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segunda-feira, 2 de maio de 2022

Tradição e nostalgia das antigas vendas e botecos

(Por Arnaldo Silva) A geração atual convive com grandes hipermercados, lojas de conveniências, bares sofisticados e shoppings. A geração anterior, vivia nos tempos dos antigos armazéns de Secos e Molhados, botequins e vendas de esquina. Embora antigos, são tradicionais e alguns resistem ao tempo e modernidade, estando presentes, mesmo que em menor número, em
todas as cidades mineiras, inclusive na capital.
          As mercearias e armazéns tem praticamente o mesmo significado e funcionavam no mesmo lugar. Os armazéns surgiram em Minas Gerais, nos tempos do Brasil Colônia. Era um espaço amplo, onde eram armazenados produtos secos e molhados, para serem vendidos nas mercearias. Eram os armazéns que abasteciam as mercearias e em sua maioria, os armazéns também eram mercearias.(na foto acima do Sérgio Mourão/@encantosdeminas, a tradicional Venda do Zeca na Zona Rural de Jaboticatubas MG, na MG-10, Km 98, na ativa desde 1911)
          Eram os armazéns que abasteciam as mercearias e em sua maioria, os armazéns também eram mercearias.(na foto acima do Fabinho Augusto, uma antiga e tradicional que existiu em Barro Branco, distrito de Ponte Nova MG, até bem pouco tempo)
As mercearias e armazéns          
          No significado geral, mercearia era uma loja para venda das especiarias, bebidas, gêneros alimentícios e miudezas de uso doméstico, que ficavam armazenadas nos armazéns, garantindo assim estoque. As construções eram divididas. A frente era a mercearia e os fundos, o armazém, onde os estoques eram guardados.
          
