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sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Conheça São Francisco do Glória

(Por Arnaldo Silva) Com 4.800 habitantes, São Francisco do Glória é uma pequena, charmosa, pacata, bucólica e tradicional cidade mineira, da Zona da Mata. Seu povo é hospitaleiro, simples e acolhedor.
          São Francisco do Glória é um convite para o descanso, sossego em meio a belezas naturais, espetaculares. Lugar ótimo para quem busca harmonia, entre corpo e mente. (na foto acima de @shakalcarlos, a Matriz de São Francisco, com a imagem do santo à frente da igreja)
Origem do nome 
          O nome da cidade é em homenagem ao santo italiano, São Francisco de Assis, padroeiro da cidade e ao Rio Glória. Este rio nasce na Serra do Brigadeiro, na Zona da Mata, em Fervedouro MG, percorre 101 km, até desaguar no Rio Muriaé, em Muriaé MG. Na junção dos dois nomes, temos o topônimo: São Francisco do Glória.
          Cidade de clima ameno, com belíssimas e encantadoras montanhas onduladas, terras férteis, nascentes, córregos, cachoeiras e paisagens espetaculares. (fotografia acima de Brunno Estevão)
Origem da cidade
          O município está distante 353 km de Belo Horizonte e a 52 km de Muriaé. Faz divisa com Carangola, Fervedouro, Miradouro, Vieira e Pedra Dourada.
          A origem de São Francisco do Glória começa no século XIX. Com o fim do Ciclo do Ouro. Em busca de outras oportunidades e sobrevivência, várias famílias deixaram as regiões de mineração e migram-se para cidades da Zona da Mata. Uma região de terras férteis, com uma crescente formação de fazendas cafeeiras no início do século XIX.
          Algumas dessas famílias, chegaram onde estão hoje as terras franciscanas, formando um pequeno arraial.
          O pequeno arraial foi criado sob as bênçãos de São Francisco de Assis, homenageado com uma singela ermida. Com o tempo, o povoado foi crescendo, com a chegada de novos migrantes. Tempos depois, em 4 de junho de 1858, era criada a paróquia de São Francisco de Assis, marco religioso da cidade.
          A vila foi elevada a distrito, pertencente a Carangola e por fim, elevada à cidade emancipada, em 12 de dezembro de 1953.
Uma típica cidade do interior mineiro
          Cidade tipicamente mineira, tem sua economia voltada para a agricultura familiar, piscicultura, pecuária leiteira e cultivo de café (foto acima: arquivo Prefeitura Municipal/Setur). Além disso, conta com pequenos comércios e pequenas indústrias familiares, além de contar com setor de serviços eficiente, locais para hospedagens pitorescos e restaurantes com comidas típicas.
Potencial turístico
          Por suas belezas naturais, história e arquitetura, o turismo em São Francisco do Glória, é um dos setores de grande importância para a economia do município. (fotografia acima de Shakal Carlos)
          A cidade conta como atrativos turísticos a Serra do Quenta Sol, o Pico da Bandeira da Serra dos Moreiras, a Pedra das Caveiras, a Pedra da Areia Branca, a Cachoeira dos Martins e a do Esaú, a Área de Proteção Ambiental Serra da Providência e a antiga Usina.
          Sem contar a Cachoeira da Bicuíba, no distrito de mesmo nome. É uma das mais belas da região e de grande importância para o município, sendo inclusive, um bem tombado municipal. (fotografia acima de Cristiano Moreira a Cachoeira e abaixo, o distrito de Bicuíba)
          A cachoeira integra um conjunto paisagístico, chamado de Conjunto Paisagístico Cachoeira de Bicuíba. O lugar é de grande valor ecológico e cultural para cidade, além de ser ponto encontro e piqueniques de amigos e famílias franciscanas.
          Além disso, acontece no Complexo Paisagístico da Bicuíba, eventos de grande importância para a região e atividades culturais como Luau, Festival de Comidas Típicas, dentre outras atividades. Por estar as margens da BR 116, é um local de parada obrigatória para fotografias. (fotografia acima de Cristiano Moreira)
Turismo rural
          Na Zona Rural do município o destaque são antigas fazendas e suas tradicionais arquiteturas rurais mineiras, dos fins do século XIX e início do século XX, em estilo colonial. São belos, luxuosos e imponentes casarões carregados de história e muito bem preservados, com destaque para as fazendas Pati, Boa Sorte, Córrego do Sossego e Belo Monte (na foto acima: arquivo/Prefeitura Municipal/Setur).

