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domingo, 24 de outubro de 2021

Passeando pela cozinha das cidades mineiras

(Por Arnaldo Silva) Mineiro é bairrista por natureza. Ama e valoriza sua cultura, história e principalmente, sua culinária, em todas as cidades de Minas. Vamos fazer um passeio pelas cozinhas mineiras:
          O mineiro pode estar no mais requintado e luxuoso restaurante, em qualquer lugar do mundo, vai procurar saber se tem comida mineira. A comida mineira faz falta ao mineiro. (fotos acima de Carlos Oliveira Stam, do projeto @igarapebemtemperado)
          Defende com garfos, facas, colheres, panelas, tachos e até com a lenha do fogão, a sua cozinha e a riqueza da culinária mineira, que aguça os mais finos paladares do mundo, há mais de 300 anos.
          Quer logo saber se o Feijão Tropeiro é igual ao do Mineirão. Mas se quer comer um tropeiro de verdade e original, tem que ser o de Morro do Pilar.
          Se o Tutu de Feijão é de Paracatu, o Frango com Ora-pro-nobis de Sabará, o Doce de Leite de Viçosa.
          Se vai experimentar Truta, tem que ser de Marmelópolis.
          Quando vai comprar queijo, quer logo saber se é da Canastra, de Alagoa, de Araxá, da Serra do Salitre, do Serro ou de Itapanhoacanga.
          Queijo do Reino, tem que ser o de Santos Dumont.
          Se for tomar vinho, quer logo saber se é de Três Pontas, Andradas, Caldas ou de Diamantina. Se for vinho de jabuticaba de Sabará e de Catas Altas, melhor ainda.
          Se o vinho for o tricentenário Vinho de Rosas do Mosteiro de Macaúbas, em Santa Luzia, nem se fala.
          Se falar em cachaça e não falar de Salinas, é um sacrilégio e se for direto do alambique, melhor ainda, como mostra a foto do Chico do Vale.
          Bar e boteco bom, para tira gosto de verdade, se não for em Belo Horizonte, é em Diamantina.
          O licor, tem que ser o de Itaipé. A cerveja, tem que ser artesanal, puro malte e de Nova Lima.
          Mineiro adora combinar. Se compra queijo, compra também o doce de leite Viçosa e a Goiabada Cascão de São Bartolomeu. Está vendo acima essa foto da Giselle Oliveira? Que combinação perfeita! 
          A rapadura tem que ser de Itaguara.
          O requeijão não tem como não ser o de Poços de Caldas e muito menos o Catupiry, que tem que ser de Lambari.
          Se quer comer churrasco, não pensa em outro senão o churrasco do Triângulo Mineiro, de todas as cidades da região. Sem contar o arroz com jurubeba e a galinhada com açafrão da terra e gariroba. 
          O Pão de Queijo? Tem que ser os que saem dos fornos de Paracatu, sem dúvidas alguma.
          Já os biscoitos, se não for de São Tiago,  de Caldas ou o de Areado, você não sabe o que é biscoito.
          O Rocambole, só se for o de Lagoa Dourada.
          O peixe tem que ser de Formiga e Lagoa da Prata.
Se for comer moqueca, não tem dúvidas, tem que ser a de Três Marias.
          Com certeza, bom mesmo, são os pescados e frutos do Cerrado do Noroeste e Norte de Minas, principalmente os das cidades ribeirinhas ao Rio São Francisco. Ai é bom demais!
          A farinha de mandioca, tem que ser de Montes Claros.
          O fubá de canjica, de moinho e a farinha de milho, bom mesmo, é o de Bom Despacho.
          A Carne de Sol, se não for de Mirabela, não é Carne de Sol.
          Se vai comer pastel, tem que ser de angu de Itabirito ou o pastel de fubá de Machado e melhor ainda, o pastel com marmelada e queijo de Delfim Moreira, ai acima na foto do Mateus Ribeiro.
          O café, mineiro não dispensa nunca. Se for de Alto Caparaó, Caparaó ou de Espera Feliz, melhor ainda.
          Da Carne na Lata, mineiro não abre mão. Tem que ser de São João Batista do Glória ou de Piacaba.
          Se quer provar pé-de-Moleque, tem que ser o de Piranguinho, o morango do Sul de Minas e a mexerica, de Belo Vale.
          A melhor pamonha, seja doce ou salgada, é a de Patos de Minas. O mundo inteiro sabe disso.
          Bolo de Fubá bom mesmo é o assado na brasa e tem que ser o feito em Congonhas do Campo. Mas o João-deitado de primeira, esse bolo ai acima, fotografado pela Luci Silva. Ele é enrolado na folha de bananeira e assado no forno de barro. O Desterro de Entre Rios, é imperdível.
          Se o mineiro quer comer aqueles pratos dos mais saborosos com carne de porco, como por exemplo, o lombo com tutu, não resiste e vai para Tiradentes ou Congonhas do Campo.
          Para adoçar a vida, o mel tem que ser de Itamarandiba.
          Já o pequi tem que ser de Montes Claros ou de Japonvar e o feijão-de-corda também.
          O frango com quiabo e angu, se for de Diamantina, melhor ainda.
          De sobremesa, o doce de abóbora de Desterro de Entre Rios, esse acima, feito pela Luci Silva. Além da ambrosia do Serro, do doce de mamão de Malacacheta, do doce de figo de Araxá e da marmelada de São João do Paraíso, de Marmelópolis ou Delfim Moreira.
          Por falar em Delfim Moreira, nessa cidade do Sul de Minas, tem uma relíquia culinária, que é patrimônio imaterial da cidade, que poucos mineiros conhecem. A sopa de marmelo. Quem experimentou, garante, é divina!           
          Se vai para o Vale do Jequitinhonha, não resiste em saborear o famoso arroz com pequi, a farofa de andu, a carne de sol com mandioca, a paçoca de carne, a canjiquinha e o frango caipira. E ainda traz, como lembrança, o artesanato em barro do Jequitinhonha. (esse prato com pequi acima foi preparado pela Márcia Rodrigues, de Felício dos Santos MG)
          Se vai para Zona da Mata, em qualquer cidade, não resistirá ao Frango com palmito brejeúba e a moqueca de cascudo.
          A água mineral tem que ser de Lambari, São Lourenço, Araxá, de Cambuquira ou de Caxambu.
          E mesmo assim, esteja onde estiver, o mineiro vai querer saber se na cozinha tem fogão à lenha e se a comida foi feita em panela de pedra sabão de Ouro Preto. Com certeza vai. Igualzinho na foto acima do Chico do Vale.
          Ah, a panela tem que ser curada. Se não for, a comida não presta.
 
