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sexta-feira, 22 de abril de 2022

A região queijeira de Araxá

(Por Arnaldo Silva) Uma das mais tradicionais e expressivas regiões queijeiras mineiras, a região queijeira Araxá é formada por 11 municípios: Campos Altos, Conquista, Ibiá, Pedrinópolis, Perdizes, Pratinha, Sacramento, Santa Juliana, Tapira, Uberaba e pela cidade que deu origem ao tipo de queijo e nome à região queijeira, Araxá.
          A cidade de Araxá, distante 370 km de Belo Horizonte. Cidade turística, com excelente estrutura urbana, é ainda uma das mais charmosas estâncias hidrominerais de Minas Gerais, com destaque para o Grande Hotel do Barreiro. (na foto acima do Luís Leite, a Fazenda Caxambu em Sacramento, produtora de queijos Araxá)
          É ainda sede de um dos mais importantes eventos internacionais de queijos, o Mundial do Queijo do Brasil, realizado anualmente. (na foto acima do Arnaldo Silva, vista parcial de Araxá)
Região queijeira
          Uma região queijeira é caracterizada por suas características únicas, levando-se em conta o solo, o clima, a incidência de sol, o relevo, a altitude e a tradição secular e preservada da forma de fazer queijo. (na foto acima de Arnaldo Silva, a cidade de Conquista)
          As 11 cidades que formam a região queijeira Araxá, produz um queijo com características, identidades próprias e tradição que vem de gerações. Por isso é uma região queijeira reconhecida pelo Governo de Minas Gerais e órgãos sanitários.
Características do Queijo Araxá
          O queijo da região queijeira Araxá tem a casca fina, sem trincas, semidura, na coloração amarelo claro. Sua massa é branca-creme, macia, densa e com pouca ou nenhuma olhadura. (na foto acima de Luís Leite, queijaria da Fazenda Caxambu em Sacramento MG)
          Queijo de sabor forte, amanteigado e ácido, mas não picante, além de ser mais salgado que os queijos de outras regiões.
          Quanto mais tempo de cura, mais acentuadas e intensas são suas características, ou seja, quanto mais maduro, mais firme é o queijo e seu sabor mais forte.
Herança portuguesa
          Foram os portugueses os responsáveis por introduzir as técnicas de manejo do gado e produção de queijos, ainda nos tempos do Brasil Colônia. Aprenderam este ofício com produtores de queijos do Norte da Bélgica e Holanda, países tradicionais na produção queijeira, ao contrário de Portugal, que sempre se destacou na Europa pelos seus bons vinhos.
          Em Minas Gerais, os portugueses deixaram como herança a arte de fazer queijos, não só em Araxá, mas na Canastra, Campo das Vertentes, Serro, Entre Serras da Piedade e do Caraça, enfim, em todas as cidades mineiras. Na região de Araxá, a produção queijeira tem origem no início no final do século XVIII e início do século XIX, há mais de 200 anos.
A receita tradicional e o terroir mineiro
          Receita preservada há séculos e feito do mesmo modo que há mais de 200 anos, consiste somente em leite de vaca cru, coalho, sal, pingo ou fermento natural e tradicionalmente curado na madeira, como há 200 anos atrás. (foto acima e abaixo de Luís Leite na Fazenda Caxambu em Sacramento MG)
          Queijo Minas Artesanal se faz assim, nada mais que isso. O que muda e dá forma, cor e característica aos queijos é a flora bactéria da região, o clima, umidade, altitude, pastagens e manejo do gado, condições específicas de cada região.
          Em Minas Gerais a arte de fazer queijos ganhou forma, características e identidades únicas, graças à diversos fatores regionais de relevo, surgindo assim queijos diferenciados, únicos e inigualáveis, presentes em regiões devidamente demarcadas, de acordo com as características regionais de cada queijo.
11 regiões queijeiras mineiras
          Minas Gerais tem atualmente 11 regiões queijeiras caracterizadas, que produz diferentes tipos de queijos, de acordo com a tradição, gado, altitude, cultura, flora bacteriana e condições climáticas.
          As regiões mineiras reconhecidas pelos órgãos do Governo e sanitários são: Araxá, Mantiqueira de Minas, Entre Serras da Piedade e do Caraça, Cerrado, Triângulo Mineiro, Campo das Vertentes, Serra do Salitre, Diamantina, Serras da Ibitipoca, Serro e Serra da Canastra. (na foto acima de Luís Leite, a cidade de Sacramento, da região queijeira Araxá)
Fazer queijo é o DNA do mineiro
          Queijo faz parte do DNA do mineiro. Fazer queijos é uma arte tão forte em Minas Gerais que até parece que o mineiro já nasceu sabendo fazer queijo. A receita pode ser a mesma em qualquer, mas a flora bacteriana não. São bactérias, fungos e ácaros que dão cor, sabor, textura e características de um queijo e não receita. E cada região tem suas diferentes floras bacterianas, por isso a diferença nos queijos, embora o modo de fazer seja o mesmo.
          O sabor de Minas presente nos queijos vem do manejo do gado, da qualidade do leite, água, solo, tradição no modo artesanal do preparo, da flora bacteriana diferenciada e o mais importante, o amor, a vocação e a herança familiar. (na foto acima de Emílio Mendes/@pe.emiliomendes, a cidade de Ibiá, que faz parte da região queijeira Araxá)
          Aí está o segredo dos queijos mineiros, o melhor queijo do Brasil e um dos melhores do mundo.
          Os queijos produzidos em Araxá (na foto acima de Emílio Mendes/@pe.emiliomendes) e região estão entre os melhores do mundo. São várias premiações regionais, nacionais e internacionais como no Mondial Du Fromage e no Mundial de Queijos do Brasil. Aliás, os queijos produzidos em todas as regiões queijeiras mineiras, estão entre os melhores do mundo atualmente.