          São fazendas que contam a história e vida do povo franciscano, presentes em relíquias como antigas rodas d´águas, mobiliários de época, peças de ofícios antigos, além de casas de colonos tradicionais.
          Na Fazenda do Sossego (na fotografia acima: arquivo/Prefeitura Municipal/Setur), por exemplo, dois fogões em barro branco, se destacam. Construídos na década de 1980 pelo construtor Osvaldo Pedro Barros, para atender a demanda do grande número de trabalhadores da fazenda. 
          Os fogões contam com trempes em ferro fundido, fornalhas e chaminés. Por serem diferenciados e de grande valor cultural para o conjunto da fazenda, são bens culturais do município. (foto acima: arquivo/Prefeitura Municipal/Setur)
Festividades 
          Como toda cidade do interior mineiro, as atividades e festividades religiosas e folclóricas, são os principais eventos. Destaque para as comemorações religiosas da Semana Santa, Corpus Christi, o dia de São Francisco de Assis, as comemorações marianas em maio, o encontro do Terço dos Homens, Trido Santo Antônio, Novena de Santo Expedito, Novena de Nossa Senhora Aparecida e a Novena de São Francisco de Assis e a Cantata de Natal.
          Tem ainda as festas e festivais tradicionais no decorrer do ano, como as comemorações do Ano Novo, o Carnaval, Festa Junina, Festa do Franciscano Ausente, a Exposição Agropecuária e Concurso Leiteiro, o Festival de Comidas Típicas, Encontro de Motociclistas, o Festival da Viola, Luau a céu aberto e a Festa do Carro do Boi. (na foto acima e abaixo da Prefeitura Municipal/Setur, a tradicional Festa do Carro de Boi)
A Festa do Carro de Boi
          Registrada como bem imaterial de São Francisco do Glória, desde 2015, a Festa do Carro de Boi, reúne centenas de carreiros e candieiros da cidade e região. (na foto abaixo da Prefeitura Municipal/Setur, o encontro de carreiros e candieiros)
          A festa, realizada sempre no mês de outubro, durantes as comemorações do Padroeiro, São Francisco de Assis, atrai visitantes de toda a Zona da Mata, para os 3 dias do evento. Nesses dias de festa, acontece homenagens ao padroeiro da cidade, shows, apresentações, comidas típicas e o tradicional desfile de carros de bois, são os principais destaques.
A Matriz
          A Praça da matriz de São Francisco de Assis e a Igreja Matriz, são os principais atrativos arquitetônicos da cidade, bem como, a principal referência cultural e religiosa do povo franciscano. A fé em São Francisco de Assis, está presente na cidade desde o século XIX. (fotografia acima de Cristiano Moreira)
          É na matriz que a religiosidade do povo franciscano se manifesta. É um dos mais belos exemplares da arquitetura religiosa do século XX. Destaca a charmosa arquitetura do templo com seus vitrais e ornamentação interior e ainda sua impactante escadaria. (fotografia acima de Joyce Verdeiro/arquivo/Prefeitura Municipal/Setur)
          Completando a beleza da Matriz, uma bela praça, espaçosa e muito bem cuidada e um charmoso e atraente casario, formam um dos mais belos conjuntos urbanos da região. (fotografia acima de Cristiano Moreira)
          Abaixo do adro da Matriz, no meio da escadaria, a gruta de Nossa Senhora da Conceição, é outro atrativo da cidade, lugar de manifestação de fé do povo da cidade e fiéis de outras cidades. (na fotografia acima do Cristiano Moreira, a gruta)
Outros atrativos
          Outro destaque em São Francisco do Glória é o Instituto Nossa Senhora das Graças e a Casa da Cultura, que abriga a Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo da cidade, o Museu da Cidade e a Biblioteca Municipal. Dentre as atividades que acontecem na Casa da Cultura, as exposições fotográficas e as aulas de músicas, são destaques.
