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quarta-feira, 23 de outubro de 2024

A importância das abelhas para a alimentação e meio ambiente

(Por Arnaldo Silva) Cerca de 90% das espécies de plantas existentes no mundo dependem da polinização que pode ser feita pelo vento e água (anemofilia) e a mais comum (etomofilia) que é a feita por morcegos, algumas espécies de pássaros e principalmente insetos como formigas, besouro, vespas, borboletas, mariposas, moscas e principalmente abelhas, as responsáveis por 70% de toda polinização de plantas e flores no mundo.
          Por esse motivo, as abelhas são de grande importância para a nossa segurança alimentar e para o meio ambiente, já que vários animais são frugíferos, que são os animais que se alimenta de frutas, como o morcego, o gambá, os esquilos, o tucano, o sanhaço, o araçari, a anta, o gaturamo, a aratinga, a jacutinga, a araponga, os macacos, os micos, os veados, dentre outros. (fotografia acima de Wilson Fortunato em Bom Despacho MG)
          Tem ainda os animais granívoros, que se alimentam de sementes e grãos, como o jucu, a galinha, a arara, o papagaio, etc. A falta de frutas, colocaria em desequilíbrio a cadeia alimentar e comprometeria a existência dessas espécies. (na foto acima do Wilson Fortunato, mangango polinizando flores de zínias)
O que é polinização?
          A polinização é a troca de pólen da parte masculina para a parte feminina da planta. Os insetos, como por exemplo, as abelhas, se alimentam das flores e do pólen. Como as abelhas voam de uma flor a outra e o pólen fica grudado em seu corpo, acabam transportando polens masculinos e femininos de uma planta a outra, garantindo assim a polinização. (na foto acima do Arnaldo Silva, abelhas Africanizadas polinizando flores de eucalipto)
          Isso faz com que a planta se reproduza e as flores se desenvolvam, se transformando em frutos. Em outras palavras, se não houver polinização, as flores morrem, não há reprodução, não há frutos, não há sementes e não há alimentos.
Motivo de poucas frutas
          Esse é o motivo de poucos frutos em árvores frutíferas, leguminosas e tantos outros vegetais. Por exemplo, um pé de jabuticaba pode estar todo tomado por flores, como pode ver na foto acima do Wilson Fortunato, mas se não tiver seu principal polinizador, as abelhas, não haverá polinização, as flores não se desenvolverão, murcharão e por fim, secarão. Com isso, não teremos a fruta e nem as sementes. Quanto mais abelhas polinizarem uma planta, mais frutos teremos.
O que comemos e bebemos depende da polinização
          O nosso precioso café por exemplo, que necessita da polinização de suas flores para que surjam os frutos do café, teria uma redução drástica polinização. Imagina se não tivermos mais os polinizadores. Não teríamos café. (na foto acima do Luís Leite, abelha polinizando flores de um pé de café)
          Não só o café, a laranja, o melão, a pera, os pêssegos, a melancia, o tomate, a mexerica, a banana, a maçã, a manga, o maracujá, a ameixa, o abacate, o limão, a soja, o algodão, a pitanga, a acerola, o pequi, as hortaliças, as leguminosas, as verduras, enfim, toda planta que produza flores necessita de polinização. 
          Nossa! O que vamos comer no futuro? Alimentos enlatados, processados?
Consequências da ausência das abelhas
          A ausência das abelhas, que é o principal polinizador, poderia levar ao desaparecimento de algumas espécies de plantas, o que afetaria a cadeia alimentar e poderia levar à extinção de um grande número de insetos e animais herbívoros. (na foto acima do Arnaldo Silva abelhas Africanizadas na "boca" de um cupinzeiro)
          As abelhas são de enorme utilidade para a segurança alimentar do mundo e preservação das espécies silvestres, permitindo com isso a reprodução das plantas e alimentação de animais e pássaros. Se elas forem extintas, maior parte dos alimentos que temos em nossas também serão. Por isso a importância da polinização e principalmente, preservarmos os polinizadores.
          A função das abelhas não se resume a produzir mel, cera e própolis. Sua principal função, além de serem essenciais para a produção de alimentos, é manter o equilíbrio da biodiversidade.
A falta de polinizadores
          O problema é que a cada ano, percebemos a diminuição dos polinizadores, principalmente das abelhas. Desmatamentos desenfreados e ainda tem o crescimento das cidades que vão avançando sobre habitats de animais e insetos, expulsando-os e até mesmo, exterminando-os. 
          É comum as pessoas verem um enxame de abelhas como risco à sua integridade e imediatamente, as espantam e pior ainda, colocam fogo nas colmeias.
          É errado isso. Pior ainda que poucos conhecem abelhas e já julgam serem agressivas. As abelhas com ferrão não costumam atacar, a não ser quando se sentem ameaçadas ou são atacadas.
          A abelha mais agressiva, responsável pela maioria dos ataques no Brasil, é a Africanizada, essa da foto acima do Arnaldo Silva de um enxame em um pé de ora-pro-nobis. As Africanizadas tem ferrão ao se sentirem ameaçadas ou se forem atacadas. Se não mexer com elas, elas não mexerão com você. 
          A maioria das abelhas não tem ferrão. São abelhas pequenas em relação as abelhas Africanizadas e inofensivas, como a Jataí,  Uruçu, Guaraipo, Manduri, Bugia, Mirim, Mandaçaia, Tubuna (na foto acima de Arnaldo Silva em flor de ora-pro-nobis).
          O problema é que a maioria não se preocupa em conhecer os tipos de abelhas. Com isso, seja qual for a espécie com ou sem ferrão que aparecer, logo as atacam com o objetivo de expulsá-las.
          É um erro enorme e de grande prejuízo para o meio ambiente. O certo é solicitar ajuda de um apicultor ou mesmo do Corpo de Bombeiros para remover o enxame e colocá-lo em um lugar seguro, tanto para os humanos, quanto para as abelhas.
Vida curta e muito trabalho
          Embora sejam as mais temidas, as abelhas Africanizadas são as que mais produzem mel. Trabalham aos milhares e incansavelmente. Tem a vida bem curta. Cada abelha vive 40 dias e nesse tempo, visita 1000 flores e produz em 40 dias, o equivalente a 1 colher de sopa de mel. Ou seja, para você é apenas uma colher de mel, para a abelha, é toda a sua vida. (na foto acima do Ernani Calazans, de Araçuaí MG, mandioca cozida adoçada com mel)
As abelhas apenas trabalham?
          Claro que não! Elas descansam e precisam se alimentar também. Elas sentem fome.
          Além do pólen e néctar das flores, as abelhas buscam em outras fontes alimentares os nutrientes que necessitam. Esses nutrientes estão presentes em frutas com muita glicose, umidade e que permitam sua hidratação como exemplos jabuticabas, goiabas, mangas e melancias. Essas frutas as mantém nutridas e bem energizadas. (na foto acima de Arnaldo Silva, abelhas se alimentando de manga)
          As abelhas também são atraídas por plantas presentes em hortas e jardins como a lavanda, sálvia, coentro, tomilho, funcho, malva, girassol, zínia, etc.
          Além disso você pode preparar alimentos líquidos a base de milho com caldo de cana-de-açúcar, fazendo tipo um xarope ou um xarope mais em conta com açúcar dissolvido em um pouco de água
          Importante dizer também que as abelhas gostam de água limpa e fresca.
Dia mundial e nacional das Abelhas
          A Organização das Nações Unidas estabeleceu o dia 20 de maio como o Dia Mundial das Abelhas. O objetivo da ONU é a conscientização sobre a importância das abelhas e outros polinizadores para a segurança alimentar no mundo e preservação da cadeia alimentar. No Brasil, o dia 3 de outubro é o Dia Nacional da Abelha.

