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quinta-feira, 11 de novembro de 2021

A cidade de Datas, morangos e a Festa do Divino

(Por Arnaldo Silva) No Alto Jequitinhonha, a 1.197 metros de altitude, distante 272 km de Belo Horizonte, está a pequena, aconchegante e acolhedora, Datas, uma das mais belas cidades históricas de Minas Gerais.
          Com cerca de 5.500 habitantes, a charmosa cidade do Vale do Jequitinhonha, faz divisa com os municípios de Diamantina a 24 km, Serro a 55 km, Presidente Kubitschek a 29 km, Conceição do Mato Dentro a 110 km e Gouveia a14 km de distância. (fotografia acima de Nacip Gomêz)
Breve história
          Com a descoberta de ouro e diamante na região do Tijuco, hoje Diamantina, no século XVIII, a Coroa Portuguesa passou a emitir um título de concessão de lotes de terras para mineração. Esse título era chamado de “Datas D´el Rei”, porque era assinado, pelo Rei de Portugal. (foto acima de Nacip Gomêz)
          No início do século XIX, a expansão aurífera se expandiu para os arredores do Arraial do Tijuco. Na região onde está o município de Datas, foram encontrados ouro e diamante. Por esse motivo, vários desses títulos de posse e autorização para exploração mineral foram liberadas pela Cora Portuguesa. Com o título em mãos, mineradores, com seus escravos, começaram a atuar em suas datas na exploração mineral e também na agricultura.
          A partir de 1825, com o crescimento da exploração de ouro e diamante nas datas, começaram a chegar à região garimpeiros e aventureiros, vindos de várias regiões do Brasil. Além desses, vieram portugueses, como pedreiros, carpinteiros, barbeiros, ourives, alfaiates e comerciantes lusitanos de vários ramos comerciais. Vieram atraídos pela riqueza que o ouro e diamante, proporcionavam.
          Com a presença crescente desses povos, foi se formando um próspero povoado, popularmente chamado de Datas D´el Rei, devido à grande quantidade de Datas, liberadas pela Coroa Portuguesa na região.
          Graças ao ouro e diamante e a fé no Divino Espírito Santo, o arraial de Datas D´el Rei, crescia e prosperava.
          Após a Independência do Brasil, em 1822 e fim do domínio português, Datas D´El Rei passou a ser Ribeirão Datas, Espírito Santo de Datas e simplesmente, Datas, o nome popular do arraial desde sua origem. (foto acima de Nacip Gomêz)
          Em 1866, a Igreja do Divino Espirito Santo é elevada a Paróquia, novamente, confirmada como paróquia do Espírito Santo das Datas, em 1873.
          Em 14/09/1891, Datas é elevada à Vila, com o nome de Datas do Espírito Santo, subordinada a Diamantina. Em 7/09/1923, o nome da Vila volta a ser Datas.
          Finalmente, em 30/12/1962, pela lei estadual nº 2764, o distrito é desmembrado de Diamantina, tonando-se município independente, com seu nome original, Datas, sendo mantido. No dia 1º de março de 1963 o município é instalado oficialmente, passando ser essa data, a oficial de fundação de Datas MG.
Economia, turismo e religiosidade
          Se antes a economia do município tinha com base a mineração do ouro e diamante, hoje é a agricultura, a principal atividade econômica de Datas.
          Na agricultura destaque do município para a agricultura familiar e principalmente, o cultivo de morangos. A cidade é uma das maiores produtoras de morangos de Minas. Sim, no Vale do Jequitinhonha, cultiva-se morango. 
          Pra quem não sabe, o maior produtor de morangos do Brasil é Minas Gerais, que produz 65% dos morangos consumidos no país. (imagem ilustrativa acima de Ézio Donizete)
          Datas possui terras de alta qualidade, além de condições climáticas favoráveis ao cultivo de morangos e frutas diversas. Isso devido a altitude do município, no topo da Cordilheira do Espinhaço, a quase 1200 metros, acima do nível do mar. (na foto acima do Wilson Fortunato, orquídea nativa na Serra do Espinhaço)
          Os dias são ensolarados no verão, mas não muito quentes. Já as noites bem frias, seja no verão ou inverno.
