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sábado, 28 de outubro de 2023

Estrada Real é oficializada como Monumento Nacional

(Por Arnaldo Silva) Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, no final do século XVII, inicia-se a abertura da Estrada Real, iniciando em Ouro Preto em Minas, terminando no porto de Paraty/RJ, onde o ouro de Minas era despachado para Portugal. De Ouro Preto a Paraty, a extensão era de 700 km. Era a estrada oficial da Coroa Portuguesa e exclusiva para o transporte de cargas, alimentos, metais e pedras preciosas.
          Ao longo dos anos e descobertas de novas Minas, o caminho original foi sendo ampliado e ligado a outros cominhos como o Caminho do Sabarabuçu, em Sabará MG, o Caminho dos Diamantes, em Diamantina MG e o caminho Novo, que ligava a Estrada Real até a cidade do Rio de Janeiro. (na foto acima de Ane Souz, o marco da Estrada Real em Glaura, distrito de Ouro Preto MG)
          Dos 700 km originais, o trajeto passou para 1630 km de extensão, entre Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, em sua imensa maioria, cortando cidades, vales, montanhas e rios do território mineiro.
          Ao longo de todo o percurso da Estrada Real, cidades e povoados foram surgindo, nos deixando uma riqueza cultural, arquitetônica, tradições folclóricas e gastronômicas riquíssimas, além de impactantes e belíssimas paisagens com cachoeiras, montanhas, matas nativas. É atualmente a principal via terrestre histórica e turística do Brasil. (na imagem acima, o mapa do trajeto da Estrada Real. Criação e arte de: Instituto Estrada Real)
          São 183 localidades, entre cidades e distritos formados ao longo da existência da Estrada Real. Desse total, 162 estão em Minas Gerais. Entre os 183 municípios da Estrada Real, Ouro Preto (MG), Diamantina (MG), São João del Rey (MG), São Lourenço (MG), Juiz de Fora (MG), Paraíba do Sul (RJ), Três Rios (RJ), Petrópolis (RJ), Magé (RJ), Cruzeiro (SP), Guaratinguetá (SP), Cunha (SP) e Paraty (RJ), era na época, as principais rotas da Estrada Real. Hoje são importantes centros históricos e de turismo no Brasil.
Monumento Nacional
          Reconhecendo esse valor e importância do trajeto da Estrada Real para a história de Minas, a principal via terrestre para escoação da produção mineral mineira durante a colonização, tornou-se Monumento Nacional através da Lei Federal 14.698 de 2023, sancionada pelo presidente da República e publicada no Diário Oficial da União (DOU).
          A lei sancionada pelo presidente da República teve origem no PL 1.854/2021, do deputado Reginaldo Lopes/MG, aprovado em decisão terminativa pela Comissão de Educação (CE), tendo como relator da matéria o senador mineiro Carlos Viana.
          A Lei reconhece a grandeza da Estrada Real, dando assim mais visibilidade às riquezas turísticas ao caminho aberto durante a colonização portuguesa, visando com isso a preservação de parte da história de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Cachoeira da Prata: o charme das pequenas cidades mineiras

(Por Arnaldo Silva) Cidade tranquila, alegre, muito bonita, pacata, povo simples, hospitaleiro e acolhedor, Cachoeira da Prata é uma cidade charmosa turística mineira de 3693, segundo último censo do IBGE. Distante 96 km de Belo Horizonte e apenas 28 km de Sete Lagoas e acesso pela BR-040, o município faz divisa com Fortuna de Minas e Inhaúma.
          Cidade com boa estrutura urbana, casario colonial e eclético charmoso e bem preservado, conta com um pequeno e variado comércio, um bom setor de prestação de serviços, hotéis e pousadas aconchegantes, além de bares e restaurantes com comidas típicas, com destaque para salgados, como por exemplo a empadinha “capa seca”, doces e quitandas diversas e a galinha caipira com quiabo, angu e ora-pro-nóbis, tradicionais na cidade. (fotografia acima e abaixo de Thelmo Lins)
          Até a década de 1990, a principal atividade econômica da cidade era a tecelagem. Com a decadência do setor no Brasil, a antiga tecelagem fechou suas portas. Hoje a economia da cidade tem como base pequenos comércios, funcionalismo público, atividades agrícolas e extração de areia para a construção civil, graças ao seu subsolo arenoso e rico em calcário.
          Seu primeiro nome foi Cachoeira dos Macacos, devido à cidade ter surgido às margens do Ribeirão dos Macacos, que deságua no Rio Paraopeba. Com fundação da Cia. Têxtil Cachoeira dos Macacos em 1896, a região começou a ter povoamento mais rápido, principalmente no entorno da fábrica. Esse ano marca o surgimento do município.
          A companhia trouxe povoamento ao arraial, que cresceu, se transformou em vila, distrito e a cidade emancipada em 30 de dezembro de 1962. O nome da cidade permaneceu Cachoeira dos Macacos até 1975, quando foi mudado para o atual, Cachoeira da Prata, através de plebiscito.
O que fazer em Cachoeira da Prata?
          Como toda pequena e pacata cidade do interior mineiro, Cachoeira da Prata preserva suas tradições religiosas, tradições gastronômicas, o charme e beleza de suas construções históricas, suas belezas naturais e as características bem mineiras de seu povo.
          Cidade tipicamente mineira, Cachoeira da Prata é um convite ao sossego e descanso. Tem como atrativos:
- A Festa de Nossa Senhora do Rosário em setembro de cada ano;
- As Folias de Reis, entre 24 de dezembro e 6 de janeiro;
- As apresentações da banda de música do Sagrado Coração de Jesus;
- Festa de São Judas Tadeu;
- O Carnaval tradicional em fevereiro e o temporão, em julho;
- Caminhadas e práticas de esportes pela orla da represa; (foto acima de Thelmo Lins)
- Trilhas em matas nativas para passeios prática de ciclismo e atividades ao ar livre;
- A Matriz do Sagrado Coração de Jesus, construída em 1930, o Cruzeiro, a estátua do Cristo, o estádio municipal Dr. Geraldo Pereira da Rocha, a antiga pensão da Dona Olga, que abrigava tropeiros e viajantes, o conjunto de casas em estilo barroco, colonial e eclético; (fotografia acima e abaixo de Thelmo Lins)
- A Feirinha do Calçadão que acontece na orla da represa entre 8h e 16h, no segundo domingo de cada mês, com barracas de comidas típicas, artesanato local, produtos da agricultura familiar, brinquedos para crianças e apresentação de cantores locais e regionais; 
- A gastronomia de Cachoeira da Prata é garantia de uma experiência deliciosa pelos sabores da boa mesa mineira é um de seus atrativos também.

