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terça-feira, 3 de setembro de 2019

12 principais identidades mineiras - Primeira parte

(Por Arnaldo Silva) Onde o mineiro estiver ele carrega consigo as nossas identidades. Seja no jeito de falar, de e expressar ou nos gostos, principalmente, culinários. Em termos de comida, o mineiro é exigente.
          O mineiro sabe perfeitamente identificar um queijo mineiro de verdade. Se o pão de queijo não é de Minas Gerais, só de olhar ele já sabe. Nem precisa experimentar. Se a comida é realmente mineira, feita de acordo com as tradições culinárias de Minas, ele percebe facilmente. Isso se chama identidade com Minas Gerais, coisa que só mineiro entende. Está na alma mineira. (na foto acima do Arnaldo Silva/@arnaldosilva_oficial, uma tradicional venda antiga no povoado da Garça em Bom Despacho MG)
Quem é mineiro é facilmente identificado por essas identidades.
01 - Uai
           Dificilmente mineiro não fala Uai, mesmo o mais erudito dos mineiros, vez ou outra deixa escapar um uai. Isso porque o Uai está na nossa raiz, na nossa origem, no nosso mineirês desde o século 19. Uai é nossa identidade. Mineiro que se preze e valoriza suas origens, fala uai com muito orgulho.
02 - Trem 
          Em Minas trem é tudo e tudo é um trem, mas um trem não é literalmente, um trem. Pode ser uma comida, uma rua, uma casa, uma roupa, uma árvore, um ônibus, um carro, um avião, um computador... Em Minas a palavra trem significa tudo que o mineiro gosta, não gosta ou não sabe bem o que é. (foto acima de César Reis)
03 - Queijo 
          Queijo corre nas veias do mineiro desde o século 18. É tradição mineira fazer queijo. Seja fresco o curado, no café ou no preparo das quitandas, mineiro, Minas e queijo tem tudo a ver. (foto do Queijo Roça da Cidade de São Roque de Minas/Divulgação)
04 - Pão de Queijo
          Do queijo surgiu uma das mais deliciosas quitandas do mundo. O nosso pão de queijo. Mineiro nunca fala “pão de queijo mineiro” porque o pão de queijo é mineiro. Se existe outro tipo de pão de queijo sem ser o mineiro, é cópia mal feita. O mundo todo sabe que pão de queijo é de Minas Gerais, a mais fina identidade mineira, tão importante quanto nosso uai. Falou em Minas, vem logo à mente, pão de queijo. (Foto acima de Regina´s Farm/Fazendinha da Regina) 
05 - Biscoito de queijo
          Só perde para o pão de queijo em termos de tradição e identidade mineira. Qual mineiro não gosta de biscoito? O preferido e tradicional é sem dúvida o biscoito de queijo. Com café coado à beira do fogão, num coador de pano... Hum... nem se fala. 
06 - Fogão a lenha
          No interior mineiro o fogão a lenha ainda está presente nas cozinhas, como há séculos. Dizem que não existe unanimidade, mas em se tratando de fogão a lenha, com certeza, todos afirmam que a comida tem um sabor diferente da feita no fogão a gás. É sem dúvida, a comida mais gostosa. Essa é a única unanimidade que eu conheço. Ainda mais aquela comida feita em panelas de ferro ou de pedra sabão. A figura do mineiro proseando a beira de um fogão a lenha é real, tradicional e comum até os dias de hoje no nosso interior, seja na zona rural ou na cidade. Na minha casa na cidade, tenho fogão a lenha e forno de barro.
07 - Forno de barro
           Por falar em forno de barro, esse não falta nos quintais dos sítios e fazendas de Minas. Na cidade também. Para assar broas, pão de queijo, biscoitos, roscas e rosquinhas são os preferidos. Junto com o fogão a lenha, é nossa identidade gastronômica, valoriza nossa rica culinária e nosso jeito mineiro de ser. (foto acima de Nilza Leonel)
07 - Artesanato mineiro
          A vocação mineira pelas artes vem desde os tempos antigos e o talento mineiro para o artesanato é reconhecido internacionalmente. O artesanato mineiro é uma das mais importantes identidades de Minas Gerais, principalmente o artesanato em barro do Vale do Jequitinhonha, na foto, de Ernani Calazans, artesanato da artesã Alice Costa, de Minas Novas, que dá identidade a Minas e ao Brasil.  
08 - Namoradeira de janela
          Nos tempos antigos as moças mineiras que queriam se casar, não saiam para as ruas ou bailes para procurar pretendentes. Era tradição ficar encostada nas janelas de suas casas a espera de um bom pretendente. Se o rapaz se interessasse pela moça, procurava o pai e pedia a dama em namoro. A arte replicou essa tradição do século 19 em Minas, criando as famosas namoradeiras de janela, hoje decorando janelas de boa parte das casas mineiras. (foto acima de Sônia Fraga em Ouro Preto MG)
09 - Panelas em pedra sabão
          Pedra sabão é uma rocha abundante em Minas, principalmente na região do quadrilátero ferrífero, onde está Ouro Preto e Ouro Branco, onde se concentra boa parte das rochas de pedra sabão no Brasil. Além do artesanato variado que a pedra sabão origina, as panelas feitas com a rocha estão presentes nas cozinhas mineiras desde os tempos do Brasil Colônia. São panelas maravilhosas, perfeitas para o cozimento e o sabor da comida é outra coisa. Deliciosa mesmo. (foto acima do Chico do Vale)
10 - Oratório
          Antigamente existiam muitas comunidades rurais e os padres tinham dificuldades em dar atenção a todos. A fé e religiosidade do povo mineiro sempre foram fortes e mesmo na ausência da Igreja em suas comunidades, não deixavam de manifestar sua fé. Assim surgiram as rezas semanais do terço, cada semana numa casa diferente, onde todos da comunidade compareciam, já que não tinha como ter missa todos os domingos. Em cada casa tinha um pequeno oratório, onde as famílias rezavam. A prática de ter um oratório em casa existe até os dias de hoje. Faz parte das tradições mineiras e demonstração de fé do nosso povo. A simplicidade da fé e religiosidade do mineiro é uma forte identidade mineira. (foto acima de Ane Souz no Museu do Oratório de Ouro Preto MG)
11 - Carne na lata
         Conservar a carne do porco na banha é uma prática existente em Minas desde o final do século XVII. Com a chegada dos bandeirantes ao território mineiro, em busca de ouro, surgiu a necessidade de armazenar alimentos, já que o território era imenso e as viagens longas. Assim surgiu a carne na lata, presente até os dias de hoje em nossas mesas, não por falta de geladeira para conservar as carnes, mas porque é uma das nossas identidades e a carne armazenada na lata na banha é muito saborosa. (fotografia acima de Arnaldo Quintão em Itabira MG)
          Outro costume que hoje quase ninguém se lembra, era a forma de gelar cerveja no século passado. No interior mal tinha energia elétrica naqueles tempos, quem dera geladeira. Mas tinham quem não dispensava uma cervejinha de vez em quando. A forma de mantê-la fria era bem simples. Pegavam as garrafas e as enterravam nos bancos de areia às margens dos rios e ribeirões. Assim elas ficavam frias e dependendo da época, como no inverno, bem geladas. Interessante não? 
12 - O toque do sino
           Mais de 70% do patrimônio histórico nacional está em Minas Gerais, principalmente igrejas. São milhares de igrejas por todo o estado. As igrejas mais antigas têm duas torres, cada uma com um campanário para sino. As mais modernas, uma torre apenas. Isso fez com que nosso estado fosse considerado a terra dos sinos. Tocar sino é uma arte. O sineiro é um artista que entende e muito de música. O badalar dos sinos é Identidade mineira e a profissão de sineiro, valorizada e reconhecida. Tanto é que o badalar dos sinos em Minas é Patrimônio Imaterial do Estado, reconhecido pelo Iepha. (foto de César Reis em Tiradentes MG)
Essa é a primeira parte de duas reportagens sobre as identidades mineiras. São 24 ao todo. Vejam também a segunda parte.