          A cozinha mineira não é apenas famosa no Brasil, é uma referência mundial. É mais popular no exterior, que a própria culinária brasileira, em geral. (na foto acima, a deliciosa cozinha do Restaurante Jeitinho Mineiro/@restaurantejeitinhomineirosrj, em Santa Rita de Jacutinga MG)
          Em qualquer país, se perguntar quais os pratos conhecidos da culinária brasileira, com certeza, o queijo, a cachaça, o pão de queijo, os biscoitos, o tutu de feijão, o feijão tropeiro, o frango com quiabo, o doce de leite, dentre outros, com certeza, serão lembrados.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Sotaque dos mineiros é o mais atraente do Brasil

(Por Arnaldo Silva) Sotaque ou dialeto, é uma forma de expressão de determinados grupos e regiões. Caracteriza-se por alterações no ritmo das falas, construções de frases e pronúncias de palavras diferentes do idioma tradicional, formadas pela união de culturas, costumes e línguas de povos e etnias diferentes. É a maneira como falamos e expressamos nosso jeito de ser, de acordo com as influências de vários povos na língua oficial, ao longo da formação de uma determinada região ou comunidade.
          É o caso do Brasil, que desde o seu descobrimento, recebeu influências na culinária, cultura, religiosidade e formação social, de vários povos, de vários continentes, como africanos, indígenas, latinos, orientais e europeus.
          Uma das maiores influência desses povos, está na formação das características linguísticas do brasileiro. Essas características são facilmente percebidas em todos os estados do Brasil.
          Mesmo quem garante que não tem sotaque ou dialeto, ao viajar pelo Brasil, percebe a diferença do português e expressões, faladas em sua região, com de outros estados. Expressões regionais que muitas das vezes, são de difícil compreensão, necessitando, inclusive, de tradução, para quem não é da região.
          Isso porque os sotaques e dialetos regionais, são formados ao longo de décadas e até séculos, devido a influências de diversos idiomas africanos, indígenas e europeus, presentes no jeito de escrevê-las e pronunciá-las, passando a ser um jeito próprio de expressão de determinado povo ou comunidade.
          Vivemos num país continental, com influência de povos diversos na língua portuguesa, em todas as regiões. Isso faz com que o português falado no Brasil, seja bem diferente, do português, original, de Portugal.
          Influências estas que mudaram o jeito de falar e expressar, e até mesmo, criando expressões características a cada região, como as faladas nos estados do Sul do país, região que conta com forte presença de descendentes de imigrantes vindos de países do Leste Europeu, da Alemanha, Itália, Hungria, Polônia, etc.
          Em São Paulo, estado que recebeu um grande número de imigrantes, principalmente, europeus, tem na definição de seu sotaque, forte influência desses povos, principalmente, italianos. Já o Norte do país, que teve menos contato com imigrantes europeus, durante a colonização, predomina no sotaque, as expressões das línguas indígenas, com a língua portuguesa.
          A formação do sotaque nordestino teve influência africana, indígena, portuguesa e holandesa. Já o sotaque falado no sertão do Brasil, a Região Centro Oeste (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul), teve influência de migrantes brasileiros vindos do Nordeste, Sul do país, Minas Gerais e São Paulo, no século XX, para trabalharem na agricultura, abertura de estradas e na construção de Brasília.
          A presença dos migrantes brasileiros no sertão brasileiro, deu origem a formação do dialeto sertanejo. Esse dialeto é mais acentuado no sudoeste, centro-sul e leste de Mato Grosso, no noroeste do Mato Grosso do Sul, no centro-oeste de Goiás e em partes do Triângulo Mineiro e Oeste de Minas Gerais.
          O sotaque carioca é o que mais se aproxima do português de Portugal. Isso porque, o Rio de Janeiro foi sede da corte portuguesa entre 1808 e 1821. Com a corte portuguesa, vieram milhares de portugueses para a cidade, o que influenciou em muito a formação do tradicional sotaque carioca.
O sotaque mais atraente do Brasil
          Com tantos sotaques diferentes, existe no Brasil um sotaque melhor e mais atraente que o outro? A resposta é sim.
          O sotaque mais atraente do Brasil é o sotaque mineiro. É o que garante pesquisa feita com cerca de dois mil usuários do aplicativo de namoro Happn.
          O resultado da pesquisa do aplicativo Happn, divulgado em outubro de 2021, aponta 5 sotaques brasileiros, entre os mais atraentes do país.
- Em primeiro lugar, com 35% está o sotaque mineiro.
- Em segundo lugar, com 33%, está o sotaque gaúcho
- Em terceiro lugar, com 27%, está o sotaque paulista.
- Em quarto lugar, com 25%, está o sotaque carioca
- Em quinto lugar, com 17%, o sotaque pernambucano.
          Considerado o melhor sotaque do Brasil é agora, confirmado pela pesquisa do site Happn, o mais atraente também.
Origem do sotaque mineiro
          Minas é um estado diversificado, rico em cultura e tradições, com sotaque formado pela influência africana, indígena e portuguesa no XVIII e também, por brasileiros que vieram dos estados do Sul do país, do Sudeste, Norte, Centro Oeste e Nordeste, durante o Ciclo do Ouro.
          Além desses povos, o sotaque mineiro adquiriu expressões de outros povos, que vieram para o Estado no século XIX, como ingleses, italianos, dinamarqueses, letões, alemães, espanhóis, franceses, latinos, dentre outros povos. O dialeto mineiro é uma mescla da língua portuguesa com todos esses povos.
          Por isso que dizemos sempre que Minas é o Brasil e o mundo dentro da gente.
          A influência desses povos em Minas Gerais, não originou um sotaque apenas, mas vários, presentes em todos as 12 regiões mineiras.
          Dialeto mineiro não tem nada a ver com o dialeto caipira, falado no interior de São Paulo, Sul de Goiás, Norte do Paraná e parte do Sul de Minas Gerais, na divisa com São Paulo. O dialeto caipira foi caracterizado e sua região de influência, definida, a partir de 1920, quando foi lançada a obra “O Dialeto Caipira”, do escritor, filólogo, ensaísta, poeta e folclorista, Amadeu Amaral.
          As características atuais do jeito mineiro de falar, como encurtar frases e palavras, além de usá-las no diminutivo e a criação de palavras e expressões fonéticas típicas do jeito mineiro de falar, foram definidas ainda no século XIX.
          O dialeto ou sotaque mineiro, era chamado, em sua origem, de Dialeto Montanhês. O sotaque mineiro tem origem na Região Central Mineira. O Montanhês compreendia ainda as regiões do Quadrilátero Ferrífero, a Região da Grande Belo Horizonte e Centro Oeste de Minas. Com o passar do tempo, o Montanhês foi se expandindo para as regiões do Alto Paranaíba, Oeste de Minas, Campo das Vertentes e partes da Região do Sul de Minas, Triângulo Mineiro e Vale do Rio Doce e Mucuri.
          A região Central Mineira se caracteriza por suas imensas montanhas. Os que habitavam nessa região, nos séculos XVIII e XIX, eram chamados de montanheses, por isso, o sotaque falado nessa região, era chamado de Montanhês. Com a expansão do sotaque para os rincões de Minas Gerais, de Montanhês, passou para Mineirês, atualmente.
          Em outras regiões mineiras, o sotaque mineiro recebeu influências dos estados de divisas, mesclando o Montanhês, com o sotaque desses estados.
          É o caso do Sul de Minas e Triângulo Mineiro, na divisa com São Paulo. Nessas duas regiões, o estilo original do sotaque montanhês é mesclado com estilo caipira, principalmente na pronúncia do “R”.
          O sotaque mineiro falado Sul de Minas, na divisa com o Rio de Janeiro e Zona da Mata, sofreu forte influência do sotaque carioca.
          Já o sotaque mineiro falado no Noroeste de Minas, na divisa com o Sul de Goiás, tem influência do sotaque caipira, dessa região goiana. Nas regiões Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha, fala-se o sotaque mineiro, mesclado com o sotaque baiano, o chamado “baianês”.
          “Minas são muitas. Porém, poucos são aqueles que conhecem as mil faces das Gerais”, já dizia o escritor mineiro, Guimarães Rosa.
(As imagens que ilustram a matéria são trabalhos feitos pela artesã Thalyta Moreira/@amoreira_loja, de Divinópolis MG)

