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terça-feira, 19 de abril de 2022

Boulieu: o museu de arte sacra de Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva) Inaugurado em abril de 2022, o Museu Boulieu é o mais novo museu de Ouro Preto MG, Região Central de Minas, primeira cidade do Brasil e receber o título de Patrimônio Mundial da Humanidade. Ouro Preto é a inda o epicentro da arte barroca e um dos principais destinos turísticos do Brasil.
          O museu conta com cerca de 1200 peças do barroco latino-americano doadas pelo casal Boulieu. As peças pertenciam ao acerco pessoal de 2,5 mil peças do casal franco-brasileiro, Maria Helena e Jacques Boulieu, sendo maior parte de arte sacra. Ela, paulista, radicada em Belo Horizonte e Boulieu é francês. (fotografia acima de Ane Souz)
O casal Boulieu
          As 1.200 peças foram doadas pelo casal em 2011 à Arquidiocese de Mariana, atual donatária-proprietária do acervo cedido pela Arquidiocese para compor o acervo permanente do Museu Bouleiu em Ouro Preto MG. Às peças doadas em 2011, se somaram a mais peças, doadas pelo casal Boulieu, em 2021, para o museu. (fotografia acima de Ane Souz)
          O casal Boulieu começou a formar seu acervo partir de 1950, nas viagens que fizeram por Minas Gerais, Maranhão e Bahia, além de países de colonização portuguesa e espanhola como Índia, Sri Lanka, Filipinas, Peru e Guatemala. (fotografia acima e abaixo de Thelmo Lins)
          Vivendo entre a França e o Brasil, o ato de doar parte das obras formadas ao longo de 70 anos, se deve ao desejo do casal em deixar um legado ao patrimônio ouro-pretano e também pelo amor que o casal tem por Ouro Preto MG. Por isso o nome do museu ser em homenagem ao casal Boulieu.
          É um dos poucos museus do Brasil com uma arte tão diversificada em exposição, além reunir um pouco da influência ocidental nas culturas e religiosidade latina e oriental, durante a colonização das Américas e Oriente. (fotografia acima de Ane Souz)
O museu
          As peças estão distribuídas num espaço de 400 m² no pavimento superior, que conta com 6 salas. Logo na entrada do piso superior, imagens fazem o visitante viajar pelo caminho novo para as Índias, percorrido pelos navegantes europeus, mostrando o encontro de culturas e religiosidade do mundo ocidental, com as tradições milenares do mundo oriental. (fotografia acima de Thelmo Lins)
          O visitante pode ainda entender a adaptação do catolicismo às religiosas tradicionais das colônias, entre os séculos XVII e início do século XX. (fotografia acima e abaixo de Ane Souz)
          Além disso, logo na entrada, uma voz entoando poemas de Fernando Pessoa e Camões dá boas-vindas aos visitantes. A voz é da cantora Maria Bethânia.
          O espaço conta ainda com térreo, saguão onde o visitante pode conhecer um pouco da história do casal Boulieu, bilheteria, café, loja multiuso, sala do Educativo, áreas administrativas e reserva técnica. (fotografia acima de Thelmo Lins)
Onde fica?
          O Museu Boulieu é um museu privado e está localizado à Rua Padre Rolim, 412, no casarão onde funcionava o antigo Asilo São Vicente de Paulo. (fotografia acima de Ane Souz)
          O local onde está o museu compõe um conjunto de construções formado entre o final do século XVIII e meados do século XX, vinculado à antiga Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto MG.

