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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

A história da Igreja inacabada de Sabará

(Por Arnaldo Silva) Sabará é uma das mais importantes cidades históricas de Minas, fundada em 1775, no final do século XVIII. A cidade guarda relíquias da nossa história, presentes em sua em seus casarões coloniais, na Casa da ópera, em seus museus e em suas igrejas imponentes, erguidas durante o Ciclo do Ouro.
          Muitas dessas igrejas abrigam obras do Mestre Aleijadinho, que já morou na cidade e do Mestre Ataíde, o mestre da pintura. A cidade fica apenas 20 km distante de Belo Horizonte. (foto acima de Leandro Leal)
          No Centro Histórico da Terceira Vila do Ouro de Minas Gerais, uma construção em pedras e inacabada, chama a atenção, pela imponência e pelas histórias ocorridas ao longo de seus mais de três séculos de existência, que impossibilitaram sua conclusão.
É a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos da Barra do Sabará. A irmandade dos Irmãos do Rosário foi fundada em 1713 e foi muito atuante em Sabará, durante o período do Ciclo do Ouro.
A história Igreja do Rosário
          É uma obra, que mesmo inacabada, impressiona, pelas sombrias paredes, em pedra sobre pedra e detalhes imagináveis, de uma Igreja que seria uma das mais belas e imponentes de Minas.
          Estar no interior da construção, emociona e intriga, pelos mais de 300 anos de existência. O que guardam essas paredes? Quais as histórias vividas e contadas neste lugar? (fotografia acima de Andréia Gomes/@andreiagomesfoto)
          Quantas dores e lágrimas foram derramadas em sua construção? 
          
No lugar onde foi projetada a igreja do Rosário em Sabará, existia uma pequena ermida, feita de madeira, dedicada à Nossa Senhora do Rosário. Foi demolida e no lugar, construída uma capela em melhores condições para os membros da irmandade exercerem sua fé, enquanto se construía o novo templo.
 
          Era bem simples e rústica em seu interior, com piso e detalhes em madeira, ornamentação e talhas dos altares bem singelos. As pinturas no forro da capela diferem da simplicidade do altar capela. São pinturas mais bem trabalhadas, simbolizando a Ladainha de Nossa Senhora. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
          A Irmandade, conseguiu com muito esforço, em 1757, a doação, por carta régia, de seu tão sonhado terreno, onde finalmente, conseguiram dar início a construção de sua igreja. Buscaram recursos, juntaram dinheiro e ampliaram a área doada, com a compra de dois terremos próximos, em 1766.
          No ano seguinte, começa a preparação do terreno, com a construção da igreja, iniciada em 1768. A parte de execução da alvenaria e cantaria, foi executada pelo mestre de obras, Antônio Moreira Gomes, contratado pela irmandade.
Projeto grandioso para a época
          Era um projeto grandioso e ambicioso para a época. Mesmo durante a riqueza do Ciclo do Ouro, era um projeto bem caro, já que os membros da Irmandade, não tinham tanto dinheiro assim. Esse foi um dos fatores para a lentidão das obras de alvenaria e cantaria, que só foram concluídas, 12 anos depois, em 1780, com a conclusão das obras da capela-mor e da sacristia, na alvenaria, sem o reboco e ornamentações. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
          A partir desse ano, com a falta de recursos, as obras continuaram bem lentas, passando pelas mãos de diversos outros mestres de obras, durante décadas, até o ano de 1878, quando os Irmãos do Rosário, decidiram concluir de vez as obras da Igreja.
          Nessa época, o Brasil vivia um período conturbado em sua história, com pressão sobre a Monarquia e pelo fim da Escravidão. Isso fez com que vários os negros, se dispersassem ou mesmo, fugissem para quilombos, cada vez mais comuns naquele tempo.
          Nas grandes cidades brasileiras, principalmente no Rio de Janeiro, a sede da Monarquia Imperial, a pressão pelo fim do Império e instalação da República e abolição da Escravidão eram cada vez mais frequentes, o que de fato ocorreu, anos depois. Em 13 de maio de 1888, foi abolida a escravidão no Brasil. No ano seguinte, em 15 de novembro, cai a monarquia e é instalada a República no Brasil.
Desistência para conclusão da obra
          Nessa situação, a Irmandade do Rosário, se viu esvaziada, sem dinheiro e sem a mão de obra, bem como a própria Igreja Católica, que não tinha também recursos para finalizar a Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Sabará. Encerraram-se então os esforços para a conclusão das obras. Do jeito que deixaram, está até os dias de hoje.
          Se tivesse sido concluída, seria um dos mais imponentes e belos templos do período barroco e rococó, em Minas Gerais. Seria uma igreja singular, rica em detalhes em sua fachada e nos ornamentos internos, com seus altares ornados em ouro, pinturas e talhas finíssimas e bem trabalhadas. A igreja chama a atenção para o projeto de seu adro, que lembra a escadaria do Santuário do Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas MG. (na foto acima de Arnaldo Silva)
Patrimônio de Minas e do Brasil
          Por sua história, ao longo de três séculos, e importância, no dia 13 de junho de 1938, todo o acervo da Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Sabará, foi tombado pelo (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Com o tombamento, garante-se a preservação integral de toda a obra. Como é um bem tombado, não pode sofrer modificações ou alterações, apenas restaurações e reformas estruturais e necessárias, que possam garantir a integridade e preservação da obra, em sua originalidade, como foi feito entre 1944 a 1945.
          O visitante pode conhecer a Igreja, por dentro e por fora, além de conhecer o Museu de Arte Sacra, que funciona em uma das sacristias da Igreja. Neste museu, estão mobiliários e peças religiosas dos séculos XVIII e XIX. 
          A curiosa obra inacabada (na foto acima da Andréia Gomes), desperta curiosidades e instiga a imaginação dos visitantes. É um dos lugares mais visitados de Sabará, além de ser um dos lugares mais enigmáticos de Minas Gerais. As paredes erguidas em pedra bruta, assentadas, pedra, sobre pedra, pelos escravos, tem muitas histórias para contar. São mais de três séculos, com histórias reais e outras nem tanto, contada em forma de lendas, muitas delas, fantasmagóricas, criadas pelo imaginário popular. 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

As águas quentes e medicinais de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Minas Gerais é conhecida no mundo inteiro pela arte barroca e suas cidades históricas, mas também é considerada a caixa d´água do Brasil, por seus rios, milhares de cachoeiras e nascentes e por suas águas medicinais, que brotam naturalmente de suas terras.
          Em Minas não tem mar, mas nas profundezas do seu nosso subsolo, brota um mar de águas que curam e rejuvenescem. O subsolo mineiro sempre foi rico em minerais. Das terras mineiras, brotavam em abundância ouro, prata, diamantes, esmeraldas e outras pedras preciosas, que ainda continuam saindo de nossas terras, hoje em maior escala, o minério de ferro, o nióbio e outros minerais. (na foto acima de Gislene Ras, o Parque das Águas da Estância Hidromineral de São Lourenço, no Sul de Minas)
          Hoje, a grande riqueza que brota do nosso subsolo são as fontes de águas medicinais. São as águas gasosas, sulfurosas, alcalinas, carbonatadas, ferruginosas, radioativas, magnesianas, minerais e outras mais, além de lama vulcânica, com variadas composições químicas, que brotam diretamente da terra. Águas mineiras atraem turistas do mundo inteiro, em busca das propriedades curativas de nossas águas.