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Azeite de Sapucaí Mirim e Maria da Fé entre os melhores do mundo

(Por Arnaldo Silva) A produção e extração industrial de azeites de oliva extravirgem é recente no Brasil e ainda, bastante limitada e concentradas basicamente no Rio do Sul e região da Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais e São Paulo. Pra se ter ideia, 99,7% do azeite consumido no Brasil é importado. As marcas nacionais, produzidas em escala comercial, tem produção pequena e bem recente.
          Além disso, a primeira extração de azeite de oliva no Brasil foi feita em 2008, em Maria da Fé MG, Sul de Minas, pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). Desde essa época, o cultivo de azeitona, bem como a extração de azeite foi crescendo e vem aos poucos conquistando paladares nacionais e internacionais. Hoje, esse crescimento do setor de produção de azeite é tão notório, principalmente em termos de qualidade, que várias marcas de azeites mineiros e de outros estados integram o seleto clube mundial dos melhores azeites do mundo, como por exemplo, na atual lista do guia italiano Flos Olei. (foto acima: Erasmo Pereira-Epamig/Divulgação)
          A edição 2025 do guia italiano Flos Olei apresenta 11 azeites brasileiros entre os melhores do mundo. São cinco azeites da Serra da Mantiqueira, sendo dois Minas Gerais e três de São Paulo e seis do Rio Grande do Sul.
          Segundo o site Infomoney “O guia Flos Olei está em sua 14ª edição e analisa a produção de fazendas consideradas de excelência em cinco continentes e 56 países. O projeto é dos críticos italianos Marco Oreggia e Laura Marinelli”.
Azeites Verolí e Mantikir na lista dos melhores
          Os azeites mineiros que integram a lista dos 500 melhores azeites do mundo do guia Flos Olei estão as marcas Verolí de Sapucaí Mirim MG, que integra pela segunda vez na lista do guia e Mantikir/Vinícola Essenza de Maria da Fé/MG e Santo Antônio do Pinhal/SP, com 80 pontos (a máxima é 100), nos quesitos aroma e sabor. (fotos acima: extração de azeite na Epamig de Maria da Fé MG - Autoria de Erasmo Pereira/Epamig)
          O Azeite Verolí, produzido em Sapucaí Mirim, no Sul de Minas, nos Olivais Alma da Mantiqueira é de propriedade de Vera Menogon e suas filhas Natasha e Luana Micoff Menegon, afirmou à Agência Minas: "Já tínhamos o intuito de cultivar oliveiras, quando começamos a procura pela terra. Contamos com a ajuda de um consultor que avaliou aptidão do terreno (solo, nutrição, exposição ao sol, altitude, clima e uma série de outros fatores). Nos primeiros cinco anos, fizemos o plantio gradativo das oliveiras. Realizamos ainda um trabalho para recuperar áreas nativas e pequenos riachos da propriedade, que tinham secado em função de atividades de pastagem".
          O azeite Verolí foi lançado em 2022. "O nome traz algumas referências: Olí de óleo e Vero de verdade, por se tratar de um azeite feito da forma mais pura possível, para preservar toda a qualidade e atributos bons para a saúde. E também guarda uma homenagem para minha mãe Vera, que foi a primeira a idealizar este projeto familiar, reunir as filhas, vir para a Mantiqueira e iniciar na Olivicultura", acrescenta Luana.
          Já o Azeite Mantikir, de propriedade de Hebert Sales, de azeitonas cultivadas na Fazenda Tuiuva. Extraído no lagar dos Olivais de Quelemém, em Maria da Fé MG, foi registrado pelo Espaço Essenza de Santo Antônio do Pinhal SP, propriedade do produtor Hebert Sales. O Mantikir é um azeite premiado em vários outros concursos, como por exemplo no Evooleu 2024, do guia dos 100 melhores azeites do mundo na categoria (Produção Limitada” de até 2.500 litros, organizado pela editora espanhola Mercacei e pela Associação Espanhola de Municípios (Aemo)
Epamig comemora o reconhecimento dos azeites da Mantiqueira
          Pedro Moura, coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), avalia que "Esse reconhecimento da qualidade dos nossos azeites se deve à adaptação das oliveiras ao nosso clima. E, principalmente, ao manejo que o produtor tem realizado, aos cuidados na pós-colheita, no processamento e no armazenamento, que contribuem para manter a qualidade que vem do fruto". (fotos acima: Eramos Pereira - Epamig/Divulgação)
Dicas para escolher um bom azeite
          Segundo o pesquisador Pedro Moura, o consumidor deve ficar atento notícias sobre adulterações e proibição de venda de algumas marcas: "É muito importante que o consumidor opte por azeites que foram produzidos e envasados no mesmo local. Outra dica é comprar azeites mais novos. A data de produção mais recente sugere um produto melhor", alerta do pesquisador.
          E ainda, recomenda atenção ao rótulo: "Na gôndola, os azeites de oliva, extravirgens, virgens e os óleos compostos ficam próximos. É bom conferir se o produto escolhido é realmente o pretendido. A garrafa também é um bom referencial, o vidro conserva a qualidade melhor que o plástico".
          Finalizando, o coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Epamig, Pedro Moura, salienta: "O azeite é um produto que tem um elevado custo de produção, e isso se intensificou nos últimos anos com as sucessivas quedas de safra nas grandes regiões produtoras da Europa”. Alerta ainda que: “O consumidor deve sempre desconfiar de azeites baratos e buscar marcas mais idôneas e já conhecidas, além daquelas que mais agradam ao próprio paladar".
Fonte das informações: Agência Minas e Infomoney