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Diferenças entre queijo artesanal e industrial

(Por Arnaldo Silva) A primeira diferença é óbvia. O artesanal é feito sem o uso de tecnologia e o queijo industrial, utiliza maquinários e tecnologias de ponta na produção de queijos.
          Uma queijaria, para ser considerada artesanal, usa até 2 mil litros de leite/dia. Acima disso, deixa de ser artesanal, passando a ser indústria. Mas não são apenas essas as diferenças de um queijo artesanal para um queijo industrial. (na foto acima de o Queijo Canastra, com foto enviada pela Aline Marques do Cantinho de Minas (Bar, Restaurante e Chalés) em São João Batista do Glória MG)
O queijo artesanal
          O preparo do queijo artesanal requer conhecimento e mais que isso, tradição. Na maioria dos casos, uma tradição que vem desde o século XVIII, como por exemplo, os queijos do Serro, Diamantina e da Canastra, que são seculares. (na foto acima queijo feito na Fazenda Pavão, do produtor João Melo, de Serra do Salitre MG)
          O queijo artesanal vem da vocação familiar, do gosto e amor por fazer queijos. É uma técnica tradicional, que mesmo com a modernização, se mantém preservada e original. Queijo artesanal é leite, coalho, pingo e maturação longa, que pode variar de 22 dias a 365 dias, dependendo do tipo de queijo.
          Além disso, requer tempo e paciência. Um queijo fino utiliza a variedade da flora bacteriana presentes no leite. É essa flora que dá cor, sabor, textura e característica de um queijo. Como em cada região, existem diferentes tipos de bactérias lácteas devido a diferenças climáticas, altitudes e umidades, vai existir com isso, diferentes tipos de queijos por região.
O queijo industrial
          Já o queijo industrial é diferente. Feito por laticínios industriais, recebem diariamente, grandes quantidades de leites, vindos de várias regiões diferentes, com floras bacterianas diferentes. Além do leite passar pelo processo de pasteurização, as tecnologias avançadas presentes nos laticínios, deixam o leite mais puro e ao mesmo tempo, eliminam os microrganismos naturais que dão cor, textura, sabor, consistência e características naturais de um queijo
          Além disso, a produção é em série, em grandes quantidades, para atender um grande mercado consumidor. Acabou de sair da produção, já é embalado e enviado para as gôndolas dos supermercados.
          É o caso por exemplo do queijo tipo parmesão. Na indústria, seu preparo é em série com tecnologia para adiantar seu processo de produção, visando atender de imediato o mercado consumidor. Um queijo tipo parmesão artesanal leva em média 13 meses de maturação, até chegar ao consumidor. Uma indústria não esperaria esse tempo todo.
          O mesmo se dá na produção dos queijos industriais de consumo indireto, como a mozzarella, o mais usado em pizzas, o queijo prato, mais usado em sanduíches e misto quente, além do parmesão, comum em massas e pratos diversos.
Queijo de consumo indireto
          Cerca de 70% dos queijos consumidos no Brasil são para consumo indireto. É o queijo que o consumidor compra para ser usado na produção de biscoitos, bolos, sanduíches, massas em geral e uma variedade de pratos dos mais simples, aos mais finos. O mercado consumidor desses tipos de queijos são restaurantes, shoppings, lanchonetes, padarias, confeitarias e uma pequena parte, para uso caseiro.
          Quem utiliza esses tipos de queijos não se preocupa muito com o sabor. Buscam é a funcionalidade. São queijos que derretem fácil, não soltam muito óleo, são fáceis de fatiar, além de não escurecerem demais em pratos, como na pizza, tem o sabor mais leve. Essa funcionalidade é o maior motivo da preferência por esse tipo de queijo.
Queijo de consumo direto
          Os queijos de consumo direto, é aquele que sai da queijaria e vai direto para a mesa do consumidor. É o queijo que se compra direto para comer. Acompanham o café, doces e vinhos, além de estar no preparo de tira gostos. (na foto acima de queijos de mofo branco, do produtor Túlio Madureira, do Serro MG e abaixo, queijo da Fazenda Bela Vista em Alagoa MG, maturado em azeite de oliva)
          Nesse caso, a preferência é para os queijos artesanais de longa maturação, acima de 22 dias. São queijos mais trabalhados, com longo processo de maturação e de sabores intensos e picantes. São queijos finos, feitos para paladares sofisticados, que apreciam queijos de sabor mais forte e intenso, principalmente na combinação com vinhos.