          As fontes de águas minerais começaram a ser descobertas em Minas Gerais, a partir do no início do século XIX, numa época de bem pouco conhecimento sobre os poderes curativos das águas. Não sabiam porque elas curavam, apenas sabiam que curavam. Antes mesmo da chegada dos portugueses, os índios já conheciam os benefícios de beber e se banhar nas fontes naturais. Era prática comum entre os indígenas. Naquela época, por desconhecimento científico, as pessoas atribuíam os poderes de cura das águas, a presença de divindades no local e milagres inexplicáveis. Hoje, com o avanço da ciência, os benefícios e propriedades curativas das águas termais e lama vulcânica, foram confirmados pelos cientistas, com estudos realizados ao longo do século passado.
          Águas termais são águas puras, ricas em substâncias naturais e livres de impurezas e bactérias, dispensando assim, tratamento. As águas absorvem os minerais, oligoelementos e nutrientes do solo e das rochas. Essas substâncias são benéficas à saúde humana, renovam as células, são ricas em cálcio, manganês, ferro, zinco e selênio, além de conter até 2.000 mg de sais minerais naturais. Brotam da terra em temperaturas que variam de 37°C a 50°C, dependendo da variação do calor nas profundezas da terra.
          Beber ou banhar-se nas águas e lamas medicinais, comprovadamente, ajudam no complemento de tratamentos contra problemas de pele, porque repõe os sais minerais e antioxidantes perdidos pela pele, hidratam a pele ressecada, além de diminuir sua oleosidade. Equilibram o PH da pele, combatem o estresse, auxiliam em tratamentos estético, alergias, distúrbios do intestino e estômago, dores musculares, hipertensão arterial, arteriosclerose, dentre outras doenças. Além disso, as águas e lama promovem bem estar, descanso para o corpo e mente, além de relaxamento. Isso porque, onde estão as fontes, são lugares rodados por vasta natureza, com espaços aprazíveis, bem cuidados, propícios para quem quer fugir da correria do dia a dia. (foto abaixo de Arnaldo Silva)
          Onde estão as principais fontes de águas termais em Minas Gerais? No Vale do Jequitinhonha, Norte de Minas e principalmente no Sul de Minas. Você vai conhecer algumas dessas cidades mineiras, onde brotam águas medicinais, que curam e rejuvenescem.
Felício dos Santos MG          
          Vamos começar nosso roteiro por Felício dos Santos, no Vale do Jequitinhonha, a 370 km distante da Capital, com acesso pela BR-259. Faz divisa com os municípios de Senador Modestino Gonçalves, Itamarandiba, Rio Vermelho, Couto de Magalhães de Minas e São Gonçalo do Rio Preto. (na foto abaixo, a Praça da Matriz da cidade e um dos mais belos artesanatos mineiros, feito com papel de jornal reciclado, pela artesã Márcia Rodrigues/@marciaartescomjornal, que também fez a foto)
          Uma pequena, charmosa e acolhedora cidade tipicamente mineira, com pouco mais de 5 mil habitantes. Se destaca no artesanato, nas festas folclóricas e religiosas, por sua culinária típica do Cerrado, por suas belezas naturais e exuberantes, como a Cachoeira do Sampaio, a Mata do Isidoro, o Lajeado e a impressionante Cachoeira do Sumidouro (na foto acima de Marcelo Santos), onde suas águas despencam de um enorme penhasco, com 80 metros de queda.
          Outro atrativo, que vem tornando a cidade conhecida em toda Minas Gerais e Brasil, são suas águas quentes e medicinais.
          As fontes de águas de Felício dos Santos brotam da terra quentes, (como podem ver na foto acima do Luís Carlos da Silva/Divulgação). Saem quentes da rocha,  a uma temperatura de 37 graus centígrados. São medicinais, minerais, hipotermais e radioativas.
          Estão apenas 9 km do Centro da cidade. O local onde estão as fontes, conta com uma boa infraestrutura para receber os turistas, com pousada com quartos e chalés, restaurante e estacionamento 
          A área onde estão as fontes de águas quentes, possui 780 hectares, com matas nativas, nascentes, trilhas, uma rica e variada flora e fauna, além de muita água. Tem todo o conforto para que o turista possa relaxar e aproveitar as águas quentes que brotam direto da terra.
Montezuma MG 
          Saindo do Vale do Jequitinhonha, nosso destino agora é Montezuma, no Norte de Minas, a 748 km distante de Belo Horizonte. O município, com cerca de 8.500 habitantes, tem acesso pelas BR-122 e BR-135. Cidade famosa e conhecida no Brasil inteiro pelas propriedades medicinais de suas águas thermais, concentradas no Balneário de Montezuma das Águas Thermais.  
          A cidade é um convite para o descanso e convívio saudável com a natureza e procurada por pessoas de todo o país, que desde o século XIX, quando suas águas medicinais foram descobertas. (foto acima e abaixo arquivo do Balneário de Montezuma/Enviado por Eduardo Vieira Amorim)
          Muito bem estruturado, confortável e de rara beleza, o Balneário de Montezuma conta ainda com hotel, restaurante, e bar, além de duas piscinas de água quente, vindas das fontes naturais, outra de água fria, banheiros privativos com piscinas, salão de eventos, play ground, vestiários, banheiros privativos com piscina e loja de conveniência. Um ótimo ambiente para o turista que busca descanso e as propriedades medicinais das águas que brotam da terra, de Montezuma.         
Araxá MG
          Partindo de Montezuma, estamos indo agora para a Região do Alto Paranaíba, em Araxá (na foto acima de Arnaldo Silva), uma das mais importantes cidades mineiras, com cerca de 110 mil habitantes. A cidade faz divisa com Perdizes, Sacramento, Tapira e Ibiá e está a 215 km de Belo Horizonte, com acesso pela BR-262. 
          A cidade de Araxá está presente na história de Minas Gerais, pela herança dos índios “Arachás”, por suas tradições, principalmente na produção artesanal de doces e seus queijos, premiados no Brasil e exterior. Por sua gastronomia típica, pelo Grande Hotel do Barreiro, também pela história de Ana Jacinta de São José, a Dona Beja, famosa cortesã do século XIX.
          O grande destaque mesmo de Araxá são suas águas sulfurosas, radioativas, cálcicas, magnesianas, carbonatadas e sódicas, que brotam de várias fontes, sendo as principais, a Fonte Dona Beja e Andrade Júnior (na foto acima de Arnaldo Silva).
          Concentradas no Parque das Águas de Araxá, onde está um dos mais imponentes hotéis do Brasil, o Grande Hotel, inaugurado por Getúlio Vargas em 1944 (fotografia acima de Arnaldo Silva). É uma obra prima da arquitetura do século XX. Inspirado nos castelos europeus, o Grande Hotel do Barreiro, em Araxá, tem ornamentação e acabamento em mármores importados da Europa e ainda, lustres de cristais vindos da Boêmia, também na Europa, além de salões com mobiliário do século XX, muitos deles, também importados. Seus salões e corredores impressionam. Uma beleza singular e uma das joias de Minas Gerais.
          No entorno do Grande Hotel, um bucólico lago, um bosque e cascatas, projetados pelo paisagista Burle Marx, se destacam. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
          É nas Termas de Araxá, ao lado do Grande Hotel, onde estão as banheiras e piscinas de águas para tratamentos de saúde com duchas, saunas, hidroterapia, mecanoterapia e aplicação de lama vulcânica preta, indicada pra reumatismo e doenças de pele. 