 Eram lojas formais, presentes nos grandes distritos e cidades, que vendiam seus produtos em suas mercearias, bem como, para outras mercearias. Os armazéns eram comércios atacadistas e varejistas. (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade, um desses tradicionais armazéns, que também eram mercearias. É o Armazém 2 Irmãos, datado de 1854, em Faria Lemos MG, Zona da Mata)
          Compravam e vendiam produtos oriundos das fazendas como feijão, arroz, manteiga, banha, fumo, palha para cigarro, linguiça, carnes, leite, doces, queijos, etc., e principalmente, de necessidades básicas que não eram fabricados nas cidades onde estavam estabelecidos, como sal, querosene, tecidos, linhas, agulhas, lamparinas, panelas, penicos, baldes, ferramentas, roupas, sapatos, chapéus, etc. Esses produtos chegavam às cidades pelos tropeiros ou mesmo, em carros de bois. Eram viagens longas, que levavam meses.
Boteco, Botica e Botequim
          Existiam também nas pequenas vilas e cidades, os botecos ou botequins, sendo estes muitos populares. A origem do boteco vem de botica, que literalmente, era uma caixa de madeira, tradicional em Portugal e introduzida no Brasil, nos tempos do Brasil Colônia. Nessa caixa de madeira eram colocados remédios e levados às cidades e vilas.
          Não existia na época remédios em cápsulas ou comprimidos. Eram medicamentos líquidos e colocados em vidros. No Brasil Colônia, as boticas eram levadas pelos mascates e tropeiros em carroças e carros de bois, cortando as estradas do nosso sertão. (na foto acima de Thelmo Lins, uma tradicional venda em Virginópolis MG)
          Com o crescimento dos povoados e cidades, foram surgindo lugares próprios para a venda desses remédios nas cidades, que passou a se chamar boticas. Sãos as antigas boticas, as precursoras das farmácias, de hoje.
          As boticas foram inspiração para surgir lugares para a venda de bebidas, não para curar as mazelas do povo, mas para vender as bebidas típicas das localidades em garrafas, como cachaça, vinhos, licores. Tempos depois, começaram a servir petiscos, como chouriço, linguiça, mandioca, torresmos, etc.
          Boteco ou Botequim são, literalmente, diminutivos de botica. Botecos em Minas são populares, hoje chamados de bares. Antigamente os botequins serviam de encontros entre boêmios, hoje, os bares são lugares de encontro, entre amigos e amigas.
          Alguns botecos são tão populares, pitorescos e tradicionais que passaram a ser ponto de encontro de amigos, para conversar, beber um pouco, comer algo juntos, como por exemplo o Boteco Zé do Arame, em Conceição de Ibitipoca, distrito de Lima Duarte na Zona da Mata, à esquerda da foto acima da Giseli Jorge. Se prestar atenção, a data de fundação do boteco está assim na placa: Desde 19 e 00 (bolinhas). 
          Outro boteco famoso e charmoso em Conceição de Ibitipoca, é este, na foto acima o do Lucas Vieira, o Pão, Linguiça & Cia. Pela imagem, dá para perceber que é um lugar gostoso demais, bem no meio da charmosa Vila Colonial, porta de entrada para o Parque do Ibitipoca. 
As vendinhas de esquinas         
          Já as vendas, mais populares e mais comuns que os botecos e armazéns, são um pouco dos dois. Surgiam aos montes nas esquinas das vilas e cidades e geralmente, faziam parte da casa dos donos. Os nomes das vendas eram geralmente associados aos nomes ou apelidos dos seus donos. Vendiam tudo o que era vendido nos armazéns, bem como, tudo que era vendidos nos botecos, por isso eram chamadas de vendas.
          Embora cada dono de venda, organizava seu estabelecimento conforme o espaço que tinha, as vendas era bem parecidas. Eram de esquina, com 2, 3 ou 4 portas na frente, sem janelas, com estantes em madeira nas paredes, onde ficavam as bebidas e vários produtos e miudezas. Um balcão de madeira com vidro, onde ficavam as guloseimas.  Caixotes, onde eram colocados os produtos a granel, como feijão e arroz. Balança com pesos comparativos, sobre o balcão. Tinham algumas vendas com balanças mais modernas para a época, como a Filizola. (na foto acima e abaixo de Arnaldo Silva, a Venda da Emília, no Arraial do Conto em Cordisburgo MG, região Central)
          Sobre o balcão das vendas, nunca faltava baleiros, além de um monte de miudezas penduradas no teto e um rádio de pilha, sintonizado na rádio AM da cidade. Em algumas vendas tinha até radiolas e gravadores rodando fitas k-7, para os fregueses. Tinha também uns tamboretes e mesas rústicas, onde os amigos sentavam para prosear e tomar umas pingas e comer uns tira gostos caseiros. (na foto abaixo, de Arnaldo Silva, a Venda da Emília)
          Mesmo com o espaço pequeno das vendas, nelas, cabia de tudo e dificilmente não se encontrava o que se procurava. Desde linha, agulha, carne de sol, discos de vinil, réstia de alho, xarope de groselha, colcha de chenile, fitas k-7, salame, bucha, fumo de rolo, manivela para pipa, vara de pescar, anzol, bacalhau, prego, bolinhas de gude, ratoeira, enxada, açúcar, ki-suco, picolé, pilhas para rádio, lâmpadas, arroz e feijão vendidos em granel, brinquedos, pratos, canecas, carrinho de mão, bules, raticidas, naftalina, gaiolas, doces. (na foto acima do Sérgio Mourão/@encantosdeminas, venda em São Geraldo do Jataí, distrito de Curvelo MG)
          Além disso, tinha balas, sapatos, shampoo, banha de porco, lápis, borracha, linguiça, sal, querosene, lamparina, marmelada, baldes, trempe para fogão a lenha, esmalte, tachos de cobre, maria-chiquinha, sabão, pasta de dente, leite, queijo, farinha, fubá, panelas, penico, bacias, pão de sal.
          Sem contar a utilíssima Folha Mariana, a tabuada, café moído na cara do freguês e em algumas vendas, o café era também coado na cara do freguês, se ele preferisse. Era tudo bem embrulhado. 
          Nas vendas, o que não era encontrado era porque ainda não tinha sido inventado.
A caderneta
          Poucas pessoas pagavam na hora. Tudo anotado numa caderneta, item por item. No início do mês, o freguês ia lá, sem falta, e pagava. A confiança e honestidade eram valiosos e todos faziam questão de honrar seus compromissos, com os donos das vendas. Ninguém se preocupava em vender fiado, sabiam que todos pagavam.
Ponto de encontro de amigos e famílias
          As vendas eram lugares para todos da família. Tinha de tudo para todos até para as crianças. Os baleiros eram o encanto da infância, tinha todas as balas que a criançada adorava. Dentro do balcão tinha tantas guloseimas, que os meninos, ao olharem, ficavam com os olhos brilhando. (na  foto acima do Amauri Lima, a Venda e Mercearia do Israel São João Batista do Glória MG)
          As mulheres encontravam nas vendas utilidades para seu dia a dia, bem como para os cuidados da casa. Já os homens, eram os grandes frequentadores das vendas, isso porque, além de ter tudo o que precisavam para seu dia a dia, tinha também as pingas e os amigos, frequentadores da venda. Além da pinga, em algumas vendas, serviam tira gostos de torresmo com mandioca e os populares pão com salame e pão com linguiça frita. O que não faltava nas vendas era o xarope de groselha. Adoravam misturar 
pinga com groselha. 
Diferença de vendas antigas e mercados atuais
          As fotos acima retratam bem como eram bem organizadas, pitorescas, nostálgicas e aconchegante as vendas antigas. Dá vontade de chegar e ficar. (na foto abaixo do Deocleciano Mundim, o Bar do Baiano, local que serviu por muito tempo como rodoviária da cidade de Lagoa Formosa MG, Alto Paranaíba)
          
Diferente de hoje, com os mercados e grandes mercados, você entra, coloca tudo num carrinho, paga e vai embora. As vendas, eram lugares de amigos. Mesmo para comprar um ou dois itens, chegando nas vendas, demorava para sair. Sempre encontrava-se amigos, parentes e conversas rendia, enquanto o tempo passava. Mas ninguém ligava, não existia a correria do dia-a-dia de hoje.
          Isso porque o bom de estar numa venda, é conversar com o dono e sua família e com os amigos, compadres e comadres, que lá estavam. O ambiente era totalmente familiar e os frequentadores, eram chamados de fregueses.
A origem de freguesia e fregueses
          
