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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Itanhandu: a cidade saudável de Minas

(Por Arnaldo Silva) No alto da Serra da Mantiqueira, no Caminho Velho da Estrada Real, a 892 metros de altitude e a 426 km de Belo Horizonte, está a cidade de Itanhandu, no sul do Estado. Com cerca de 16 mil habitantes, o município faz divisa com Pouso Alto, Itamonte, Passa Quatro, Virgínia, São Sebastião do Rio Verde, Queluz (SP) e Resende (RJ).
Breve história
          A data de aniversário da cidade é 7 de setembro de 1923, mas sua história começa antes, no século XVIII. O pequeno arraial, cresceu, foi elevado à distrito em 1911 e à cidade emancipada em 1923. (na foto acima de autoria de Paulo Fontes, vista parcial de Itanhandu)
          A povoação no Sul de Minas, teve início do final do século XVII e XVIII, com a chegada de bandeirantes e aventureiros, em busca de ouro na região. Antes, toda a região era habitada por diversas etnias indígenas, como os puris, tupinambás, tupiniquins e caianganges.
          Com a descoberta de ouro, começaram a chegar mais aventureiros e bandeiras, dando origem a formação de arraiais e vilas. Boa parte das primitivas povoações da região, são hoje, cidades. Entre elas, Itanhandu, cujo nome tem origem indígena. Na língua tupi, Itanhandu significa "ema de pedra", através da junção dos termos itá ("pedra") e nhandu ("ema").
Clima e natureza
          Cidade com grande potencial para desenvolvimento do turismo, principalmente rural e ecológico, em Itanhandu passa o Rio Verde, que nasce em Passa Quatro, na divisa com Itanhandu. Tem ainda o Rio Posses, Rio Itanhandu e Rio Vermelho, que banham as terras itanhanduenses. Esses rios, formam corredeiras, cachoeiras e poços de águas cristalinas, ótimos para banhos, pesca e prática de esportes radicais.
          Região de Mata Atlântica, cortada por vales, com clima tipicamente serrano e ameno, rodeada por serras e montanhas, variando entre 900 a 2665 metros, no ponto mais alto. 
          Itanhandu é um município de rara beleza natural. Sua fauna é riquíssima e sua flora como bromélias e florestas nativas, como de araucárias, exuberantes e impressionantes.
          A cidade é acolhedora, bem cuidada e atraente, seu clima, ameno e ar puro, lembra o clima europeu. As temperaturas no município variam entre 4 a 27 graus. Nos dias mais frios de inverno, as temperaturas ficam abaixo de zero grau e geralmente ocorre geadas nessa época. (fotografia acima: acervo/Setur)
Tradições, culinária, arquitetura e cultura
          Nos dias bem frios, as chaminés aquecem as casas e o tilintar da lenha no fogão, exala o delicioso sabor de nossas quitandas e o borbulhar dos nossos pratos típicos, nas panelas de ferro e barro. Dos quintais, sítios, fazendas e pomares de Itanhandu, saem café caipira, feijão, milho crioulo, morangos, queijos, doces, compotas, cachaças, linguiças, bolos, pães, biscoitos, roscas e outras iguarias da tradicional culinária mineira. (fotografia acima: acervo/Setur)
          O casario da cidade tem traços da arquitetura colonial e eclética do século XX. Boa parte desse casario e construções históricas são preservados e conservados, por serem de grande importância para a história, patrimônio e cultura da cidade. 
          Itanhandu é uma cidade que oferece uma boa qualidade de vida a seus moradores (na foto acima: acervo/Setur, a Praça Amador Guedes). Além de sua exuberante natureza, a cidade conta diversos bares e lanchonetes atraentes, além de restaurantes com a rica comida típica mineira. 
          Além disso, na cidade e zona rural do município, são realizados diversos eventos culturais, gastronômicos, folclóricos esportivos e festivos, durante o ano. 
          Itanhandu conta ainda com um comércio e indústria, variados, setor de serviços, eficiente, em destaque para a educação e principalmente, na área de saúde. Vale salientar que o hospital da cidade, conta inclusive com heliponto. 
          Encontra-se ainda na cidade, pousadas e hotéis charmosos e aconchegantes. Alguns desses hotéis e pousadas, tem serviços de guias.
Eventos culturais
Festival de Música
          Durante o ano, acontece na cidade, diversos eventos culturais, entre eles o Festival de Música de Itanhandu.
          Tradicional desde 1969, quando foi criado pelo Grêmio Literário e Estudantil Coração Eucarístico (GLECE), do Colégio Coração Eucarístico é um dos mais importantes festivais de música de Minas Gerais.
          Já na sua 34ª edição, o Festival, voltado para todos os gêneros da Música Popular Brasileira, atraí cantores e compositores de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Festas Juninas
          As Festas Juninas são especiais em Itanhandu. Organizadas pelas escolas da cidade, realizada na praça principal da cidade, o “Arraiá Du Sô João, como é chamado o evento, é uma das festas juninas mais participativas, tradicionais e originais da região.
A Semana Santa
         Cidade tradicional, Itanhandu valoriza e preserva suas tradicionais religiosas, presente nas principais festas do calendário religioso, como por exemplo, a Semana Santa.
          A comunidade se mobiliza por meses, nos ensaios e preparo dos figurinos, para vivenciar e encenar a Paixão de Cristo, com uma fidelidade e demonstração de fé na encenação, que emociona os presentes. É um evento tão importante para cidade que é reconhecido como Patrimônio Cultural de Itanhandu.
O Big Biker Cup
          Um evento de grande porte, que acontece na cidade é o Big Biker Cup. Trata-se de maratona nacional de mountain bike, realizado em 3 etapas, sendo que a primeira etapa, é em Itanhandu, a segunda em Taubaté/SP e a terceira, em São Luís do Paraitinga/SP. (na foto acima: acervo/Setur, momento da largada do Big Biker Cup em Itanhandu)
         São milhares de competidores, de todo o Brasil, competindo em diversas modalidades, percorrendo 94 km, pelas trilhas do “Caminho Velho da Estrada Real", “Caminho Religioso da Estrada Real”, “Caminho dos Anjos” e do Circuito Terras Altas da Mantiqueira.
