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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

São Bartolomeu: a vila turística do mundo

(Por Arnaldo Silva) Quem chega à São Bartolomeu percebe a calma, paz e silêncio do lugar. É possível andar pelas ruas da vila, sem ao menos ver uma pessoa sequer. Parece que São Bartolomeu parou no tempo. E literalmente sim, e seus moradores não se incomodam com isso, já que parar no tempo é preservar sua história, arquitetura, tradições, gastronomia, rios, nascentes e matas. Sim, São Bartolomeu preserva sua identidade cultural, gastronômica e arquitetônica, há mais de 300 anos.
          Famosa por suas belezas naturais, São Bartolomeu conta ainda com o charme de sua arquitetura setecentista, a simpatia e hospitalidade de seus moradores, além de preservar suas tradições folclóricas, religiosas e a arte de fazer doces, preservada por gerações. (fotografia acima de Peterson Bruschi)
          A pequena vila é daqueles lugares em Minas Gerais, fáceis de chegar e difícil de sair. Quem vem à São Bartolomeu, se sente em casa, quer voltar, quer vivenciar a vida simples do lugar. Sente-se num paraíso, não só por sua beleza, mas pela simplicidade da vila e de seu povo, além de se emocionar com o carinho com que seus moradores, cuidam do lugar em que vivem. (na foto acima, eu, Arnaldo Silva, ao lado de moradores da Vila. Eles são receptivos, acolhedores e gostam de uma boa prosa)
          Distrito da cidade de Ouro Preto, Região Central, São Bartolomeu, começou a ser povoado, ainda no final do século XVII, por bandeirantes paulistas, que chegaram à região, em busca de ouro. É mais antiga que a sede, Ouro Preto, fundada em 1711, no século XVIII. Está a 18 km de Ouro Preto, com acesso mais fácil por Cachoeira do Campo, na Rodovia dos Inconfidentes. (na foto acima do Peterson Bruschi, São Bartolomeu vista do morro da Igreja das Mercês)
          Cerca de 730 moradores vivem em São Bartolomeu. Gente simples, acolhedores, receptivos e hospitaleiros. A vila oferece uma excelente qualidade de vida, bem como, ótima estrutura para receber os visitantes, com pousadas e pequenos restaurantes, que servem comidas caseiras e pequenos comércios familiares, que vendem produtos artesanais como doces, bebidas e artesanatos.
          Às margens do Rio das Velhas, em São Bartolomeu, suas águas formam poços de águas cristalinas e ainda, com praias fluviais, cascatas e cachoeiras.
          O Rio das Velhas é um importante rio mineiro. Nas nasce no Parque das Andorinhas, em Ouro Preto MG. São Bartolomeu é a primeira localidade banhada pelo Rio das Velhas. As águas chegam limpas e são devolvidas ao leito do rio, igualmente limpas. Isso porque, o esgoto da Vila é tratado, desde 1990, quando foi construída uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).  (na foto acima de Vinícius Barnabé/@viniciusbarnabe, cachoeira na Floresta Uaimii)
          São Bartolomeu tem ainda o privilégio de ser rodeada por uma densa mata nativa com uma flora riquíssima, formada por plantas nativas da Mata Atlântica como carobão (Jacarandá micranta), mulungus, quaresmeiras, embaúbas, ingá, pata-de-vaca, ipês, pau-ferro, pau-Brasil, cedro rosa, chuva de ouro, cipós, dentre tantas outras, preservadas no Parque Estadual do Uaimii, unidade de conservação administrada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF/MG). (fotografia acima de Arnaldo Silva)
          A charmosa Vila Setecentista se destaca pela conservação e cuidados de seus moradores com seu casario colonial e pela consciência ecologicamente correta e autossustentável, de seus moradores que preservam suas nascentes, matas, bem como, mantém as ruas da vila limpa. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
          São Bartolomeu, um dos apóstolos de Jesus, conhecido por Natanael (Jo 1,46), é o padroeiro da Vila. 
          A igreja dedicada ao Santo Católico, foi erguida na primeira metade do século XVIII. É um dos mais antigos templos religiosos de Minas Gerais. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
          Construída no estilo Nacional Português, a Igreja de São Bartolomeu, se mantém praticamente intacta, com pouquíssimas alterações, ao longo de três séculos de existência. Por sua importância, arquitetura e história, a Igreja de São Bartolomeu foi tombada em 1960 pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). 
          Além da arte sacra, de enorme valor religioso, o sino da igreja chama a atenção dos visitantes. O sino é mudo. Quando o sineiro toca, não sai som. Isso porque foi feito de madeira.
          Além da Igreja em São Bartolomeu, apenas mais 4 igrejas, dedicadas à São Bartolomeu, existe Brasil. Uma em Sem Peixe/MG, outra no Rio de Janeiro e duas na Bahia, nas cidades de Maragogipe e na capital, Salvador.
          No mês de agosto, a vila é toda decorada para a Festa de São Bartolomeu e a Festa do Divino Espírito Santo, Patrimônio Imaterial de Ouro Preto MG, desde 2014. (fotografia acima de Peterson Bruschi)
          Essas duas festas, são tradicionais, seculares e mostra a fé, religiosidade e valorização das tradições dos moradores da vila, passadas de geração para geração. (fotografia acima de Ane Souz, a Festa do Divino na Vila)
          Os moradores se mobilizam para enfeitar a rua principal da Vila e preparar os festejos, que conta com orações, missas, apresentação das tradicionais bandas de músicas da região, barracas com a culinária típica da região. (fotografia acima de Ane Souz)
          Outra igreja, a de Nossa Senhora das Mercês, é outro destaque em São Bartolomeu. A pequena igreja começou a ser construída em 1772 e foi concluída em 1822.
          Por estar no topo de uma colina, se destaca na Vila é um ponto privilegiado para contemplar toda a beleza de São Bartolomeu.
          São Bartolomeu é referência em gastronomia na região, com destaque para os pratos típicos da culinária mineira, cachaças, licores, mel e principalmente, na produção de geleias e doces de frutas, figo, laranja, mexerica, jabuticaba, pêssego, cidra, limão e principalmente, de goiaba. (na foto acima do Vinícius Barnabé/@viniciusbarnabe, a Igreja de Nossa Senhora das Mercês)
