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sexta-feira, 8 de julho de 2022

Cataguás: os Tatus Brancos do Centro Oeste Mineiro

(Por Arnaldo Silva) A partir de meados do século XVII, começam a chegar ao território mineiro bandeirantes paulistas, em busca de ouro. A presença do homem branco no território mineiro, não foi nada amistosa. Isso por que a região por onde iniciaram a entrada, Sul de Minas, Oeste e Centro Oeste Mineiro, era habitada por várias etnias indígenas, como toda Minas Gerais era. Vestígios arqueológico apontam a presença de povos indígenas em território mineiro há mais 11 mil anos.
          A questão era que uma dessas etnias, que habitava a região do Alto São Francisco, no Centro Oeste Mineiro era os Tatuas Brancos, os temidos índios Cataguás. (o Rio São Francisco em Bom Despacho MG, no Alto São Francisco, um dos habitats dos Cataguás)
          Índios de língua não tupi, eram descendentes da tribo dos Tremembé, etnia oriunda do litoral do Nordeste do Brasil. Os Cataguás eram mais conhecidos como Cataguases, pela facilidade da pronúncia. Escrever ou pronunciar Cataguás ou Cataguases é a mesma coisa. 
          O povo Cataguá deixou o litoral nordestino e se instalou no Sul do país, ficando pouco tempo por lá. Partiram rumo ao Norte do Brasil, passando pelo atual território mineiro, no século XVI.
Cataguases X Carijós
          No caminho dos Cataguás estava a tribos dos Carijós, habitantes da parte alta do Vale do Alto São Francisco, no Centro Oeste Mineiro. Os Carijós eram índios mais tranquilos, trabalhadores e de fácil diálogo. Não eram muito de guerras e conflitos com outras tribos.
          Já os Cataguás, não. Eram avessos a conversas, além de serem guerreiros valentes, eram bastante hostis e não se intimidavam fácil. Carijós e Cataguás travaram uma ferrenha batalha, com os Cataguás saindo vencedores. Os Carijós que sobreviveram, deixaram a região, rumo a parte Oeste do Estado, longe dos Cataguás.
          Com a vitória, os Cataguás decidiram se fixar no território conquistado. Em pouco tempo, cresceram como povo e expandiram seus domínios para todo o Centro Oeste, Sul de Minas, Médio e Alto São Francisco, mantendo-se dominantes nessas regiões de forma implacável, até a chegada do homem branco, em meados do século XVII.
O país dos Cataguás
          A presença dos índios Cataguases em território mineiro era tanta e eram tantas as tribos Cataguases espalhadas pelas regiões mineiras, que eram chamados pelos bandeirantes paulistas de “povo que mora no país das matas” e ainda por “País dos Cataguases” e “Campos Geraes dos Cataguases". Na época a grafia gerais era com e, geraes. Os dois últimos nomes, foram primeiros nomes de Minas Gerais
          Somente após a descoberta de minas de ouro, que o território mineiro deixou de ser chamado “País dos Cataguases” e "Campos Geraes dos Cataguases" , a partir da descoberta de grandes quantidades de minas de ouro.

Guerreiros valentes e destemidos
          Na parte alta do São Francisco, os Cataguases predominavam. Viviam da caça, pesca e cultivo de milho e mandioca, além de fazerem utensílios de cerâmica, para uso diário, rituais religiosos e festas. Eram vigilantes e atentos a tudo em seu redor, devido a conflitos em etnias diferentes e presença constante de forasteiros.
         Embora existam várias traduções para a palavra Cataguás a mais conhecida é que Cataguá significa “gente boa” (catu-auás), embora os Cataguases não fizessem jus a tradução do nome. 
          Eram gente boa entre os membros da etnia, mas com outras tribos e principalmente forasteiros, nem um pouco. O homem branco era chamado pelos Cataguases de Poxi-auá, “gente ruim.
          Eram valentes, corajosos, destemidos e unidos, os Cataguases defendiam seu povo e suas terras com bravura. Eram extremamente agressivos e impiedosos para com seus inimigos, sejam de outras tribos ou forasteiros.
          Era guerreiros implacáveis, inteligentes e estrategistas. Quando capturavam seus inimigos, os devoravam em pouco tempo. Os Cataguases eram canibais. Não era por menos que as outras etnias indígenas da região temiam os Cataguases.
Os Tatus Brancos trogloditas
          A região de Doresópolis, no Oeste Mineiro, concentra inúmeros cânions, paredões e cavernas. Diferente de outras tribos que viviam em comunidades e em ocas, como moradas, os Cataguases que viviam na região de Doresópolis, eram trogloditas (habitantes de cavernas). Viviam em furnas e nas inúmeras cavernas existentes na região do Alto São Francisco e não em ocas, como a maioria dos indígenas viviam. Por esse motivo eram chamados de Tatus Brancos. (na imagem acima de Eduardo Valente, furnas na região de Doresópolis)
           Nesta região onde os Cataguases viviam, cavernas e paredões enormes podem ser vistos até os dias de hoje. Era esse o habitat dos Cataguases do Alto São Francisco, os temidos Tatus Brancos.
          Exímios caçadores noturnos, conseguiam capturar suas presas com muita facilidade. Saiam à noite e caçavam até o dia raiar. Com a presença do homem branco na região, estes passaram a ser também suas presas. 
          Na época da ocupação, relatos de homens brancos que desapareciam misteriosamente na região dominada pelos Cataguases eram comuns. Se algum forasteiro era capturado, não se encontrava nem vestígios. Os Tatus Brancos eram canibais e não perdiam tempo prendendo suas presas. Os forasteiros eram vistos como inimigos naturais.
          A dificuldade de diálogo com os Cataguases, bem como sua forte resistência e agressividade com os invasores, além de serem em grande número, eram empecilhos para portugueses e bandeirantes ocuparem o território mineiro.
          Com o passar do tempo e aumento do número de bandeirantes, escravos, missionários e portugueses em território mineiro e os crescentes ataques dos Tatus Brancos aos forasteiros, o Governo Português resolveu agir para facilitar a entrada das bandeiras no território.
O fim dos Tatus Brancos
          Por volta de 1670 as autoridades da Colônia Portuguesa determinaram uma verdadeira cruzada contra os Tatus Brancos, com a ação a cargo Fernão Dias Paes Leme. O bandeirante partiu de São Paulo com cerca de 600 homens, entre brancos e escravos.
          Diante da resistência dos Cataguás, foi enviado ainda Lourenço Castanho Taques, bandeirante paulista que conseguiu colocar fim a resistência dos Cataguás, obtendo êxito em seu intento.
          Ação dos bandeirantes não visava expulsar os Cataguás ou escravizá-los, eles nunca aceitaram ser escravos. Portugueses e bandeirantes empreenderam uma violenta ação visando exterminar por completo o povo Cataguás e apagar qualquer vestígio da presença da etnia que encontrassem pelo caminho.
          E conseguiram. Já no final do século XVII, já não existia mais os Cataguases em território mineiro e infelizmente, muito pouco da história desse povo foi registrada. Sabe-se quase nada sobre os costumes e usos, vestimentas e aparência física do povo Cataguá, bem como da origem de seu idioma, que se sabe, não era do tronco Tupi. Nada sobrou que contasse mais da origem e história desse povo que habitou boa parte do território mineiro. (na foto acima do Eduardo Valente, caverna em Doresópólis MG, habitat dos Cataguás, os Tatus Brancos)
Campos Geraes
          Com o extermínio dos Cataguás, a região deixou de ser "País dos Cataguases". Foi por algum tempo chamada de "Campos Gerais dos Cataguases". Como não existia mais os Cataguases, chegou a ser chamada de "Campos Geraes", na grafia do século XVII e XVIII. Quem nascia na região era "Geralista". O gentílico "mineiro" só passou a ser usado no século XIX.
          Com a descoberta de minas de ouro no território mineiro, a palavra "campos" foi mudada para Minas e manteve-se o geraes. Ficando, na grafia da época, "Minas Geraes".  Assim nascia Minas Gerais. 
          O termo “País dos Cataguases”, "Campos Geraes dos Cataguases"  e "Campos Geraes", ficou apenas na história dos séculos XVII e início do século XVIII e não passou disso. O nome do território passou a ser capitania, província e por fim, Estado de Minas Gerais. 
O legado dos Cataguás 
          O certo é que os Cataguases foram os primeiros povos que ofereceram resistência contra a ocupação e exploração das riquezas em território mineiro.
          Os Cataguases não existem mais como povo, mas com certeza, o espírito de luta, de resistência, de bravura, coragem e defesa de sua existência, faz parte do espírito do povo mineiro, desde os primórdios da formação de Minas Gerais.
          O povo mineiro possui o espírito valente e de luta dos Cataguás. Este espírito nos torna defensores de nossas tradições, de nossas divisas, de nossa cultura, de nossa história, de nossas riquezas e da luta pela liberdade, presente em nosso sangue e bandeira, desde a ocupação bandeirante e portuguesa em Minas Gerais.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Lassance, Carlos Chagas e a Serra do Cabral

