcar originou um dos doces mineiros mais tradicionais de Minas Gerais, o doce de leite. Se ficar menos tempo no fogo, fica cremoso. Se ficar mais tempo, fica sólido, bom para corte.
          O doce surgiu numa época de busca por alimentos, numa terra recém povoada. Sabia-se que a gordura preservava por mais tempo alimentos perecíveis, bem como açúcar, que é um conservante natural. Em busca de alimentos que durassem mais tempo, por um acaso ou não, surgiram vários alimentos, como o doce de leite. (foto acima da Lúcia Barcelos)
          O doce de leite harmoniza muito bem com o queijo Minas, com doces como de figo, casca de laranja-da-terra, de mamão, além de ser versátil, podendo ser usado em receitas diversas, para fazer sorvetes, recheios para bolos, biscoitos, pudins, pães, roscas, churros, balas, etc.
          Presente na culinária mineira desde o século XVIII, o doce de leite conquistou, não só o paladar dos mineiros, mas também de todos os brasileiros, a partir da segunda metade do século XIX, quando começou a se popularizar em todo o Brasil.
O maior produtor e consumidor de doce de leite no Brasil é Minas Gerais. Embora tenha centenas de fábricas de doces por todas as cidades mineiras, o doce de leite caseiro ainda é o mais popular entre os mineiros. 
          O doce surgiu numa época de busca por alimentos, numa terra recém povoada. Sabia-se que a gordura preservava por mais tempo alimentos perecíveis, bem como açúcar, que é um conservante natural. Em busca de alimentos que durassem mais tempo, por um acaso ou não, surgiram vários alimentos, como o doce de leite. 
          O doce de leite harmoniza muito bem com o queijo Minas, com doces como de figo, casca de laranja-da-terra, de mamão, além de ser versátil, podendo ser usado em receitas diversas, para fazer sorvetes, recheios para bolos, biscoitos, pudins, pães, roscas, churros, balas, etc.
          Presente na culinária mineira desde o século XVIII, o doce de leite conquistou, não só o paladar dos mineiros, mas também de todos os brasileiros, a partir da segunda metade do século XIX, quando começou a se popularizar em todo o Brasil.
O maior produtor e consumidor de doce de leite no Brasil é Minas Gerais. Embora tenha centenas de fábricas de doces por todas as cidades mineiras, o doce de leite caseiro ainda é o mais popular entre os mineiros. 
Quem inventou o doce de leite?
          A história afirma que o doce de leite foi criação mineira. O problema é que os argentinos, afirmam que são eles os inventores da iguaria. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
          Mineiros e argentinos disputam quem foi o primeiro a fazer o doce de leite desde o século XIX. Enquanto esse imbróglio centenário com os argentinos não se resolve, a origem do doce de leite segue incerta.
 A versão dos mineiros
          Segundo opinião de historiadores, o doce de leite foi criado em Minas Gerais. Surgiu pela necessidade da criação de alimentos, numa terra que a cada dia recebia aventureiros, bandeirantes e portugueses, que chegaram à Minas Gerais, com a descoberta de ouro, no século XVIII.(fotografia acima de Evaldo Itor Fernandes em Moeda MG)
          O doce de leite saiu das cozinhas mineiras, nos primórdios do povoamento de Minas Gerais por um erro. Ao ferver o leite de vaca com açúcar, o leite foi esquecido no fogo, o que resultou num creme amarronzado. O sabor ficou ótimo, surgindo assim o doce de leite, passando a iguaria a ser feita pelas famílias mineiras com a receita passada de geração para geração, desde o século XVIII.
          O doce de leite se popularizou entre os mineiros ainda nos primeiros anos de sua descoberta, passando a ser apreciado por todos, chegando à nobreza e passando a ser feito também em outras regiões brasileiras.
          Não há nenhum relato em nossa história de doce de leite feito antes da popularização do doce em Minas Gerais.
          Doce de leite, junto com o pão de queijo e o queijo, são as principais identidades mineiras. 
A versão dos argentinos
          Quem experimentou o doce de leite argentino sabe muito bem que o doce é diferente do feito em Minas Gerais. Os sabores são diferentes, pelo leite, pelo tipo de açúcar, por especiarias regionais inseridas na receita e pela proporção entre os dois ingredientes, o açúcar e o leite. Obviamente há diferenças na textura, cor e sabor.
          Segundo os argentinos, o doce de leite foi inventado por eles em 1829, no século XIX, na fazenda do governador Juan Manuel de Rosas, nas proximidades de Buenos Aires.
          Uma das criadas do governador estava preparando lechada, um tipo de chá da tarde dos argentinos, uma bebida de leite quente com açúcar. Como a criada estava bastante cansada, deitou-se para descansar um pouco, deixando a lechada no fogo e acabou cochilando.
          Quando acordou, foi à cozinha e viu que a lechada tinha se transformado em uma pasta cremosa e amarronzada. Mostrou ao governador, que experimentou e gostou tanto que apresentou a iguaria às pessoas que conhecia, tornando-a popular entre os argentinos, a partir de então.
          Segundo historiadores, não há nenhuma evidência concreta que essa história seja verídica, mas é uma boa história que os argentinos defendem para se afirmarem os criadores do doce de leite.
          Até porque, doce de leite como conhecemos, já existia em Minas Gerais desde o século XVIII, bem antes da “invenção” argentina, em 1829, no século XIX.
Outra versão
          Há também historiadores que afirmam que as duas versões, tanto mineira, quanto argentina, não tem comprovação e que não é possível dizer com certeza, quem criou o doce de leite, se mineiros ou argentinos ou nenhum dos dois.
          Concordam apenas em dizer que tanto mineiros, quanto argentinos, desenvolveram a receita original, de acordo com suas características regionais, estilo e especiarias locais, gerando assim variações diversas do doce, ao longo do tempo.
A receita do doce de leite tradicional
          Em sua forma cremosa é o mais popular, mas também tem forma sólida, em barra ou cortado em pedacinhos. A diferença entre um tipo e outro é o tempo que fica no fogo. 
          Para fazer o doce de corte, basta deixa-lo mais tempo no fogo, tendo atenção para não queimar e bater com uma colher de pau, até começar a endurecer. Por fim é despejado em tabuleiro ou forma e cortado. (fotografia acima da Lúcia Barcelos)
Receita tradicional
Ingredientes