domingo, 13 de outubro de 2024

Extrema: a cidade que mais cresce em Minas

(Por Arnaldo Silva) Extrema é uma cidade desenvolvida, acolhedora, hospitaleira e dotada de belezas naturais de tirar o fôlego, como rios, correntezas, cachoeiras, paisagens de mata nativa. Lugar ideal para os amantes da natureza e esportes radicais. É um dos mais charmosos municípios da Serra da Mantiqueira. Desde suas origens, as tradições populares, folclóricas e religiosas mineiras são preservadas e valorizadas na cidade, bem como a culinária típica de Minas Gerais.
          Segundo Censo 2022 do IBGE, Extrema, no Sul de Minas, conta com 53.482 habitantes. A cidade está a 480 km de Belo Horizonte e apenas 100 km da cidade de São Paulo. Faz limites territoriais com os municípios de Toledo, Itapeva, Joanópolis, Camanducaia, Vargem e Pedra Bela. A zona urbana de Extrema está próxima ao limite da divisa com o Estado de São Paulo, no extremo sul de Minas Gerais. (Foto acima: Prefeitura Municipal/Divulgação)
          Por sua localização geográfica ao extremo Sul de Minas Gerais e na extrema borda ocidental do maciço da Serra da Mantiqueira, a cidade adotou o nome de Extrema. É o último município mineiro para quem deixa Minas Gerais pela BR-381, na divisa com o Estado de São Paulo.
          Extrema surgiu de um povoado formado em 1832 em torno da capela de Santa Rita de Cássia, no século XIX. Seu primeiro nome era Santa Rita da Extrema. O vilarejo de Santa Rita da Extrema foi elevado a distrito entre 1871, subordinado a Camanducaia. Em 16/09/1901 o distrito foi elevado à vila. Em 1915, Santa Rita da Extrema tem o nome mudado para apenas, Extrema. Em 1925, Extrema é elevada à cidade emancipada. Quem nasce em Extrema é “extremense”.
A cidade que mais cresce em Minas Gerais
          Nos últimos 50 anos, a população e economia de Extrema teve um crescimento acima da média nacional. Quanto mais a cidade crescia, mais se desenvolvia. (Foto acima: Prefeitura Municipal/Divulgação)
Veja dados dos últimos 6 Censos do IBGE:
Ano      População
- 1970   - 8.910
- 1980   - 10.781
- 1991   - 14.314
- 2000   - 19.219
- 2010   - 28.599
- 2022   - 53.482
          Nos último 12 anos, Extrema teve um crescimento populacional surpreendente, como podem ver nos dados acima. Saltou de 28.599 habitantes em 2010 para 53.482 em 2022. Um crescimento de 87%, saltando do 19ª maior município do Sul de Minas em 2010 para o 11º em 2022. Além disso, Extrema se tornou o 12º município de maior crescimento no Brasil nesse período.
          Extrema possui atualmente o maior PIB entre todas as cidades do Sul de Minas e o sexto maior PIB perca pita do país. Em 2020, o PIB de extrema era cerca de R$311,1 bilhões de reais. A cidade, lidera há anos, a lista de geração de empregos da região.
          Segundo dados do IBGE de 2020, o crescimento do PIB perca pita de Extrema chega a igualar ou mesmo, ser superior aos PIB`s perca pitas algumas cidades mineiras que tem a mineração como sua atividade econômica principal. Confira:
1. Extrema: R$ 311,1 bilhões / Principal atividade econômica: Logística e manufatura
2. Jeceaba: R$ 256,2 bilhões / Principal atividade econômica: Siderurgia
3. Conceição do Mato Dentro: R$ 239,3 bilhões / Principal atividade econômica: Mineração
4. São Gonçalo do Rio Abaixo: R$ 225 bilhões / Principal atividade econômica: Mineração
5. Araporã: R$ 211 bilhões / Principal atividade econômica: Energia/hidrelétrica
6. Catas Altas: R$ 201,8 bilhões / Principal atividade econômica: Mineração
7. Itatiaiuçu: R$ 164,9 bilhões / Principal atividade econômica: Mineração
8. Nova Lima: R$ 127 bilhões / Principal atividade econômica: Mineração
9. Itabirito: R$ 126,9 bilhões / Principal atividade econômica: Mineração
10. Tapira: R$ 123 bilhões / Principal atividade econômica: Mineração
A base da economia de Extrema
          O crescimento populacional de Extrema é reflexo da diversificação e desenvolvimento tecnológico de sua economia, que tem como base as indústrias de transformação e de alimentação. A cidade é ainda o 4º polo brasileiro de produção de chocolate. (Foto acima: Prefeitura Municipal/Divulgação)
          Além disso, o município é um grande polo logístico e industrial, com forte presente do setor de e-commerce. Pra se ter ideia, um dos maiores sites de vendas online do Brasil e da América Latina está instalado na cidade. Com um centro de distribuição que conta com 54 mil m² de área construída e 300 robôs, a empresa conta com cerca de 1 mil empregos diretos. Um em cada 4 produtos vendidos pela internet no Brasil sai de Extrema, dai percebe-se o grande potencial da cidade no setor de e-commerce.
          As empresas que se instalam em Extrema vem atraídos pelos benefícios fiscais, distritos industriais bem organizados e com infraestrutura adequada ao bom funcionamento das empresas e locomoção, além da excelente localização da cidade, que possui acesso fácil pela BR-381 (Fernão Dias) a Belo Horizonte, Rio de Janeiro e principalmente, São Paulo, o Estado mais rico da Federação.
          A própria proximidade com São Paulo é um dos motivos do crescimento rápido de Extrema, devido as empresas de médio e grande portes buscarem se instalar em cidades com economias em crescimento, com infraestrutura adequada, ICMS mais baratos e custos operacionais mais baixos. Isso atrai moradores e empresas de cidades como do estado vizinho, São Paulo e de sua capital, que está apenas 108 km de distância e também Campinas, a maior cidade do interior do Brasil, a apenas 100 km de distância de Extrema MG. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
O que fazer em Extrema?
          Extrema não se resume apenas em desenvolvimento comercial e industrial. O município tem belezas arquitetônicas e naturais incríveis, além da tradicional hospitalidade, gastronomia e tradições mineiras. (Fotografia acima e abaixo: Prefeitura Municipal/Divulgação)
          São restaurantes com comidas e bebidas típicas de Minas por toda cidade, além de docerias, queijarias e cachaçarias, artesanais, tudo feito na cidade.
          O visitante pode ainda desfrutar da beleza de vários parques como o Parque Municipal Cachoeira do Salto, o Parque Ecológico Pico dos Cabritos e o Parque Municipal do Jaguari. Praças com belos jardins e o belíssimo Santuário de Santa Rita de Cássia são outros atrativos.
          Além disso, a natureza foi generosa com Extrema. No município encontra-se diversas cachoeiras com poços de águas cristalinas, picos, como o Pico do Lopo, o Pico do Lobo Guará além de várias trilhas. Tem ainda a Prainha Ronan Ranoi, um lugar perfeito para o lazer em família e outras belezas.
Onde comer?
          Extrema valoriza a culinária típica de Minas Gerais como por exemplo, os deliciosos e mineiríssimos pratos do Restaurante Tulha da Serra, situado Estrada Vereador Alípio Rezende de Souza (final da estrada) em Extrema MG
          Restaurante tradicional, não vende comida e sim, tradição e cultura mineira, presente em sua arquitetura e pratos típicos de Minas. E o melhor: é comida boa de roça, com os produtos cultivos na fazenda, sem uso de aditivos. Vale a pena!
Contato: 35 8447-4737 (com Toninho) - Instagram @tulhadaserra

