(Por Arnaldo Silva) Entre serras e montanhas, rodeada por águas, formando assim uma península, bem na encosta de um espigão, se estendendo até a Serra dos Macacos, encontra-se uma cidade charmosa, tranquila, turística e atraente. É Guapé, no Sul de Minas, um dos principais balneários náuticos do país.
O município faz divisa com Capitólio, Alpinópolis, Formiga, Piumhi, Pimenta, Boa Esperança, Cristais, Ilicínea, Carmo do Rio Claro e São José da Barra. Está a 293 km de Belo Horizonte e conta atualmente com cerca de 14 mil habitantes.
Antes de Furnas, a história de Guapé tem origens a partir de 1759, no século XVIII, quando chega à região a família do fazendeiro José Bernardes Ferreira Lara. Em 1825, no século XIX, o fazendeiro, juntamente com Felisberto Martins Arruda e Cândida Soares do Rosário, doou parte de suas terras para a construção de uma capela, em honra a São Francisco de Assis a pedido Dona Esméria Angélica da Pureza.
Com a capela construída, o pequeno arraial começou a crescer. Posteriormente foi elevado a distrito subordinado a Boa Esperança MG, com o nome de São Francisco de Aguapé, em 1856. Nesse mesmo ano, em 9 de maio, a capela foi elevada a paróquia. Pouco tempo depois, o nome do distrito é alterado para São Francisco do Rio Grande.
O município faz divisa com Capitólio, Alpinópolis, Formiga, Piumhi, Pimenta, Boa Esperança, Cristais, Ilicínea, Carmo do Rio Claro e São José da Barra. Está a 293 km de Belo Horizonte e conta atualmente com cerca de 14 mil habitantes.
Banhada pelas águas da Represa de Furnas, sua história é dividia por antes e depois das águas de furnas inundarem o município, na década de 1960. (na foto acima de Evandro Antônio de Oliveira - Vice prefeito de Guapé e Capitão do Terno de Moçambique, vista parcial de Guapé)
História antes de FurnasAntes de Furnas, a história de Guapé tem origens a partir de 1759, no século XVIII, quando chega à região a família do fazendeiro José Bernardes Ferreira Lara. Em 1825, no século XIX, o fazendeiro, juntamente com Felisberto Martins Arruda e Cândida Soares do Rosário, doou parte de suas terras para a construção de uma capela, em honra a São Francisco de Assis a pedido Dona Esméria Angélica da Pureza.
Com a capela construída, o pequeno arraial começou a crescer. Posteriormente foi elevado a distrito subordinado a Boa Esperança MG, com o nome de São Francisco de Aguapé, em 1856. Nesse mesmo ano, em 9 de maio, a capela foi elevada a paróquia. Pouco tempo depois, o nome do distrito é alterado para São Francisco do Rio Grande.
Em 7 de setembro 1923, o distrito é desmembrado de Boa Esperança e elevado à cidade, passando a adotar o nome de Guapé, instalado oficialmente em 3 de fevereiro de 1924, com eleição de prefeito e vereadores. (foto acima cedida pelo Grupo Guapé - Memórias em Fotos e Fatos)
Guapé é um nome indígena dada a uma planta aquática (Eichhornia) que significa “Caminho das Águas”. A planta, que tem a folhagem verde, tem como características cobrir toda a superfície de rios e lagos.
A cidade que marcou encontro com o dilúvio
A vida em Guapé seguia normalmente, como todas as pequenas cidades do interior. Casario singelo, simples, em estilo colonial, matriz, praça com coreto, povo hospitaleiro. Essa tradicional rotina mudou por completo quando da formação do Lago de Furnas e instalação da Usina Hidrelétrica de Furnas, obra idealizada por Juscelino Kubitschek nos anos 1950.
Guapé é um nome indígena dada a uma planta aquática (Eichhornia) que significa “Caminho das Águas”. A planta, que tem a folhagem verde, tem como características cobrir toda a superfície de rios e lagos.
A cidade que marcou encontro com o dilúvio
A vida em Guapé seguia normalmente, como todas as pequenas cidades do interior. Casario singelo, simples, em estilo colonial, matriz, praça com coreto, povo hospitaleiro. Essa tradicional rotina mudou por completo quando da formação do Lago de Furnas e instalação da Usina Hidrelétrica de Furnas, obra idealizada por Juscelino Kubitschek nos anos 1950.
Em 19 de janeiro 1963, as comportas das da usina foram fechadas. Era o início do tão esperado encontro com o dilúvio, quando um mundão de águas encobriu a cidade e maior parte das terras rurais do município. (foto acima cedida pelo Grupo Guapé - Memórias em Fatos e Fotos)
O povo já sabia disso e se preparou por anos para esse dia, enquanto uma nova cidade era construída. Tudo que podiam retirar de suas casas, praças, igrejas, criação, fazendas, como objetos, carros de bois, carroças, decoração, gado, retiraram, para serem levados para a nova cidade numa parte alta do município.
