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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O encanto da arte da pintura Bauern

(Por Arnaldo Silva) A arte do bauernmalerei (pronuncia-se "bauermalarrái) é uma técnica de pintura que surgiu entre os camponeses austríacos, suíços e alemães da região da Baviera, entre os séculos XVII e XVIII. A palavra bauern, significa camponesa e malerei, pintura. Literalmente, pintura camponesa.
          Os ricos à época contratavam artistas para decorar suas casas e os camponeses, como não podiam contratar artistas, começaram desenhar flores, pássaros, frutas, garrafas e até figuras humanas em seus instrumentos de trabalhos, como foices, enxadas e martelos, já sem uso, para também melhorarem o visual de suas casas. (foto acima e abaixo, arte do artista plástico José Roberto Paula, o Zezim de Barbacena MG)
          O resultado agradou e começaram também a fazer pinturas em armários, pratos, mesas, penteadeiras e principalmente nas portas e janelas da parte frontal de suas casas. Assim seus lares ficavam decorados, coloridos e atraentes. Além disso, o colorido da arte contrastava com o branco da neve, dando mais vida e cor aos vilarejos nos dias de inverno rigoroso, principalmente no Natal.
          Com o passar do tempo, essa arte ficou restrita aos camponeses locais, voltando a se popularizar novamente em meados do século XX, mais por necessidade, que por arte. (na foto acima, pintura bauer em madeira, em Monte Verde MG, Sul de Minas. Abaixo trabalho do artista plástico Rui de Paula de Jaboticatubas em pote de barro)
          Foi após a Segunda Guerra Mundial, na Alemanha, que a arte foi retomada. Naquela época, o país tinha sido arrasado pela guerra, com destroços espalhados por todos os cantos. (na foto abaixo, de Mônica Milev, arte bauern em banco de praça em Monte Verde MG)
          Foram justamente esses destroços que serviram de inspiração aos camponeses e moradores das cidades alemãs. Reviveram as técnicas da arte baermmalerei, começando a fazer desenhos em peças retiradas de escombros ou mesmo em antiguidades que tinham ou encontravam pelo caminho, como os velhos ferros de passar roupas, caldeirões de ferro, etc. Esses trabalhos eram vendidos, e por muito tempo, foram a fonte de renda de muitas famílias que iniciaram a reconstrução de suas vidas, no pós-guerra (abaixo trabalho do artista plástico Robson Neves de Sabará MG em latões de leite)
          Àquela época, as dificuldades econômicas provocadas pela Segunda Guerra Mundial, assolava quase toda a Europa, tendo sido essa arte de grande importância para um país que necessitava se recuperar economicamente.
          A arte Bauernmalerei, ajudou a melhorar a alto estima do povo desses países, principalmente dos alemães, melhorando a aparência de suas casas, ruas e bairros, bem como ajudando na subsistência de famílias, num tempo em que a Alemanha e toda a Europa, estava em reconstrução, no pós-guerra e as condições de sobrevivência eram bem difíceis. (na foto abaixo, trabalho do artista plástico José Roberto Paulo de Barbacena MG num CD)
A arte surgiu do povo, se popularizou, expandindo para fora do continente europeu, chegando nas Américas. No Brasil e em Minas Gerais, artistas se inspiraram na arte bauermmalerei e começaram a pintar temas diversos fazendo suas próprias leituras, incorporando elementos da  nossa cultura, história e tradições aos estilo da técnica. Assim surgem cenas rurais e religiosas pintadas em ferros a brasa, enxadas, CD´s, padrões de energia, foices, penteadeiras, caldeirões, latões, pedaços de madeira, bancos de praças, em telhas, etc., com interpretações tipicamente e cenas regionais 