No século XVIII, os pequenos povoados que surgiam, antes de serem elevados a distrito ou cidades, eram elevados a Freguesias. Quem morava numa freguesia, era chamado de freguês. Nessas freguesias, existiam, apenas um armazém de Secos e Molhados, que garantia o abastecimento da freguesia. (na foto acima de Lucas Vieira, a tradicional Venda do Zeca na Zona Rural de Jaboticatubas MG, na MG-10, Km 98, na ativa desde 1911)
          Existiam várias vilas e distritos, mas eram bem distantes umas das outras, o que dificultava a ida a outras freguesias. Assim, os fregueses, só compravam nos armazéns de sua freguesia. Com o tempo, a palavra freguês se popularizou, como aquela pessoa que só comprava num determinado lugar, se mantendo sempre fiel, bem como uma tradição de comprar no mesmo lugar, que passava para gerações.
        Nas vendas, nem precisavam de dinheiro, bastava uma simples caderneta onde eram anotadas as compras dos fregueses. Quem era freguês de uma determinada venda, dificilmente comprava em outra. Isso porque, além de serem fregueses, mantinham laços de amizades, afinidades e respeito ao dono da venda, sendo esse o segredo da boa freguesia. Os fregueses não andavam de venda em venda. Iam direto nas vendas de sua freguesia. (na foto acima da Elvira Nascimento, a tradicional Venda do Chico em Ouro Preto, que funciona num casarão colonial, no Largo do Cinema).
          Hoje, com a modernidade dos grandes comércios, a palavra freguês passou a desuso, substituída pela palavra, cliente, que literalmente significa, comprador. É aquela pessoa que compra, independente do mercado, loja ou estabelecimento, sem ser fiel ou comprar exclusivamente, em determinado estabelecimento. E assim são vistos pela empresa, não como amigos, como nas antigas vendas, apenas como compradores.
Ainda existem
          Apesar das facilidades e conforto da modernidade, em pleno século XXI, em muitas cidades mineiras, muitas das tradicionais vendas e antigos armazéns, ainda resistem ao tempo, da mesma forma que antes, sem nada mudar e ainda, vendendo fiado, com tudo anotado nas cadernetas. (na foto acima Luiz Fernando, a tradicional venda Venda Alto Minchillo em Guaranésia MG)
          São lugares que nos faz voltar ao tempo e mesmo a geração atual, se emociona com a beleza rústica e poética das antigas vendas, botecos, mercearias e armazéns, presentes principalmente nas cidades e vilarejos do interior mineiro. 

O Palácio dos Governadores de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Localizado no bairro Mangabeiras, na Zona da Sul de Belo Horizonte, o Palácio dos Governadores, foi construído a mando de Juscelino Kubitschek, no período em que governou o Estado, entre 1950 e 1955, para ser residência oficial dos governadores de Minas Gerais.
          Inaugurado em 1955, o suntuoso palácio foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e conta ainda com seus belíssimos jardins, planejados por Roberto Burle Marx. (foto acima e abaixo do Thelmo Lins)
          A residência oficial dos govenadores mineiros era no 3° do Palácio da Liberdade. Além de ser sede administrativa do governo mineiro, era residência. Para Juscelino, moradia familiar junto ao local de trabalho era inadequado ao exercício das atividades profissionais e familiares, ao mesmo tempo.
          Por isso optou em construir outra moradia, separada do Palácio da Liberdade e o local escolhido foi o Mangabeiras, um bairro nobre da zona sul da capital mineira. Na foto acima do Thelmo Lins, o Palácio da Liberdade. No primeiro e segundo pisos, a sede administrativa e nos fundos, atrás da fachada, existe um terceiro pavimento onde era a residência da família do governador do estado.
          A partir de 1955, os governadores que sucederam a JK, passaram a morar no Palácio dos Governadores seus familiares. Ao longo dos anos, a moradia oficial recebeu algumas reformas e ampliações, principalmente nos fundos, sofrendo alterações no projeto original. (foto acima e abaixo do Thelmo Lins)
          O Palácio dos Governadores abrigou durante décadas, as famílias dos governadores. O custo de manutenção mensal da residência oficial com vigilância, serviços de apoio, despesas de energia elétrica e água, limpeza, etc., era bastante elevado. Quem pagava a conta dessas despesas era o Estado.
          Em 2019, o atual governador mineiro, Romeu Zema, ao assumir o cargo executivo, optou em residir em seu próprio imóvel, desativando as funções de residência do Palácio dos Governadores, por decreto em 5 de junho de 2019. (foto acima e abaixo de Thelmo Lins)
          Com o decreto oficial, a residência familiar dos chefes do executivo mineiro entrou para a lista dos bens dominicais do estado de Minas Gerais. Foi transformado em um parque e em espaço para apresentações, exposições e promoção de atividades artísticas, culturais e gastronômicas, aberto ao público mineiro e turista. Deixou de ser Palácio dos Governadores para se chamar Parque do Palácio.
          No parque, o mineiro e turista tem a oportunidade de usufruir de uma belíssima área verde, emoldurada pela Serra do Curral. Além das atividades culturais que acontecem no local, o espaço é aberto a visitação pública, proporcionando aos visitantes um lazer em meio a um ambiente sofisticado, saudável, com muito verde, além de restaurante com comida mineira. Local ideal saudável para recreação famílias e repor as energias. (foto acima e abaixo do Thelmo Lins)
          Conhecer o Parque do Palácio é uma ótima oportunidade para o povo conhecer uma obra do arquiteto Oscar Niemeyer, anteriormente desconhecida e restrita apenas às famílias dos governadores e seus convidados. Com o espaço sendo público, o antigo Palácio dos Governadores, recebe o povo de Minas e turistas.
O Mirante, a rua, a serra, a praça e o parque ecológico
          Próximo ao Parque do Palácio, na Praça Ephigenio Salesestá está um dos mais belos pontos turísticos de Belo Horizonte, popularmente chamado de Mirante do Mangabeiras. (na foto acima do Thelmo Lins, BH vista do mirante)
          O espaço foi revitalizado na década de 1990, passando a ser administrado a partir de 2012, pela Fundação de Parques Municipais. Hoje é uma das mais belas praças da capital mineira e um dos lugares mais visitados por mineiros e turistas. (na foto acima de Arnaldo Silva, o horizonte da capital visto do Parque Ecológico do Mangabeiras)
          O Mirante do Mangabeiras está num dos pontos mais altos do bairro, permitindo uma vista completa e panorâmica vista de Belo Horizonte e arredores.
          Completando a área no entorno do Parque do Palácio e Mirante do Mangabeiras, na mesma região está a Praça do Papa (na foto acima do Nacip Gômez, o Parque Ecológico Mangabeiras, uma imensa área verde, aos pés da Serra do Curral e a famosa e enigmática Rua do Amendoim (na foto abaixo de Arnaldo Silva).
          Parque do Palácio, Mirante, Praça do Papa, Rua do Amendoim e Parque do Mangabeiras formam um roteiro cultural, arquitetônico, gastronômico, artístico e contemplativo de alta relevância para o turismo na capital mineira.