A represa
          A represa do Ribeirão dos Macacos, oficialmente Represa Dr. Geraldo Azevedo da Rocha, é sem dúvida o seu maior atrativo. Construída em 1905, conta com uma passarela que permite ao turista vislumbrar a beleza da represa e da cidade. Além disso, o lugar permite descanso, caminhadas em sua orla e prática de esportes ao ar livre, já que conta com academia. (fotografia acima e abaixo de Thelmo Lins)
          Não tem quem passe por Cachoeira da Prata e não fique admirado com a represa. Sua beleza cênica e bucólica, encanta!
          Além de sua beleza, o cartão-postal é a história viva da cidade, já que ao longo de mais de um século de existência, foi cenário das transformações e desenvolvimento de Cachoeira da Prata. Por esse motivo é um bem tombado do município. (foto acima de Elpídio Justino de Andrade)
          Essa é Cachoeira da Prata, uma cidade hospitaleira, povo alegre, simples e que recebe todos de coração e braços abertos!

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

João Alves: o artesão que preserva a tradição da arte em barro

(Por Arnaldo Silva) Um dos grandes artesãos de Minas Gerais. Suas obras impressionam e emocionam pela simplicidade história que cada peça conta. Isso porque o artista transfere para o barro a sua experiência e vivência, dando assim vida, emoção e história às peças, mas também a história da vida cotidiana do povo simples, do trabalhador e da religiosidade inocente do nosso povo.
           Não são apenas contornos humanos moldados no barro. São peças que expressam as emoções e sentimentos do artesão em cada cena que retrata em sua arte. É a beleza do artista que transfere para a arte o seus sentimento, amor, conhecimento e sensibilidade. (fotos acima de Thelmo Lins)
          Não são simples obras moldadas à mão e sim, obras moldadas com o coração. E para o nosso coração se dirige. Impossível não se emocionar com a riqueza expressada na história que cada peça retrata. (foto acima fornecida pelo artesão João Alves, reprodução da Santa Ceia com toda a obra reproduzida em barro)      
Quem é o artesão?
          O artesão que falamos é João Alves. Nascido em 24 de junho de 1964, em Tingui, comunidade rural de Rio Pardo de Minas, no Norte de Minas, a 732 km de Belo Horizonte, João Alves é o caçula de uma família de quatro irmãos. Seu pai, Aldemar Alves Martins (“Seu” Dena) e Braulina Alves (Dona Bróla), já falecidos, vieram para a cidade vizinha de Taiobeiras em busca de uma vida melhor, quando João Alves tinha apenas 5 anos. (fotografia acima de autoria de Lori Figueró - Acervo de João Alves, fornecida pelo artista)
          De família muito humilde, seu pai trabalhava na olaria Piuna, de propriedade do conhecido João da Cruz Santos, o João Lozim. Sua mãe era ceramista. Era João Alves que levava o almoço todos os dias para seu pai. João Alves cresceu nesse meio, do barro, numa região que a terra sustentava famílias, não só pelas olarias, mas sim pelo artesanato em barro, uma das mais antigas tradições do Norte de Minas.
Artista autodidata
          Foi no ano de 1972 que o talento de João Alves começou a despertar. Em suas idas a olaria para levar o almoço para seu pai, João brincava com o barro na olaria, enquanto seu pai almoçava. Era uma diversão de criança. Fazia cavalinhos e cachorrinhos.
          Como a fé estava presente no dia a dia do povo, começou a moldar, no barro, elementos da tradição e fé religiosa. Isso despertou em João Alves sua vocação. Era um artista autodidata. Suas mãos tinham habilidades para moldar o cotidiano, a fé, tradições e a vida do povo de sua cidade e do Norte de Minas. (imagens acima de autorias não informadas. Fotos fornecidas por João Alves)
          Como vivia em uma região onde a vida era dura e fé e confiança do povo do sertão eram característica do povo, João Alves começou a se inspirar em sua própria história, nas histórias de seus antepassados e das pessoas que convivia.
A religiosidade e fé com inspiração
          A fé, os sentimentos, sofrimentos e a religiosidade do povo, junto com a simplicidade, o cotidiano de suas vidas no cuidado com os filhos, nas atividades da roça, no descascar do milho, do trabalho no pilão, nos momentos de fé, no andor que levava os santos nas procissões, no cozinhar no fogão a lenha. São essas cenas que João Alves retrata em suas obras. (imagens acima de autorias não informadas. Fotos fornecidas por João Alves)
          Cercado pela beleza da riqueza cultural do Norte de Minas e se inspirando na fé, simplicidade, jeito de se vestir e as manifestações religiosas do Norte de Minas, João Alves começou a moldar suas peças retratando o cotidiano do povo simples, dos ofícios e modo de vida e do dia a dia de suas vidas, tendo como inspiração a cultura afro-brasileira e o cotidiano de seus parentes, o povo da roça, fogão a lenha, em sua mãe que benzia, sua avó, que fiava, as festas e manifestações de fé do povo de sua comunidade.
Suas primeiras obras
          Desde cedo, suas habilidades na arte de moldar o barro impressionavam tanto que começou a chamar atenção dos vizinhos que logo começaram a adquirir as peças para decorarem oratórios e presépios, uma forte tradição em Minas Gerais. Aos 8 anos, João Alves moldava os 3 reis magos, os animais, anjos, José e Maria, personagens presentes no nascimento do menino Jesus.
