Arquivo do blog

Tecnologia do Blogger.

quinta-feira, 17 de março de 2022

Machado: café especial, imigração italiana e tradição

(Por Arnaldo Silva) Machado é uma das mais atraentes cidades do Sul de Minas. É referência em tradição e modernidade, desde suas origens, quando seu nome era Santo Antônio do Machado, no século XIX, até sua elevação à cidade, em 13 de setembro de 1881, quando a cidade passou a chamar-se apenas, Machado.
          Já no século XIX, Machado já predominava na região no cultivo de café, quando a cidade recebeu investimentos de cafeeiros, dando origem a gigantescas fazendas, com seus imponentes casarões, existentes até os dias de hoje na cidade. (na imagem acima e abaixo/Arquivo Público de Machado, vista parcial de Machado)
          Contando com cerca de 43 mil habitantes, Machado está a 431 km de Belo Horizonte. Faz divisa com os municípios de Alfenas, Carvalhópolis, Poço Fundo, Serrania, Campestre, Turvolândia, Paraguaçu e Cordislândia.
Economia
          Atualmente, Machado é uma das maiores produtoras de café do Sul de Minas, sendo o café, juntamente com a produção de frutas vermelhas e o agronegócio, a base principal de sua economia. (vista parcial/Foto do Arquivo Público de Machado)
          Em Machado estão instaladas empresas de segmentos diversos, como lojas, supermercados, padarias, restaurantes, lanchonetes, pequenas empresas familiares, empresas de médio e grande porte do setor alimentício e do Agronegócio, como a Santa Amália, a Coopama, Giro Agro, Reserva de Minas, Mavi Alimentos, a EISA Interagrícola, multinacional espanhola.
          Além disso, milhares de estudantes passaram e passam por Machado, já que a cidade é um dos destaques em educação no Sul de Minas, sediando a Fundação Educacional, atual CESEP, Fumesc e Instituto Federal, antiga Escola Agrotécnica Federal da cidade. A presença de estudantes fomenta a econômica e turismo no município.
Imigração italiana
          Machado é um dos destaques na região por sua cultura, arquitetura e história, vinculada ao café e a grande presença de descendentes de italianos na cidade. A chegada de imigrantes italianos em Machado teve início a partir de meados do século XIX. 
          Vieram para trabalhar nas fazendas de café do município e se estabeleceram na cidade.
          Os italianos deram grande contribuição para a formação da identidade religiosa, cultural, arquitetônica, histórica, econômica e gastronômica de Machado.
Eventos de Machado e tradições
          O café especial de Machado é uma das referências no Brasil pela alta qualidade. Tem ainda o Biscoito de Pernil e o famoso Pastel de Fubá, tradição gastronômica, desenvolvida pelos italianos, no século XIX, hoje um dos patrimônios da cidade. (na foto acima/Arquivo Público de Machado)
          Cidade de forte tradição cultural e esportiva, com eventos diversos durante o ano, com destaque para o Food Truck, o Fest Areia, às margens do lago da Prainha (na foto acima/Arquivo Público de Machado).
          Além disso, tem a tradicional e centenária Festa de São Benedito, o santo mais popular da cidade, embora o padroeiro de Machado seja Santo Antônio. A festa acontece em agosto e conta com a participação de grupos de Congadas da cidade e barraquinhas com comidas típicas. (fotografia acima/Arquivo Público de Machado)
Monumentos e construções
          Do alto de sua serra, avista-se mares de morros, com uma bela estátua do Cristo Redentor, abençoando a cidade (na foto acima/Arquivo Público de Machado).
          Um dos prédios mais tradicionais de Machado, é o casarão do antigo hospital da cidade, fundado em 1920. Considerado uma das mais belas construções ecléticas do Sul de Minas Gerais, abriga atualmente a Casa da Cultura de Machado, sediando a secretaria de Cultura e Turismo, o Museu Municipal e o Arquivo Público da cidade. (na fotografia acima/Arquivo Público de Machado)
Figuras ilustres
          Ao longo de sua existência, figuras famosas e tradicionais da cidade se tornaram verdadeiros patrimônios de Machado. Com destaque para a humorista Nany People, da cantora e atriz Rosa Marya Colin, da dupla sertaneja Moreno e Moreninho, do ator Chico Martins, do jogador de futebol, Elzo, ex meio campista do Atlético Mineiro e titular da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1986, no México, além do Padre Zezinho, religioso famoso no Brasil por suas canções e composições religiosas.
          Tem ainda Maria do Cemitério, figura folclórica da cidade. Trabalhava no cemitério de zeladora e coveira, além de morar, no próprio cemitério.
          Sem contar políticos como Astolfo Pio, deputado federal Constitucionalista, Dr. Jorge Eduardo, que exerceu o mandato de deputado estadual, além de Leão de Faria, fundador da Universidade Federal de Alfenas e também, foi deputado estadual.
          Machado é administrada atualmente por Maycon Willian, de 31 anos, ex-vereador e com forte atuação nas camadas mais populares da cidade, a sua origem.
Venha conhecer Machado
          Suas belezas naturais, os mares de morro, seu café especial, o tradicional pastel de fubá e o biscoito de pernil, além da excelente cachaça produzida na cidade, são atrações à mais para visitar a Machado. (foto acima e abaixo: Arquivo Público de Machado)
          Seu povo é hospitaleiro e acolhedor e a cidade um charme. Vale a pena conhecer Machado, no Sul de Minas Gerais.