domingo, 6 de novembro de 2016

Retrô Tour pela orla da Lagoa da Pampulha

          O Pampulha Retrô Tour conta com uma jardineira Chevrolet de 1957, faz o trajeto de 18 km em torno da orla da Lagoa da Pampulha, cartão postal de Belo Horizonte. Foi lançado em 2016 pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Belotur, a Associação Cultural dos Amigos do Museu de Arte da Pampulha (AMAP) e o Instituto Cultural Artigos e Carros de Época (Museu de Objetos e Veículos Antigos – MOVA). 
          A jardineira (na foto acima de Elvira Nascimento) leva o público aos principais atrativos turísticos da Pampulha, entre eles a Igrejinha São Francisco de Assis, o Museu de Arte da Pampulha, a Casa do Baile e o Iate Tênis Clube, que compõem o Conjunto Moderno da Pampulha, condecorado como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. É uma volta ao passado, relembrando a bela época do glamour belo-horizontino dos anos 1940.
Informações:
- A jardineira só sai com pelo menos 5 passageiros, portanto, não tem horário fixo. Em dias de chuva, não circula.
- O percurso da Jardineira é de 18 km ao redor da Lagoa da Pampulha. O passageiro tem direito a 4 embarques/desembarques ao longo do trajeto. O tempo de duração do percurso sem paradas é de 1 hora.
- Não há paradas guiadas pelos equipamentos turísticos, mas o passageiro pode desembarcar para fazer a visita e 1 hora depois embarcar novamente para continuar o roteiro.
- O início e término está localizado ao lado da Igrejinha de São Francisco de Assis, mas os embarques e desembarques podem ser feitos por todo o percurso.
- Cobra-se por pessoa, sendo que criança até 7 anos (no colo de um adulto) não paga. (consulte o preço antes)
- A Jardineira funciona somente aos sábados, domingos e feriados de 10 às 17 horas. 

Mais informações e reservas: horário comercial com Alessandra (31) 3482-2739. Plantão aos sábados e domingos: Jeferson (31) 98839-9796; Laura (31) 99234-1380 ou Carolina (31) 99239-2395

São Lourenço e o Parque das Águas

(Por Arnaldo Silva) No Sul de Minas Gerais, a cidade de São Lourenço se destaca pelo seu charme, culinária, beleza arquitetônica e suas águas, famosas por suas propriedades medicinais e terapêuticas. 
          A cidade é um convite para o descanso e momentos em família, dotada de uma excelente estrutura para receber os visitantes. Conta com ótimos restaurantes, bares aconchegantes, possuindo ainda o 2º maior parque hoteleiro do Estado, com hotéis e pousadas para todos os gostos e bolsos. (na fotografia acima do Fabiano Pupo, o Parque das Águas de São Lourenço)
          São Lourenço conta hoje com 45 mil habitantes. No sopé da Serra da Mantiqueira, as belezas naturais e a beleza arquitetônica da cidade são atrativos a mais, além das suas águas medicinais e terapêuticas. (na fotografia acima de Thelmo Lins, o Hotel Bavária)
          O clima ameno, exceto no inverno, onde o frio costuma ser bem rigoroso, com temperaturas negativas. Se o inverno é muito frio, seu povo esbanja calor humano e recebe muito bem os visitantes. É uma das mais importantes cidades turísticas de Minas Gerais. (fotografia acima de Márcia Maria)
Atrativos turísticos
          Como atrativos principais, São Lourenço oferece um passeio pelo Trem das Águas, que sai da charmosa Estação de São Lourenço, num trajeto de 12 km até a pacata Soledade de Minas, numa charmosa Maria-fumaça de 1925, construída em estilo inglês. (na foto acima do PauloZaca) 
          O município está na Rota dos Cafés Especiais, sendo esse um dos atrativos para os visitantes. A cidade oferece passeios guiados a fazendas centenárias da região, oportunidade que os visitantes têm de conhecer os cafezais, colher café e tomar um café feito na hora. (foto abaixo de Thelmo Lins)
          Tem ainda seu artesanato, as lojas do centro com uma variedade enorme de produtos e lembranças, além da culinária e da gastronomia local como queijos, bebidas e seus doces, que são famosos na região, podendo ser encontrados também no Mercado Municipal e nas feiras livres em praças da cidade. 
          Chama atenção ainda o Templo da Eubiose e a Igreja de São Lourenço (na foto acima de Thelmo Lins). Para quem gosta da vida no campo, a dica é o Sítio Lagoa Seca. Outra dica é a Quinta do Cedro e a Rampa de voo livre da Fazenda Santa Helena e o Center Kart, espaço que oferece pista de corrida, arvorismo, paintball e escalada. 
          Pra quem gosta de agito noturno a dica são os atraentes e aconchegantes bares e restaurantes do Calçadão, no Centro da cidade. Nas sextas, sábados e domingos a dica é fazer sobre sobrevoos de balão por São Lourenço e região.           
          O passeio começa logo de manhã, ao nascer do sol. O voo dura em média 1 hora, a 500 metros de altura. Esse passeio é emocionante, com vistas espetaculares. 
          A Serra da Mantiqueira do alto é impressionante, em tudo. É um passeio imperdível. (na foto acima de Paulo Santos, o Portal de entrada da cidade)
          Além do sobrevoo de balão, o visitante pode ainda sobrevoar a região de avião, já que na cidade, existe um aeroporto que disponibiliza voos panorâmicos de terça a domingo, das 9 h às 18 h. Tanto o sobrevoo de balão e de avião, depende do clima de momento. (fotografia acima de Sônia Fraga)
O Parque das Águas
          O grande atrativo de São Lourenço é sem dúvida do Parque das Águas. Atualmente é administrado pela Minalba Brasil, empresa que capta, engarrafa e distribui a água de São Lourenço para todo o país e também para o exterior, cuidando ainda de toda a estrutura do parque.  
          São 430 mil metros quadrados de área com jardins, alamedas, Ilha dos Amores, lago com 90 mil metros, florestas, pedalinhos e barcos, além de sete fontes de águas minerais com propriedades medicinais e terapêuticas. (fotografia acima de Fernando Campanella)
          Uma nova área foi anexada ao parque, sendo denominada de Parque II, ligado ao Parque por um túnel subterrâneo sobre a Rua Saturnino da Veiga. A área nova é voltada para a prática de esportes, contando ainda com quatro duchas de água mineral sulfurosa, teatro ao ar livre, quadras esportivas, espaço para caminhadas e passeios de bicicletas. 
          O Parque das Águas de São Lourenço é lugar ideal para casais em lua de mel, famílias e grupos da Terceira Idade. No parque, encontra-se o balneário, que fica ao lado do lago, todo equipado com aparelhagem de fisioterapia, oferecendo hidratação e limpeza de pele, duchas escocesas, banho turco, aplicação de infravermelho e sauna. (foto acima de Thelmo Lins)
          Para problemas de hipertensão arterial, arritmia, insuficiência cardíaca, artrite e outras doenças, são indicadas os banhos com águas carbogasosas. 
          O visitante tem orientação dos tipos de águas existentes, bem como suas indicações e ainda contraindicações, já que dependendo da pessoa, certos tipos de tratamentos devem ser feitos com recomendações médicas. 
          Essa é São Lourenço (na foto acima de Gislene Ras), uma das mais importantes cidades turísticas de Minas Gerais que te espera para visita. Distante 400 km de Belo Horizonte, pela BR-381. A 327 km de São Paulo pela Rodovia Fernão Dias (381) e a 280 km do Rio de Janeiro, via BR-354 e BR-116.