          Com o tempo João Alves foi crescendo e aprimorando sua técnica com o artista buscando outros temas para moldar suas peças, sempre inspirando na simplicidade e cotidiano do povo de sua cidade e também na história que os mais velhos lhe contava.
          Sua primeira peça, fora da temática religiosa, foi inspirada em sua avó, fiando algodão. A partir desta obra, começou a fazer outras peças retratando o dia a dia do povo, contando suas histórias através da arte em barro. Foi a partir daí que seu trabalho começou as expressivas e impactantes formas, caracterizando seu estilo próprio, com as peças tendo vida, história e expressando seus sentimentos. (imagens acima sem autorias identificadas. Fotos fornecidas por João Alves)
          O artista contou com o apoio de sua esposa, que aprendeu a manusear o barro para, com seu marido, se dedicar a arte que se tornou a fonte de renda da família.
Talento reconhecido
          Com o tempo, o talento de João Alves se expande para a região, além do artista participar de feiras, eventos e exposições. Isso despertou interesse de amantes da arte mineira, fazendo com que o interesse pela aquisição dos trabalhos de João Alves crescesse substancialmente, fazendo com que seu trabalho se expandisse e se tornasse conhecido em Minas Gerais e no Brasil.(imagens acima sem autorias identificadas. Fotos fornecidas por João Alves)
          A arte que começou como uma brincadeira de criança, foi se aprimorando para a modelagem de peças para decoração de presépios e aprimorando com o tempo, ganhando novas formas e impressionando pela essência natural e simples as peças transmitem
          Isso porque o barro moldado por João Alves, conta histórias, retrata o dia a dia do povo geraizeiro e sertanejo, retrata a simplicidade da fé e religiosidade do povo do Cerrado.
A transformação da argila em cerâmica e arte
          Cada peça, leva em média 20 dias para ficar pronta. É um processo totalmente artesanal. Primeiro extrai-se a argila, deixa secar por 3 dias. Depois disso, a argila é socada no pilão e peneirada. Por fim, é amassada em uma gamela de madeira e deixada em descanso por 2 dias. (imagens acima sem autorias identificadas. Fotos fornecidas por João Alves)
          Somente após esse processo que começa a modelagem das peças e secagem ao natural. Esse processo dura duas semanas. Por fim, a peça é colocada no forno a lenha e queimada por 12 horas. Esse é o processo da transformação da argila em cerâmica. Após todo esse processo, o artista dá o acabamento e a pintura das peças.
Premiações
           A perfeição e simplicidade de suas obras, tornaram João Alves conhecido e premiado, não apenas em Minas, mas no Brasil e com reconhecimento no exterior.
          João Alves foi premiado em 2005 com o quarto lugar no prêmio da Unesco de Artesanato da América Latina e Caribe. Unesco é a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. É uma agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU) com sede em Paris, capital francesa. 
          A entidade tem como objetivo de contribuir para a paz e segurança no mundo através da educação, ciências naturais, humanas, sociais, além da comunicação e informação. Daí a importância dessa premiação a João Alves. 
          Foi a partir dessa premiação em 2005, que o talento de João Alves se expandiu para todo o país, além de sua participação em exposições, feiras e eventos culturais por todo o Brasil.
          Durante a 5ª Edição do Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato, realizado no Rio de Janeiro em 2022, João Alves entrou para a lista dos 100 melhores artesãos do Brasil, tendo sido eleito entre 1.208 artesãos de todas as regiões do país que participaram dessa edição. (imagem acima fornecida por João Alves)
          A premiação tem caráter técnico-científico e tem como objetivo promover as melhores práticas artesanais do Brasil, tendo como base a qualidade técnica, estética, inovação, melhoria contínua do desenvolvimento da arte e experiência comercial.
          Com a premiação, os 100 escolhidos ganham reconhecimento nacional, além do direito de usar o selo Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato.
Obras únicas
          O talento de João Alves e os detalhes expressivos nos moldes de suas peças, são marcas de um talento refinado e envolvente que encanta, impressiona e emociona. São obras únicas, carregadas de sentimentos e histórias reais. (imagens acima de autoria do fotógrafo Lori Figueiró - Fornecidas por João Alves)
          Não só isso, sua origem, sua trajetória e sua paixão e perseverança é um exemplo para as novas gerações. De uma simples brincadeira de criança, surgiu um dos grandes nomes da arte em barro do Brasil. Fruto de seu amor e dedicação à arte de moldar a história de seu povo no barro.
          O contato com o artesão João Alves pode ser feito através do WhatsApp 38-9103-0054.
(Nota: As fotos fazem parte do acervo do artesão João Alves, que nos forneceu as imagens para ilustrar a reportagem, sem contudo precisar a autoria individual das imagens. Caso autores das imagens que não tenha a autoria citada, nos informe para que os créditos autorais sejam citados.) 