(Por Arnaldo Silva) Com cerca de 7 mil habitantes, Lassance, no Norte de Minas, se destaca pela hospitalidade e charme da cidade, bem como sua história, ligada ao médico sanitarista, cientista e bacteriologista brasileiro, Carlos Chagas.
          Lassance, está distante 270 km de Belo Horizonte e faz divisa com os municípios de Várzea da Palma, Corinto, Três Marias, Buritizeiro, Buenópolis, Augusto de Lima, Joaquim Felício, Francisco Dumont. (na foto acima de Sérgio Mourão, centro da cidade)
          A economia do município gira em torno de pequenos comércios, prestação de serviços, da extração mineral de quartzo, extração de flores de sempre-vivas, além da agricultura com destaque para o cultivo de café, mandioca, milho, fumo e arroz, além da pecuária de corte e produção de carvão vegetal.
A doença de Chagas
          Em Lassance trabalhou o famoso cientista brasileiro Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas nascido em Oliveira MG em 9 de julho de 1878 e falecendo no Rio de Janeiro, 8 de novembro de 1934.
          Carlos Chagas foi biólogo, médico sanitarista, infectologista, cientista, pesquisador e bacteriologista brasileiro. Foi em Lassance, em 1909, que o cientista identificou o protozoário causador da infecção que mais vitimava em sua época, a doença causada pelo Tripanossoma cruzi, o barbeiro, mais tarde nomeada por Doença de Chagas, em sua homenagem. (foto acima de Tâmara Rosa)
          Carlos Chagas, foi enviado para a região com a missão de cuidar dos trabalhadores da Ferrovia Central do Brasil, para combater a malária e outras doenças, que estavam vitimando vários trabalhadores. Na obra da ferrovia, montou pequeno laboratório em um vagão de trem.
          Foi no vagão de um trem que Chagas descobriu que o protozoário causador da doença, abrigava-se no intestino do barbeiro (inseto da família Reduviidae), que transmitia a doença através de picada. Identificou ainda que morada preferida desses insetos, era as frestas das casas de pau-a-pique, comuns nos sertões do Brasil naquela época.
Atrativos urbanos
          Um dos grandes destaques da cidade, além do seu casario singelo e atraente, suas belas igrejas e belezas naturais, tem como excelente atrativo para os amantes da história e ciência, o Memorial Carlos Chagas. O Memorial foi construído no lugar onde ficava o antigo laboratório do cientista, onde o visitante tem o privilégio de conhecer o cenário de atuação do Dr. Carlos Chagas, responsável por uma das maiores descobertas da ciência brasileira, de grande importância para o mundo. (na foto acima da Tâmara Rosa)
          Lassance é uma cidade tranquila, com uma boa estrutura urbana, em destaque para a Matriz de Nossa Senhora do Carmo e a Estação Ferroviária de 1909, hoje, Centro de Artesanato e Cultural da cidade, com mostras da cultura típica da cidade e do seu artesanato. (na foto acima de Leandro Leal, a Matriz de Nossa Senhora do Carmo)
A ferrovia
          A ferrovia chegou à Lassance no início do século XX. Antes, o lugar era um pequeno povoado, sendo caminho de tropeiros que vinham ao sertão norte mineiro, no final do século XIX.
          A região começou a se desenvolver com a instalação da ferrovia e estação de trem, chefiada pelo engenheiro Ernesto Antônio Lassance Cunha, com o povoado adotando o nome de Lassance, em 1908, em sua homenagem.
          A chegada da ferrovia trouxe para a região centenas de trabalhadores, bem como, outras tantas pessoas que vieram de vários lugares, atraídos pelo desenvolvimento que as ferrovias proporcionavam naquela época. Esses fatores fizeram com que o povoado crescesse, fosse elevado a distrito e finalmente à cidade emancipada em 12 de dezembro de 1953.
A Serra do Cabral e a pré-história
          Outro importante destaque em Lassance é a Área de Proteção Ambiental Serra do Cabral, criada em 2002 para preservar as riquezas naturais do cerrado, como nascentes e riachos que desaguam no Rio das Velhas e Rio Jequitaí, ambos afluentes do Rio São Francisco, bem como proteger cachoeiras, como a das Palmeiras e sua rica fauna como como exemplo, várias espécies de pássaros, onças, suçuaranas, jaguatiricas, lobo-guará, além de sua flora riquíssima, como os campos de sempre-vivas. (na foto acima e abaixo do Marcelo Santos, o Boqueirão, na Serra Geral)
          Por ser uma região de grande concentração de calcário, cavernas e lapinhas são comuns na Serra do Cabral, habitat de milhares de povos indígenas, presentes no Brasil a milhares de anos, antes da chegada de Pedro Álvares Cabral.
          Os povos que existiam antes da chegada de Cabral, eram conhecidos como cabralinos, por isso o nome da Serra e dos povos que viviam no Brasil e da chamada “era pré-cabralina”. (na foto acima de Marcelo Santos a Cachoeira do João Correia)
          Hoje, o termo “era pré-cabralina” ou “cabralino” não é usado para definir os povos pré-históricos brasileiros. Antes de Cabral e depois de Cabral não é um termo aceito pelos cientistas e sim período quaternário
          Esse período foi dividido em pleistoceno, (povos caçadores e coletores que aqui habitavam há mais de 12 mil anos) e o holoceo (entre 12 mil e 9 mil anos, chamado de arcaico antigo e entre 9 mil e 4.500 anos, chamado de arcaico recente).
          Estes povos deixaram nas paredes das grutas e lapas na Serra do Cabral em Lassance, seus estilos de vida, sobrevivência e crenças, registradas em pinturas rupestres, fazendo da região, com seus vários sítios arqueológicos como Boqueirão do Cara Fechada, Boqueirão do Inferno, Cabeceira do Guará I, II, III, Cabeceira do Manda-Puça, Lapa da Onça, Lapa de Santo Antônio, Lapa do Chapéu, Lapa do Marimbondo, uma das mais importantes regiões paleontológicas de Minas Gerais.