          A temperatura média no inverno fica entre 12 e 16 graus, chegando abaixo de 10 graus, nos dias mais frios desta estação. Nos dias mais quentes, a temperatura média fica entre 23 e 27 graus. Seu clima é Tropical de Altitude tipo Cwb, portanto, ameno em boa parte do ano. As condições climáticas de Datas, favorecem bastante o cultivo de morangos e outras frutas.
Turismo
          Além disso, a cidade possui uma boa estrutura urbana, um comércio pequeno, mas variado, um bom setor de serviços, pousadas e hotéis aconchegantes, bem como, restaurantes com comidas típicas. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
          Datas se destaca no turismo de aventuras, graças às suas belezas naturais, como as cachoeiras de Cubas e do Ribeirão, o Córrego do Ouro com suas quedas, formando pequenas cachoeiras, as pinturas rupestres da Lapa Pintada, no distrito de Palmital, trilhas por matas nativas, além de seu rico e valioso artesanato em madeira.
Arquitetura colonial
          A arquitetura da cidade chama a atenção por seus belíssimos, majestosos e bem conservados casarões coloniais.
          Além disso, a sede da Prefeitura Municipal, (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade) a Biblioteca Caldeira Brant é um ponto interessante da cidade, bem como a Praça 1º de Março, a Praça Tiradentes e o Coreto da Praça do Divino (na foto abaixo do Elpídio Justino de Andrade).
          Duas pequenas e singelas capelas, são atrativos religiosos, históricos e arquitetônicos da cidade: a Capela de Nossa Senhora do Rosário, uma típica construção colonial, localizada no Centro da cidade e a Capela de Nossa Senhora da Conceição.
          Conhecida por Capela de Santa Cruz ou simplesmente, Capelinha, a Capela de Nossa Senhora da Conceição é um bem de alto valor cultural e histórico da cidade. Por esse motivo, foi tombada pelo município como Patrimônio Histórico de Datas, em 2005, bem como a imagem de Nossa Senhora da Conceição, esculpida em madeira policromada. A capelinha fica na Praça de Nossa Senhora da Conceição.
A Matriz do Divino
          O maior destaque, arquitetônico, histórico e religioso de Datas é sem dúvida, a Matriz do Divino Espírito Santo (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade).
          Datada de 1870, em substituição à antiga capela da Vila, a arquitetura da Matriz é singular e única na arte colonial mineira. Sua fachada, em estilo neoclássico francês, faz da igreja, uma das mais atraentes e belas de Minas Gerais. É uma obra de arte em cores, entalhes e detalhes de suas talhas!
          Seu projeto arquitetônico é atribuído ao francês, Félix Guizar, bem como os belíssimos entalhes neoclássicos, que ornamentam o interior da Igreja.
          É uma obra com um padrão artístico raro e único na arquitetura do final do século XIX, estando numa praça charmosa, rodeada por um casario atraente e bem cuidado.
          Em torno da Matriz do Divino, acontece os principais eventos sociais, culturais, religiosos e folclóricos da cidade. Um desses eventos é a Festa do Divino Espírito Santo. (fotografia acima de Anderson Sá)
          Registrada como Patrimônio Imaterial de Datas é uma das mais importantes festas culturais da cidade e uma das mais tradicionais e originais de Minas Gerais.
          A Festa do Divino Espírito Santo, mobiliza a comunidade Católica de Datas, numa demonstração de fé e preservação de suas raízes culturais e folclóricas. É uma das maiores identidades culturais da cidade.
Conheça Datas
          Datas é uma cidade única em Minas. (na foto acima a Giselle Oliveira, a beleza noturna da Matriz do Divino)
          Pequena, mas com um enorme coração para receber os visitantes. Cidade agradável, tranquila, recebe os visitantes e turistas de braços abertos.

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Biscoito afogado

(Por Marina Alves) Quem gosta de "biscoito afogado"? Eu gosto e não é de hoje. Mas no começo estranhei que inventassem de afogar o biscoito. Pensando bem, tá meio custoso pra esse biscoito acompanhar as delícias daquela xícara de café quentinho: se está afogado, morreu.
          Bobagens! O biscoito afogado morreu coisa nenhuma! Continua vivinho da silva. Vive no nosso paladar, nas nossas lembranças, nos nossos hábitos. Continua sendo, como sempre foi, uma das quitandas mais apreciadas aqui nas Minas Gerais.