sábado, 12 de março de 2022

Doresópolis e os Cânions do Alto São Francisco

(Por Arnaldo Silva) Doresópolis é cidade com boa estrutura urbana. Pequena, pacata e charmosa, a cidade faz parte do Alto São Francisco, no Centro Oeste Mineiro com origens no século XVIII. Sua emancipação política e administrativa ocorreu em 30 de dezembro de 1962, quando foi elevada de distrito de Perobas, à cidade chamada, com o nome de Doresópolis, por ser Nossa Senhora das Dores, a padroeira do município.
          O acesso ao município se dá pela BR-354 e MG-050. Atualmente, vivem no município cerca de 1600 habitantes. Está a 249 km distante de Belo Horizonte, 545 km de São Paulo, 625 km do Rio de Janeiro e a 805 km de Vitória. Doresópolis faz divisa com os municípios de Piumhi, Pains, Iguatama e Bambuí. (na foto acima de Marcelo Bastos, o Rio São Franscisco em Doresópolis MG, com sua margem ladeada por cânions e abaixo de Eduardo Valente, a Praça da Matriz da cidade)
Solo de alta qualidade e rico em calcário
          Em Doresópolis e região a vegetação de Cerrado predomina, além de contar em suas terras planas, vários mananciais de água, como o Ribeirão dos Patos e o Córregos Perobas. A cidade faz parte da Bacia do São Francisco, sendo o Rio São Francisco, o principal que banha a cidade.
          Além disso, a região no entorno de Doresópolis, é formada por solo plano e turfoso (camada de terra escura formada devido a decomposição vegetal). São solos com sistema de aluvião, de baixadas, composto ainda por uma textura argilosa e calcário. A argila presente no solo da região faz com que o solo retenha água, e decomponha com mais rapidez a flora vegetal, enriquecendo o solo, formando as turfas. Como consequência imediata, torna o solo de alta qualidade e fertilidade, excelente para agricultura e pecuária, outra base da economia do município.
          A vegetação presente em Doresópolis é conhecido como Mata de Pains, riquíssimo em calcário, argila e água. Os municípios que compõem a Mata de Pains são Doresópois, Iguatama, Arcos, Formiga, Córrego Fundo, Pimenta, Piumhi e Pains, de onde originou-se o nome, Mata de Pains. (imagem acima de Eduardo Valente na região de Doresópolis MG)
          Somente esses municípios tem esse tipo de solo, predominante em Doresópolis, Iguatama e Pains. A Mata de Pains, embora esteja numa onde predomina o bioma Cerrado, se difere das demais regiões mineiras de Cerrado, devido as rochas, argila e calcário presente no subsolo. É uma das regiões de maior concentração de calcário do mundo, principalmente em Arcos, considerada a Capital Mundial do Calcário.
          Além da riqueza desse tipo de mata, é uma região de rara beleza e formações rochosas que impressionam, além de contar sítios arqueológicos de grande valor científico.
Museu Pré-histórico
          Na Mata de Pains, já nas terras do município de Pains, encontra-se o Museu Arqueológico do Carste do Alto São Francisco com vários objetos e materiais coletados na região, pertencentes a antigas povoações indígenas pré-históricas, datas de 11 mil a 500 anos atrás. (na foto acima de Marcelo Bastos, paisagem do Carste do Alto São Francisco)
          Além disso, em Pains, como na região formada pelas Matas de Pains, são encontradas várias grutas, formações rochosas impressionantes, como a Pedra do Cálice, dentre outros atrativos naturais e mais de 300 sítios arqueológicos pré-históricos, presentes em uma área de cerca de 1.500 km², na região.
Os Paredões em Doresópolis
           Em Doresópolis, a beleza da Mata de Pains pode ser notada em suas formações rochosas e cânions. São enormes paredões que impressionam e até assustam, além de várias furnas (fendas abertas naturalmente, entre rochas) e cavernas. (na imagem acima enviada por Lucas do Rampa, as formações rochosas às margens do Rio São Francisco entre Piumhi e Doresópolis MG)
Povoação da região
          Com a descoberta de minas de ouro em Minas Gerais, no início do século XVIII, ocorreu uma intensa onda migratória de bandeirantes para encontrar ouro, diamantes e esmeraldas nesta região. 
          A região do Alto São Francisco começou a ser povoada por volta de 1732, quando se instala na margem direita do Rio São Francisco, na Piraquara, hoje município de Bom Despacho, o bandeirante paulista João Batista Maciel,  acompanhado dos filhos, e um bom número de agregados e escravos. (na imagem acima, enviada por Lucas Du Rampa, balsa e barcos de pescadores próximo a Ponte São Leão. A única forma de ver os paredões de perto é por barco)
          A bandeira de João Batista Maciel, subiu o Rio São Francisco, vasculhando tudo que podia em suas margens, em busca de ouro. Esse é o marco da povoação da região.
A Trans Canastra
          A rica história, cultura, música, tradições, gastronomia, belezas naturais, festas e feiras do Centro Oeste de Minas foi transformada na rota turística Trans Canastra é um trecho de leste para oeste da Picada de Goyáz e está inserido no projeto de revitalização, recuperação de todo o percurso da Picada de Goyáz, tanto o Caminho Velho, que tem início em Sabará MG, quando do Caminho Novo, que tem início em São João Del Rei MG. O destino final da Picada de Goyáz é a cidade de Vila Boa, em Goiás.
          A Trans Canastra é uma rota pelo mais genuíno sertão mineiro, na parte alta do Vale do São Francisco, que há séculos desperta o interesse de aventureiros, estudantes, espeleólogos e arqueólogos. (na imagem acima enviada por Lucas Du Rampa, barco de pescador no Rio São Francisco em Piumhi MG)
          A rota, formada pelos municípios de Formiga, Córrego Fundo, Pains, Doresópolis, São Roque de Minas e Desemboque, distrito de Sacramento MG, foi idealizada por Eduardo Valente, ex-secretário e Cultura e Turismo de Dores do Indaiá MG, além de ser o idealizador e coordenador da restauração de todo o Caminho do Sertão, a Picada de Goiáz. 
          Com apoio do fotógrafo Marcelo Bastos, Eduardo Valente criou o mapa da Rota da Trans Canastra (acima), além de registro em vídeos e fotos de todo o caminho. O objetivo é detalhar e planejar o uso turístico da rota, bem como fomentar o aquecimento da economia dos municípios que formam a Rota Trans Canastra, com o aumento do fluxo de turistas.
          É um caminho incrível, do início ao fim, com aventuras, farras, suor, novos amigos, muita comida e bebida típica mineira, belas cidades, história. Tudo isso e muito mais numa rota que tem história, tradição, cultura e a hospitalidade marcante de um povo único, forjado nas mais fortes matrizes antropológicas da nossa brasilidade.