terça-feira, 5 de julho de 2022

O menor município do Brasil em extensão territorial

(Por Arnaldo Silva) Com 8.109habitantes, segundo Censo do IBGE/2022, a pacata e atraente cidade de Santa Cruz de Minas está a 180 km distante de Belo Horizonte. Faz divisa com Tiradentes e São João Del Rei, no Campo das Vertentes.
          Embora seja um município jovem, a história de Santa Cru de Minas começou no século XVIII, durante o Ciclo do Ouro. Mas não era o metal precioso que deu origem ao povoamento da cidade e sim o beneficiamento de areia de quartzo e beneficiamento de cal. Esses dois segmentos, foram os dois pilares da economia local desde sua origem. (fotografia acima e abaixo de César Reis)
          Entre a imponente Serra de São José, o pequeno povoado crescia devagar, mas no século XX, seu crescimento aumentou, o vilarejo elevado a distrito em 1962, subordinado a Tiradentes MG, para finalmente ser elevado a cidade emancipada em 21/12/1995.
Estrutura
          A cidade oferece uma boa qualidade de vida a seus moradores. Possui boa estrutura urbana com um belo e charmoso casario, sua bela matriz de São Sebastião, praças charmosas, biblioteca municipal, clubes recreativos, ginásios poliesportivos, corporações musicais e eventos populares e religiosos tradicionais, além da bela Matriz de São Sebastião (na foto acima da Alexa Silva/@alexa.r.silva). 
          Além disso, conta com um setor de prestação de serviços de boa qualidade, comercio variado, hotéis, pousadas e restaurantes de boa qualidade, pequenas indústrias familiares, lojas de diversas, principalmente de artesanatos, além da cidade ser tranquila e bastante atraente.
          Em Santa Cruz de Minas está a Cachoeira Bom Despacho, na Serra de São José, uma das mais belas serras e cachoeiras de Minas, respectivamente, além da cidade se destacar pela qualidade do seu artesanato em metal, ferro, cerâmica, fibra, madeira, madeira de demolição e materiais recicláveis. (na foto acima de Marcelo Melo, a Cachoeira de São José)
          O artesanato que feitos pelas mãos dos artesãos e artesãs santa-cruzenses é reconhecido como um dos melhores de Minas Gerais e um dos atrativos turísticos da cidade. Boa parte do artesanato comercializado em São João Del Rei e Tiradentes, são feitos em Santa Cruz de Minas. (fotografia acima de Arnaldo Silva)

Curiosidades de Santa Cruz de Minas
          A pequena cidade é marcada por 3 curiosidades únicas.
          A cidade faz parte da Estrada Real e os tótens espalhadas pelos 1600 km de extensão da Estrada Real podem ser vistos na cidade, sendo um desses tótens, especial. 
          É em Santa Cruz de Minas que está o marco zero da famosa rota histórica. (na foto acima da Alexa Silva/@alexa.r.silva)
          Santa Cruz de Minas é o único município do Brasil onde a população é 100% urbana. Sua área rural é praticamente inexistente.

          Isso se deve a outro fato curioso. Santa Cruz de Minas é o menor município do Brasil em extensão territorial. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a faixa de terra que forma o município tem área territorial de 3,565 km².
          Santa Cruz de Minas é o menor em termos de tamanho territorial. Em número de habitantes, não. O menor município do Brasil em número de habitantes é também mineiro. É serra da Saudade com apenas 771 habitantes, mas com área territorial de 335,659 km², cerca de 95 vezes maior que a extensão territorial de Santa Cruz de Minas.
          Visite o menor município de Minas Gerais. Em Santa Cruz de Minas (na foto acima de César Reis)  tem cultura, história, gastronomia e um dos mais valiosos e bem acabados artesanatos do Brasil.