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

10 distritos mineiros que vão fazer você se apaixonar – Parte VI

(Por Arnaldo Silva) Esta é a sexta parte da série de 8 reportagens com pacatos e charmosos distritos de Minas Gerais. Em Minas Gerais, segundo dados da Fundação João Pinheiro, são atualmente 1.816 distritos e 853 cidades, além de mais centenas de vilas e pequenos povoados. Como temos centenas de distritos, selecionamos alguns apenas, em 8 séries com 10 distritos em cada. Conheça agora, na sexta parte, mais 10 acolhedores, pacatos, charmosos e apaixonantes distritos mineiros.
01 - Vila de Furnas
          Fica na zona rural de Pedralva, no Sul de Minas. A pequena vila tem origem na centenária Fazenda Furnas. É um pequeno vilarejo, charmoso, acolhedor, de gente trabalhadora, simples e hospitaleira. O lugar é de uma paz e simplicidade e uma beleza singela que encanta. (fotografia acima e abaixo do Fernando Campanella)
          Na Vila de Furnas moram cerca de 95 pessoas que vivem da agricultura, produção caseira de doces e queijos e outras atividades. No povoado uma pequena e charmosa igreja, se sobressai por sua singeleza, em meio a um charmoso casario colonial, formado por cerca de 38 residências, somado ao casario da sede e das propriedades rurais que formam o bairro rural de Furnas.
02 - Itatiaia
          Itatiaia é distrito da cidade de Ouro Branco, na Região Central, distante 100 km de Belo Horizonte e 25 km de Ouro Preto, cidade que faz divisa Ouro Branco bem como as cidades de Conselheiro Lafaiete, Itaverava e Congonhas. Das rodoviárias de Ouro Preto e de Belo Horizonte, saem ônibus diário. (Fotografia acima de Vinícius Barnabé/@viniciusbarnabe)
          Além de atraente, pacata e charmosa, Itatiaia possui um rico acervo histórico preservadíssimo. Fundado em 1664, Itatiaia foi a segunda mais antiga povoação a ser formada em Minas Gerais, tendo com um dos marcos de sua fundação, a Igreja de Santo Antônio, erguida nos primeiros anos do século XVIII. 
          O primeiro batismo registrado na igreja ainda em construção, data de 20/08/1714. Foi construída em conjunto pelas irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, de São Benedito e do Santíssimo Sacramento, em estilo Joanino, a primeira fase do barroco mineiro. Em 1717 já eram realizadas cerimônias normais na igreja. Durante o final do século XVIII e XIX, a igreja foi ampliada e ganhou novos altares e ornamentos. (Fotografia acima de Robson Gondin)
          Lugar de rara beleza, com paisagens e cachoeiras de tirar o fôlego, é também daqueles lugares que o dia passa devagar e a vida é calma, tranquila e sossegada. É uma pequena vila, com poucas ruas, um charmoso casario colonial e um povo simples, acolhedor e hospitaleiro. (fotos acima e abaixo de Robson Gondin)
          Um dos destaques de Itatiaia, além de sua beleza natural e sua história colonial, é seu artesanato, sua culinária típica e original mineira, no mais tradicional fogão a lenha e os grafites nas paredes das casas. 
03 - São José do Almeida
          São José do Almeida tem origens no século passado e tem São José como o seu santo padroeiro. A origem da fé no santo começou na fazenda pertencente a José Almeida, mais conhecido por Almeida. Devoto de São José, Almeida promovia na sala da sede de sua fazenda, rezas para o santo de sua devoção. Com o passar do tempo, trabalhadores de sua fazenda, de outras propriedades e do vilarejo, começaram a participar também das rezas. (fotografia acima da Alexa Silva/@alexa.r.silva)
          Com o aumento de devotos e pouco espaço em sua sala, Almeida decidiu construir uma capela dedicada a São José na parte mais alta do vilarejo, que ficava próximo a sua propriedade, para que todos pudessem participar das rezas e festejos religiosos.
          A capela era conhecida como Capela de São José do Senhor Almeida. Com o passar do tempo, o vilarejo foi crescendo e se desenvolvendo até ser elevado a distrito de Jaboticatubas MG, cidade histórica mineira fundada em 1790, distante 66 km de BH, na Serra do Cipó. O município de Jaboticatubas faz limites territoriais com Itabira, Itambé do Mato Dentro, Santana do Riacho, Baldim, Matozinhos, Pedro Leopoldo, Lagoa Santa, Santa Luzia, Taquaraçu de Minas e Nova União.
          Como a capela de São José do Senhor Almeida era muito visitada, tendo até romarias vindas de localidades mais distantes, o vilarejo passou a se chamar São José do Almeida, em referência à capela construída pelo senhor Almeida e assim é o seu nome até hoje.
          De um pequeno vilarejo, São José do Almeida se tornou um dos mais desenvolvidos, maiores e bem estruturados distritos mineiros. A vila conta com escolas, comércio variado, linhas de ônibus, serviços públicos urbanos, pequenas e médias empresas, restaurantes e pequenos hotéis e pousadas. 
          São cerca de 6500 moradores no distrito que tem como destaque a Matriz de São José e sua charmosa praça, bem como as belezas da Serra do Cipó, além da simpatia, hospitalidade e carisma de seu povo, que é muito acolhedor e trata muito bem os visitantes. (fotografia acima da Alexa Silva/@alexa.r.silva)
04 – Sobral Pinto
          Sobral Pinto é distrito histórico da cidade de Astolfo Dutra MG, Zona da Mata. O distrito surgiu a partir de 1860, no século XIX, com o nome de Pomba. Nessa época, o povo de Pompa era subordinado ao município de Rio Pomba MG.
          Seu crescimento ampliou-se a partir de 1879 com a chegada Estrada de Ferro Leopoldina, para trens de carga e passageiros. Com isso, novos moradores foram chegando, novas residências foram sendo construídas, operários da rede ferroviária se instalando no povoado, novas casas comercias, fazendo com que o povoado de Pomba crescesse e se desenvolvesse rapidamente. (fotografias acima e abaixo de Robson Gondin)
          A ferrovia passava dentro do povoado que tinha ainda uma pequena estação com o nome de Estação Pomba, construída em madeira, inaugurada por Dom Pedro II em 1881. Em 1892, o nome da estação recebe o nome de Sobral Pinto, bem como o povoado, que passou a se chamar também, Sobral Pinto. O nome homenageia Luiz Cavalcante Sobral Pinto, engenheiro da Estrada de Ferro Leopoldina. Em 1919 é inaugurado o novo prédio da Estação Ferroviária, dessa vez em alvenaria.