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

A Vila de São Bartolomeu e a igreja do sino mudo

(Por Arnaldo Silva) Pelos caminhos que nos levam a Ouro Preto, tem São Bartolomeu. O arraial do Apóstolo fica a 15 km distantes da sede, passando por Cachoeira do Campo. A estrada caprichosamente nos leva a paisagens espetaculares de Mata Atlântica e Cerrado, passando pelo Rio das Velhas, com água limpa e cristalina e fazendas centenárias, com suas sedes pintadas nas cores azuis e brancas, no mesmo estilo do casario da vila.(foto acima de Ane Souz)
          Não é por menos que São Bartolomeu é conhecido como a joia de Minas. A pacata vila foi uma das primeiras povoações de Minas Gerais, surgida no início do século XVIII. Suas construções seculares guardam história e relíquias do início do período barroco em Minas Gerais com construções coloniais, oratórios, arquitetura e sua joia mais rara, a igreja dedicada ao padroeiro, São Bartolomeu.
          A Matriz de São Bartolomeu foi edificada em meados do século XVIII em alvenaria de pedra, assentada com argamassa de barro e pintada a cal. Em seu interior, um rico e impressionante acervo histórico chama a atenção. Um muro de pedras circunda o entorno da igreja e em seu lado direito, um coreto construído no século XX completa o conjunto arquitetônico.
          Quando os devotos de São Bartolomeu decidiram construir a igreja, optaram pela parte mais alta da vila, para evitar enchentes. Era justamente neste local que estava a Capela do Rosário, primeira capela erguida na Vila, nos primeiros anos do século XVIII. Para construir a nova igreja, optaram por demolir a pequena capela.
          A decisão não agradou à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, que construiu a capela.
          Após muita discussão, decidiram construir a igreja no local, onde estava a capela, mas mantendo-a no mesmo lugar, sendo incorporada à arquitetura e traçados da Igreja de São Bartolomeu.
Com a decisão, em comum acordo, a capela foi preservada. Quem entra pela porta principal da Igreja de São Bartolomeu, tem à sua direita, a entrada para a Capela de Nossa Senhora do Rosário. Duas igrejas, num único templo, como podem ver na foto abaixo de Arnaldo Silva, a capela, ao lado do coreto, com entrada pela porta central da Igreja de São Bartolomeu.
          Mas um diferencial da Matriz de São Bartolomeu chama a atenção, em relação às outras. É o seu sino. Diferente das outras igrejas, cujos sinos são de bronze, o da Matriz de São Bartolomeu é em madeira (na foto abaixo de Ane Souz)
Conta-se que o sino da igreja foi roubado, ficando apenas o badalo de prata no campanário. Até a chegada do novo sino de bronze, foi colocado provisoriamente no lugar, um rústico sino de madeira. E com o tempo, nada do sino de bronze chegar, o de madeira foi ficando e permanece até hoje os dias de hoje no campanário das torres. O toque do badalo de prata na madeira não produz som algum, mas mesmo assim, o sino encanta por sua simplicidade e história. É um dos atrativos da vila e de Minas Gerais. Ninguém pensa em substituí-lo por um sino de bronze. Ao contrário, já foi até restaurando. Sua restauração foi em 1997, pela Fundação Gorceix.
          Pelas ruas de São Bartolomeu é difícil encontrar um morador que não tenha ligação com a Matriz. Há sempre uma história de família, vinda de gerações ou mesmo atual. A matriz faz parte da vida de todos os moradores da Vila. É como se fosse extensão de suas próprias casas. Arrisco a dizer que se fosse mesmo parte da casa de cada um, seria o melhor cômodo da casa, de tanto amor e carinho que eles têm por sua matriz. (na foto abaixo de Ane Souz, a Matriz de São Bartolomeu, no dia da Festa do Padroeiro)
          Venha conhecer São Bartolomeu, sua riqueza arquitetônica e cultura, bem como seus doces, principalmente a goiabada cascão e seu povo simples e hospitaleiro. Venha conhecer a joia rara de Minas Gerais. 

domingo, 1 de setembro de 2019

Vai viajar? Vem pra Minas, Uai!