          Afogado, nesse caso, não diz absolutamente nada. É só um jeito que o povo arranjou para desviar do biscoito escaldado — o óleo ou gordura pelando de quente, dando aquela amansada na secura do polvilho. Que diferença no produto final! O biscoito macio, sequinho e crocante — sem ser oco nem trincado por fora.
          Biscoito afogado é só um jeito de falar do povo. E esses falares são encantadores. No mais, o biscoito continua sendo a delícia que sempre foi. Tem outra coisa: se o biscoito não viesse afogado, ele até continuaria existindo, mas metade do charme de sua mineiridade estaria comprometida.
          Como abrir o velho caderno de receita, com uns respingos de óleo aqui e ali, mostrando o tanto que é usado, e não dar de cara com o “biscoito afogado”? Não tem jeito, esse é um detalhe que tempera minha memória gustativa e me dá água na boca: — Ah, que gostosura o biscoito afogado da minha mãe!
Receitado Biscoito Escaldado
Ingredientes
. 3 medidas de polvilho azedo (copo americano ou outra, usar a mesma para os outros ingredientes) 
. 1 medida de óleo 
. 1 medida de água 
. Ovos para amolecer (3 ovos ou mais) 
.1 pitada de sal
Modo de Preparo:
- Numa tigela, coloque o polvilho e misture o sal. 
- Ferver o óleo com a água e escaldar o polvilho. 
- Comece misturando com uma colher e em seguida vá misturando com as mãos, até formar uma farofa; 
- Bater os ovos (clara e gema) e ir acrescentando aos poucos, até ficar bem homogêneo. (A massa deve ficar em ponto firme, como a do pão de queijo)
- Transfira essa mistura para um saco de confeitar. 
- Em seguida, modele os biscoitinhos direto numa forma (não precisa untar)
- Assar em forno alto até crescer. Baixar a temperatura para secar.
Obs. Na falta de um saco de confeitar, use um saco plástico mais grosso e faça um furo na ponta.
Por Marina Alves de Lagoa da Prata MG- texto e receita. 
A fotografia ilustrativa é de autoria de Edson Borges de Felício dos Santos MG

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Itanhandu: a cidade saudável de Minas

(Por Arnaldo Silva) No alto da Serra da Mantiqueira, no Caminho Velho da Estrada Real, a 892 metros de altitude e a 426 km de Belo Horizonte, está a cidade de Itanhandu, no sul do Estado. Com cerca de 16 mil habitantes, o município faz divisa com Pouso Alto, Itamonte, Passa Quatro, Virgínia, São Sebastião do Rio Verde, Queluz (SP) e Resende (RJ).
Breve história
          A data de aniversário da cidade é 7 de setembro de 1923, mas sua história começa antes, no século XVIII. O pequeno arraial, cresceu, foi elevado à distrito em 1911 e à cidade emancipada em 1923. (na foto acima de autoria de Paulo Fontes, vista parcial de Itanhandu)
          A povoação no Sul de Minas, teve início do final do século XVII e XVIII, com a chegada de bandeirantes e aventureiros, em busca de ouro na região. Antes, toda a região era habitada por diversas etnias indígenas, como os puris, tupinambás, tupiniquins e caianganges.
          Com a descoberta de ouro, começaram a chegar mais aventureiros e bandeiras, dando origem a formação de arraiais e vilas. Boa parte das primitivas povoações da região, são hoje, cidades. Entre elas, Itanhandu, cujo nome tem origem indígena. Na língua tupi, Itanhandu significa "ema de pedra", através da junção dos termos itá ("pedra") e nhandu ("ema").
Clima e natureza
          Cidade com grande potencial para desenvolvimento do turismo, principalmente rural e ecológico, em Itanhandu passa o Rio Verde, que nasce em Passa Quatro, na divisa com Itanhandu. Tem ainda o Rio Posses, Rio Itanhandu e Rio Vermelho, que banham as terras itanhanduenses. Esses rios, formam corredeiras, cachoeiras e poços de águas cristalinas, ótimos para banhos, pesca e prática de esportes radicais.
          Região de Mata Atlântica, cortada por vales, com clima tipicamente serrano e ameno, rodeada por serras e montanhas, variando entre 900 a 2665 metros, no ponto mais alto. 