          Conheça São Francisco do Glória, uma tradicional e típica cidade mineira. Rica em história, gastronomia, cultura, tradições e belezas naturais. (fotografia acima de Shakal Carlos)
A reportagem teve a colaboração do Cristiano Ribas, Brunno Estevão, Shakal Carlos e da Raissa Lanes, da Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo de São Francisco do Glória MG

sexta-feira, 23 de julho de 2021

São João do Paraiso: a capital do doce de marmelo

(Por Arnaldo Silva) Cidade do Norte de Minas, São João do Paraíso está a 1073 metros de altitude e a 785 km, distante de Belo Horizonte, a 328 de Montes Claros MG e a 220 km de Vitória da Conquista/BA. São 24 mil habitantes no município, vivendo na sede e nos distritos de Mandacarú, Barrinha e Boa Sorte.
          São João do Paraíso faz parte da microrregião do Alto Rio Pardo, fazendo divisa com os municípios de Taiobeiras, Ninheira, Montezuma, Vargem Grande do Rio Pardo, Indaiabira, Berizal, Rio Pardo de Minas e Águas Vermelhas, em Minas Gerais e com Cordeiros, na Bahia. (na foto acima de @dronemoc, a Matriz de São João Batista, já reformada)
Origens de São João do Paraíso
          A cidade tem origem numa fazenda pertencente ao Conde da Ponte, formada no século XVIII, nas terras que anteriormente, eram habitadas por índios da etnia Tapuias.
          Com o passar do tempo, um pequeno vilarejo começou se formar, nesta fazenda, nas proximidades do Rio São João. O pequeno povoado cresceu e em 1833, o vilarejo foi elevado a distrito, com o nome de São João da Raposa, devido à grande presença dessa espécie de mamífero na fazenda. (fotografia acima e abaixo de Márcio Pereira/@dronemoc)
          As terras férteis da região, atraiam sempre retirantes, vindos de várias regiões de Minas Gerais e principalmente da Bahia, fugindo da seca que assolava a região, na última década, do século XIX. As belas paisagens, rios, nascentes e a fertilidade das terras, contrastavam com a dura seca que assolava a região na divisa do Norte de Minas Gerais e Bahia, naquela época. A impressão que os retirantes tinham, era de que estavam chegando a um paraíso.
          Com o crescimento do distrito e a qualidade de suas terras, a Vila torna-se, na época, um importante centro comercial da região. Seu nome foi alterado, ainda nessa época, no final do século XIX. No lugar de raposa, ficou, paraíso, permanecendo o nome São João do Paraíso, até os dias de hoje. Em 1943, o distrito de São João do Paraíso foi elevado à cidade emancipada, com o município sendo instituído em 1.º de janeiro de 1944, data em que se comemora o aniversário da cidade.
Cultura, economia e tradições
          São João do Paraíso é uma típica cidade mineira. Pacata, com casario singelo, cidade limpa e charmosa, com um povo bom, acolhedor, simples e hospitaleiro.
          Como toda cidade do interior de Minas, a Matriz e os eventos religiosos, como Semana Santa, Corpus Christi, Natal, festa do padroeiro, São João Batista, Folia de Reis, dentre outros, são grandes atrativos, movimentando a cidade e atraindo visitantes. Em São João do Paraíso, destaca-se a bela Igreja de São João Batista, ponto de encontro e fé do povo paraisense e um dos mais belos cartões postais da cidade (fotografia acima e abaixo de Márcio Pereira/@dronemoc). 
          Outro destaque da cidade é a preservação tradições culturais e folclóricas, como a fanfarra, a Folia de Reis, as festas juninas, em especial, a feste de São João, padroeiro da cidade, bem como as comemorações do aniversário de emancipação, no dia 1.º de janeiro, com desfiles, shows com bandas regionais, culinária típica e muita alegria.
          Além disso, se destaca pelo talento de seus artesãos e a beleza do artesanato que fazem, suas ruas bem cuidadas, com largos canteiros centrais (na foto acima de Márcio Pereira/@dronemoc). E ainda, a Praça Artur Trancoso, uma das mais belas da região. Arborizada, com jardins bem cuidados e uma bela fonte luminosa, é uma das referências sociais e comercial da cidade, e um dos principais pontos de encontros dos paraisenses. 