(Por Arnaldo Silva) Minas Gerais tem opções de turismo para todos os gostos. Cultura, turismo, natureza exuberante, aventura, passeios românticos, cachoeiras paradisíacas, montanhas, serras, além de arte, artesanato, culinária única, simplicidade, hospitalidade e alegria de nosso povo. (na foto acima do Felipe Brazão/@fbimagensaerea a Serra da Tormenta em Carmo do Rio Claro e abaixo de Guilherme Augusto, a Pedra do Elefante em Andradas MG)
          Aqui é Minas Gerais, nossos cantos e recantos, relaxam só no olhar. A fé e a religiosidade de nosso povo emocionam, manifestadas nas procissões da Semana Santa, no Reinado de Nossa Senhora do Rosário, na Festa de Santos Reis, na magia do dia de Corpus Christi.
          Durante o ano, todas as 853 cidades se preparam para receber bem os turistas que vem a Minas em busca de sossego, descanso e conhecer as tradições de mineiras. (foto acima de Fernando Campanella) Em Minas Gerais as tradições religiosas, folclóricas, culturais, arquitetônica e principalmente gastronômicas são preservadas, valorizadas e presentes no calendário cultural e gastronômico do Estado. 
Religiosidade 
          Uma das características do povo mineiro é sua religiosidade. As tradições religiosas são preservadas há séculos, sendo vivenciadas em sua originalidade nas cidades históricas mineiras, onde nosso povo manifesta com fé sua cultura e religiosidade, principalmente na Semana Santa e Corpus Christi, onde os tapetes de serragem colorem as ruas e ladeiras de nossas cidades, destacando a histórica Mariana, Ouro Preto (na foto acima de Ane Souz), Congonhas, Sabará, Tiradentes, São João Del Rei, Prados, Datas, Itapecerica, Serro, Diamantina, Pitangui, Estrela do Sul, Santa Bárbara, Catas Altas e Jaboticatubas (na foto abaixo da Alexa Silva).
Aventura e Ecoturismo 
          Já para os que gostam de aventuras e natureza, Minas Gerais é o lugar certo. Para quem vai iniciar a visita por Minas a partir de Belo Horizonte, pertinho da Capital temos a Serra do Cipó e a Serra da Moeda para os amantes de caminhadas, canoagem, trilhas, trekking, rapel, escaladas esportivas, voo livre ou mesmo, para os que gostam de sossego. (na foto abaixo da Sila Moura, entrada de Santana do Riacho, "porta" de entrada para a Serra do Cipó)
          Ainda perto de Belo Horizonte, temos o Santuário do Caraça, lugar formidável, contando ainda com pousada, restaurante, museu, igreja e belíssimas paisagens com vistas impressionantes e temos ainda a Rota das Grutas Peter Lond, destacando a Gruta Rei do Mato em Sete Lagoas, de Maquiné em Cordisburgo e da Lapinha, em Lagoa Santa.
          Quem quiser andar um pouco mais na região da Serra da Canastra, além da beleza do Parque que preserva as nascentes do Rio São Francisco, destinos paradisíacos como Capitólio, São João Batista do Glória, São Roque de Minas, Vargem Bonita e Delfinópolis, com suas belas cachoeiras, como esta na foto do Felipe Brazão/@fbimagensarea, a Cachoeira do Fundão em São João Batista do Glória, na Serra da Canastra. Conhecer essas cidades e suas belezas são convites irrecusáveis.
Roteiros de Charme
          Para os românticos, casais apaixonados, amigos e gente que ama viajar para lugares sofisticados, requintados, bem estruturados, com natureza exuberante e ótima gastronomia, temos destinos incríveis. Casa Branca, distrito de Brumadinho (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade) é um desses requintados roteiros para quem curte momentos românticos.
          Monte Verde (na foto acima de Raul Moura), no Sul de Minas dispensa comentários. A pequena vila de origem letã (seus fundadores vieram da Letônia, no Leste Europeu) é um dos mais procurados destinos românticos do Brasil. Procurado ano todo, a charmosa Vila mais parece um presépio por sua beleza arquitetônica, além de sua rica cozinha, que mescla o que tem de melhor na culinária europeia e mineira, além das cervejas artesanais, chocolates quentes, cachaça e queijos de Minas.
          Ainda no Sul de Minas, o romantismo pode ser vivenciado em Poços de Caldas com sua beleza arquitetônica e águas sulfurosas; Andradas, a cidade do vinho; Alagoa, a terra do queijo Parmesão e as charmosas estâncias hidrominerais de São Lourenço, Caxambu e Lambari (na foto abaixo de Luiz Carlos BillsCar´s)
          Para os casais apaixonados, que gostam de música boa, tem a Bolerata no Serro e a Vesperata em Diamantina (na foto acima da Elvira Nascimento), eventos de alto nível cultural, com repertório musical eclético e de qualidade.

Festivais Gastronômicos
          Para os amantes da culinária Mineira, durante o ano todo acontecem festivais gastronômicos por todo o Estado, destacando a Festa da Uva em Andradas, em janeiro; a comida de Boteco de Belo Horizonte, que acontece entre abril e maio; a Festa da Goiabada Cascão em São Bartolomeu (na foto acima de Arnaldo Silva), distrito de Ouro Preto em abril, a Festa do Vinho de Catas Altas em maio; a tradicional Festa da Quitanda e Goiabada de Cocais em maio; o Festival das Quitandas de Congonhas, em maio; o Festival do Ora-Pro-Nobis de Sabará em maio, a Festa do Biscoito de Caldas em julho; a Festa do Café com Biscoito de São Tiago em setembro e as Festa da Jabuticaba em Sabará e em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto (na foto abaixo de Thiago Perilo/@thiagop.perilo), entre novembro e dezembro.
Venha pra Minas! Divirta-se em Minas! Conheça Minas!