. 5 litros de leite integral
. 1 quilo de açúcar
Modo de preparo
- Despeje todo o leite num tacho, se possível de cobre junto com açúcar e leve ao fogo médio
- Mexa sem parar com uma colher de pau até começar a ferver para que o açúcar se dissolva por completo e se caramelize por igual
- Quando começar a ferver e continue mexendo por 15 minutos
- Reduza mais ainda o volume do fogo e deixe no fogo, mexendo sempre até que adquira uma consistência cremosa na cor marrom claro
- Caso prefira, pode adicionar frutas com o doce já pronto de frutas a seu gosto como pêssego, figo ou outras frutas que preferir, ou mesmo, chocolate (foto abaixo de Evaldo Itor Fernandes)
- Espere esfriar, coloque o doce em uma tigela ou potes de vidro e sirva acompanhado de Queijo Minas.

terça-feira, 14 de junho de 2022

Cuscuz: origem e a receita do cuscuz mineiro

(Por Arnaldo Silva) O cuscuz é tão popular no Brasil e no mundo que tem até dia, 19 de março, no mesmo dia de São José, padroeiro do Nordeste, região brasileira onde a iguaria é bastante popular além de ser uma das identidades gastronômicas dessa região.
          Por estar presente no dia-dia de boa parte do povo brasileiro, o cuscuz até parece ser uma criação da gastronomia brasileira, mas não é.
Origem berbere
          O cuscuz é um alimento milenar. Com o nome original de "alcuzcuz", tem origem nos povos berberes. Esses povos habitavam, há milhares de anos, a região noroeste da África, formada hoje pela Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos e Saara Ocidental.
          É um dos principais alimentos até os dias de hoje desses países africanos, principalmente no Marrocos e Argélia onde o cuscuz é considerado o prato do dia e prato da culinária nacional da Tunísia.
          Nesses três países, o cuscuz tradicional vem ainda acompanhado de cenoura, batata, nabo e outros legumes, além de ser cozido em caldo de carne ou ensopado picante de frango, peixe ou de carne carneiro. É servida com pequenos pedaços de carne de frango ou de carneiro. É uma refeição completa!
          O cuscuz original, criado pelos povos berberes, era feito com trigo. Consistia em amassar o trigo com as mãos, com um pouco de água quente, mexer e apertar, até se transformar em pequeninos grãos para ser em seguida, cozido no vapor numa cuscuzeira.
A popularização do cuscuz no mundo
          A iguaria se popularizou na região do Saara, em toda África, no Oriente Médio, chegando à Europa, onde se popularizou em vários países. Em Portugal passou a ser consumido no reinado de Dom Manuel I (1495-1521), com o nome de couscous.
          Uma comida prática, que sustenta, sacia e fácil de fazer, chegou ao Brasil ainda no século XVI pelos navegantes portugueses, aqui chamado de cuscuz.
          O problema era que no Brasil e na América Latina não existia trigo naquela época, mas existia milho, cereal nativo do Brasil e ocorrente também na América Latina. A farinha de milho e também o polvilho, substituiu o trigo nos dois primeiros séculos, após a descoberta do Brasil e é assim até hoje. Raro se fazer cuscuz em sua forma original no Brasil, com o trigo. Comum mesmo é com farinha de milho.
          O modo de preparo do cuscuz é o mesmo feito pelos povos berberes há milhares de anos. Muda apenas o trigo, substituído pela farinha de milho e variações regionais com acréscimos de temperos e outros ingredientes.
O cuscuz no Brasil
          No Nordeste brasileiro, o cuscuz está presente na alimentação do nordestino, principalmente no café da manhã. É geralmente consumido em sua forma mais popular, com flocos de milho moído no pilão e cozinhado no vapor ou ainda, acompanhado de leite, ovos, carne-de-charque e outros ingredientes. Já no Norte do Brasil, o cuscuz é consumido salgado e também doce, além de substituir a água quente pelo leite de coco na mistura com a farinha.
          Em São Paulo, alguns preparos de cuscuz levam peixe e camarão, em outros, galinha, ovos cozidos, ervilha, pimentão, tomate, cheiro verde e temperos diversos.
          Com os novos ingredientes e temperos regionais acrescentados à iguaria, tem apenas que deixar a massa marinar um pouco para fiquem bem incorporados ao cuscuz.
Receitas de cuscuz salgado e doce de Minas Gerais
          Em Minas Gerais, além da farinha de milho, é misturado às vezes um pouco de polvilho e farinha de mandioca, mas no popular, é com farinha de milho, cozido no vapor com ingredientes típicos de cada região mineira.
          O cuscuz mineiro pode ser doce ou salgado. Leva queijo, requeijão moreno ou cremoso, mel, manteiga, linguiça, carne desfiada, melado de cana, couve, e também ovo frito. É muito comum o cuscuz com queijo ou requeijão no café da manhã e da tarde, principalmente de quem trabalha na roça.
          No século XIX, o cuscuz doce com queijo era a primeira merenda do dia nas escolas que existiam em Minas Gerais, como por exemplo, a primeira refeição das alunas do Colégio Providência, em Mariana MG.
Cuscuz mineiro salgado
Ingredientes