          A largada é na Praça Amador Guedes. A primeira etapa do Big Biker Cup acontece geralmente em março de cada ano. A próxima, está agenda para 13 de março de 2022
Atrativos naturais
          Entre seus mais famosos atrativos naturais, está a Pedra da Embocadura; a Pedra da Preta; a Pedra da Poeira, a nascente do Rio Verde; o Pinicão, onde pode-se contemplar a beleza das pedras do Rio Verde; o Rancho da Pedra Branca, a Cachoeira do Vô Delfim.
          Tem ainda a Rota Eco Turística do Bom Sucesso, área rural da cidade, com forte tradição na cultura caipira e o poço formado pelas águas  Cachoeira da Esmeralda, na comunidade de Posses. As águas da cachoeira são limpas, cristalinas. O poço é um dos mais belos atrativos naturais do município (na foto acima: acervo/Setur).
          A Trilha Volta das Porteiras, é outro atrativo da cidade. É uma trilha com 25 km de estradas, por fazendas e belíssimas paisagens. Tem esse nome porque ao longo de seu trajeto, contava com 7 porteiras, hoje, substituídos por mata-burros. (fotografia acima de Patrícia Esther)
          Tem ainda a Trilha do Trem, que percorre o caminho da antiga linha de trem que passava no município (na foto acima da Patrícia Esther)
Comunidade Serra dos Noronhas
          Serra dos Noronhas é uma tradicional comunidade rural de Itanhandu. Seus moradores se dedicam ao cultivo, por exemplo, de hortaliças, verduras, frutas, doces, queijos, milho crioulo, feijão vermelho (na foto acima: acervo/Setur, a paisagem da comunidade e abaixo, o feijão vermelho). Todos, totalmente orgânicos.
           A vocação agrícola dos moradores do povoado passou a ser uma das mais interessantes rotas turísticas da região. (fotografia acima: acervo/Setur)
          Além disso, Serra dos Noronhas tem uma forte tradição culinária. Das cozinhas, fogões a lenha e fornos das casas da Vila, saem comidas e quitandas diversas, como queijo, doces, cachaças e biscoitos, além dos derivados do milho, como bolo, mingau, pamonhas, etc.
Festival Milho põe a mesa e o artesanato da Serra dos Noronhas
          Na mesma comunidade, acontece, na época da colheita do milho, em janeiro, o festival “Milho põe a mesa”, um café colonial com os mais autênticos deliciosos sabores que saem dos fornos das cozinhas das Serras Mineiras. (fotografia acima: acervo/Setur, as quitandas da Serra dos Noronhas e abaixo, o milho crioulo, milho comum e pamonha, da comunidade)
          Como o milho é tradicional na comunidade, o artesanato feito com a palha do milho, também é. São peças finíssimas, únicas e muito procuradas por apaixonados pelo artesanato mineiro.
          Ainda na comunidade, Serra dos Noronhas, o visitante pode contemplar o 4º maior Pico do Brasil, o Pico Pedra da Minas, com 2.797 metros e o Pico dos Três Estados, com 2.656 m. (na foto acima: acervo/Setur) Este último, fica na divisa de Itanhandu, Queluz/SP e Resende/RJ.
Atrativos urbanos de Itanhandu
          Além dos atrativos naturais, na cidade, encontra-se vários atrativos arquitetônicos. Em destaque, a Praça Amador Guedes, principal ponto de encontro e de eventos culturais e religiosos da cidade. (na foto acima: acervo/Setur)
          A Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, criada em 1927 é um dos símbolos da fé e religiosidade do povo itanhanduense. (na fotografia acima de autoria de Paulo Fontes)
          Além da Paróquia, tem a Igreja do Bom Sucesso, construída no início do século XX, na comunidade de mesmo nome. É também um dos símbolos da religiosidade e arquitetura do município. (na fotografia acima - acervo/Setur)
          Outro destaque, é o Conjunto Ferroviário Urbano de Itanhandu, formado pelo Pontilhão Ferroviário da antiga Estrada de Ferro Minas e Rio (na foto acima - Acervo/Setur), Viaduto dos Pedestres e pela antiga Estação Ferroviária, construído em 1943, onde funciona atualmente a Estação das Artes
Economia de Itanhandu
          A economia do município é bastante diversificada. Seu polo industrial é formado por indústrias de calçados, confecções de roupas e lingerie, sacolas plásticas, laticínios, peças para aeronaves, além de granjas.
          Em Itanhandu está instalado uma unidade do Grupo Mantiqueira, líder no setor de avicultura na América do Sul. A cidade é a maior produtora de ovos de Minas Gerais.
          A agricultura é outro destaque na economia de Itanhandu. São produzidos no município feijão, milho, morangos, cogumelos, cachaças, azeite de oliva, vinhos, sucos de uva, queijos, etc.
          O Azeite "Serra que Chora" (foto acima/Divulgação), produzido na cidade, é um dos melhores e mais premiados azeites do Brasil, reconhecidamente de alta qualidade, similar aos tradicionais azeites portugueses, espanhóis e gregos. Serra que chora é a tradução do nome indígena, para Mantiqueira.
Tradição queijeira de Itanhandu
          A cidade está numa região de forte tradição queijeira. É vizinha à Alagoa MG, cidade tradicional na produção de queijos, sendo o município, uma região queijeira oficial, reconhecida como “Queijo Artesanal de Alagoa.
          Itanhandu, juntamente com, Aiuruoca, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalhos, Itamonte, Liberdade, Passa Quatro e Pouso Alto, formam a Região Queijeira “Queijo Artesanal Mantiqueira de Minas”.
