O frio em Minas Gerais está mais concentrado no Sul de Minas, já que na região concentra os municípios de maior altitude em Minas, a maioria acima de 1000 metros de altitude, como Delfim Moreira (na foto abaixo do Geraldo Gomes), charmosa cidade com arquitetura colonial e austríaca, a 1200 metros de altitude. As altas altitudes, favorecem o intenso frio.
Engana-se que frio é somente no Sul de Minas. Na Zona da Mata, Campo das Vertentes e Alto Jequitinhonha, como por exemplo em Diamantina, a 1250 metros de altitude é frio mesmo. Veja as dicas de cidades para você aproveitar o melhor do inverno em Minas.
01 - A delícia do marmelo e o sabor da truta
É em Marmelópolis (na foto acima do Jair Antônio Oliveira), cidade do Sul de Minas com menos de 3 mil habitantes. A cidade tem o charme das pequenas vilas portuguesas e tradição na gastronomia, além-claro, de muito frio, abaixo de zero no inverno, com geadas que transformam toda a paisagem em redor. A 1277 metros de altitude, rodeada por belas paisagens montanhosas, propício para o cultivo de pêssegos, morangos e marmelo, fruta esta tradicional no município, que deu origem ao nome da cidade.
Tem ainda a truta, que vem acompanhada de azeite extra virgem da região e o molho de alcaparras e amêndoas, divinamente muito bem preparados pelo Jair Antônio Oliveira, fotógrafo e proprietário do melhor restaurante da cidade, o Monte Moriá. Além da típica culinária mineira, no restaurante Monte Moriá, é produzido a manteiga Ghee da Terra, uma manteiga de origem indiana, sem lactose, sem colesterol, sem água e sem sal e 100% pura. O doce de marmelo e a truta servidas no restaurante do Jair é de primeira.
Vale a pena conhecer essa joia de Minas, passear por suas ruas, conhecer seu povo bom e hospitaleiro, bem como seu charmoso casario, igrejas e sentir a delícia do frio, nas aconchegantes pousadas da região. A Festa do Marmelo, geralmente em maio, é uma ótima oportunidade para conhecer a cidade, o seu artesanato e sua gastronomia. Bom mesmo são os dias de inverno rigoroso, em junho e julho.
02 - Romantismo com sabor de morango
Com 5 mil habitantes, no Sul de Minas e 1092 metros de altitude, está a cidade de Carvalhos. O nome foi em homenagem à família judaico-marroquina que adotou o sobrenome Carvalho ao chegarem no Brasil. Se instalaram numa fazenda, onde hoje está a cidade. O nome original hebraico da família era Nahom. Carvalhos hoje é um das cidades que mais cresce em turismo na região. São mais de 400 trilhas, mas de 70 cachoeiras e fazendas de tomates, pecuária leiteira e morango e suas delícias (foto acima de Mônica Rodrigues). Nas pousadas e vendas da cidade e distritos podemos encontrar cachaça feita com frutas, entre elas, com morango.
Tem ainda o clima, bem frio, muito mesmo, mas aquecido pelo calor das charmosas e aconchegantes pousadas da região. Mas quem gosta de encarar o frio, como aventura, bom mesmo é subir os 1800 metros do Pico do Muquém. É uma aventura e tanto, mas que vale a pena. Chega lá em cima congelado, mas a vista é algo espetacular! (Foto acima de Mônica Rodrigues e abaixo, o alto do Pico do Muquém, de Daltom Maciel)
Na zona rural do município tem distritos cerca de 14 distritos charmosos, mas chamados de bairros rurais. Destaque para Franceses, fundado exatamente por franceses que viveram na região no século XIX e o Cafundó. É gente, o Cafundó existe mesmo. O pessoal vai para o Cafundó tomar aguardente com frutas diversas e esquentar um pouco o frio.
03 - O requinte da terra de Dona Beja
Araxá, terra do queijo, das águas sulfurosas, de Dona Beja, da gastronomia de boteco, terra de Minas (na foto acima de Arnaldo Silva as Thermas de Araxá). Um dos destinos mais procurados no Brasil que procuram a cidade para relaxar, tomar banho de lama medicinal e muitas vezes, se curar de enfermidades, graças as comprovadas propriedades medicinais de suas águas sulfurosas e radioativas. Além do Parque das Águas, das Thermas, dos ótimos hotéis e pousadas, a cidade conta com pontos turísticos como o Parque do Cristo, o Museu Dona Beja, a Igreja de São Domingos, passeios pelas trilhas da região, a Serra da Canastra que fica perto, cachoeiras, além de provar sua gastronomia típica mineira, se destacando na produção de doces artesanais e na gastronomia de boteco, uma das melhores de Minas Gerais. Araxá produz um dos melhores queijos do país, premiado no Brasil e no exterior. O queijo leva o nome da cidade, Queijo Araxá. (na foto abaixo, de Arnaldo Silva, o requinte de um dos salões do Grande Hotel de Araxá)
Araxá está a 973 metros de altitude, no Alto Páranaíba. Sua temperatura anual é em média 21º C e a mínima e registra foi de 1,6º em 1974. Os dias de inverno em Araxá são rigorosos, com noites bem frias.