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Benefícios e a receita do leite de amendoim

(Por Arnaldo Silva) Arachis hypogaea L., o amendoim é uma leguminosa nativa do Brasil, Paraguai, Bolívia e Norte da Argentina. Foi descoberta no Brasil pelos portugueses e se expandiu para a América Latina durante a colonização portuguesa e espanhola. Mas o amendoim era consumido pelos índios latinos bem antes da chegada dos colonizadores. Pesquisas histórica datam o consumo do amendoim há cerca de 3 mil anos a.C. pelos povos indígenas da América Latina.
          É um alimento saboroso, de fácil preparo e rico em nutrientes como a arginina, um aminoácido estimulante do óxido nítrico, responsável pela circulação sanguínea na região do clitóris e pênis. Como consequência o consumo do amendoim aumenta o fluxo sanguíneo para os órgãos genitais, aumentando a libido. Por isso a fama de afrodisíaco do amendoim.
          Não é apenas esse o benefício da leguminosa. Segundo pesquisadores, o consumo do amendoim, ajuda no combate ao colesterol ruim e dos triglicérides, além de contribuir no equilíbrio do metabolismo, na prevenção do mal de Alzheimer, doenças cardiovasculares e na redução de tumores.
          Esses benefícios são obtidos com o consumo moderado. Embora seja um alimento com poucas restrições, é recomendado uma avaliação com especialista para casos de restrições alimentares e alergias.
          O amendoim é rico em gorduras boas, vitaminas, proteínas, ômega 3, magnésio, potássio e outros nutrientes. Pode ser consumido in natura, em forma de doces como o pé-de-moleque, torrado, caramelado, como paçoca, em bolos e também em forma de chá.
          O leite de amendoim é muito saboroso e bem fácil de preparar:
Ingredientes
. 1 xícara (chá) de amendoim sem a pele e já torrado
. 1 litro de leite
. 1 caixinha de leite condensado
. 1 vidro de leite de coco ou a mesma medida de água
. Cravo, canela em pó em pau a gosto
Modo de preparo
- Coloque no liquidificador o amendoim e o leite de coco ou a água e bata até que esteja bem triturado.
- Despeje em uma panela, acrescente o leite, o leite condensado, a canela em pó, os cravos, a canela em pau e deixe fervendo no fogo até engrossar. Sirva quente. 
(fotos de Arnaldo Silva)

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Queijo Canastra é eleito o melhor do mundo

(Por Arnaldo Silva) De acordo com o site The Taste Atlas, o queijo da Serra da Canastra está entre os “50 melhores Queijos do Mundo”, divulgado no dia 20/06/2022.
          Idealizado pelo jornalista croata Matija Babic, The Taste Atlas é um guia voltado para a gastronomia mundial com conteúdo colaborativo feito por viajantes de todo o mundo. Funciona em moldes parecidos com o Guia 4 Rodas e Wikipédia, onde os usuários alimentam a plataforma com fotos, conteúdos e comentários. O site permite ainda que os seguidores da plataforma deem notas e votem em pratos, iguarias e estabelecimentos gastronômicos no mundo.
          Neste site, o queijo tem uma categoria exclusiva para postagens de fotos, textos, comentários e votação aberta aos usuários. (na foto acima, queijos Canastra feito na Queijo Dinho, em Piumhi MG/Divulgação)
Os 50 queijos mais votados
          Estar entre os 50 melhores queijos do mundo, não foi surpresa para os produtores de queijos Canastra, já que a iguaria recebe premiações nacionais e internacionais em todos os eventos que participa, sendo considerado um dos melhores queijos do mundo.
          O que chamou atenção dos queijeiros mineiros foi o Queijo Canastra figurar em primeiro lugar no levantamento feito pelo site The Taste Atlas, à frente inclusive de queijos mundialmente famosos como os holandeses Geitenkaas e Gorgonzola, Pecorino, Burrata, os italianos Grana Padano, Burrata, Pecorino e Parmegiano Reggiano, o francês Mont d´Or, do Português Serra da Estral, dentre outros.
          Abaixo podem ver a lista dos 50 melhores queijos do mundo, segundo eleição feita pelo site The Taste Atlas, divulgada nas redes sociais do referido site.
          Embora os critérios de votação e contagem das notas dadas aos queijos não foram especificados com clareza pelo site, os 70 queijeiros que produzem queijo Canastra, nas 7 cidades que formam a região queijeira mineira, comemoraram bastante o resultado. A conquista do queijo Canastra foi comemorada ainda pela Empresa  de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/MG) e pela Associação dos Produtores da Canastra (Aprocan).
O Queijo Canastra
          O queijo Canastra ser reconhecido como melhor do mundo foi absorvido com naturalidade pelos mineiros. Isso porque o queijo feito na Serra da Canastra sempre foi considerado o melhor do mundo pelos mineiros. Pode ser uma surpresa para o mundo, para os mineiros não.
          Feito tradicionalmente há mais de 200 anos, com leite cru de vaca, sal e pingo, o queijo Canastra é Patrimônio Imaterial do Brasil desde 2008, reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). (foto acima e abaixo Queijo Dinho de Piumhi MG/Divulgação)
          Tem como características a casca amarela, formato cilíndrico, sabor e picância levemente ácido, massa firme com presença de algumas olhaduras (furinhos). O Canastra já maduro, acima de 21 dias, é o preferido. Isso porque quanto mais o tempo de maturação, mais acentuado é seu sabor e mais definidas são suas características.
          É um tipo de queijo que harmoniza muito bem com vinhos finos, cachaça, cervejas e claro, com café e doces mineiros. Devido sua qualidade, é um queijo muito versátil na gastronomia, além de melhorar o sabor de vários pratos e quitandas.
          A Região Queijeira Canastra é formada pelo municípios de Medeiros, Vargem Bonita, Tapirai, Delfinópolis, Bambuí, Piumhi e São Roque de Minas com os queijos produzidos nessas cidades constarem o selo de origem e em maioria, grafados no próprio queijo, com caseína, como podem ver na foto acima.