          São diversas queijarias no município, produzindo um dos mais finos e saborosos queijos mineiros, artesanal com sabor, qualidade e textura únicas e inigualáveis. (na foto acima, Queijaria 50/Divulgação)
          Além da produção de queijos artesanais de altíssima qualidade, as queijarias da cidade estão instaladas de acordo com as normais sanitárias vigentes. (na foto acima, o Empório Queijos Almeida Guimarães/Divulgação)
          A maioria recebe visitantes, com visitas agendadas. Contam com espaços atraentes, bem organizados, onde o turista pode degustar e adquirir diversos queijos, além de doces diversos. (na foto acima, queijo da Queijaria Barões da Mantiqueira/Divulgação)
          Das queijarias artesanais de Itanhandu, saem um dos mais saborosos e apreciados queijos do Sul de Minas, com destaque para os queijos da Queijaria 50, Queijaria Bonsucesso, Queijaria Barões da Mantiqueira e Empório Queijos Almeida Guimarães (na foto acima, o interior do Empório/Divulgação).
Queijo de leite de búfala
          Na Fazenda São Francisco, são criadas búfalas para a produção queijos, feitos no Laticínio Pérola da Serra, instalado na própria fazenda. (na foto acima - Pérola da Serra/Divulgão)
          No laticínio, são produzidos queijos artesanais finos, como mozzarella, queijo temperado, queijo em barra, parmesão, etc., feitos com leite de búfala. (foto acima/Divulgação, produtos feitos com o leite de búfala)
          O queijo Pérola da Serra, recebeu medalha de ouro no Concurso Nacional do Queijo de Búfala da Ilha de Marajó, em 2019, além de medalha de mérito de Grande Campeão Nacional e Reservado Grande Campeão. (na foto acima - Pérola da Serra/Divulgação, parmesão feito com leite de búfala e abaixo, o Minas Frescal de Leite de búfala)
          O queijo feito com leite de Búfala vem conquistando a cada dia, o paladar do brasileiro, por ser um tipo de queijo rico em proteínas, cálcio, ferro, fósforo, vitaminas A, C, B6 e B.
          Outro ponto positivo para a boa aceitação dos derivados feitos com leite de búfala, é o fato desse leite, não conter a beta-caseína A1. É essa proteína presente no leite de vaca, que desencadeia problemas no organismo, de quem tem intolerância à lactose, além de reações alérgicas.
Natureza e vida interiorana
          Estando entre as oito (Aiuruoca, Alagoa, Itamonte, Itanhandu, Passa Quatro, Pouso Alto, São Sebastião do Rio Verde e Virgínia), cidades que formam o Circuito Turístico Terras Altas da Mantiqueira, Itanhandu, está também inserida na Área de Proteção Ambiental da Serra da Mantiqueira (APA).
          A cidade recebe muito bem o turista que vem ao município mineiro. Em grupos, em casais ou famílias, os turistas vêm à cidade em busca de aventuras, práticas de esportes radicais, como boia-cros, montanhismo, jeepismo, moutain-bike, canoagem, voo livre, rapel, até mesmo a pé ou a cavalo, pelas trilhas da Mantiqueira. (fotografia acima - acervo/Setur, vista parcial da cidade)
          Para quem busca contato com a natureza e vivenciar a vida em uma típica, pequena e charmosa cidade do interior mineiro, Itanhandu é o lugar ideal.
          Por estar numa região montanhosa, cortada por rios, repleta de matas, nativas, vales e picos.
A cidade saudável
           Por sua excelente qualidade de vida, educação e serviços de saúde de boa qualidade, além de suas belezas naturais, ar puro e por sua tranquilidade, Itanhandu é conhecida como a "Cidade Saudável".
          Cidade aconchegante, com boa estrutura urbana, que permite uma qualidade de vida saudável ao seus moradores, Itanhandu, é uma das melhores cidades de Minas Gerais para se viver.
          Esta é Itanhandu: cidade pacata, tranquila, tipicamente mineira, acolhedora, de povo simples e hospitaleiro. (fotografia acima de autoria de Paulo Fontes)
          Visite Itanhandu! Estar em Itanhandu, é como estar em casa. O visitante se sente em casa.
(As fotografias que ilustram a matéria, foram enviadas pela Secretaria de Turismo de Itanhandu MG, através de Luís Gustavo, secretário municipal de Turismo e Cultura)

domingo, 24 de outubro de 2021

Passeando pela cozinha das cidades mineiras

(Por Arnaldo Silva) Mineiro é bairrista por natureza. Ama e valoriza sua cultura, história e principalmente, sua culinária, em todas as cidades de Minas. Vamos fazer um passeio pelas cozinhas mineiras:
          O mineiro pode estar no mais requintado e luxuoso restaurante, em qualquer lugar do mundo, vai procurar saber se tem comida mineira. A comida mineira faz falta ao mineiro. (fotos acima de Carlos Oliveira Stam, do projeto @igarapebemtemperado)
          Defende com garfos, facas, colheres, panelas, tachos e até com a lenha do fogão, a sua cozinha e a riqueza da culinária mineira, que aguça os mais finos paladares do mundo, há mais de 300 anos.
          Quer logo saber se o Feijão Tropeiro é igual ao do Mineirão. Mas se quer comer um tropeiro de verdade e original, tem que ser o de Morro do Pilar.
          Se o Tutu de Feijão é de Paracatu, o Frango com Ora-pro-nobis de Sabará, o Doce de Leite de Viçosa.
          Se vai experimentar Truta, tem que ser de Marmelópolis.
          Quando vai comprar queijo, quer logo saber se é da Canastra, de Alagoa, de Araxá, da Serra do Salitre, do Serro ou de Itapanhoacanga.
          Queijo do Reino, tem que ser o de Santos Dumont.
          Se for tomar vinho, quer logo saber se é de Três Pontas, Andradas, Caldas ou de Diamantina. Se for vinho de jabuticaba de Sabará e de Catas Altas, melhor ainda.