Motivo da maior preferência pelo queijo industrial
          Os queijos artesanais de longa maturação, tem menos consumo que o industrial, devido ao brasileiro em geral, não apreciar queijos de sabores fortes, intensos e picantes.
          Além disso, por ser um queijo de longo preparo e maturação, o custo final é bem maior que os queijos industriais, já que produzidos em larga escala, usando tecnologias avançadas na produção industrial. Os queijos industriais são mais baratos que os queijos artesanais finos.
          O brasileiro e mercado em geral, prefere os queijos frescos com menos de 7 dias, por serem mais leves e com menos gordura. Além do queijo Minas Frescal e Padrão, os queijos tipo requeijão, parmesão, mozzarella e prato, são os mais consumidos no país, por terem o sabor mais leve e menos picante, além da funcionalidade de uso na culinária.
Regiões queijeiras mineiras
          Em Minas Gerais, os queijos artesanais finos, são produzidos em todas as cidades do Estado. Oficialmente, o estado conta com 10 regiões queijeiras que produzem Queijo Minas Artesanal (QMA), reconhecidas pelo Governo de Minas e órgãos sanitários, como o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). As 10 regiões são: Canastra, Serro, Triângulo Mineiro, Serra do Salitre, Araxá, Campo das Vertentes, Serras da Ibitipoca, Mantiqueira de Minas, Cerrado e Diamantina. Existem outras regiões mineiras que pleiteiam junto ao governo e órgãos sanitários, o reconhecimento como regiões queijeiras.
          As queijarias dessas regiões, são aptas a requisitarem o Selo Arte (SA) e o selo Indicação Geográfica (IG). São selos concedidos pelos Governos Estaduais e Federal, para queijarias legalizadas e que seguem as normais sanitárias estaduais e nacionais, podendo com isso, comercializarem seus produtos em todo o território nacional.

A arte na arquitetura colonial de Diamantina

(Por Arnaldo Silva) A 292 km de Belo Horizonte, no Alto Jequitinhonha, Diamantina é Patrimônio Histórico do Brasil, reconhecido pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1938 e Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1995, Diamantina é uma das mais belas e bem preservadas cidades históricas mineiras. Fundada em 1713, preserva sua história, gastronomia, cultura, tradições e arquitetura colonial, desde sua fundação.
          Diamantina abriga um dos mais belos e bem conservados acervos arquitetônicos do período Colonial Barroco e do período Imperial brasileiro. Os arquitetos da época seguiram à risca os traços e originalidades das cidades portuguesas, adaptando sua cultura à paisagem natural da região. (na fotografia acima de Nacip Gômez da Paróquia do Divino Pai Eterno em Diamantina)
          Não foi por mera coincidência que optaram por construir a cidade aos pés do maciço rochoso da Serra dos Cristais, no início do Ciclo do Ouro, no século 18. (fotografia acima de Giselle Oliveira)
          