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Doce de leite: origem e a receita tradicional

(Por Arnaldo Silva) O ato de ferver o leite com açúcar originou um dos doces mineiros mais tradicionais de Minas Gerais, o doce de leite. Se ficar menos tempo no fogo, fica cremoso. Se ficar mais tempo, fica sólido, bom para corte.
          O doce surgiu numa época de busca por alimentos, numa terra recém povoada. Sabia-se que a gordura preservava por mais tempo alimentos perecíveis, bem como açúcar, que é um conservante natural. Em busca de alimentos que durassem mais tempo, por um acaso ou não, surgiram vários alimentos, como o doce de leite. (foto acima da Lúcia Barcelos)
          O doce de leite harmoniza muito bem com o queijo Minas, com doces como de figo, casca de laranja-da-terra, de mamão, além de ser versátil, podendo ser usado em receitas diversas, para fazer sorvetes, recheios para bolos, biscoitos, pudins, pães, roscas, churros, balas, etc.
          Presente na culinária mineira desde o século XVIII, o doce de leite conquistou, não só o paladar dos mineiros, mas também de todos os brasileiros, a partir da segunda metade do século XIX, quando começou a se popularizar em todo o Brasil.
O maior produtor e consumidor de doce de leite no Brasil é Minas Gerais. Embora tenha centenas de fábricas de doces por todas as cidades mineiras, o doce de leite caseiro ainda é o mais popular entre os mineiros. 
          O doce surgiu numa época de busca por alimentos, numa terra recém povoada. Sabia-se que a gordura preservava por mais tempo alimentos perecíveis, bem como açúcar, que é um conservante natural. Em busca de alimentos que durassem mais tempo, por um acaso ou não, surgiram vários alimentos, como o doce de leite. 
          O doce de leite harmoniza muito bem com o queijo Minas, com doces como de figo, casca de laranja-da-terra, de mamão, além de ser versátil, podendo ser usado em receitas diversas, para fazer sorvetes, recheios para bolos, biscoitos, pudins, pães, roscas, churros, balas, etc.
          Presente na culinária mineira desde o século XVIII, o doce de leite conquistou, não só o paladar dos mineiros, mas também de todos os brasileiros, a partir da segunda metade do século XIX, quando começou a se popularizar em todo o Brasil.
O maior produtor e consumidor de doce de leite no Brasil é Minas Gerais. Embora tenha centenas de fábricas de doces por todas as cidades mineiras, o doce de leite caseiro ainda é o mais popular entre os mineiros. 
Quem inventou o doce de leite?
          A história afirma que o doce de leite foi criação mineira. O problema é que os argentinos, afirmam que são eles os inventores da iguaria. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
          Mineiros e argentinos disputam quem foi o primeiro a fazer o doce de leite desde o século XIX. Enquanto esse imbróglio centenário com os argentinos não se resolve, a origem do doce de leite segue incerta.
 A versão dos mineiros
          Segundo opinião de historiadores, o doce de leite foi criado em Minas Gerais. Surgiu pela necessidade da criação de alimentos, numa terra que a cada dia recebia aventureiros, bandeirantes e portugueses, que chegaram à Minas Gerais, com a descoberta de ouro, no século XVIII.(fotografia acima de Evaldo Itor Fernandes em Moeda MG)
          O doce de leite saiu das cozinhas mineiras, nos primórdios do povoamento de Minas Gerais por um erro. Ao ferver o leite de vaca com açúcar, o leite foi esquecido no fogo, o que resultou num creme amarronzado. O sabor ficou ótimo, surgindo assim o doce de leite, passando a iguaria a ser feita pelas famílias mineiras com a receita passada de geração para geração, desde o século XVIII.
          O doce de leite se popularizou entre os mineiros ainda nos primeiros anos de sua descoberta, passando a ser apreciado por todos, chegando à nobreza e passando a ser feito também em outras regiões brasileiras.
          Não há nenhum relato em nossa história de doce de leite feito antes da popularização do doce em Minas Gerais.
          Doce de leite, junto com o pão de queijo e o queijo, são as principais identidades mineiras. 
A versão dos argentinos
          Quem experimentou o doce de leite argentino sabe muito bem que o doce é diferente do feito em Minas Gerais. Os sabores são diferentes, pelo leite, pelo tipo de açúcar, por especiarias regionais inseridas na receita e pela proporção entre os dois ingredientes, o açúcar e o leite. Obviamente há diferenças na textura, cor e sabor.
          Segundo os argentinos, o doce de leite foi inventado por eles em 1829, no século XIX, na fazenda do governador Juan Manuel de Rosas, nas proximidades de Buenos Aires.
          Uma das criadas do governador estava preparando lechada, um tipo de chá da tarde dos argentinos, uma bebida de leite quente com açúcar. Como a criada estava bastante cansada, deitou-se para descansar um pouco, deixando a lechada no fogo e acabou cochilando.
          Quando acordou, foi à cozinha e viu que a lechada tinha se transformado em uma pasta cremosa e amarronzada. Mostrou ao governador, que experimentou e gostou tanto que apresentou a iguaria às pessoas que conhecia, tornando-a popular entre os argentinos, a partir de então.
          Segundo historiadores, não há nenhuma evidência concreta que essa história seja verídica, mas é uma boa história que os argentinos defendem para se afirmarem os criadores do doce de leite.
          Até porque, doce de leite como conhecemos, já existia em Minas Gerais desde o século XVIII, bem antes da “invenção” argentina, em 1829, no século XIX.
Outra versão
          Há também historiadores que afirmam que as duas versões, tanto mineira, quanto argentina, não tem comprovação e que não é possível dizer com certeza, quem criou o doce de leite, se mineiros ou argentinos ou nenhum dos dois.
          Concordam apenas em dizer que tanto mineiros, quanto argentinos, desenvolveram a receita original, de acordo com suas características regionais, estilo e especiarias locais, gerando assim variações diversas do doce, ao longo do tempo.
A receita do doce de leite tradicional
          Em sua forma cremosa é o mais popular, mas também tem forma sólida, em barra ou cortado em pedacinhos. A diferença entre um tipo e outro é o tempo que fica no fogo. 
          Para fazer o doce de corte, basta deixa-lo mais tempo no fogo, tendo atenção para não queimar e bater com uma colher de pau, até começar a endurecer. Por fim é despejado em tabuleiro ou forma e cortado. (fotografia acima da Lúcia Barcelos)
Receita tradicional
Ingredientes