A região queijeira Campo das Vertentes

(Por Arnaldo Silva) Reconhecida oficialmente como região tradicional na produção de Queijo Minas Artesanal (QMA), em 3 de novembro de 2009, a região queijeira Campo das Vertentes é formada por 36 municípios como Antônio Carlos, Barroso, Conceição da Barra de Minas, Coronel Xavier Chaves, Carrancas, Lagoa Dourada, Madre de Deus de Minas, Nazareno, Prados, Piedade do Rio Grande, Resende Costa, Ritápolis, Santa Cruz de Minas, São João Del Rei, São Tiago, São Vicente de Minas e Tiradentes, dentre outros.
          A região é um dos berços históricos da produção de leite cru, herança trazida pelos portugueses durante as primeiras décadas da mineração, no século XVIII. (na foto acima de Uai Trip Turismo, queijo da Queijaria da Conquista em Tiradentes MG)
Tipos de queijos e características
          Os queijos produzidos nas cidades da região queijeira Campo das Vertentes tem características bem definidas. Textura de massa densa e firme, com pouquíssimas olhaduras com sabor levemente ácido, coloração amarelo palha e sua casca semidura. (na foto acima e abaixo, queijos feitos pelo Mestre Queijeiro Roberto Soares na Fazenda Fortaleza em Prados MG)
          As condições climáticas bastantes favoráveis à produção de queijos finos. São queijos especiais, feitos para harmonizar com cervejas, chopes e vinhos finos. Sem contar os queijos tradicionais frescos e maturados, usados no preparo de quitandas e no consumo normal do dia-a-dia, principalmente acompanhado de um bom café.
          Além disso, tem o famoso Queijo do Reino, produzido em algumas cidades da região.
          O queijo do Reino tem origem no Edam holandês, chegou a Minas em meados do século XIX, por holandeses, na cidade de Santos Dumont, na Zona da Mata. Passou a ter esse nome por ser o tipo de queijo preferido do reino de Portugal. De Santos Dumont, o queijo do Reino se expandiu para outras cidades, sendo um dos destaques da produção queijeira mineira.
          Na região queijeira Campo das Vertentes, a referência na produção desse tipo de queijo é o município de Antônio Carlos (na foto acima do Melo, vista parcial da cidade de Antônio Carlos e abaixo do Fabrício Cândido, o Queijo do Reino)
          O Queijo do Reino tem o formato esférico, casca vermelha, massa firme com pequenas olhaduras e sabor intenso.
Rota do Queijo Terroir Vertentes
          A região é formada por um número grande de cidades e uma expressiva produção de queijos. É tão expressiva que essa queijeira mineira forma a Rota do Queijo Terroir Vertentes, onde os visitantes tem a oportunidade de visitar as queijarias e conhecer todo o processo da produção artesanal do queijo.
          A rota criada em 2018, une alguns municípios da região queijeira Campo das Vertentes e municípios da Instância de Governança Regional Trilha dos Inconfidentes. (na foto acima de Vinícius Barnabé/@viniciusbarnabe, a cidade de Tiradentes)
          É uma rota que leva o visitante a uma viagem incrível pelos saberes e sabores da gastronomia mineira por cidades tradicionais, históricas, ricas em artesanato, cultura, belezas naturais e minerais, impressionantes.
          Em ordem alfabética, as cidades da Rota do Queijo Terroir das Vertentes são: Alfredo Vasconcelos, Antônio Carlos, Barroso, Barbacena, Conceição da Barra de Minas, Coronel Xavier Chaves, Carandaí, Carrancas, Desterro do Melo, Dores de Campos, Entre Rios de Minas, Itutinga, Ibituruna, Lagoa Dourada, Madre de Deus de Minas, Nazareno, Piedade do Rio Grande, Prados, Resende Costa, Ritápolis, São João Del Rei, Santa Bárbara do Tugúrio, Santa Cruz de Minas, São Vicente de Minas, Tiradentes e São Tiago, a Capital Nacional do Café com Biscoito (na foto acima do Deividson Costa)
          Uma rota gastronômica e ao mesmo tempo turística, pelo fato da maioria das cidades dessa região terem origens no século XVIII, durante o Ciclo do Ouro como Tiradentes, Prados, São João Del Rei, a terra dos sinos (na foto acima de César Reis), Carrancas, São Tiago, Lagoa Dourada, Ritápolis, etc., além de paisagens naturais como serras, grutas, matas nativas, rios e cachoeiras.
Visitas às queijarias
          A maioria das queijarias da região queijeira Campo das Vertentes recebe visitantes. Uma dessas queijarias é a Fazenda Fortaleza, em Prados e a poucos quilômetros das cidades de São João Del Rei e Tiradentes. Queijaria tradicional, produz queijos desde 1977. (na foto acima e abaixo do Roberto Soares, Prados vista da Fazenda Fortaleza e abaixo, a queijaria)
          Além da queijaria, na Fazenda Fortaleza tem loja para os visitantes adquirirem queijos e outros produtos.