Sua arquitetura colonial se desenvolveu no auge do Ciclo do Ouro, entre 1720 e 1750, no período Colonial, onde as simples casas do Arraial do Tijuco deram lugar a suntuosas construções e belíssimas igrejas ornadas a ouro e diamantes, graças a riqueza gerada por essa pedra preciosa. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          Pra se ter ideia, no auge desse período, Diamantina era a maior lavra de diamantes do mundo. Com tanta riqueza, os investimentos em edificações e infraestrutura urbana foram altos.
          Sua arquitetura foi consolidada em meados do século 19, já no período Imperial (na foto acima da Gisele Oliveira). Percebe-se pelos fatos a importância de Diamantina para a história de Minas Gerais e do Brasil. A cidade tem uma pureza arquitetônica impressionante, que lembra claramente as mais belas vilas de Portugal.
          Diamantina exibe rara beleza arquitetônica e natural, formando um dos mais significativos conjuntos paisagísticos de Minas Gerais. Sua beleza é rara, sóbria, elegante, simples, original e impactante.
          A arquitetura urbana de Diamantina com suas cores variadas com portas, portadas e janelas enormes, muxarabis (elementos da arquitetura árabe), balcões com pinhas de vidro, pavimentos em pedra bruta ou madeira maciça chamam a atenção pelas características excepcionais que apresentam. Um dos destaques da arquitetura diamantinense é o Passadiço da Glória, construído para fazer a ligação entre dois sobrados: um construído no século 18 e outro no século 19. (Fotografia acima da Elvira Nascimento)
          Outro destaque arquitetônico é o sobrado onde viveu Chica da Silva (na foto acima de Alexandra Almeida), com o homem mais poderoso e rico da região, naqueles tempos, o Contratador de Diamantes entre 1759 a 1771, João Fernandes de Oliveira. 
          O luxuoso sobrado é um dos mais visitados em Diamantina, bem como a casa em que viveu Juscelino Kubitschek e as igrejas de Nossa Senhora do Carmo, de São Francisco, de Nossa Senhora do Rosário, do Senhor do Bonfim, a Capela Imperial do Amparo (na foto acima da Giselle Oliveira) e a Catedral Metropolitana de Santo Antônio são os marcos da religiosidade e história de Diamantina e de Minas Gerais. 
          Diamantina é mais que uma cidade, é uma obra de arte. Não foi apenas construída, foi esculpida por mãos de talentosos artistas. 

quarta-feira, 13 de abril de 2022

Conheça São Gonçalo de Amarante

(Por Arnaldo Silva) São Gonçalo de Amarante é distrito colonial, do século XVIII, da cidade histórica de São João Del Rei MG, nas Vertentes Mineiras. A cidade está a 190 km de Belo Horizonte e o distrito, apenas 18 km distante da sede.
          Pouco se sabe sobre a história do povoado que se formou no início do século XVIII, com a chegada de bandeirantes e portugueses, em busca da riqueza que as minas de ouro mineiras proporcionavam. (fotografia acima de César Reis)
De Brumado, Caburu e São Gonçalo de Amarante
          É uma vila charmosa, pitoresca, bem atraente, com um casario colonial pequeno e bem preservado, além de ser um lugar tranquilo e aconchegante. Destaque para sua imponente, igreja construída entre 1720 e 1730, dedicada a São Gonçalo de Amarante, em estilo Nacional Português, a primeira fase do barroco mineiro. (na foto acima do César Reis, o casario da vila)
          É uma igreja simples com poucos detalhes exteriores, sem torres e com a sineira ao lado. Suas talhas interiores e ornamentações em dourados, são riquíssimas e refletem a beleza da arte da primeira fase do barroco mineiro e a riqueza do período do Ciclo do Ouro. (fotografia acima de César Reis).
          Por estar próximo a um riacho de nome Brumado, o primeiro nome do arraial foi São Gonçalo do Brumado, O arraial cresceu, se transformou num próspero povoado, foi elevado à vila e por fim, à distrito em 7 de setembro de 1923, mas com o nome de Caburu.
          Não se sabe ao certo o porquê desse nome, já que Caburu, no tupi é a junção das palavras cáa (mato) com mburu (maldito), Mato Maldito. E ainda, a junção pode ainda significar cab (vespa ou marimbondo), com uru (cesto, recipiente), Caixa de Marimbondos.
          O nome Caburu, se manteve até 1990, quando o distrito passou a ter o mesmo nome de sua igreja, São Gonçalo de Amarante. (fotografia acima de César Reis)
Em São João Del Rei
          A devoção a São Gonçalo de Amarante chegou a São João Del Rei nos primeiros anos do século XVIII com a chegada de algumas famílias, oriundas de Amarante, em Portugal.
          O arraial cresceu em torno da igreja que os portugueses, devotos de São Gonçalo de Amarante construíram. Com o passar do tempo, a fé em São Gonçalo de Amarante se expandiu para regiões vizinhas. A igreja é constantemente visitada por fiéis, desde a origem do povoado, principalmente no dia dedicado São Gonçalo de Amarante, 10 de janeiro.
          Nos períodos que antecedem à festa, a comunidade se organiza em preparativos para o evento religioso e também para receber os fiéis que vem de outras localidades. Religiosidade, barraquinhas com comidas e bebidas típicas, rezas, penitências e também muita alegria nos dias de festa.
          Festa de fé, de devoção e também, oportunidade de estar num lugar aprazível, charmoso, com um povo acolhedor e hospitaleiro.
Quem foi Gonçalo de Amarante
          Gonçalo de Amarante O.P (Ordem dos Pregados, conhecida ainda por Ordem de São Domingos) foi um religioso português, nascido em Arriconha, no ano de 1187.
          O frei dominicano viveu boa parte de sua vida religiosa na cidade de Amarante, também em Portugal. Faleceu nesta mesma cidade em 10 de janeiro de 1262, aos 75 anos.
          Gonçalo foi um religioso muito popular em Amarante e por isso, teve seu nome associado à cidade, sendo mais conhecido por São Gonçalo de Amarante.
          Após sua morte, cresceu a veneração ao religioso e processo visando sua beatificação e posterior canonização, foi aberto no século XV. Gonçalo foi beatificado em 24 de abril de 1551, pelo Papa Júlio III, mas o processo ainda continua. O Beato Gonçalo de Amarante não foi canonizado ainda pela Igreja Católica, portanto, oficialmente não é santo católico e sim, beato.
          O correto seria Beato Gonçalo de Amarante, mas o povo o vê como santo e o Beato Gonçalo de Amarante é aclamado popularmente e venerado como São Gonçalo de Amarante. É considerado o santo protetor dos ossos e também padroeiro de quem está em busca de um bom casamento.
          A devoção ao Beato Gonçalo de Amarante se estendeu para as colônias portuguesas, chegando ao Brasil no início do século XVIII. O beato português deu nome à várias cidades brasileiras como São Gonçalo do Amarante no Ceará, São Gonçalo do Amarante no Rio Grande do Norte; São Gonçalo no Rio de Janeiro e Amarante, no Piauí, além do distrito são-joanense de São Gonçalo de Amarante.
          Além disso, várias igrejas dedicadas a São Gonçalo de Amarante estão espalhadas pelo Brasil como em Batalha no Piauí, Ibituruna, Contagem e São Gonçalo do Sapucaí em Minas Gerais, Umari no Ceará, Itapissuma em Pernambuco, etc.