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Cantos e encantos da Vila Cipó na Serra do Cipó

(Por Arnaldo Silva) Um fim de semana na Serra do Cipó é algo indescritível. É uma das mais belas paisagens do Brasil. Subir a serra e conhecer todas as suas belezas, é uma experiência única. 
          Quando se fala em Serra do Cipó, vem logo à mente a estátua do Juquinha, a Cachoeira Véu da Noiva, Lapinha da Serra e Cachoeira Grande. Lugares maravilhosos, mas a Serra do Cipó não se resume apenas a esses lugares.(na foto acima e abaixo de Alexa Silva/@alexa.r.silva, o charmoso casario da Vila Serra do Cipó, distrito de Santana do Riacho MG)
          A Serra do Cipó, na Região Sul da Serra do Espinhaço, logo após Lagoa Santa MG, fica no divisor de águas das bacias hidrográficas dos rios São Francisco e Rio Doce. Abrange os municípios de Jaboticatubas, Conceição do Mato Dentro, Morro do Pilar, Itambé do Mato Dentro, Itabira, Nova União e Santana do Riacho. Esta última, considerada a “porta” de entrada para a Serra do Cipó. Esses municípios estão dentro do Parque Nacional da Serra do Cipó. 
          Na década de 1970, a Serra do Cipó era um parque estadual, tendo sido transferido posteriormente para o Governo Federal, oficializada em 25 de setembro de 1984, passando a ser um parque nacional. O objetivo era para proteger toda a riqueza da fauna, já que na Serra do Cipó, concentra uma das maiores biodiversidades do mundo. São cerca de 1700 espécies já registradas.
          Na Serra do Cipó encontra-se uma variedade espécies de nossa fauna, muitas em extinção, além de riquíssima flora, com algumas espécies, somente encontradas ali. A riqueza da flora da Serra do Cipó, formada pelos biomas Cerrado e Mata Atlântica, é tão impressionante, que a Serra é conhecida como o Jardim do Brasil. São cerca de 34 mil hectares em 154 km2 de área. (fotografia acima de Tom Alves/@tomalvesfotografia)
          Uma das belezas naturais da Serra do Cipó é o Rio Cipó, que nasce na região. Seu traçado é todo em curvas, lembrando um cipó. Por isso o rio passou a ter esse nome e por fim, a serra passou a se chamar Serra do Cipó. (fotografia acima de Tom Alves/@tomalvesfotografia)
A vila colonial do Cipó
          Além de sua beleza cênica, na Serra do Cipó encontra-se povoados e vilas coloniais que compõem o charme e beleza da serra. Vilas com história e históricas. Ricas em cultura, tradições e gastronomia típica mineira. Uma dessas vilas, em destaque, é Cardeal Mota, hoje com o nome de Serra do Cipó, distrito de Santana do Riacho. (na foto acima de Tom Alves/@tomalvesfotografia, a beleza da Serra do Cipó e ao fundo, um pouco do casario da vila homônima)
          Com pouco mais de 2 mil habitantes, a pitoresca e charmosa Vila de Cardeal Mota, foi elevada a distrito, subordinada a Santana do Riacho em 30 de dezembro de 1962. Em 12 de maio de 2003, Cardeal Mota tem o nome mudado para Serra do Cipó. É popularmente chamada de Vila Cipó.
          A vila é pacata, com um casario charmoso e seu povo muito acolhedor. No distrito, as tradições folclóricas e religiosas mineiras, são preservadas. (na foto acima e abaixo de Alexa Silva/@alexa.r.silva, a capela da Vila, principal ponto de referência cultural e religiosa dos moradores de Serra do Cipó.)
          A MG-010, liga o distrito de Serra do Cipó à Região Metropolitana de Belo Horizonte e Conceição do Mato Dentro. O acesso é fácil. De Belo Horizonte à Serra do Cipó são cerca de 100 km. De Conceição do Mato Dentro, são 67 km de distância.
          Carregando o nome de um dos mais importantes parques nacionais do Brasil, o distrito de Serra do Cipó é um dos principais atrativos culturais, gastronômicos e ecológicos da região. São trilhas, cânions, cachoeiras que formam paradisíacas piscinas naturais, de águas cristalinas, além de morros e montanhas, muito usadas por trilheiros, mochileiros e praticantes de esportes de aventuras para escaladas. (na foto acima do Robson Gondim, a vida noturna na Vila Cipó)
          Na área da Vila Serra do Cipó, o turista encontra áreas para camping muito bem estruturadas e ótimos hotéis, pousadas e restaurantes com comidas típicas, além de belíssimas paisagens rurais.
          Quem vai ao distrito, se interessa logo em conhecer e fotografar a estátua do “guardião da Serra do Cipó”, o lendário Juquinha. Seu nome de batismo era José Patrício. Juquinha, como era chamado pelo povo era um ermitão que convivia com as flores e planas da região. Sempre com um sorriso no rosto, muito gentil para com os visitantes, coletava flores e as vendia aos visitantes. Ou mesmo, dava as flores que colhia, em troca de carona para subir a serra ou mesmo por comida ou alguma ajuda. (fotografia acima de Tom Alves/@tomalvesfotografia)
          Cativava todos com sua simplicidade e sorriso singelo. Morreu em 1983, tendo sido imortalizado em estátua na Serra do Cipó, por sua importância para a região, sua história de vida, cercada por lendas e por seu carisma. 
          A estátua do Juquinha, foi feita pela artista plástica Virgínia Ferreira, em 1987, instalada no local onde Juquinha viveu, as margens da MG-010. Uma imagem icônica, inusitada, retrata com maestria um dos personagens, considerado patrimônio de Minas. Segundo consta, apenas uma imagem com as características similares à do Juquinha, existe no mundo. Fica na Espanha.
          Ao longo dos anos, Juquinha recebeu novas homenagens, sendo imortalizado em outras estátuas, na Vila de Serra do Cipó (na foto acima de Alexa Silva/@alexa.r.silva)
          Em Serra do Cipó, a Venda do Zeca é um dos pontos quase que obrigatórios para visita. Fundada no início do século XX, a Venda do Zeca preserva toda sua originalidade. Estar na venda, é uma volta ao tempo. É uma das mais antigas vendas do Brasil. É armazém, mercearia e boteco, ao mesmo tempo. (fotografia acima  de Tom Alves/@tomalvesfotografia)
          Na venda do Zeca encontrará de tudo. Miudezas, mantimentos, brinquedos, aviamentos, doces, balas. Tudo que precisar, da mesma forma de antigamente. Tem ainda os deliciosos petiscos, que o freguês pode saborear na área em frente à venda, ao ar livre (na fotografia acima de Nacip Gômez e abaixo da  Alexa Silva/@alexa.r.silva o portal de entrada da Vila)
          Além dos sabores da boa mesa mineira, presente no distrito de Serra do Cipó, a cultura, belezas naturais, o turista encontrará na pequena vila, um pouco do cotidiano, jeito de ser, viver e falar do povo mineiro e claro, conhecerá de perto uma das maiores identidades de Minas Gerais, a nossa hospitalidade.