A região queijeira Entre Serras da Piedade e do Caraça

(Por Arnaldo Silva) A região queijeira Entre Serras da Piedade e do Caraça, foi reconhecida oficialmente pelo Governo de Minas Gerais e órgãos sanitários, como região produtora de Queijo Minas Artesanal (QMA) no dia 19 de abril de 2022.
          Minas Gerais tem agora 11 regiões queijeiras reconhecidas oficialmente: Araxá, Campos das Vertentes, Canastra, Cerrado, Diamantina, Mantiqueira de Minas, Serra do Salitre, Serro, Triângulo Mineiro, Serras da Ibitipoca e Entre Serras da Piedade e do Caraça, a 11ª região de Minas a ser reconhecida oficialmente como produtora de queijo artesanal. (na foto acima de Peterson Bruschi, o Santuário do Caraça em Catas Altas, uma das cidades produtoras do queijo Entre Serras)
          A Região Queijeira, denominada Entre Serras da Piedade e Caraça é formada pelas cidades de Barão de Cocais, Bom Jesus do Amparo, Caeté, Catas Altas, Rio Piracicaba e Santa Bárbara. (na foto acima de John Brandão/In Memorian, a Serra da Piedade) 
          Essas 6 cidades estão localizadas entre as serras da Piedade e do Caraça, na Região Central de Minas, por isso o nome dado à região queijeira. (na foto acima de Nacip Gômez, Catas Altas)
O Queijo Minas Artesanal
          O Queijo Minas Artesanal é Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, reconhecido pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Patrimônio Imaterial de Minas Gerais, reconhecido pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG). (fotografia acima do Queijo Imperial da Josiane do Sítio das Palmeiras em Catas Altas MG)
          Para ser Queijo Minas Artesanal, tem que ser produzido com leite de vaca cru, sal, coalho, pingo, prensado e curado no local de origem. Tem ainda que ter massa firme, cor e sabor próprio, de cada região e não pode conter nenhum tipo de aditivos químicos.
          Cada região tem suas características queijeiras únicas, definidas pela flora bacteriana local. São as bactérias lácteas, juntamente com a altitude, umidade, temperatura ambiente, manejo do gado, pastagens, água e clima que definem as características e identidades de cada queijo. Os queijos são diferentes em textura, sabor e cor, de acordo com as bactérias lácteas de cada região específica. São centenas de milhares de microrganismos diferentes presentes em cada região, por isso as diferenças nos queijos.
Características do queijo
          Os queijos produzidos na região Entre Serras da Piedade e do Caraça, caracterizam-se pela casca amarela, lisa e podendo apresentar mofos brancos na crosta em longa maturação, massa gordurosa, macia e com leve picância. (na foto acima, queijos feitos pela Josiane no Sítio das Palmeira sem Catas Altas MG)
          A exceção é para o queijo maturado na Serra da Piedade, a 1746 metros de altitude. É o queijo Frei Rosário (na foto acima de Clésio Moreira), tradicionalmente maturado em uma caverna, no alto da serra. Pela altitude e umidade da caverna e flora bacteriana única, o queijo Frei Rosário apresenta casca mofada, massa macia e sabor bastante intenso, leve picância e mais salgado em relação aos queijos produzidos nas cidades da região de Entre Serras da Piedade e do Caraça.
Estudo da Emater/MG
          O reconhecimento de Entre Serras da Piedade e do Caraça se deve ao empenho da Empresa Mineira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/MG) na formulação de um estudo, feito durante um ano, visando a caracterização da região como queijeira.