. 500 gramas de farinha de milho
. 1 xícara (chá) de água
. 300 gramas de linguiça picadinha e já frita
. 300 gramas de frango cozido e desfiado
. 1 maço de couve picada mineiramente, bem fininha
. ½ colher (chá) de banha de porco
. 2 dentes de alho amassados
. 1 cebola pequena picadinha
. 1 pimentão verde picadinho
. ½ xícara (chá) de ervilha
. ½ xícara (chá) milho verde em grãos
. 1 tomate picadinho
. Sal a gosto
. Manjericão, salsa, pimenta-do-reino e orégano a gosto
. 1 ovo
Modo de preparo

- Aqueça a banha numa panela, acrescente a linguiça, a cebola, o alho, o pimentão e refogue por 3 minutos.
- Acrescente a ervilha, o frango desfiado, o milho, o tomate e refogue até secar.
- Acrescente agora o sal, o manjericão, o orégano, a salsa, a pimenta-do-reino e mexa bem.
- Acrescente por fim a farinha de milho, mexa, vá acrescentando a água quente aos poucos e vá desmanchando com as mãos os carocinhos que se formarem.
- Unte a cuscuzeira com banha ou óleo, coloque aos poucos a farofa que se formou e deixe cozinhando no vapor por uns 25 minutos ou até que esteja bem fofo.
- Enquanto cozinha, frite o ovo, coloque num prato e coma com o cuscuz. Fica ótimo com café.
Cuscuz mineiro doce
Ingredientes

. 1 xícara (chá) de farinha de mandioca (não torrada)
. 4 xícaras (chá) de fubá mimoso
. 2 xícaras (chá) de queijo Minas meia cura ralado
. 1 xícara (chá) de queijo Minas cortado em pedacinhos
. 1 ½ xícara (chá) de açúcar
. 1 xícara (chá) de água
. Canela em pó e erva-doce a gosto
. 2 colheres (chá) de sal
Modo de preparo
- Numa panela, coloque a farinha, o fubá, o queijo ralado, o açúcar, a canela em pó, a erva-doce e misture tudo.
- Dissolva o sal na água e acrescente à mistura que parecerá uma farofa
- Mexa e vá desmanchando com as mãos os carocinhos que se formam
- Unte a cuscuzeira com manteiga e coloque devagar a farofa, intercalando com os pedacinhos do queijo.
- Cozinhe em vapor de água fervendo por 25 minutos ou até que o cuscuz mineiro esteja fofo.
          O cuscuz é um prato democrático, popular, presente em todo o mundo, mesmo com variações e ingredientes regionais diferentes em sua receita tradicional, é uma iguaria mundial.
Fotografias de Marluce Ferreira de Ipatinga MG

quarta-feira, 8 de junho de 2022

Estudo afirma que café reduz risco de mortes

(Por Arnaldo Silva) Depois da água, o café é a segunda bebida mais consumida no mundo. Não tem como começar a manhã sem o tradicional cafezinho coado. O café seria incompleto. O café anima, alegra e causa bem estar.
          Segundo especialistas, a quantidade ideal de consumido de café, já que a bebida possui alta concentração de cafeína deve ser no máximo até 4,5 xícaras, por dia. Acima disso, superaria a quantidade máxima de 400 mg de cafeína, diária, recomendada. Como consequência o uso exagerado do café pode ocasionar insônias, ansiedade, gastrite, palpitações tremores, dores na cabeça, refluxo gastroesofágico, náuseas e até taquicardia.
          Usando de forma equilibrada e moderara, é ao contrário, o café faz bem e ainda pode reduzir de 16% a 29% a possibilidade de falecimento prematuro. 
          Ao menos é o que afirma um estudo publicado em 31 de maio de 2022, pela Annals of Internal Medicine, uma revista médica publicada pelo American College of Physicians. É uma das revistas médicas mais importantes e influentes do mundo.
O estudo foi feito com 171.616 mil pessoas, com idade entre 37 a 73 anos com média de 56 anos, entre 2009 e 2018 por especialistas do departamento de Epidemiologia da Southern Medical University na China.
          Para efeitos de análise, foi levando em conta a dieta alimentar, estilo de vida, etnia, gênero e outras questões demográficas das pessoas que fizeram parte da pesquisa. No início dos estudos, os participantes apresentaram problemas de saúde como câncer ou cardíacos.
          Os participantes foram divididos entre o grupo que bebia café sem açúcar, outro grupo com adoçante e outro com açúcar, variando a quantidade diária. O estudo foi analisado no final de 2018. Foram 9 anos de estudos de observação.
          Dos 171.616 participantes do estudo, ao final do estudo, constatou-se o óbito de 3.177 dos participantes. Nesse número, o índice de óbitos de quem tomava café, puro, com açúcar ou adoçante, foi muito menor que os que não faziam uso diário de café, com conclusão de que quem faz uso moderado e regular de café, tem menor chance de morte de quem não faz uso da bebia.
          Além disso, o índice de redução de mortes prematuras de quem bebia café sem açúcar, era bem maior que os que bebia café com açúcar.
          Quem bebia até 2,5 xícaras de café por dia tinha uma redução de 16%, na possibilidade de morte prematura e entre 3,5 a 4,5 xícaras de café por dia, o índice subia para 29%.
          O uso de adoçante na bebida não teve uma conclusão definitiva dos pesquisadores devido não apresentar muita influência nesse quesito.
          Além disso, os benefícios do café para a saúde é tema de estudos científicos. Pesquisas não conclusivas demonstram que o uso moderado da bebida ajuda na prevenção do mal de Parkison, do diabetes tipo II, na prevenção do câncer do fígado e outros males.
          Vale ressaltar que esses dados, bem como os estudos sobre os benefícios do café, são estudos de observação, sem conclusão definitiva. Isso porque o estilo de vida das pessoas não são os mesmos e análises concretas devem ter por base possíveis comorbidades e o estilo de vida que a pessoa leva como alimentação, prática de esportes, seus cuidados para com a saúde mental, etc.
          Por isso é bom ter cautela e fazer uso moderado do café como recomenda os próprios cientistas que é entre 3,5 a 4,5 xícaras por dia. Segundo pesquisa do Instituto Axxus, 45% dos brasileiros consomem em média 3 a 5 xícaras de café por dia.
          O estudo completo está disponível no site da revista American College of Physicians (acpjournals.org)
Foto ilustrativa Sitio Pé de Bréu do Ricardo Borges e Wildma Emediato em Alto Caparaó MG