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

O turismo no Serro pelos trilhos do Trem-ruá

(Por Túlio Madureira*) A expressão Trem-ruá, foi criada por Túlio Madureira e divulgada em uma reportagem do programa Globo repórter, que foi ao ar em 23 de outubro de 2015.
          Essa expressão, que caracteriza todas as peculiaridades regionais encontradas naquele determinado território, faz um paralelo com a expressão terroir (pronuncia-se terruá) de origem francesa, que caracteriza peculiaridades de um determinado torrão de terra. (na foto acima, do Tiago Geisler, o casario do Serro MG)
          Essas expressões resumem exatamente os conceitos originais ambientais edafoclimáticos capazes de interferir nos produtos oriundos produzidos naquele local específico, e como em Minas tudo é chamado de "Trem" nada mais justo então do que a adaptação amineirada da expressão francesa.
          Hoje a marca Trem-ruá possui uma loja a Grife do queijo, uma escola artesanal e um serviço de turismo rural e de experiência na cidade do Serro MG.
          Os turistas conhecem o modo de fabricação do queijo centenário e artesanal da região do Serro, visitando a fazenda e acompanhando o processo produtivo e tendo contato com o manejo do rebanho.
          Têm ainda a oportunidade de conhecer as paisagens, os distritos, as cachoeiras, os paredões e picos rochosos da serra do espinhaço pelas estreitas estradas como trilhos, onde passavam as tropas carregadas de ouro, diamantes e de queijos, em diferentes épocas da nossa história.
          O turismo está descobrindo o Serro através das trilhas do seu trem-ruá, na busca dos conhecimentos da arte do saber fazer através da escola artesanal, a primeira escola brasileira de fabricação do queijo artesanal de leite cru e pelo turismo de experiência oferecido pela grife do queijo, na parceria com o Gustavo Oliveira, operador de turismo, conhecido como, Serro do Guia.
          Venha visitar a cidade do Serro, viver essa experiência aprender sobre a produção de queijo e degustar os melhores queijos artesanais produzidos no Brasil na loja grife do queijo do produtor e mestre queijeiro Túlio Madureira. Instagram e Facebook @tulio_madureira @grifedoqueijo @escolaartesanal @serrodoguia. Telefone de contato:(38) 9.98234207
* Túlio Madureira é Produtor Rural, Técnico em Agropecuária, Quinta geração de produtores da família na região do queijo do Serro. Tri-medalhista Mundial com três marcas de queijos diferentes no Mondial Du Fromage na França, Queijo do Gir medalha de bronze 2017, Queijo kankrej medalha de prata 2017, Queijo Curupira medalha de bronze 2019.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

A taioba na culinária mineira

(Por Arnaldo Silva) Taioba é uma planta presente nos quintais mineiros. A folha e os talos dessa planta são bastante consumidos em Minas Gerais e da planta, surgiu um dos mais saborosos pratos da culinária mineira: a taioba com angu. Além desse prato, temos o bolinho de taioba, sucos e vitaminas com taioba, além de usá-la no enriquecimento de sopas, no recheio de tortas e outros pratos. Os talos podem ser fritos ou empanados, já que possuem tantos nutrientes quanto às folhas. (foto acima e abaixo foram enviadas pela nossa amiga Cássia M. de Andrade)
     O cultivo de taioba em Minas Gerais é bem antigo, vem do século 19. A folha é picada e refogada e acompanhada com angu, acrescentando também costelinha de porco, carne de panela ou carne moída ao molho de tomate. É um prato perfeito!
     A taioba preparada tem o sabor picante e ao mastigá-la, temos a sensação que ela dissolve na boca.
     Consumida largamente em Minas, é muito pouco conhecida nos outros estados. Além de ser saborosa e nos dar um prato delicioso, muito gente não sabe o quanto essa planta é nutritiva. 
     O mineiro sabe identificar a taioba e prepará-la. Isso porque existe outra planta, o inhame, que boa parte dos mineiros, inclusive eu chamamos de cará, tem a folhagem parecida com a taioba. A questão é que a folha do inhame é tóxica, por isso o cuidado para não errar. Se prestar bem atenção nas fotos aqui da matéria, poderá ver no entorno de toda borda da folha uma lista. Tendo essa lista é taioba, com certeza. Outra diferença é que o caule da taioba está próximo à folha, a do inhame não. Mas a melhor identificação é pela lista como você pode ver nitidamente na foto abaixo.
 Nutrientes e benefícios
     É uma das mais ricas plantas de nossa culinária, com nutrientes indispensáveis para nossa saúde como carotenoides, fibras, Vitaminas A, B1, B2, B3 e C, ferro, cálcio, boro, cobre, manganês e potássio. Por ter esses nutrientes em sua composição, a taioba é um ótimo aliado no combate à anemia, é eficaz contra a prisão de ventre, fortalece o sistema imunológico e produção de colágeno, auxilia as funções do intestino e reduz o risco de diabetes, ótima para a saúde dos ossos, coração, cérebro, visão e outros benefícios.
     Já deu para perceber que a taioba é um ótimo e nutritivo alimento. A dica é incorporar a taioba à sua dieta. Encontrar taioba em supermercados e feiras fora de Minas Gerais é bem difícil, mas você pode tê-la em casa, se tiver quintal. Pega fácil, não dá trabalha algum de manuseio.
     Elas se desenvolvem na sombra, e não gostam muito sol pleno. Em contato direto com o sol, suas folhas ficam amareladas e perdem os nutrientes. Taioba não deve ser plantada em canteiros abertos, melhor embaixo de árvores ou numa parte do quintal que não tenha muito sol.
     Sementes de taioba você encontra em lojas que vendem produtos agrícolas. Em Minas Gerais encontramos no quintal do vizinho, pegamos mudas ou sementes. É bem fácil de encontrar.
     Pra quem gosta de uma alimentação saudável, com energia e qualidade de vida, tem que ter a taioba em sua dieta.