sábado, 30 de abril de 2022

A cidade de Couto de Magalhães de Minas

(Por Arnaldo Silva) Couto de Magalhães de Minas cidade histórica mineira, com origens nos primeiros anos do século XVIII, durante o início da exploração de diamantes, na região de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha.
           Com cerca de 4.245 habitantes, segundo Censo do IBGE em 2022, Couto de Magalhães de Minas está a 320 km da Capital e a 733 metros de altitude, o município faz parte do Circuito Turístico dos Diamantes. Faz divisa com os municípios de Diamantina, São Gonçalo do Rio Preto, Felício dos Santos, Serra Azul de Minas e Serro. (na foto acima de Wilson Fortunato a Praça Matosinhos)
          Cidade histórica e turística, faz parte do Circuito dos Diamantes. É tranquila, charmosa, atraente e pacata. Seu povo acolhedor e hospitaleiro, preserva suas raízes culturais, religiosas e históricas.
          Couto de Magalhães de Minas conta com boa estrutura urbana e arquitetura preservada, paisagens naturais, belas cachoeiras e uma boa estrutura para receber turistas com pousadas e pequenos hotéis, restaurantes com comidas típicas, bares, lanchonetes, padarias e um variado comércio. (na foto acima de Anderson Sá, duas charmosas pracinhas da cidade)
          O forte de sua economia é a agricultura familiar, pecuária e plantação de frutas, graças as suas terras férteis e água de qualidade.
De Rio Manso a Couto de Magalhães de Minas
          O povoado foi formado às margens de um rio tranquilo, sereno e de águas cristalinas, chamado de Rio Manso. Por estar às margens do Rio Manso, o povoado passou a se chamar Rio Manso desde o início do século XVIII até 1° de março de 1963, quando o então distrito diamantino foi elevado à cidade emancipada, adotando o nome de Couto de Magalhães de Minas.
          A mudança de nome foi em homenagem a Couto de Magalhães (1837 – 1888), político, militar, etnólogo, geógrafo, escritor e folclorista brasileiro. Couto de Magalhães nasceu na Fazenda Gavião, em Diamantina MG.
A Capela do Bom Jesus de Matosinhos
          Em Couto de Magalhães de Minas, boa parte da história e arquitetura do período colonial está preservada, tendo como uma de suas relíquias coloniais, a charmosa Capela de Nosso Senhor Bom Jesus de Matozinhos.
          As obras da construção da singela capela começaram no final do século XVIII e concluídas no início do século XIX. (na fotografia acima Pedro Henrique Couto/@pedrocouto_sz, a Capela do Bom Jesus de Matosinhos)
          Sua fachada é bem simples, com uma única torre, diferente de seu interior, com seus belíssimos retábulos com pinturas e esculturas no estilo Joanino e Rococó.
          Chama atenção na capela os entalhes dourados no altar-mor, destacando ase imagens de Santa Rita, São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, ao centro.
          Além disso, destaque para as pinturas no forro da Capela, formado por 122 tábuas de cedro. Essas pinturas são consideradas pelo Instituto Estatual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG) como um dos mais importantes exemplos da reinterpretação popular dos tradicionais padrões eruditos do estilo rococó. Por sua importância cultural, religiosa, histórica e riqueza arquitetônica para Minas Gerais, foi tombada pelo IEPHA em 1977.
          A Capela do Nosso Senhor Bom Jesus de Matosinhos em si, é um dos mais importantes patrimônios do barroco mineiro.
         No entorno da Capela, um charmoso e atraente casario colonial, bem preservado, completa o cenário colonial da Praça Matosinhos.
A Matriz de Nossa Senhora do Rosário
          A atual igreja, erguida em 1876, substituiu a antiga capela, construída em 1779. De arquitetura e ornamentos interiores bem simples e apenas uma torre e poucas esculturas, a igreja é cercada por um muro baixo, de alvenaria. E um bem tombado pelo IEPHA/MG, desde 1977 e a Matriz da cidade.
          Destaca em seu interior, a pintura atribuída ao guarda-mor José Soares de Araújo, da Virgem da Conceição no forro da capela-mor, apresentando a santa rodeada por querubins, nuvens e guinadas de flores. (fotografia acima de Anderson Sá)
Festa de Nossa Senhora do Rosário
          Desde o final do século XVIII que a cidade preserva e vivencia uma das mais importantes festas religiosas de Minas Gerais, a Festa de Nossa Senhora do Rosário. A festa acontece na segunda semana de setembro, com envolvimento de toda comunidade católica da cidade e apresentação grupos de Congada e Marujada.