          A Goiabada Cascão, uma das maiores identidades da Vila e de Minas Gerais, está presente nas mesas de São Bartolomeu há mais de dois séculos. (na fotografia acima e abaixo de Ane Souz, os tradicionais doces de São Bartolomeu)
          A arte de fazer doces artesanais em São Bartolomeu, é uma tradição que vem de gerações. É reconhecido como Patrimônio Imaterial de Ouro Preto MG, desde 2008.
          Em São Bartolomeu, o tilintar dos doces e pratos típicos fervendo nos tachos, aquecidos pelas chamas fogões a lenha, nos quintais de seus moradores, podem ser ouvidos, em coro, de várias partes da vila. (na fotografia acima de Arnaldo Silva, Dona Doquinha, uma das mais tradicionais doceiras de São Bartolomeu) Parece uma orquestra de sabores. Goiabada, doce de leite e outros doces, saindo do tacho, exalando o cheiro, gosto e sabor de uma das melhores cozinhas do mundo: a Cozinha Mineira.
          Em abril, acontece um dos mais importantes festivais gastronômicos da região. É a Festa Cultural da Goiaba. Neste evento, acontece shows com bandas locais, sorteios, exposições, bandas de músicas de distritos vizinhos, oficinais, artesanato local, além dos melhores doces feitos na Vila, atraem milhares de turistas para São Bartolomeu.
O que fazer em São Bartolomeu?
          Além de experimentar os queijos, doces, cachaças, cervejas artesanais, além dos pratos típicos da nossa culinária, presente na Vila, o turista pode contemplar o charmoso casario colonial da Vila, os detalhes das Igrejas de Nossa Senhora das Mercês e de São Bartolomeu, e os oratórios de madeiras, presentes nas casas, principalmente da Rua do Carmo. Ter oratório em casa é uma tradição secular em São Bartolomeu. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
          Estando em São Bartolomeu, o visitante se encantará com a hospitalidade, simpatia e acolhida dos moradores locais. Com certeza, a prosa será longa. Eles adoram puxar uma boa conversa. (na foto acima, eu, Arnaldo Silva, numa boa prosa com "Dona" Nhanhá, num banco na estreita calçada da rua principal)
          Saindo da Vila, o turista pode caminhar pelas trilhas, seja a pé, de bike ou mesmo a cavalo pelas belezas da Floresta do Uaimii e conhecer belíssimas cachoeiras, como a Cachoeira Norata e a de São Bartolomeu. É pertinho, cerca de 5 km do centro da vila. 
          Além das cachoeiras e belezas das matas, o turista pode se banhar nas águas do Rio das Velhas. Na localidade, o rio é limpo e com águas cristalinas.(na foto acima do Vinícius Barnabé/@viniciusbarnabe)
Melhores vilas turísticas do mundo
          Escolhida pelo Ministério do Turismo (MTur), São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto MG, Região Central, é uma das 3 vilas turísticas brasileiras, indicadas como “Best Tourist Villages in the World” (“Melhores Vilas Turísticas do Mundo). Várias vilas, distritos e povoados brasileiros foram inscritos por suas respectivas prefeituras, junto ao MTur. (fotografia acima de Peterson Bruschi)
          Cabe ao Mistério do Turismo a análise e escolha das representantes, de acordo com os critérios estabelecidos pela OMT. Cada país pode indicar no máximo, três representantes.
          O concurso Melhores Vilas Turísticas do Mundo é um evento promovido pela Organização Mundial do Turismo (OMT), órgão das Nações Unidas. Todos os países, signatários da ONU, participam do evento, indicando suas vilas e aldeias, com até 15 mil habitantes, para concorrerem ao título de Melhores Vilas Turísticas do Mundo.
          Além São Bartolomeu, foram indicadas, pelo Ministério do Turismo, para concorrerem no mesmo concurso, Alberto Moreira, distrito de Barretos, em São Paulo e a Vila de Enxaimel, em Pomerode, no Estado de Santa Catarina.
          O objetivo do concurso é identificar as vilas e aldeias com forte ação no desenvolvimento do turismo rural, com ações inovadoras e transformadoras, em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em todo o mundo.
          Para ser escolhida pela OMT, a vila indicada, tem que ter baixa densidade populacional, seus moradores tem que exercer atividades ligadas à agricultura, pecuária, silvicultura ou pesca, além de valores e estilo de vida da comunidade, ser um exemplo a ser compartilhado por outras vilas e aldeias.
          São Bartolomeu se enquadra perfeitamente nesses quesitos, definidos pela OMT, bem como as outras duas vilas. A indicação, promoverá o turismo, bem como a valorização e preservação cultural, social e arquitetônica, das vilas indicadas.
          A indicação de São Bartolomeu, pelo Ministério do Turismo, foi bastante comemorada pela Prefeitura de Ouro Preto, bem como pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult/MG), que recebeu com euforia a notícia da indicação de São Bartolomeu pelo MTur, como uma das 3 indicadas pelo Brasil, neste concurso internacional.
          As vilas vitoriosas no concurso, receberão o selo UNWTO, de reconhecimento como "Melhores Vilas Turísticas", que valorizam seus bens culturais, e naturais, além de preservarem seus valores rurais e comunitários, além da valorização e inovação em atividades de sustentabilidade, seja na proteção ambiental, cultural, das suas identidades rurais e sociais. As vilas premiadas com o selo da OMT, passam a ser um exemplo mundial de destino para turismo.
          O selo não veio, mas o simples fato de ter sido escolhida pelo Ministério do Turismo, para ser uma das três representantes do Brasil, em um concurso mundial, já é uma grande conquista para São Bartolomeu e Minas Gerais.
          Isso porque, ganhando ou não, ter sido escolhida, entre tantas vilas brasileiras,  fez São Bartolomeu ser reconhecida como uma das melhores vilas turísticas do mundo, o que contribui para desenvolver o turismo na vila, além de colocar São Bartolomeu, na rota do turismo nacional e mundial.    