          Segundo o estudo feito pela Emater/MG, a produção queijeira na região Entre Serras da Piedade e do Caraça tem origens no século XVIII, na época do Ciclo do Ouro quando a região começou a ser povoada. 
          Os bandeirantes e viajantes que se instalaram no território mineiro, trouxeram sementes, galinhas, porcos, gado, ferramentas e técnicas de produção de alimentos. Do leite do gado que trouxeram, começaram a produzir doces e queijos, dando origem assim à tradição queijeira mineira.
          As cidades da região Entre as Serras da Piedade e do Caraça, desde a origem na mineração e a presença de gado começou no final do século XVIII e a produção de derivados do leite, como manteiga e queijos, tem origens nas primeiras décadas do século XIX. A produção de queijos nesta região tem cerca de 200 anos. (na foto acima de Judson Nani a cidade de Santa Bárbara e abaixo de Leandro Leal, a cidade de Catas Altas)
          O estudo de caracterização feito pela Emater/MG foi encaminhado para a Secretaria de Agricultura e Pecuária (SEAPA/MG) e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), para análise e aprovação. O que ocorreu e foi oficializado em cerimônia, realizada em Caeté MG no dia 19/04/2022, com a região sendo reconhecida oficialmente como região produtora de Queijo Minas Artesanal (QMA)

Benefícios do reconhecimento
          Uma região queijeira reconhecida facilita a vida do produtor de queijos, que sai da informalidade, podendo com isso aumentar sua produção, conquistar novos mercados, além de receber o Selo Arte e o Identificação de Origem (IG), através da legalização das queijarias, de acordo com as normas sanitária dos órgãos estaduais e federais.
          É esse o principal objetivo da caracterização de uma região como queijeira, de proporcionar ao produtor condições de produzir queijos de maior qualidade, com segurança alimentar, oferecendo ao consumidor um produto diferenciado, único, de origem histórica e tradicional. (na fotografia acima de Thelmo Lins, a cidade de Bom Jesus do Amparo)
          Com estes selos, os queijeiros podem comercializar os queijos em todo o território nacional, melhorando a renda e gerando empregos. Isso porque estes selos são certificados que garantem a origem do produto artesanal, com modo de preparo tradicional, possuem características específicas regionais e únicas, além da garantia do manejo adequado do gado e da qualidade do produto, já que as queijarias passam por rigorosas adaptações às normais sanitárias e fiscalizações constantes.
          Além disso, o queijo passa a ter nome regional, inserido nos rótulos dos queijos feitos nas queijarias das seis cidades que formam a região Entre Serras da Piedade e do Caraça. (na foto acima de Judson Nani a cidade de Barão de Cocais)
          O nome é a caracterização da origem histórica do queijo, é a identidade geográfica que define uma região.
Queijo e incremento do turismo
          O fato dos seis municípios que formam a região Entre Serras da Piedade e do Caraça terem origens no século XVIII, incrementará ainda mais o turismo nesta região histórica de Minas Gerais.
          Além da história e beleza arquitetônica dessas cidades, a região conta com fauna e flora riquíssimas, além da religiosidade presente nessas cidades, simbolizada pelo Santuário do Caraça em Catas Altas e pelo Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté. (na foto acima de Emílio Mendes/@pe.emiliomendes, Caeté)
          Os queijos e visitas às queijarias, passam agora a serem novos atrativos turísticos das cidades que formam a região queijeira Entre Serras da Piedade e do Caraça.