São José do Barreiro: a vila da Canastra

(Por Arnaldo Silva) Pequena, pacata, tradicional, atraente e charmosa, a vila de São José do Barreiro é distrito de São Roque de Minas, na região Oeste do Estado, na Região da Serra da Canastra.
          Distante 320 km de Belo Horizonte, à acesso principal à região é pela MG-050. Essa rodovia tem ligações com a BR-262 e BR-381. (fotografia acima e abaixo de Nacip Gômez)
          Em São José do Barreiro vivem cerca de 600 pessoas. São pessoas simples, além de hospitaleiros e muito acolhedores.
          Em uma localização privilegiada, fica na parte baixa da Serra da Canastra, na estrada que se inicia em Vargem Bonita MG, que leva à Cachoeira da Cascadanta. 
          São José do Barreiro está apenas 9k km da portaria de acesso à primeira queda do Rio São Francisco.
          A pequena vila é tranquila e seu dia a dia bem pacato. Lugar ótimo para quem busca sossego, tranquilidade e contato puro com a natureza.
          São José do Barreiro tem uma boa estrutura para receber turistas e visitantes com pousadas, restaurantes com comidas típicas, posto de combustível. (fotografia acima e abaixo de Pedro Beraldo/@ecotrilhasdacanastra)
          Além disso, encontra-se na vila vendas e armazéns tradicionais, pitorescos botecos, lojas de artesanatos e claro, toda beleza em seu redor, de uma das mais belas paisagens do mundo, a Serra da Canastra.
          De São José do Barreiro, tem-se uma incrível vista do paredão, que chamou atenção dos primeiros bandeirantes a pisarem na região, no início do século XVIII. Por lembrar uma canastra, uma maleta de madeira tipo baú, deram esse nome ao maciço rochoso. (fotografia acima de Pedro Beraldo/@ecotrilhasdacanastra)
          Se antes era um ponto de referência geográfica para bandeirantes, hoje, o Paredão da Canastra é uma das maiores referências em turismo em Minas Gerais. Em seu ponto mais alto, o paredão atinge até 400 metros de altura.
          Além disso, em São José do Barreiro o turista tem ainda as praias fluviais formadas pelas águas do Rio São Francisco, as cachoeiras da Lavra e Lavrinha, os mirantes da Serra da Babilônia, trilhas e ainda, fazendas centenárias e tradicionais na produção do Queijo Canastra. 
          Tanto na vila, quanto nas fazendas em seu redor, pode-se sentir o mais autêntico sabor da culinária mineira como, a carne na lata, a galinhada e doces diversos, como o tradicional doce de queijo e claro, o legítimo Queijo Canastra (na foto acima, queijos da Queijaria Mergulhão).
          Nas andanças pela vila e zona rural, sente-se o mais puro jeito mineiro de ser e o doce sabor de nossas tradições, seja na religiosidade e folclore, em sua cultura e sotaque, no estilo de vida simples, no seu casario colonial, enfim, vive-se na vila, a mais autêntica mineiridade. (fotografia acima de Luís Leite)
          Ir à Serra da Canastra, São José do Barreiro é um destino imperdível.