quarta-feira, 9 de março de 2022

Charco: frio e charme nas montanhas mineiras

(Por Arnaldo Silva) O Charco faz parte da área territorial do município de Delfim Moreira MG, distante 35 km da sede, com acesso pela BR-459 e MG-350. Curiosamente está apenas 6 km de Campos do Jordão/SP e a 15 km da cidade de Wenceslau Braz/MG.
          Pela distância do Charco à sede, essas duas cidades são referência dos moradores da vila para o uso dos serviços normais como supermercados, farmácias, escolas, etc. (na foto acima do Fernando Maia, vista parcial do Charco)
A cidade de Delfim Moreira
          Delfim Moreira está a 475 km de Belo Horizonte, com acesso pela BR-381 e a 235 km de São Paulo, com acesso pela BR-116. A cidade conta com pouco mais de 8 mil habitantes. Está na divisa com os municípios mineiros de Maria da Fé, Virgínia, Wenceslau Braz, Itajubá e Marmelópolis, além de fazer divisa com as cidades paulistas de Guaratinguetá, Cruzeiro, Piquete e Campos do Jordão.
          Cidade charmosa e acolhedora, Delfim Moreira está aos pés das montanhas da Mantiqueira, a 1200 metros de altitude, no Sul de Minas Gerais. Cidade com inverno rigoroso, abaixo de zero, se destaca por sua culinária e cervejaria artesanal, o cultivo do marmelo, arquitetura austríaca e colonial e belezas naturais espetaculares. (na foto acima de Eder Paulo Dias, o centro de Delfim Moreira MG)
          Além de sua beleza natural, arquitetônica e história, em Delfim Moreira se destaca o distrito do Charco, a oeste da sede. No sul de Minas, distritos são chamados de bairros rurais.
O bairro do Charco
          O povoado é um dos marcos da povoação do Sul de Minas. Sua povoação teve início nos primeiros anos nas últimas décadas do século XIX. As terras onde está o vilarejo tem origem na família Faria, permanecendo em propriedade dessa família por gerações.
          Durante o período da escravidão no Brasil, escravos foram trazidos para a região Sul de Minas, para trabalharem na mineração e agricultura. No Charco, segundo a tradição oral existiu, um cemitério onde os escravos eram sepultados, na parte alta das montanhas que cercam a vila. (fotografia acima do Mateus Ribeiro)
          Além disso, próximo à pequena Vila, encontra-se pequenos povoados no sopé da Serra dos Marins e ainda a Fazenda da Onça, área pertencente ao 4° BECMB, usada para treinamentos de militares do Exército Brasileiro.
O estilo groelandês na arquitetura
          Uma rua poética, tranquila é a entrada para o Charco, ladeada por chalés muito bem cuidados. Mais à frente, uma pequena igreja, sem torre, uma serraria e várias casas, no estilo das pequenas vilas da Groelândia.
          Das chaminés do casario do Charco, uma leve fumaça mostra o fogão a lenha ativo ou mesmo, a lareira aquecendo a casa. (fotografia acima e abaixo do Mateus Ribeiro)
          A charmosa vila é um conjunto de beleza que lembra as belas paisagens e arquitetura das vilas da Groelândia, a maior ilha do mundo, embora com poucos moradores, apenas 57 mil habitantes. Embora a ilha esteja na América do Norte, à leste das ilhas do Canadá, a Groelândia é território subordinado a Dinamarca, embora seja um território com autonomia e governo próprio, desde 1814.  Localizasse entre o Oceano Atlântico e o Oceano Glacial Ártico.
          A arquitetura da Groelândia segue o estilo nórdico, tradicional na Dinamarca e suas ilhas, como as Faroé.
          Guardadas as devidas proporções, a arquitetura do Charco tem muita semelhança com os vilarejos da Groelândia, principalmente nas casas de madeira coloridas. 
          O Charco é um recanto, um descanso e um encanto. Para os amantes do frio e comidas típicas de inverno, é o lugar ideal. (fotografia acima de Célia Xavier)
O casario em madeira do Charco
          As casas de madeira são singelas, simples, coloridas e charmosas. As construções em madeira vão além dos projetos arquitetônicos, são projetos artísticos. O casario do Charco é pura arte e requinte, seja no povoado e nas fazendas em seu entorno.
           As construções antigas e tradicionais mineiras são em pau-a-pique, com tijolos de adobe e barreada, segundo o estilo do barroco colonial mineiro. As recentes, em alvenaria. No Charco, as mais antigas são todas em madeira, tanto na Vila, quanto nas propriedades rurais. Mesmo as construções mais novas, misturam alvenaria com madeira da região. (na foto acima de Geraldo Gomes, a entrada da Vila e o casario em madeira)
Chalés da Suze
          Um dos destaques do casario do Charco são os Chalés da Suze, vistos logo na entrada da vila, numa rua de terra, o colorido casario é um misto de nostalgia, charme, simplicidade e beleza arquitetônica dinamarquesa. 
          É uma vila com construções em estilo único em Minas Gerais. Não tem semelhante no Estado. Casas de madeiras em várias localidades mineiras existem sim, mas como vila, bairro rural, não existe. O Charco é único nesse estilo. (na foto acima do Vinícius, a rua principal da Vila e alguns chalés da Suze)
          Entre os Chalés da Suze, passam turistas e peregrinos, já que o Charco está no Caminho de Aparecida. Inclusive, um galpão construído no vilarejo, serve de pouso e descanso dos romeiros. (fotografia acima de Mateus Ribeiro)
          Por isso que o bairro vem se transformando num refúgio de famílias de São Paulo e Rio de Janeiro, que vem à região em busca do sossego, paz e tranquilidade que o bairro oferece, construindo moradias, no estilo arquitetônico local para passarem fins de semana, feriados ou férias. (fotografia acima de Geraldo Gomes)
Beleza cênica e idílica
          Entre montanhas, matas nativas de araucárias, o Charco mostra seu charme em suas construções em estilo dinamarquês. O casario da Vila é praticamente todo em madeira. (fotografia acima de Matheus Freitas)
A Serraria Serra Negra 
          Isso devido ser fácil encontrar madeira na região, além do bairro contar com a Serra Negra, uma das mais antigas serrarias da Mantiqueira. Hoje, toda reformada e modernizada, é responsável pela geração de empregos e um dos pilares da existência da Vila. (Fotografia acima de Matheus Ribeiro)
          A qualidade da madeira na região e a instalação da serraria no Charco, explica a predominância de madeiras nas construções da vila.
          A Serraria Serra Negra faz parte da história do Charco e da Serra da Mantiqueira. Pertence até os dias de hoje a geração da família Faria, em especial, Zico Faria, um dos primeiros moradores da região, cuja família deu origem à vila, no século XIX.
Inverno congelante
          Sua principal caraterística é o frio, podendo chegar nos dias mais rigorosos de inverno, a temperaturas extremas, como em julho de 2021, quando os termômetros marcaram - 10°C. Se a vizinha Campos do Jordão é gelada no inverno, no Charco, pode ter certeza, é mais ainda.
          O inverno muda toda a paisagem, congela tudo, literalmente. Raro é a temperatura não ficar abaixo do zero grau no Charco, principalmente no mês de julho, o mais frio do inverno. (foto acima e abaixo de Mateus C. Ribeiro)
          O Charco possui uma pequena estação meteorológica particular, instalada em uma fazenda. O responsável pela instalação foi um estudante de geografia da Universidade de Pelotas/RS que escolheu o Charco por considerar o local o ponto mais frio da Serra da Mantiqueira.
          O lugar onde está instalada a estação, no Charco está a 1712 metros de altitude, acima do nível do mar. Em 2021 foram registradas as menores temperaturas na região. Em 23/07/207 os termômetros marcaram -10°C, superando os -9.1°C de 21 de junho, do mesmo ano.
          Porém, as temperaturas registradas nesta estação não são oficiais, devido a mesma não ser reconhecida pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). (Foto acima do Mateus C. Ribeiro)
Potencial turístico
          O Charco tem potencial para ser um dos mais interessantes pontos turísticos de Minas Gerais, principalmente por sua arquitetura, belezas naturais e seu inverno rigoroso, que faz com que a vila lembre as charmosas vilas dinamarquesas. (fotografia acima e abaixo de Geraldo Gomes)
          Explorar esse potencial, investindo em melhorias na infraestrutura do vilarejo é um passo importante para tornar o Charco uma das referências do turismo na Serra da Mantiqueira.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Picada de Goyáz: história, revitalização e turismo