sábado, 5 de novembro de 2016

A Praça da Liberdade em Belo Horizonte

(Por Arnaldo Silva) A povoação onde é hoje, Belo Horizonte, teve início a partir de 1701, com a chegada do bandeirante, João Leite Ortiz. Fazendas começaram a ser formadas, usando o trabalho escravo, a partir da chegada do bandeirante. Em 1707 era fundado um pequeno arraial, denominado de Curral Del Rey, subordinado a Comarca de Sabará.
          Com a instalação da nova capital, no Curral Del Rei, a partir de 1897, este nome permaneceu por pouco tempo. Rodeada por montanhas alterosas e um vasto e belo horizonte, a nova capital mineira passou a se chamar, oficialmente, Belo Horizonte, a partir de 1901, em alusão a beleza de seu horizonte.
Um refúgio belo-horizontino
          Estar na Praça da Liberdade em Belo Horizonte, é como voltar ao tempo e reviver os áureos tempos do ecletismo, que marcou a arquitetura e o paisagismo da capital mineira no início do século XX, já que todo o conjunto arquitetônico da praça é preservado e guarda as emoções e lembranças do período nascente da capital mineira. (fotografia acima de Nacip Gômez)
          Jardins, fontes luminosas, coreto, tranquilidade e uma beleza de encher os olhos, onde casais enamorados se encontram, amigos batem papo enquanto fazem caminhadas e famílias revivem os velhos piqueniques nos gramados da praça. É o cartão postal dos belo-horizontinos que atrai pessoas de todas as idades, de várias partes da capital e quem vem à cidade visitar, nunca deixa de ir à Praça da Liberdade para conhecer uma das mais belas e tradicionais praças do Brasil.
A origem do nome
          O nome dado à praça, é uma incógnita pois não existe nenhuma informação oficial ou documento acerca da escolha do nome Praça da Liberdade. Ao menos, eu não encontrei em minhas pesquisas, estudos e entrevistas que fiz, quando produzi essa matéria, em 2016.
          Encontrei algumas explicações orais, como a de que Praça da Liberdade tem origem na vocação natural mineira de lutar pela liberdade, desde os primeiros tempos da colonização do nosso território,  como a Guerra dos Emboabas (1708/1709), a Sedição de Filipe dos Santos em Vila Rica (1720), A Inconfidência Mineira (1789), a Independência do Brasil (1822), as Revoltas Liberais de 1842, etc. 
          Outra explicação, que encontrei veio de remanescentes de antigos quilombos na região.
          No que é hoje a Capital Mineira e Região Metropolitana, era formado por fazendas desde o século XVIII. Em sua maioria, nessas fazendas eram usadas mão de obra escrava.
          Na década de 1980, conheci um antigo morador do Barreiro de Cima, em Belo Horizonte, região que fui criado. 
          Segundo me contava o velho morador, muito lúcido por sinal, numa colina aplainada, localizada na parte mais alta do antigo Curral Del Rei, ex-escravos, que conseguiram sua liberdade.
          Livres, se encontravam nessa colina de campos baixos, para se unirem e comprarem a liberdade de outros irmãos cativos. O ponto de encontro dos ex cativos passou a ser conhecido por Liberdade.
          Com o passar do tempo, após a Abolição da Escravidão, em 1888, o lugar passou a se popularizar como Liberdade, segundo me relatava o velho ancião.
          Quando da criação da nova capital mineira, tendo a parte alta da futura cidade, escolhida para abrigar a sede do governo, mantiveram o nome, quando construíram o que é hoje a Praça da Liberdade.
          Ao produzir a matéria e não encontrando nenhuma informação oficial acerca da origem do nome da Praça da Liberdade, lembrei-me desse relato, que conhecia, desde essa época.
          Como nossa história sempre foi contata pela aristocracia, os feitos e atividades das camadas populares ficavam no anonimato e quando eram lembradas, simplesmente eram ignoradas a origem.
Portanto, essa informação que passo não é oficial e nem tem documentação que comprove a veracidade ou não, apenas tradição oral.
          De 2016, até os dias de hoje, mesmo com intensas pesquisas, não encontrei a informação oficial da origem do nome da Praça da Liberdade. Mesmo assim, continuarei a pesquisa e caso encontre a informação oficial e documentada, atualizarei a matéria.
A história da construção da Praça da Liberdade
          Construída no início da fundação de Belo Horizonte, entre os anos de 1895 e 1857, a praça ficava exatamente no centro da nova cidade, segundo projeto arquitetônico original da época. (na imagem acima, a Praça da Liberdade em 1910/Acervo Prefeitura de Belo Horizonte) Na praça foram construídos o Palácio do Governo de Minas, bem como os prédios das secretarias de Estado, com arquitetura inspirada no ecletismo, estilo que surgiu na Europa e com grande influência na arquitetura francesa. Este estilo misturava os estilos barroco, gótico medieval, clássicos e elementos neoclássicos, criando assim arquiteturas marcantes e impressionantes, principalmente para a época, hoje de grande valor cultural e histórico. 