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

O terroir dos vinhos mineiros

(Por Arnaldo Silva) No mundo todo existem milhares de regiões produtoras de vinhos, com características específicas, como geografia, clima, altitudes e outros fatores regionais, que formam um terroir próprio e característico (Terroir é uma palavra francesa e pronuncia-se terruar).
          O apreciador de um bom vinho não precisa se apegar apenas ao vinho de uma região ou país. No Brasil são produzidos vinhos de excelente qualidade. Em Minas Gerais, também temos vinhos finos e um excelente terroir. Você pode experimentar os nossos vinhos e valorizar o grande esforço em estudo, pesquisas e investimentos, que nossos produtores, fazem para produzir vinhos de qualidade. (Na imagem vinho fino mineiro acompanhado de queijos da Fazenda Pavão em Serra do Salitre MG)
          O apreciador de um bom vinho não precisa se apegar apenas ao vinho de uma região ou país. No Brasil são produzidos vinhos de excelente qualidade. Em Minas Gerais, também temos vinhos finos e um excelente terroir. Você pode experimentar os nossos vinhos e valorizar o grande esforço em estudo, pesquisas e investimentos, que nossos produtores, fazem para produzir vinhos de qualidade. (na foto acima do Erasmo Pereira, a vinícola no Campo Experimental da Epamig em Caldas MG)
          Em Minas Gerais, o terroir dos vinhos mineiros, que vem se destacando no Brasil, na produção de vinhos finos e espumantes, é a Serra da Mantiqueira, no Sul de Minas, a região da Serra do Caraça, em Catas Altas, na Região Central e Diamantina, no Vale do Jequitinhonha. (na foto acima de Erasmo Pereira, espumante feito Campo Experimental da Epamig em Caldas MG)
          São vinhos com características e personalidades próprias. O terroir mineiro, é graças as pesquisas e apoio da Empresa Mineira de Pesquisas Agropecuárias (EPAMIG MG), sediada em Caldas, no Sul de Minas, onde está o Campo Experimental da estatal mineira, inaugurado em 1936 (na foto acima de Erasmo Pereira). Em Caldas, estão vastos parreirais, com cultivo em destaque da variedade de uva Syhah. (na foto abaixo de Erasmo Pereira, parreirais do Núcleo Tecnológico da Epamig em Caldas MG)
          Além de pesquisas para melhoramentos na qualidade dos vinhos, a Epamig desenvolveu a técnica da dupla. Essa técnica consiste na inversão do ciclo produtivo dos parreirais, com duas etapas de podas dos ramos das videiras, o que permite duas colheitas ao ano, sendo a normal, de verão, em janeiro e outra, em agosto, no inverno.
         O resultado dessa técnica mineira são uvas sadias, de maturação plena, com mais concentração de cor e aroma, o que melhora substancialmente a qualidade dos vinhos finos, produzidos na região Sul de Minas, em especial, nas cidades da Serra da Mantiqueira e algumas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, na divisa com Minas Gerais, que também usam a técnica criada pela Epamig. (fotografia acima e abaixo de Erasmo Pereira/Epamig em Caldas MG)
          Em duas décadas, a produção de vinhos mineiros, tiveram saltos na qualidade e começaram a chamar a atenção dos apreciadores de um bom vinho. A melhor qualificação dos produtores, intercâmbios, pesquisas e principalmente, a ação da Epamig, foram primordiais para o crescimento e reconhecimento dos vinhos mineiros no cenário nacional e mundial.
          O resultado veio com premiações e reconhecimentos em nível nacional e internacional, com destaque para os vinhos mineiros mais conhecidos como o vinho Luís Porto, de Cordislândia MG, Primeira Estrada, de Três Caldas MG, Quinta D´Alva, de Diamantina, Stella Valentino, Villa Mosconi e Casa Geraldo, de Andradas MG e Maria Maria, de Três Pontas. (foto acima de Erasmo Pereira/Epamig/Divulgação)
          Um dos vinhos da vinícola Maria Maria, o Maria Maria Bel Sauignon Blanc 2015, foi premiado com medalha de bronze no World Wine Awards 2017, na Inglaterra. Em 2019, três vinhos, Guaspari Syrah Vista da Serra 2016 de São Paulo, Casa Geraldo Colheita de Inverno Syrah 2017, de Andradas MG e Maria Maria Diana Syrah 2017, de Três Pontas MG, produzidos com a tecnologia da dupla poda da Epamig, foram premiados no Top 5 Syrah Wines of Brazil Awards 2019. O Wines of Brazil Awards, um dos maiores concursos de vinhos do país, tem o objetivo de valorizar os melhores vinhos nacionais, em várias categorias e campos de atuação.         
          Os vinhos finos de Minas Gerais são de alta qualidade, sabor, aromas e bem estruturados, que agradam aos mais finos paladares e boa parte de nossas vinícolas, estão abertas para turistas e interessados em conhecer a produção dos vinhos mineiros, entre essas vinícolas, está a Casa Geraldo, em Andradas, no Sul de Minas (na foto acima, a adega da Vinícola da Casa Geraldo/Foto Casa Geraldo:Divulgação).
          Não somente as vinícolas que recebem turistas para visitas. Fazendas de café, de azeites e queijarias, das 9 regiões queijeiras do Estado, abrem suas porteiras para grupos de turistas. São passeios deliciosos, literalmente, em meio a natureza, paisagens de tirar o fôlego, com  a oportunidade de conhecer os processos de produção e degustar. (na foto acima, parreirais da Vinícola Casa Geraldo em Andradas MG. Fotografia arquivo: Casa Geraldo/Divulgação)
Harmonização dos vinhos
          Nossos vinhos, harmonizam super bem com o nosso tradicional Queijo Minas Artesanal (QMP), como por exemplo, o Queijo Canastra Ponte Velhano, na foto acima. Uma harmonização perfeita, ainda mais com os vinhos de Minas Gerais, como o vinho abaixo, da Vinícola Fidêncio/@uvaevinhofidencio de Bueno Brandão, no Sul de Minas.
          Além dos queijos, vinhos harmonizam muito bem outros pratos como o vinho tinto, que harmoniza muito bem com pratos gordurosas. Isso porque a bebida tem mais teor alcóolico e é mais encorpada. Já os vinhos brancos tem menos acidez e combinam bem com pratos mais leves. Os vinhos rosés, são bem versáteis e combinam tanto com pratos leves, quanto, gordurosos. Todos combinam super bem com queijos, de preferência curados com mais de 30 dias. 
          Lembre-se: toda bebida alcoólica deve ser apreciada com moderação e somente por maiores de 18 anos. 