(Por Arnaldo Silva) Antes da chegada de bandeirantes e portugueses no território mineiro, todo o Estado era ocupado por diversas etnias indígenas. Os índios abriam picadas nas matas ligando tribos, ou mesmo, a lugares que consideravam sagrados, como picos e topos de montanhas.
          Com a descoberta de ouro em Minas Gerais no início do século XVIII, as picadas abertas por índios começaram a ser usadas pelos bandeirantes e com seu trajeto ligado e ampliado, quando foram encontradas minas de ouro na região habitada por indígenas da etnia Goyazes, na Região Centro Oeste do Brasil. (na imagem acima de Arnaldo Silva, parte do Caminho Velho da Picada de Goiáz no Garça, em Bom Despacho MG)
          Para escoar as riquezas do território goiano, as antigas picadas dos índios foram sendo unificadas em um só caminho, começando em Sabará MG, cidade histórica a 20 km de Belo Horizonte, adentrando no sertão mineiro, seguindo em sentido poente, do Leste para o oeste, passando pelo Centro Oeste de Minas, Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro até o Noroeste de Minas, entrando em solo goiano até Vila Boa de Goyáz, terra natal da poetisa e contista Cora Coralina.
          O trajeto original da Picada de Goiáz, de Sabará até Vila Boa de Goyáz, com aproximadamente 1300 km de extensão. São cidades mineiras e goianas ao longo de todo o percurso, num total de 79, unindo os caminhos velho e novo. (no mapa acima, o traçado original do Caminho Velho e Novo da Picada de Goyáz em Minas Gerais e Goiás)
          Depois da Estrada Real, a Picada de Goyáz era o mais importante caminho para escoamento de riquezas para a Colônia. Não ligava apenas o Sul e Sudeste a Goiás, mas também a Cuiabá e Amazônia.
          As riquezas extraídas do solo goiano, seguiam para Minas em cortejos formados por dezenas de carros de bois e mulas, até Sabará. A partir de Sabará, os cortejos seguiam pela Estrada Real até o porto de Paraty/RJ, onde uma parte das riquezas extraídas na Colônia eram encaminhadas à Corte e a maior parte, para Portugal.
          Nascia assim o Caminho Velho da Picada de Goyáz, a grafia do estado goiano na época. Por este caminho, povoados, vilas e cidades foram sendo formadas, desde o século XVIII. Em todo o trecho, casas isoladas, povoados em formação surgiam, bem como foi o início de nossa mineiridade, formada por gente com origens indígena, bandeirante, africana, tropeira, boiadeira, mercadores e viajantes estrangeiros. Esses diferentes tipos de povos, deram origem a um novo povo, nascido e formado nas picadas do Caminho Velho da Picada de Goyáz e também na Estrada Real.
Bom Despacho MG
          Foi em torno desse caminho e presença desses povos, que surgiu uma povoação no final do século XVIII, que mais tarde deu origem ao município de Bom Despacho MG, a 150 km de Belo Horizonte, hoje com 55 mil habitantes.
          Bom Despacho teve grande importância na formação do Caminho do Sertão, como era chamada a Picada de Goyáz. Isso porque a cidade tem o Rio São Francisco como seu divisor. (panorâmica de Bom Despacho na foto acima de Arnaldo Silva)
          A rota da Picada chega à Bom Despacho pela estrada de Leandro Ferreira, que termina nas proximidades do antigo Caic, no bairro Ana Rosa, seguindo pela Avenida Dr. Roberto, pegando a Avenida Doutor Juca, seguindo pela estrada da Garça, até a Fazenda da Piraquara. (na imagem acima, desenhada pelo Eduardo Valente, o trajeto da Picada de Goiás no perímetro urbano de Bom Despacho MG)
          Da Piraquara descia até o Engenho do Ribeiro, distrito de Bom Despacho, até o Rio São Francisco, onde foi construída uma ponte, lingado a Picada à Dores do Indaiá. (na imagem acima, de Arnaldo Silva, a estrada da Garça em Bom Despacho MG e abaixo a ponte de concreto sobre o Rio São Francisco, que substituiu a original, de madeira, ligando Bom Despacho a Dores do Indaiá)
          