          Além da beleza do Parque das Águas, Araxá é uma cidade bem organizada e muito bem estruturada e desenvolvida, com indústrias de vários segmentos, além da mineração do nióbio. Conta com uma sofisticada e aconchegante rede hoteleira e gastronômica, um artesanato valioso, principalmente bordados e crochês, um comércio variado, fácil acesso pelos principais pontos turísticos da cidade, como o Morro do Cristo, o Museu Dona Beja, a Igreja de São Domingos, o Museu de Arte Sagra da Igreja de São Sebastião, a Avenida Imbiara. (na foto acima de Arnaldo Silva, o interior das Thermas de Araxá)
          Além de suas belezas arquitetônicas, Em Araxá encontra-se belas paisagens naturais, como serras, rios que foram belas cascatas e cachoeiras, tendo acesso ainda para o Parque Nacional da Serra da Canastra. A cidade conta ainda com um aeroporto, com voos regulares, além de acesso fácil para BR-262.
Sul de Minas
          Saindo do Alto Paranaíba, vamos para o Sul de Minas, onde estão concentradas as principais estâncias hidrominerais de Minas Gerais e as mais famosas também.
          A maioria das estâncias hidrominerais do Sul de Minas, estão na Serra da Mantiqueira. Região montanhosa, de altitudes elevadas, com matas nativas, rios e cachoeiras e paisagens de tirar o fôlego, com fauna e flora riquíssimas. Além das águas que brotam do subsolo, tem ainda os frutos da terra para serem conhecidos e apreciados, nessa região. Fazendas centenárias de café, com seus imponentes casarões, fazendas de plantações de oliveiras e morangos, além de alambiques e cachaçarias, queijos especiais e várias vinícolas, produzindo vinhos finos, de qualidade. Muitas dessas fazendas, abrem suas porteiras para recebem visitantes. Em todas essas cidades, o turista poderá experimentar a genuína cozinha mineira e os pratos típicos do Sul de Minas, como os pratos feitos com a truta, morangos, marmelo, queijos, dentre outros.
          As estâncias hidrominerais do Sul de Minas são as mais conhecidas e mais procuradas por turistas de todo o Brasil e do mundo. São águas com ações curativas e medicinais, encontradas principalmente nas cidades de São Lourenço, Poços de Caldas, Pocinhos do Rio Verde, distrito de Caldas, Maria da Fé, Três Corações, Lambari, Campanha, Carmo de Minas, Conceição do Rio Verde, Heliodora, Lambari, Soledade de Minas, Baependi, Cambuquira, Caxambu e Passa Quatro.
          Além das águas medicinais, são cidades acolhedoras, e boa parte dessas cidades, com boa estrutura para receber os visitantes, com rede hoteleira e gastronômica de qualidade, além de artesanato, cultura, arquitetura, tradições populares marcantes. Duas delas conta com passeios de trem, como o Trem das Águas de São Lourenço a Soledade e o Trem da Mantiqueira, em Passa Quatro.
          Das estâncias hidrominerais da Região Sul de Minas, destacamos três cidades com ótima boa estrutura e atrativos variados para receber os turistas. São Lourenço, Poços de Caldas e Pocinhos do Rio Verde, distrito de Caldas.
São Lourenço MG
          As águas termais de São Lourenço estão concentradas no charmoso Parque das Águas, formado pela Ilha dos Amores, um lago com 90 mil metros quadrados, área verde, construções com arquitetura eclética, lugares próprios para banhos, como os banhos turco, infravermelho e ultravioleta, além de saunas, locais para massagens e duchas. É no Parque das Águas que estão concentradas as fontes de águas gasosas, magnesianas, alcalinas, ferruginosas e sulfurosas. Todas com gases próprios, formados durante milhões de anos, pelas atividades vulcânicas extintas. (na foto acima, de Wilson Fortunato, a entrada da cidade e abaixo, do Rinaldo Almeida, o Parque das Águas)
          São Lourenço é uma cidade tranquila, com um rico artesanato, famosa por seus doces, licores, culinária típica e produção de roupas de lã. É uma cidade charmosa, com arquitetura variada, com traços coloniais, ecléticos e europeus, graças a presença de imigrantes, que vieram para região no início do século passado. 
          A cidade é muito bem estruturada para receber turistas, com ótima rede hoteleira e gastronômica. Conta hoje com cerca de 48 mil habitantes, fazendo divisa com os municípios de Soledade de Minas, Carmo de Minas, Pouso Alto e São Sebastião do Rio Verde. Está a 400 km distante da Capital, com acesso pela BR-381.
Poços de Caldas MG
          Poços de Caldas é outra importante estância turística e hidromineral mineira. (fotografia acima de Guilherme Augusto/@mikethor) Situada a 1184 metros de altitude, a cidade está literalmente na “boca” de um vulcão extinto há milhões de anos. O acesso à cidade é pela BR-351, estando distante 451 km da capital, contando com cerca de 170 mil habitantes. Faz divisa com os municípios de Andradas, Bandeira do Sul, Caldas, Campestre, Botelhos e com os municípios paulistas de Águas da Prata, Divinolândia, Caconde e São Sebastião do Grama. 
          As águas que brotam das terras poços-caldenses são sulfurosas, radioativas, alcalino-sulfurosas-hiper-termais, ferruginosas e radioativas. Diferente das outras estâncias hidrominerais, onde as águas se concentram em Parques, em Poços de Caldas as fontes são espalhadas na área central da cidade, em belíssimas e bem cuidadas praças. São nove fontes ao todo, com alguns chegando à superfície a 45 graus centígrados. 
          Para banhos, a fonte mais indicada é a Fonte Antônio Carlos (na foto acima de Thelmo Lins), que está dentro de um complexo arquitetônico construído nas primeiras décadas do século passado. Uma das mais belas arquiteturas do século XX, em Minas. Os banhos nessas águas ajudam a aliviar a tensão e desintoxicar o organismo. 
          Poços de Caldas vai muito além de suas águas medicinais. É uma das cidades mais desenvolvidas de Minas e uma das mais procuradas por turistas, principalmente, casais em lua de mel. A cidade inspira romantismo. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
          Possui como atrativos a Praça Pedro Sanches, em frente ao Palace Cassino, o Mercado Municipal, a Praça Dom Pedro II, onde está a Fonte dos Macacos, onde acontece todos os domingos, a Feira de Artes e Artesanatos, o Relógio Floral, a Fonte das Rosas, o Represa Bortolan, o teleférico, que leva os turistas ao Morro do Cristo, a 1.678 metros de altura.
          A cidade conta ainda com uma gastronomia típica, parques urbanos com cachoeiras, como a Cascata das Antas, das Andorinhas e do Véu da Noiva, a Fonte dos Amores, o Recanto Japonês, a bela Matriz de Nossa Senhora da Saúde, a sua charmosa rodoviária, suas festas religiosas, como as Congadas, seu portal de entrada (na foto acima do Luís Leite) e várias outras belezas urbanas. Sem contar a sua sofisticada e aconchegante rede hoteleira, sua rica gastronomia e seu valioso artesanato, principalmente artesanato em vidro, arte introduzida na cidade por imigrantes italianos, vindos da Ilha de Murano, no início do século passado.