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Qual o significado dos cruzeiros nos adros das igrejas?

(Por Arnaldo Silva) Já teve curiosidade em saber o significado dos instrumentos e símbolos presentes nos cruzeiros de madeira encontrados nos adros (pátios) das igrejas dos povoados, vilas e cidades do interior de Minas?
          Em Minas Gerais, os cruzeiros de madeira começaram a se popularizar a partir de 3 de maio de 1879 em Nova União, cidade da Região Central Mineira. Esse cruzeiro é totalmente em madeira e com os tradicionais símbolos presentes nos cruzeiros pelo mundo, todos entalhados em madeira. (na fotografia acima do César Reis, o cruzeiro em frente a Igreja de N.S. da Penha no Bichinho, distrito de Prados MG)
          Quer dizer que os cruzeiros passaram a existir em Minas somente a partir de 1879? Não. Os cruzeiros antes de 1879 eram feitos em madeira com parte dos símbolos, como a espada, os pregos, o facão, o martelo, em ferro fundido e alumínio.
          O cruzeiro de Nova União MG foi o marco do início da popularização dos cruzeiros totalmente em madeira pelos povoados, vilas e cidades mineiras.
          Naquela época, a siderurgia e metalurgia ainda está iniciando em Minas Gerais e fazer arte em ferro fundido era uma atividade ainda iniciante. Trabalhar a madeira e transformá-la em arte é vocação mineira. Ao longo de 300 anos a arte em madeira está presente nas igrejas, casas e casarões por toda Minas Gerais. (na foto acima do Sérgio Mourão, o primeiro cruzeiro totalmente em madeira de Minas Geras, datado de 3/05/1879, construído em Nova União MG)
          
A partir do primeiro cruzeiro em madeira, as peças em ferro presentes nos cruzeiros passaram a serem substituídas por peças em madeira. Isso porque o metal enferrujava rápido, era mais caro e sua produção artística mais complexa. A madeira bruta era mais durável, abundante e com entalhes mais fáceis de trabalhar e restaurar.          
          Hoje, os cruzeiros fazem parte da simbologia da religiosidade mineira e por isso mesmo são comuns de serem encontrados em povoados, vilas e cidades do Estado de Minas Gerais. (Na imagem acima do César Reis, um cruzeiro do século XVIII, todo em madeira artesanalmente trabalhada. É um dos mais antigos cruzeiros de Minas Gerais)
O significado dos instrumentos presentes nos cruzeiros
          Os cruzeiros tem como função principal santificar os espaços, pedir orações, agradecer e refletir sobre o martírio de Jesus. Sua origem data dos primeiros séculos do Cristianismo. Era apenas a cruz, usada pelos primeiros cristãos como símbolo do processo de cristianização. Com o passar dos séculos, os instrumentos usados no martírio de Jesus passaram a fazer parte dos cruzeiros. Cada instrumento presente na cruz tem um significado simbólico para os cristãos. (Cruzeiro com todos os símbolos, registrado pelo Elpídio Justino de Andrade no Serro MG)
          A cruz da crucificação simboliza a compaixão, a misericórdia e o amor de Jesus pela humanidade ao dar sua própria vida para salvá-la do pecado. (nas fotos acima do César Reis, o Cruzeiro do Largo da Cruz, o mais antigo e mais curioso cruzeiro de São João Del Rei MG)
          Na cruz estão presentes a coluna onde Jesus foi amarrado, o chicote, a esponja molhada em vinagre, a lança usada para golpeá-lo, os pregos, o martelo, o alicate usado para retirar os pregos, o serrote, facão, os cajados e espadas dos soldados romano, as correntes e cordas usadas na prisão de Jesus, as tochas, o véu da Verônica, o caniço entregue a Jesus, o vaso de mirra, o sudário usado para cobrir Jesus, as 30 moedas de Judas, o Santo Graal (cálice usado por Jesus na Santa Ceia), as mãos que esbofetearam Jesus.
          Tem ainda a escada usada pelos soldados para pregar a inscrição INRI e a caveira com ossos cruzados que é símbolo mundial da morte. No cruzeiro, simboliza que Jesus venceu a morte e ressuscitou.
          Enfim, o que vemos nos cruzeiros simboliza todo o martírio de Jesus a desde sua prisão, condenação, castigos, crucificação, morte e ressurreição. Nem todos os cruzeiros contam com todos esses símbolos. Alguns mais simples contam apenas com as principais simbologias do martírio de Jesus. (na foto acima de Arnaldo Silva, um cruzeiro bem simples, no povoado do Capivari dos Macedos em Bom Despacho MG)
E o galo no topo do cruzeiro?
          O galo? Bem, o galo não tem nada a ver com o cruzeiro e nem com o martírio de Jesus.
          Nas construções de cruzeiros e igrejas no século XX, o galo no topo do cruzeiro passou a fazer parte. Não apenas nos cruzeiros, também nas torres das igrejas, quinas de casas urbanas e de fazendas. Não é uma simbologia bíblica e sim, para orientar a posição dos ventos. Isso mesmo. (na foto acima do César Reis, o galo no topo do cruzeiro no Bichinho, distrito de Prados MG)
          Chama-se Galo dos Ventos. Isso foi acrescentado posterior a criação dos cruzeiros. O galo está em todos os cruzeiros e igrejas, pelo menos as mais antigas. Não tem simbologia com a cruz. É apenas para indicar a posição dos ventos na cidade. O Galo dos Ventos é um Cata-vento que combina uma figura simplificada de um um Galo com a Rosa dos Ventos. Sua função é apontar a direção e intensidade dos ventos. É uma peça artesanal feita de uma estrutura giratória em um eixo vertical, em alumínio e pintada à mão.