          No início do século XX, é erguida pelo português Manoel Póvoa, a capela de Nossa Senhora dos Anjos, mais tarde consagrada à Nossa Senhora Auxiliadora, a atual padroeira do distrito.
          Hoje o trem não transporta mais gente, mas a ferrovia deixou um legado de história, preservada na memória dos mais antigos moradores, bem como nas construções do século XIX e XX presentes na vila, bem conservadas e preservadas.
          Além disso, o distrito é pacato, muito bem cuidado, bem estruturado para receber visitantes que são bem recebidos por seus moradores, muito acolhedores e hospitaleiros. Sobral Pinto é ainda um exemplo de boa qualidade de vida, conservação, preservação e cuidado com a história, a natureza e as tradições religiosas, culturais e gastronômicas mineiras.
05 - Coco
          Coco é uma típica e tradicional Vila Colonial Mineira, distrito de Moeda MG, no Vale do Paraopeba, distante 60 km de Belo Horizonte.
           O casario colonial, típico do período barroco é um dos atrativos do distrito, suas belezas naturais nativas como matas nativas, trilhas, cachoeiras, bem como a Igreja do Sagrada Coração de Jesus. É uma igreja simples, mas com talhas, entalhes, forros e ornamentos requintados, típicos da arte sacra da século XIX e XX. (fotografia acima de Evaldo Itor Fernandes, o casario e a Igreja do Sagrado Coração de Jesus)
          Tanto a Igreja, quando a formação do povoado, tem origens no século, segundos os moradores mais antigos. Seu povo tem orgulho de sua comunidade, de sua igreja e recebem muito bem os visitantes, como todo bom mineiro. A principal atividade econômica de Coco é agricultura familiar, turismo e pequenos comércios. 
06 - Santo Antônio do Rio Grande
          Santo Antônio do Rio Grande é um paraíso escondido a 1200 metros de altitude nas montanhas sul mineiras da Serra da Mantiqueira, cercada por várias nascentes que formam córregos, cascadas, cachoeiras e poços de águas limpas, gelada e cristalinas que deságuam no Rio Grande. (fotografias acima de @miguelhobbydrones)
          Santo Antônio do Rio Grande está a 14 km distante de Bocaina de Minas, próximo da Via Dutra e apenas 21 km de Visconde de Mauá, no Rio de Janeiro, a 390 km de Belo Horizonte, 190 km de Juiz de Fora MG, 43 km de Resende/RJ e 208 km de São Pulo.
O visitante encontra ainda em Santo Antônio do Rio Grande, charmosas e pitorescas pousadas, restaurantes de comida caseira típica e lanchonete. Tudo simples, aconchegante, acolhedor e tradicional.
          Um lugar bucólico, simples, bem acolhedor, pacato, tranquilo, com um casario simples, bem cuidado, ruas calçadas em pedra e com um povo se orgulha de sua terra e adoram uma boa prosa com os visitantes. São pessoas acolhedoras, simples, ordeiras, hospitaleiras e que guardam suas tradições religiosas e festejos tradicionais.
Como exemplo as festas juninas, em especial a Festa de Santo Antônio, com destaque para a fogueira de 25 metros, construída pau sobre pau, pelos próprios moradores. É um espetáculo que atrai turistas da região para acompanhar os festejos, saborear as comidas típicas, acompanhar as celebrações religiosas na Matriz e assistir a queima da fogueira. 
          Outro destaque de Santo Antônio do Rio Grande é seu belíssimo artesanato e sua culinária típica, como seus biscoitos, bolos e doces caseiros, além dos saborosos queijos produzidos nas fazendas da Vila, com destaque para os queijos da Fazenda Paiol.
          É um lugar que podemos chamar de paraíso, refúgio ideal para quem quer fugir da correria do dia a dia das cidades, buscar a paz e o sossego em meio a simplicidade, beleza natural e paisagens montanhosas com belíssimas cachoeiras de tirar o fôlego como a Cachoeira do Paiol com 120 metros de queda, do Brumado com 90 metros. (nas fotos acima do @miguelhobbydrones, a vista da Pedra Negra e a cachoeira do Vale das Flores)
          Tem ainda a cachoeira 5 Estrelas com 3 quedas seguidas, no total de 200 metros de altura, que formam lindos poços de água gelada e cristalina. Essa cachoeira está apenas 6 km distante da vila. Além disso tem o Mirante Zé Manuela a 1800 metros de altitude, com uma espetacular vista de 360° graus das belezas da Serra da Mantiqueira e do Parque Nacional do Itatiaia.
07 - Florália
          Distrito de Santa Bárbara, cidade histórica mineira distante 120 km de Belo Horizonte, Florália é uma charmosa, atraente e tradicional vila colonial mineira. Sua origem é século XVIII, quando a vila se chamava Rio São Francisco. (fotografia acima de Jane Bicalho)
          Rio São Francisco foi elevado a distrito pela Lei provincial nº 2001, 14-11-1873, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, subordinado a Santa Bárbara. Em 1923, Rio São Francisco teve seu nome alterado para Florália.
          Rodeada por belíssimas paisagens nativas, montanhas, tem como seu principal atrativo seu charmoso casario colonial e a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Glória. Em sua origem, era dedicada a Nossa Senhora da Boa Morte. A construção da antiga igreja teve início no ano de 1745, no século XVIII, pelo padre Antônio Araújo. (fotografia acima de Jane Bicalho)
          Ao longo de sua existência, o templo passou por reformas e mesmo assim, continua sendo uma das relíquias históricas mineiras e um dos principais atrativos da região, bem como da Vila de Florália, um lugar acolhedor, de gente simples e hospitaleiro. Florária é tão singela e linda que é conhecida como “pedacinho do céu" de Minas Gerais.
08 – Tabuleiro do Mato Dentro
          É distrito da cidade histórica de Conceição do Mato Dentro MG, a 167 km de Belo Horizonte, na Serra do Espinhaço. O distrito está distante 20 km da sede.
          Tabuleiro é uma joia colonial do século XVIII, na região Central do Espinhaço. É uma típica vila mineira com casario colonial charmoso, uma igreja típica do Barroco Mineiro, erguida no alto de uma colina, campo de futebol, tradicionais vendas, botecos e mercearias. Na pitoresca vila colonial vivem mais de 1250 pessoas. É um povo simples, acolhedor, hospitaleiro e muito bom de prosa. (foto acima de Marselha Rufino)