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

O Santuário do Senhor Bom Jesus do Bacalhau

(Por Arnaldo Silva) Piranga é uma cidade histórica, no Vale do Piranga, na Zona da Mata Mineira. A cidade tem origens, no final do século XVII, com data de sua fundação, registrada em 8 de dezembro de 1695, quando foi inaugurada sua primeira capela, dedicada à Nossa Senhora da Conceição.
          Piranga conta com17.018 habitantes, segundo Censo do IBGE e está a 170 km de Belo Horizonte. O município guarda relíquias dos tempos do Brasil Colônia e Escravidão, presentes em sua arquitetura, fazendas centenárias e história. É formado pela sede e mais 3 distritos: Pinheiros Altos, Santo Antônio dos Quilombolas e Santo Antônio de Pirapetinga, o popular, Bacalhau (na foto acima e abaixo de Patrício Carneiro/@guaradrone, o exterior e o interior do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos do Bacalhau).
          Bacalhau é um dos mais tradicionais e importantes distritos de 
Minas Gerais, além de grande relevância histórica e religiosa para a região e Minas Gerais.
          Santo Antônio do Pirapetinga, preserva um original e charmoso casario e igrejas dos séculos XVIII e XIX, com destaque para a Igreja de Santo Antônio (na foto acima de Patrício Carneiro/@guaradrone), na rua principal do distrito e o Santuário do Senhor Bom Jesus do Matosinhos, construção do século XVIII.
A origem do nome Bacalhau
          Santo Antônio de Pirapetinga, o Bacalhau, está a 12 km do centro da cidade, no ponto mais alto do município, a 1000 metros de altitude, acima do nível do mar. É uma vila pacata, histórica, charmosa, bem, pitoresca, que vive e vivencia a mais suas tradições religiosas. (na foto acima do Patrício Carneiro/@guaradrone, a parte baixa da Vila e a colina, onde está o Santuário do Senhor Bom Jesus)
          O povoado surgiu nos primeiros anos do século XVIII, com a descoberta de ouro no leito do Rio Bacalhau, por volta de 1704. Na medida que o ouro era encontrado, mais mineradores e aventureiros, foram chegando. Formaram um pequeno casario, em torno de uma singela ermida, dedicada a Santo Antônio.
          O Rio Bacalhau, tem uma extensão de 47 km, e nasce no próprio distrito do Bacalhau. Como o arraial foi formado próximo ao Rio Bacalhau e pela devoção de seus primeiros moradores a Santo Antônio, os dois termos foram unidos, com o arraial, passando a ser chamado de Santo Antônio do Bacalhau ou simplesmente, Bacalhau. É uma das mais antigas povoações de Minas Gerais.
          Em 28 de outubro de 1875, o arraial foi elevado a freguesia, preservando seu nome original, Santo Antônio do Bacalhau. Somente em 1911, quando da definição dos distritos subordinados à cidade de Piranga, é que o nome Bacalhau foi substituído por Pirapetinga, ficando, Santo Antônio de Pirapetinga, como nome oficial do distrito. (fotografia acima de Patrício Carneiro/@guaradrone)
          Mesmo com a mudança oficial de nome, até os dias de hoje, a vila é conhecida, em toda região do Vale do Piranga e chamada pela maioria de seus moradores, de Bacalhau.           
          Com o crescimento do povoado, em 1726, é erguida uma outra pequena ermida, em honra à Nossa Senhora do Rosário, restando atualmente, apenas ruínas.
          Em 1740, uma nova igreja, que substituiu a antiga ermida, começa a ser erguida no arraial, dedicada a Santo Antônio, em estilo jesuítico, um dos símbolos religiosos da acolhedora vila.
A origem da fé no Senhor Bom Jesus de Matosinhos
          Ainda nessa época, uma imagem, quase que do tamanho natural, do Senhor Jesus, morto na cruz, foi encontrada no topo de uma colina, um pouco distante do núcleo habitacional do povoado. (fotografia acima de Patrício Carneiro/@guaradrone)
          Impressiona na imagem original ,os detalhes dos olhos. O olho esquerdo, olha para o céu, enquanto o direito, para o chão. 
          A população resolveu colocar a imagem em uma das duas capelas do arraial. Mas, segundo a crença popular, a imagem sumia e aparecia sempre no lugar, onde fora encontrada. Tentaram várias vezes colocar a imagem nas igrejas, mas ela sumia e aparecia no dia seguinte, no topo da colina. 