          A partir da década de 1950, novos prédios foram construídos no entorno da praça, já no estilo moderno, da época, passando a incorporar ao conjunto arquitetônico da praça como o Edifício Niemeyer (na foto acima e abaixo de Nacip Gômez) e a Biblioteca Pública Luiz de Bessa, projetos do arquiteto Oscar Niemeyer. 
          Na década de 1980 foi construído o prédio onde funciona hoje o Museu das Minas e do Metal. Quando de sua inauguração, foi chamado de Rainha da Sucata, sendo hoje um dos mais belos do entorno da praça.
A Praça da Liberdade hoje
          Com a mudança da sede do Governo de Minas para o Palácio Tiradentes em 2010, os prédios que antes abrigavam secretarias de Estado, passaram a ter finalidades culturais e artísticas, tendo sido criado o Circuito Cultural Praça da Liberdade composto pelo Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte, o Espaço do Conhecimento UFMG, em parceria com a UFMG; o Museu das Minas e do Metal, em parceria com a Gerdau; o Memorial Minas Gerais, com patrocínio da Vale e o Centro de Arte Popular, da Cemig; a Casa Fiat de Cultura, em parceria com a FIAT; o Centro de Formação Artística, em parceria com a Fundação Clóvis Salgado, o Horizonte SEBRAE, em parceria com o SEBRAE. (fotografia acima de Nacip Gômez e na foto abaixo de Wilson Paulo Braz/@paulobraz10, a fonte luminosa)
          Ainda integram o complexo cultural, outros quatro espaços públicos que passaram por recente processo de revitalização: o Palácio da Liberdade, a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, o Arquivo Público Mineiro e o Museu Mineiro. Recentemente incorporou ao Circuito as instalações do BDMG Cultural.
Feira Hippie
          Até o início da década de 1990, funcionava na Praça da Liberdade a Feira Hippie. A feira surgiu em Belo Horizonte em 1969 (na foto acima, sem autoria identificada até o momento) , no auge do movimento hippie pelo mundo, quando artistas plásticos mineiros resolveram expor seus trabalhos na praça. 
          O movimento foi crescendo em número de expositores e público presente, ao longo dos anos, sendo uma das maiores referências em cultura, arte e artesanato popular de Belo Horizonte.
          O crescimento foi tão grande que para preservar a praça e os jardins, devido ao enorme número de pessoas expondo e transitando pela praça nos dias de feira, que causava constantes danos aos jardins e árvores da praça, foi decidido mudar o local da feira para a Avenida Afonso Pena, com o nome de Feira de Artes e Artesanato de Belo Horizonte. Na Avenida Afonso Pena, a Feira permanece até os dias de hoje, sempre aos domingos. 
O mais antigo semáforo de Belo Horizonte
          Na Praça da Liberdade, entre a praça e a Avenida João Pinheiro, um semáforo em estilo inglês passa despercebido hoje pra muita gente, mas antigamente não. (foto acima de Nacip Gômez) Foi o primeiro semáforo da capital mineira, instalado no local em 1929, quando ainda o nome do que chamamos semáforos hoje, era pisca-pisca. É uma das relíquias da Praça da Liberdade, fica exatamente na entrada da alameda das palmeiras.
Jardins da Praça da Liberdade
          Os jardins da Praça da Liberdade foram inspirados nos jardins do Palácio de Versalhes, na França. Ipês roxos, rosas, amarelos e brancos são destaques, bem como roseiras, hortênsias, canas da índia e lírios, dão vida, cor e alegria à praça. Palmeiras imperiais e tipuanas margeiam a alameda que dá de frente para o Palácio da Liberdade, antiga sede do Governo de Minas. (foto acima de Wilson Paulo Braz/@paulobraz10) 
          Essa espécie de palmeira tem origem africana, foi introduzida no Brasil por Dom João VI, em 1809, sendo plantada pelo próprio regente, no que é hoje, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro e expandida para todo o Brasil. A espécie tornou-se símbolo do Império brasileiro e passou a ser chamado de Palmeira Imperial, hoje, presente praticamente em todas as cidades brasileiras, ornamentando ruas e praças. (fotografia acima de Wilson Paulo Braz)
Coreto
          O coreto da Praça da Liberdade (na foto acima de Leandro Leal) foi construído em 1923 pelo espanhol Aquelino Edreira Seara, num tempo em que os coretos existiam em todas as praças das nossas cidades e usados como palco para apresentação de bandas locais e solenidades religiosas e políticas. Na capital não foi diferente. O coreto da Praça da Liberdade já foi palco de apresentações artísticas e musicais ao longo de sua existência e várias autoridades da figura política mineira e brasileira, discursaram para os mineiros no coreto, como os ex-presidentes Jânio Quadros e Juscelino Kubistchek. (foto abaixo de Wilson Paulo Braz)
          Em dois de junho de 1977, todo o conjunto arquitetônico e paisagístico da Praça da Liberdade foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG), preservando assim um dos mais importantes patrimônios culturais, arquitetônicos e paisagísticos da capital mineira e do Estado de Minas Gerais.