          Se o vinho for o tricentenário Vinho de Rosas do Mosteiro de Macaúbas, em Santa Luzia, nem se fala.
          Se falar em cachaça e não falar de Salinas, é um sacrilégio e se for direto do alambique, melhor ainda, como mostra a foto do Chico do Vale.
          Bar e boteco bom, para tira gosto de verdade, se não for em Belo Horizonte, é em Diamantina.
          O licor, tem que ser o de Itaipé. A cerveja, tem que ser artesanal, puro malte e de Nova Lima.
          Mineiro adora combinar. Se compra queijo, compra também o doce de leite Viçosa e a Goiabada Cascão de São Bartolomeu. Está vendo acima essa foto da Giselle Oliveira? Que combinação perfeita! 
          A rapadura tem que ser de Itaguara.
          O requeijão não tem como não ser o de Poços de Caldas e muito menos o Catupiry, que tem que ser de Lambari.
          Se quer comer churrasco, não pensa em outro senão o churrasco do Triângulo Mineiro, de todas as cidades da região. Sem contar o arroz com jurubeba e a galinhada com açafrão da terra e gariroba. 
          O Pão de Queijo? Tem que ser os que saem dos fornos de Paracatu, sem dúvidas alguma.
          Já os biscoitos, se não for de São Tiago,  de Caldas ou o de Areado, você não sabe o que é biscoito.
          O Rocambole, só se for o de Lagoa Dourada.
          O peixe tem que ser de Formiga e Lagoa da Prata.
Se for comer moqueca, não tem dúvidas, tem que ser a de Três Marias.
          Com certeza, bom mesmo, são os pescados e frutos do Cerrado do Noroeste e Norte de Minas, principalmente os das cidades ribeirinhas ao Rio São Francisco. Ai é bom demais!
          A farinha de mandioca, tem que ser de Montes Claros.
          O fubá de canjica, de moinho e a farinha de milho, bom mesmo, é o de Bom Despacho.
          A Carne de Sol, se não for de Mirabela, não é Carne de Sol.
          Se vai comer pastel, tem que ser de angu de Itabirito ou o pastel de fubá de Machado e melhor ainda, o pastel com marmelada e queijo de Delfim Moreira, ai acima na foto do Mateus Ribeiro.
          O café, mineiro não dispensa nunca. Se for de Alto Caparaó, Caparaó ou de Espera Feliz, melhor ainda.
          Da Carne na Lata, mineiro não abre mão. Tem que ser de São João Batista do Glória ou de Piacaba.
          Se quer provar pé-de-Moleque, tem que ser o de Piranguinho, o morango do Sul de Minas e a mexerica, de Belo Vale.
          A melhor pamonha, seja doce ou salgada, é a de Patos de Minas. O mundo inteiro sabe disso.
          Bolo de Fubá bom mesmo é o assado na brasa e tem que ser o feito em Congonhas do Campo. Mas o João-deitado de primeira, esse bolo ai acima, fotografado pela Luci Silva. Ele é enrolado na folha de bananeira e assado no forno de barro. O Desterro de Entre Rios, é imperdível.
          Se o mineiro quer comer aqueles pratos dos mais saborosos com carne de porco, como por exemplo, o lombo com tutu, não resiste e vai para Tiradentes ou Congonhas do Campo.
          Para adoçar a vida, o mel tem que ser de Itamarandiba.
          Já o pequi tem que ser de Montes Claros ou de Japonvar e o feijão-de-corda também.
          O frango com quiabo e angu, se for de Diamantina, melhor ainda.
          De sobremesa, o doce de abóbora de Desterro de Entre Rios, esse acima, feito pela Luci Silva. Além da ambrosia do Serro, do doce de mamão de Malacacheta, do doce de figo de Araxá e da marmelada de São João do Paraíso, de Marmelópolis ou Delfim Moreira.
          Por falar em Delfim Moreira, nessa cidade do Sul de Minas, tem uma relíquia culinária, que é patrimônio imaterial da cidade, que poucos mineiros conhecem. A sopa de marmelo. Quem experimentou, garante, é divina!           
          Se vai para o Vale do Jequitinhonha, não resiste em saborear o famoso arroz com pequi, a farofa de andu, a carne de sol com mandioca, a paçoca de carne, a canjiquinha e o frango caipira. E ainda traz, como lembrança, o artesanato em barro do Jequitinhonha. (esse prato com pequi acima foi preparado pela Márcia Rodrigues, de Felício dos Santos MG)
          Se vai para Zona da Mata, em qualquer cidade, não resistirá ao Frango com palmito brejeúba e a moqueca de cascudo.
          A água mineral tem que ser de Lambari, São Lourenço, Araxá, de Cambuquira ou de Caxambu.
          E mesmo assim, esteja onde estiver, o mineiro vai querer saber se na cozinha tem fogão à lenha e se a comida foi feita em panela de pedra sabão de Ouro Preto. Com certeza vai. Igualzinho na foto acima do Chico do Vale.
          Ah, a panela tem que ser curada. Se não for, a comida não presta.
 
          A cozinha mineira não é apenas famosa no Brasil, é uma referência mundial. É mais popular no exterior, que a própria culinária brasileira, em geral. (na foto acima, a deliciosa cozinha do Restaurante Jeitinho Mineiro/@restaurantejeitinhomineirosrj, em Santa Rita de Jacutinga MG)
          Em qualquer país, se perguntar quais os pratos conhecidos da culinária brasileira, com certeza, o queijo, a cachaça, o pão de queijo, os biscoitos, o tutu de feijão, o feijão tropeiro, o frango com quiabo, o doce de leite, dentre outros, com certeza, serão lembrados.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Sotaque dos mineiros é o mais atraente do Brasil

(Por Arnaldo Silva) Sotaque ou dialeto, é uma forma de expressão de determinados grupos e regiões. Caracteriza-se por alterações no ritmo das falas, construções de frases e pronúncias de palavras diferentes do idioma tradicional, formadas pela união de culturas, costumes e línguas de povos e etnias diferentes. É a maneira como falamos e expressamos nosso jeito de ser, de acordo com as influências de vários povos na língua oficial, ao longo da formação de uma determinada região ou comunidade.