          Os moradores do arraial perceberam que, ficar no local onde a escultura foi encontrada, seria a vontade do Senhor Bom Jesus. Decidiram então, erguer outro templo no arraial, dedicado ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos.
          A devoção ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos era praticada por boa parte dos portugueses, que chegavam à região. Isso por que a devoção ao Senhor Bom Jesus, é uma tradição milenar em Portugal.
A origem da devoção ao Senhor Bom Jesus
          A devoção portuguesa ao Bom Jesus é cercada por misticismo e lenda. Tem origem no ano 124, nos primórdios da cristandade, na região que é hoje a cidade litorânea de Matosinhos, em Portugal. A escrita do nome da cidade portuguesa, onde originou a devoção ao Senhor Bom Jesus, é Matosinhos, com S e não com Z.
          Nas praias dessa cidade, foi encontrada uma imagem de Jesus crucificado. Os fiéis da época, acreditavam ter sido, Nicodemos, fariseu e contemporâneo de Jesus, quem esculpiu a peça. Devido a perseguição que os Cristãos passaram a sofrer, após a crucificação de Jesus, Nicodemos, que assistiu ao martírio de Cristo, jogou ao mar suas esculturas, para se proteger de perseguições. Isso tudo, segundo a crença popular, da época.
          A imagem encontrada nas praias de Matosinhos, foi levada para o mosteiro da cidade portuguesa, passando a ser venerada, desde então. Somente em 1559, que foi construída uma igreja dedicada ao Senhor Bom Jesus, na cidade de Matosinhos. Pelo fato da imagem do Senhor Bom Jesus, ter sido encontrada em Matosinhos, o nome do templo, dedicado ao Senhor Bom Jesus, recebeu o complemento “de Matosinhos”.
          Com a edificação de novas igrejas e santuários, foram acrescentados o nome das cidades onde foram construídos, como exemplo, Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, de Congonhas MG, Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos de Conceição do Mato Dentro MG, etc.
          A fé ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos se expandiu por Portugal e nas colônias portuguesas, com várias cidades mineiras e brasileiras, tendo sido fundadas, invocando a fé no Senhor Bom Jesus de Matosinhos.
A construção do Santuário do Bacalhau
          Como a fé no Senhor Bom Jesus de Matosinhos do Bacalhau, aumentava a cada dia, e com a presença de romeiros vindos de localidades distantes, as obras da construção do Santuário tiveram início a partir da segunda metade do século XVIII, bem como a construção do conjunto de casinhas em redor do santuário, concluídas no século XIX. (fotografia acima e abaixo de Patrício Carneiro/@guaradrone)
          As casas em redor do Santuário, eram usadas antigamente apenas para receber os romeiros, que vinham de longas distâncias para a Festa do Jubileu de Nosso Senhor do Matosinhos do Bacalhau. E até hoje, são usadas para esse fim.

          Como o nome popular do arraial, Bacalhau, era comum, o nome do Santuário ganhou o acréscimo do nome da vila, ficando assim, Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos do Bacalhau, chamado também de Santuário do Senhor Bom Jesus do Bacalhau, ou simplesmente, Santuário do Bacalhau.
          Para que a imagem original do Senhor Bom Jesus, considerada milagrosa pelos fiéis, fosse acessível a todos, foi colocada em uma capela, atrás do altar. No trono do altar-mor, uma imagem de Jesus Crucificado, foi entalhada e incluída na ornamentação do altar. (na fotografia acima e abaixo do Patrício Carneiro/@guaradrone, o interior do Santuário do Bacalhau)
          As obras foram concluídas por volta de 1840. Foram quase seis décadas de construção, com envolvimento ativo dos moradores do arraial, bem como da Irmandade do Senhor Bom Jesus. Durante esse tempo, a obra contou com os trabalhos dos escravos, arquitetos, artesãos, carpinteiros, douradores, entalhadores, pintores, escultores e outros artistas.