Essa parte da Picada de Goyáz, de Bom Despacho a ponte do Rio São Francisco, entre Dores do Indaiá MG, era chamado de Caminho da Piraquara. A Fazenda da Piraquara seria de ponto de pouso, onde as tropas paravam, descansavam, se alimentavam, se banhavam, pernoitavam e ainda, levavam alimentos para seguirem a viagem, até a próxima parada.
          O caminho da Piraquara era um dos pontos de parada mais importantes da Picada de Goyáz, além de ter água em abundância e terras férteis, o que atraiu moradores para a região, dando origem a formação de um povoado, vila, distrito e por fim, à cidade de Bom Despacho MG.
          A partir de Dores do Indaiá (na foto acima de Sueli Santos), a Picada de Goyáz seguia para a Serra da Saudade, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas, quando a partir de Paracatu MG, entrava em solo goiano.
Caminho tropeiro e boiadeiro
          Com o fim do Ciclo do Ouro, a Picada de Goyáz continuou sendo usada para transportar riquezas, mas dessa vez para escoamento da produção agrícola de Minas Gerais e das regiões Norte e Centro Oeste do Brasil.
          Todos os dias, mulas, cavalos e carros de bois, cortavam o sertão mineiro e goiano, buscando e trazendo alimentos, mercadorias essenciais para a época como querosene, sal, açúcar, roupas, sapatos, etc., além de gado e porcos. (na foto acima de Arnaldo Silva, a Picada de Goyáz na Garça em Bom Despacho MG)
          Para ampliar o comércio e facilitar a distribuição das mercadorias, foi criado o Caminho Novo da Picada de Goyáz. O novo caminho iniciava em São João Del Rei MG passava por Oliveira, Itapecerica e Formiga, entrando na Serra da Canastra seguindo até o Desemborque, distrito de Sacramento, no Triângulo Mineiro que é a liga dos três caminhos da Picada de Goyáz. Do Desemboque, o Caminho Novo segue até Vila Boa de Goyáz. O Caminho Novo é formado por 39 cidades com aproximadamente, 700 km de extensão.
O caminho que virou trilho
          No final do século XIX, começa a implantação de ferrovias no Brasil e no início do século XIX, os automóveis começam a se popularizar, bem como ônibus e caminhões. Com isso, o transporte de cargas e alimentos feito com o uso de animais, começa a declinar e os velhos caminhos abertos no século XVIII, a serem esquecidos, alguns trechos transformados em estradas vicinais e boa parte, para passagem de trilhos.
          Aberto pelos índios, usado e ampliado por bandeirantes, de grande utilidade para tropeiros, parte desses caminhos abertos no século XVIII e XIX, foram utilizados na implantação de ferrovias, como por para colocação de trilhos da Estrada de Ferro Paracatu que ligava Belo Horizonte e o Centro Oeste Mineiro até Paracatu, no Noroeste do Estado, na divisa com Goiás. (na imagem acima de Arnaldo Silva, a Picada de Goyáz entre Bom Despacho e Leandro Ferreira MG, passou a ser caminho do trem da Estrada de Ferro Paracatu)
          Com o fim deste ramal ferroviário, o caminho da Picada de Goyáz em Minas acabou sendo esquecido, ficando apenas na história.
A reconstrução da Picada de Goyáz
          A partir de 2017, o Caminho Velho e Novo do Sertão da Picada de Goiás, sai do esquecimento para se transformar num projeto de reativação e recuperação. O objetivo é recuperar parte da história de Minas e incrementar o turismo nas cidades surgidas durante a existência da Picada de Goyáz.
          O projeto prevê ainda a demarcação com tótens de ACM para as áreas urbanas, de concreto para as áreas rurais e urbanas e de eucaliptos, para as encruzilhadas da zona rural. Esses tótens seguirão o estilo dos tótens da Estrada Real, contando ainda com o mapa de todo o percurso do Caminho da Picada de Goiáz.
          Quem está à frente do projeto é Eduardo Valente (na foto acima/ Arquivo Pessoal), morador da cidade de Dores do Indaiá, no Centro Oeste de Minas Gerais. Foi feito um mapeamento do Caminho Velho e Novo da Picada de Goyáz, com Valente percorrendo os cerca de 2 mil km dos dois caminhos, registrando as cidades, as picadas, as belezas naturais e turísticas às margens da Picada de Goyáz. Todo o trajeto foi catalogado em fotos, feitas pelo fotógrafo Marcelo Bastos, primordial para o registro visual com imagens de excelente qualidade de todo o trajeto. 
          Eduardo Valente é formado em Gestão em Comunicação Organizacional Relações Públicas – UNA- BH – MG, fez Extensão em Politicas Publicas do Turismo pela Universidade Federal de Santa Catarina e Extensão em Politicas Publicas da Cultura – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