          É o caso do Brasil, que desde o seu descobrimento, recebeu influências na culinária, cultura, religiosidade e formação social, de vários povos, de vários continentes, como africanos, indígenas, latinos, orientais e europeus.
          Uma das maiores influência desses povos, está na formação das características linguísticas do brasileiro. Essas características são facilmente percebidas em todos os estados do Brasil.
          Mesmo quem garante que não tem sotaque ou dialeto, ao viajar pelo Brasil, percebe a diferença do português e expressões, faladas em sua região, com de outros estados. Expressões regionais que muitas das vezes, são de difícil compreensão, necessitando, inclusive, de tradução, para quem não é da região.
          Isso porque os sotaques e dialetos regionais, são formados ao longo de décadas e até séculos, devido a influências de diversos idiomas africanos, indígenas e europeus, presentes no jeito de escrevê-las e pronunciá-las, passando a ser um jeito próprio de expressão de determinado povo ou comunidade.
          Vivemos num país continental, com influência de povos diversos na língua portuguesa, em todas as regiões. Isso faz com que o português falado no Brasil, seja bem diferente, do português, original, de Portugal.
          Influências estas que mudaram o jeito de falar e expressar, e até mesmo, criando expressões características a cada região, como as faladas nos estados do Sul do país, região que conta com forte presença de descendentes de imigrantes vindos de países do Leste Europeu, da Alemanha, Itália, Hungria, Polônia, etc.
          Em São Paulo, estado que recebeu um grande número de imigrantes, principalmente, europeus, tem na definição de seu sotaque, forte influência desses povos, principalmente, italianos. Já o Norte do país, que teve menos contato com imigrantes europeus, durante a colonização, predomina no sotaque, as expressões das línguas indígenas, com a língua portuguesa.
          A formação do sotaque nordestino teve influência africana, indígena, portuguesa e holandesa. Já o sotaque falado no sertão do Brasil, a Região Centro Oeste (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul), teve influência de migrantes brasileiros vindos do Nordeste, Sul do país, Minas Gerais e São Paulo, no século XX, para trabalharem na agricultura, abertura de estradas e na construção de Brasília.
          A presença dos migrantes brasileiros no sertão brasileiro, deu origem a formação do dialeto sertanejo. Esse dialeto é mais acentuado no sudoeste, centro-sul e leste de Mato Grosso, no noroeste do Mato Grosso do Sul, no centro-oeste de Goiás e em partes do Triângulo Mineiro e Oeste de Minas Gerais.
          O sotaque carioca é o que mais se aproxima do português de Portugal. Isso porque, o Rio de Janeiro foi sede da corte portuguesa entre 1808 e 1821. Com a corte portuguesa, vieram milhares de portugueses para a cidade, o que influenciou em muito a formação do tradicional sotaque carioca.
O sotaque mais atraente do Brasil
          Com tantos sotaques diferentes, existe no Brasil um sotaque melhor e mais atraente que o outro? A resposta é sim.
          O sotaque mais atraente do Brasil é o sotaque mineiro. É o que garante pesquisa feita com cerca de dois mil usuários do aplicativo de namoro Happn.
          O resultado da pesquisa do aplicativo Happn, divulgado em outubro de 2021, aponta 5 sotaques brasileiros, entre os mais atraentes do país.
- Em primeiro lugar, com 35% está o sotaque mineiro.
- Em segundo lugar, com 33%, está o sotaque gaúcho
- Em terceiro lugar, com 27%, está o sotaque paulista.
- Em quarto lugar, com 25%, está o sotaque carioca
- Em quinto lugar, com 17%, o sotaque pernambucano.
          Considerado o melhor sotaque do Brasil é agora, confirmado pela pesquisa do site Happn, o mais atraente também.
Origem do sotaque mineiro
          Minas é um estado diversificado, rico em cultura e tradições, com sotaque formado pela influência africana, indígena e portuguesa no XVIII e também, por brasileiros que vieram dos estados do Sul do país, do Sudeste, Norte, Centro Oeste e Nordeste, durante o Ciclo do Ouro.
          Além desses povos, o sotaque mineiro adquiriu expressões de outros povos, que vieram para o Estado no século XIX, como ingleses, italianos, dinamarqueses, letões, alemães, espanhóis, franceses, latinos, dentre outros povos. O dialeto mineiro é uma mescla da língua portuguesa com todos esses povos.
          Por isso que dizemos sempre que Minas é o Brasil e o mundo dentro da gente.
          A influência desses povos em Minas Gerais, não originou um sotaque apenas, mas vários, presentes em todos as 12 regiões mineiras.
          Dialeto mineiro não tem nada a ver com o dialeto caipira, falado no interior de São Paulo, Sul de Goiás, Norte do Paraná e parte do Sul de Minas Gerais, na divisa com São Paulo. O dialeto caipira foi caracterizado e sua região de influência, definida, a partir de 1920, quando foi lançada a obra “O Dialeto Caipira”, do escritor, filólogo, ensaísta, poeta e folclorista, Amadeu Amaral.
          As características atuais do jeito mineiro de falar, como encurtar frases e palavras, além de usá-las no diminutivo e a criação de palavras e expressões fonéticas típicas do jeito mineiro de falar, foram definidas ainda no século XIX.
          O dialeto ou sotaque mineiro, era chamado, em sua origem, de Dialeto Montanhês. O sotaque mineiro tem origem na Região Central Mineira. O Montanhês compreendia ainda as regiões do Quadrilátero Ferrífero, a Região da Grande Belo Horizonte e Centro Oeste de Minas. Com o passar do tempo, o Montanhês foi se expandindo para as regiões do Alto Paranaíba, Oeste de Minas, Campo das Vertentes e partes da Região do Sul de Minas, Triângulo Mineiro e Vale do Rio Doce e Mucuri.