Turismo na Rota do Queijo Mineiro

(Por Arnaldo Silva) Queijo corre nas veias do mineiro. Não tem mineiro que não goste de queijo. Tem até uma piada que diz que se um mineiro ver um queijo rolando morro abaixo, corre para pegá-lo, de tanto valor que dá a essa iguaria milenar. 
          O queijo em Minas é tão popular que em todos os 853 municípios você encontra pelo menos um queijeiro. E em alguns desses municípios, nossos queijos se destacam, tanto é que no recente Mondial du Fromage, considerado a Copa do Mundo dos Queijos, realizado em junho de 2023, em Tours, na França, os queijos brasileiros levaram 81 medalhas super ouro, ouro, prata e bronze. Das 81 medalhas, 57 foram para os queijos mineiros. (na foto acima do Lucas Rodrigues, o queijo Canastra da queijaria Queijo Dinho em Piumhi)
          O reconhecimento internacional e a valorização do nosso produto artesanal vêm incentivando produtores a buscarem o reconhecimento do selo de origem de seus produtos. Com isso, o povo mineiro e brasileiro vem ganhando com a oferta de queijos diferenciados, com texturas e sabores diversos, aguçando mais ainda o paladar dos amantes de um bom queijo. (foto abaixo é do queijo Canastra Roça da Cidade de São Roque de Minas)
          O sucesso dos queijos artesanais de Minas, no Brasil e no exterior, vem atraindo a atenção dos consumidores, não só para experimentar os nossos queijos, mas para conhecer as cidades onde são produzidos. É fato dizer hoje que a qualidade dos queijos mineiros não apenas aguçam o nosso paladar, mas principalmente, fomenta o turismo em Minas Gerais. 
          Queijo combina com a cultura, com a história e a tradição mineira. A receita do queijo mineiro tem três séculos de puro sabor. O sabor do queijo mineiro é único no mundo.
          Comer queijo no café, na sobremesa com goiabada, com doce de leite ou usar para fazer quitandas, é quase que um ritual presente nas cidades mineiras. O queijo faz parte da identidade gastronômica mineira.
          Pensando nisso, resolvi mostrar os nossos mais famosos queijos, não com o foco somente no queijo, mas nas cidades onde eles são feitos. Geralmente cidades pitorescas, ricas em história e cultura. Será um passeio gostoso. 
          Ficará surpreso em saber que queijo premiado e de qualidade em Minas, não se restringe apenas à região da Canastra e muito menos ao Queijo Minas, uma receita de queijo mineiro, mas é a única receita e muito menos o único tipo de queijo mineiro. Existem outras receitas, com vários tipos de queijos diferentes. Isso porque os nossos queijeiros se qualificaram, inovaram e criaram ou adaptaram receitas de queijos de outros países, ao modo de fazer queijo do mineiro. 
O Queijo do Reino de Santos Dumont MG
          Iniciamos nossa rota pelo Queijo do Reino da cidade de Santos Dumont, na Zona da Mata. Famosa por ser a terra do Pai da Aviação, Santos Dumont, mas também por seus queijos, famosos desde o século XIX, com destaque para o Queijo do Reino. O primeiro laticínio do Brasil, foi fundado em Santos Dumont, em 1888, a Companhia de Laticínios da Mantiqueira.
          A cidade tem forte tradição queijeira e produz o Queijo do Reino, desde 1850, ano que foi introduzido, o gado holandês. Com o gado, veio também técnicos holandeses, que ensinaram a fazer o famoso queijo Edam, com receita adaptada ao estilo e vocação mineira de fazer queijos. Inspirados no Edam, surgiu em Minas um tipo de queijo único, com identidade própria mineira. Por ser o queijo preferido do reino português, passou a ter esse nome, no Brasil. É um dos mais apreciados queijos mineiros e uma das maiores  referências gastronômicas de Santos Dumont MG. 
O queijo Cozido e o Cabacinha do Jequitinhonha
          Vamos seguir nosso roteiro viajando pelo Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas, onde é produzido o queijo cozido (na foto acima do Fabiano Versiani, o Queijo Serra do Bode, de Itinga MG). É diferente do queijo normal, que é feito a base do leite cru, coagulado naturalmente, aquecido no fogo e feito o processo normal dos queijos, é cozido, secado. É um queijo muito bom. 
          Outro queijo muito popular no Vale do Jequitinhonha é o Cabacinha, um dos queijos muito apreciados na região pelo seu sabor único, sabor este que vem conquistando o paladar de centenas de milhares de pessoas de outras regiões de Minas e do Brasil.
          Esse queijo é mineiro, mas sua origem é italiana. (foto acima de Sila Moura) Conhecido como Cáccio Cavalo, era feito do leite cru das jumentas, por povos nômades. Em Minas Gerais esse tipo de queijo teve a receita adaptada à região, já que não é costume nosso usar leite de jumenta. O nosso Cabacinha é feito com leite cru de vaca. 
          Uma das cidades que se destacam na produção do Queijo Cabacinha é Pedra Azul, uma das mais belas cidades históricas de Minas, além de celeiro de grandes artistas da arte e música mineira.(foto acima de Thelmo Lins) O casario de Pedra Azul, datado do início do século XX impressiona pela beleza eclética, no estilo francês e pela conservação. Além de Pedra Azul, o queijo Cabacinha é tradição em Medina, Cachoeira do Pajeú, Comercinho e Itaobim. Mas, dezenas de outras cidades do Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas produzem o Queijo Cabacinha. 
O Queijo do Serro e o charme  de Diamantina
          Já no Alto Jequitinhonha temos a cidade do Serro (na foto acima do Sérgio Mourão) e seu famoso e inigualável queijo do Serro, que dá nome a uma região queijeira composta pelos municípios de Rio Vermelho, Serra Azul de Minas, Santo Antônio do Itambé, Materlândia, Sabinópolis, Alvorada de Minas, Dom Joaquim, Conceição do Mato Dentro e Paulistas.
          É sem dúvida um dos melhores queijos do mundo, com várias premiações internacionais. Além do queijo, a cidade do Serro lembra as pequenas vilas portuguesas. É charmosa, bem cuidada, com casario bem preservado e manifestações culturais de grande importância para a cultura mineira, em destaque a Festa de Nossa Senhora do Rosário e a Bolerata. 
          Pertinho do Serro está Diamantina (na foto acima de Elvira Nascimento), uma das mais belas cidades históricas do Brasil, que além da seresta, da Vesperata e da sua impressionante arquitetura, produz azeite, vinhos e queijos. Diamantina tem tradição na produção de vinhos desde o século XVIII e também de queijos, tradição que chegou à cidade pelas mãos dos portugueses, durante o auge da exploração de diamantes. 