          Itanhandu é um município de rara beleza natural. Sua fauna é riquíssima e sua flora como bromélias e florestas nativas, como de araucárias, exuberantes e impressionantes.
          A cidade é acolhedora, bem cuidada e atraente, seu clima, ameno e ar puro, lembra o clima europeu. As temperaturas no município variam entre 4 a 27 graus. Nos dias mais frios de inverno, as temperaturas ficam abaixo de zero grau e geralmente ocorre geadas nessa época. (fotografia acima: acervo/Setur)
Tradições, culinária, arquitetura e cultura
          Nos dias bem frios, as chaminés aquecem as casas e o tilintar da lenha no fogão, exala o delicioso sabor de nossas quitandas e o borbulhar dos nossos pratos típicos, nas panelas de ferro e barro. Dos quintais, sítios, fazendas e pomares de Itanhandu, saem café caipira, feijão, milho crioulo, morangos, queijos, doces, compotas, cachaças, linguiças, bolos, pães, biscoitos, roscas e outras iguarias da tradicional culinária mineira. (fotografia acima: acervo/Setur)
          O casario da cidade tem traços da arquitetura colonial e eclética do século XX. Boa parte desse casario e construções históricas são preservados e conservados, por serem de grande importância para a história, patrimônio e cultura da cidade. 
          Itanhandu é uma cidade que oferece uma boa qualidade de vida a seus moradores (na foto acima: acervo/Setur, a Praça Amador Guedes). Além de sua exuberante natureza, a cidade conta diversos bares e lanchonetes atraentes, além de restaurantes com a rica comida típica mineira. 
          Além disso, na cidade e zona rural do município, são realizados diversos eventos culturais, gastronômicos, folclóricos esportivos e festivos, durante o ano. 
          Itanhandu conta ainda com um comércio e indústria, variados, setor de serviços, eficiente, em destaque para a educação e principalmente, na área de saúde. Vale salientar que o hospital da cidade, conta inclusive com heliponto. 
          Encontra-se ainda na cidade, pousadas e hotéis charmosos e aconchegantes. Alguns desses hotéis e pousadas, tem serviços de guias.
Eventos culturais
Festival de Música
          Durante o ano, acontece na cidade, diversos eventos culturais, entre eles o Festival de Música de Itanhandu.
          Tradicional desde 1969, quando foi criado pelo Grêmio Literário e Estudantil Coração Eucarístico (GLECE), do Colégio Coração Eucarístico é um dos mais importantes festivais de música de Minas Gerais.
          Já na sua 34ª edição, o Festival, voltado para todos os gêneros da Música Popular Brasileira, atraí cantores e compositores de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Festas Juninas
          As Festas Juninas são especiais em Itanhandu. Organizadas pelas escolas da cidade, realizada na praça principal da cidade, o “Arraiá Du Sô João, como é chamado o evento, é uma das festas juninas mais participativas, tradicionais e originais da região.
A Semana Santa
         Cidade tradicional, Itanhandu valoriza e preserva suas tradicionais religiosas, presente nas principais festas do calendário religioso, como por exemplo, a Semana Santa.
          A comunidade se mobiliza por meses, nos ensaios e preparo dos figurinos, para vivenciar e encenar a Paixão de Cristo, com uma fidelidade e demonstração de fé na encenação, que emociona os presentes. É um evento tão importante para cidade que é reconhecido como Patrimônio Cultural de Itanhandu.
O Big Biker Cup
          Um evento de grande porte, que acontece na cidade é o Big Biker Cup. Trata-se de maratona nacional de mountain bike, realizado em 3 etapas, sendo que a primeira etapa, é em Itanhandu, a segunda em Taubaté/SP e a terceira, em São Luís do Paraitinga/SP. (na foto acima: acervo/Setur, momento da largada do Big Biker Cup em Itanhandu)
         São milhares de competidores, de todo o Brasil, competindo em diversas modalidades, percorrendo 94 km, pelas trilhas do “Caminho Velho da Estrada Real", “Caminho Religioso da Estrada Real”, “Caminho dos Anjos” e do Circuito Terras Altas da Mantiqueira.