          A região Central Mineira se caracteriza por suas imensas montanhas. Os que habitavam nessa região, nos séculos XVIII e XIX, eram chamados de montanheses, por isso, o sotaque falado nessa região, era chamado de Montanhês. Com a expansão do sotaque para os rincões de Minas Gerais, de Montanhês, passou para Mineirês, atualmente.
          Em outras regiões mineiras, o sotaque mineiro recebeu influências dos estados de divisas, mesclando o Montanhês, com o sotaque desses estados.
          É o caso do Sul de Minas e Triângulo Mineiro, na divisa com São Paulo. Nessas duas regiões, o estilo original do sotaque montanhês é mesclado com estilo caipira, principalmente na pronúncia do “R”.
          O sotaque mineiro falado Sul de Minas, na divisa com o Rio de Janeiro e Zona da Mata, sofreu forte influência do sotaque carioca.
          Já o sotaque mineiro falado no Noroeste de Minas, na divisa com o Sul de Goiás, tem influência do sotaque caipira, dessa região goiana. Nas regiões Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha, fala-se o sotaque mineiro, mesclado com o sotaque baiano, o chamado “baianês”.
          “Minas são muitas. Porém, poucos são aqueles que conhecem as mil faces das Gerais”, já dizia o escritor mineiro, Guimarães Rosa.
(As imagens que ilustram a matéria são trabalhos feitos pela artesã Thalyta Moreira/@amoreira_loja, de Divinópolis MG)

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Cantos e encantos da Vila Cipó na Serra do Cipó

(Por Arnaldo Silva) Um fim de semana na Serra do Cipó é algo indescritível. É uma das mais belas paisagens do Brasil. Subir a serra e conhecer todas as suas belezas, é uma experiência única. 
          Quando se fala em Serra do Cipó, vem logo à mente a estátua do Juquinha, a Cachoeira Véu da Noiva, Lapinha da Serra e Cachoeira Grande. Lugares maravilhosos, mas a Serra do Cipó não se resume apenas a esses lugares.(na foto acima de Alexa Silva/@alexa.r.silva, o charmoso casario da Vila Serra do Cipó)
A Vila Colonial do Cipó
          Além de sua beleza cênica, na Serra do Cipó encontra-se povoados e vilas coloniais que compõem o charme e beleza da serra. Vilas com história e históricas. Ricas em cultura, tradições e gastronomia típica mineira. Uma dessas vilas, em destaque, é Cardeal Mota, hoje com o nome de Serra do Cipó, distrito de Santana do Riacho. (fotografia acima de Alexa Silva)
          Com pouco mais de 2 mil habitantes, a pitoresca e charmosa Vila de Cardeal Mota, foi elevada a distrito, subordinada a Santana do Riacho em 30 de dezembro de 1962. Em 12 de maio de 2003, Cardeal Mota tem o nome mudado para Serra do Cipó. É popularmente chamada de Vila Cipó. (na foto acima de Tom Alves/@tomalvesfotografia, a beleza da Serra do Cipó e ao fundo, um pouco do casario da vila homônima)
          A vila é pacata, com um casario charmoso e seu povo muito acolhedor. No distrito, as tradições folclóricas e religiosas mineiras, são preservadas. (na foto acima de Alexa Silva/@alexa.r.silva, a capela da Vila Cipó)
          A MG-010, liga o distrito de Serra do Cipó à Região Metropolitana de Belo Horizonte e Conceição do Mato Dentro. O acesso é fácil. De Belo Horizonte à Serra do Cipó são cerca de 100 km. De Conceição do Mato Dentro, são 67 km de distância.
          
Carregando o nome de um dos mais importantes parques nacionais do Brasil, o distrito de Serra do Cipó é um dos principais atrativos culturais, gastronômicos e ecológicos da região. São trilhas, cânions, cachoeiras que formam paradisíacas piscinas naturais, de águas cristalinas, além de morros e montanhas, muito usadas por trilheiros, mochileiros e praticantes de esportes de aventuras para escaladas. (fotos acima de Rodrigo Firmo/@praondevou)
          Na área da Vila Serra do Cipó, o turista encontra áreas para camping muito bem estruturadas e ótimos hotéis, pousadas e restaurantes com comidas típicas, além de belíssimas paisagens rurais.
A Serra do Cipó
          A Serra do Cipó, na Região Sul da Serra do Espinhaço, logo após Lagoa Santa MG, fica no divisor de águas das bacias hidrográficas dos rios São Francisco e Rio Doce. Abrange os municípios de Jaboticatubas, Conceição do Mato Dentro, Morro do Pilar, Itambé do Mato Dentro, Itabira, Nova União e Santana do Riacho. Esta última, considerada a “porta” de entrada para a Serra do Cipó. Esses municípios estão dentro do Parque Nacional da Serra do Cipó. 
          Na década de 1970, a Serra do Cipó era um parque estadual, tendo sido transferido posteriormente para o Governo Federal, oficializada em 25 de setembro de 1984, passando a ser um parque nacional. O objetivo era para proteger toda a riqueza da fauna, já que na Serra do Cipó, concentra uma das maiores biodiversidades do mundo. São cerca de 1700 espécies já registradas.