          A igreja tem as características típicas das construções mineiras. Singela por fora e um esplendor de beleza e riqueza em seus detalhes, talhas e ornamentações, em seu interior.
          Uma riqueza e uma beleza arquitetônica e artística que além de impressionar, emociona os visitantes e fiéis.
          Chama atenção ainda a simplicidade e delicadeza do casario colonial, em torno do Santuário, construídas na mesma época da construção do templo, usadas somente para receber os romeiros, em dias de festas, desde aqueles tempos.
          Todo o conjunto do Santuário, formado ainda por sua escadaria, a murada de pedras e o singelo casario, em seu entorno, estão no topo da colina, onde a imagem do Senhor Bom Jesus fora encontrada, no século XVIII,  preservados e muito bem conservados. (na foto acima do Patrício Carneiro/@guaradrone)
          Em 1786, a Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos do Bacalhau, foi elevada a Santuário, com a Bula Papal, assinada pelo Papa Pio VI, se tornando, desde então, um dos mais importantes centros de peregrinação religiosa, do Vale do Piranga.
          O autor do risco do Santuário, é desconhecido, mas a ornamentação interior, tem assinatura. Foi executada pelo pintor, dourador, louvador e encarnador (que é o ofício de dar cor de carne a imagens), Francisco Xavier Carneiro (Mariana 1745 – Mariana 1840), que trabalhou na ornamentação da igreja, de 1806, até 1840, ano em que faleceu. (fotografia acima e abaixo de Patrício Carneiro/@guaradrone, as talhas, entalhes e pinturas de Francisco Xavier Carneiro, que ornamenta o Santuário)
          O artista foi um dos grandes nomes da arte rococó mineira, com vários de seus trabalhos, ornamentando igrejas de cidades como Itabirito, Ouro Preto, Mariana, Itaverava, dentre outras cidades mineiras.
          No Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos do Bacalhau, Francisco Xavier Carneiro deixou sua obra, numa impressionante retratação da Paixão de Cristo, notada nas pinturas do forro da nave principal, a Via Sacra, além da beleza dos entalhes dourados do altar, onde está a imagem do Senhor Bom Jesus. A maior parte da ornamentação do interior do Santuário, foi executada pelo mestre, Francisco Xavier Carneiro.
          A igreja e o casario do Bacalhau, segue os riscos das construções religiosas portuguesas, dedicadas ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em estilo jesuítico. Todo o conjunto do Santuário, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 1996.
O Jubileu do Senhor Bom Jesus do Bacalhau
 
          A devoção ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos do Bacalhau, é uma das mais antigas e tradicionais de Minas Gerais. Desde o final do século XVIII, há mais de 235 anos, acontece, nas duas primeiras semanas de agosto, o Jubileu, numa festa que mobiliza toda a comunidade e atrai romeiros de toda a região do Vale do Piranga (na foto acima do Patrício Carneiro/@guaradrone).
          Isso porque, os fiéis e romeiros, creem ser o lugar, milagroso, e nele vão fazer ou pagar promessas, agradecer ou simplesmente, fazerem suas orações.
          Esse fato é percebido pelas quantidades de ex-votos (presentes dados por fiéis a seus santos de devoção) e mensagens de agradecimentos, por graças alcançadas, vistas na sala dos milagres do Santuário do Bacalhau, bem como a emoção dos devotos, quanto participam do Jubileu do Senhor Bom Jesus (na foto acima de Patrício Carneiro/@guaradrone).
          O Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos do Bacalhau é uma das maiores obras da arte colonial barroca e rococó, de Minas Gerais e o jubileu, a coração de uma das mais tradicionais e genuína festa da religiosidade mineira.
          O jubileu, o casario de Santo Antônio de Pirapetinga (Bacalhau), a história de fé, bem como a cultura, gastronomia e seu povo acolhedor, faz do distrito de Piranga MG, uma das relíquias de Minas Gerais. Uma típica e autêntica vila mineira, no mais puro estilo mineiro de ser e viver.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Conheça a cidade de Simão Pereira