terça-feira, 8 de outubro de 2024

Massa caseira de pastel

INGREDIENTES
. 3 xícaras de farinha de trigo
. 1 xícara de água morna (ou um pouco mais)
. 3 colheres (sopa) de óleo (de soja, milho, girassol ou algodão)
. 1 colher (sopa) de aguardente
. 1 colher (sopa) rasa de sal
. Farinha de trigo para trabalhar a massa
MODO DE PREPARO
- Coloque a farinha misturada com o sal em uma vasilha ou uma mesa e abra um buraco no meio
- Nesse buraco coloque o óleo, a aguardente e um pouco de água
- Misture a água e a farinha aos poucos, cada vez pegando um pouco mais de farinha da borda do buraco
- Quando a massa estiver ficando dura, coloque mais água
- A massa deve ficar macia
- Se estiver um pouco grudenta, não tem problema
- Se estiver muito grudenta, coloque mais farinha
- Se estiver dura, coloque mais água
- Em uma superfície enfarinhada, abra a massa com o auxílio de um rolo, e passe o rolo sobre a massa, de forma que ela fique bem fina
- Se não ficar fina, ela não fica crocante depois de fritar
- Recheie a gosto, e feche com um garfo ou com o verso de uma faca
- Frite em óleo quente (não muito) em fogo médio-alto e escorra com o auxílio de uma escumadeira, antes de deixar para secar em papel absorvente.
     Rende 15 pastéis grandes (tamanho feira)
     Você pode colocar parte da massa antes de abrir na geladeira, embalada em um plástico ou papel filme, se quiser fazer menos pastéis.
Fotografia de Regina Rodrigues da Fazendinha da Regina/@reginasfarm

Bolo de casca de laranja

INGREDIENTES
. 2 laranjas inteiras com a casca e sem caroços
. 1 xícara (chá) de açúcar
. 1 xícara (chá) de óleo
. 4 ovos (claras e gemas separadas)
. 2 copos (requeijão) de farinha de trigo
. 1 colher (sopa) de fermento em pó
CALDA:
. 2 xícaras (chá) de suco de laranja puro
. 1/2 xícara (chá) de açúcar

MODO DE PREPARO
- Coloque no liquidificador  a laranja, o açúcar, o óleo e as gemas e bata bem até ter a consistência de creme. 
- Despeje o creme em uma tigela, junte a farinha, o fermento e misture. 
- Coloque as claras batidas em neve e mexa devagar. 
- Numa fôrma já untada e enfarinha, despeje a massa e leve para assar em forno pré-aquecido a 180ºC por 30 minutos. 
- Desenforme e despeje a calda quente, espere esfriar um pouco e sirva. 
Calda:Junte o suco de laranja e o açúcar e leve ao fogo em uma panela até levantar fervura. Jogue ainda quente por todo o bolo. 
(Fotos de Mônica Rodrigues do Sítio Cedro Vermelho em Carvalhos MG)