domingo, 30 de outubro de 2016

Receita de Caipirinha de Jabuticaba

INGREDIENTES
. 15 jabuticabas grandes
. 1 colher de sobremesa de açúcar (a jabuticaba é muito doce)
. 1 dose de Cachaça
. Pedras de gelo

MODO DE PREPARO
- Coloque no copo a jabuticaba e o açúcar e macere bastante.
- Em seguida gelo até encher o copo.
- Depois, cubra-o com a cachaça
- Caso queira, coloque mais gelo.
- Mexa bem, de baixo para cima, até misturar completamente a jabuticaba e o açúcar com a cachaça e sirva.

Fotografia do Restaurante & Alambique Jotapé em Pompéu, distrito de Sabará MG

domingo, 23 de outubro de 2016

10 coisas que só mineiro fala, entende e vê.

(Por Arnaldo Silva) O jeito mineiro de falar, seu jeito simples e sua forma de se expressar antigamente está presente ainda hoje e esse jeito de falar é forte nos rincões de nosso sertão. 
          Nas cidade está sempre presente, esteja onde estiver. Conheça algumas dessas expressões. É jeito mesmo, é opção pela simplicidade. É o jeito mais puro e gostoso de falar e se expressar. 
          Esse jeito de falar todo errado não existe mais, pensam alguns que não conhecem Minas e nem as tradições orais regionais. Nos sertões de Minas, o sotaque e as formas erradas de falar continuam, com ou sem estudo, porque simplesmente, gostamos. Como diz um velho ditado "istudo nóis temo, nós fala errado pruque querêmo". 
          Quem ignora o mineirês, dizendo que o mineiro não fala assim, que isso é coisa do passado, ignora por completo a realidade de nossas cidades, as formas de falar de cada região e a cultura natural do sertanejo  Segue 10 expressões de nosso mineirês. Vejam:
01 - Todo mineiro ama Minas e ser mineiro
02 - Quem ama Minas, ama tudo isso!
03 - Assim fica fácil para todo mineiro entender o sinal de trânsito
03 - O mineirês tem que ser completo.
 4 - Mineiro é fácil de ser identificado.
05 - É desse jeito mesmo
06 - Esse trem é bom demais!
07 -  Agora você vai entender tudo direitinho!
 08 -  Isso é Minas. Bom mesmo é falar!
09 - Isso é bom demais!
10 - Isso mesmo, nosso uai, é o nosso uai. Não é sô?