          Trouxeram sementes de uvas para a produção de vinhos e a técnica de fazer seus queijos preferidos. A nobreza e realeza portuguesa preferiam os queijos holandeses, em especial o Edam. Havia acordo entre Portugal e Holanda para troca de queijos holandeses por vinhos. E trouxeram a tradição de fazer queijos para Diamantina.
          Hoje, o município produz queijos e forma uma região queijeira, composta por 9 municípios no entorno de Diamantina, organizados na Asssociação dos Produtores de Queijos de Diamantina (Aprodia). Os queijeiros da região, em conjunto com a Emater, buscam o reconhecimento de Diamantina como região queijeira mineira.            
Os queijos de Montes Claros e Unaí
          Montes Claros no Norte de Minas e Unaí, no Noroeste do Estado são importantes cidades mineiras e pouca gente sabe que são grandes produtoras de queijos. Estive no Mercado Central de Montes Claros (na foto acima de Manoel Freitas) e pude provar seus queijos e o famoso requeijão moreno, que é até mais popular no Norte de Minas, que o queijo propriamente dito. 
          Conheci Unaí, a cidade do sol, do feijão e da bicicleta. A cidade é plana e facilita para quem anda sobre duas rodas. E tem queijo bom, mas bom mesmo, referência para a região. (foto acima de Raul Moura)
O Queijo do Vale do Rio Doce
          O Vale do Rio Doce tem forte tradição gastronômica em Minas e também, na produção de rapaduras, doces e queijos. Visitei duas cidades muito charmosas, com povo simpático e bem acolhedores, além das duas cidades serem muito bonitas, bem cuidadas e atraentes. Água Boa e Ipanema. (na foto abaixo do Sérgio Mourão, o Queijo de Água Boa MG)
          Água boa tem cerca de 14 mil habitantes. A cidade tem forte tradição gastronômica na região, se destacando de rapadura, doces diversos e na produção de queijos Experimentei os queijos de Água Boa, que tem a receita inspirada no Parmesão. São queijos ótimos e bons demais. É aquele tipo de queijo que deixa saudades e não resisti e trouxe duas peças do queijo da Fazenda Califórnia.
          Outra cidade importante na região é Ipanema. Com cerca de 20 mil habitantes, a cidade é tranquila, seu povo muito hospitaleiro e dotada de belezas naturais, além do charme da cidade, que é bem cuidada e muito atraente. Seu povo é muito religioso e preservas as tradições folclóricas e religiosas do povo mineiro, bem como, dotado de uma vocação sem igual para a arte de fazer queijos. Os queijos de Ipanema são destaques, no Brasil, não só pela qualidade, mas pelo peso, tamanho e imponência.
          É que a cidade realiza todos os anos a Festa do Queijo, que acontece nos primeiros dias de setembro. O evento, atrai gente de todo o país, com shows, comidas típicas da região, além de ser apresentado e servido ao público, o maior queijo Minas Padrão do Brasil, a maior queijadinha e o maior doce de leite também. Impressiona tanto que atraiu para a cidade os olhares do RankBrasil, entidade que registra e homologa recordes brasileiros.
          A cidade vem quebrando sucessivamente, ano após ano, seu próprio recorde. Para se ter ideia do tamanho do queijo e doces, no último evento, em 2019, o queijo Minas Padrão produzido pelo Laticínios Dois Irmãos, pesou 2.284 kg. Já o doce de leite feito pela Fábrica de Doces Nhá Nair, pesou 828 kg. Já a Queimadinha, feita pelo Laticínio Delbom, chegou a 1.150 litros. Impressionante e participar da festa, é um evento imperdível para os amantes dos queijos, doces e queijadinhas.
O Queijo do Vale do Aço
          Saindo do Vale do Rio Doce, parei no Vale do Aço. A região é industrial, destacando Ipatinga, Santana do Paraíso, Timóteo e Fabriciano. Mesmo com o desenvolvimento industrial, a região é uma forte produtora de queijos. Experimentei alguns tipos de queijos, esse ai da foto da Elvira Nascimento, produzidos em Ipaneminha, distrito de Ipatinga e atestei a qualidade dos queijos. Queijo com textura e sabor suave,  massa firme e alguns com resina e longa maturação, para mim os melhores. Gostei demais dos queijos do Vale do Aço. 
Os queijos do Campo das Vertentes
          Dessa região fui lá para o Campo das Vertentes, uma das regiões queijeiras de Minas. Minha primeira cidade foi São João Del Rei (na foto acima de Deividson Costa), uma das mais importantes cidades históricas de Minas Gerais e pra quem não sabe, produz queijos desde o século 18, já que no Ciclo do Ouro, com a vinda de milhares de portugueses em busca do ouro, trouxeram as receitas e o modo artesanal de fazer queijos europeus e introduziram na região. No início do século 20, São João Del Rei já era reconhecida como produtora dos melhores queijos do Brasil, sendo a cidade chamada carinhosamente de São João Del Rei dos Queijos, graças aos variados tipos de queijos produzidos na cidade como o Queijo Minas Frescal, o Prato Bola, Gouda, Estepe, Provolone, Camembleu, Brie e Emental. 
           De São João Del Rei fui para a vizinha Tiradentes e de lá Coronel Xavier Chaves, Resende Costa e Carrancas (na foto acima de Jerez Costa), a terra das cachoeiras e paisagens deslumbrantes. Em Carrancas tem o queijo Bicas da Serra, do produtor José Orlando Ferreira Júnior. É um queijo por excelência, de primeira.
          De Carrancas rumei para Barbacena, à famosa cidade das rosas e pra quem não sabe, também do queijo. Além dos tradicionais queijos de leite cru de vaca, o queijo que mais me chamou a atenção foi o de cabra, do produtor Luiz Carlos Oliveira, do Capril Santa Fé. Nunca tinha experimentado esse tipo de queijo, mas confesso que o sabor é maravilhoso, mais forte e mais picante que o queijo de leite de vaca, mas ótimo! Do leite de cabra são produzidos nesse capril os queijos Boursin, Frescal de Cabra, Feta (origem grega), Camembert de Chèvre (origem francesa) e o Camponês. Experimentei um pouquinho de cada um e o que mais aguçou meu paladar foi o Camponês, fresco e o curado, com maturação de 60 dias. (foto abaixo de Arnaldo Silva)