         O distrito recebeu no século XIX algumas famílias de imigrantes alemães. Vieram trabalhar na siderurgia, já que a região contava com várias de minas de minério de ferro. Uma dessas famílias era a Utsch, especialistas na área de siderurgia. Trabalhavam numa siderúrgica fundada em 1822, na região onde é hoje o distrito de Cubas, que tem esse nome devida a medida, “cuba”, usada para medir o ferro e o aço. 
          O porque Tabuleiro tem esse nome é incerto. De concreto, apenas história oral, contada pelo povo. Segundo uma dessas histórias, o nome é em alusão a aparência das serras que lembram um tabuleiro. Outros dizem ser referência ao tabuleiro utilizados no século XIX e XX usados pelos moradores da região no transporte de mercadorias até a cidade de Conceição do Mato Dentro. Há ainda a versão que tabuleiro surgiu com os canteiros de plantações da época de sua origem, que tinham o formato de um tabuleiro. (fotografia acima do @gustavosimoes.art)
          A base econômica do distrito é a agricultura familiar, mas devido a Cachoeira do Tabuleiro e os parques ambientais, é o turismo que movimenta a economia do distrito, principalmente nas lojinhas de artesanato, botecos, restaurantes e pousadas locais que atendem todos os gostos e bolsos. Toda a comunidade do distrito, seja na área urbana da vila ou rural, estão inseridas no contexto do turismo.
          Tabuleiro é o distrito mais conhecido e visitado de Conceição do Mato Dentro devido a Cachoeira do Tabuleiro, a maior cachoeira de Minas, com 273 metros de queda, o equivalente a um prédio de 91 andares. É a terceira maior cachoeira do Brasil. O poço formado por suas águas tem cerca de 20 metros de profundidade, rodeado por blocos de pedras e também, com muitas pedras submersos. Pra completa toda essa beleza no entorno da cachoeira existem belíssimos jardins naturais com orquídeas, sempre-vivas e bromélias gigantes.
          A cachoeira está na área do Parque Natural Municipal do Tabuleiro e no Parque Estadual da Serra do Intendente, ambos pertencentes ao distrito de Tabuleiro. (fotos acima de Nacip Gômez)
          É tão impactante e linda que foi eleita com 40 mil votos em concurso realizado pelo Instituto Estrada Real, órgão ligado à Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), como uma das 7 maravilhas da Estrada Real.
09 - Porto dos Mendes
          Porto dos Mendes é distrito de Campo Belo, município da região Oeste de Minas, distante 226 km de Belo Horizonte. O distrito, está na divisa de Campo Belo com Nepomuceno e por isso conta com dois portos, um em cada cidade. Isso porque Porto dos Mendes é banhado pelo Lago de Furnas e a travessia é feita e barcos e balsas. 
          São dois portos. O porto “De Cá” como chamam o porto do lado de Campo Belo e o porto “De Lá”, como é mais chamado o porto de Nepomuceno, embora seu nome antigo seja Porto Sapecado. Mas é mais fácil falar “porto de lá” e “porto de cá”. (na foto acima do Daniel Souto)
          Além dos dois portos, as atividades de pesca e náutica, as balsas transportam carros, ônibus e tudo que puder sobre as águas do Lago. Porto dos Mendes é um dos mais importantes atrativos distritos de Campo Belo, não apenas pelo Lago de Furnas, mas por sua história e origem.
          Porto dos Mendes surgiu de um povoado formado no século XVIII, com o nome de Vila São Sebastião de Porto dos Mendes. Em 9 de agosto de 1864 foi elevado a distrito, passando a ser apenas chamado de Porto dos Mendes.
          É uma charmosa, pacata e atraente vila mineira, formada por pessoas igualmente pacatas, acolhedores e hospitaleiros. Tem ainda como destaque a Igreja de São Sebastião, construída em meados do século XVIII, o Cruzeiro no alto da serra, matas nativas, trilhas ecológicas e belas cachoeiras. (foto acima de Daniel Souto)
          Lugar com boa estrutura para receber turistas, conta com bons restaurantes, bares e pousadas, tanto em Campo Belo e Nepomuceno, quanto na própria vila. Lugar ideal para passeios em família, pesca esportiva, passeios de barcos e ainda para quem gosta de viajar pelos encantos da simplicidade das vilas coloniais mineiras.
10 - Bom Jesus do Vermelho
          Bom Jesus do Vermelho é distrito subordinado a Santa Rita do Ibitipoca, município distante 70 km de Barbacena e a 241 km de Belo Horizonte, nos limites territoriais com Ibertioga, Piedade do Rio Grande, Santana do Garambéu, Lima Duarte, Bias Fortes e Antônio Carlos, no Campo das Vertentes com a Zona da Mata. O acesso é pela MG-135 E MG-338. (foto acima de André Duarte)
          Bom Jesus do Vermelho é uma pequena vila típica do interior mineiro, com uma singela igreja, praça, um casario colonial bem cuidado, destacando as velhas e antigas vendas, como a Venda Salles, como podem ver nas fotos acima do André Duarte, a Venda, a Igreja e o casario visto da entrada da vila.
          Seu povo é simples, hospitaleiro, valorizam suas tradições folclóricas, religiosas e a tradição mineira dos tempos dos tropeiros e boiadeiros, presente nas cantorias da tradicional música caipira mineira, além da culinária mineira, principalmente as quitandas, sempre presente nas cozinhas mineiras e nas rodas de viola e sanfona, que sempre acontece nas casas e quintais da Vila.
          Lugar calmo e tranquilo, onde todos se conhecem. Na charmosa e pequena vila, vivem pouco mais de 1000 pessoas. Sua economia se baseia em pequenos comércios, na agricultura familiar e no turismo, já que a Santa Rita do Ibitipoca e seus distritos estão na área do Parque Estadual do Ibitipoca. Por esse motivo, restaurantes, bares e pousadas se encontra com facilidade no distrito, em Santa Rita e redondezas.
          Além disso, Bom Jesus do Vermelho oferece a seus moradores e visitantes um convívio pelo com a natureza, com trilhas diversas, cachoeiras, montanhas e as belíssimas paisagens paisagens do Parque do Ibitipoca, como por exemplo a Janela do Céu, principal atração do Parque, situado nas terras do município de Santa Rita, no qual faz parte Bom Jesus do Vermelho.
          Uma época boa para visitar Bom Jesus do Vermelho é julho, quando acontece a tradicional festa do Bom Jesus, com shows com bandas e artistas locais e regionais, barracas com comidas típicas, celebrações religiosas, dentre outras atrações.