terça-feira, 12 de abril de 2022

Quintadas: O cheiro e o sabor de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Quitanda é uma palavra muito popular no Brasil. Sua origem é do dialeto africano “quimbundo” e passou a ser conhecida e usada no Brasil através dos escravos. A escrita original é Kitanda, com k, mas com as mudanças da língua portuguesa ao longo dos séculos, ficou quitanda com q. (fotografia abaixo de quitandas feitas por Lourdinha Vieira em Bom Despacho MG)
Definição de quitanda
          As escravas faziam bolos, biscoitos e doces, colocavam em um tabuleiro e ficavam nas esquinas das cidades, vendendo seus produtos, a mando de seus senhores.
          Alguns comerciantes portugueses, de pequenas mercearias e armazéns, as famosas vendas vendiam de tudo ou quase tudo. Inspirados nos tabuleiros das escravas, passaram a colocar tabuleiros com doces, queijos, bolos e biscoitos em suas vendas. 
          Com as guloseimas nos tabuleiros, as antigas vendas passaram a ser completas, a venderem de tudo. (na foto acima de Arnaldo Silva/@arnaldosilva_oficial, uma tradicional venda do século passado em Bom Despacho MG)
          É assim, para maior parte do Brasil, uma quitanda é um local onde se vende frutas, verduras, legumes, ovos, bolos, doces, queijos, etc. Apenas em um estado brasileiro, quitanda tem outro significado. É Minas Gerais. (fotografia abaixo de Edson Antônio em Tiradentes MG)
Quitanda para os mineiros
          Para os mineiros, quitanda são guloseimas feitas com polvilho, fubá ou farinha de trigo, como biscoitos, bolos, roscas, além de doces, feitos em casa. 
          Ou seja, quitanda, em Minas Gerais, é tudo que sai dos tachos, fogões e fornos das cozinhas mineiras. São servidas em tabuleiros ou potes e sempre acompanhadas de café. (fotografia acima e abaixo de Alexa Silva/@alexa.r.silva em Jaboticatubas MG)
          É assim desde o século XVIII, com as quitadas sempre presentes nas cozinhas mineiras, isso porque, quitandas foram feitas para acompanharem o café. 
          Quitanda e café é a combinação mais antiga de Minas Gerais. São dezenas de quitandas diferentes, com centenas de receitas diferentes. A maioria dessas receitas, passadas de geração para geração. São mais de 300 anos de tradição culinária mineira. (fotografia acima de Edson Santos em Felício dos Santos MG)
          Se formos definir Minas Gerais pelo cheiro e sabor, podemos dizer que o cheiro e o sabor de Minas, é o suave cheiro de uma quitanda assando. (na foto acima de Elvira Nascimento, biscoito de queijo assado no forno em Açucena MG)
          Já o som de Minas Gerais é o tilintar das chamas ardendo no fogão a lenha e fornos de barro, que sai das chaminés de nossas cozinhas. (fotografia acima de Luís Leite em Vargem Bonita MG)
          Seja um bolo de fubá ou uma broa, assando na brasa, um tabuleiro biscoito de queijo ou de pão de queijo assando, o tilintar das borbulhas do doce de leite ou de goiaba no tacho de cobre ou mesmo, os biscoitos fritando na frigideira no fogão a lenha. (na foto acima quitandas diversas feitas por Lourdinha Vieira em Bom Despacho MG)
          Quitanda é o cheiro, o sabor e o gostinho de Minas em nossa mesa. É a identidade gastronômica mineira e ainda responsável por transformar as cozinhas mineiras no principal lugar da casa. (fotografia acima de Alexa Silva/@alexa.r.silva em Jaboticatubas MG)
          A sala de visitas de mineiro é a cozinha. Nas autênticas cozinhas mineiras, tem quitandas caseiras.