          Além disso, foi Secretário de Lazer, Cultura e Turismo em Dores do Indaiá (2008 a 2017) Fundador, presidente, gestor e articulador do Circuito Turístico Caminhos do Indaiá, foi também Gestor e articulador do projeto Minas – Goiás e ainda ex-presidente do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural de Dores do Indaiá e ex-presidente do Conselho Municipal de Turismo de Dores do Indaiá.
          Empenhado na reestruturação do Caminho Velho e Novo da Picada de Goyáz, Eduardo Valente concedeu entrevista sobre as atividades feitas até o momento e de como está todo o trabalho, visando a recuperação da Picada de Goyáz, que visa transformar o Caminho Velho e o Novo, em atrativo turístico das cidades que fazem parte da Picada de Goyáz.
Entrevista com Eduardo Valente
Conheça Minas: Quando foi criado o Caminho Picada de Goiáz? Conte um pouco sobrea história desse importante caminho surgido no século XVIII.
Eduardo Valente: As
 “Picadas de Goyáz” designam os caminhos antigos dos povos originários, batidos pelos Bandeirantes em direção a Goyáz, e ao poente, seguindo as lendas Tupi do Peabirú... Esses velhos caminhos e trilhas de entradas no Sertão dos Goyáz, bem como os locais de aprazíveis paragens deram origem às lindas cidades de arquitetura “Colonial” e “Barroca” espalhadas pelo interior de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
          A gestão dos caminhos no Império foi estratégica. Explodiu a brasilidade. Os caminhos se firmam no Século XVIII, administrados como “estradas reais” ligando as importantes vilas do Sul e Sudeste com Goyáz, Cuiabá e Amazônia.
          A picada aberta de Sabará até a Vila Boa de Goyáz é muito antiga. Parte de Sabará, atravessa o Rio São Francisco, passa na Fazenda da Piraquara, sobe pela Serra da Saudade e vai até Paracatu. De Paracatu segue até Vila Boa do Goyáz e Goyáz, terrinha amada de Cora. Essa Picada de Sabará ficou conhecida como “Caminho Velho de Goyáz” ou Caminho da Piraquara.
          No final do século XVIII firmou-se o Caminho Novo pra Goyáz, que partia de São João Del Rey e chegava em Vila Boa de Goyáz, passando por Oliveira, Itapecerica e Formiga, transpunha a belíssima e pavorosa Serra da Canastra e chegava em Araxá e Uberaba, sendo caminho muito batido no século XVIII, que ajudou a povoar o Centro-Oeste.
          Ao longo dessas Picadas para Goyáz surgiram paragens amenas, vilas e arraiais, cidades e distritos muito bonitos e aconchegantes, que oferecem raros atrativos turísticos, povoam lendas, casos e histórias, dispondo de recursos e paisagens naturais e culturais de extrema importância mundial à disposição de investidores e visitantes. (na imagem acima de Marcelo Bastos, Argirita, distrito de Ibiá MG)
          A “Picada de Goyáz” nasce nas terras de Mata Atlântica e Cerrado, pelos trilhos dos povos originários, pelas casas e currais de gentes que a habitam desde tempos imemoriais. Descendem de índio, bandeirantes, tropeiros, boiadeiros, mercadores e viajantes estrangeiros, que precisam participar efetivamente de um progresso sustentável!
Conheça Minas: Qual a origem do nome Picada de Goyáz
Eduardo Valente: Foi denominada Picada de Goyáz pelo motivo de levar às minas de ouro dos Goyazes, povos originários da região. Em todos os estudos de pesquisa, o caminho é denominado Picada de Goyaz pelos escritores e historiadores.
Conheça Minas: Porque a Picada de Goyáz é também chamada de Caminho Real do Sertão?
Eduardo Valente: Pelo motivo de ser caminhos oficiais da Coroa Portuguesa e passar pelo sertão das Minas Gerais, em sua vegetação predominante que é o Cerrado.
Conheça Minas: Com o declínio do ouro, foi aberto outro caminho até Goyáz, conhecido como Caminho Novo da Picada de Goyáz. O Caminho Velho e o Caminho Novo da Picada de Goyáz tinha início em quais cidades mineiras?
Eduardo Valente: O caminho se deu início no litoral brasileiro onde chegavam as embarcações dos colonizadores. Os bandeirantes seguiam uma rota já provavelmente existentes feitas pelos povos originários. Seu sentido é leste oeste, sol nascente para quem seguia a oeste e poente para quem retornava rumo as cidades litorâneas, trazendo mercadorias que seriam enviadas aos países da Europa. Como os navegadores para se referenciarem e não se perderem usavam o sol como direção. Com a rota já denominada pelo Instituto Estrada Real até as Minas, tivemos como ponto de partida Sabará no caminho velho e São João Del Rey no Caminho Novo como ponto de partida na entrada das Gerais.
Conheça Minas: Do início ao fim são quantos km?
Eduardo Valente: Temos dois caminhos. Caminho Velho e Caminho Novo. O Velho tem aproximadamente 1300 quilômetros e o Novo por volta de 700 quilômetros.