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Como identificar as características de um queijo?

(Por Arnaldo Silva) Queijo é um dos alimentos mais antigos da humanidade. Hoje, mesmo com uma diversidade de queijarias, com vários tipos de queijos pelo mundo, a ciência ainda busca entender o mundo vivo presente nos queijos: bactérias, ácaros, mofos e fungos. É um campo amplo de pesquisas e estudos.
          Nos queijos, esses organismos vivos são responsáveis por dar a cor, textura, sabor, qualidade, além da definição de identidades e características regionais. É um mundo fascinante e difícil de conhecer por inteiro, já que são centenas de milhares de bactérias e fungos, diferentes, espalhadas por todas as regiões do mundo. (fotografia acima Uai Trip Roteiros em Tiradentes MG)
          Tudo isso torna a missão de conhecer um a um desse pequeno mundo vivo, quase que impossível. Até porque, as bactérias e fungos presentes no queijo, não são constantes, nem mesmo em suas regiões de origem, podendo haver alterações e modificações nesses microrganismos de acordo com o clima, altitude, umidade, mudanças climáticas e nas mudanças de estações.
        Queijo é um alimento vivo. São os ácaros e os fungos, que vivem na casca dos queijos, que garantem a proteção do universo vivo em seu interior, na massa, que conta com centenas ou milhares de bactérias benéficas à nossa saúde. A ação desses microrganismos, se dá durante o processo de maturação dos queijos, acentuando a identidade, personalidade e característica de cada queijo, ao longo dos dias e meses de maturação.
As características dos queijos
          Dependendo de suas características o queijo pode ser fresco, meia cura ou curado, com estilo, característica, cor e sabor, variando de região para região, de país para país. (queijos feitos pelo Mestre Queijeiro Roberto Soares em São Roque de Minas)
          O queijo fresco são os queijos brancos, feitos de forma artesanal ou industrial. São os queijos que logo após a coagulação e retirada do soro, já estão prontos para o consumo. Tem massa mole e corpo bem branco. 
          São queijos de alto valor nutritivo, ricos em cálcio, vitamina, proteínas e outros nutrientes, trazendo vários benefícios para a saúde. 
          Além disso, é um queijo leve, muito saboroso e níveis de gordura baixo, em média 16%.
          Já os queijos duros, conhecidos por meia cura e curado, são submetidos a longo tempo de maturação, por isso desenvolvem uma casca dura e uma massa bem firme. 
          É um alimento rico em vitaminas, cálcio, proteínas e outros nutrientes, mas também, são ricos em gordura. Mas não é uma gordura ruim, como se pensa. Sendo consumido moderadamente, a gordura presente nos queijos duros, não elevam os níveis de colesterol, ao contrário, ajudam no combate ao colesterol ruim.
          Ao menos é o que diz, pesquisa feita por cientistas da Food for Health Ireland (FHI) da University College Dublin (Irlanda), divulgada em 2018, pelo American Journal of Clinical Nutrition. A pesquisa teve como base o queijo Cheddar Irlandês, rico em gordura. Durante seis semanas, voluntários consumiram esse queijo, sendo observado que não houve elevação dos níveis de colesterol no sangue desses voluntários.
          Queijo é um dos melhores alimentos do mundo, enriquece pratos diversos, além de dar sabor inigualável às nossas quitandas. (foto acima de Evaldo Itor Fernandes)
          Queijo harmoniza perfeitamente com café, doces e com vinhos tintos. Uma deliciosa combinação.

Turismo de aventura na Serra da Canastra

(Por Arnaldo Silva) A Serra da Canastra está localizada entre as regiões oeste e sudoeste de Minas Gerais. O nome passou a ser usado com a chegada de bandeirantes à região, no final do século XVII.
 