. 5 litros de leite integral
. 1 quilo de açúcar
Modo de preparo
- Despeje todo o leite num tacho, se possível de cobre junto com açúcar e leve ao fogo médio
- Mexa sem parar com uma colher de pau até começar a ferver para que o açúcar se dissolva por completo e se caramelize por igual
- Quando começar a ferver e continue mexendo por 15 minutos
- Reduza mais ainda o volume do fogo e deixe no fogo, mexendo sempre até que adquira uma consistência cremosa na cor marrom claro
- Caso prefira, pode adicionar frutas com o doce já pronto de frutas a seu gosto como pêssego, figo ou outras frutas que preferir, ou mesmo, chocolate (foto abaixo de Evaldo Itor Fernandes)
- Espere esfriar, coloque o doce em uma tigela ou potes de vidro e sirva acompanhado de Queijo Minas.

terça-feira, 14 de junho de 2022

Cuscuz: origem e a receita do cuscuz mineiro

(Por Arnaldo Silva) O cuscuz é tão popular no Brasil e no mundo que tem até dia, 19 de março, no mesmo dia de São José, padroeiro do Nordeste, região brasileira onde a iguaria é bastante popular além de ser uma das identidades gastronômicas dessa região.
          Por estar presente no dia-dia de boa parte do povo brasileiro, o cuscuz até parece ser uma criação da gastronomia brasileira, mas não é.
Origem berbere
          O cuscuz é um alimento milenar. Com o nome original de "alcuzcuz", tem origem nos povos berberes. Esses povos habitavam, há milhares de anos, a região noroeste da África, formada hoje pela Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos e Saara Ocidental.
          É um dos principais alimentos até os dias de hoje desses países africanos, principalmente no Marrocos e Argélia onde o cuscuz é considerado o prato do dia e prato da culinária nacional da Tunísia.
          Nesses três países, o cuscuz tradicional vem ainda acompanhado de cenoura, batata, nabo e outros legumes, além de ser cozido em caldo de carne ou ensopado picante de frango, peixe ou de carne carneiro. É servida com pequenos pedaços de carne de frango ou de carneiro. É uma refeição completa!
          O cuscuz original, criado pelos povos berberes, era feito com trigo. Consistia em amassar o trigo com as mãos, com um pouco de água quente, mexer e apertar, até se transformar em pequeninos grãos para ser em seguida, cozido no vapor numa cuscuzeira.
A popularização do cuscuz no mundo
          A iguaria se popularizou na região do Saara, em toda África, no Oriente Médio, chegando à Europa, onde se popularizou em vários países. Em Portugal passou a ser consumido no reinado de Dom Manuel I (1495-1521), com o nome de couscous.
          Uma comida prática, que sustenta, sacia e fácil de fazer, chegou ao Brasil ainda no século XVI pelos navegantes portugueses, aqui chamado de cuscuz.
          O problema era que no Brasil e na América Latina não existia trigo naquela época, mas existia milho, cereal nativo do Brasil e ocorrente também na América Latina. A farinha de milho e também o polvilho, substituiu o trigo nos dois primeiros séculos, após a descoberta do Brasil e é assim até hoje. Raro se fazer cuscuz em sua forma original no Brasil, com o trigo. Comum mesmo é com farinha de milho.
          O modo de preparo do cuscuz é o mesmo feito pelos povos berberes há milhares de anos. Muda apenas o trigo, substituído pela farinha de milho e variações regionais com acréscimos de temperos e outros ingredientes.
O cuscuz no Brasil
          No Nordeste brasileiro, o cuscuz está presente na alimentação do nordestino, principalmente no café da manhã. É geralmente consumido em sua forma mais popular, com flocos de milho moído no pilão e cozinhado no vapor ou ainda, acompanhado de leite, ovos, carne-de-charque e outros ingredientes. Já no Norte do Brasil, o cuscuz é consumido salgado e também doce, além de substituir a água quente pelo leite de coco na mistura com a farinha.
          Em São Paulo, alguns preparos de cuscuz levam peixe e camarão, em outros, galinha, ovos cozidos, ervilha, pimentão, tomate, cheiro verde e temperos diversos.
          Com os novos ingredientes e temperos regionais acrescentados à iguaria, tem apenas que deixar a massa marinar um pouco para fiquem bem incorporados ao cuscuz.
Receitas de cuscuz salgado e doce de Minas Gerais
          Em Minas Gerais, além da farinha de milho, é misturado às vezes um pouco de polvilho e farinha de mandioca, mas no popular, é com farinha de milho, cozido no vapor com ingredientes típicos de cada região mineira.
          O cuscuz mineiro pode ser doce ou salgado. Leva queijo, requeijão moreno ou cremoso, mel, manteiga, linguiça, carne desfiada, melado de cana, couve, e também ovo frito. É muito comum o cuscuz com queijo ou requeijão no café da manhã e da tarde, principalmente de quem trabalha na roça.
          No século XIX, o cuscuz doce com queijo era a primeira merenda do dia nas escolas que existiam em Minas Gerais, como por exemplo, a primeira refeição das alunas do Colégio Providência, em Mariana MG.
Cuscuz mineiro salgado
Ingredientes

. 500 gramas de farinha de milho
. 1 xícara (chá) de água
. 300 gramas de linguiça picadinha e já frita
. 300 gramas de frango cozido e desfiado
. 1 maço de couve picada mineiramente, bem fininha
. ½ colher (chá) de banha de porco
. 2 dentes de alho amassados
. 1 cebola pequena picadinha
. 1 pimentão verde picadinho
. ½ xícara (chá) de ervilha
. ½ xícara (chá) milho verde em grãos
. 1 tomate picadinho
. Sal a gosto
. Manjericão, salsa, pimenta-do-reino e orégano a gosto
. 1 ovo
Modo de preparo

- Aqueça a banha numa panela, acrescente a linguiça, a cebola, o alho, o pimentão e refogue por 3 minutos.
- Acrescente a ervilha, o frango desfiado, o milho, o tomate e refogue até secar.
- Acrescente agora o sal, o manjericão, o orégano, a salsa, a pimenta-do-reino e mexa bem.
- Acrescente por fim a farinha de milho, mexa, vá acrescentando a água quente aos poucos e vá desmanchando com as mãos os carocinhos que se formarem.
- Unte a cuscuzeira com banha ou óleo, coloque aos poucos a farofa que se formou e deixe cozinhando no vapor por uns 25 minutos ou até que esteja bem fofo.
- Enquanto cozinha, frite o ovo, coloque num prato e coma com o cuscuz. Fica ótimo com café.
Cuscuz mineiro doce
Ingredientes