Atrativos naturais
          Couto de Magalhães de Minas conta com belíssimas paisagens naturais e cachoeiras, como a Cachoeira da Fábrica e suas várias cascatas que formam piscinas naturais (na foto acima de Pedro Henrique Couto/@pedrocouto_sz, a Cachoeira do Vaqueiro com vários lapeiros, grutas com pinturas rupestres e serras em seu entorno, além da Água Santa, um lugar paradisíaco, com águas limpas e cristalinas.
          Conhecer Couto de Magalhães de Minas é fazer uma volta à nossa história e por suas belezas naturais é um convite ao descanso e sossego.

sexta-feira, 29 de abril de 2022

A região queijeira Serras da Ibitipoca

(Por Arnaldo Silva) Após um profundo estudo feito pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), Serras da Ibitipoca foi identificada e reconhecida como região queijeira, produtora de Queijo Minas Artesanal (QMA) em 2020, pela Secretaria de Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Seapa) e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), através da Portaria 2016/2020.
          Uma região privilegiada e encantadoras, com belezas naturais espetaculares, a região queijeira Serras da Ibitipoca é formada pelos municípios de Andrelândia, Arantina, Bias Fortes, Bom Jardim de Minas, Lima Duarte, Olaria, Passa-Vinte, Pedro Teixeira, Rio Preto, Santa Bárbara do Monte Verde, Santa Rita do Ibitipoca, Santa Rita do Jacutinga, Santana do Garambéu, Seritinga e Serranos. (na imagem acima de John Brandão, a Janela do Céu, em Santa Rita do Ibitipoca, um dos cartões postais do Parque Estadual da Ibitipoca)
          São 15 municípios ao todo, distribuídos nas regiões da Zona da Mata, Campo das Vertentes, Sul e Sudoeste de Minas. Vale ressaltar que esses municípios fazem parte de uma região queijeira e não são as mesmas cidades que formam circuito turístico de uma das mais belas regiões naturais de Minas Gerais e do Brasil. (na foto acima, queijo de Pirapitinga, distrito de Santa Bárbara do Monte Verde MG/Divulgação)