          A economia da cidade tem como base o setor de serviços, na agricultura de subsistência e na pecuária. Conta com um comércio variado, com lojas, mercados, hotéis, bares e restaurantes com comida caseira.(fotografia acima de Márcio Pereira/@dronemoc da Praça Arthur Trancoso)
          A extração vegetal, é uma das principais atividades econômicas do município, com destaque para o cultivo do eucalipto, principalmente, carvão vegetal, que abastece várias siderúrgicas mineiras. A cidade é ainda uma grande produtora e exportadora de óleo de eucalipto, matéria para a indústria de medicamentos e cosméticos. São João do Paraíso é considerada a Capital do Óleo de Eucalipto no Brasil.
O marmelo
          O maior destaque da economia de São João do Paraíso, atualmente, é uma planta com origens na Ásia Menor e Sudeste da Europa. É o marmeleiro (Cydonia oblonga), conhecido ainda como Pereira-do-japão, Marmeleiro-da-europa e marmelo, em referência ao seu fruto. Segundo historiadores, a espécie foi introduzida no Brasil pelo português, Martin Afonso de Souza, em 1530, no século XVI. (na foto acima de Renato Ribeiro, os pés do marmeleiro e abaixo, o seu fruto, o marmelo) 
          Seu fruto, o marmelo, é consumido no Brasil cru, em forma de sucos, em sopas e principalmente, em forma de doce, a popular, marmelada. As sementes do marmelo são usadas ainda na medicina popular, por ajudar a combater a diarreia. Vara de galhos de marmelo, era muito popular antigamente, usada como corretivos.
          Plantada inicialmente em São Paulo, no século XVI, se expandiu para a Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, onde a planta passou a ser cultivada em larga escala, a partir do início do século passado.
          Nas cidades de Delfim Moreira e Marmelópolis, no Sul de Minas, principalmente, concentrava-se as maiores plantações de marmeleiro do país, tendo ainda, várias fábricas, nessas duas cidades, como por exemplo, da Cica, em Delfim Moreira, que produziam a famosa marmelada, doce mais consumido no Brasil, no século XX.
          A produção da marmelada nessas cidades e região, começou a entrar em declínio, a partir da década de 1970, limitando hoje, em Marmelópolis, a uma única fábrica de que produz a famosa marmelada.
          Marmelópolis, vem buscando recuperar sua tradição na produção da marmelada, recuperando as antigas plantações de marmeleiros e plantando novas. Mesmo assim, o posto de capital do doce de marmelo, pertence atualmente, à cidade do semiárido mineiro do norte mineiro, São João do Paraíso.
          Segundo dados recentes do IBGE, sobre a Produção Agrícola Municipal (PAN), de cada setor das economias dos municípios brasileiros, São João do Paraíso é o maior produtor do doce de marmelo de Minas Gerais, seguido, por Marmelópolis, no Sul de Minas, em segundo, Itacambira, no Norte de Minas, em terceiro, Novo Cruzeiro, no Vale do Jequitinhonha, em quarto, Serro, no Vale do Jequitinhonha, em quinto, Cachoeira do Pajeú, no Vale do Jequitinhonha, em sexto e Delfim Moreira, no Sul de Minas, em sétimo.
          O marmeleiro e seu fruto, gera emprego e renda às famílias paraisenses. É a principal fonte de renda de cerca de 70 famílias do município, que vivem do plantio, colheita e produção de doce de marmelo.
          Em algumas propriedades, a produção anual é pequena, caseira (na foto acima do Manoel Freitas, a produção caseira do doce de marmelo em São João do Paraíso). Já em outras, a produção é maior, em toneladas. Por ano, são produzidos em média 350 toneladas do doce de marmelo em São João do Paraíso, com cada barra pesando em média 1,7 quilo.
          O doce de marmelo é considerado um doce nobre. É fabricado em São João do Paraíso, basicamente em sua forma artesanal, sem adição de conservantes, com os marmelos, cuidadosamente selecionados, garantindo assim um doce 100% natural. Os doces são vendidos embalados à vácuo e alguns, em palhas de bananeiras, o que garante maior durabilidade e preservação de seu sabor por mais tempo. (fotografia ilustrativa acima de Renato Ribeiro, o doce de marmelo)
          Com a abertura de novos mercados e a volta da popularização doce no Brasil, a tendência é o aumento das áreas plantadas e consequentemente, o aumento gradativo da produção.