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A história da cozinha mineira

(Por Arnaldo Silva) Poucos lugares do mundo tem uma cozinha tão variada e diversificada como a cozinha mineira. São dezenas de pratos criado ao longo de três séculos, tendo como base a carne de porco e galinha, frutas nativas, legumes, folhagens, milho, mandioca, hortaliças e leite, que dão cor, vida, sabor e identidade à cozinha de Minas Gerais. 
          Difícil falar de Minas sem falar da sua cozinha e seus pratos. São receitas guardadas e preservadas há mais de 300 anos. São receitas que surgiram da necessidade de alimentos, numa terra recém povoada. São sabores, saberes e fazeres que vieram das senzalas, tabas indígenas e da cozinha europeia, principalmente portuguesa.  Destaca-se na nossa cozinha, o angu, o feijão tropeiro, frango com quiabo, o doce de leite, a goiabada, os licores, o queijo e o pão de queijo, dentre outras tantas delícias. (foto acima de Chico do Vale, de Viçosa MG e abaixo de Lourdinha Vieira em Mendonça, distrito de Veredinha MG, Vale do Jequitinhonha)
          A formação da identidade gastronômica mineira começou no final do século XVII, com a descoberta de ouro e diamante em Minas Gerais. A partir dessa descoberta, gente de todas as regiões do Brasil e do mundo começaram a chegar à Minas Gerais, em busca das nossas riquezas. (foto abaixo da cozinha da Fazendinha da Regina/@reginasfarm)
          Difícil falar de Minas sem falar da sua cozinha e seus pratos. São receitas guardadas e preservadas há mais de 300 anos, surgindo e se desenvolvimento ao longo desses três séculos, saindo dos quintais, para as mesas mais sofisticadas. Destaca-se na nossa cozinha, o angu, o feijão tropeiro, frango com quiabo, o doce de leite, a goiabada, os licores, o queijo e o pão de queijo, dentre outras tantas delícias. 
          A formação da identidade gastronômica mineira começou no final do século XVII, com a descoberta de ouro e diamante em Minas Gerais. A partir dessa descoberta, gente de todas as regiões do Brasil e do mundo começaram a chegar à Minas Gerais, em busca das nossas riquezas.
          Primeiro foram os bandeirantes, de maioria portuguesa e portugueses, que deixaram a Europa para e atravessaram o Atlântico, atraídos pela possibilidade de se enriquecerem com exploração mineral. 

          Trouxeram também junto, seus conhecimentos culinários, principalmente na arte de fazer doces como a ambrosia, o doce de figo, chás, licores, vinhos, pratos salgados, queijos finos. etc. Trouxeram também porcos e galinhas, garantindo assim gordura, carne e ovos na Colônia. (foto abaixo de Clésio Moreira em Florestal MG)
          Os portugueses navegantes, em suas idas e vindas ao Oriente, Índia e a África, trouxeram vários alimentos, especiarias, e sementes de plantas para Minas, como o quiabo, por exemplo, que é de origem chinesa. Veio de Macau, Colônia portuguesa na Ásia, hoje pertencente à China. Da Ásia também veio também, a manga e o arroz, por exemplos e da África, os portugueses trouxeram o jiló e outras plantas como camomila, alcachofra, erva-doce, gengibre, dentre outras. Da Índia, uma infinidade de especiarias e condimentos como pimenta, cominho, canela, cravo, dentre outras tantas, que enriqueceram nossa culinária. 
          Os portugueses trouxeram ainda para Minas Gerais técnicas de fazer fogão a lenha e forno de barro mais atraentes e eficientes, menos rudimentares dos que existiam no século XVIII.
          Do Velho Continente vieram também em busca do ouro, franceses, ingleses, italianos, holandeses, espanhóis e alemães para Minas Gerais, mesmo que em menor escala, mas vieram e deixaram um pouco de sua cultura, principalmente gastronômica.
          Com os portugueses vieram centenas de milhares de escravos para trabalharem na extração do ouro. A África deixou sua tradição gastronômica na nossa cozinha, bem como os índios aqui viviam. Das aldeias saiu o hábito de comer batata doce, adoçar bebidas com mel de abelhas, comer milho e mandioca. Do milho surgiu o fubá, dando origem a mingau de milho verde, a pamonha, além claro, do fubá, que originou o nosso famoso bolo de fubá assado na brasa e outras quitandas. Da mandioca surgiu a farinha, indispensável em nossas farofas e no Feijão Tropeiro, por exemplo e o polvilho, ingrediente que deu origem a uma das nossas maiores identidades gastronômicas, o pão de queijo
          Do Rio de Janeiro, do porto de Paraty, chegavam gado, porcos, galinhas, sementes, alimentos, produtos agrícolas, até material de construção, já que a região ainda estava em povoamento. O porto de Paraty era o local mais próximo de Minas Gerais na época, e por isso foi largamente usado para o embarque e desembarque de mercadorias, vindas das principais regiões mineradoras na época, que eram Mariana, Ouro Preto, Sabará, Pitangui, Diamantina, Tiradentes e outras tantas. Foi através do Rio de Janeiro que chegou à Minas sementes de café, por exemplo, trazidas pelos portugueses. (foto abaixo de Luis Leite em Desemboque MG) 