Iguaria mineira e goiana é a segunda pior comida do Brasil

(Por Arnaldo Silva) A TasteAtlas, um dos maiores guias de viagens e gastronomia do mundo que reúne em sua plataforma milhões de seguidores em vários países, avaliando receitas autênticas, críticas de alimentos, artigos de pesquisas culinárias, votação de melhores e piores pratos por países, etc. 
          Em recente votação entre os usuários da plataforma gastronômica TasteAtlas, empresa sediada em Zagreb, capital da Croácia, foram eleitos os piores pratos de cada país. O ranking dos melhores e piores pratos são por país e somente os seguidores de cada país votam, opinam e indicam seus pratos. Todos os seguidores votam quando a eleição é mundial, ou seja, para escolher o melhor ou pior prato do mundo e outros assuntos gastronômicos mundiais.
          Todos os anos são feitas pesquisas com os melhores e piores pratos de cada país. Esse ano, a lista dos piores pratos brasileiros foi atualizada. Somente os seguidores brasileiros da plataforma puderam indicar, opinar e votar no pior prato.
          Os seguidores da plataforma de cada país votam dando notas a cada prato. As notas são dadas cliques em estrelas, a partir de 0,5 até 5 estrelas. Quanto menos estrelas, pior é o prato. Entre os 37 pratos apontados como os piores do Brasil pelos seguidores da plataforma, o arroz com pequi recebeu 3.1estrelas, ficando em segundo lugar, perdendo apenas para o cuscuz paulista, que ficou em primeiro no ranking dos piores pratos da culinária brasileira, com 2,8 estrelas. O biscoito Tareco com origem em Pernambuco, ficou em terceiro lugar, com 3,5 estrelas. (fotografia acima da Lúcia Barcelos de Morrinhos GO)
          Cada um dos 37 pratos recebeu descrição de sua origem e os ingredientes usados no preparo de cada prato. No caso do arroz com pequi, a TasteAtlas definiu assim a iguaria:
          “O arroz com pequi é um tradicional prato de arroz brasileiro originário da região central, especialmente popular em Minas Gerais e Goiás. O ingrediente principal do prato é o pequi, uma pequena fruta da estação com forte sabor de queijo e curral (embora seja uma fruta, o pequi costuma ser tratado como um vegetal).
          Outros ingredientes usados no prato incluem arroz, óleo, alho, cebola, caldo de galinha, cebolinha picada, sal e pimenta. Os ingredientes são cozidos em fogo brando até que o líquido seja absorvido e o arroz fique macio. Antes de servir, é recomendável adicionar algumas cebolinhas ao prato."
          O pequi, que tradicionalmente é prato típico da culinária de Goiás, figura na avaliação da TasteAtlas como iguaria mineira e goiana. Embora seja prato muito popular no Norte de Minas, Noroeste, parte do Triângulo Mineiro e Vale do Jequitinhonha, não é reconhecido como prato de origem da culinária mineira e sim, goiana.
          A iguaria está presente em Minas Gerais devido ser o território mineiro formado por 1% do bioma Caatinga, 42% do bioma Mata Atlântica e 57% do bioma Cerrado, ou seja, mais da metade do território mineiro é formato de vegetação do bioma Cerrado. Além por estar presente na maior parte do território mineiro, o Pequizeiro é a árvore símbolo do Estado de Minas Gerais.
Mas isso não quer dizer que a culinária a base do pequi seja prato de origem mineira. A culinária do Cerrado está presente em Minas Gerais, como está em Goiás, parte da Bahia, do Piauí, de São Paulo, do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul e do Tocantins, estados com vegetação do bioma Cerrado.
          Sendo iguaria goiana ou mineira, não é essa a discussão, isso porque, é reconhecido que arroz com pequi é prato típico dos povos do Cerrado, independentemente do Estado, mas sem dúvida alguma é iguaria tradicional do Estado de Goiás. Podemos dizer que é uma iguaria muito apreciada sim nas regiões mineiras onde o Cerrado prevalece, mas não é e nunca foi prato típico de Minas e sim de Goiás. É prato goiano, por origem e tradição. (fotografia acima do Edson Borges de Felício dos Santos MG)
Confira a lista dos piores pratos brasileiros, segundo o ranking da TasteAtlas
• 1º Cuscuz paulista
• 2º Arroz com pequi
• 3º Tareco 
• 4º Quibebe
• 5º Maria-mole
• 6º Sequilhos
• 7º Salpicão de frango
• 8º Salada de maionese
• 9º Catuaba
• 10º Sopa de pé de vaca (mocotó)
Veja abaixo a listra completa das 37 piores comidas brasileiras, de acordo com seleção dos seguidores da plataforma no Brasil 
          A partir da seleção dos 37 piores pratos, foi feita a escolha dos 10 piores, baseado nas estrelas que cada prato obteve e os critérios da plataforma.
01 - Cuscuz — 2,8 estrelas
02 - Arroz com pequi — 3,1 estrelas
03 - Acém — 3,1 estrelas
04 - Paleta — 3,2 estrelas
05 - Maria-mole — 3,3 estrelas
06 - Lagarto — 3,3 estrelas
07 - Sequilhos — 3,5 estrelas
08 - Sagu — 3,5 estrelas
09 - Tareco — 3,5 estrelas
10 - Coxão mole — 3,5 estrelas
11 - Ostra ao bafo — 3,5 estrelas
12 - Pé-de-moleque — 3,6 estrelas
13 - Quibebe — 3,6 estrelas
14 - Músculo — 3,6 estrelas
15 - Patinho — 3,6 estrelas
16 - Maniçoba — 3,6 estrelas
17 - Peito bovino — 3,6 estrelas
18 - Sanduíche de mortadela — 3,7 estrelas
19 - Salada de maionese — 3,7 estrelas
20 - Cajuzinho — 3,7 estrelas
21 - Salpicão de frango — 3,7 estrelas
22 - Abará — 3,7 estrelas
23 - Caldo de piranha — 3,7 estrelas
24 - Biscoito de polvilho — 3,8 estrelas
25 - Canjica (ou Mungunzá) — 3,8 estrelas
26 - Mocotó — 3,8 estrelas
27 - Bolo formigueiro — 3,8 estrelas
28 - Caruru — 3,8 estrelas
29 - Pato no tucupi — 3,8 estrelas
30 - Pamonha — 3,9 estrelas
31 - X-Tudo — 3,9 estrelas
32 - Galinhada — 3,9 estrelas
33 - Casadinho — 3,9 estrelas
34 - Barreado — 3,9 estrelas
35 - Creme de papaya — 3,9 estrelas
36 - Baba-de-moça — 3,9 estrelas
37 - Carne de onça — 3,9 estrelas
          Essa lista e votação foram feitos por usuários da plataforma, mas não temos informações se os que citaram os pratos são especialistas em gastronomia ou nutrição, os critérios de desempate e menos ainda se foram levadas em conta as particularidades e tradições regionais de cada prato. Até setembro, foram 7 mil seguidores da plataforma que participaram da votação.
Fonte: Guia Gastronômico TasteAtlas - site: tasteatlas.com 

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Bolo de coalhada macio e fofinho

INGREDIENTES
. 1 1/2 (americano) de coalhada
. 3 ovos
. 2 copos (americano) de açúcar
. 1/2 copo de óleo
. 3 copos (americano) de farinha de trigo
. 1 colher de sopa de fermento em pó
MODO DE PREPARO
- Coloque no liquidificador os ovos, o açúcar, a coalhada, o óleo e bata bem por 3 minutos.
- Vá despejando aos poucos a farinha de trigo e deixe batendo por mais 3 minutos
- Acrescente o fermento e dê uma leve batida para misturar à massa.
- Despeje a massa numa fôrma redonda já untada e enfarinha.
- Leve para assar em forno pré-aquecido a 200º C por 40 minutos.
- O bolo fica bem macio, espere esfriar bem antes de retirar da fôrma para evitar que ele se quebre
- Fica ótimo, muito gostoso mesmo. Com café melhor ainda! 
Fotografias de Arnaldo Silva/@arnaldosilva_oficial