          O doce de marmelo é de grande importância para a economia da cidade, que motivou os produtores da iguaria a organizarem-se para criar a Cooperativa dos Produtores de Marmelo de São João do Paraíso (Coopemar). O objetivo, com a fundação da cooperativa, é unir os produtores na busca por melhores rendimentos na produção, bem como melhorar mais ainda a qualidade do produto, buscando melhor qualificação dos produtores de doce de marmelo, dentre outros objetivos.
          Com essa iniciativa, organização e tradição, que a cidade adquiriu na produção do doce de marmelo, São João do Paraíso, vem se destacando no Brasil. A cidade é hoje a principal referência nacional na produção de um dos mais nobres e mais apreciados doces do mundo, o doce de marmelo.

terça-feira, 20 de julho de 2021

São Francisco: a cidade do pôr-do-sol

(Por Arnaldo Silva) São Francisco é uma tradicional cidade mineira, às margens de um dos mais importantes rios brasileiros, o Rio São Francisco, no Norte de Minas. A cidade que herdou o nome do rio e do santo, é uma das mais atraentes e charmosas cidades turísticas de Minas Gerais.
          O Rio São Francisco, além de dar nome à cidade, movimenta o turismo local, bem como, a economia, já que boa parte do sustento das famílias ribeirinhas, vem da pesca, do artesanato e do turismo, que as águas do Velho Chico, propicia. (na foto acima Márcio Pereira/@dronemoc, o Rio São Francisco e a cidade)
Breve história
           A cidade de São Francisco, tem origens na primeira metade do século XIX, com a formação de um povoado na Fazenda Pedras de Cima, de propriedade de Domingos do Prado e Oliveira. (fotografia acima de @dronemoc, o por do sol na cidade)
          O povoado se chamava Pedras de Cima, anos depois, mudou o nome para Pedras dos Angicos, depois para São José das Pedras dos Angicos, mais tarde para São Francisco das Pedras e por fim, em homenagem ao Rio São Francisco, passou a se chamar, em definitivo, São Francisco.
          Em de 5 de novembro de 1877, São Francisco foi elevada à cidade emancipada, sendo hoje, uma das mais importantes cidades ribeirinhas.
A cidade banhada pelo Velho Chico
          São Francisco conta atualmente com cerca de 52.762l habitantes, segundo Censo do IBGE em 2022. É a 4ª maior população do Norte de Minas. O município está a 589 km de Belo Horizonte e faz divisa com Januária, Chapada Gaúcha, Pintópolis, Icaraí de Minas, Luislândia, Brasília de Minas, Japonvar e Pedras de Maria da Cruz. (na foto acima de Márcio Pereira/@dronemoc, o Rio São Francisco, os pescadores e a cidade ao fundo)
          A cidade oferece uma boa qualidade de vida a seus moradores. Sua topografia é plana, e suas ruas, arborizadas, largas e espaçosas. Na cidade podem ser encontradas belas praças, em destaque para a Praça do Centenário, arborizada e com belos jardins e um variado comércio em seu entorno. (na foto acima de Márcio Pereira/@dronemoc) A economia de São Francisco tem como base o turismo, a piscicultura, a agropecuária e reservas naturais, como de gás natural.
          São Francisco oferece com uma boa rede hoteleira e vários restaurantes, que oferecem pratos típicos da culinária mineira, do Cerrado Mineiro e também, pratos feitos com peixes de água doce. (na fotografia acima de Márcio Pereira/@dronemoc, a Rodoviária da cidade)
          Conta ainda com uma boa rede de prestação de serviços, um comércio variado, bons índices de segurança pública, nível educacional muito bom, contando inclusive com cursos superiores e técnicos, além de uma boa estrutura urbana. (na foto acima do @dronemoc, vista parcial da cidade)
          O grande destaque da cidade é o turismo, devido a posição estratégica de São Francisco, às margens do rio São Francisco com o privilégio de contar com as praias que se formam na margem esquerda do rio. (na foto acima, de Márcio Pereira/@dronemoc, o rio e a cidade, em sua margem) Nessa margem, próximo as praias naturais, encontra-se diversos bares, com bebidas e comidas típicas, com diversos pratos e tira gostos, feitos com peixes do Rio São Francisco.