          Na Serra do Cipó encontra-se uma variedade espécies de nossa fauna, muitas em extinção, além de riquíssima flora, com algumas espécies, somente encontradas ali. A riqueza da flora da Serra do Cipó, formada pelos biomas Cerrado e Mata Atlântica, é tão impressionante, que a Serra é conhecida como o Jardim do Brasil. São cerca de 34 mil hectares em 154 km2 de área. (fotografia acima de Tom Alves/@tomalvesfotografia)
          Uma das belezas naturais da Serra do Cipó é o Rio Cipó, que nasce na região. Seu traçado é todo em curvas, lembrando um cipó. Por isso o rio passou a ter esse nome e por fim, a serra passou a se chamar Serra do Cipó. (fotografia acima de Tom Alves/@tomalvesfotografia)
O Juquinha
          Quem vai ao distrito, se interessa logo em conhecer e fotografar a estátua do “guardião da Serra do Cipó”, o lendário Juquinha. Seu nome de batismo era José Patrício. Juquinha, como era chamado pelo povo era um ermitão que convivia com as flores e planas da região. Sempre com um sorriso no rosto, muito gentil para com os visitantes, coletava flores e as vendia aos visitantes. Ou mesmo, dava as flores que colhia, em troca de carona para subir a serra ou mesmo por comida ou alguma ajuda. (fotografia acima de Tom Alves/@tomalvesfotografia)
          Cativava todos com sua simplicidade e sorriso singelo. Morreu em 1983, tendo sido imortalizado em estátua na Serra do Cipó, por sua importância para a região, sua história de vida, cercada por lendas e por seu carisma. 
          A estátua do Juquinha, foi feita pela artista plástica Virgínia Ferreira, em 1987, instalada no local onde Juquinha viveu, as margens da MG-010. Uma imagem icônica, inusitada, retrata com maestria um dos personagens, considerado patrimônio de Minas. Segundo consta, apenas uma imagem com as características similares à do Juquinha, existe no mundo. Fica na Espanha.
          Ao longo dos anos, Juquinha recebeu novas homenagens, sendo imortalizado em outras estátuas, na Vila de Serra do Cipó (na foto acima de Alexa Silva/@alexa.r.silva)
          Em Serra do Cipó, a Venda do Zeca é um dos pontos quase que obrigatórios para visita. Fundada no início do século XX, a Venda do Zeca preserva toda sua originalidade. Estar na venda, é uma volta ao tempo. É uma das mais antigas vendas do Brasil. É armazém, mercearia e boteco, ao mesmo tempo. (fotografia acima  de Tom Alves/@tomalvesfotografia)
          Na venda do Zeca encontrará de tudo. Miudezas, mantimentos, brinquedos, aviamentos, doces, balas. Tudo que precisar, da mesma forma de antigamente. Tem ainda os deliciosos petiscos, que o freguês pode saborear na área em frente à venda, ao ar livre (na fotografia acima de Nacip Gômez e abaixo da  Alexa Silva/@alexa.r.silva o portal de entrada da Vila)
          Além dos sabores da boa mesa mineira, presente no distrito de Serra do Cipó, a cultura, belezas naturais, o turista encontrará na pequena vila, um pouco do cotidiano, jeito de ser, viver e falar do povo mineiro e claro, conhecerá de perto uma das maiores identidades de Minas Gerais, a nossa hospitalidade.

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

A Rota do Queijo e do Azeite de Alagoa

(Por Arnaldo Silva) No Sul de Minas, entre as montanhas da Serra da Mantiqueira, com altitudes que variam de 1200 a 1600 metros,  uma pequena cidade, com apenas 2.657 habitantes, estimado pelo IBGE, em 2021, vem se destacando no Brasil e mundo.  
          Essa cidade é Alagoa. A pequena cidade está a 420 km de Belo Horizonte, fazendo divisa com Itamonte, Aiuruoca, Baependi e Bocaina de Minas. 
          Embora tenha sido elevada à cidade emancipada em 28 de dezembro de 1962, sua história começa bem antes, por volta de 1710, no século XVIII, com a chegada à região de bandeiras, em busca de ouro. (fotografia acima de Rildo Silveira, a vista parcial de Alagoa MG)
          Na região, os bandeirantes encontraram uma lagoa com cerca de 3 km de extensão. Em seu leito, encontraram o tão procurado ouro. A lagoa que tinha ouro começou a atrair gente para a região. Com o passar do tempo, um povoado foi se formando, tendo como referência, a lagoa. O povoado passou a ser chamado de "A Lagoa". Com o passar do tempo, o A se juntou ao Lagoa e ficou, Alagoa, passando a ser o nome da cidade. A lagoa que deu nome à cidade, não existe mais e o que atrai hoje pessoas à cidade, não é mais o ouro.
          Cidade pacata, tranquila, charmosa e atraente, seu povo é gentil e muito acolhedor, a pequena cidade, faz parte do Caminho Velho da Estrada Real. (fotografia acima de Henrique Feitosa/arquivo QUEIJO D´ALAGOA-MG)
          Semanalmente, turistas vindos de todos os lugares do Brasil e de outros países, como Alemanha, França e Luxemburgo chegam à cidade. Vem em grupos ou em casais. De carro, em vans e até mesmo, em ônibus. (na foto acima, turistas frances e alemães passeando por olivais e abaixo, selfie feito por Osvaldo Filho, com ônibus de turistas na porta da QUEIJO D´ALAGOA-MG)
          O que tem nessa pequena cidade típica do interior mineiro que atrai tanta gente? Em sua origem, o ouro era o atrativo da cidade. Hoje não. O amarelo do ouro foi substituído, por tradição, pelo amarelo dos queijos curados e pela cor dourada do azeite. São os queijos e azeites que atraem os visitantes à Alagoa MG.
          O ouro de Alagoa MG não é mais o precioso metal. Hoje, a cor dourada do reluzente metal, reluz nos azeites e queijos produzidos na cidade. É o seu queijo e o seu azeite que desenvolve a economia da cidade, gerando emprego e renda e ainda, atraindo turistas para a cidade. O queijo e o azeite são os novos ouros de Alagoa MG (na foto acima de Erasmo Pereira/Epamig, o dourado do azeite e abaixo a cor dourada dos queijos na queijaria da QUEIJO D´ALAGOA-MG).
          A tradição queijeira de Alagoa MG surgiu no final do século XIX e início do século XX, com a chegada ao Sul de Minas de famílias de imigrantes europeus, como alemães, dinamarqueses e italianos. Pelas mãos de uma dessas famílias, Paschoal Poppa e Luíza Altomare Poppa, profundos conhecedores da arte da fazer queijos, em seu país, Itália, começou a história e tradição dos queijos em Alagoa.