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Pastel de Angu: origem e receita

(Por Arnaldo Silva) Receita simples, bem mineira e bem fácil de fazer. O Pastel de Angu é um um quitute típico de Minas, com origens em meados do século XIX. Surgiu em Itabirito MG, na Região Central Mineira, reconhecido como Patrimônio Imaterial do Município em 2010.
           A iguaria surgiu em 1851 na senzala da Fazenda Portões, em Itabirito. O fubá e o milho eram a base da alimentação dos escravos, além de algumas sobras de carne. 
          Com o fubá e as sobras de carne, as escravas maria Conga e Filó produziram um pastel misturando o fubá com um pouco de polvilho e recheando com os restos de carnes que lhes eram dados.
O pastel agradou os demais escravos, chegou à Casa Grande e a receita se popularizou em Itabirito e região, chegando a outras cidades mineiras, a partir do século XX, com algumas variações regionais.
          Hoje, o Pastel de Angu ou de fubá é um dos principais quitutes da gastronomia mineira.
          É um pastel frito na gordura de porco, sem o uso de farinha de trigo. É o fubá o ingrediente principal e um pouco de polvilho, para dar liga.
          No pastel de angu tradicional usa-se como recheio pedaços de carne com jiló, carne de sol, jiló com carne moída, umbigo de banana refogado, ora-pro-nobis com carne moída, taioba com carne moída, linguiça picadinha com jiló, palmito, queijo e outros recheios. 
INGREDIENTES
. 1 quilo de fubá, de preferência de moinho d´água, por ser de melhor qualidade
. 2 litros de água
. 1/2 xícara de polvilho azedo
. 2 colheres (sopa) de sal
. 1 colher (café) de bicarbonato
. Banha de porco ou óleo para fritar.
MODO DE PREPARO
- Leve a água ao fogo, acrescente o sal e o bicarbonato.
- Antes de começar a ferver, passe para o fogo baixo, acrescente apenas 1 xícara de fubá e mexa até dissolver bem.
- Quando começar a ferver, acrescente todo o restante do fubá e deixe cozinhando em fogo baixo por 30 minutos e mexendo sempre.
- Após esse tempo e quando estiver na consistência de angu, desligue, transfira o angu para uma vasilha e ainda quente, acrescente o polvilho e comece mexer com uma colher de pau e misture até a massa ficar firme e lisa.
- Após mexer bem, cubra a massa e deixe descansando por 30 minutos.
- Após esse tempo, sove bastante a massa com as mãos, cubra e deixe descansando por mais 30 minutos.
- Após esse tempo, espalhe a massa sobre uma bancada polvilhada com fubá e passe um rolo.
- Corte em pedaços, coloque o recheio que desejar, feche os pasteis, aperte com um garfo as extremidades e leve para fritar em banha bem quente ou óleo.
Nas fotos da Mercearia Paraopeba/@merceariaparaopeba de Itabirito MG, o famoso pastel de angu.