          A inspiração para o nome vem do enorme maciço rochoso na serra que lembrava uma canastra. Canastra entre os portugueses era uma espécie de mala de viagem, um baú. Era hábito dos bandeirantes demarcarem pontos de referências para facilitar a localização dos lugares passavam, por isso, davam nomes a serras, picos, rios e montes. (fotografia acima de Rômulo Nery)  
          A serra que forma o maciço rochoso, chamada de Canastra deu nome a uma região geográfica, uma região queijeira e ao Parque Nacional, todos com o nome de Serra da Canastra.
          O Parque Nacional da Serra da Canastra foi criado em 3 de abril de 1972, através do decreto 70.355. O objetivo da criação do parque foi o de proteger as nascentes do Rio São Francisco, uma das mais importantes reservas ambientais do Brasil. (na foto acima de Conceição Luz, o marco da nascente principal do Rio São Francisco)

A área do parque
          Possui uma área de 200 mil km², com altitudes em seus pontos mais altos chegando a 1500 metros, acima do nível do mar. A área do parque está entre os municípios de São Roque de Minas, Vargem Bonita, Piumhi, Delfinópolis, São João Batista do Glória, Capitólio e Sacramento. Essas sete cidades que formam a região geográfica Serra da Canastra, tendo o Cerrado como bioma principal e ainda, áreas de transição da Mata Atlântica. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
Vegetação, fauna e flora
          Na Serra da Canastra predomina uma densa vegetação rasteira, com campos rupestres nativos de lírios, margaridas silvestres (na foto acima de Arnaldo Silva), sempre-vivas, dentre outras espécies e uma rica fauna com destaque para onças, jaguatiricas, lobo-guará, tamanduá-bandeira, veado-campeiro e várias espécies de aves silvestres  como o Urubu-rei, na foto abaixo fotografado pelo Rogério Salgdo.


          Além das matas e campos floridos, encontra-se na área do parque, sítios arqueológicos, pinturas rupestres e construções do tempo da escravidão, como o curral de pedras.
Turismo ecológico
          Lugar de impressionante beleza e impactantes cachoeiras, que formam paradisíacos poços de águas cristalinas.
          São cerca de 30 cachoeiras catalogadas, sendo que algumas, como a Cachoeira da Cascadanta, com seus 186 metros de queda livre, e até seu moço, todo rodeado por enormes e escorregadias pedras (na foto acima de Nacip Gômez). Cachoeiras assim na Serra da Canastra são apenas para contemplação, por questão de segurança.
          Em outras cachoeiras, o acesso é liberado, inclusive para banhos como a Cachoeira da Chinela, com 30 metros de queda (na foto acima de Luís Leite), a Cachoeira da Parida, Nascentes das Gerais, do Jota, a Cachoeira do Cerradão, com 200 metros de altura e três quedas. Tem ainda as cachoeiras Rolinhos, do Zé Carlinhos, do Capão Forro, do Fundão, o Poço das Orquídeas, dentre outras.
          Algumas cachoeiras da Serra da Canastra estão em área particulares e o acesso é pago.
Estrutura e aventuras
          Pela dimensão do Parque Nacional da Serra da Canastra, o mais adequado é o uso bicicletas, veículos de 4x4 e motos devidamente emplacados, de preferência, acompanhado por guias, que são encontrados com facilidade nas cidades da região da Canastra. (fotografia acima de Nacip Gômez)
          Para conhecer melhor a área da Canastra, o ideal é no mínimo 3 dias. As cidades da região são bem estruturadas, oferecendo bons serviços aos turistas, principalmente em termos de hotéis, pousadas e restaurantes de comidas típicas.
          Além disso, o turista encontra artesanato nas cidades e seus distritos e claro, o legítimo queijo Canastra com a oportunidade de conhecer algumas queijarias, abertas para visitação. Uma dessas queijarias é a Queijaria da Cristina (na foto acima do Nacip Gômez), em Vargem Bonita, na estrada para a Cachoeira da Cascadanta.
Acesso ao parque
          Respeitar as regras do parque e o respeito à fauna e flora é mais que obrigação, é dever de gente civilizada. Não se deve tirar nada, além de fotos e preservar os campos e matas, evitando o uso de isqueiros e jogar bitucas de cigarros, para não causar incêndios.
          O acesso à parte alta do Parque Nacional da Serra da Canastra se dá pela portaria de São Roque de Minas. Para a Cachoeira da Cascadanta a portaria de acesso é pela parte baixa, em Vargem Bonita. Por Sacramento, no Triângulo Mineiro, tem outra portaria de acesso ao parque. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
Turismo de aventura
          Canastra é um dos principais destinos para o turismo de aventuras e amantes da natureza, já que em algumas cidades da região da Canastra, o visitante pode praticar várias atividades como o rapel, boiacross, paraglider, canionismo, motocross, além de fazer passeios de bikes, quadriciclos, 4x4 e até de balão. (foto acima de Wallace Melo em Delfinópolis e abaixo de Nacip Gômez em São José do Barreiro)
           Um passeio de pelo menos 3 dias na Serra da Canastra é revigorante para o corpo e espírito. Vale a pena.