. 1 xícara (chá) de farinha de mandioca (não torrada)
. 4 xícaras (chá) de fubá mimoso
. 2 xícaras (chá) de queijo Minas meia cura ralado
. 1 xícara (chá) de queijo Minas cortado em pedacinhos
. 1 ½ xícara (chá) de açúcar
. 1 xícara (chá) de água
. Canela em pó e erva-doce a gosto
. 2 colheres (chá) de sal
Modo de preparo
- Numa panela, coloque a farinha, o fubá, o queijo ralado, o açúcar, a canela em pó, a erva-doce e misture tudo.
- Dissolva o sal na água e acrescente à mistura que parecerá uma farofa
- Mexa e vá desmanchando com as mãos os carocinhos que se formam
- Unte a cuscuzeira com manteiga e coloque devagar a farofa, intercalando com os pedacinhos do queijo.
- Cozinhe em vapor de água fervendo por 25 minutos ou até que o cuscuz mineiro esteja fofo.
          O cuscuz é um prato democrático, popular, presente em todo o mundo, mesmo com variações e ingredientes regionais diferentes em sua receita tradicional, é uma iguaria mundial.
Fotografias de Marluce Ferreira de Ipatinga MG

quarta-feira, 8 de junho de 2022

Estudo afirma que café reduz risco de mortes

(Por Arnaldo Silva) Depois da água, o café é a segunda bebida mais consumida no mundo. Não tem como começar a manhã sem o tradicional cafezinho coado. O café seria incompleto. O café anima, alegra e causa bem estar.
          Segundo especialistas, a quantidade ideal de consumido de café, já que a bebida possui alta concentração de cafeína deve ser no máximo até 4,5 xícaras, por dia. Acima disso, superaria a quantidade máxima de 400 mg de cafeína, diária, recomendada. Como consequência o uso exagerado do café pode ocasionar insônias, ansiedade, gastrite, palpitações tremores, dores na cabeça, refluxo gastroesofágico, náuseas e até taquicardia.
          Usando de forma equilibrada e moderara, é ao contrário, o café faz bem e ainda pode reduzir de 16% a 29% a possibilidade de falecimento prematuro. 
          Ao menos é o que afirma um estudo publicado em 31 de maio de 2022, pela Annals of Internal Medicine, uma revista médica publicada pelo American College of Physicians. É uma das revistas médicas mais importantes e influentes do mundo.
O estudo foi feito com 171.616 mil pessoas, com idade entre 37 a 73 anos com média de 56 anos, entre 2009 e 2018 por especialistas do departamento de Epidemiologia da Southern Medical University na China.
          Para efeitos de análise, foi levando em conta a dieta alimentar, estilo de vida, etnia, gênero e outras questões demográficas das pessoas que fizeram parte da pesquisa. No início dos estudos, os participantes apresentaram problemas de saúde como câncer ou cardíacos.
          Os participantes foram divididos entre o grupo que bebia café sem açúcar, outro grupo com adoçante e outro com açúcar, variando a quantidade diária. O estudo foi analisado no final de 2018. Foram 9 anos de estudos de observação.
          Dos 171.616 participantes do estudo, ao final do estudo, constatou-se o óbito de 3.177 dos participantes. Nesse número, o índice de óbitos de quem tomava café, puro, com açúcar ou adoçante, foi muito menor que os que não faziam uso diário de café, com conclusão de que quem faz uso moderado e regular de café, tem menor chance de morte de quem não faz uso da bebia.
          Além disso, o índice de redução de mortes prematuras de quem bebia café sem açúcar, era bem maior que os que bebia café com açúcar.
          Quem bebia até 2,5 xícaras de café por dia tinha uma redução de 16%, na possibilidade de morte prematura e entre 3,5 a 4,5 xícaras de café por dia, o índice subia para 29%.
          O uso de adoçante na bebida não teve uma conclusão definitiva dos pesquisadores devido não apresentar muita influência nesse quesito.
          Além disso, os benefícios do café para a saúde é tema de estudos científicos. Pesquisas não conclusivas demonstram que o uso moderado da bebida ajuda na prevenção do mal de Parkison, do diabetes tipo II, na prevenção do câncer do fígado e outros males.
          Vale ressaltar que esses dados, bem como os estudos sobre os benefícios do café, são estudos de observação, sem conclusão definitiva. Isso porque o estilo de vida das pessoas não são os mesmos e análises concretas devem ter por base possíveis comorbidades e o estilo de vida que a pessoa leva como alimentação, prática de esportes, seus cuidados para com a saúde mental, etc.
          Por isso é bom ter cautela e fazer uso moderado do café como recomenda os próprios cientistas que é entre 3,5 a 4,5 xícaras por dia. Segundo pesquisa do Instituto Axxus, 45% dos brasileiros consomem em média 3 a 5 xícaras de café por dia.
          O estudo completo está disponível no site da revista American College of Physicians (acpjournals.org)
Foto ilustrativa Sitio Pé de Bréu do Ricardo Borges e Wildma Emediato em Alto Caparaó MG

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Pastel de Angu: origem e receita