terça-feira, 31 de maio de 2022

Conheça Miraí: a cidade onde nasceu Ataulfo Alves

(Por Arnaldo Silva) “Eu daria tudo que pudesse pra voltar aos tempos de criança... ai meu Deus, eu era tão feliz, no meu pequenino Miraí...” versos da música Meus tempos de Criança, composta por Ataulfo Alves (Miraí, 2/05/1909 – Rio de Janeiro, 20/04/1969), relembrando sua infância em sua terra natal, Miraí, cidade mineira da Zona da Mata, distante 300 km da capital.
          A música é uma pura poesia e nostalgia, onde o famoso compositor, música e sambista mineiro relembra sua infância em sua terra natal e afirma em seus versos: “Ai, meu Deus, eu era tão feliz, no meu pequenino Miraí”. (fotografia acima de Brunno Estevão/@brunno_7)
          A pequena Miraí, dos tempos de Ataulfo Alves, continua pequena. São 13.653 habitantes, segundo Censo 2022 do IBGE. E ainda, continua charmosa, tradicional, bem pacata e seu povo, acolhedor e hospitaleiro. É uma típica cidade do interior mineiro.
          O município faz divisa com Cataguases, Guidoval, Guiricema, Muriaé, Santana de Cataguases e São Sebastião da Vargem Alegre com acesso pela rodovia Rio Bahia.
Origem
          Região de terras férteis e água de qualidade propícia para pastagens e cultivo de café, foram os motivos para o grande número de à região, após o fim do Ciclo do Ouro em Minas Gerais, no início do século XIX. Vieram pessoas de Minas e de vários lugares do Brasil, junto com suas famílias, bens e ainda, com seus escravos. Com isso, foram surgindo vários arraiais na Zona da Mata Mineira, que hoje são cidades, como Miraí.
          A cidade de Miraí surgiu a partir de um arraial, formado em 1853, no século XIX, com o nome de Arraial do Brejo, às margens do Rio Muriaé, ocupando uma pequena parte da Fazenda Três Barras. (fotografia acima de Brunno Estevão/@brunno_7)
          Seguindo as tradições da época, o arraial em formação, foi dedicado a Santo Antônio, crescendo em torno da pequena ermida, construída em honra ao santo. Em 1883, seu nome foi mudando para Santo Antônio do Camapuã.
          Com a chegada da ferrovia à região, em 1895, a Freguesia de Santo Antônio do Camapuã, à época subordinada a Cataguases, passou a ser cortada pelo ramal da Estrada de Ferro Cataguazes (com z mesmo, a grafia da época) chamado de Mirahy (a grafia da época), no tupi significa “terra molhada”. Em 1903 Santo Antônio do Camapuã passa a adotar o nome do ramal e estação, Mirahy.
           O trem de ferro transportava passageiros e a produção agropecuária da região, contribuindo em muito para o desenvolvimento econômico e social da região. Vários distritos foram emancipados e elevados à cidade, entre eles, Miraí, emancipada em 7 de setembro de 1923.
Atrativos de Miraí
          A cidade é bem cuidada, seu casario e arquitetura são bastante atraentes, além de oferecer boa qualidade de vida a seus moradores. Possui um comércio variado, hotéis, pousadas e restaurantes com comidas típicas.
          A Igreja de Santo Antônio e a Casa Paroquial, na Praça Dr. Miguel Pereira (na foto acima e abaixo de Bruno Estevão/@brunno_7) e a Praça Santa Rita, são os destaques urbanos de Miraí.
          Além disso, a cidade conta com o Museu Chácara Dona Catarina, o Museu da Eletricidade, o Memorial Nanzita, o Memorial da Fundação Cristiano Varella, a Ponte Metálica, dentre outros, como atrativos urbanos.
          Em Miraí encontra-se diversas cachoeiras e belezas naturais de Mata Atlântica, além de uma efervescente atividade cultural e religiosa durante o ano como eventos religiosos como a Festa de Santo Antônio, a Semana Santa, Corpus Christi, o Natal, etc. e festas tradicionais como o Carnaval.
          Miraí realiza um dos melhores carnavais da Zona da Mata Mineira, além de realizar o Encontro Nacional de Motociclistas e o tradicional Festival de Samba e Petiscos, eventos tradicionais da região.

O biscoito de Minas feito de queijo - Receita tradicional

(Por Arnaldo Silva) Mineiro conserva suas tradições centenárias, por isso é reconhecido como um povo conservador e tradicionalista. Torce o nariz para qualquer tentativa de mudar suas tradições, principalmente gastronômicas.
          Os sabores da cozinha mineira é uma tradição passada por gerações. São saberes e fazeres preservados em sua forma original desde o final do século XVII, quando o que é hoje Minas Gerais começou a surgir. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
          São heranças de nossa cozinha deixadas por nossas decavós, passadas para nossas eneavós, octavós, septavós, hexavós, pentavós, tetravós, trisavós, avós e por fim, deixadas por nossas mães, que transmitem o legado da tradição aos filhos, conservando assim todos os sabores, saberes e fazeres de nossa cozinha, em sua forma original.
          Passa-se anos, décadas e séculos. O tempo muda, as roupas mudam, a arquitetura muda, a vida, as pessoas mudam, a tecnologia dá lugar à rusticidade antiga, mas as receitas tradicionais mineiras continuam intocadas.
          Nada mudou nos sabores, saberes e fazeres da cozinha mineira. Nossos pratos, queijos e quitandas, são preservados em sua originalidade, feito da mesma forma que há 300 anos.
          Uma dessas receitas é o biscoito de queijo, tradicional em Minas Gerais desde o século XVIII. Naquela época as medidas tinham como base as cuias e cuinhas de cuité, hoje, xícaras, copos e colheres. O que facilita a exatidão dos ingredientes.
          Vamos agora à receita original do biscoito de queijo:
Ingredientes
. 750 gramas de queijo Minas meia cura ralado
. 6 copos (americano) de polvilho azedo
. 1 ½ xícara (chá) de leite
. 1 copo (americano) de banha de porco
. 2 a 3 ovos
. ½ xícara (chá) de água fria
. ½ xícara (chá) de água morna que é para dar o ponto da massa
. Sal a gosto
. Banha para untar ou se preferir, manteiga
Modo de preparo
- Coloque todo o queijo ralado numa vasilha, o polvilho e misture.
- Despeje apenas 1 xícara do leite e mexa novamente.
- Aqueça a banha e coloque o restante do leite com a água fria, o sal e deixe no fogo até ferver.
- Despeje sobre o polvilho e mexa com uma colher até a massa esfriar.
- Acrescente aos poucos os ovos e comece a sovar a massa.
- Acrescente a água morna aos poucos até a massa ficar firme e desgrudando das mãos. Se precisar, acrescente mais polvilho.
- Faça os moldes dos biscoitos em forma de palito, anel ou ferradura e coloque-os numa fôrma untada com banha ou manteiga e leve ao forno pré-aquecido a 200°C por 15 minutos.
- Após esse tempo, baixe um pouco a temperatura e deixe assando até que fiquem dourados.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Origem e receitas do angu mineiro