Conheça Minas: Qual a finalidade desse caminho que ligava Minas Gerais à Goiás Velho?
Eduardo Valente: Caminho mais curto e reto rumo ao litoral para escoamento de pedras preciosas e mercadorias que eram trazidas por exploradores, garimpeiros e comerciantes.
Conheça Minas: Sabe descrever quais foram os personagens ilustres de nossa história que passaram pelo Caminho Real do Sertão?
Eduardo Valente: Todos que você possa imaginar. Borba Gato, Tiradentes, Botânico August Saint Hilaire, Anhanguera e muito mais.
Conheça Minas: Antes da chegada dos europeus e bandeirantes nosso território era habitado por diferentes etnias indígenas, que se comunicavam entre si abrindo caminhos no sertão. Os bandeirantes que buscavam ouro, aproveitaram que o caminho que já existia e passaram a usá-lo?
Eduardo Valente: Já existam aglomerações de povos originários por todo o continente muito antes da chegada dos europeus. As civilizações indígenas eram nômades e percorriam a região a procura de alimentos (caça) e locais seguros para morada. Existem relatos históricos que os caminhos (trilhas ou picadas) foram aproveitados pelos europeus sendo os caminhos do Peabirú.
Conheça Minas: O traçado da Estrada de Ferro Paracatu aproveitou do Caminho Picada de Goyáz? O antigo caminho virou estrada de ferro?
Eduardo Valente: Grande parte da Picada sendo o caminho velho ou novo são margeadas pelas ferrovias. O grande exemplo do caminho velho (nosso caminho) é que de Pitangui a Barra do Funchal, localizada no município da Serra da Saudade, existem estações e estruturas ferroviárias que tinham como objetivo chegar a Paracatu.
Conheça Minas: Por quanto tempo a Picada de Goyáz foi usada como caminho por bandeirantes e tropeiros?
Eduardo Valente: Estes caminhos antigos eram usados frequentemente até a criação do automóvel movido a combustão. Com isso novas rotas com mais infraestrutura foram criadas como por exemplo a BR-262 que mudaram o fluxo de pessoas, fazendo com que as antigas rotas que não foram estruturadas, ficando a ser apenas estradas vicinais.
Conheça Minas: Você vem se empenhando para resgatar o caminho da Picada de Goyáz em sua originalidade. O que foi feito até agora?
Eduardo Valente: Existe todo um processo para que uma rota histórica vire um produto turístico, seguindo as orientações do Ministério do Turismo. A primeira fase e o mapeamento da rota que vem sendo trabalhada desde 2017. Nesta segunda fase estamos dando início a roteirização, para que podemos saber onde hospedar, alimentar, abastecer e reconhecimento dos atrativos culturais e naturais, gastronomia entre outros possam ser visitados pelos turistas. (na imagem acima de Marcelo Bastos, carro da equipe da Picada de Goyáz no Desemboque MG)
Conheça Minas: Pretendem catalogar os pontos turísticos, a gastronomia, cultura e folclore das cidades que fazem parte da Picada de Goyáz?
Eduardo Valente: Esta etapa é realizada na roteirização.
Conheça Minas: Como que está sendo feito o resgate do Caminho Real do Sertão? Vocês têm apoio de prefeituras, órgãos do Governo, empresários?
Eduardo Valente: Possuímos apoio institucional dos estados de MG e GO, assim como apoio financeiro de prefeituras e iniciativa privada. Temos apoio também de Instancias de Governanças regionais que fazem parte das políticas de regionalização do estado, onde as mesmas representam municípios localizados na rota da Picada. (na imagem acima de Marcelo Bastos, fazenda histórica as margens da Picada de Goyáz)
Conheça Minas: Como as prefeituras estão reagindo ao projeto?
Eduardo Valente: Os apoios das prefeituras estão sendo fundamentais para o desenvolvimento da Picada. Tivemos e estamos tendo grande apoio da prefeitura de Dores do Indaiá, Itapecerica, Formiga e Oliveira.
Conheça Minas: Pretendem demarcar a Picada de Goyáz com tótens, como foi feito do Caminho Velho e Novo da Estrada Real?
Eduardo Valente: Estamos na fase de criação do projeto piloto de sinalização. Estamos elaborando três tipos de totens sendo eles o de concreto para as zonas urbanas e rural, o de ACM para colocar na zona urbana e o de eucalipto para demarcar as encruzilhadas da zona rural. Os totens de concretos serão instalados em atrativos e comunidades importantes do trajeto. O de ACM em atrativos urbanos onde terá em sua composição o mapa e localização do percurso.
Conheça Minas: Após a demarcação e de catalogar os pontos turísticos, a gastronomia, folclore e cultura das cidades que fazem parte do Caminho Picada de Goyáz, o que será feito em seguida?
Eduardo Valente: A partir daí teremos produtos turísticos referenciados pela picada. Poderão ser criados rotas curtas ou longas onde os receptivos locais e comunidade poderão conduzir os turistas de acordo com a disponibilidade do turista.