          Tudo que chegava no porto de Paraty, seguia para a Minas Gerais, em carro de bois, pela Estrada Real ou em mulas, trazidas pelos tropeiros.  Eram semanas de viagens e com os tropeiros, viajando pelo sertão mineiro, surgiu pratos hoje típicos da nossa culinária, como a Vaca Atolada e o Feijão Tropeiro. Tanto em carros de bois, quando em mulas, vinham mercadorias como panelas, pratos, talheres, azulejos, pedras para calçamentos de ruas, comidas, bebidas, sementes e outras coisas necessárias na época. Vinham com alimentos, sementes, pedras e voltavam pela mesma estrada, com ouro. Eram dezenas de carros de bois indo e vindo, todos fazendo o trajeto tipo comboio.
          Pelo porto de Paraty chegavam ao Brasil também escravos e logo eram enviados para Minas Gerais. Das senzalas mineiras saíram boa parte da nossa culinária. Bolos, doces e pratos diversos eram preparados nas senzalas e cozinhas dos casarões, com receitas ensinadas pelas sinhazinhas. Muitas dessas receitas foram aprimoradas pelas escravas e em boa parte, elas mesmas criavam, usando seus conhecimentos trazidos da África, aproveitando folhagens como taioba, couve, raízes como cará, mandioca, batata doce, hortaliças diversas, frutas nativas com a jabuticaba, goiaba, dentre outras e preparando e criando pratos e combinações interessantes como queijo com doce de leite e queijo com goiabada.
          No auge do Ciclo do Ouro, não vieram para Minas apenas bandeirantes e imigrantes europeus. Veio gente de todo o Brasil, como por exemplo, do Norte do país e muitos fazendeiros do Nordeste, que trouxeram gado de corte e de leite, mudas de cana-de-açúcar e a técnica de fazer cachaça e rapadura. Da região Sul do país, vieram tropeiros gaúchos e mascates de Santa Catarina e Paraná, que traziam mercadorias e a maioria desses, ficavam por aqui, atraídos pela rápida riqueza que o ouro proporcionava, deixando também um pouco de suas culturas e tradições.
          Foram centenas de milhares de pessoas que vieram para Minas desde a descoberta do ouro, que contribuíram para a identidade gastronômica de Minas Gerais. A contribuição dos imigrantes e migrantes não foi não apenas na culinária. Vieram também carpinteiros, alfaiates, marceneiros, escultures, pintores, artistas, professores, músicos, arquitetos, advogados, construtores, engenheiros, doutores, médicos, militares, escritores e outros tantos profissionais liberais formados nas melhores universidades da Europa na época, que contribuíram em muito para a formação da identidade cultural e social de Minas Gerais.
          Muita gente diz que em Minas está um pouco de cada canto do Brasil. O Estado é um misto de cultura, tradições, folclore solidificado em uma só identidade e um só povo, com cultura, gastronomia, arte, arquitetura, religiosidade e sotaque, que formaram a identidade mineira, tendo como base interativa para esta formação, a riqueza mineral do seu subsolo.
          Por isso Minas Gerais é um estado único, com identidade própria. Identidade formada em torno da riqueza do ouro e da interação com povos de diferentes regiões e países que vieram para o Estado nos séculos XVIII e XIX.
          Além da formação social, cultural e religiosa que essa interação e absorção ao longo dos séculos promoveu, todos esses povos que vieram para Minas Gerais, além dos índios que aqui viviam, contribuíram para a formação da identidade gastronômica mineira. (foto abaixo de Luis Leite em Vargem Bonita MG)