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

A cidade de Ferros e a polêmica pintura de no altar da Matriz

(Por Arnaldo Silva) Esse tema polêmico foi levado para a TV através da obra Hilda Furacão (1991), de Roberto Drumond, jornalista, comentarista esportivo, cronista e escritor, natural de Ferros MG. A obra se transformou em minissérie da Rede Globo e a polêmica do mural de Ferros MG, foi mostrada na minissérie. Na época do ocorrido, anos 1960, a discussão sobre o episódio que  mobilizou a sociedade ferrense e mineira. Não apenas isso, se tornou debate internacional, ao ponto do Vaticano ter que intervir para dar um basta na discussão. 
          Esse episódio ocorreu na década de 1960, com a inauguração da matriz de Sant´Ana em Ferros MG, após demolição da antiga igreja barroca da cidade. O polêmico e efervescente debate foi por causa do mural feito pela artista plástica Iara Tupinambá para o altar da nova Matriz da cidade. (na foto acima do Thelmo Lins, a Matriz de Sant´Ana em Ferros MG)
A cidade
          A cidade de Ferros está situada na Zona Mata Metalúrgica às margens do Rio Santo Antônio, bem no coração de Minas Gerais. A cidade atualmente possui 10 mil habitantes, está a 174 km distante de Belo Horizonte e faz limites territoriais com Joanésia, Coronel Fabriciano, Santa Maria de Itabira, Antônio Dias, Conceição do Mato Dentro, São Sebastião do Rio Preto, Carmésia e Dores de Guanhães. (na foto acima de Arnaldo Quintão, casarões coloniais de Ferros MG)
Origem
          Sua origem começa no século XVIII com a chegada de aventureiros à região a partir de 1712, em busca de ouro e diamantes. Chegaram, desbravaram matas e fundaram um pequeno arraial, iniciando a exploração da região pelas margens do Rio Santo Antônio, à época bastante arenosa e abundante em cascalho. Ao explorarem o Rio Santo Antônio usavam rústicas ferramentas de ferro bruto. Com o uso prolongado e já sem utilidade, essas ferramentas foram sendo descartadas nas proximidades do povoado, às margens do rio, formando um amontado de ferros. Por isso a origem do nome da cidade. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, a Igreja do Rosário, do século XIX e abaixo, ponte sobre o Rio Santo Antônio)
          A fundação da cidade é atribuída ao português Pedro da Silva Chaves, devoto de Sant´Ana, que chegou à região posteriormente aos aventureiros. Foi o português quem doou a imagem da santa e construiu a primitiva capela, dedicada a Sant´Ana no arraial dos Ferros. Com o crescimento do povoado e da fé na santa, o arraial passou a ser conhecido como Sant´Ana dos Ferros.
          A partir do século XIX, após a estagnação pelo fim da exploração mineral, o arraial volta a crescer graças a qualidade de suas terras e ao avanço da agricultura e pecuária. Com isso, foi elevado freguesia em 1832, a vila e distrito em 23/09/1884 e à cidade em 10/07/1886 com o nome de Santana dos Ferros. Em 7 de setembro de 1923, Santana dos Ferros, passou a se chamar apenas Ferros, seu primeiro nome. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, a Igreja de São José de Cubas em Ferros MG)
Demolição da velha matriz
          Construída em barro, pau-a-pique, estrutura em madeira já corroída pelo tempo, além de ser bem pequena para o número de fiéis da cidade, o padre José Casimiro da Silva, ao assumir a paróquia da cidade em 1959, percebeu a urgente necessidade de reforma do templo histórico. Mas, devido o péssimo estado de conservação do templo, percebeu a necessidade de uma ampla reforma, com custos bastante elevados. Por esse motivo, o padre optou por demolir a construção histórica e construir a nova igreja de Sant´Ana, maior, em alvenaria e traçados modernistas, da época. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, a moderna Matriz de Sant´Ana de Ferros)
          A proposta foi apresentada pelo padre a dom Oscar de Oliveira, então arcebispo de Mariana MG, a qual a paróquia era subordinada. Evitando uma decisão monocrática, dom Oscar de Oliveira recomendou que fosse feito um plebiscito para consultar os paroquianos sobre a proposta de demolir e construir uma igreja nova.  
          Em 1961 a ideia do plebiscito foi colocada em prática e divulgada nas missas, rádios e jornais da cidade, convocando a população católica local a participarem. Teve até campanha pelo sim e pelo não, usando cores. O verde e amarelo seria a opção pela construção da nova matriz. Já a cor vermelha, era para quem defendia a preservação da igreja barroca e histórica. Os moradores da cidade ficaram na opção de preservar a história da cidade, optando por restaurar e ampliar a velha matriz ou demolir e construir outra, optando pela tendência das construções modernistas da época.
          Por ampla maioria, a população optou pela demolição da velha matriz e construção de um novo templo. Foram 3.550 votos a favor e 68 votos contra. Coube ao arquiteto Mardônio dos Santos Guimarães fazer o projeto, tendo como base os traçados modernistas das igrejas da época, como por exemplo, o modernismo da Igreja da Pampulha em Belo Horizonte, do arquiteto Oscar Niemeyer e pinturas de Portinari. Em 1962, a nova matriz de Ferros começa a ser construída.
Iara Tupinambá e o mural da matriz
          Nascida em Montes Claros MG em 02/04/1932, Iara Tupinambá, gravurista, desenhista, muralista e professora de gravura, é reconhecida como uma das mais importantes artistas plásticas brasileiras. Sua arte tem forte predominância figurativa e modernista, com relações com momentos e temos históricos brasileira. É uma artista cuja arte dialoga com o povo e o povo se sente na arte. Por esse motivo, a artista mineira foi a escolhida para pintar o mural do altar da nova Matriz de Sant´Ana de Ferros MG.
          Antes de criar o mural para a nova matriz, Iara refletiu bastante sobre como seria o mural e optou por retratar em sua obra, a criação do mundo. Em declarações ao Jornal O Estado de Minas, a artista detalhou os detalhes das cenas de sua obra: “Fiz a história da religião católica. Começa com a criação do mundo e a separação de água e terra. Em seguida, a criação de Adão e Eva. Daí, vem o pecado do homem e sua expulsão da natureza. Na quarta cena, temos a anunciação, quando um anjo revela a Maria que ela conceberá o filho de Deus. A imagem seguinte é Jesus carregando a cruz. As duas últimas imagens retratam Pentecostes, com a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo e, por fim, após sua morte, uma imagem de santos da igreja saindo de seus ombros. O fiel que conhece o Evangelho vai identificar tudo isso na imagem”. (na foto acima de Elpídio Justino e abaixo do Thelmo Lins, o interior da Matriz de Sant´Ana e o mural de Yara Tupinambá)
          Para fazer o mural, a artista levou 12 meses de trabalho, que contou ainda com a assistência de Sílvia Gaia e Anadali Pita, alunas da artista. A obra foi batizada pela artista de “A árvore da vida”.
A polêmica solucionada pelo Vaticano
          Após a construção da igreja e feito o mural, a cidade de Ferros MG se vê em nova polêmica. Devido a forte tradição religiosa e conservadora do povo mineiro, a obra da artista causou burburinhos na cidade. Embora a população tenha optado por demolir a tradicional e histórica matriz, optando por pela construção de outra em traçados modernos, o estilo modernista do painel criado pela artista, gerou uma enorme polêmica, principalmente entre os fiéis mais fervorosos e tradicionais. A polêmica foi tanta que saiu das divisas da cidade, de Minas Gerais e até transpôs fronteiras, com repercussão internacional. (na foto acima do Arnaldo Quintão, a nova Matriz da cidade, construída na década de 1960, onde está o mural de Yara Tupinambá)
          Isso porque a artista retratou em sua obra Adão e Eva antes do pecado original, ou seja, do jeito que vieram ao mundo, pintados no altar da matriz. O burburinho teve início já primeira missa solene, que contou com a participação da artista. Foi um escândalo de enorme repercussão e discussão na sociedade mineira em geral.
          Na época, o mural despertou atenção de toda a imprensa e da sociedade mineira e brasileira. Durantes dois anos, a cidade passou a ser o centro das atenções, recebendo nesse período, visitantes de todo país, além de várias bispos católicos, vindos de vários estados, que vieram à cidade analisar a obra e emitir pareceres. Sem consenso entre os bispos, a conclusão final sobre o mural foi encaminhada ao Vaticano, no Papado de Paulo VI. 
          Após análises da Santa Sé, a conclusão foi que a obra estava de acordo com a criação bíblica, não constatando nada de ofensivo à moral e aos bons costumes na obra da artista. Por fim, a decisão do Vaticano foi por manter a obra no altar. Assim, por intervenção do Vaticano, a polêmica foi encerrada e a obra está até os dias de hoje no altar da Matriz de Sant´Ana de Ferros MG.
          O mural da artista Yara Tupinambá na cidade de Ferros MG é hoje um das principais atrativos da cidade e um dos lugares mais fotografados pelos visitantes.