O povo já sabia disso e se preparou por anos para esse dia, enquanto uma nova cidade era construída. Tudo que podiam retirar de suas casas, praças, igrejas, criação, fazendas, como objetos, carros de bois, carroças, decoração, gado, retiraram, para serem levados para a nova cidade numa parte alta do município.
Até mesmo seus mortos, levaram. Não queriam deixar os restos mortais de seus entes queridos submersos. A nova cidade tinha tudo. Casas novas, ruas largas, saneamento, praças, igrejas, tudo. Só não tinha a história, as lembranças, o passado vivido por gerações. (foto acima cedida pelo Grupo Guapé - Memórias em Fatos e Fotos)
Os casamentos, as quermesses, os bailes, as rodas de viola, as novenas, as procissões, a missa na Matriz, o toque das bandinhas. Tudo isso ficou nas lembranças. A cidade nova, tinha conforto, mas não tinha lembranças, não tinha história.
Os casamentos, as quermesses, os bailes, as rodas de viola, as novenas, as procissões, a missa na Matriz, o toque das bandinhas. Tudo isso ficou nas lembranças. A cidade nova, tinha conforto, mas não tinha lembranças, não tinha história.
Todos sabiam que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria e até a data. 19 de janeiro de 1963. Era o encontro de Guapé com o dilúvio. E esse encontro ocorreu. (foto acima cedida pelo Grupo Guapé - Memórias em Fatos e Fotos)
A tão esperada cena diluviana e apocalíptica aconteceu aos olhos em lágrimas, de espanto, de perplexidade e prantos dos moradores que assistiram do alto da serra, as águas chegarem e indo aos poucos encobrindo toda a cidade que viveram e viveram seus antepassados. As águas foram inundando até nada ficar à vista, até mesmo a torre da igreja Matriz.
Coincidência do nome e lema da bandeira
A antiga cidade, onde os moradores construíram suas vidas, seus sonhos e famílias, já não existia mais. Ficou debaixo d´água. Jornais e revistas da época noticiaram o ocorrido de forma dramática e dantesca.
A tão esperada cena diluviana e apocalíptica aconteceu aos olhos em lágrimas, de espanto, de perplexidade e prantos dos moradores que assistiram do alto da serra, as águas chegarem e indo aos poucos encobrindo toda a cidade que viveram e viveram seus antepassados. As águas foram inundando até nada ficar à vista, até mesmo a torre da igreja Matriz.
Coincidência do nome e lema da bandeira
A antiga cidade, onde os moradores construíram suas vidas, seus sonhos e famílias, já não existia mais. Ficou debaixo d´água. Jornais e revistas da época noticiaram o ocorrido de forma dramática e dantesca.
Tiverem que recomeçar do zero, se acostumar com o novo lugar, criar novos laços e seguir a vida. As autoridades decidiram inundar a cidade e não tinha como mudar. Por ironia do destino, campos, ruas, praças, tudo, passou a ser caminho das águas, exatamente a tradução do nome Guapé. As águas de Furnas inundaram 206 km² do município. (na foto acima do Professor Antônio Carias Frascoli, o Vale do Rio Grande em Guapé)
Coincidentemente, na bandeira do município, criado em 1924, tem como lema “Fluctuat Ne Mergitur, ou seja, “Flutuarás, não afundarás”. Juntando com o nome da cidade, Guapé, que significa Caminho das Águas, percebemos uma coincidência enorme com seu destino final: o encontro com o dilúvio em 1963. Os mais supersticiosos diriam que o nome e o lema de 1924, seriam profecias que aconteceriam. E aconteceu 39 anos depois, em 1963 com as águas inundando 206 km² do município.
O dilúvio na mídia
Revistas e jornais de Minas Gerais e do Brasil, da época, noticiavam constantemente os impactos da inundação na vida dos vilarejos e cidades que seriam inundados pelas águas de Furnas, descrevendo o evento como um dilúvio com data e hora marcados.
Em sua edição 09 de 1959, a Revista O Cruzeiro trazia como manchete uma matéria especial sobre Guapé, com o título: “A cidade a espera do dilúvio” e em fevereiro de1963, quando as águas começaram a inundar o município, a mesma revista publicou outras duas matérias com o título “Guapé vai ser apenas um retrato na parede” e uma outra assinada por Rachel de Queiroz com o título “Cantiga para a cidade de Guapé, que vai desaparecer sob as águas da Represa de Furnas”.
Coincidentemente, na bandeira do município, criado em 1924, tem como lema “Fluctuat Ne Mergitur, ou seja, “Flutuarás, não afundarás”. Juntando com o nome da cidade, Guapé, que significa Caminho das Águas, percebemos uma coincidência enorme com seu destino final: o encontro com o dilúvio em 1963. Os mais supersticiosos diriam que o nome e o lema de 1924, seriam profecias que aconteceriam. E aconteceu 39 anos depois, em 1963 com as águas inundando 206 km² do município.
O dilúvio na mídia
Revistas e jornais de Minas Gerais e do Brasil, da época, noticiavam constantemente os impactos da inundação na vida dos vilarejos e cidades que seriam inundados pelas águas de Furnas, descrevendo o evento como um dilúvio com data e hora marcados.