Caldas MG e a Estância de Pocinhos do Rio Verde
          Vizinha a Poços de Caldas, está Caldas, uma das mais antigas cidades do Sul de Minas, fundada em 27 de março de 1813. Inclusive, Poços de Caldas, era distrito de Caldas, antes de ser elevada à cidade emancipada. Caldas conta com cerca de 15 mil habitantes e está a 465 km, com acesso pela BR-381. Faz divisa com os municípios de Andradas, Poços de Caldas, Ibitiúra de Minas, Santa Rita de Caldas, Campestre e Bandeira do Sul.
          O grande atrativo de Caldas são suas águas medicinais, concentradas no distrito de Pocinhos do Rio Verde (na foto acima de Luís Leite), onde está também o Gran Hotel de Pocinhos.
          Construído na segunda metade do século XIX, em estilo colonial, é o mais antigo hotel em funcionamento no Brasil. (créditos da imagem acima: Summit Concept Pocinhos/Divulgação) Pelas dependências do Grande Hotel, passaram milhares de hóspedes, entre gente anônima ou famosa, que vindos de vários lugares do Brasil e do mundo, em busca de cura para suas enfermidades ou mesmo para descanso.
          Região de ar puro e belíssimas paisagens, Pocinhos do Rio Verde é procurada por turistas do mundo todo, em busca das propriedades medicinais de suas águas. Lugar ideal para quem deseja sossego e descanso. 
          No Parque Balneário de Pocinhos o visitante pode desfrutar das três fontes de águas minerais, além de ducha circular, hidromassagem, sauna e banhos de imersão.
          Agora é só escolher o roteiro e vivenciar a beleza, tranquilidade, sossego que as nossas estâncias hidrominerais oferecem, bem como os benefícios para a saúde, que as águas que brotam das terras mineiras, proporcionam.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

O Parque Municipal de Belo Horizonte

(Por Arnaldo Silva) Inaugurado 76 dias antes da fundação oficial da Capital Mineira, em 1897, o Parque Municipal de Belo Horizonte, oficialmente, Parque Américo Renê Giannetti, prefeito de Belo Horizonte entre 1951 a 1954, se tornou um dos símbolos da capital e um dos mais tradicionais pontos de encontros das famílias belo-horizontinas. (fotografia abaixo de Rogério Salgado)
          O parque conta com cerca de 280 espécies de árvores diferentes,  entre jaqueiras, ipês, jacarandás, flamboyants, figueiras, fícus, pau-formiga, bougainvilles, manacá-de-cheiro, pau-terra, paineiras, pau-brasil, pau-mulato, dentre outras. Algumas dessa árvores, são centenárias. Cerca de 110 espécies diferentes de pássaros podem ser vistas no parque, como por exemplo, bem-te-vis, sabiás, socós, periquitos, pica-paus, sanhaços, saíras, canários, além de pequenos roedores e animais como por exemplo, micos e gambás.
          As nascentes no parque, formam 3 belos lagos, sendo o maior deles, com barcos e pedalinhos. Tem ainda jardins, parque infantil com diversos brinquedos, quadra de tênis e pista de patinação, pista de caminhada, quadras poliesportivas, equipamentos de ginástica, além de trenzinhos, fontes de água potável, sanitários, lanchonete, pipoqueiros e o tradicional algodão-doce, além dos saudosos fotógrafos lambe-lambe, que registram, desde a origem do parque, as recordações das famílias belo-horizontinas. (foto acima de Rogério Salgado e abaixo de Arnaldo Silva)
          O Parque Municipal é um verdadeiro museu a céu aberto. Caminhando por sua área, encontrará vários monumentos de grande relevância cultural e histórica, como o monumento dedicado à Mãe Mineira, esculpido pelo escultor italiano Lélio Coluccini, inaugurado em 1959.
          Ana Maria de Jesus Ribeiro, mais conhecida por Anita Garibaldi, heroína Catarinense, recebeu homenagens do povo mineiro, com uma estátua sua, instalada na Ilha dos Amores, no lago principal do parque (na foto acima de Arnaldo Silva).
          Duas réplicas de monumentos famosos no mundo, com os originais expostos no Museu do Louvre em Paris, estão no Parque Municipal, instaladas próxima a Avenida Ezequiel Dias. Uma é a réplica da escultura grega de Vitória de Samocrácia e outra, no Lago, outra escultura grega, a Vênus de Milo (na foto acima de Arnaldo Silva).   
          No Parque Municipal, encontra-se um charmoso coreto, rodeado por um belo jardim, em estilo francês. Esse coreto veio da Bélgica e estava inicialmente na antiga praça, em frente a atual rodoviária, transferido em 1922, para o parque. Tudo isso bem no centro da metrópole mineira. (foto acima de Rogério Salgado)
          Um lugar lindo, charmoso, nostálgico, pitoresco e atraente, desde sua fundação. E continua assim até os dias de hoje. É um dos mais belos cartões postais de Minas. Lugar onde famílias passam fins de semanas e feriados com os filhos. É comum toalhas estendidas sobre os gramados e as famílias em volta, no tradicional piquenique. 
          O Parque foi criado pelo engenheiro Aarão Reis, um dos integrantes da comissão criada em 1895, para projetar a nova capital mineira. Projetado por Paul Villon, arquiteto-jardineiro francês, o parque foi instalado na fazenda da família de Guilherme Vaz de Mello, numa área original de 555 mil metros quadrados. 
          Nessa época, o parque formava um imenso quadrado, entre a Avenida Afonso Pena, a antiga rua Araguaia, hoje Francisco Sales, a antiga rua Mantiqueira, hoje Alfredo Balena e a antiga rua Tocantins, hoje, Assis Chateaubriand. Esta área foi escolhida pela riqueza do solo e por suas nascentes de águas, que permitia o plantio de variedades de outras espécies. (foto abaixo de Arnaldo Silva)
          Belo Horizonte foi uma cidade que nasceu planejada. A previsão de seus idealizadores era teria  um crescimento lento, chegando a 100 mil habitantes, em 100 anos. Fatores como a industrialização e o êxodo rural constante, por exemplos, foram predominantes para o crescimento da capital, bem além das previsões iniciais. Mais de 120 anos depois de sua fundação, Belo Horizonte conta hoje com mais de 2,5 milhões de habitantes. 
          Com o crescimento da cidade, principalmente em torno da área do Parque Municipal, optaram por valorizar o crescimento urbano, reduzindo as áreas verdes, visão predominante na época. Assim, o Parque Municipal, começou a perder sua área. Avenidas e ruas em seu entorno começaram a ser alargadas. Com a instalação da Estação Ferroviária na capital, no início do século XX, parte da área do parque, deu lugar a trilhos. (foto abaixo de Rogério Salgado)
          Outra parte de sua área foi cedida para a instalação da Faculdade de Medicina da UFMG e da área hospitalar da Capital, entre as Avenidas Ezequiel Dias e Alfredo Balena. Um pedacinho da área, entre a Avenida Afonso Pena e Rua da Bahia, foi suprimido, para construção da Estação de Bondes, hoje, Mercadinho das Flores. Uma boa área do parque, no sentido BH/Sabará, foi integrada ao bairro Floresta, para construção de prédios residenciais e comerciais.
          Por fim, foram construídos dentro da área do parque, o Teatro Francisco Nunes, na década de 1940. Nas décadas de 1960 e 1970, foram construídos o Orquidário, o Palácio das Artes e o Colégio Imaco.