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

A Rota do Queijo e do Azeite de Alagoa

(Por Arnaldo Silva) No Sul de Minas, entre as montanhas da Serra da Mantiqueira, com altitudes que variam de 1200 a 1600 metros,  uma pequena cidade, com apenas 2.657 habitantes, estimado pelo IBGE, em 2021, vem se destacando no Brasil e mundo.  
          Essa cidade é Alagoa. A pequena cidade está a 420 km de Belo Horizonte, fazendo divisa com Itamonte, Aiuruoca, Baependi e Bocaina de Minas. 
          Embora tenha sido elevada à cidade emancipada em 28 de dezembro de 1962, sua história começa bem antes, por volta de 1710, no século XVIII, com a chegada à região de bandeiras, em busca de ouro. (fotografia acima de Rildo Silveira, a vista parcial de Alagoa MG)
          Na região, os bandeirantes encontraram uma lagoa com cerca de 3 km de extensão. Em seu leito, encontraram o tão procurado ouro. A lagoa que tinha ouro começou a atrair gente para a região. Com o passar do tempo, um povoado foi se formando, tendo como referência, a lagoa. O povoado passou a ser chamado de "A Lagoa". Com o passar do tempo, o A se juntou ao Lagoa e ficou, Alagoa, passando a ser o nome da cidade. A lagoa que deu nome à cidade, não existe mais e o que atrai hoje pessoas à cidade, não é mais o ouro.
          Cidade pacata, tranquila, charmosa e atraente, seu povo é gentil e muito acolhedor, a pequena cidade, faz parte do Caminho Velho da Estrada Real. (fotografia acima de Henrique Feitosa/arquivo QUEIJO D´ALAGOA-MG)
          Semanalmente, turistas vindos de todos os lugares do Brasil e de outros países, como Alemanha, França e Luxemburgo chegam à cidade. Vem em grupos ou em casais. De carro, em vans e até mesmo, em ônibus. (na foto acima, turistas frances e alemães passeando por olivais e abaixo, selfie feito por Osvaldo Filho, com ônibus de turistas na porta da QUEIJO D´ALAGOA-MG)
          O que tem nessa pequena cidade típica do interior mineiro que atrai tanta gente? Em sua origem, o ouro era o atrativo da cidade. Hoje não. O amarelo do ouro foi substituído, por tradição, pelo amarelo dos queijos curados e pela cor dourada do azeite. São os queijos e azeites que atraem os visitantes à Alagoa MG.
          O ouro de Alagoa MG não é mais o precioso metal. Hoje, a cor dourada do reluzente metal, reluz nos azeites e queijos produzidos na cidade. É o seu queijo e o seu azeite que desenvolve a economia da cidade, gerando emprego e renda e ainda, atraindo turistas para a cidade. O queijo e o azeite são os novos ouros de Alagoa MG (na foto acima de Erasmo Pereira/Epamig, o dourado do azeite e abaixo a cor dourada dos queijos na queijaria da QUEIJO D´ALAGOA-MG).
          A tradição queijeira de Alagoa MG surgiu no final do século XIX e início do século XX, com a chegada ao Sul de Minas de famílias de imigrantes europeus, como alemães, dinamarqueses e italianos. Pelas mãos de uma dessas famílias, Paschoal Poppa e Luíza Altomare Poppa, profundos conhecedores da arte da fazer queijos, em seu país, Itália, começou a história e tradição dos queijos em Alagoa.
          A tradição queijeira de Alagoa é tão forte e sólida, que a pequena cidade, é uma região queijeira reconhecida pelo Governo de Minas, como região produtora de Queijos Artesanais.
          Tradição, história e um queijo único e inigualável. O sabor, textura e modo de fazer desse queijo, são único, não tem igual em lugar algum no mundo. Por isso, Alagoa, foi oficialmente reconhecida como região queijeira mineira, produtora do "Queijo Artesanal de Alagoa".
          Há anos que o Queijo Artesanal de Alagoa vem conquistando gostos e paladares dos mineiros, brasileiros e do mundo. São premiações estaduais, nacionais e internacionais conquistas pelos queijeiros alagoenses, como no Mondial du Fromage, na França.
          Além do queijo, o azeite é outra tradição da cidade, já que o clima e altitude, favorecem o cultivo de oliveiras e consequentemente, na produção de azeites de qualidade. O azeite de Alagoa é comparado aos melhores azeites europeus, como os espanhóis, por exemplo.
          Estar dentro de uma queijaria, caminhar por olivais, respirar o ar puro das montanhas mineiras e vivenciar a vida numa típica cidade do interior mineiro, são os motivos que vem atraindo gente de todo o mundo para a Alagoa MG.
          Com o reconhecimento dos queijos produzidos na cidade, bem como, dos azeites, turistas começaram a visitar a cidade com mais frequência e de forma crescente.          
          Percebendo isso e conhecendo o potencial turístico da cidade, a Queijaria QUEIJO D´ALAGOA MG, dirigida pelo Osvaldo Filho, criou a Rota do Queijo e do Azeite, em 2016.