          No Mondial du Fromage na França, o queijo de leite de cabra Névoa Valençuai, do Capril Rancho das Vertentes foi premiado com medalha de ouro, bem como recebeu medalha de ouro no concurso estadual de queijos realizado em São Roque de Minas, em 2018 e também foi premiado no concurso nacional de queijos, realizado em São Paulo em 2017. O queijo é de excelente qualidade, com leite somente dos animais da propriedade e o mais importante, sem adição de produtos químicos ou conservantes. Um queijo saudável, muito nutritivo e de sabor inconfundível. Os amantes do bom queijo vão adorar o queijo de leite de cabra.
          Recentemente, cidades do Campo das Vertentes, Zona da Mata e algumas do Sul e Sudoeste de Minas, que fazem parte das Serras do Ibitipoca, passaram a integrar a rota dos queijos mineiros, com a criação da Região Queijeira Serras do Ibitipoca, composta por 15 municípios que são: Andrelândia, Arantina, Bias Fortes, Bom Jardim de Minas, Lima Duarte, Olaria, Passa-Vinte, Pedro Teixeira, Rio Preto, Santa Bárbara do Monte Verde, Santa Rita do Ibitipoca, Santa Rita do Jacutinga, Santana do Garambéu, Seritinga e Serranos. 
          Além contar com uma das mais belas paisagens mineiras, que formam o conjunto de belezas naturais das Serras do Ibitipoca, a produção artesanal de queijos foi reconhecida pelo Governo de Minas, integrando ao seleto grupo das regiões que produzem queijos artesanais com selo de reconhecimento, podendo com isso, comercializar seus produtos para o Estado de Minas e outros estados brasileiros.
Os queijos do Sul de Minas e Mantiqueira de Minas
           Do Campo das Vertentes peguei a estrada para o Sul de Minas. Uma região belíssima, com paisagens espetaculares, com forte presença de imigrantes europeus, como dinamarqueses, italianos, espanhóis, letões, alemães e outros povos, que para cá vieram. Os imigrantes deixaram um pouco de sua cultura e gastronomia, principalmente na produção de azeites, vinhos e queijos. 
          Na região predomina queijos tipos mozzarella, provolone, parmesão, brie, gorgonzola, golda e gruère. (a foto acima, queijos produzidos no Sítio do Morro em Alagoa MG)
           Um dos destaques na produção de queijos no Sul de Minas é a cidade de Cruzília, cuja empresa, Queijos Cruzília, se destaca no Brasil e no mundo na produção de queijos, com várias premiações nacionais e recentemente medalhistas em concursos internacionais de queijos como na Noruega e em Tours, na França, no Mondial do Fromage, além de várias premiações nacionais. 
          A Lenda, Azul de Minas, Reserva e Santo Casamenteiro são os mais premiados e famosos queijos da empresa. Eu destaco o queijo Santo Casamenteiro, adaptado de uma receita medieval, de monges portugueses. A receita portuguesa, adaptada ao clima tropical, o leite do nosso gado e o talento natural do mineiro para a culinária, produziu um queijo formidável, combinando um queijo de mofo azul com damasco, nozes e queijo cremoso, ideal para encontro entre amigos e casais apaixonados, acompanhado de um bom vinho tinto, claro. 
          De Cruzília o meu destino seria Aiuruoca, na Serra da Mantiqueira, integrante de uma das novas regiões queijeiras mineiras, a Terras Altas da Mantiqueira, formada pelos municípios de Aiuruoca, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalhos, Itamonte, Itanhandu, Liberdade, Passa Quatro e Pouso Alto, recebendo a marca de comercialização “Queijo Artesanal Mantiqueira de Minas”. 
          Todas as cidades dessa região queijeira, são dotadas de belezas naturais e riqueza gastronômica impressionantes, principalmente a cidade de Aiuruoca que é um espetáculo! Além de mais de 80 cachoeiras, picos, paisagens e montanhas de tirar o fôlego, a cidade se destaca por uma rica gastronomia, com destaque para azeites e queijos. Quem for a Aiuruoca, deve experimentar os queijos da cidade, principalmente o queijo Mantiqueira, da Dona Lena, o queijo Goa e o Mantiqueira da Serra que é um queijo meia cura com manjericão (na foto acima do Elvio Rocha - enviada pelo Marlon Arantes).
          De Aiuruoca, o caminho a seguir é Alagoa, que pela tradição de sua famosa receita de queijo, inspirado no parmesão italiano, se tornou mais uma das regiões queijeiras de Minas Gerais. Não tem como deixar de conhecer a cidade e seus queijos. 
          Cidade, pacata, tranquila, com menos de três mil habitantes, mas com uma fortíssima tradição queijeira, com receitas guardadas desde o século passado, com a chegada de imigrantes italianos, que fizeram de Alagoa uma das referências em queijos no Brasil, principalmente o parmesão. Os queijos de Alagoa MG são reconhecidos nacionalmente e internacionalmente.
          Queijos da Fazenda Bela Vista (foto acima), do Renato e Queijos D´ Alagoa, do Osvaldo Filho, foram recentemente premiados no Mondial du Fromage na França com medalhas de ouro e prata, respectivamente. O Queijo D´Alagoa é atualmente o Queijo do Ano, premiado em São Paulo. 
          O sucesso dos queijos de Alagoa vem atraindo cada vez mais turistas para a pequena cidade. Além dos queijos, o visitante conhecerá também o azeite Prado & Vasquez, um dos melhores do Brasil, produzido na cidade. Alagoa é reconhecida como região queijeira de Minas Gerais, desde 2020, com o nome de Queijo Artesanal de Alagoa.
          Além dos queijos, as cidades que fazem parte Regiaõ Queijeira Terras Altas da Mantiqueira, oferecem azeites e café de altíssima qualidade como o produzido na cidade de Cristina (na foto acima de Sandra Walsh), reconhecido nacionalmente e no mundo todo como um dos melhores do mundo. 
Os queijos do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba
          Saindo do Sul de Minas, andei um pouco para chegar ao Triângulo Mineiro. A região possui cidades belíssimas como Frutal, grande produtora de Abacaxi, Uberaba, destaque em genética animal e capital do Gado Zebu. Uberlândia, uma das mais importantes cidades do Brasil, Araguari, grande produtora de grãos e outra dezenas de cidades belíssimas.
          No Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, estão as regiões queijeiras Cerrado e Triângulo Mineiro. A região queijeira Cerrado é compostas pelo municípios de composta pelos municípios de Abadia dos Dourados, Arapuá, Carmo do Paranaíba, Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia, Lagamar, Lagoa Formosa, Matutina, Patos de Minas, Patrocínio, Presidente Olegário, Rio Paranaíba, Santa Rosa da Serra, São Gonçalo do Abaeté, São Gotardo, Tiros e Varjão de Minas.