          A largada é na Praça Amador Guedes. A primeira etapa do Big Biker Cup acontece geralmente em março de cada ano. A próxima, está agenda para 13 de março de 2022
Atrativos naturais
          Entre seus mais famosos atrativos naturais, está a Pedra da Embocadura; a Pedra da Preta; a Pedra da Poeira, a nascente do Rio Verde; o Pinicão, onde pode-se contemplar a beleza das pedras do Rio Verde; o Rancho da Pedra Branca, a Cachoeira do Vô Delfim.
          Tem ainda a Rota Eco Turística do Bom Sucesso, área rural da cidade, com forte tradição na cultura caipira e o poço formado pelas águas  Cachoeira da Esmeralda, na comunidade de Posses. As águas da cachoeira são limpas, cristalinas. O poço é um dos mais belos atrativos naturais do município (na foto acima: acervo/Setur).
          A Trilha Volta das Porteiras, é outro atrativo da cidade. É uma trilha com 25 km de estradas, por fazendas e belíssimas paisagens. Tem esse nome porque ao longo de seu trajeto, contava com 7 porteiras, hoje, substituídos por mata-burros. (fotografia acima de Patrícia Esther)
          Tem ainda a Trilha do Trem, que percorre o caminho da antiga linha de trem que passava no município (na foto acima da Patrícia Esther)
Comunidade Serra dos Noronhas
          Serra dos Noronhas é uma tradicional comunidade rural de Itanhandu. Seus moradores se dedicam ao cultivo, por exemplo, de hortaliças, verduras, frutas, doces, queijos, milho crioulo, feijão vermelho (na foto acima: acervo/Setur, a paisagem da comunidade e abaixo, o feijão vermelho). Todos, totalmente orgânicos.
           A vocação agrícola dos moradores do povoado passou a ser uma das mais interessantes rotas turísticas da região. (fotografia acima: acervo/Setur)
          Além disso, Serra dos Noronhas tem uma forte tradição culinária. Das cozinhas, fogões a lenha e fornos das casas da Vila, saem comidas e quitandas diversas, como queijo, doces, cachaças e biscoitos, além dos derivados do milho, como bolo, mingau, pamonhas, etc.
Festival Milho põe a mesa e o artesanato da Serra dos Noronhas
          Na mesma comunidade, acontece, na época da colheita do milho, em janeiro, o festival “Milho põe a mesa”, um café colonial com os mais autênticos deliciosos sabores que saem dos fornos das cozinhas das Serras Mineiras. (fotografia acima: acervo/Setur, as quitandas da Serra dos Noronhas e abaixo, o milho crioulo, milho comum e pamonha, da comunidade)
          Como o milho é tradicional na comunidade, o artesanato feito com a palha do milho, também é. São peças finíssimas, únicas e muito procuradas por apaixonados pelo artesanato mineiro.
          Ainda na comunidade, Serra dos Noronhas, o visitante pode contemplar o 4º maior Pico do Brasil, o Pico Pedra da Minas, com 2.797 metros e o Pico dos Três Estados, com 2.656 m. (na foto acima: acervo/Setur) Este último, fica na divisa de Itanhandu, Queluz/SP e Resende/RJ.
Atrativos urbanos de Itanhandu
          Além dos atrativos naturais, na cidade, encontra-se vários atrativos arquitetônicos. Em destaque, a Praça Amador Guedes, principal ponto de encontro e de eventos culturais e religiosos da cidade. (na foto acima: acervo/Setur)
          A Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, criada em 1927 é um dos símbolos da fé e religiosidade do povo itanhanduense. (na fotografia acima de autoria de Paulo Fontes)
          Além da Paróquia, tem a Igreja do Bom Sucesso, construída no início do século XX, na comunidade de mesmo nome. É também um dos símbolos da religiosidade e arquitetura do município. (na fotografia acima - acervo/Setur)
          Outro destaque, é o Conjunto Ferroviário Urbano de Itanhandu, formado pelo Pontilhão Ferroviário da antiga Estrada de Ferro Minas e Rio (na foto acima - Acervo/Setur), Viaduto dos Pedestres e pela antiga Estação Ferroviária, construído em 1943, onde funciona atualmente a Estação das Artes
Economia de Itanhandu
          A economia do município é bastante diversificada. Seu polo industrial é formado por indústrias de calçados, confecções de roupas e lingerie, sacolas plásticas, laticínios, peças para aeronaves, além de granjas.