04 - Mistura de cores e sabores
É em Tiradentes cidade linda, casario colonial preservadíssimo, pousadas aconchegantes, estilo colonial em suas arquiteturas bem como no mobiliário, o que nos faz voltar e conhecer como era a vida nos tempos do Brasil Colônia. Tiradentes tem cultura, história, museus, mostras de cinema, festival gastronômico, belezas naturais, culinária de típica mineira, romantismo na estação de trem, artesanato, eventos religiosos tradicionais como a Semana Santa, musica e claro, muito frio. A altitude de Tiradentes é 927 m e está aos pés da belíssima Serra de São José. A temperatura média anual varia de 11ºC a 29ºC. No inverno os termômetros podem ficar entre 5 e 8 graus nos dias mais frios. As noites e manhãs de frio em Tiradentes são charmosas e românticas, com uma densa névoa cobrindo a cidade como vemos na foto acima Thiago Perilo/@thiagop.photo.
05 - A história colonial de Minas Gerais
Passa por Ouro Preto a história colonial de Minas Gerais. O charme do frio, como pode ver acima na foto da Ane Souz e a riqueza histórica da primeira cidade brasileira e uma das primeiras do mundo a ser declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, é um convite para estar na cidade. Desde 1980 o patrimônio maior dos mineiros passou a ser também, Patrimônio da Humanidade.
Ouro Preto respira cultura, tradição, música, história, charme e elegância. Sua culinária é riquíssima, com segredos preservados há mais de 300 anos. O inverno ouro-pretano é rigoroso, como dá para perceber na foto acima de Ane Souz, mas aquecido pelas dezenas de pousadas espalhadas pelas cidade. São pousadas confortáveis, requintadas e propiciam sentimento de volta ao passado, além claro, das noites nos bares e restaurantes da cidade, experimentando a cozinha em fogão a lenha, nas panelas de barro, ao sabor das delicias artesanais ouro-pretana como cervejas, doces, queijos e nossa comida típica. Bom também é contemplar das janelas ouro-pretana a magia da névoa que geralmente cobre a cidade toda durantes os dias de inverno, como podemo ver na foto abaixo de Ane Souz
Em julho, o Festival de Inverno em Ouro Preto é um dos mais importantes de Minas, atraindo turistas de todo o Brasil para curtir o frio, concertos, apresentações teatrais, musicais, exposições, seminários, filmes e outras atrações do festival. Ouro Preto está a 1179 metros de altitude. A menor temperatura registrada no município foi de 0º C em 1925 mas consta também no Diário Oficial da União de 10 de junho de 1893, relato de neve na cidade em 19 de junho de 1843. Por estar em uma região montanhosa, rodeada por matas e muita água, a sensação térmica durantes os dias mais frios contradiz em muito os termômetros oficiais. Faz frio mesmo!
06 - Requinte nas montanhas
Quase 1600 metros de altitude. Se fosse cidade, Monte Verde seria a mais alta de Minas Gerais. O charmoso distrito de Camanducaia no Sul de Minas é um dos melhores destinos turísticos do Brasil, eleita recentemente pelo site de turismo Booking.com como um dos 10 destinos mais acolhedores do mundo. (foto acima e abaixo de Ricardo Cozzo)
Merecido. Monte Verde é um encanto. Sua arquitetura de origem Européia, embora todos dizem ser alemã, não é. Os fundadores do distritos vieram da Letônia, país da antiga União Soviética, no Leste Europeu. Portanto sua arquitetura é letã e muito bela. Além de pousadas paradisíacas, tem chocolate, cervejas artesanais, vinhos, uma infinidade de artesanatos e muita comida boa, tipicamente mineira. O inverno é daqueles de doer os ossos. Geada rigorosa, com temperaturas entre chegando a 2, 3, 4 graus negativos. Para os amantes do frio, chocolate, lareira, vinho e amor, não tem lugar melhor. É um dos lugares preferidos dos casais em lua de mel. Paisagens deslumbrantes, esportes radicais, picos com belos mirantes, também são opções para o turista.
07 - A cidade das rosas
Desde a década de 1960 que o "título" de "Cidades das Rosas" é a referência nacional de Barbacena, a 169 km de Belo Horizonte, no Campo das Vertentes. (foto abaixo de Wagner Rocha)
É uma das mais belas cidades mineiras, com história e tradição em Minas Gerais. A Serra da Mantiqueira emoldura a paisagem barbacenense, muito fria durante o inverno e temperatura amena no verão. A média anual está entre 14ºC e máxima de 24ºC. Nos dias mais frios do inverno, a temperatura aproxima do 0 grau e geralmente a cidade amanhece coberta por nevoeiros.