          Com isso, dos 555 mil metros quadrados da área original do parque, foram ao longo das décadas de sua existência, bastante reduzidos, chegando atualmente, a 182 mil metros quadrados de área. (fotografia acima de Rogério Salgado)
          Hoje, isso não aconteceria novamente com nenhuma outra área verde de qualquer cidade brasileira. Isso porque a visão atual, é de equilíbrio entre a urbanização e o meio ambiente, havendo consenso da necessidade de ampliar as áreas verdes das cidades, não o contrário.
          Em 1977, o Parque Municipal de Belo Horizonte foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA). Todo o conjunto paisagístico e arquitetônico da área do parque, foi tombado. Com isso, novas construções ou perdas de espaços, ficaram proibidos. Nesse mesmo ano, a área foi toda cercada. Em 1992, foram plantadas mais árvores em sua área, além de receber novas melhorias. (panorâmica abaixo de Arnaldo Silva)
          O Parque Municipal é administrado desde 2005 pela Fundação de Parques Municipais (FPM). É aberto à população de terça a domingo, de 6h às 18hs, com entrada franca.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Caeté e o esplendor da Serra da Piedade

(Por Arnaldo Silva) A cidade de Caeté é uma das joias de Minas Gerais. Com cerca de 45 mil habitantes, está apenas 50 km da capital, com acesso pela BR-381, que liga BH a Vitória/ES. Faz divisa com os municípios de Nova União, Taquaraçu de Minas Raposos, Rio Acima, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Bom Jesus do Amparo e Sabará. 
          Seu povoamento e história começa antes, no final do século XVII e início do século XVIII, com a chegada de bandeirantes à região, em busca de ouro, prata e esmeraldas. Fundada em 14 de fevereiro de 1714, quando foi elevada à vila, com o nome de Vila Nova da Rainha, cresceu com a mineração do ouro, tendo sido elevada a distrito em 1724. Com a decadência do Ciclo do Ouro, voltou a ser vila em 1833, para ser elevada novamente a distrito, em 1840, mudando o nome de Vila Nova da Rainha, para Caeté. Em 1865, foi elevada à cidade emancipada. O nome Caeté tem origem na língua tupi, que significa “Mato Verdadeiro”. (fotografia acima de John Brandão- In Memoriam com Caeté ao fundo, e abaixo de de Sérgio Mourão, o centro de Caeté)
          O território de Caeté foi palco de importantes episódios da história de Minas Gerais, como a Guerra dos Emboabas, um confronto travado de 1707 a 1709, entre bandeirantes paulistas e portugueses. Emboabas era um apelido pejorativo que os paulistas deram aos portugueses. A disputa era pelo direito de exploração das minas de ouro, recém descobertas em Minas Gerais. (fotografia abaixo de Thelmo Lins)
          O município é formado pelos distritos de Antônio dos Santos
Morro Vermelho, Penedia e Roças Novas. Caeté conta com uma ótima estrutura urbana, com setor de prestação de serviços bons, um comércio variado, uma boa rede hoteleira e gastronômica. A economia da cidade gira em torno da agropecuária, da indústria extrativa, confecções, moveleira, alimentos, bebidas, dentre outros segmentos, além de suas reservas minerais.
          Outra atividade que movimenta a economia de Caeté é o turismo. A cidade histórica, guarda relíquias dos tempos do Ciclo do Ouro e do Império, em bom estado de conservação como o Museu Regional, a Casa João Pinheiro, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a Igreja de São Francisco, a Ponte do Funil, o Pelourinho do Poder, além de diversos casarões e construções do período colonial. Tem ainda as belezas naturais do município.
          Caeté possui um grande potencial para o ecoturismo, tendo inclusive, sido citada como um dos nove destinos ideais no Brasil para a prática de esportes radicais, pela Revista Veja. A cidade tem tradição na prática de arborismo e alpinismo, conta ainda com belas paisagens, como a Cachoeira de Santo Antônio, no distrito de Morro Vermelho, o Morro Serrote, a Serra do Gandarela, a Pedra Branca. (fotografia acima de Thelmo Lins)
          A cidade está ainda na Rota do Ferro, um antigo leito do ramal ferroviário da Estrada de Ferro Central do Brasil, que ligava Sabará, Barão de Cocais e Santa Bárbara, cruzando com a linha do trem da Ferrovia Vitória-Minas, em Caeté (na foto acima de Andréia Gomes). Hoje, a Rota do Ferro é uma trilha ecológica, muito usada por ciclistas. Pela trilha podem ser vistas belas paisagens, com cachoeiras, matas nativas, montanhas, cascatas, pontilhões e estações antigas.
          O grande destaque arquitetônico e um dos símbolos de Caeté, é a Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso. Trata-se de um dos mais belos exemplares da arte barroca e uma das precursoras do estilo rococó em Minas Gerais. (fotografia acima e abaixo de Thelmo Lins)
          Construída em alvenaria de pedra e não em estrutura de madeira e barro, como eram comuns naquela época, a igreja data da primeira metade do século XVIII, com atribuição do projeto a Antônio Gonçalves da Silva Bracarena. Há relatos de época, que diz que Bracarena não projetou a obra, apenas executou, sendo os riscos feitos por Manuel Francisco Lisboa.
          Pra quem não conhece, Manuel Francisco Lisboa, era um renomado arquiteto, carpinteiro, construtor e mestre-de-obras português. Chegou ao Brasil em 1724, vivendo em Ouro Preto, até sua morte, em 1767. Na cidade, deixou grandes obras como pontes e igrejas, como a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, construída em 1727 e a Igreja do Carmo, construída em 1766, além de ter construído o Palácio dos Governadores e feito outras obras em Ouro Preto e outras cidades. Mas seus talento e obras foram ofuscadas 
pelo talento notável do filho, que teve com uma de suas escravas. Era o pai de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Manuel Francisco Lisboa é mais conhecido hoje como, “o pai do Aleijadinho”.       Voltando à Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso em Caeté, a igreja ostenta uma imponente fachada, pilastras em relevo de cantaria, com janelas e portada, emolduradas em pedra, torres em corte quadrado, com óculo ao centro e cruz no topo.
          O interior da Igreja simplesmente impressiona pela riqueza dos detalhes e talhas douradas bem trabalhadas. Cada detalhe e cada entalhe é uma história e uma arte que impacta. A Igreja de Caeté é mais que uma igreja, é uma obra de arte pura! (fotografia acima e abaixo de Thelmo Lins)
          São oito altares com sanefas e baldaquinos, atribuídas a José Coelho Noronha. O forro da nave tem pinturas em perspectivas, o coro e pia batismal, em madeira. O retábulo do altar-mor, apresenta colunas salomônicas, anjos e um resplendor, onde estão onde estão simbolizados Deus Pai e o Espírito Santo e conta com a imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso. 
          O filho de Manuel Francisco Lisboa, o jovem Antônio Francisco Lisboa, estava iniciando nos primeiros passos na arte barroca, ensinada por seu pai. Aleijadinho, como mais tarde passou a ser conhecido, participou da ornamentação desta igreja como aprendiz, tendo esta obra influenciado na definição de seu estilo arquitetônico próprio, que fez dele o maior artista da arte barroca no Brasil e um dos artistas mais notáveis do mundo.