          Já a região queijeira com Triângulo Mineiro é composta pelos municípios de Estrela do Sul, Araguari, Cascalho Rico, Indianópolis, Monte Alegre de Minas, Monte Carmelo, Nova Ponte, Romaria, Tupaciguara e Uberlândia.
          Na vizinha Araxá (na foto acima de Arnaldo Silva), já no Alto Paranaíba, cidade com forte tradição queijeira produz um dos melhores queijos do Brasil, sendo inclusive, o nome, Araxá, uma região queijeira mineira, com IG e certificação de origem, composta pelos municípios Tapira, Pratinha, Conquista, Ibiá, Campos Altos, Perdizes, Pedrinópolis, Sacramento e Medeiros. 
          A cidade de Araxá se destaca na região por sua história, pelas das águas sulfurosas e radioativas, sua bela arquitetura urbana, pela história de Dona Beja, além da beleza natural, histórica e arquitetônica das charmosas cidades que formam a região queijeira em seu entorno.
          Os queijos Araxá estão entre os melhores queijos do mundo, sem exagero algum. Basta ver as premiações nacionais e internacionais conquistadas pelos queijos da região, entre elas, recentes premiações na França, no Mondial du Fromage, como o queijo Mineirinho, medalha de ouro e o queijo Serra dos Arachás, medalha de prata, no último concurso, realizado em 2019. Medalhas, além de certificados e reconhecimentos, não só em Minas e no Brasil, mas também no mundo, faz da região queijeira de Araxá, referência no Brasil em queijos finos.
          Prova da qualidade dos queijos Araxá, está na  Fazenda Caxambu, em Sacramento (na foto acima de Luis Leite). O queijo da Fazenda Caxambu foi medalha super ouro no Mondial du Fromage de 2017. Quando eu estive na cidade, experimentei e posso atestar o sabor único inconfundível desse queijo maravilhoso em tudo. O queijo feito pela Marli, dona da fazenda, mereceu a medalha super ouro e merece sempre. É o queijo que você come e não esquece nunca o sabor. 
          Na mesma região, pertinho de Araxá, fui até Serra do Salitre que é também umas das sete produtoras de queijos de Minas. Serra do Salitre é uma cidade encantadora e seu queijo, carrega com orgulho o nome da sua famosa serra, que deu origem ao nome da cidade e de seu mais famoso produto, o queijo. Agora também, deu nome a uma das mais importantes regiões queijeiras mineiras. Serra do Salitre também é marca de queijo de qualidade e tradição
           Trata-se de um queijo único, com textura e sabor característicos do clima da serra, por isso é único, não tem igual. Existem dezenas de queijeiros no município, cada um com um queijo mais gostoso que o outro. Difícil dizer qual o melhor. Mas eu vou arriscar a dizer, pelo meu gosto e opiniões de várias pessoas, os queijos feitos pela Dona Dina, pelo “Seu” Vanderlino e os queijos feitos pelo "Seu" João Melo, da foto acima/divulgação, são espetacularmente deliciosos! Seja o fresco, o meia cura ou o curado, de casca escura, vermelha ou amarela, são divinos, é pra comer rezando mesmo.
O queijo da Serra da Canastra 
           Terminando nosso roteiro, claro, o Queijo Canastra, mas antes de entrar nos detalhes dos queijos, vale esclarecer que na Região Oeste de Minas temos o Parque Nacional da Serra da Canastra. Dentro do parque há um enorme maciço rochoso com o formato de canastra, por isso o nome do parque. A popularidade do nome Canastra foi estendido como nome de uma região queijeira, chamada de Serra da Canastra ou simplesmente Canastra. 
          São sete cidades que formam a região produtora de queijos Canastra: São Roque de Minas, Vargem Bonita, Medeiros, Piumhi, Tapira, Delfinópolis e Bambuí. Somente esses sete municípios podem dizer que produzem queijo Canastra e os queijos Canastra vem embalados com o selo de Identidade Geográfica (IG) e certificado pelo Ima. Se comprar um queijo chamado Canastra e sua origem não for de uma dessas cidades acima, não é o legitimo Canastra. (na foto abaixo da Camila Costa, o Queijo da Cristina de Vargem Bonita MG)
          Além de ser considerado o melhor do Brasil, os queijos produzidos na Região da Canastra estão entre os melhores do mundo. Pra se ter ideia da qualidade do queijo produzido na Serra da Canastra, como falei acima, os queijos brasileiros levaram 56 medalhas no último concurso Mondial du Fromage, realizado na França. Dessas 56 medalhas, 50 foram para queijos mineiros e dessas 50 medalhas dos mineiros, 20 foram para os queijos da Serra da Canastra. É simplesmente impressionante!
          Quem experimenta o queijo Canastra sabe da qualidade e o sabor único desse queijo. Em lugar algum do mundo encontrará um queijo com o sabor do Canastra, graças às pastagens, manejo do gado, clima, água e altitude da Serra da Canastra. Esse é queijo! O sabor é único, não tem igual. Eu tive a oportunidade de provar o queijo Canastra do Ivair, de São Roque de Minas (na foto acima da Maria Mineira), medalha super ouro na França. 
          Experimentei ainda o queijo Canastra Real da fazenda Roça da Cidade, também de São Roque de Minas, medalha de prata no concurso de queijos na França. Um espetáculo de queijo. Outro queijo que conquistou meu paladar foi o queijo do Dinho (na foto abaixo do Lucas Rodrigues), de Piumhi, medalha de bronze no Mondial du Fromage. 
          Além desses queijos que citei, nas sete cidades que compõem a Serra da Canastra, você encontrará outras dezenas de produtores de queijo Canastra. Não só queijo, todas as cidades são lindas e terá o privilégio de conhecer a natureza exuberante da Serra da Canastra, bem como as cidades, pequenas, pacatas, tranquilas, com gastronomia rica e com um povo simples, hospitaleiro e super gentil. 
          E assim encerro a minha sugestão de roteiro pelas cidades produtoras do melhor queijo do Brasil. Não dá para mostrar todos os queijos de todas as cidades mineiras, são centenas, mas aos poucos, vamos divulgando os queijos mineiros em outras reportagens.
          Além do queijo, da rica gastronomia, cada uma dessas cidades tem história, tem cultura, tem tradição e tem belezas que vale a conhecer. Venha para Minas! Venha conhecer onde o melhor queijo do Brasil e um dos melhores do mundo são produzidos. Sejam bem vindos!

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