          Embora com o mesmo nome, são regiões diferentes, uma é queijeira e abrange cidades que produzem queijos com as mesmas características. Outra é turística e abrange cidades turísticas localizadas na região do Parque Estadual. São regiões diferentes, uma caracterizada como queijeira, outra como turística.
O nome da região queijeira
          Embora de regiões diferentes, mas próximos uns dos outros, os queijos desses 15 municípios têm características semelhantes, com origens nas serras da Ibitipoca, por isso fazem parte da região queijeira Serras da Ibitipoca.
          O nome Ibitipoca é sempre acompanhado da preposição “de” e “da”. Parece que escrever ou pronunciar “da Ibitipoca” é um erro gramatical, mas não é. Ibitipoca é uma palavra no tupi-guarani que significa. “Serra que estoura” ou “Serra estourada”. Esse nome é devido a enorme incidência de raios que atingem o solo e grutas da região, provocando estouros na serra. (na foto acima de John Brandão/@fotografoaventureiro, o amanhecer nas Serras da Ibitipoca)
          Se for pronunciar a tradução ao pé da letra, o correto seria “da serra que estoura” ou “da serra estourada”. Popularmente se fala e escreve “do Ibitipoca” e “de Ibitipoca”, mas o jeito popular de escrever e pronunciar não irá mudar.
          O nome oficial da região queijeira, que engloba as serras da Ibitipoca é “Serras da Ibitipoca”. Esse é o nome da região queijeira. A escrita e pronúncia é “Serras da Ibitipoca.
Características do sabor das serras
          Esclarecido esse detalhe, vamos conhecer um pouco mais das características desse tipo de queijo mineiro.
          O reconhecimento oficial de uma região como queijeira significa que o processo de produção do Queijo Minas Artesanal utiliza leite cru, coalho, pingo (fermento natural), sal, prensagem manual, sem uso de maquinário e maturação natural. O queijo deve apresentar ainda consistência firme, massa uniforme, cor e sabor próprios, não conter corantes e nem conservantes. (na foto acima e abaixo, salas de fabricação e maturação de queijos da Queijaria Sítio Primavera em Lima Duarte MG/Divulgação)
          A textura, sabor, cor e característica de um queijo é definida pela região de origem, de acordo com suas condições climáticas e flora bacteriana.
          Os queijos que saem das queijarias das Serras da Ibitipoca, tem o sabor influenciado pela altitude, pastagem e água de qualidade, além do clima serrano da região. É o mais puro sabor das serras mineiras.
          Queijo levemente ácido, com coloração amarelo-claro, massa na coloração amarelo-creme, com pouca ou nenhuma olhadura, densa e levemente cremosa. Na maturação, essas características são mais acentuadas. (na foto acima e abaixo, queijos Sítio Primavera de Lima Duarte MG, premiados em concurso internacional de queijos) 
          Seu modo de preparo é único e diferenciado, por isso a região que forma das serras da Ibitipoca, foi reconhecida como região queijeira.
Tradição secular
          O modo de preparo do queijo artesanal em Minas tem origens no século XVIII e o reconhecimento de regiões queijeiras é a valorização a tradição mineira na arte de fazer queijos, passadas de geração para geração preservadas nas fazendas e sítios da região.
          Além das belezas naturais, paisagens paradisíacas, belas e históricas cidades e vilarejos, o visitante pode conhecer ainda as queijarias da região.
          Além do roteiro turístico, os visitantes podem fazer um roteiro pelas queijarias da região.
          Algumas queijarias abrem as porteiras de suas fazendas e sítios, como o Sítio Primavera, que produz o queijo de mesmo nome, para os visitantes. (na foto acima e abaixo o curral e a queijaria do Sítio Primavera/Divulgação)
          Um lugar aprazível, bem cuidado e com ótimo receptivo aos turistas e visitantes, além da oportunidade de conhecerem todo o processo de produção do queijo Serras da Ibitipoca, e claro, experimentar o sabor das serras, presente num queijo único.

quinta-feira, 28 de abril de 2022

A região queijeira Serra do Salitre

(Por Arnaldo Silva) Serra do Salitre é um município do Alto Paranaíba, com cerca de 12 mil habitantes, atualmente. Faz divisa com Patos de Minas, Cruzeiro da Fortaleza, Patrocínio, Ibiá, Rio Paranaíba, Carmo do Paranaíba e Perdizes. Está a 368 km distante da capital, Belo Horizonte, na Região do Alto Paranaíba.
          Em Serra do Salitre se produz queijo desde o início do século XIX, tradição há mais de 200 anos. Queijo especial, feito até os dias de hoje, como há mais de 2 séculos. É totalmente artesanal.
Cidade região queijeira
          No dia 29 de agosto de 2014, Serra do Salitre foi reconhecida pelo Governo de Minas e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), como região queijeira produtora de Queijo Minas Artesanal. Antes, Serra do Salitre fazia parte da região queijeira Cerrado, deixando de fazer parte dessa região queijeira, para ser uma região própria.
          A pequena cidade é uma das mais tradicionais regiões queijeiras mineiras e o único município que sozinho, forma uma região queijeira. Ao contrário da região queijeira do Serro, formada por 10 municípios e Araxá, por 11 municípios, por exemplos. (na fotografia acima de Emílio Mendes/@pe.emiliomendes, a Paróquia de São Sebastião em Serra do Salitre)
          Nessas duas cidades, as características de seus queijos são similares às cidades que compõem a região, por isso os queijos carregam o nome da cidade que deu origem ao tipo de queijo, receita e modo de preparo artesanal.
          No caso, Araxá é um tipo de queijo, Serro, também, como o queijo de Serra do Salitre, é um tipo de queijo, que carrega no rótulo o nome da cidade, que caracteriza sua origem. 
           Na região e cidades vizinhas, não há nenhuma que produza queijos com as mesmas características de Serra do Salitre. Aliás, em lugar alguém do mundo. 
Clima, salitre e a flora bacteriana
          Uma região queijeira formada por um único um único município por produzir um queijo único, com características totalmente diferentes dos queijos brasileiros atuais. (na foto acima o queijo Imperial da Fazenda Pavão/Divulgação)
          Isso devido as condições climáticas, altitude e solo favoráveis, além da alta concentração de nitrato de potássio, conhecido como Salitre no solo. É justamente esse mineral que brota nas serras da região que deu nome à cidade. Esse mineral é usado como matéria-prima pela indústria de fertilizantes e pólvora.
          Essas condições climáticas peculiares, faz com que a flora bacteriana lácteas presentes em Serra do Salitre, seja única e bastante diversificada. Em nenhum outro lugar do planeta, encontra-se uma flora bacteriana igual à encontrada em Serra do Salitre.
          Cada bactéria láctea presente no leite se forma e age de acordo com a pastagem, capim, água, altitude e condições de proliferação. O solo mineiro facilita o surgimento e proliferação de uma imensa flora bacteriana, fungos e ácaros benéficos aos queijos. Por esse motivo os queijos artesanais de Minas Gerais estão entre os melhores queijos do mundo.
          São as bactérias lácteas que dão cor, sabor, textura, sabor e característica de um queijo, além dos fungos e ácaros naturais. Esses microrganismos vivos tornam os queijos de Serra do Salitre únicos no mundo, e seus queijos, exclusivos. Por esse motivo, o município de Serra do Salitre, por si só, é uma região queijeira caracterizada.
Características
          O queijo produzido nas queijarias de Serra do Salitre é cremoso e de sabor suave, quando fresco. Com a maturação, tanto o sabor, quanto sua cremosidade, se intensificam ao longo do processo. Isso ocorre com os queijos meia-cura e curado. Quanto mais tempo de maturação, mais intenso é o sabor desse queijo, além de surgirem as famosas olhaduras, como na foto acima, de queijo da Fazenda Pavão.
Fazenda Pavão
          Outro tipo de queijo produzido em Serra do Salitre é o Imperial, destaque da centenária Fazenda Pavão, do produtor João Melo. O produtor herdou a tradição de fazer queijos de seus antepassados, presente na família há quatro gerações.
          Mesmo oriundo de uma família queijeira, João Melo buscou aperfeiçoar seus conhecimentos e também os transmitir, viajando pelo Brasil e por países de tradição queijeira, como Itália. (foto acima, queijos da Fazenda Pavão/Divulgação)
          Os queijos da Fazenda Pavão têm sua casca envolvida em resina comestível, na cor amarela, preta e vermelha. Na fazenda é produzido, além dos queijos com resina e o Imperial, queijos com temperos e ervas.
          Conheça Serra do Salitre, suas tradições, sua cultura, sua arquitetura e claro, seus queijos únicos e sua gastronomia típica riquíssima.