(Por Arnaldo Silva) Com apenas 2618 habitantes, segundo dados do IBGE, Simão Pereira é uma típica, acolhedora, charmosa e pacata cidade mineira. 
          Simão Pereira foi emancipada em 1 de março de 1963, mas sua história começa bem antes. O município faz parte do Caminho Novo da Estrada Real, com acesso à cidade pela BR-040, LMC 874 e AMG-3070. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, a Paróquia de Nossa Senhora da Glória).
          A povoação das terras onde está hoje o município, começou com a chegada à região, em 1715, do português, Simão Pereira de Sá e sua esposa, Anna de Boucan, de ascendência francesa. Vieram tomar posse de uma sesmaria, durante a abertura do “Caminho Novo” da Estrado Real.
          Um pequeno povoado foi se formando na sesmaria e crescendo bem rápido, devido estar próximo ao Rio de Janeiro e distante do posto de arrecadação de tributos da Coroa Portuguesa. Por esse motivo, em pouco tempo, em 1718, o povoado foi elevado a freguesia, com o nome de Nossa Senhora da Glória. Desse povoado, originou-se a cidade, que homenageia seu primeiro povoador, Simão Pereira. (na foto acima Elpídio Justino de Andrade)
          Distante 304 km de Belo Horizonte, o município fica na divisa com as cidades mineiras de Matias Barbosa, Belmiro Braga e Santana do Deserto, na Zona da Mata e com a cidade de Comendador Levy Gasparian, no Rio de Janeiro. O marco da divisa do município com o Rio de Janeiro é o Rio Paraibuna e a Pedra do Paraibuna (na foto acima do maquinista Fabrício Cândido).
          A cidade de Simão Pereira, oferece uma boa qualidade de vida a seus moradores e uma boa estrutura para receber os turistas. Conta com pousadas, hotéis e restaurantes com comidas típicas. Um comércio pequeno, mas variado, setor de serviços muito bom, além da agropecuária, uma das fortes atividades econômicas do município. (na foto acima o edifício da Prefeitura Municipal, tombado pelo decreto nº 654 de 29 de Dezembro de 2009. Foto: Elpídio Justino de Andrade)
          Tendo Nossa Senhora da Glória como padroeira, a cidade é cortada por uma das mais antigas e importantes ferrovias brasileiras, a Estrada de Ferro Central do Brasil. Em seu início, no século XIX, transportava cargas e passageiros, hoje usada somente para o transporte de cargas, sob concessão da MRS Logística.(na foto acima o Chafariz de Pedras em Simão Pereira MG, tombado pelo decreto nº 232 de 16 de abril de 2001. Foto: Elpídio Justino de Andrade).
          Cidade tradicional, seu povo manifesta as características da mineiridade existente nos pequenos municípios mineiros. Vida calma, tranquila, estilo de vida simples e saudável de seu povo, um charmoso casario, em estilo colonial e eclético, bem cuidados.
          Além disso, Simão Pereira se destaca no turismo, graças as suas belezas naturais, como rios, cachoeiras, montanhas, matas nativas com fauna e flora riquíssimas, da Floresta Primária, que fica na Fazenda São Paulo. (na foto acima a Fonte de Santo Antônio, tombado pelo decreto nº876 de 21 de novembro de 2012. Foto: Arquivo Prefeitura Municipal/Divulgação)
          As belezas naturais de Simão Pereira, permite um contato maior dos visitantes com a natureza, através da pesca e passeios de bikes ou mesmo, caminhadas, por construções antigas e paisagens deslumbrantes, encontradas no município.
          Como destaque, o turista pode conhecer o Açude Miragem, a Cachoeira da Constituição, pescar no Rio do Peixe, afluente do Rio Paraibuna, conhecer o Orquidário Sítio Santo Antônio, a Fazenda São Sebastião e a Fazenda Novo Mundo, uma típica fazenda construída no auge da produção de café, com seu casarão erguido em 1865. 
          O casarão sede é um dos mais belos exemplares da segunda fase das construções rurais mineiras, por isso, foi tombado em 1989, como Patrimônio Histórico de Minas Gerais.
          Na parte urbana, o visitante pode conhecer o Centro Cultural Simão Pereira de Sá, a bela Matriz de Nossa Senhora da Glória e pequenas e belas praças. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
          O Cemitério da Rocinha da Negra, bem tombado do município, é um dos mais interessantes pontos de visitação da cidade. (Acima e abaixo do Cemitério Rocinha da Negra. Fotos: Prefeitura Municipal/Divulgação)
          Considerado o último vestígio da sesmaria do Paraibuna, guarda as sepulturas de barões e pessoas ilustres da cidade e região, como do cafeicultor, jurista, político e presidente da Província de Minas Gerais (Governador), Pedro de Alcântara Cerqueira Leite, o Barão de São João Nepomuceno (Barbacena, 28/07/1807 – 24/04/1883)
          Em Simão Pereira, está um dos trechos do Caminho Novo da Estrada Real, aberto no século XVIII, para encurtar a distância entre Ouro Preto e o Rio de Janeiro e facilitar o carregamento do ouro, retirado de Minas Gerais. Conhecido por Picada do Cemitério da Rocinha da Negra, passa em frente ao cemitério de mesmo nome. Hoje é usado para caminhadas ecológicas e passeios ciclísticos.
          Durante o auge das ferrovias no Brasil, Simão Pereira, contou com uma das mais ativas estações ferroviárias da linha da Estrada de Ferro Central do Brasil, a estação Barão de Cotegipe, construída próxima ao Rio do Peixe. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
          Inaugurada em 1875, tem ainda em sua proximidade, cinco casas geminadas, datadas de 1951, que resistiram ao tempo e uma capela, em ruínas, erguida no topo de uma colina.
          Tem ainda o Registro do Paraibuna, um casarão de dois pavimentos, usado durante o Caminho Novo da Estrada Real, para fiscalizar e tributar, os carregamentos vindos de Minas Gerais, em direção ao Rio de Janeiro. O casarão tem frente para a linha férrea, e por estrada, asfaltada. (na foto acima e abaixo, o Casarão Registro de Paraibuna, Tombado pelo Decreto Municipal nº 205 de 22 de maio de 2000. Fotografia de Elpídio Justino de Andrade)
          Neste casarão, nasceu Maria Cândido de Oliveira Belo, a mãe de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, além de ter recebido, para um pernoite, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes e ter abrigado tropas, durante a revolução de 1842. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade da antiga Estação Paraibuna)
          Sem dúvida alguma, o grande atrativo natural de Simão Pereira é a Pedra do Paraibuna. 
          É um maciço rochoso, natural, com cerca de 500 metros de altura, 2 km de extensão e altitude entre 800 a 1.150 metros. Fica no km 32, da Estrada União Indústria, com a entrada por Montserrat, distrito da cidade de Comendador Levy Gasparian/RJ (na foto acima do @umviajante), na divisa com Simão Pereira/MG.
          É o maior atrativo natural da região e das duas cidades, que são separadas apenas pelo Rio Paraibuna, mas ligadas por uma ponte. (na foto acima do Fabrício Cândido). Praticantes de escaladas, rapel, asa delta e parapentes, estão sempre subindo a pedra. É o lugar ideal na região para quem pratica esses esportes.
          Simão Pereira, uma cidade pra visitar, conhecer, vivenciar e voltar sempre!