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Receita da broa João-deitado do Cerrado

O João-deitado do Cerrado é feito com fubá de canjica, trigo, coalhada e outros ingredientes.
INGREDIENTES
. 1 litro de coalhada dissolvida em 700 ml de leite integral
. 1 quilo de fubá de canjica
. 500 gramas de farinha de trigo
. 250 gramas de manteiga derretida
. 1 concha rasa de banha de porco derretida
. 500 gramas de açúcar demerara
1 colher de sopa de fermento em pó dissolvido em 1 colher de sopa de leite integral em temperatura ambiente
4 ovos batidos ligeiramente batidos
. Sal a gosto
. Cravo moído e canela em pó a gosto
. Folhas de bananeira cortadas no formato 15x15 centímetros
MODO DE PREPARO
- Coloque em uma vasilha o fubá de canjica, a manteiga e a banha já derretidas. Misture bem
- Acrescente a farinha de trigo, o açúcar, o sal, o fermento em pó dissolvido no leite e mexa bem.
- Adicione os ovos e mexa novamente.
- Aos poucos, coloque a coalhada, mexendo até a massa ficar lisa e homogênea.
- Espalhe a canela, o cravo e misture.
- Peque as folhas da bananeira e com uma colher, vá pegando a massa e espalhando sobre as a folha.
- Enrole cada folha e amarre as laterais com um barbante ou linha da própria palha da bananeira.
- Leve para assar em forno a gás pré-aquecido a 250°C e deixe assando por 40 minutos
Retire do forno e sirva com um bom café e se quiser melhorar mais ainda o sabor, passe melado de cana ou com uma geleia de sua preferência que ficará ótima!
Fotos da broa da @merceariaparaopeba em Itabirito MG

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

A venda do Cecé em Jaboticatubas

(Por Alexa Silva) Essa é uma típica venda mineira, também conhecida como armazém, fica em na histórica e tradicional cidade de Jaboticatubas MG, a 60 km de Belo Horizonte, na Serra do Cipó. Como toda vendinha do interior, tem de tudo...
          Café moído na hora, ovos caipira, fubá de moinho d'água, leite, queijo, rapadura, cerveja gelada, tira gosto, pinga, biscoitos caseiros, bolos, frutas, xampu, Presto-barba, soda cáustica, refrigerante, suco, vassoura, rodo, absorvente, água mineral, balde, fumo de rolo, galinha caipira, toucinho fresco, vela, papel higiênico, arroz, sal, açúcar, pão... Bem assim, tudo junto e misturado.
  
          Ahhh!!! Tava esquecendo o principal, tem Seu Cecé, dona Lia, e Nonô. Com atendimento maravilhoso, prosa boa, simplicidade, aconchego... Tudo tão lindo, tão simples, tudo tão Minas!
Texto e fotos da Venda do Cecé em Jaboticatubas de autoria de Alexa Silva/@alexa.r.silva

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Sabão de cinzas: tradição, origem e como fazer decoada