(Por Arnaldo Silva) Nativo da América Latina e largamente consumido no Brasil, o milho é um dos principais ingredientes da culinária mineira. Do milho se faz o fubá e do fubá se faz vários pratos típicos como bolos, broas, ensopados, biscoitos e principalmente, angu, indispensável como acompanhamento de pratos típicos de Minas Gerais.
          Muita gente pensa que o angu é de origem africana, mas não é. É indígena. A planta é nativa da América do Sul e largamente consumida por indígenas há milhares de anos. Comiam o milho assado, cozido ou em forma de mingau ou angu. (fotografia acima de Edson Borges de Felício dos Santos MG de de milho verde)
          O milho é uma das contribuições da culinária indígena aos pratos regionais, principalmente em Minas Gerais onde o milho e seus derivados são consumidos desde o final do século XVII, se popularizando no século XVIII, com a descoberta de ouro em Minas.
          O angu indígena era dado pelos portugueses aos escravos que comiam com angu, com feijão ou mesmo, acrescentavam miúdos de galinha, de boi e principalmente de porco ao angu.
Os colonizadores espanhóis e portugueses levaram o milho para a Europa e rapidamente se disseminou pelo Velho Continente, sendo incorporado a várias receitas europeias.
          Na Itália, o milho se popularizou ao ponto de originar um prato típico da gastronomia italiana. Inspirado no angu brasileiro, os italianos criaram a polenta.
Diferença de polenta e angu
          O angu tradicional é uma massa dura e grossa, feita com o milho verde ou o fubá. A polenta não, é mais cremosa e feita com farinha de milho.
          Entre angu e polenta, em comum está o milho, com apenas uma diferença. O Angu é feito com o milho verde ou o fubá e água. A polenta, com a farinha de milho, acompanhada ainda de molhos típicos italianos e parmesão.
          O angu foi para a Europa como angu e voltou para o Brasil como polenta, por mãos dos imigrantes italianos que para cá vieram a partir de meados do século XIX.
          Os dois são ótimos, mas em Minas Gerais angu é angu e é feito com milho verde fresco ou fubá e água. É assim desde os tempos antigos.
Angu mineiro
          Existem versões regionais de angu, mas o modo de preparo do angu mineiro é a mais tradicional. Usa apenas a água e o milho verde fresco ou o fubá.
          O angu com o milho verde fresco é mais cremoso e tem a cor amarelo brilhante. O feito com fubá, mais consistente e num amarelo mais escuro. (na foto acima do Edson Borges de Felício dos Santos, angu de milho verde fresco)
Receita do angu de fubá
Ingredientes
. 1 litros de água
. 250 gramas de fubá
Modo de preparo
- Dissolva o fubá com a água e leve ao fogo alto, mexendo sem parar.
- Quando começar a engrossar, baixe o fogo e continue mexendo até começar a se soltar do fundo.
Desligue, despeje em uma travessa. Pronto.(foto abaixo de Edson Borges de Felício dos Santos MG)
Receita do angu de milho verde fresco
Ingredientes
. 10 espigas de milho verde
. 700 ml de água
. 1 colher (café) de manteiga
Modo de preparo
- Debulhe e corte os grãos do milho, coloque no liquidificador com a água e bata.
- Coloque uma peneira fina sobre uma panela, despeje tudo e descarte o bagaço.
- Ligue o fogo, coloque a manteiga e mexa sem parar para não grudar na panela.
- Deixe no fogo por uns 20 minutos até ficar bem grosso.
          Por fim, despeje numa travessa e prontinho.
          Diferente, por exemplo, do angu baiano, que vem com miúdos e da polenta gaúcha, com molho, no angu mineiro não se mistura nada. O angu mineiro apenas acompanha pratos como o frango com quiabo, jiló, feijão, linguiça frita, dentre outros. (fotografia acima de Edson Borges de Felício dos Santos MG)
          Existe também o angu na versão doce.
Receita de angu doce
Ingredientes

. ½ litro de leite
. 5 colheres (sopa) de fubá
. 1 vidro de leite de coco
. 1 caixinha de leite condensado
. 3 colheres (sopa) de açúcar
Modo de preparo
- Dissolva o fubá no leite, acrescente a água de coco e leve ao fogo.
- Mexa e coloque o açúcar e leite condensado e deixe no fogo por uns 20 minutos, mexendo sempre até o angu engrossar e desgrudar 
- Pode servir quente ou frio.