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Farofa de requeijão escuro de Salinas

(Por Arnaldo Silva) Entre vales e montanhas, a charmosa e pacata Salinas, no Norte de Minas, é uma cidade com cerca de 42 mil habitantes, distante 640 km de Belo Horizonte. É famosa no mundo inteiro pela qualidade de sua cachaça, considerada a melhor do mundo.
          Cachaça é a maior identidade de Salinas, mas não é única  A cidade se destaca na produção de Requeijão Escuro, conhecido ainda por Requeijão do Norte e Requeijão Moreno. (foto acima de Edson Borges da farofa de requeijão, acompanhada de queijo fresco)
          A iguaria faz parte do dia a do povo de Salinas, presença fiel nas mesas dos salinenses.
          A arte de fazer requeijão escuro é uma das mais antigas tradições de Salinas, tão antiga quanto a arte de fazer cachaças. É uma tradição passada de pai para filho, por gerações.
          A cachaça e o requeijão escuro, representa a tradição e o sabor de Salinas. Faz parte da cultura e tradição da cidade e está presente na vida e história das famílias salinenses.(na foto acima de Deocleciano Mundim, ponto de parada na BR-251 em Salinas, onde se encontra produtos da cidade, como a cachaça e o requeijão).
          Numa barra de requeijão escuro tem mais que o leite e seu modo de fazer. Tem a vocação, o amor pelo que faz, a tradição, a cultura e a história de vida de centenas de famílias que fazem a iguaria.
          É mais que uma receita. Fazer requeijão em Salinas é preservar a história, a cultura e a tradição familiar. É manter viva a identidade e cultura da cidade.
A farofa de requeijão escuro
          Além de ser consumido da forma tradicional, acompanhando o café e em várias receitas com requeijão como por exemplo, uma deliciosa farofa com apenas três ingredientes: o requeijão, a farinha de mandioca e a brasileiríssima, rapadura. (na imagem acima de Gil Santos o requeijão e abaixo, a rapadura, no Mercado Municipal de Salinas MG)
          A farofa é bem simples de fazer, com a vantagem de ser muito nutritiva, saborosa e de saciar a fome.
Para fazer a farofa, precisa-se de:
. 300 gramas de requeijão escuro
. 10 colheres (sopa) de farinha de mandioca fina
. 100 gramas de rapadura
O modo de preparo é bem simples:
- Você vai raspar a rapadura e cortar o requeijão em pedaços bem fininhos e pequenos.
- Feito isso, misture o requeijão e a rapadura na farinha, mexa bem e sirva.
- Se quiser aquecer um pouco no fogo, ficará melhor ainda.
Bem simples não? É só fazer e saborear o legítimo sabor de Salinas, o requeijão escuro acompanhada de café e por queijo fresco, se preferir.