          A cidade guarda ainda relíquias do século XIX, presentes em sua arquitetura, como vários casarões, coloniais como a Casa dos Cassi, construída por escravos e igrejas seculares, com destaque para a Igreja de São Félix, erguida na segunda metade do século XIX. Essa igreja guarda imagens de São Félix e de Santo Antônio, vindas de Portugal. (fotografia acima de Márcio Pereira/@dronemoc)
          Com São José como padroeiro, São Francisco tem na Igreja de São José, datada de 1890, um de seus maiores destaques. Imponente e majestosa, com torre principal de frente para o Rio São Francisco, a Igreja compõe um cenário perfeito, com o Velho Chico. (foto acima e abaixo de Márcio Pereira/@dronemoc)
          A arquitetura da Igreja, o Rio São Francisco e o pôr do sol, formam um triângulo de rara beleza, principalmente na parte da tarde, quando os raios do sol estão mais fortes, refletindo com mais intensidade na torre da Igreja, tornando-a mais atraente e reluzente. Uma espetacular união do símbolo da fé são-franciscano, com as águas do rio e a beleza dourada do fim da tarde e pôr-do-sol.
          São Francisco é conhecida como a cidade do pôr-do-sol. O fim da tarde em São Francisco é considerado um dos maiores espetáculos naturais de Minas Gerais. (fotografia acima e abaixo de Márcio Pereira/@dronemoc)
          “E a famosa cidade de São Francisco, a quem o rio olha com tanto amor”, já dizia Guimarães Rosa, ao admirar a beleza do pôr do sol na cidade. É incrível e um dos pores-do-sol mais fotografados e impressionantes espetáculos naturais de Minas Gerais. E a cidade valoriza esse show da natureza, com pontos de observação. Um desses pontos, é o cruzeiro da Matriz de São José.
          A balsa que faz a travessia diária de uma margem a outra do Rio São Francisco e barcos de pescadores, são atrativos para moradores e turistas, além de restaurantes com comidas típicas, bares pela cidade e clubes de pescas. (fotografia acima de Márcio Pereira/@dronemoc e abaixo de Gilberto Coimbra, a praia pluvial de São Francisco)
          Durante o ano, acontecem vários eventos culturais, folclóricos, agropecuários e religiosos, com destaque para a Semana Santa, Natal, Folia de Reis, a Festa de Santo Antônio, Festa de São Gonçalo e a celebração da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro, dedicado a Padroeira do Brasil. O dia de Nossa Senhora Aparecida, é, atualmente, um dos maiores eventos religiosos da cidade.
          Tem ainda o Carnaval, as micaretas, as festas Juninas e outros eventos populares. Em São Francisco, os principais eventos da cidade são realizados no Parque de Exposições e no “Cimentão”, um enorme espaço aberto, na área central da cidade. (fotografia acima e abaixo de Márcio Pereira/@dronemoc)
          O artesanato é uma das mais antigas tradições da cidade. Feito de forma primitiva, usando apenas matéria prima extraída da natureza, as peças artesanais retratam as crenças e o folclore local.
          O artesanato de São Francisco é uma mescla da arte indígena, africana e portuguesa, preservada em sua origem, com destaque para o artesanato feito na comunidade quilombola Buriti do Meio e as famosas “carrancas”, feitas pelos artesãos que vivem nas comunidades ribeirinhas. 
          São Francisco, carinhosamente chamada de São Chico (na foto acima de Márcio Pereira/@dronemoc) é uma cidade tranquila, seu povo é acolhedor e hospitaleiro. O visitante é bem-vindo. Conheça São Francisco, a cidade te espera de braços abertos!

sábado, 17 de julho de 2021

A Região Queijeira Diamantina

(Por Arnaldo Silva) Minas Gerais conta atualmente com 11 microrregiões queijeiras, reconhecidas pelo Governo Mineiro, com várias queijarias nessas regiões, já regulamentadas, de acordo com as normais sanitárias da Seapa/MG e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
          As queijarias já regulamentadas, recebem o selo de Identidade Geográfica (IG) e o Selo Arte (SA), expedido expedidos pelos órgãos sanitários estaduais e federais. Isso permite a comercialização dos produtos em todo o Estado e também, em todo o Brasil. (fotografia acima de Giselle Oliveira)
          As regiões queijeiras mineiras, reconhecidas pelo Governo de Minas Gerais, como produtoras de queijos artesanais atualmente são: Canastra, Serro, Araxá, Serra do Salitre, Cerrado, Triângulo Mineiro, Campo das Vertentes, Serras da Ibitipoca, Mantiqueira de Minas, Entre Serras da Piedade e Diamantina. 