          Em Itanhandu está instalado uma unidade do Grupo Mantiqueira, líder no setor de avicultura na América do Sul. A cidade é a maior produtora de ovos de Minas Gerais.
          A agricultura é outro destaque na economia de Itanhandu. São produzidos no município feijão, milho, morangos, cogumelos, cachaças, azeite de oliva, vinhos, sucos de uva, queijos, etc.
          O Azeite "Serra que Chora" (foto acima/Divulgação), produzido na cidade, é um dos melhores e mais premiados azeites do Brasil, reconhecidamente de alta qualidade, similar aos tradicionais azeites portugueses, espanhóis e gregos. Serra que chora é a tradução do nome indígena, para Mantiqueira.
Tradição queijeira de Itanhandu
          A cidade está numa região de forte tradição queijeira. É vizinha à Alagoa MG, cidade tradicional na produção de queijos, sendo o município, uma região queijeira oficial, reconhecida como “Queijo Artesanal de Alagoa.
          Itanhandu, juntamente com, Aiuruoca, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalhos, Itamonte, Liberdade, Passa Quatro e Pouso Alto, formam a Região Queijeira “Queijo Artesanal Mantiqueira de Minas”.
          São diversas queijarias no município, produzindo um dos mais finos e saborosos queijos mineiros, artesanal com sabor, qualidade e textura únicas e inigualáveis. (na foto acima, Queijaria 50/Divulgação)
          Além da produção de queijos artesanais de altíssima qualidade, as queijarias da cidade estão instaladas de acordo com as normais sanitárias vigentes. (na foto acima, o Empório Queijos Almeida Guimarães/Divulgação)
          A maioria recebe visitantes, com visitas agendadas. Contam com espaços atraentes, bem organizados, onde o turista pode degustar e adquirir diversos queijos, além de doces diversos. (na foto acima, queijo da Queijaria Barões da Mantiqueira/Divulgação)
          Das queijarias artesanais de Itanhandu, saem um dos mais saborosos e apreciados queijos do Sul de Minas, com destaque para os queijos da Queijaria 50, Queijaria Bonsucesso, Queijaria Barões da Mantiqueira e Empório Queijos Almeida Guimarães (na foto acima, o interior do Empório/Divulgação).
Queijo de leite de búfala
          Na Fazenda São Francisco, são criadas búfalas para a produção queijos, feitos no Laticínio Pérola da Serra, instalado na própria fazenda. (na foto acima - Pérola da Serra/Divulgão)
          No laticínio, são produzidos queijos artesanais finos, como mozzarella, queijo temperado, queijo em barra, parmesão, etc., feitos com leite de búfala. (foto acima/Divulgação, produtos feitos com o leite de búfala)
          O queijo Pérola da Serra, recebeu medalha de ouro no Concurso Nacional do Queijo de Búfala da Ilha de Marajó, em 2019, além de medalha de mérito de Grande Campeão Nacional e Reservado Grande Campeão. (na foto acima - Pérola da Serra/Divulgação, parmesão feito com leite de búfala e abaixo, o Minas Frescal de Leite de búfala)
          O queijo feito com leite de Búfala vem conquistando a cada dia, o paladar do brasileiro, por ser um tipo de queijo rico em proteínas, cálcio, ferro, fósforo, vitaminas A, C, B6 e B.
          Outro ponto positivo para a boa aceitação dos derivados feitos com leite de búfala, é o fato desse leite, não conter a beta-caseína A1. É essa proteína presente no leite de vaca, que desencadeia problemas no organismo, de quem tem intolerância à lactose, além de reações alérgicas.
Natureza e vida interiorana
          Estando entre as oito (Aiuruoca, Alagoa, Itamonte, Itanhandu, Passa Quatro, Pouso Alto, São Sebastião do Rio Verde e Virgínia), cidades que formam o Circuito Turístico Terras Altas da Mantiqueira, Itanhandu, está também inserida na Área de Proteção Ambiental da Serra da Mantiqueira (APA).
          A cidade recebe muito bem o turista que vem ao município mineiro. Em grupos, em casais ou famílias, os turistas vêm à cidade em busca de aventuras, práticas de esportes radicais, como boia-cros, montanhismo, jeepismo, moutain-bike, canoagem, voo livre, rapel, até mesmo a pé ou a cavalo, pelas trilhas da Mantiqueira. (fotografia acima - acervo/Setur, vista parcial da cidade)
          Para quem busca contato com a natureza e vivenciar a vida em uma típica, pequena e charmosa cidade do interior mineiro, Itanhandu é o lugar ideal.