          Produzindo queijos finos e de altíssima qualidade, a queijaria alagoense é uma das mais premiadas do Brasil, tendo sido uma das pioneiras em vendas de queijos pela internet. Em 2014, QUEIJO D´ALAGOA, pela sua atuação no divulgação do turismo, recebeu o prêmio MG Turismo, além de premiações em diversos concursos nacionais e internacionais de queijos, com medalhas de super ouro, ouro, prata e bronze. Recentemente, foi premiada com duas medalhas de prata no Mondial du Fromage, realizado na França.
          Além disso, a QUEIJO D´ALAGOA-MG, venceu o TripAdvisor Travgeler´Choice 2021, recebendo ótimas avaliações nos últimos 12 meses dos usuários TripAdvisor, a maior plataforma de viagens do mundo. Com esta eleição, a queijaria passou a integrar
o seleto grupo de 10% das melhores atrações do Mundo, da plataforma.
          A criação da rota, desde sua criação em 2016, contribui enormemente para o aquecimento da economia e incremento do turismo, não só em Alagoa, mas nas cidades vizinhas.
          São pessoas e grupos que vem à cidade para conhecer os queijos e azeites, tendo ainda o privilégio de conhecer Alagoa MG e suas belezas naturais. A visita à Rota do Queijo e do Azeite, foi inclusive recomendada pela Revista Forbes.
          A Rota do Queijo e do Azeite é guiada, sob a responsabilidade da guia Sophia Diniz. O turista faz um tour pela cidade, pela loja física da QUEIJO D´ALAGOA MG, pelas fazendas Cauré e 2M, além de degustação de queijos e azeites no Restaurante Dona Inês. Todo o roteiro inclui duas diárias completas em charmosas pousadas de Alagoa MG, além de traslado. 
          O roteiro é feito em dois dias, começando pela queijaria QUEIJO D´ALAGOA-MG. Localizada no topo da Mantiqueira, entre 1520 a 1600 metros de altitude, a queijaria, segue os rígidos padrões higiene e manejo de gado. 
          O visitante, conhece o passo a passo da produção do queijo artesanal de Alagoa, bem como, terá o prazer de contemplar a impactante vista em redor da queijaria, como por exemplo o Pico do Santo Agostinho, com 2377 metros de altitude, no Parque Estadual Serra do Papagaio.
          Além de conhecer a queijaria e a loja física, instalada no Centro da cidade, no roteiro está inserido a visita à Fazenda 2M, no bairro Rural de Companhia e Fazenda Cauré, onde é extraído o Azeite Prado & Vasquez. 
          Na Fazenda Cauré, o turista, além de conhecer o processo de produção de azeite, pode passear pelos olivais, além de poder colher frutas de época, nos pomares da fazenda.
          O azeite Prado & Vasquez, premiado na Expo Oliva da Espanha recentemente, é considerado um dos melhores do Hemisfério Sul. Com acidez de apenas 0,2%, é comparado, inclusive, aos melhores azeites europeus, em qualidade e sabor.
          O turista é levado até o Restaurante Dona Inês para degustar as variedades de azeites, harmonizados com os diversos tipos de QUEIJO D´ALAGOA MG. Em seguida, vem o almoço, com pratos típicos da culinária mineira.
          A visita à queijaria e Fazenda Cauré, bem como a degustação de queijo e azeite é feita na parte da manhã. Na parte da tarde, os turistas são levados à Fazenda 2M, parceira do QUEIJO D´ALAGOA-MG, onde são acolhidos e muito bem recebidos pela Mestre Queijeira, Dona Dirce, seu esposo, "seu" Márcio e seus filhos, Caik e Luan. 
          Na Fazenda 2M, o turista conhecerá a queijaria, bem como tomará um delicioso café colonial, na varanda do casarão da fazenda, situada a 1.525 metros de altitude, com um vista espetacular da Serra da Mantiqueira.
          Os queijos produzidos na Fazenda 2M são de altíssima qualidade, se destacando com diversas premiações nacionais e internacionais, como Super Ouro no III Prêmio Queijo Brasil - Queijo Faixa Dourada, ouro no Mundial do Queijo em Araxá, além de 3 premiações no Mondial Du Fromage, na França.
          A Rota do Queijo e do Azeite, pode ser feita em qualquer dia da semana por casais, famílias ou grupos de pessoas, com agendamento prévio, com a Guia de Turismo,Sophia Diniz. O contato da Guia é (35) 09987 4570 (Whatsapp)
          Na loja da QUEIJO D´ALAGOA-MG, além da simpatia do Osvaldo (na foto acima) e família, tem os queijos e a criativa decoração do lugar, com frases queijísticas bem atraentes.
          Uma dessas frases, diz muita coisa: “Fui pra Minas Gerais em busca de felicidade e voltei com um monte de queijos”.
          Quem vem à Minas, não esquece jamais, volta e com certeza, o queijo vai na mala, com a emoção de ter conhecido um pouco de Minas Gerais, através da Rota do Queijo e do Azeite.
Fotografias enviadas por Osvaldo Filho da QUEIJO D´ALAGOA-MG. exceto a fotografia de Rildo Silveira e Eramos Pereira, que foram ilustrações nossas.