sábado, 9 de abril de 2022

Carrancas: cidade das serras e das cachoeiras

(Por Arnaldo Silva) Quem acompanha novelas, deve se lembrar de grandes sucessos como O Fim do Mundo (1996), América (2005), Alma Gêmea (2006), A Favorita (2008), Paraíso (2009), Amor Eterno (2012), Império (2014), Orgulho e Paixão (2018) e Espelho da Vida (2018). Foram grandes produções da TV brasileira, tendo em comum as belíssimas paisagens de Carrancas, nas Vertentes de Minas Gerais, município mineiro famoso por suas paradisíacas cachoeiras e paisagens espetaculares.
          Isso mesmo, Carrancas MG é cenário natural de filmes, novelas e minisséries e documentários. (fotografia acima de John Brandão - In Memoriam)
          As belezas de Carrancas estiveram em evidências na recente reprise da novela Império, da Rede Globo. Embora a trama tenha como tema o Monte Roraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela, no Norte do país, mas as paisagens que o Brasil inteiro viu, são mineiras.
          As paisagens exibidas na novela como sendo na região do Monte Roraima, na verdade, foram gravadas na Chapada do Abanador, na cidade vizinha de Minduri MG, no Sul de Minas (na foto acima de Rildo Silveira). As cavernas onde várias cenas desta novela foram feitas, foram filmadas em Cordisburgo/MG. Já as cenas com belas paisagens naturais, serras e cachoeiras vistas na novela, foram em Carrancas MG.
A preferência por Carrancas
          A preferência das redes de TVs e produtoras de cinemas por Carrancas, é por causa de suas mais de 70 cachoeiras, com águas limpas e cristalinas, além de suas belezas naturais únicas no Brasil. É um cenário perfeito, romântico, idílico, refrescante e poético. (na foto acima de Jerez Costa, a Cachoeira da Fumaça)
          A cidade fica a 280 km de Belo Horizonte e faz divisa com os municípios de Itutinga, Luminárias, Nazareno e São João Del Rei, Tiradentes e Lavras, no Campo das Vertentes e com Minduri, São Vicente de Minas e Cruzília, no Sul de Minas. Carrancas faz parte da Estrada Real.
A cidade de Carrancas
          Além de charmosa, atraente, a cidade oferece uma boa qualidade de vida aos seus poucos mais de 4 mil habitantes, além de contar com uma boa estrutura urbana, principalmente em sua rede hoteleira e gastronômica.
          A estrutura urbana da cidade como lojas, restaurantes, hotéis, pousadas, bares, cafés, sorveterias e lanchonetes, foram investimentos feitos por empreendedores locais e boa parte, por pessoas vindas de outras cidades mineiras e até de outros estados. Vem à cidade, se encantam com Carrancas e trocam a agitação das grandes cidades, pela tranquilidade que Carrancas oferece, além de investirem em negócios próprios. (na foto acima de Giseli Jorge, a Praça da Matriz de Carrancas)
          Cidade turística com grande potencial de crescimento, além de famosa, atrai também investimentos nessa área e vem melhorando a cada dia, em termos de estrutura turística.
A Terra das Cachoeiras
          O segundo nome de Carrancas é Terra das Cachoeiras e não é por menos. Tem cidades mineiras e brasileiras com até o dobro de cachoeiras de Carrancas, mas iguais em beleza, não tem.
Em Carrancas, as cachoeiras e paisagens são de extasiar!
São cerca de 70 cachoeiras, divididas em complexos de cachoeiras como Complexo da Ponte, o Complexo da Toca, Complexo da Vargem Grande, Complexo do Tira-Prosa, o Complexo do Grão Mogol, o Complexo da Fumaça e o Complexo da Zilda. (na foto acima de Vinícius Barnabé/@viniciusbarnabe, a Cachoeira da Esmeralda e abaixo, de Fabrício Cândido, pequenas quedas d´águas e poços de águas cristalinas)
          Estes últimos, da Fumaça e da Zilda, são os mais procurados. O primeiro está bem próximo ao centro da cidade e o segundo, 12 km de distância.
          Quem pensa em cachoeiras e belezas naturais únicas, procura Carrancas. Cenários e recursos naturais presentes em Carrancas, não tem igual no Brasil. Tantas cidades belas pelo Brasil, com paisagens incríveis, Carrancas se destaca na preferência, simplesmente porque são paisagens diferenciadas, sem igual no Brasil, que impressionam e encantam.