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

O Caxambu, Padre Pinto e a Família Alcântara

(Por Arnaldo Silva) É distrito do município de Rio Piracicaba, no Médio Piracicaba, distante 127 km de Belo Horizonte. O distrito conta com cerca de 1500 moradores e está a 5 km da BR-381, a 14 km do centro de Rio Piracicaba. O distrito conta com uma boa estrutura urbana com um pequeno comércio, escola, Unidade Básica de Saúde e outros benefícios.
          É um lugar simples, pacato, sossegado, com povo acolhedor e bastante hospitaleiro, que se orgulha de sua comunidade, de preservar suas festas e tradições seculares, além de darem muito valor à memória de seus antepassados, principalmente os de origem africana. O distrito tem raízes históricas no tempo da Mineração e Escravidão. (fotografia acima do Duva Brunelli)
          Durante o ano ocorrem eventos populares, folclóricos e religiosos em Padre Pinto, com destaque para a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, a tradicional Congada e a escola dos Reis e Rainhas Congo, além da Rainha e o Rei Festeiro. É um das mais fortes e rica tradições mineiras. Tanto reis, rainhas e festeiros são escolhidos pela comunidade a cada ano, preservando com isso tradição tricentenária do Reinado de Nossa Senhora do Rosário em Minas Gerais.
          Além disso, no mês de maio, acontece a tradicional Festa do Boi Fogueira, uma tradicional festa folclórica com danças e cantigas de roda, concursos de marchas, a Cavalgada de Caxambu de Padre Pinto a Piracicaba MG tradicionalmente entre maio e junho, muita música e comidas típicas durante esses eventos.
De Caxambu para Padre Pinto
          Seu nome de origem era Caxambu, passando a se chamar Padre pinto, em homenagem ao padre Manoel Fernandes Pinto Coelho, a partir de 8 de agosto de 1927. Mesmo alterando o nome, Caxambu é o nome mais popular, devido existir no distrito a Comunidade Quilombola Caxambu.
Uma típica vila mineira
          Uma charmosa vila, com um casario antigo em estilo colonial, eclético e moderno, povo simples, acolhedor e de fé. Além de igreja católica, construída em 1911, em Padre Pinto existem duas igrejas evangélicas. Seus moradores vivem da agricultura familiar e pequenos comércios. (foto acima de Duva Brunelli)
          Sua antiga usina elétrica é hoje patrimônio tombado de Rio Piracicaba. Além disso, Padre Pinto é um dos distritos de grande importância cultural para a cidade por sua história e tradições populares, oriundas do tempo da Escravidão no Brasil.
          Por sua origem africana, a comunidade Caxambu, em Padre Pinto é área reconhecida pela Fundação Palmares como comunidade Quilombola. O Quilombo de Caxambu, que significa, na língua africana que para alguns historiadores a junção dos vocábulos cacha (tambor) e mumbu (música). Mas há outros historiadores que afirmaram que seu significado seria a junção dos vocábulos de caa (mato), xa (ver), umbu riacho, sendo então mato que vê o riacho.
A família Alcântara de Caxambu
          É em Caxambu (Padre Pinto) que vive a Família Alcântara, que forma o coral Família Alcântara. Fundado há mais de meio século, o coral já está na quarta geração da família.
          A Família Alcântara, bem como todos que vivem no Quilombo, é formada por descendentes de escravos trazidos de Angola, por volta de 1760 para trabalharem nas fazendas da região.
          A história da Família Alcântara, bem como o coral é conhecida e reconhecida em Minas, no Brasil e também no mundo. O coral tem discos gravados, já fizeram várias apresentações em várias cidades e festivais e também em programas de TVs, entre eles do programa de Jô Soares, na Rede Globo, além de terem sido tema de documentário produzido e exibido pela TV Rede Minas.

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