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Montezuma das águas quentes e termais

(Por Arnaldo Silva) Montezuma conta atualmente com cerca de 8.500 habitantes. O município está a 910 metros de altitude, a 748 km distante de Belo Horizonte e a 285 km de Montes Claros MG. O acesso à cidade se dá pelas BR-122 e BR-135.
          Montezuma está na Região Norte de Minas, com parte de seu bioma, de Mata Atlântica e outra parte, de Cerrado. Faz divisa com os municípios de São João do Paraíso, Vargem Grande do Rio Pardo, Santo Antônio do Retiro, Rio Pardo de Minas, Espinosa, em Minas Gerais e Mortugaba, na Bahia. (na fotografia acima de autoria de Renan Bastos/Horus, o Balneário de Águas Termais de Montezuma MG)
ORIGEM
          A cidade tem origens na Fazenda da Tábua, no século XIX. Seu primeiro nome, ainda como arraial, era Água Quente, devido a descoberta de água quente e medicinal, nesta fazenda.
A descoberta de fontes de águas termais, bem como os benefícios que estas águas trazem para a saúde, atraiu pessoas de toda a região. Com o tempo, novas fontes foram sendo descobertas, novas pessoas chegando.
          O pequeno arraial começou a crescer e suas águas quentes, famosas. Em 1890, o arraial foi elevado a distrito, com o nome de Santana da Água Quente, subordinado a Rio Pardo de Minas. Em 1938, o nome volta a ser Água Quente e por fim, em 1943, Água Quente passa a se chamar, Montezuma.
ORIGEM DO NOME
          O nome Montezuma é em homenagem a Francisco Gê Acaiaba de Montezuma, o Visconde de Jequitinhonha. Nasceu em Salvador, em 23/03/1794 e faleceu no Rio de Janeiro em 15/02/1870.
O nome de batismo do Visconde era, Francisco José Gomes Brandão. Era filho de Narcisa de Jesus Barreto, mestiça e de Manuel Gomes Barreto, comerciante português.
          Homem culto, formou-se em direito pela Universidade de Coimbra, em Portugal. Foi o primeiro presidente do Instituto dos Advogados do Brasil, além de ter sido um dos pioneiros da maçonaria no país. Era também diplomata, jornalista e atuante na luta contra o domínio português.
          Após a independência do Brasil, o Visconde de Jequitinhonha, por nacionalismo, substituiu por conta própria, seu sobrenome português, José Gomes Brandão, para Gê Acaiaba de Montezuma. A escolha foi uma mistura de símbolos que formavam a nação brasileira.
          O Gê, representava as tribos do Brasil Central, do tronco linguístico não-tupi-guarani. O Acaiaba, palavra de origem tupi-guarani, era o nome dado a uma árvore nativa, conhecida como cajazeira. Montezuma, era o nome de um dos imperadores astecas.
Assim, o Visconde de Jequitinhonha, ficou: Francisco Gê Acaiaba de Montezuma, ou simplesmente, Montezuma, como passou a ser conhecido, bem como a cidade mineira, Montezuma, que o homenageou, adotando seu nome.
          Mesmo com a mudança de nome, a cidade é chamada carinhosamente de “Água Quente”, em referência às suas águas termais e medicinais. Em 1993, Montezuma deixa de ser distrito, subordinado a Rio Pardo de Minas, para ser cidade emancipada.
A CIDADE DE MONTEZUMA
          Cidade pequena, tranquila, charmosa e pacata, seu povo é acolhedor e muito trabalhador. Recebem bem os visitantes e são bastante hospitaleiros. (na foto acima de Renan Bastos/Horus, vista aérea de Montezuma)
          A cidade possui uma boa estrutura urbana, com pousadas e hotéis para todos os gostos e bolsos, um comércio e setor de serviços variados.
          A culinária de Montezuma é ótima. Nos restaurantes, os visitantes podem saborear os pratos feitos com os frutos típicos do Cerrado, como o pequi, bem como o tradicional, frango caipira.
          A cidade é uma grande produtora de cachaça e rapaduras artesanais. A iguaria está presente no dia a dia de várias famílias.
          Outro destaque da culinária da região é o Doce Tijolo. É um doce típico do Norte de Minas, feito com caldo de cana, mandioca e coco.
          Muito apreciado na região e altamente nutritivo, o Tijolo, é um doce presente no dia-a-dia nos quintais, comércios, feiras e mercados municipais do Norte de Minas.
          Em Montezuma, encontra-se o doce Tijolo com muita facilidade, na Feira Livre, que acontece todos os sábados, na cidade.
          O turismo é uma das maiores fontes de renda do município, juntamente com a agropecuária, extração de carvão vegetal e agricultura familiar, que tem foco na produção de frutas, verduras, feijão, milho, mandioca, polvilho, rapadura, queijos, doces, etc.
ATRATIVOS NATURAIS
          Montezuma faz parte do Circuito Turístico Serra Geral do Norte de Minas e tem como atrativos naturais, belezas impactantes e de grande relevância ecológica, como o Parque Estadual de Montezuma, dotado de beleza natural exuberante com grutas, paredões rochosos, várias nascentes e uma trilha que leva à mina de ametista. O Parque é gerenciado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF/MG).
          Em Montezuma está ainda a nascente do Rio Pardo, além imensos paredões rochosos e sítios arqueológicos como o da Serra do Pau d´Arco e as pinturas rupestres na Serra de Macaúba (na foto acima de Joaquim Pereira de Amorim/Quimba)
O MAIOR PEQUIZEIRO DO MUNDO
          Outro atrativo natural do município é o maior pé de pequi (Caryocar brasiliense) do mundo. Localizado na comunidade rural da Roça do Mato, o pequizeiro impressiona pelo tamanho e longevidade! São 16 metros de altura, 24,5 metros de copa e 3,5 metros de circunferência. (fotografia acima e abaixo de Joaquim Pereira de Amorim/Quimba)
          O pequizeirão, como é chamado, é um dos símbolos naturais do município, além de um de seus maiores atrativos naturais.
ATRATIVOS URBANOS
          Em seu perímetro Urbano, Montezuma tem como destaque o Mercado Municipal e a Igreja de Sant´Ana e São Joaquim, padroeiros da cidade (fotografia acima de Jonathan de Natan).
          O principal destaque de Montezuma, que faz da cidade ser conhecida desde o final do século XIX, são suas águas termais e o Balneário de Águas Termais de Montezuma. É um dos mais sofisticados e bem estruturados balneários do Brasil.
ÁGUAS TERMAIS
          Águas termais estão presentes em vários países do mundo. Tem características químicas e ações medicinais similares, já que são águas formadas há milhões de anos e aquecidas pela ação de vulcões ativos ou extintos, como as fontes de águas minerais formadas na região Sul de Minas e Araxá, no Alto Paranaíba. (na fotografia acima de Renan Bastos/Horus, piscinas do Balneário de Montezuma, que recebem as águas quentes, direto das fontes naturais)
          No caso da maioria das águas termais existentes no Brasil, são aquecidas pelo calor da própria terra, através do fenômeno geológico conhecido como, geotermia.
          Esse fenômeno ocorre quando as águas das chuvas penetram em solos rochosos, atingindo grandes profundidades, consequentemente, recebendo o calor natural das rochas subterrâneas.
          Com isso, as águas absorvem, os minerais presentes nessas rochas, mineralizando, adquirindo propriedades medicinais medicinais e terapêuticas. Quanto mais tempo essas águas permanecem nas profundezas da terra, mais absorvem o calor e ação dos minerais, liberados pelas rochas.
          Essa ação da natureza é frequente e se dá, há milhões anos. As chuvas que caem, entram no solo e continuam a descer, absorvendo os minerais liberados pelas rochas.
          Com o acúmulo de água, são devolvidas à superfície, pela pressão natural, em forma de águas termais e medicinais. É um ciclo natural, que se repete há milhões de anos.
          As águas vão se armazenando no subsolo. Quando não tem mais onde descer, começam a subir, saindo por uma ou várias frestas abertas no solo, surgindo assim as nascentes, que formam as fontes de águas termais.
          