A menor temperatura registrada na cidade foi em 1º de junho de 1979, quando os termômetros marcaram 0,3ºC, mas seus moradores garantem que a sensação térmica é bem abaixo do que marcam os termômetros oficiais.
Faz frio mesmo e este frio é um convite para os turistas curtirem as belezas da cidade, seus monumentos, belas praças, arquitetura que preservas traços dos séculos XVIII, XIX e XX, além de ter restaurantes, hotéis e pousadas excelentes. Barbacena além da "Cidade das Rosas" produz queijo de qualidade, principalmente feito com leite de cabra, além de doces caseiros, morangos e um excelente artesanato.
A Festa das Rosas, que geralmente acontece no início de outubro é um dos principais eventos da cidade e de Minas Gerais com eleição e desfile da rainha, princesas, brotos e brotinhos das rosas, show musicais, estandes com flores, artesanato e comidas típicas.
08 - A cidade da música Diamantina, a "capital" do Jequitinhonha, é a cidade da música em Minas Gerais. (fotografia acima de Giselle Oliveira) Um vocação que vem desde o século XIX, onde os músicos tocavam instrumentos nas sacadas dos casarões, ampliando no século XX com as serestas. A partir de reconhecimento da cidade como Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1998, a vocação musical diamantinense se consolidou com a Vesperata, reeditando a tradição das Vésperas religiosas do século 19, mas sem o sentido religioso inicial, e sim popular. (foto abaixo do Sérgio Mourão)
É um dos maiores eventos musicais do Brasil e esquenta o público presente nas noites frias diamantinenses. A menor temperatura registrada em Diamantina foi em 31 de julho de 1972, que chegou a 2,8ºC. O inverno é rigoroso e os moradores da cidade garantem que a sensação térmica é bem abaixo do que os termômetros registram.
Na terra de Chica da Silva e JK, faz frio e como faz! Diamantina está a 1280 metros e além da história, música e cultura, produz vinhos finos de qualidade desde o século 18. A cidade respira música. Por todos os cantos, esquinas e becos do Centro Histórico, encontrará grupos musicais tocando e cantando músicas diversas como pode ver na foto acima de Giselle Oliveira.
09 - Queijo ao som da bolerata
Serro, no Jequitinhonha, é uma das mais charmosas e aconchegantes cidades históricas mineiras. E também uma das mais frias do estado. Durante o inverno, os termômetros variam entre 0º a 10ºC. A sensação térmica é bem abaixo de zero. Haja agasalho, é frio mesmo. (foto abaixo de Tiago Geisler, vista parcial do Serro)
Muito procurada por turistas graças a sua arquitetura barroca, seus charmosos distritos como Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras, suas belezas naturais e claro, por seu queijo, famoso no Brasil e premiadíssimo no exterior. Tem ainda outro atrativo. Vizinha à terra da Vesperata, Diamantina, no Serro, tem a bolerata.
Das sacadas dos casarões do Centro Histórico serrano (na foto acima de Sônia Fraga), os toques da Banda Santíssimo Sacramento ecoam pelos becos, ruas e ruelas da histórica cidade, fazendo o público reviver a boa música, principalmente boleros e se estasiar com a beleza dos toques e vivenciando um estilo de vida, preservado por mais de 300 anos. Essa é a bolerata, música, nostalgia, beleza, encantos e história que aquece as noites frias serranas.
10 - A terra do azeite, das cerejeiras e do frio
Por fim Maria da Fé (foto acima de Leonardo Bueno) a cidade mais fria de Minas Gerais, com um povo hospitaleiro, cheiro de calor humano para com todos. Maria da Fé fica na Serra da Mantiqueira, no Sul de Minas, é famosa no país inteiro por seu azeite de altíssima qualidade. As belezas naturais como o Pico da Bandeira que não é o mesmo do Caparaó, com 1683 metros de altitude, é um espetáculo à parte, bem como a encantadora simplicidade da cidade, o artesanato local, muito rico e variado, além da beleza das cerejeiras floridas no inverno, como podem ver na foto abaixo de Cássia Almeida. Sem contar o frio, que é intenso mesmo.
A menor temperatura registrada na cidade foi em 1981, quando os termômetros registraram -8,2ºC. Imagine, 8 graus abaixo de zero. De lá pra cá a temperatura continua bem baixa, com geadas constantes. Em 2016, como pode ver na foto abaixo de Cássia Almeida, os termômetros marcaram -6,3ºC.
Para aquecer e suportar o frio intenso, a cidade oferece boas pousadas e hotéis, bem como restaurantes com excelente gastronomia, oferecendo desde a típica cozinha mineira, até pratos quentes para ajudar a suportar o inverno rigoroso.
A cultura está presente na vida da cidade, com eventos importantes durante o ano como Folia de Reis, Festa do Peão Boiadeiro, Festival da Viola e grupos de Catira. Vale a pena conhecer Maria da Fé, do frio, do azeite, do artesanato, das cerejeiras, de Minas Gerais!