A Serra da Piedade
           Caeté é também um centro de peregrinação religiosa. Todos os anos, cerca de 500 mil romeiros, vindos de todo o Brasil, visitam a cidade. Isso porque é no município que está a Serra da Piedade e no topo da serra, a 1746 metros de altitude, está o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, construção iniciada em 1704 e concluída em 1770, contando com obra do Mestre Aleijadinho em seu altar. (foto acima do John Brandão/@fotografo_aventureiro) 
          A pequena ermida foi elevada a Basílica em 2017, pelo Papa Francisco, sendo até então, a menor basílica do mundo. Vale ressaltar que Nossa Senhora da Piedade é a Padroeira de Minas Gerais. (foto acima de Elpídio Justino de Andrade) Em 1974 foi construído um novo templo, atrás da Capela histórica. O novo templo foi projetado pelo arquiteto Alcides da Rocha Mineira, para receber os romeiros, chamada de Igreja Nova das Romarias.
          Antes da chegada do santuário, está o Observatório Astronômico Frei Rosário, da Universidade Federal de Minas Gerais. A estrada para o Santuário é muito bem conservada, segura e sinalizada. Além disso, o local conta com uma excelente estrutura para receber os romeiros como estacionamento, restaurante, cafeteria, lanchonete, loja onde se encontra diversos produtos religiosos, além dos famosos queijos maturados nas nuvens, dos frades que vivem no local e a Casa dos Peregrinos Dom Silvério, lugar para ideal para orações, meditações e seminários.
          Do alto da Serra da Piedade, o visual é deslumbrante, com vistas para várias cidades no entorno da Serra, como Belo Horizonte e o mar de serras, que impressiona pela beleza. (fotografia acima de John Brandão/@fotografo_aventureiro) Um lugar de paz, de sossego, de meditação, de contato com o eterno. O visitante, sente-se tocando no céu, se sentindo no coração de Deus.
          A Serra da Piedade é desde 16 de julho de 2004, Monumento Natural de Minas Gerais, através da Lei nº 15.178/2004, que definiu os limites de conservação da Serra, de acordo com a Constituição Mineira.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

As 15 mais belas capelas de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Basílica, Catedral, Paróquia, Igreja, Capela e Ermida. Essa é ordem hierárquica dos templos católicos. Basílica é a mais alta na hierarquia dos templos católicos. Diferencia das catedrais por ser mais pomposa e ter alguns privilégios, como por exemplo, altar reservado ao papa, cardeais e outras autoridades superiores da Igreja. Já uma Catedral, seria a sede da diocese, que é um conjunto de paróquias, tendo um bispo como superior, responsável. As igrejas são os templos principais que formam a Paróquia, tendo uma delas, designada como matriz.
          As Capelas são pequenos templos, com atendimentos religiosos específicos, mas sem contar com os serviços religiosos normais do dia a dia das igrejas, como esta acima, registrada pelo Peterson Bruschi, a Capela do Senhor do Bonfim, datada do século 1789, integrada ao casario colonial da Rua Monsenhor Barros - Santa Quitéria, em Catas Altas MG, Região Central.
          Esses pequenos templos foram e até hoje são construídos em locais mais distantes da Matriz, como por exemplo em casarões de sedes de fazendas, colégios, universidades, presídios, conventos, quartéis, quilombos, aldeias indígenas e comunidades rurais ou mesmo dentro das cidades, com funções específicas.
          Uma dessas capelas, com funções específicas, é a Capela do Santuário Schoenstatt Tabor da Liberdade ou Santuário da Mãe Rainha, em Confins, a 30 km de BH, a 5 minutos do Aeroporto Internacional (na foto acima de Elvira Nascimento). Construída em 2003, a singela Capela, é uma réplica do Santuário Schoenstatt, movimento religioso pertencente à Igreja Católica Apostólica Romana, fundado pelo Padre José Kentenich, em 1914, na cidade de Schoenstatt, na Alemanha. No mundo, são cerca de 200 santuários existentes e no Brasil, são 22. O santuário tem uma ótima estrutura para receber os fiéis, devotos da Mãe Rainha, que vem de todas as regiões do Brasil, principalmente em maio e outubro, para expressarem sua devoção a Mãe Rainha. É uma das referências do turismo religioso em Minas Gerais.
          Já as ermidas, são pequeninos templos, geralmente construídos em locais ermos e distantes das fazendas e vilarejos ou mesmo, (na foto acima do Marley Melo, uma pequena ermida, na Zona Rural de Mar de Espanha MG, Zona da Mata).          
          Em tempos antigos, era tradição construir capelas e ermidas nas fazendas e comunidades rurais, devido às dificuldades do povo em ir às igrejas assistir às missas e participar das atividades da paróquia.
          Nas capelas, faziam as rezas dos terços e celebravam as principais festas religiosas como Semana Santa, Corpus Christi e festas dos santos padroeiros de cada capela, além dos festejos tradicionais, como Festas Juninas e agradecimentos pela colheita ou graças alcançadas.
          Uma das capelas que se destaca em Minas Gerais, sendo considerada uma das mais belas, é a Capela do Senhor do Bonfim (na foto acima do Arnaldo Quintão), no topo do Morro Redondo, em Ipoema, distrito de Itabira MG, Região Central. O Morro Redondo está a 1.180 metros de altitude, acima do nível do mar. É um lugar ideal para fotografar, meditar e contemplar a natureza, já que do mirante, ao lado da Capela, é possível avistar os distritos de Ipoema, Serra dos Alves e Senhora do Carmo, além da Mina do Cauê, o Santuário do Caraça e o município de Bom Jesus do Amparo.
          São milhares de capelas espalhadas pelos 853 municípios e 1772 distritos mineiros, cada uma mais linda que a outra e algumas, como a Capela de Nossa Senhora do Ó, em Sabará, iniciada em 1717, são verdadeiros tesouros de nossa história (na foto acima do Jairo Nunes Ferreira)
          A Capela é um esplendor de beleza e um dos mais belos exemplares do estilo Nacional Português em Minas Gerais, a primeira fase do Barroco Mineiro, além de contar com traços orientais em suas ornamentações interiores.
          Infelizmente não temos como postar todas, por isso, escolhemos, apenas 15 capelas que se destacam por sua relevância histórica e arquitetônica para Minas Gerais. São capelas reconhecidas como patrimônios municipais, do Estado de Minas Gerais e do Brasil, através tombamento pelos órgãos de cultura das prefeituras locais, pelo IEPHA e IPHAN.
1ª - Capela de São José da Serra em Jaboticatubas
 
          Uma singela capela, com arte, adornos e contornos bem mineiros, em estilo colonial, encanta quem visita a pitoresca e bucólica Vila Colonial de São José da Serra, distrito de Jaboticatubas, apenas 25 km do Centro da cidade. A mimosa vila é um encanto, com seu casario em estilo colonial, bem preservado, o marco do Cruzeiro, datado de 1800 e sua capela, em tom azul e branco, com data de 1922, formam um dos mais simples, singelos e importantes conjuntos arquitetônicos mineiros. Da charmosa e atraente capela, tem-se como vistas, as belezas naturais da Serra do Cipó. (foto acima de Alexa Silva/@alexa.r.silva)
2ª - Capela de Santana em Belo Vale
          Em Belo Vale, distante 88 km de Belo Horizonte, no Vale do Paraopeba, o Vale do Charme Mineiro, está um dos mais queridos templos religiosos de Minas e um dos marcos da fé católica da cidade: a Capela de Santana, na Comunidade de Santana do Paraopeba, a 9 km de Belo Vele.