Conheça Minas: Pretendem organizar cavalgadas, passeios ciclísticos, ralis do Caminho Real do Sertão e festividades no trajeto do Caminho Velho e Novo?
Eduardo Valente: Pretendemos realizar sim eventos desses tipos assim como eventos de conhecimento como seminários e encontros de historiadores.
Conheça Minas: O nome original do Caminho é Picada de Goiáz. A grafia portuguesa sofreu modificações ao longo do século passado, como exemplo, palavras no português antigo com final em Z, teve essa letra alterada para s. Então, Goyáz é hoje, na atual grafia portuguesa, Goiás. Pretendem manter o nome original do Caminho Picada de Goyáz ou mudarão para Picada de Goiás?
Eduardo Valente: Pretendemos sim manter a grafia antiga, até para que remeta aos tempos antigos.
Conheça Minas: Quais cidades do Estado de Goiás fazem parte do Caminho Velho Picada de Goyáz?
Eduardo Valente: Cristalina, São Bartolomeu, Luziânia, Alexânia, Abadiânia. A partir daí entramos na rota denominada como Caminho de Cora Coralina pelos goianos, passando por Corumbá de Goiás, Cocalzinho de Goiás, Pirenópolis, Caxambu (distrito de Pirenópolis), Radiolândia, São Francisco de Goiás, Jaraguá, Itaguari, Cidade de Goiás. Para o caminho novo fazer conexão com o velho passamos por Catalão no estado de Goiás. 
          Para os goianos o trecho da Picada denominado como Caminho de Cora Coralina foi assim chamado por motivos de marketing de produto para ficar mais comercial, espalhando poesias de cora por todo o percurso. Pela lógica, quem existiu primeiro? Cora ou a picada? Claro que a picada ao qual Cora percorria por algum motivo. Vemos isso como vantagem para os viajantes da picada pelo motivo do trecho já estar estruturado para os turistas.
Conheça Minas: Quantas são e quais as cidades de Minas e Goiás que fazem parte do Caminho Novo da Picada de Goyáz?
Eduardo Valente: O Caminho Novo é formado por 39 municípios. A primeira cidade é São João Del Rei MG (na foto acima de César Reis), com o caminho seguindo para Ritápolis, São Tiago,  Morro do Ferro, distrito de Oliveira, Oliveira, Carmo da Marta, Lamounier (distrito de Itapecerica), Itapecerica, Formiga.
          Neste ponto ao caminho se divide em três caminhos: Caminho de Bambui, Transcanastra e Caminho de Saint Hilaire.
O Caminho de Saint Hilaire tem início em Córrego Fundo, Pimenta, Santo Hilário (distrito de Pimenta), Piumhi, Capitólio, São João Batista do Glória, Babilônia (distrito de Delfinópolis), Delfinópolis, Desemboque (distrito de Sacramento MG), o ponto final dos três caminhos
          O Caminho de Bambuí começa em Formiga, segue para Arcos, Iguatama, Bambuí, Medeiros, Pratinha, Argenita (distrito de Ibiá), Araxá, Tapira, chega em Desemboque, distrito de Sacramento MG.
          O Caminho TransCanastra tem também início em Formiga, passando também por Córrego Fundo, seguindo para Pains, Doresópolis, São Roque de Minas, Sacramento, chegando em Desemboque.
          Os três caminhos se encontram em Desemboque e tem sua continuação em um único caminho até Guarda Mór MG, seguindo para Conquista, Peirópolis (distrito de Uberaba), Uberaba, Tapuirama (distrito de Uberlândia), Indianópolis, Araguari, entrando em Goiás por Catalão GO, Pires Belo (distrito de Catalão GO), Santo Antônio do Rio Verde (distrito de Catalão GO). (na imagem acima de Marcelo Bastos, travessia de balsa em Indianópolis MG, na divisa com Goiás e abaixo, a cidade de Catalão/GO)
          Guarda Mor em Minas faz a ligação Caminho Novo com o Caminho Velho
Conheça Minas: Quais as cidades mineiras que fazem parte do Caminho Velho da Picada de Goyáz?
Eduardo Valente: O Caminho Velho é formado por 40 municípios. Começa em Sabará MG (na foto acima de Arnaldo Silva), segue para Belo Horizonte, passando por Contagem, Betim, Juatuba, Mateus Leme, Florestal, Pará de Minas, Conceição do Pará, Onça do Pitangui, Pitangui, Leandro Ferreira, Bom Despacho, Dores do Indaiá, Serra da Saudade, São Gotardo, Guarda dos Ferreiros, Rio Paranaíba, Carmo do Paranaíba, Lagoa Formosa, Pilar, Lagamar, Vazante, Guarda Mor (liga com o caminho novo).
          De Guarda Mor, cidade mineira que liga o Caminho Novo com o Velho, segue para Paracatu, a última cidade mineira da Picada de Goyáz. Entra em território goiano por Cristalina, seguindo para Luziânia, Alexânia, Abadiânia, Corumbá de Goiás, Cocalzinho de Goiás, Pirenópolis, Radiolândia, São Francisco de Goiás, Jaraguá, Itaguari, Itaberaí e por fim, Cidade de Goiás, encerrando a o Caminho Velho do Sertão. 

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *

Facebook

Postagens populares

Seguidores