A origem e a receita do frango ao molho pardo

(Por Arnaldo Silva) No século XVI, os portugueses que vieram para o Brasil trouxeram receitas de seus pratos preferidos. Entre esses pratos, está o frango à cabidela, prato típico do Norte de Portugal, na região do Minho.
          Tem esse nome por utilizar os miúdos retirados das extremidades do frango, cozido no sangue da própria ave, misturado com vinagre. O vinagre é para não coagular.
          Em Minas Gerais chegou no século XVIII, no início do Ciclo do Ouro, mas não da mesma forma do tradicional frango à Cabidela português, mas com versão própria.
          Do sangue do frango era feito um molho, misturado com o vinagre e acrescido de especiarias vindas da África e tempero mineiro, além de não usar os cabos dos miúdos e sim, todos os pedaços do frango.
          Com o cozimento, o molho e o frango adquirem uma com cor parda. Por isso o nome, frango ao molho pardo, desde o século XVIII um dos mais tradicionais pratos da culinária mineira.
          Agora a receita tradicional
Ingredientes:
. 1 frango inteiro cortado em pedaços, além do sangue colhido do animal
. ½ xícara (chá) de farinha de trigo
. 1 colher (sopa) de vinagre
. 2 dentes de alho
. 1 cebola média cortada em pedaços
. 1 copo (americano) de caldo de frango natural
. Orégano, louro e pimenta-do-reino a gosto
. Cheiro verde a gosto
. 1 xícara (chá) de banha de porco
. Sal a gosto
Modo de preparo:
- Coloque no liquidificador o caldo do frango, o louro, o sal, a pimenta-do-reino, o alho e a cebola e bata bem. Reserve.
- Numa panela grande, aqueça a banha do porco, coloque o frango e frite, mas sem deixar corar demais. Escorra e reserve.
- Coloque no liquidificador o sangue do animal, o vinagre, a farinha de trigo e bata.
- Despeje o frango que reservou em uma panela e todo o sangue batido.
- Deixe cozinhado por 15 minutos.
- Acrescente o caldo do frango batido com as especiarias, misture bastante e acerte o sal.
- Deixe no fogo até cozinhar bem.
Por fim, espalhe cheiro verde por cima e sirva acompanhado de angu.
Fotografias de autoria de Edson Borges em Felício dos Santos MG

domingo, 29 de maio de 2022

A origem e receita tradicional do arroz doce

(Por Arnaldo Silva) O arroz doce é um dos mais apreciados pratos em Minas Gerais. É tão tradicional que faz parte da gastronomia mineira, embora não seja um prato típico de Minas e nem do Brasil.
          O arroz é de origem asiática e o seu modo de preparo doce é tradição nos países asiáticos, principalmente na Índia e Tailândia. O arroz e suas variações no preparo, chegou ao Brasil com os portugueses no início da colonização e à Minas Gerais, no século XVIII. (fotografia acima de Sueli Santos de Dores do Indaiá MG)
          Em sua origem, o arroz doce é consumido de forma natural, arroz, leite e açúcar, ou acompanhado de fatias de frutas, como a manga. No Brasil, recebeu o acrescimento do leite condensado, no século XX.
          Em Minas Gerais o tradicional arroz doce branco não é muito popular e sim o moreno, uma tradição mineira. Isso porque o açúcar cristal, como conhecemos, não existia no século XVIII, devido a rusticidade do preparo do açúcar nos engenhos de cana. Era um açúcar escuro, conhecido por açúcar mascavo. O arroz ficava moreno escuro e também muito saboroso.
          Mesmo com o melhoramento da produção do açúcar nos engenhos na época e industrialização dos engenhos, com o açúcar ficando mais refinado e claro, os mineiros continuaram a preparar o arroz doce moreno. Virou tradição. Embora tem quem goste do arroz doce branco, o arroz doce moreno é o preferido dos mineiros. (foto abaixo de Sueli Santos em Dores do Indaiá MG)
          A receita tradicional do Arroz Doce é essa:
INGREDIENTES
. 2 xícaras (chá) de arroz branco
. 1 litro de leite integral
. 2 xícaras (chá) de água
. 2 xícaras (chá) de açúcar
. 1 pitada de sal
. Canela em pau a gosto
. Canela em pó para polvilhar
MODO DE PREPARO
- Coloque o leite numa panela grande e deixe no fogo até começar a ferver
- Nesse ponto, despeje toda a água e em seguida, as duas xícaras de arroz e pitada de sal, mexa e deixe cozinhando em fogo baixo.
- Acrescente todo o açúcar e mexa mais. (Se preferir o arroz doce moreno, dissolva o açúcar numa panela, coloque um pouco de água e despeje sobre o arroz e mexa).
- Deixe o arroz cozinhando em fogo baixo até começar a secar.
- Quando o arroz estiver cozido, desligue, espalhe sobre uma travessa e espalhe canela em pó. 
- Pode servir acompanhado de fatias de manga ou pêssego em calda. Como desejar.