          Por estar numa região montanhosa, cortada por rios, repleta de matas, nativas, vales e picos.
A cidade saudável
           Por sua excelente qualidade de vida, educação e serviços de saúde de boa qualidade, além de suas belezas naturais, ar puro e por sua tranquilidade, Itanhandu é conhecida como a "Cidade Saudável".
          Cidade aconchegante, com boa estrutura urbana, que permite uma qualidade de vida saudável ao seus moradores, Itanhandu, é uma das melhores cidades de Minas Gerais para se viver.
          Esta é Itanhandu: cidade pacata, tranquila, tipicamente mineira, acolhedora, de povo simples e hospitaleiro. (fotografia acima de autoria de Paulo Fontes)
          Visite Itanhandu! Estar em Itanhandu, é como estar em casa. O visitante se sente em casa.
(As fotografias que ilustram a matéria, foram enviadas pela Secretaria de Turismo de Itanhandu MG, através de Luís Gustavo, secretário municipal de Turismo e Cultura)

domingo, 24 de outubro de 2021

Passeando pela cozinha das cidades mineiras

(Por Arnaldo Silva) Mineiro é bairrista por natureza. Ama e valoriza sua cultura, história e principalmente, sua culinária, em todas as cidades de Minas. Vamos fazer um passeio pelas cozinhas mineiras:
          O mineiro pode estar no mais requintado e luxuoso restaurante, em qualquer lugar do mundo, vai procurar saber se tem comida mineira. A comida mineira faz falta ao mineiro. (fotos acima de Carlos Oliveira Stam, do projeto @igarapebemtemperado)
          Defende com garfos, facas, colheres, panelas, tachos e até com a lenha do fogão, a sua cozinha e a riqueza da culinária mineira, que aguça os mais finos paladares do mundo, há mais de 300 anos.
          Quer logo saber se o Feijão Tropeiro é igual ao do Mineirão. Mas se quer comer um tropeiro de verdade e original, tem que ser o de Morro do Pilar.
          Se o Tutu de Feijão é de Paracatu, o Frango com Ora-pro-nobis de Sabará, o Doce de Leite de Viçosa.
          Se vai experimentar Truta, tem que ser de Marmelópolis.
          Quando vai comprar queijo, quer logo saber se é da Canastra, de Alagoa, de Araxá, da Serra do Salitre, do Serro ou de Itapanhoacanga.
          Queijo do Reino, tem que ser o de Santos Dumont.
          Se for tomar vinho, quer logo saber se é de Três Pontas, Andradas, Caldas ou de Diamantina. Se for vinho de jabuticaba de Sabará e de Catas Altas, melhor ainda.
          Se o vinho for o tricentenário Vinho de Rosas do Mosteiro de Macaúbas, em Santa Luzia, nem se fala.
          Se falar em cachaça e não falar de Salinas, é um sacrilégio e se for direto do alambique, melhor ainda, como mostra a foto do Chico do Vale.
          Bar e boteco bom, para tira gosto de verdade, se não for em Belo Horizonte, é em Diamantina.
          O licor, tem que ser o de Itaipé. A cerveja, tem que ser artesanal, puro malte e de Nova Lima.
          Mineiro adora combinar. Se compra queijo, compra também o doce de leite Viçosa e a Goiabada Cascão de São Bartolomeu. Está vendo acima essa foto da Giselle Oliveira? Que combinação perfeita! 
          A rapadura tem que ser de Itaguara.
          O requeijão não tem como não ser o de Poços de Caldas e muito menos o Catupiry, que tem que ser de Lambari.
          Se quer comer churrasco, não pensa em outro senão o churrasco do Triângulo Mineiro, de todas as cidades da região. Sem contar o arroz com jurubeba e a galinhada com açafrão da terra e gariroba. 
          O Pão de Queijo? Tem que ser os que saem dos fornos de Paracatu, sem dúvidas alguma.
          Já os biscoitos, se não for de São Tiago,  de Caldas ou o de Areado, você não sabe o que é biscoito.
          O Rocambole, só se for o de Lagoa Dourada.