(Por Arnaldo Silva) Receita simples, bem mineira e bem fácil de fazer. O Pastel de Angu é um um quitute típico de Minas, com origens em meados do século XIX. Surgiu em Itabirito MG, na Região Central Mineira, reconhecido como Patrimônio Imaterial do Município em 2010.
           A iguaria surgiu em 1851 na senzala da Fazenda Portões, em Itabirito. O fubá e o milho eram a base da alimentação dos escravos, além de algumas sobras de carne. 
          Com o fubá e as sobras de carne, as escravas maria Conga e Filó produziram um pastel misturando o fubá com um pouco de polvilho e recheando com os restos de carnes que lhes eram dados.
O pastel agradou os demais escravos, chegou à Casa Grande e a receita se popularizou em Itabirito e região, chegando a outras cidades mineiras, a partir do século XX, com algumas variações regionais.
          Hoje, o Pastel de Angu ou de fubá é um dos principais quitutes da gastronomia mineira.
          É um pastel frito na gordura de porco, sem o uso de farinha de trigo. É o fubá o ingrediente principal e um pouco de polvilho, para dar liga.
          No pastel de angu tradicional usa-se como recheio pedaços de carne com jiló, carne de sol, jiló com carne moída, umbigo de banana refogado, ora-pro-nobis com carne moída, taioba com carne moída, linguiça picadinha com jiló, palmito, queijo e outros recheios. 
INGREDIENTES
. 1 quilo de fubá, de preferência de moinho d´água, por ser de melhor qualidade
. 2 litros de água
. 1/2 xícara de polvilho azedo
. 2 colheres (sopa) de sal
. 1 colher (café) de bicarbonato
. Banha de porco ou óleo para fritar.
MODO DE PREPARO
- Leve a água ao fogo, acrescente o sal e o bicarbonato.
- Antes de começar a ferver, passe para o fogo baixo, acrescente apenas 1 xícara de fubá e mexa até dissolver bem.
- Quando começar a ferver, acrescente todo o restante do fubá e deixe cozinhando em fogo baixo por 30 minutos e mexendo sempre.
- Após esse tempo e quando estiver na consistência de angu, desligue, transfira o angu para uma vasilha e ainda quente, acrescente o polvilho e comece mexer com uma colher de pau e misture até a massa ficar firme e lisa.
- Após mexer bem, cubra a massa e deixe descansando por 30 minutos.
- Após esse tempo, sove bastante a massa com as mãos, cubra e deixe descansando por mais 30 minutos.
- Após esse tempo, espalhe a massa sobre uma bancada polvilhada com fubá e passe um rolo.
- Corte em pedaços, coloque o recheio que desejar, feche os pasteis, aperte com um garfo as extremidades e leve para fritar em banha bem quente ou óleo.
Nas fotos da Mercearia Paraopeba/@merceariaparaopeba de Itabirito MG, o famoso pastel de angu.

terça-feira, 31 de maio de 2022

Conheça a pequena Miraí: cidade onde nasceu Ataulfo Alves

(Por Arnaldo Silva) “Eu daria tudo que pudesse pra voltar aos tempos de criança... ai meu Deus, eu era tão feliz, no meu pequenino Miraí...” versos da música Meus tempos de Criança, composta por Ataulfo Alves (Miraí, 2/05/1909 – Rio de Janeiro, 20/04/1969), relembrando sua infância em sua terra natal, Miraí, cidade mineira da Zona da Mata, distante 300 km da capital.
          A música é uma pura poesia e nostalgia, onde o famoso compositor, música e sambista mineiro relembra sua infância em sua terra natal e afirma em seus versos: “Ai, meu Deus, eu era tão feliz, no meu pequenino Miraí”. (fotografia acima de Brunno Estevão/@brunno_7)
          A pequena Miraí, dos tempos de Ataulfo Alves, continua pequena. São 13.653 habitantes, segundo Censo 2022 do IBGE. E ainda, continua charmosa, tradicional, bem pacata e seu povo, acolhedor e hospitaleiro. É uma típica cidade do interior mineiro.
          O município faz divisa com Cataguases, Guidoval, Guiricema, Muriaé, Santana de Cataguases e São Sebastião da Vargem Alegre com acesso pela rodovia Rio Bahia.
Origem
          Região de terras férteis e água de qualidade propícia para pastagens e cultivo de café, foram os motivos para o grande número de à região, após o fim do Ciclo do Ouro em Minas Gerais, no início do século XIX. Vieram pessoas de Minas e de vários lugares do Brasil, junto com suas famílias, bens e ainda, com seus escravos. Com isso, foram surgindo vários arraiais na Zona da Mata Mineira, que hoje são cidades, como Miraí.
          A cidade de Miraí surgiu a partir de um arraial, formado em 1853, no século XIX, com o nome de Arraial do Brejo, às margens do Rio Muriaé, ocupando uma pequena parte da Fazenda Três Barras. (fotografia acima de Brunno Estevão/@brunno_7)
          Seguindo as tradições da época, o arraial em formação, foi dedicado a Santo Antônio, crescendo em torno da pequena ermida, construída em honra ao santo. Em 1883, seu nome foi mudando para Santo Antônio do Camapuã.
          Com a chegada da ferrovia à região, em 1895, a Freguesia de Santo Antônio do Camapuã, à época subordinada a Cataguases, passou a ser cortada pelo ramal da Estrada de Ferro Cataguazes (com z mesmo, a grafia da época) chamado de Mirahy (a grafia da época), no tupi significa “terra molhada”. Em 1903 Santo Antônio do Camapuã passa a adotar o nome do ramal e estação, Mirahy.
           O trem de ferro transportava passageiros e a produção agropecuária da região, contribuindo em muito para o desenvolvimento econômico e social da região. Vários distritos foram emancipados e elevados à cidade, entre eles, Miraí, emancipada em 7 de setembro de 1923.
Atrativos de Miraí
          A cidade é bem cuidada, seu casario e arquitetura são bastante atraentes, além de oferecer boa qualidade de vida a seus moradores. Possui um comércio variado, hotéis, pousadas e restaurantes com comidas típicas.
          A Igreja de Santo Antônio e a Casa Paroquial, na Praça Dr. Miguel Pereira (na foto acima e abaixo de Bruno Estevão/@brunno_7) e a Praça Santa Rita, são os destaques urbanos de Miraí.
          Além disso, a cidade conta com o Museu Chácara Dona Catarina, o Museu da Eletricidade, o Memorial Nanzita, o Memorial da Fundação Cristiano Varella, a Ponte Metálica, dentre outros, como atrativos urbanos.
          Em Miraí encontra-se diversas cachoeiras e belezas naturais de Mata Atlântica, além de uma efervescente atividade cultural e religiosa durante o ano como eventos religiosos como a Festa de Santo Antônio, a Semana Santa, Corpus Christi, o Natal, etc. e festas tradicionais como o Carnaval.
          Miraí realiza um dos melhores carnavais da Zona da Mata Mineira, além de realizar o Encontro Nacional de Motociclistas e o tradicional Festival de Samba e Petiscos, eventos tradicionais da região.

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