A receita e a origem do frango com quiabo

(Por Arnaldo Silva) Acompanhado do angu, o frango com quiabo é uma das identidades gastronômicas de Minas Gerais. A origem desse prato remonta o século XIX. É a união 3 pratos em um só: o frango ensopado, introduzido na Colônia pelos portugueses, o fubá, de origem indígena e o quiabo, hortaliça nativa da África.
          Nessa época, esses três ingredientes já faziam parte da alimentação do povo mineiro e eram bem fáceis de serem encontrados. (fotografia acima de Edson Borges de Felício dos Santos)
          Quando o quiabo africano, começou a ser preparado junto com o frango ensopado português, acompanhado do angu grosso, apreciado pelos indígenas e posteriormente, também pelos africanos, passou a se tornar popular, a partir do século XIX, agradando a todos os tipos de paladares.
          Assim surgiu, no século XIX, um dos mais saborosos e tradicionais pratos típicos da cozinha mineira, o frango com quiabo e angu. (na foto acima de Edson Borges, angu de milho verde)
          Seu preparo é bem simples. O frango é dourado na gordura, acompanhado de tempero mineiro, cozido com ervas e especiarias facilmente encontradas nos quintais das fazendas e casas mineiras.
          O quiabo é preparado inicialmente separado. Somente após ser refogado e estiver sequinho, que é incorporado ao frango ensopado. Bem como o angu, que também é feito em separado. Usa-se apenas água e fubá e tem que ser grosso. (fotografia acima de Edson Borges de Felício dos Santos MG)
          Agora vamos aprender a preparar o frango com quiabo tradicional mineiro:
Ingredientes:
. 1 frango inteiro
. 1 litro de água fervendo
. 500 gramas de quiabo
. 3 dentes de alho amassados
. 3 colheres (sopa) de banha
. 1 cebola grande, cortada em rodelas
. 1 pimentão verde cortado em pedacinhos
. Sal a gosto
. Suco de 1 limão
. Cheiro verde a gosto
Modo de preparo
- Corte o frango em pedaço, retire a pele e a cabeça, lave e tempere com o alho, limão e sal
- Lave os quiabos, escorra-os até secarem e corte-os em pedaços grandes.
- Refogue na banha e sal, até começar a dourar. Desligue e reserve.
- Coloque a banha na panela, em seguida, doure a cebola e coloque todo o frango e mexa por uns 5 minutos.
- Após esse tempo, acrescente o quiabo que reservou e mexa, deixando mais 5 minutos no fogo.
- Acrescente a água fervida, mexa, acerte o sal e deixe no fogo cozinhado, até o frango ficar bem cozido.
- Por fim, coloque por cima o cheiro verde e sirva acompanhado de angu de fubá mimoso ou de milho verde fresco.

O tradicional doce de casca de laranja-da-terra

(Por Arnaldo Silva) O doce de casca de laranja-da-terra é um dos mais tradicionais da culinária mineira. Está presente nas cozinhas de Minas Gerais desde o início do século XVIII, quando da descoberta de ouro em Minas.
          O que poucos sabem que essa variedade de laranja não é nativa do Brasil, é asiática. Aliás, toda fruta cítrica tem origem no sudoeste do Himalaia, leste da Índia, norte de Myanmar e oeste de China, países asiáticos. Foram os portugueses que introduziram as frutas cítricas no Brasil. Na colônia, as variedades de cítricos se adaptaram muito bem, se disseminando por todo o Brasil. (fotografia acima de Arnaldo Silva/@arnaldosilva_oficial)
          A laranja da terra, uma as variedades da laranja, chegou à Minas Gerais bem no início do século XVIII. As sementes da variedade foram plantadas ao longo do trecho da estrada real, nos povoados e arraiais que foram se formando ao longo da estrada.
          Em sua origem, era chamada apenas de laranja. Como outras espécies de laranjas começaram a ser introduzidas na colônia, foram recebendo nomes para se diferenciarem uma das outras como laranja-baía, laranja-lima, laranja-pera, laranja natal, etc.
          A laranja-da-terra recebeu esse nome no século XIX por sua casca ser bastante rústica, grossa e com coloração mais escura quando bem maduras, semelhante a cor da terra, daí o nome. (fotografia acima da Nilza Leonel de Vargem Bonita MG da laranja-da-terra, ainda verde, no pé)
          A fruta é bastante ácida e não produz muito suco, como as outras espécies, mas de sua casca, originou-se um dos mais saborosos doces da culinária mineira, o doce de casca de laranja-da-terra.
          Preparar o doce requer muito tempo e paciência, mas o resultado final compensa (foto abaixo da Nilza Leonel em Vargem Bonita MG). Veja a receita:
INGREDIENTES
. 20 laranjas-da-terra
. 2 quilos de açúcar
. 1 pau de canela-em-pau
. Cravos-da-índia a gosto
MODO DE PREPARO
- Lave bem as laranjas e passe um ralinho fino na casa. A casca possui muitas cavidades e podem acumular poeira. (fotos acima da Lúcia Barcelos de Morrinhos GO)
- Corte as laranjas em forma de cruz, dividindo cada uma em quatros partes ou em duas partes, cortando-as ao meio, se preferir.
- Retire todo o miolo da laranjas e coloque as cascas em uma vasilha, deixando de molho por 3 dias, trocando a água a cada dia. Isso é para tirar o amargo da casca.
- Após esse tempo, coloque um pouco de água numa panela, todo o açúcar, o cravo e a canela e faça uma calda.
- Escorra bem as cascas da laranja e despeje todas as cascas na panela com a calda.
- Cozinhe em fogo alta, mexa e quando começar a ferver, baixe o fogo e deixe cozinhando lentamente, até que as cascas estejam macias e firmes.
          Por fim, espere esfriar e sirva acompanhada de um autêntico queijo mineiro.

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