Com isso, saem da terra com alta concentração de minerais, como ferro, magnésio, sulfato, cobre, potássio, cloreto, selênio, zinco e cálcio. A quantidade de sais minerais liberadas pelas rochas, podem variar, de acordo com a formação rochosa e o calor do solo do lugar, onde estão as fontes, mas com poucas diferenças.
          As águas termais já saem do solo quentes, em temperaturas que variam de 37°C a 50°C. Por essa diferença de temperara, são divididas em categorias: águas Hipertermais (acima de 45°C); Mesotermais ( entre 30°C e 45°C); Hiportermais (entre 20°C e 30°C) e Frias (menos de 20°C).
          Essa variação se dá, devido à profundidade das águas no subsolo. Quanto mais profunda estiver as águas e mais rochas tiverem no solo, mais rica em sais minerais e mais quentes serão essas águas.
          As altas temperaturas dessas águas, nas profundezas da terra, dificultada a sobrevivência e proliferação de agentes contaminantes e bactérias. São águas limpíssimas, puras, de alta qualidade e benéficas à saúde humana, sendo de grande ajuda no tratamento de várias doenças.
          Possuem efeitos terapêuticos, graças aos minerais presentes em sua composição, relaxando a musculatura e aliviando dores reumáticas, musculares e nas articulações, como artrite e nevralgias. Auxiliam ainda no tratamento de várias enfermidades, como alergias, asma, bronquite e problemas de pele como eczemas, fungos, acnes e psoríase.
          Além disso, ajudam a hidratar e repor sais minerais, perdidos durante a transpiração, amenizam problemas respiratórios, contribuem para rejuvenescimento da pele, já que águas termais renovam as células da pele, auxiliam na cicatrização de feridas.
          Aas águas termais ajudam no combate a inflamações e ainda no combate a doenças reumáticas, a fibromialgias, lombalgia e doenças da coluna vertebral. 
          A ação das águas termais no organismo tem efeito sedativo e facilitam a liberação de endorfinas. Com isso, essas águas ajudam a aliviar os sintomas do cansaço físico e mental, além de contribuir para o controle da pressão arterial.
          O tratamento auxiliar com águas termais, são reconhecidos e validados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 1986. Embora existam vários balneários pelo Brasil, é bom, antes de fazer uso de águas termais, procurar orientação médica. Isso porque cada corpo reage de forma diferente, de acordo com o tempo de uso dessas águas. Os benefícios auxiliares que as águas minerais proporcionam, são obtidos pelo uso constante e mais prolongados. 
          Geralmente, os balneários possuem especialistas nestas questões, que fazem análise individual, além de procurar saber do histórico de doenças de cada pessoa. Isso serve para orientar quanto ao consumo e tempo de uso em banhos nas águas termais. 
          Como exemplo, as águas termais de Montezuma tem alta concentração de magnésio. Esse mineral tem função diurética, estimulando a ação dos aparelhos de excreção. Isso contribui para a liberação de substâncias químicas e tóxicas, presentes no nosso organismo, liberadas através da urina. Além disso, a ação do magnésio, ajuda na prevenção de doenças cardiovasculares. . 
O BALNEÁRIO DE ÁGUAS TERMAIS DE MONTEZUMA
          Em Montezuma, a temperatura média, de suas águas termais, que brotam direto da bica da fonte, tem cerca de 47°C. Quando chegam às piscinas do Balneário de Águas Termais de Montezuma, a temperatura cai para 41°C. Isso porque, ao sair da fonte, percorre alguns metros, até chegar às piscinas, estando com isso em contato com a temperatura ambiente. (na fotografia acima e abaixo, de autoria de Renan Bastos/Horus, o Balneário de Águas Termais de Montezuma MG)
          O balneário conta com toda estrutura e conforto para receber os turistas, como um excelente hotel, restaurante com comidas típicas mineiras, lanchonete e bar, além de duas piscinas de água quente, vindas das fontes naturais, outra de água fria, banheiros privativos, com piscinas, salão de eventos, play ground, quadras, vestiários, loja de conveniência e área verde com área de camping.
          O Balneário funciona diariamente, inclusive nos sábados, domingos e feriados. O contato pode ser feito pelos telefones (38) 3825-1198 / (38) 999563839 ou pelas redes sociais do Balneário: @balneariomontezuma
          No Brasil está maior bacia de águas minerais, radioativas, medicinais, sulfurosas e termais do mundo, em sua maioria, concentradas em Minas Gerais. São águas com propriedades similares, seja em qualquer lugar do mundo que estiver, já que são obtidas pela ação natural da ação de vulcões ativos ou extintos ou por armazenamentos de águas das chuvas no solo, com absorção de minerais presentes em rochas ao longo dos anos.
          Por isso, nada melhor que conhecer nossos balneários, viajando por Minas e conhecer o Balneário de Águas Termais de Montezuma. Além de valorizar as águas mineiras, você conhece um pouco mais de Minas Gerais, o Cerrado do Norte de Minas, bem como sua cultura e gastronomia. (na fotografia abaixo de Jonatham de Natan, o portal de entrada da cidade)
          Conheça as águas termais de Montezuma, a cidade, seu povo e suas belezas naturais.