(Por Arnaldo Silva) Lembramos com romantismo e saudosismo os velhos tempos na roça que nossos pais e avós viveram. A vida era mais tranquila, as famílias trabalhavam na roça, plantavam para comer. 
          Quase ninguém tinha dinheiro, mas não faltava nada. Plantavam e colhiam. Criavam galinhas e porcos. Tinha ovos, carne e gordura sempre. Roupas eram feitas na roda de fiar, com o algodão colhido que eles mesmos plantavam. (foto acima de @merceariaparaopeba em Itabirito MG)
           Não havia luz elétrica, usavam lamparina para iluminar a casa à noite. Na beira do fogão muita prosa, cachaça feita no alambique da comunidade e muitas quitandas. Tudo iluminado à luz de lamparina.
          Eram simples e a vida era simples. Mas não era fácil. A vida era dura, o trabalho era pesado. Começava antes do sol amanhecer e do galo cantar e encerrava depois que o sol se punha. Mas era um estilo de vida que deixou saudades, pela pureza e pela nostalgia. (foto acima do Igor Messias em Santana do Pirapama MG)
          Comparando com a realidade atual, não hesitamos em dizer que, mesmo sendo uma vida difícil, era melhor que a que temos hoje. E éramos mais humanos e as famílias mais unidades.
          Nossos pais e avós nos deixaram coisas boas desse tempo. Muitas delas estão em nossa memória e vida, mas outras foram esquecidas devido a modernidade. Uma dessas preciosidades esquecidas é o Sabão de Cinzas, também chamado de Sabão Decoada que é o processo de coar as impurezas da cinza antes de ser dissolvida na água.
O Sabão feito de Cinzas
          Passaram gerações e esse sabão acabou sendo esquecido e ao saber que existia, muita gente estranha existir um sabão feito com cinzas. Naqueles tempos difíceis, as famílias tinham que usar técnicas bem rústicas para manterem a higiene da casa e de si próprios. Sabonete e sabão, como conhecemos, existia, mas fora da alcance da maioria do povo que vivia no interior. Se não tinha como comprar sabão, faziam, aproveitando ingredientes bem fáceis e sem custo algum. (na foto acima, sabão de cinzas da @merceariaparaopeba em Itabirito MG)
          A cinza do fogão a lenha, água de cisterna e a gordura de porco, após o uso em várias frituras e já não estava mais boa para novas frituras.
          Não leva nenhum produto químico, como soda cáustica e nem precisa. Isso porque a cinza é rica em sais como o carbonato de potássio e o carbonato de sódio. Que dissolvida na água, exerce a mesma função da soda cáustica, com a vantagem de ser natural.
          Além disso, na cinza estão concentradas propriedades que tem a função de purificar e branquear. E o povo antigo sabia disso. Tanto é que as roupas claras encardidas, eram colocadas de molho com o sabão que faziam, com uma trouxinha amarrada com cinzas. No dia seguinte enxaguavam e colocavam para secar. A roupa ficava branquinha.
          A cinza é fácil de diluir em água porque concentra substâncias alcalinas, que são solúveis. Por isso mesmo, é usada desde tempos antigos para fazer sabão.
          Antigo que eu falo é antigo mesmo, não é nos tempos de nossos avós não. Há registros de sabão feito de cinzas há 2.800 anos antes de Cristo. Surgiu no oriente médio, na Babilônia. A arte de fazer sabão de cinzas passou a ser difundida na Europa pelos gauleses 600 anos a. C e principalmente durante o Império Romano.
Como fazer o Sabão de Cinzas
          O primeiro passo é preparar a decoada, que é mistura da água com cinza, misturada na gordura e aquecida no fogo até aprumar, ficando numa consistência bem grossa.
          Então vamos aprender fazer o sabão?
Você vai precisar de:
• 2,5 quilos de cinza de madeira
• 5 quilos de gordura de porco
• 5 litros de água de nascente ou cisterna.
Embalagem. Antigamente não embalavam o sabão, mas hoje, caprichosamente, como podem ver na foto acima, na Mercearia Paraopeba em Itabirito MG, passamos a embalar o sabão na palha da bananeira. Fica mais charmoso e bem no estilo antigo. Capricho de mineiro mesmo.
Dicas importantes:
- Não use a cinza de madeira de eucalipto porque, hoje, é uma madeira modificada geneticamente e nem de madeira de árvores transgênicas. Use a cinza da madeira nativa natural.
- Faça o sabão somente com a água de cisterna ou nascente. Não use água de torneira porque contém muito cloro e o sabão não vai prestar.
- Não use de jeito nenhum óleo de cozinha que temos em casa, comprados em supermercados, já embalados. São feitos com químicos e produtos transgênicos. É banha de porco mesmo, nada de óleo de soja, girassol, granola, etc.
- O sabão de cinzas bom é o feito com água, cinza e gordura de porco, natural.
Modo de fazer
- Recolha as cinzas, passe em uma peneira e retire as impurezas e gravetos não queimados.
- Faça a decoada, dissolvendo a cinza na água. Misture bastante até as cinzas se dissolverem por completo.
- Coe novamente na peneira para retirar o restante de cinza e impurezas.
- Coe também a gordura para retirar restos de alimento.
- Em um tacho, coloque a gordura. Quando estiver derretida, acrescente aos poucos a decoada e deixe fervendo por umas 2 horas. O sabão ficará na cor cinza escura.
- Demora, mas sempre dê uma olhada e mexa de vez em quando.
- Quando perceber que está adquirindo uma consistência bem firme, está chegando no ponto e mexa devagar, mas sem parar.
- Nesse ponto, mexa mais rápido até engrossar bem.
- Desligue o fogo e continue batendo até ficar uma massa dura.
- Deixe esfriar e em seguida pegue um punhado do sabão e comece a embolar, fazendo bolinhas.
- Enrole na palha da bananeira e amarre, como vê na foto acima da Mercearia Paraopeba/@merceariaparaopeba em Itabirito MG.
Prontinho. Está pronto um sabão ecologicamente correto que não afeta o meio ambiente.
Uma tradição ecologicamente correta
          Nossos avós diziam que esse sabão ajudava no tratamento de doenças de pele como as brotoejas, perebas, piolho, coceira, etc. Limpava mesmo a pele e ainda, deixava o cabelo lisinho, além de ajudar a combater a seborreia, prevenir cravos e espinhas.
          Mesmo sendo antigo, o sabão de cinzas continua a ser feito nos quintais das casas de nosso interior, como em Itabirito MG, encontrado na Mercearia Paraopeba e em várias outras cidades mineiras.
          Sabão de cinzas é tradição e sabedoria que ficou no passado, mas presente na vida de muitas famílias hoje que não dispensa esse sabão, usando-o na lavagem de utensílios domésticos, de roupas e também para tomar banho. Ah, e ainda usam a bucha vegetal, que é esfoleante natural e ajuda em muito na limpeza da pele.

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