          Trouxeram suas experiências e receitas, aqui receberam novos ingredientes e novos modos de preparos, criando novas receitas, dando origem assim a dezenas de pratos que caracterizam a gastronomia do Estado de Minas Gerais. Um desses exemplo é o queijo, com a receita ensinada pelos portugueses e bandeirantes, tendo como base os queijos portugueses ou mesmo franceses. Aqui, o clima, a pastagem, o manejo do gado e as técnicas desenvolvidas pelo mineiro, criou um queijo próprio, o queijo de Minas, um dos melhores do mundo.
          Numa região recém povoada, a busca por preparar condições para ter comida era uma necessidade e dessa necessidade foi se desenvolvendo nossa culinária e estilo próprio de nossa cozinha, bem como nossos costumes, que permanecem até hoje. Minas surgiu em torno da riqueza mineral e da riqueza alimentar. Hoje o nosso ouro não sai mais das profundezas das minas, mas sim dos quintais e pomares mineiros. A nossa maior riqueza hoje é a nossa culinária, a nossa cozinha, o nosso queijo, o nosso fogão, o nosso forno, principalmente o nosso café. (foto abaixo de Chico do Vale)
           Mineiro adora café e visitas. O melhor lugar da casa é a cozinha. Coar um café na hora, no coador de pano e no fogão a lenha. Além do almoço e do jantar que tem que ter arroz, feijão, angu, linguiça, galinha ou carne de boi e porco na lata e uma mistura, de preferência quiabo, couve, taioba ou jiló e depois do jantar uma dose de licor ou cachaça.
          Café são pelo menos vezes ao dia ou mais. E olha que é não o cafezinho que está pensando. Tem bolo, broa, biscoito, pão de queijo, queijo e até doce e pamonha no café. O primeiro é logo pela manhã, bem cedinho. O segundo por volta das 9 da manhã, outro a tarde e se tiver queijo ou pão de queijo, toma mais um café a noitinha, antes de dormir. Sem contar os licores, sucos, frutas de época como jabuticaba, goiaba, rapadura, etc., nas horas intermediárias.
          Por isso que sala de mineiro é cozinha e uma boa prosa sentado à beira do fogão a lenha com café aquecido na chapa do fogão, mandioca e batata doce assando na brasa, ouvindo o tilintar das chamas e vendo a fumaça defumar os queijos e linguiças sobre uma tábua, acima, pendurada no teto. (foto acima de Arnaldo Silva em Leandro Ferreira MG)
          Assim é o mineiro desde os tempos da povoação em nosso território. Esse é o ser mineiro, formado pela interação e cultura de vários povos, integradas numa cultura só, formando um único povo e um povo único.

domingo, 9 de outubro de 2016

A tramela, o trinco e a cerca de bambu

(Por Arnaldo Silva) Era uma vez um pais onde todos viviam tranquilamente em casas que não tinham muros, nem cerca elétrica, nem cães ferozes, nem seguranças, alarmes, correntes, cadeados nem existia.
          As cercas eram de bambu ou com trepadeiras. Ora-pro-nobis estava presente nas cercas das casas. Portas e janelas eram de madeiras e a única segurança eram as tramelas ou taramelas, para alguns. As vezes usavam trincos.
          E ninguém se preocupava com nada. Nem em fechar as casas, quando tinham que sair, era preocupação. Boa parte ficava aberta, caso chegasse visitas, para que ela entrasse e esperasse dentro de casa.
          Na mesa sempre tinha biscoitos, queijos, bolos e na chapa quente do do fogão à lenha, o bule com café prontinho, desse jeito que vê na foto do Juarez Teixeira acima. Seria uma desfeita chegar visitas e não ter o que comer em casa.
          Muro não existia. O que protegia as casas eram cercas de bambu, desse jeito que vê acima na foto do Fernando Campanella. Servia apenas para evitar que animais entrassem nos quintais. Só pra isso. 
          Quando a mãe e o pai resolviam visitar os compadres e comadres, arrumavam a gente e iam todos na charrete ou mesmo a pé. Se a casa tivesse chaves, nem levavam. Trancavam somente para evitar que as galinhas entrassem. A chave ficava pendurada na porta mesmo, como vê na foto acima do Paulo Santos ou num buraquinho perto do batente da porta.
          Ninguém se preocupava com nada. A vida era calma, tranquila, bem sossegada. Viver era seguro naqueles tempos. Isso foi nos tempos de nossos pais e avós.

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