sábado, 11 de setembro de 2021

A igreja, o Rosário gigante e o presépio de pedras

(Por Arnaldo Silva) A pequena, charmosa, pacata e acolhedora cidade de Coronel Xavier Chaves, está a 174 km distante de Belo Horizonte. A cidade conta com cerca de 3500 habitantes e faz divisa com os municípios de São João Del Rei, Ritápolis, Resende Costa, Prados, Tiradentes e Lagoa Dourada, na região do Campo das Vertentes. 
          O povoamento de Coronel Xavier Chaves, começou a partir de 1700, no século XVIII, com a chegada de famílias à região, para a formação de fazendas. (na foto acima de Sônia Fraga, a Igreja do Rosário e os dois rosários, em pedra-sabão)
          Na última década do século XIX, chegou à região, o Coronel Francisco Rodrigues Xavier Chaves, vindo de Lagoa Dourada MG, casado com Joana de Mendonça Chaves, para tomar posse da Fazenda Mosquito, pertencente à família de sua esposa.
          Com o passar do tempo, o Coronel dividiu a fazenda entre os filhos, com uma parte sendo dividida em lotes, para construção de igreja e casas, para abrigar seus familiares, amigos, trabalhadores de sua fazenda, escravos e padres. Eram 20 casas, com ruas e traçados planejados. (na foto acima de Fabrício Cândido, vista parcial de Coronel Xavier Chaves)
          Foi a partir dessa vila, construída pelo Coronel Xavier Chaves, que surgiu a cidade, que hoje, leva seu nome. Uma cidade que nasceu planejada.
          O casario da Vila pertenceu à família do Coronel Xavier Chaves até 1912, quando o vilarejo foi elevado a distrito, subordinado a Tiradentes MG, com o nome de São Francisco Xavier. (na foto acima de Sônia Fraga, detalhes de um casarão na cidade)
          Em 1943, os moradores pediram a mudança de nome do distrito para Canoas e foram atendidos. Num erro de grafia no edital oficial de mudança de nome, ao invés de Canoas, foi escrito, no edital oficial, Coroas. 
          O nome se popularizou e ficou, Coroas, até 1962, quando o distrito foi emancipado e elevado à cidade, em 30/12/1962, pela Lei 2764, mudando o nome de Coroas para Coronel Xavier Chaves, em homenagem ao seu povoador. (na foto acima de Marcelo Melo, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição)
          Mesmo assim, até os dias de hoje, a cidade é carinhosamente chamada de Coroas por seus moradores mais antigos.
Igreja e o Rosário de Pedra
          Além de seu casario histórico, de suas belezas arquitetônicas como a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, do seu artesanato, famoso no Brasil, da tradição na produção artesanal de cachaças, com os rústicos e tradicionais alambiques e produção de queijos e doces artesanais, uma construção chama a atenção. É a Igreja de Nossa Senhora do Rosário (na foto acima de Sônia Fraga).
          A pequena igreja, lembra uma construção medieval. Charmosa, singela, delicada e única. Foi construída toda em pedra granitina e granito pobre, comum na região. Obra feita pelos escravos, que trabalhavam na Fazenda Mosquito, do Coronel Xavier Chaves.
          Pouco se sabe sobre a construção da Igreja ou o tempo que levou para ser concluída. Sabe-se que seu início é datado em pedra, com o ano de 1717. 
          A devoção à Nossa Senhora do Rosário, era comum entre os escravos e eles mesmos, construíam suas igrejas, com recursos próprios, associando-se em irmandades. Era permitido pelos Senhores de Escravos e comum no período da Escravidão, as irmandades construírem igrejas, em honra a seus santos de devoção, como Santa Efigênia, São Benedito e principalmente, Nossa Senhora do Rosário. (na foto acima de Marcelo Melo, ao lado de um dos rosários em pedra-sabão, um presépio, também em pedras, é outro atrativo na Igreja do Rosário)
          A igrejinha de Coronel Xavier Chaves é toda em pedra, aparente, inclusive, em seu interior. A Igreja é hoje um dos mais belos símbolos da arquitetura religiosa mineira e da fé em Nossa Senhora do Rosário, muito amada pelos escravos.
          Além da beleza da igreja, uma pia em pedra sabão, onde os moradores, visitantes e ciclistas, se refrescam com a água que jorra da pia, tem um presépio em pedras e dois imensos rosários, esculpidos em pedra sabão, nas duas laterais da igreja, que é cercada por uma pequena murada de pedras. 
          O Rosário é um dos símbolos da fé em Nossa Senhora, expressada pelos escravos e em pedra sabão, além de arte e beleza única, os dois rosários são atrativos a mais para os visitantes conhecerem e contemplar a beleza da arte mineira e a simplicidade da fé do nosso povo, em especial, dos negros escravos, que encontravam em Nossa Senhora do Rosário, conforto e alívio pela dura vida que viviam nas senzalas das fazendas mineiras.
Coronel Xavier Chaves, a antiga Coroas, é uma cidade rica em histórica, em culinária, arquitetura colonial, com destaque para suas fazendas centenárias, bem como, cheia de belezas naturais. (na foto acima de Sônia Fraga, um dos rosários em pedra-sabão ao lado da igreja)
           A cidade possui uma ótima estrutura urbana. Seu povo é acolhedor e hospitaleiro. Vale a pena conhecê-la. 

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