terça-feira, 19 de abril de 2022

Boulieu: o museu de arte sacra de Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva) Inaugurado em abril de 2022, o Museu Boulieu é o mais novo museu de Ouro Preto MG, Região Central de Minas, primeira cidade do Brasil e receber o título de Patrimônio Mundial da Humanidade. Ouro Preto é a inda o epicentro da arte barroca e um dos principais destinos turísticos do Brasil.
          O museu conta com cerca de 1200 peças do barroco latino-americano doadas pelo casal Boulieu. As peças pertenciam ao acerco pessoal de 2,5 mil peças do casal franco-brasileiro, Maria Helena e Jacques Boulieu, sendo maior parte de arte sacra. Ela, paulista, radicada em Belo Horizonte e Boulieu é francês. (fotografia acima de Ane Souz)
O casal Boulieu
          As 1.200 peças foram doadas pelo casal em 2011 à Arquidiocese de Mariana, atual donatária-proprietária do acervo cedido pela Arquidiocese para compor o acervo permanente do Museu Bouleiu em Ouro Preto MG. Às peças doadas em 2011, se somaram a mais peças, doadas pelo casal Boulieu, em 2021, para o museu. (fotografia acima de Ane Souz)
          O casal Boulieu começou a formar seu acervo partir de 1950, nas viagens que fizeram por Minas Gerais, Maranhão e Bahia, além de países de colonização portuguesa e espanhola como Índia, Sri Lanka, Filipinas, Peru e Guatemala. (fotografia acima e abaixo de Thelmo Lins)
          Vivendo entre a França e o Brasil, o ato de doar parte das obras formadas ao longo de 70 anos, se deve ao desejo do casal em deixar um legado ao patrimônio ouro-pretano e também pelo amor que o casal tem por Ouro Preto MG. Por isso o nome do museu ser em homenagem ao casal Boulieu.
          É um dos poucos museus do Brasil com uma arte tão diversificada em exposição, além reunir um pouco da influência ocidental nas culturas e religiosidade latina e oriental, durante a colonização das Américas e Oriente. (fotografia acima de Ane Souz)
O museu
          As peças estão distribuídas num espaço de 400 m² no pavimento superior, que conta com 6 salas. Logo na entrada do piso superior, imagens fazem o visitante viajar pelo caminho novo para as Índias, percorrido pelos navegantes europeus, mostrando o encontro de culturas e religiosidade do mundo ocidental, com as tradições milenares do mundo oriental. (fotografia acima de Thelmo Lins)
          O visitante pode ainda entender a adaptação do catolicismo às religiosas tradicionais das colônias, entre os séculos XVII e início do século XX. (fotografia acima e abaixo de Ane Souz)
          Além disso, logo na entrada, uma voz entoando poemas de Fernando Pessoa e Camões dá boas-vindas aos visitantes. A voz é da cantora Maria Bethânia.
          O espaço conta ainda com térreo, saguão onde o visitante pode conhecer um pouco da história do casal Boulieu, bilheteria, café, loja multiuso, sala do Educativo, áreas administrativas e reserva técnica. (fotografia acima de Thelmo Lins)
Onde fica?
          O Museu Boulieu é um museu privado e está localizado à Rua Padre Rolim, 412, no casarão onde funcionava o antigo Asilo São Vicente de Paulo. (fotografia acima de Ane Souz)
          O local onde está o museu compõe um conjunto de construções formado entre o final do século XVIII e meados do século XX, vinculado à antiga Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto MG.

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