Em sua edição 09 de 1959, a Revista O Cruzeiro trazia como manchete uma matéria especial sobre Guapé, com o título: “A cidade a espera do dilúvio” e em fevereiro de1963, quando as águas começaram a inundar o município, a mesma revista publicou outras duas matérias com o título “Guapé vai ser apenas um retrato na parede” e uma outra assinada por Rachel de Queiroz com o título “Cantiga para a cidade de Guapé, que vai desaparecer sob as águas da Represa de Furnas”.
Em março de 1965 o Lago de Furnas já estava completamente formado. São 1.440 km², cinco vezes maior que a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Em linha reta, a extensão do Lago de Furnas corresponde a metade do litoral brasileiro. (na foto acima do professor Antônio Carias Frascoli a foz do Ribeirão Verde com o Rio Grande em Guapé)
Guapé depois do encontro com o dilúvio.
Construída em uma parte mais alta, a nova cidade ficou isolada, margeada pelas águas de Furnas. Praticamente ilhada, formando uma península.
Guapé depois do encontro com o dilúvio.
Construída em uma parte mais alta, a nova cidade ficou isolada, margeada pelas águas de Furnas. Praticamente ilhada, formando uma península.
Os primeiros anos foram difíceis para os moradores. O povo não tinha assimilado toda a situação, além de ter de recomeçar a vida do zero. Boa parte das terras férteis do município, às margens do Rio Grande, ficaram submersas. Somente na década de 1970 é que começou de fato a atividade rural do município, sua vocação original. (na foto acima de Evandro Antônio de Oliveira - Vice prefeito de Guapé e Capitão do Terno de Moçambique, a cidade de Guapé hoje)
Começou a preparação da terra com o uso de técnicas de manejo mais avançadas para formação de pastagens para a pecuária leiteira e de corte, de cafezais, plantio de grãos e também o plantio de cana-de-açúcar para a produção de cachaça. Começou a desenvolver a pesca e extração de pedras, pecuária leitura e de corte. A agricultura é hoje um dos principais pilares da economia de Guapé.
A cidade também começa a se despertar para o turismo. Se perdeu em terras férteis, ganhou mais beleza, com as águas do Lago de Furnas. Era o início de uma nova era para os guapeenses que passaram a investir no turismo como alavanca para seu desenvolvimento.
Hoje Guapé é uma das mais belas cidades turísticas de Minas Gerais, com paisagens impactantes e espetaculares. Além disso, possui uma excelente estrutura urbana, boa qualidade de vida, e uma ótima rede hoteleira e gastronômica, com boa parte de hotéis, pousadas e restaurantes com comida típica mineira, às margens do Lago de Furnas.
Hoje Guapé é uma das mais belas cidades turísticas de Minas Gerais, com paisagens impactantes e espetaculares. Além disso, possui uma excelente estrutura urbana, boa qualidade de vida, e uma ótima rede hoteleira e gastronômica, com boa parte de hotéis, pousadas e restaurantes com comida típica mineira, às margens do Lago de Furnas.
Essas mesmas águas, além da beleza, proporcionam um clima ameno e ar leve, além de possibilitar a prática de esportes náuticos. As serras e montanhas de Guapé propiciam a prática de esportes radicais como rapel, escalada, parapente e voo livre. (fotografia acima de Evandro Antônio de Oliveira - Vice prefeito de Guapé e Capitão do Terno de Moçambique em Guapé)
Além disso, trilhas e matas nativas são atrativos para os turistas, além da rica fauna e flora, sem contar a beleza de riachos e cachoeiras incríveis, paradisíacas, de águas limpas e cristalinas como a cachoeira do Garimpo, do Moinho, do Lobo, do Capão Quente, da Água Limpa, da Volta Grande, do Macuco, dentre outras tantas.
Outro destaque do turismo de Guapé é o Parque Ecológico do Paredão, uma área de preservação formada por mata nativa, uma fenda entre as serras, aberta naturalmente pela ação do tempo, formações rochosas milenares e três belíssimas cachoeiras, além de trilhas ecológicas e com condições geográficas propícias para a prática de esportes de rapel e escalada. (foto acima e abaixo do professor Antônio Carias Frascoli)
Além do turismo ecológico, Guapé tem atrativos urbanos como o Ipê Campestre Clube, a Igreja Matriz de São Francisco de Assis, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, no distrito de Aparecida do Sul, além de festividades durante o ano como o Carnaval, a Festa do Divino Pai Eterno e grupos folclóricos de Folia de Reis e Congadas, além da visita às comunidades rurais como Araúna, Santo Antônio das Posses, Pontal, Penas, São Judas Tadeu, Pedra Vermelha, Capoeirinha e Campestre. (na foto acima do Thelmo Lins, a Matriz de São Francisco de Assis)
Venha conhecer Guapé, a cidade aguarda sua visita.
Venha conhecer Guapé, a cidade aguarda sua visita.