          Construída em1735 pelos escravos, a mando de Manoel Sobreira e Manoel Machado, dedicaram a Capela a Santa Ana, a mãe de Maria e avó de Jesus. 26 de julho é o dia da santa e nesse dia, foi descoberto ouro na região. Por isso a dedicação do Capela à Santana. A arquitetura da Capela evidencia a transição do estilo Nacional Português, para o início do Barroco Mineiro. A Capela possui altares e retábulos em madeira muito bem trabalhadas, bem como seus ornamentos internos, talhas douradas no altar-mor e pinturas no forro, evidenciando assim a fase clássica da arte barroca mineira.
          Desde sua construção, a Capela passou por algumas reformas, apresentando em sua arquitetura, elementos do estilo barroco e a partir de 1920, recebendo retoques em estilo eclético. Em 1929, uma grande intervenção, modificou a fachada original da Capela, abrindo arcos em sua porta e janelas, e acrescentando elementos diferentes do estilo barroco original da Capela. De original, restou em sua fachada, a data grafada, quando da construção do templo: 1735. A Capela passou por nova restauração recente, em 2020, de sua parte arquitetônica, cabendo agora a restauração de seus elementos artísticos interiores.
3ª - Capela do Rosário em Milho Verde
          A singela e mimosa capela do século XIX, dedicada à Nossa Senhora do Rosário, erguida pela devoção e fé dos negros livres e escravos, é um dos mais importantes templos setecentistas de Minas Gerais. Pouco se sabe sobre sua história, construção e data de seu início e conclusão da obra. A certeza é que é do século XIX e que é uma das maiores preciosidades da arquitetura mineira. (na foto acima de John Brandão/@fotografo_aventureiro.)
          Ladeada por um charmoso e simples casario colonial, localizada no topo de uma colina, de onde se tem uma bela vida em redor, principalmente do Pico do Itambé, fica em Milho Verde, distrito da cidade do Serro MG no Vale do Jequitinhonha.
          Erguida em barro, com estruturas em madeira bruta, mas bem trabalhadas, principalmente na sua fachada, chanfrada e com torre central, telhado em duas águas e ornamentos interiores em talhas simples. A pequena capela se destaca por ser um dos mais belos símbolos da mineiridade e simplicidade mineira e uma das mais visitadas e fotografadas capelas do Estado.
4ª - Capela da Penha em Passos
          Uma arquitetura diferente e singular para as capelas do século XIX, em forma octogonal e muito atraente (na foto acima de William Cândido), construída por Antônio de Faria e sua esposa, por gratidão à Nossa Senhora da Penha, por graça alcançada. A construção começou em 1863 e foi concluída em 1867, com bênção do padre João da Fonseca e Melo. Passou uma reforma na década de 1960 e outra, na década de 1980. Em 2008 passou por um novo processo de restauração, administrado pelo arquiteto André Nery, tendo sido concluído em 2009. É um dos maiores símbolos da religiosidade de Passos, um povo com tradições vivas, reconhecido pelo amor às sus tradições e preservação das festividades religiosas seculares. Por sua importância, a Capela de Nossa Senhora da Penha, é um bem tombado pela administração municipal desde 1998.
5ª – Capela do Senhor do Bonfim em Santa Luzia
          No Centro Histórico de Santa Luzia, cidade distante apenas 20 km de Belo Horizonte, uma charmosa capela erguida entre o final do século XVIII e início do século XIX, chama atenção, em meio a suntuosas construções do período colonial na cidade. É a Capela do Senhor do Bonfim (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade), restaurada e entregue à população em 2006, pelo IEPHA/MG. 
          É uma típica construção do Barroco Mineiro, com telhado em duas águas, porta frontal, duas portas no fundo, um sineiro sem torre e duas janelas frontais. As paredes tem a cor branca, com a base, em madeira, na cor azul. É um dos tesouros arquitetônicos de Minas Gerais. Em seu altar-mor, segue o estilo rococó, com ornamentação feita em talhas bem trabalhadas e no altar, a imagem do Senhor do Bonfim, esculpida por um escravo, que fez a obra em troca de sua carta de alforria, segundo a tradição oral.
6ª – Capela de Santa Quitéria em Catas Altas
          Construída por volta de 1728, no século XVIII, no alto de uma colina em Catas Altas MG, Região Central, a Capela Setecentista de Santa Quitéria é uma das mais expressivas construções em estilo Nacional Português em Minas Gerais. A base de sua estrutura é madeira maciça e barro, com frente chanfrada e torre central. Em seu interior, elementos do estilo joanino e rococó, ornamentam o altar-mor. (fotografia acima de Tom Alves/tomalves.com.br)
          A Capela foi tombada em 1999 pelo Núcleo Histórico de Catas Altas e também pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG)
7ª - Capela de São Francisco em Monte Verde
          Monte Verde tem sua origem em imigrantes vindos da Letônia (Latvijas Republika), país do Leste Europeu, na parte oriental do Mar Báltico. Seu fundador é o letão Verner Grimberg, percebendo semelhanças do lugar com seu país, como as paisagens, o frio e belezas naturais, adquiriu uma fazenda na região. Com o passar do tempo, outros letões começaram a chegar e um povoado a se formar, sendo hoje, Monte Verde, um dos mais badalados centros de turismo no Brasil. Os letões, fundadores de Monte Verde, deixaram um pouco da história, culinária e a arquitetura da Letônia, presente em todos os cantos da charmosa vila, de 6 mil habitantes.
          Uma dessas construções, em estilo letão, que se destaca, é a Capela de São Francisco de Assis (na foto acima de Sérgio Mourão), localizada na principal via de Monte Verde e bem ao lado da Paróquia de São Francisco de Assis. A pequena Capela, representa o estilo de vida de São Francisco de Assis, em sua simplicidade e humildade.
8ª – Capela do Porto do Saco
          No final do século XVIII e nos primeiros anos do século XVIII, foi formada uma fazenda, na curva do Rio Grande, em Carrancas MG, Campo das Vertentes. Essa curva lembra um saco, com a fazenda passando a ser associada a essa curva, sendo chamada de Fazenda do Saco.
          
Segundo a tradição oral, uma imagem de Nossa Senhora da Conceição foi encontrada à beira do Rio Grande. Retirada da beira do rio, foi levada para uma capelinha de madeira na fazenda. Dona Júlia Maria da Caridade, proprietária das terras, decidiu construir uma capela, de alvenaria para abrigar a imagem. (na foto acima de Rogério Salgado) A tricentenária capela foi erguida em pedra, na cor branca, com 4 janelas e porta frontal, portas e janelas laterais, em madeira, sem torre e sineira interna, sendo ainda, cercada por uma murada de pedras. Sacristia com retábulos, pinturas e ornamentos simples, em estilo rococó. No assoalho da Capela, estão os túmulos dos seus benfeitores. Tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, IEPHA/MG, a Capela é ainda, o primeiro patrimônio municipal de Carrancas e em torno da Capela, um povoado, hoje distrito, começou a ser formar a partir de 1879 está a 18 km do Centro de Carrancas.
9ª - Capela do Patriarca São José em Cordisburgo
          Construída em 1883 pelo Padre João de Santo Antônio, foi dedicada ao Patriarca São José. Em torno da Capela (na foto acima do Edson Borges), em estilo colonial e até os dias de hoje, preservada em sua originalidade, formou-se um povoado, com o nome de Vista Alegre. O pequeno povoado, deu origem à cidade de Cordisburgo, na Região Central. Por isso a importância da Capela para a história e formação do município, conhecido ainda pelas grutas, como a de Maquiné e por ser a terra do escritor Guimarães Rosa.