A região queijeira Canastra

(Por Arnaldo Silva) Canastra é uma das mais tradicionais regiões queijeiras de Minas Gerais. Há mais de 200 anos, produz um dos melhores queijos do mundo, imbatível em premiações na preferência do consumidor e em concursos nacionais e internacionais.
          Em qualquer concurso, seja em nível nacional ou internacional, onde queijo Canastra, na disputa, com certeza será premiado. (na foto acima, Queijo Dinho de Piumhi MG/Divulgação)
Região Queijeira
          A região queijeira denominada Canastra é formada por Medeiros, Vargem Bonita, Tapirai, Delfinópolis, Bambuí, Piumhi e São Roque de Minas, a mais famosa cidade da região e porta de entrada para o Parque Nacional da Serra da Canastra (na foto acima de Arnaldo Silva, São Roque de Minas, vista da portaria do parque).
          Esses municípios são reconhecidos como produtores do legítimo queijo Canastra. Vale lembrar que Canastra é o nome de uma serra, em formato de um grande baú, chamado de canastra. O nome foi dado pelo pelos bandeirantes portugueses no final do século XVII, como ponto de referência. Serra da Canastra é também nome do Parque Nacional da Serra da Canastra e da região geográfica Serra da Canastra, além da caracterização da região como queijeira, com o nome Canastra. (na foto acima de John Brandão/@fotografoaventureiro, o maciço rochoso que deu nome à Serra da Canastra)
Canastra é só da Serra
          As queijarias da Canastra possuem Indicação de Procedência Canastra, com selo autenticado da Associação Produtores de Queijos Canastra (Aprocan). Queijo Canastra somente os produzidos nessas 7 cidades, em nenhuma outra. (na foto acima de Arnado Silva, queijo Canastra da Fazenda Lagoa Negra em São Roque de Minas, percebe-se o selo de procedência no queijo)
          Os queijos Canastra feitos nas queijarias reconhecidas pela Aprocan, tem Selo Arte e IG (Identificação de Origem). Além de INPI, as queijarias são reconhecidas pelos órgãos sanitários, como o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), podendo com isso serem comercializados em todo o território nacional.
Definições e características
          Os queijos Canastra, de origem, são identificados pela cidade de origem, selo e com embalagem personalizada, de acordo com cada queijaria autenticada.
          O queijo Canastra tem como características principais a cor amarelo-ouro, mofo branco em sua crosta, sabor forte e diferenciado em relação à outras regiões e um pouco picante. Sua massa é densa, uniforme, com apresentação de algumas olhaduras (furinhos). (foto acima da queijaria Ponte Velhano de Medeiros MG/Divulgação)
Armazenamento dos queijos
          Para melhor aproveitar o sabor único do queijo Canastra, o ideal é adquirir um queijo meia cura ou já curado, acima de 22 dias de maturação. Não se deve colocar queijo Canastra na geladeira, aliás, queijo algum deve ir para a geladeira, à exceção dos queijos frescos, com menos de 7 dias. (na foto acima de Arnaldo Silva, queijos diversos da Região Queijeira da Canastra)
          Um queijo fino e especial, tem que passar pelo processo natural de amadurecimento. Na geladeira, todo o processo da maturação, que dá a cor, textura e principalmente o sabor, se perde, reduzindo assim a qualidade do queijo.
          O correto é armazená-lo em queijeira, protegida por tela. Em geladeira não, devido a umidade prejudicar a qualidade e sabor dos queijos. Queijos acima de 7 dias, não deve ser armazenado em geladeira.
A receita do queijo Canastra
          A receita e o modo de preparo do Queijo Canastra, feita até hoje como há mais de 200 anos, é reconhecida como Patrimônio Imaterial de Minas Gerais pelo IEPHA/MG e Patrimônio Imaterial do Brasil, pelo IPHAN.
          O queijo Canastra faz parte da história, cultura e tradição. Fazer queijo na Canastra é mais que um ofício, é estilo de vida, é herança passada de pai para filho. Em cada fazenda, em cada queijaria, uma história de vida e superação, tendo o queijo como protagonista.
          A receita tradicional é esta da imagem com acréscimo de um ingrediente único. A serra. Altitude, pastagens, qualidade da água, clima e claro, a flora bacteriana, em sua maioria, encontradas somente na região da Canastra.
          São as bactérias lácteas, que dão cor, sabor, textura e características ao queijo.
          Para fazer um queijo Canastra em outra cidade, estado ou país, igual ao original, não basta a receita tradicional. Para ser igual, tem que levar a flora bactéria e os fungos que se desenvolvem na Canastra também. E isso é impossível, claro. Por isso o queijo Canastra é diferenciado e se destaca, graças à sua flora bacteriana. É essa flora a responsável pela qualidade do queijo e não simplesmente uma receita. (na foto acima: Queijaria Dinho de Pìumhi MG/Divulgação)
          Portanto, queijo Canastra original, somente nas cidades caracterizadas como produtoras do queijo Canastra, com as características da Canastra e com selo grafado no queijo.
Porteiras abertas
          A maioria das queijarias da região da Canastra, abrem suas porteiras para visitantes. É uma forma de apresentar ao visitante todo o processo da produção do queijo, desde o manejo do gado, ordenha, preparo do queijo e maturação. (na foto acima de Nacip Gômez a Queijaria da Cristina em Vargem Bonita e abaixo, acesso para a Fazenda Água Limpa, onde está a Queijo Dinho, queijaria em Piumhi MG)
          Além disso, nos mercados e vendas das cidades e povoados rurais da região, encontra-se queijos Canastra. Mas o melhor mesmo, é vivenciar o dia a dia da produção de queijos, visitando as queijarias e degustar um dos melhores queijos do mundo, direto nas queijarias.

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