Regiões queijeiras reconhecidas em Minas
          São onze regiões queijeiras até o momento, tendo ainda outras regiões queijeiras em fase de estudos para serem caracterizadas como regiões queijeiras, para serem reconhecidas oficialmente pelo Estado e órgãos sanitários.. 
          A caracterização de uma região queijeira, indica que os queijos produzidos nessas regiões, passaram minuciosos estudos sobre suas origens e definições dos tipos de queijos que produzem. Os estudos para caracterização de uma região queijeira são feitos por órgãos governamentais, como Emater/MG e Ima.
          Uma microrregião para ser reconhecida como queijeira, produtora de Queijo Minas Artesanal (QMA), pelas autoridades sanitárias e governamentais, tem que comprovar que sua produção é totalmente artesanal, sem uso de maquinários industriais. E ainda, o queijo tem que ser feito com leite cru, pingo, coalho, casca, maturação natural e principalmente, tenha história e tradição familiar, passada por gerações.
Região Queijeira oficial
          Com a comprovação dos quesitos citados acima, Diamantina, (na foto acima de Elvira Nascimento), juntamente com os municípios de Felício dos Santos, Gouveia, Datas, Couto de Magalhães de Minas, Presidente Kubitschek, São Gonçalo do Rio Preto, Senador Modestino Gonçalves e Monjolos, no Vale do Jequitinhonha, foi reconhecida como região queijeira de Minas Gerais.
          Boa parte desses municípios, formavam, no século no XVIII, o então “Distrito Diamantino”, criado em 1734, com o objetivo de organizar a extração a extração do ouro e diamantes.
          O reconhecimento oficial foi anunciado em 29/03/2022, o que beneficiará, diretamente, cerca de 42 produtores d queijos desse região.
          Diamantina, bem como os outros 8 municípios que formam atualmente a região queijeira, vem resgatando nos últimos anos, a antiga tradição da região, na produção artesanal de queijos. E ainda, buscaram e conseguiram o reconhecimento, como  região queijeira.
Apoio da Emater   
          O processo de reconhecimento foi possível, graças ao empenho dos produtores de queijos da região, e principalmente, do escritório da Emater/MG, em Diamantina. (na foto acima da Giselle Oliveira, os queijos e o Mercado Velho de Diamantina)
          A estatal mineira fez o levantamento histórico, com fotos, fatos, depoimentos de moradores antigos, de famílias tradicionais na produção de queijos, bem como reunindo documentos que comprovam que o “Distrito Diamantino”, tem tradição secular e história na produção queijeira, em Minas Gerais.
          Com total apoio e assistência do escritório da Emater/MG, das equipes multidisciplinares da Unidade Regional de Diamantina e da Coordenação Estadual, entregaram um detalhado e minucioso estudo, para comprovar a tradição queijeira da cidade e região. 
          O documento foi encaminhado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e  Abastecimento/Seapa/MG, que aprovou, por meio de portaria expedida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), o reconhecimento de Diamantina, como nova região queijeira de Minas Gerais. 
A base do estudo da Emater 
          O estudo elaborado pela equipe da Emater/MG de Diamantina, teve como base pesquisas sobre a história sobre a origem e tradição queijeira da região, com análises, entrevistas e depoimentos, bem como produções anteriores.
          Uma dessas produções foi o documento elaborado pelo Doutor José Newton Coelho Meneses, professor Associado do Departamento de História, da Universidade Federal de Minas Gerais. O documento chama-se: Queijo Minas Artesanal: Patrimônio Cultural do Brasil (Dossiê Interpretativo - volume 1, 2006). Esse documento foi base, para que o Instituto Histórico do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), reconhecesse, em 2008, o modo artesanal de produção dos queijos da Serra da Canastra, Serra do Salitre e do Serro, como patrimônio imaterial, do Brasil.
A tradição queijeira de Diamantina
          A ligação de Diamantina com queijos, vem desde a fundação do Arraial do Tijuco, em 1713, antigo nome de Diamantina. Na época, o Arraial do Tijuco, era subordinado à Comarca do Serro Frio. Diamantina se tornou cidade emancipada em 6 de março de 1831. Em 1999, foi declarada Patrimônio da Humanidade. (fotografia de Leandro Assis da Queijaria Soberana, com o Passadiço do Glória ao fundo) 
          Com a descoberta dos diamantes e outro em Diamantina, centenas de famílias portuguesas vieram para a região, recém povoada, obviamente, enfrentavam dificuldades em conseguir alimentos, principalmente, azeites, vinhos e queijos, iguarias muito apreciadas pelos portugueses.