10ª - Capela Bom Jesus de Matosinhos em Couto de Magalhães
          Construída no final do século XVIII, a Capela do Senhor Bom Jesus de Matozinhos (na foto acima de Leandro Leal), na cidade de Couto de Magalhães de Minas, no Vale do Jequitinhonha, é uma das mais singelas e belas arquiteturas do Barroco Mineiro. Tombada pelo IEPHA/MG em 2 de junho de 1977, a capela segue o estilo das construções barrocas, com fachada bem simples, com uma única torre e uma beleza impactante em seu interior. 
          Destaca pela beleza dos retábulos, com pinturas e esculturas seguindo o estilo rococó e também o estilo joanino, com destaque para as imaginárias nos altares laterais do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Rita, de Santana, além de dois crucifixos. Retábulos são estruturas artísticas com louvores, instalados atrás ou acima do altar, feitos em madeira, mármore, pedra-sabão ou outro tipo de material, encerrando um ou mais painéis, pintados ou esculpidos.
11ª – Capela do Sagrado Coração de Jesus em Tabuleiro
          Conceição do Mato Dentro é uma cidade histórica mineira, distante 170 km da capital. Com origens nos primeiros anos do século XVIII, a tricentenária cidade se destaca pela riqueza do seu patrimônio arquitetônico. Destaca atualmente pela mineração, por suas paisagens espetaculares, pelo ecoturismo e seus distritos, igualmente ricos em tradição, história e arquitetura. Entre esses distritos, está Tabuleiro, distante 18 km do Centro da cidade. (foto acima de @vinicusbarnabe) Além de estar no distrito, a maior cachoeira de Minas, a Cachoeira do Tabuleiro, com 273 metros de queda, o Poço do Pari, Poço Pari, o Sítio Arqueológico do Dourado, a Lapa dos Gentios e Piscina da Lapa do Rio Preto, além da Cachoeira do Zé Cornicha.
          O bucolismo e mineiridade da charmosa e acolhedora vila colonial está presente em suas construções e em seu povo, muito hospitaleiro e acolhedor. Vivem na mimosa vila, pouco mais de 1 mil moradores. Tabuleiro guarda um dos tesouros do barroco mineiro: a capela do Sagrado Coração de Jesus.
          A capela e toda a vila simbolizam a nossa mais genuína mineiridade, evidenciando a harmonia da arquitetura barroca, com a simplicidade de seu povo e com a natureza. Erguida no topo de uma colina, que permite uma bela vista da vila e da natureza em redor, tem acesso por uma ladeira em pedras e escadaria, muito bem cuidada e iluminada. 
          A Capela possui em seu exterior detalhes bem simples com estrutura em madeira, na cor vermelha, portas e janelas na cor azul, com contornos vermelhos, uma torre com sineira, portas e janelas laterais e telhado em duas águas. Seu interior conta com altar-mor, retábulos, pinturas e ornamentos bem simples, mas muito bem preservados e cuidado com muito carinho por seus moradores.
12ª – Capela do Rosário em Grão Mogol
          Uma capela singular e de grande importância para a cidade histórica norte-mineira, de Grão Mogol MG, com origens no século XVIII, com suas construções no estilo colonial e em pedras, abundantes na região. Um dos destaques da cidade é a Capela de Nossa Senhora do Rosário. Erguida em pedra sobre pedra, janelas de madeira em formato de arco e telhado colonial e altar em talhas bem trabalhadas que impressionam pela beleza e riqueza, dedicado à Nossa Senhora do Rosário, retratada no altar segurando um terço, e com vestes em azul. A capela foi tombada em 2001 como patrimônio municipal. (fotografia acima de Tharlys Fabrício)
13ª - Capela de São Francisco de Paula em Tiradentes
          Edificada no alto de um morro, com gramado em sua frente e a tradicional cruz, com os instrumentos usados nas chagas de Jesus, está a singela Capela de São Francisco de Paula. É uma das mais importantes capelas, edificadas durante o Ciclo do Ouro, na cidade histórica de Tiradentes MG.
          Erguida em meados do século XVIII, foi tombada como patrimônio nacional pelo IPHAN, em 27 de janeiro de 1964. Por estar num lugar alto, com ampla vista para a cidade, em especial, a Matriz de Santo Antônio, subir o morro, conhecer a capela e fotografar a cidade e a Serra de São José, é quase que um ritual dos turistas que visitam Tiradentes.
          Diferente das tradicionais capelas erguidas em no município, a Capela (foto acima do César Reis) possui as sineiras não em torres e sim no corpo da fachada, que tem ainda duas janelas e uma porta em madeira bruta. Em seu interior, encontra no retábulo-mor a imagem de São Francisco de Paula, além das imagens de Santo Antônio e Nossa Senhora do Carmo. No lado direito da Capela, um painel de autoria de G. Rodrigues, feito na década de 1940, retrata moradores de Tiradentes, assistindo uma missa. Nas laterais da Capela, pode se ler a reprodução de dois ex-votos, datados do século XVIII. Em um desses ex-votos, pode-se ler a seguinte frase: “Mercê que fez São Francisco de Paula a Bernarda Maria, dando saúde a um seu escravo por nome José; que por espaço de cinco dias não comeu nem bebeu, nem fez operação alguma. Anno de 1787”. Um ex-voto, palavra em latim que significa “por força de uma promessa”, é um presente que um fiel oferece ao seu santo de devoção, em consagração, renovação de uma promessa ou agradecimento de uma graça alcançada.
14ª - Capela de Santa Rita em Serro
          É o maior símbolo da cidade do Serro MG, Vale do Jequitinhonha, e uma das mais singelas e belas construções coloniais do Estado de Minas Gerais. (foto acima de Elvira Nascimento) Erguida no topo de uma colina, com vista de 360 graus da cidade, com acesso por uma escadaria de 57 degraus, está a Capela de Santa Rita, construída por volta de 1745, no século XVIII.
          A arquitetura da Capela é simples, charmosa e atraente. Seu telhado é em duas águas, com fachada poligonal, com uma porta central e duas laterais e 5 janelas e uma única torre, onde está um relógio. Em seu interior, talhas em detalhes dourados e pinturas marmorizadas e motivos florais, nas paredes, feitas no século XIX, completam a harmonia da arte barroca mineira. A Capela está inserida no Conjunto Arquitetônico do Serro, tombado como Patrimônio Nacional pelo IPHAN em 1938.
15ª - Capela de Santo Antônio do Canjica
          Em Tiradentes, no Campo das Vertentes está uma das mais singelas e simples capelas mineiras, tanto em seu exterior, quanto em seu interior. Dedicada a Santo Antônio, data dos primeiros anos do século XVIII, erguida numa área de mineração de ouro. À época, as pedras de ouro encontradas nas minas em torno da capela tinham o tamanho dos grãos do milho da canjica. Por esse motivo, a localidade passou a se chamar Canjica e a capela, dedicada a Santo Antônio, teve o acréscimo de Canjica, passando a se popularizar com o nome de Capela de Santo Antônio do Canjica e é esse nome até os dias de hoje. (foto acima do César Reis)
          A simplicidade da Capela e do bairro, contrasta com sua importância para a região, durante o Ciclo do Ouro, já que era a principal área de exploração mineral de Tiradentes, no século XVIII. Mesmo um pouco distante do Centro Histórico de Tiradentes, o bairro do Canjica e sua capela, por sua importância histórica, são considerados, pelo IPHAM, partes do conjunto paisagístico e arquitetônico da cidade histórica mineira.

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