Outros atrativos de Carrancas
          Carrancas está a 1052 metros de altitude, acima do nível do mar, além de estar em uma região de planalto. Isso faz com que brumas e chuvas, sejam constantes na região, o que torna a paisagem mais idílica e poética. (fotografia acima de Marselha Rufino)
          A cidade conta com guias especializados. Assim, os turistas podem conhecer melhor e aproveitar mais as belezas de Carrancas, já que são muitas cachoeiras, serras e paisagens para conhecer. Vale ressaltar que boa parte dos atrativos naturais de Carrancas estão em propriedades particulares, com isso, cobra-se em dinheiro vivo, para entrar.
          As belezas de Carrancas não se concentram apenas em suas paisagens e cachoeiras. A cidade também é bela, muito bem cuidada e com atrativos. Um desses atrativos é a Praça da Matriz de Nossa Senhora da Conceição. (na fotografia acima de Thelmo Lins)
          A igreja teve sua construção iniciada em 1721, no século XVIII. Feita por mãos escravas, foram usadas em sua estrutura pedras de quartzito, abundante na região. Essas pedras podem pesar até 1 tonelada. 
          Imaginem o trabalho que deu aos escravos sobrepor pedra sobre pedra, no início do século XVIII.
          Pinturas interiores, esculturas e altares da Matriz foram feitas no estilo barroco e rococó, por Joaquim José da Natividade, o Mestre Natividade, um dos discípulos de Antônio Francisco Lisboa, o Mestre Aleijadinho. (na fotografia acima de Thelmo Lins)
          Em Carrancas tem um centro de artesanato, com obras de artesãos locais e também, lojas de artesanato com peças de vários artesãos mineiros e de outros estados, como o Quintal das Artes. São peças muito bem feitas e bem trabalhadas, como podem ver na fotografia do Thelmo Lins, de trabalhos do artesão João Alves, de Taiobeiras, disponível no Quintal das Artes. 
          Uma lembrança boa da cidade para os turistas. Tem a Curupira, uma livraria e papelaria, onde encontra-se ainda, brinquedos artesanais.
          Além disso, os moradores de Carrancas cuidam de sua cidade. As ruas são limpas, muitas delas com jardins com hortênsias por exemplo. Os moradores plantam e cuidam dos jardins, com isso, melhoram a qualidade de vida, além de tornar Carrancas mais bela e atraente.

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