          Com a crescente chegada de portugueses à região, trouxeram juntos, gado, galinha, porcos, sementes de plantas diversas, como de uva, oliveiras, arroz, trigo etc., para produção própria.
          Isso devido as dificuldades de encontrar alimentos nas terras recém descobertas e pelas dificuldades de trazer suas iguarias preferidas de Portugal.
          Dificuldades estas causadas pelas longas viagens de navios, da Europa, até o Brasil, bem como a distribuição das mercadorias a seus destinos, na chegada à colônia. 
          Isso, numa época em que o transporte de mercadorias, era feito em carros de bois e por tropeiros. As mercadorias levavam meses para chegarem aos seus destinos.
          Segundo informações presentes no estudo feito pelo escritório da Emater/MG em Diamantina, documentos comprovam a presença de gado bovino no antigo Arraial do Tijuco, nas primeiras décadas do século XVIII. Um desses documentos, datado de 1731, encontrado no Registro de Provisões, Patentes e Sesmarias da Comarca do Serro Frio, a qual o Arraial do Tijuco era subordinado, deixa claro a existência de gado leiteiro na região.
          Nos tempos do Brasil Colônia, queijo era artigo de luxo e caríssimo, fazendo parte, inclusive, de inventários e partilha de bens. Um desses exemplos, relatados no documento de autoria do professor José Newton Coelho Meneses, ocorreu em 1793, no arraial do Tijuco.
          Segundo consta no documento Interpretativo, Dona Anna Perpétua Marcelina da Fonseca, moradora do Arraial do Tijuco, após ficar viúva, incluiu no inventário do marido, bens que tinham e os que foram adquiridos, entre 1793 e 1796. Entre esses bens, grandes quantidades de queijos, curados.
          Outro fato curioso, relatado no documento do Interpretativo, de autoria do professor José Newton Coelho Meneses, envolvendo queijos na região, no século XVIII, relata a existência de queijos trufados.
          Não eram trufados com doces, chocolate ou frutas, e sim, com ouro e diamantes, por contrabandistas. Prática usada para burlar a rigorosa fiscalização da Coroa Portuguesa.
          Sabendo dessa prática, o representante da Coroa na região, o Conde de Valadares, determinou, em 1772, que todos os queijos que passassem pelos postos de fiscalização, chamados de registros de passagens, fossem todos furados pelos fiscais.
Reconhecimento como região queijeira
          Foi assim que Diamantina, na época, arraial do Tijuco, passou a produzir queijos de altitude, no século XVIII, uma das tradições da região, que permanece até os dias de hoje. Com quase 3 séculos de tradição queijeira, os queijos produzidos em Diamantina, adquiriram forma, corpo, textura, sabor e personalidade própria, passando a ser um tipo de queijo único e de características regionais inigualáveis, graças a altitude e seu modo artesanal preservados. São queijos de casca lavada e amarelada e inconfundíveis. (fotografia acima de Leandro Assis)
          O reconhecimento oficial, pelo Estado de Minas Gerais, através das autoridades sanitárias e governamentais, de Diamantina como região queijeira, vem coroar o esforço de várias gerações de famílias queijeiras da região, que preservam o modo artesanal de fazer queijos de altitude. É a valorização e reconhecimento da importância da região como uma das primeiras a produzirem queijos no Brasil.
          Além disso, toda a região será beneficiada com os queijos tendo denominação coletiva, maior valor agregado e atraindo turistas para conhecerem as queijarias, além de novos projetos de divulgação como a união dos produtores de queijos com os produtores de vinhos e cervejas artesanais. Pode surgir com isso a Rota dos Queijos, Vinhos e Cervejas da região, bem como uma festa única, unindo queijos, vinhos e cervejas. 
          Permitirá ainda que as queijarias da região se formalizem, podendo requisitar o selo de Identificação Geográfica (IG), expedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Nacional (INPI), além do Selo Arte, expedido pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que permitirá a comercialização dos produtos em todo o território nacional.

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