          O peixe tem que ser de Formiga e Lagoa da Prata.
Se for comer moqueca, não tem dúvidas, tem que ser a de Três Marias.
          Com certeza, bom mesmo, são os pescados e frutos do Cerrado do Noroeste e Norte de Minas, principalmente os das cidades ribeirinhas ao Rio São Francisco. Ai é bom demais!
          A farinha de mandioca, tem que ser de Montes Claros.
          O fubá de canjica, de moinho e a farinha de milho, bom mesmo, é o de Bom Despacho.
          A Carne de Sol, se não for de Mirabela, não é Carne de Sol.
          Se vai comer pastel, tem que ser de angu de Itabirito ou o pastel de fubá de Machado e melhor ainda, o pastel com marmelada e queijo de Delfim Moreira, ai acima na foto do Mateus Ribeiro.
          O café, mineiro não dispensa nunca. Se for de Alto Caparaó, Caparaó ou de Espera Feliz, melhor ainda.
          Da Carne na Lata, mineiro não abre mão. Tem que ser de São João Batista do Glória ou de Piacaba.
          Se quer provar pé-de-Moleque, tem que ser o de Piranguinho, o morango do Sul de Minas e a mexerica, de Belo Vale.
          A melhor pamonha, seja doce ou salgada, é a de Patos de Minas. O mundo inteiro sabe disso.
          Bolo de Fubá bom mesmo é o assado na brasa e tem que ser o feito em Congonhas do Campo. Mas o João-deitado de primeira, esse bolo ai acima, fotografado pela Luci Silva. Ele é enrolado na folha de bananeira e assado no forno de barro. O Desterro de Entre Rios, é imperdível.
          Se o mineiro quer comer aqueles pratos dos mais saborosos com carne de porco, como por exemplo, o lombo com tutu, não resiste e vai para Tiradentes ou Congonhas do Campo.
          Para adoçar a vida, o mel tem que ser de Itamarandiba.
          Já o pequi tem que ser de Montes Claros ou de Japonvar e o feijão-de-corda também.
          O frango com quiabo e angu, se for de Diamantina, melhor ainda.
          De sobremesa, o doce de abóbora de Desterro de Entre Rios, esse acima, feito pela Luci Silva. Além da ambrosia do Serro, do doce de mamão de Malacacheta, do doce de figo de Araxá e da marmelada de São João do Paraíso, de Marmelópolis ou Delfim Moreira.
          Por falar em Delfim Moreira, nessa cidade do Sul de Minas, tem uma relíquia culinária, que é patrimônio imaterial da cidade, que poucos mineiros conhecem. A sopa de marmelo. Quem experimentou, garante, é divina!           
          Se vai para o Vale do Jequitinhonha, não resiste em saborear o famoso arroz com pequi, a farofa de andu, a carne de sol com mandioca, a paçoca de carne, a canjiquinha e o frango caipira. E ainda traz, como lembrança, o artesanato em barro do Jequitinhonha. (esse prato com pequi acima foi preparado pela Márcia Rodrigues, de Felício dos Santos MG)
          Se vai para Zona da Mata, em qualquer cidade, não resistirá ao Frango com palmito brejeúba e a moqueca de cascudo.
          A água mineral tem que ser de Lambari, São Lourenço, Araxá, de Cambuquira ou de Caxambu.
          E mesmo assim, esteja onde estiver, o mineiro vai querer saber se na cozinha tem fogão à lenha e se a comida foi feita em panela de pedra sabão de Ouro Preto. Com certeza vai. Igualzinho na foto acima do Chico do Vale.
          Ah, a panela tem que ser curada. Se não for, a comida não presta.
 
          A cozinha mineira não é apenas famosa no Brasil, é uma referência mundial. É mais popular no exterior, que a própria culinária brasileira, em geral. (na foto acima, a deliciosa cozinha do Restaurante Jeitinho Mineiro/@restaurantejeitinhomineirosrj, em Santa Rita de Jacutinga MG)
          Em qualquer país, se perguntar quais os pratos conhecidos da culinária brasileira, com certeza, o queijo, a cachaça, o pão de queijo, os biscoitos, o tutu de feijão, o feijão tropeiro, o frango com quiabo, o doce de leite, dentre outros, com certeza, serão lembrados.

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