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Minas é polo produtor de locomotivas

(Por Arnaldo Silva) As clássicas cenas das charmosas marias-fumaças, serpenteando as montanhas mineiras, deram lugar às modernas e imponentes locomotivas, que trafegam nos trilhos de Minas Gerais e do Brasil, transportando nossas riquezas, de um canto a outro.
          Desde a implantação das ferrovias no país, no século XIX, o Brasil foi importador de trens e locomotivas. Nas últimas décadas, essa realidade mudou. De grande importador, a produtor e um dos maiores exportadores do mundo, de locomotivas de grande porte. O Brasil é hoje, auto suficiente na indústria de locomotivas. (na fotografia acima de Fabrício Cândido, locomotiva, em Bom Jardim de Minas)
Locomotivas de grande porte
          
Minas Gerais se sobressai na produção de locomotivas de grande porte no Brasil, sendo hoje, um dos maiores polos produtores do setor no mundo, graças a instalação de gigantes do setor, no estado mineiro. (na fotografia acima, locomotiva da Progress Rail, de Sete Lagoas MG)
          A vinda de indústrias de locomotivas, de grande porte para Minas Gerais, foi motivada pela localização estratégica do estado, pela presença de grandes mineradoras, do agronegócio e grandes indústrias, sem contar o apoio e incentivo dos últimos governos estaduais, para a instalação de indústrias desse setor, em Minas Gerais. 
          Além disso, as dimensões continentais do Brasil, possibilitam o aumento da malha ferroviária, para escoamento da produção mineral, industrial e agropecuária. Como consequência, o aumento da demanda por locomotivas, vagões e componentes ferroviários. (fotografia acima de Fabrício Cândido)
          Desde o final do século XX e início do século XXI, percebe-se uma preocupação maior das autoridades e principalmente das grandes empresas do setor de mineração e agronegócio, da necessidade urgente, de expansão da malha ferroviária no Brasil.
          Essa preocupação vem saindo do papel e se tornando realidade, com projetos de extensão da malha ferroviária no Brasil em atividade ou em projetos, a serem executados a curto e médio prazos, para ligação de estados produtores e escoamento mais rápido da produção.
          O aumento da malha ferroviária e novos projetos de expansão das ferrovias no Brasil, vem incentivando gigantes do setor ferroviário, a investirem na fabricação de locomotivas de grande porte e componentes ferroviários, no país, ao invés de exportarem para o Brasil, como era antes.
O polo produtor de locomotivas mineiro
          Com esse objetivo, é que foi criado, em Minas Gerais, um polo produtor de locomotivas de alta tecnologia. São duas gigantes do setor, instaladas em Minas Gerais, único estado brasileiro a fabricar locomotivas de grande porte. (fotografia acima e abaixo de Fabrício Cândido, modelos AC44 fabricados na unidade da Wabtec, em Contagem)
A General Elétric
          A GE (General Eletric) Transportation South America (Gevisa), com sede na Pensilvânia (EUA), é uma unidade da multinacional da Company General Electric, instalada na cidade de Contagem, na Grande Belo Horizonte, desde 1972.
          A empresa começou a produzir locomotivas na primeira década deste século, em sua unidade, em Contagem MG. Em 2008, a primeira locomotiva, de alta tecnologia e grande porte, fabricada em Minas Gerais, foi entregue à MRS Logística.
          A primeira locomotiva produzida em Minas Gerais tinha 34 metros de comprimento, pesava cerca de 200 toneladas, equivalente a 200 carretas e capacidade para transportar, por exemplo, uma média de 10 mil toneladas de minério de ferro.
          Locomotivas desse porte não eram produzidas no Brasil, até 2008. Eram importadas. Apenas locomotivas de pequeno e médio porte, de até 120 toneladas, eram de produção nacional. De 2008 para cá, a realidade mudou por completo.
          Em 2019, a GE Transportation e outra gigante mundial do setor de locomotivas, a norte-americana, Wabtec Corporation, concluíram uma fusão, consolidando a Wabtec, como líder mundial no setor.
          Em 12 de março de 2021, a empresa entregou a 500ª locomotiva de corrente alternada (AC44) do modelo AC44, produzida na unidade de Contagem/MG. Foi um marco no setor ferroviário no Brasil, com o país, passando a fabricar, o que antes, importava, sendo Minas Gerais, protagonista neste marco histórico.
A Progress Rail Service 
          Além da fábrica de Contagem, está instalada, desde novembro de 2012, na cidade de Sete Lagoas, na Região Central Mineira, a fábrica de locomotivas da Electro Motive Diesel (EMD), subsidiária da Progress Rail Services, empresa da multinacional americana, Caterpilar. (fotografia acima de Fabrício Candido)
          Trata-se de outra gigante do setor de locomotivas e serviços de vagões no mundo, com unidades nos países da América do Norte, Itália, Alemanha, Reino Unido e Brasil, com unidades em Hortolândia e Diadema, em São Paulo. A empresa, optou por investir em locomotivas de grande porte no país e escolheu Minas Gerais, para sediar sua primeira unidade de locomotivas, devido seus principais clientes, Vale e MRS, terem grande atuação no estado. (fotografia acima de Fabrício Cândido)
          Ambas as empresas, tem tecnologia para a fabricação, além de locomotivas e vagões para trens de carga e passageiros, como o moderno trem bala. Mas no momento, a prioridade no Brasil, são para trens de carga, consequentemente, a linha de produção, prioritária, das locomotivas fabricadas no Brasil, são para o transporte de cargas.
          As duas gigantes multinacionais, instaladas em Minas, geram centenas de empregos diretos e indiretos, bem como, fomentam a economia, geram impostos, contribuem para o desenvolvimento da malha ferroviária do Brasil e no desenvolvimento de Minas Gerais, bem como, valoriza uma das tradições e identidades do povo mineiro, o amor pelos trens. (fotografia acima de Fabrício Cândido)
          Os trens não podem parar, que venham mais trens, para transportar nossas riquezas e também, para transporte de passageiros. Ferrovia é essencial para o desenvolvimento de qualquer país e necessário, num país de dimensões continentais, como o Brasil.

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