          A tradição queijeira de Alagoa é tão forte e sólida, que a pequena cidade, é uma região queijeira reconhecida pelo Governo de Minas, como região produtora de Queijos Artesanais.
          Tradição, história e um queijo único e inigualável. O sabor, textura e modo de fazer desse queijo, são único, não tem igual em lugar algum no mundo. Por isso, Alagoa, foi oficialmente reconhecida como região queijeira mineira, produtora do "Queijo Artesanal de Alagoa".
          Há anos que o Queijo Artesanal de Alagoa vem conquistando gostos e paladares dos mineiros, brasileiros e do mundo. São premiações estaduais, nacionais e internacionais conquistas pelos queijeiros alagoenses, como no Mondial du Fromage, na França.
          Além do queijo, o azeite é outra tradição da cidade, já que o clima e altitude, favorecem o cultivo de oliveiras e consequentemente, na produção de azeites de qualidade. O azeite de Alagoa é comparado aos melhores azeites europeus, como os espanhóis, por exemplo.
          Estar dentro de uma queijaria, caminhar por olivais, respirar o ar puro das montanhas mineiras e vivenciar a vida numa típica cidade do interior mineiro, são os motivos que vem atraindo gente de todo o mundo para a Alagoa MG.
          Com o reconhecimento dos queijos produzidos na cidade, bem como, dos azeites, turistas começaram a visitar a cidade com mais frequência e de forma crescente.          
          Percebendo isso e conhecendo o potencial turístico da cidade, a Queijaria QUEIJO D´ALAGOA MG, dirigida pelo Osvaldo Filho, criou a Rota do Queijo e do Azeite, em 2016.
          Produzindo queijos finos e de altíssima qualidade, a queijaria alagoense é uma das mais premiadas do Brasil, tendo sido uma das pioneiras em vendas de queijos pela internet. Em 2014, QUEIJO D´ALAGOA, pela sua atuação no divulgação do turismo, recebeu o prêmio MG Turismo, além de premiações em diversos concursos nacionais e internacionais de queijos, com medalhas de super ouro, ouro, prata e bronze. Recentemente, foi premiada com duas medalhas de prata no Mondial du Fromage, realizado na França.
          Além disso, a QUEIJO D´ALAGOA-MG, venceu o TripAdvisor Travgeler´Choice 2021, recebendo ótimas avaliações nos últimos 12 meses dos usuários TripAdvisor, a maior plataforma de viagens do mundo. Com esta eleição, a queijaria passou a integrar
o seleto grupo de 10% das melhores atrações do Mundo, da plataforma.
          A criação da rota, desde sua criação em 2016, contribui enormemente para o aquecimento da economia e incremento do turismo, não só em Alagoa, mas nas cidades vizinhas.
          São pessoas e grupos que vem à cidade para conhecer os queijos e azeites, tendo ainda o privilégio de conhecer Alagoa MG e suas belezas naturais. A visita à Rota do Queijo e do Azeite, foi inclusive recomendada pela Revista Forbes.
          A Rota do Queijo e do Azeite é guiada, sob a responsabilidade da guia Sophia Diniz. O turista faz um tour pela cidade, pela loja física da QUEIJO D´ALAGOA MG, pelas fazendas Cauré e 2M, além de degustação de queijos e azeites no Restaurante Dona Inês. Todo o roteiro inclui duas diárias completas em charmosas pousadas de Alagoa MG, além de traslado. 
          O roteiro é feito em dois dias, começando pela queijaria QUEIJO D´ALAGOA-MG. Localizada no topo da Mantiqueira, entre 1520 a 1600 metros de altitude, a queijaria, segue os rígidos padrões higiene e manejo de gado. 
          O visitante, conhece o passo a passo da produção do queijo artesanal de Alagoa, bem como, terá o prazer de contemplar a impactante vista em redor da queijaria, como por exemplo o Pico do Santo Agostinho, com 2377 metros de altitude, no Parque Estadual Serra do Papagaio.
          Além de conhecer a queijaria e a loja física, instalada no Centro da cidade, no roteiro está inserido a visita à Fazenda 2M, no bairro Rural de Companhia e Fazenda Cauré, onde é extraído o Azeite Prado & Vasquez. 
          Na Fazenda Cauré, o turista, além de conhecer o processo de produção de azeite, pode passear pelos olivais, além de poder colher frutas de época, nos pomares da fazenda.
          O azeite Prado & Vasquez, premiado na Expo Oliva da Espanha recentemente, é considerado um dos melhores do Hemisfério Sul. Com acidez de apenas 0,2%, é comparado, inclusive, aos melhores azeites europeus, em qualidade e sabor.
          O turista é levado até o Restaurante Dona Inês para degustar as variedades de azeites, harmonizados com os diversos tipos de QUEIJO D´ALAGOA MG. Em seguida, vem o almoço, com pratos típicos da culinária mineira.
          A visita à queijaria e Fazenda Cauré, bem como a degustação de queijo e azeite é feita na parte da manhã. Na parte da tarde, os turistas são levados à Fazenda 2M, parceira do QUEIJO D´ALAGOA-MG, onde são acolhidos e muito bem recebidos pela Mestre Queijeira, Dona Dirce, seu esposo, "seu" Márcio e seus filhos, Caik e Luan. 
          Na Fazenda 2M, o turista conhecerá a queijaria, bem como tomará um delicioso café colonial, na varanda do casarão da fazenda, situada a 1.525 metros de altitude, com um vista espetacular da Serra da Mantiqueira.
          Os queijos produzidos na Fazenda 2M são de altíssima qualidade, se destacando com diversas premiações nacionais e internacionais, como Super Ouro no III Prêmio Queijo Brasil - Queijo Faixa Dourada, ouro no Mundial do Queijo em Araxá, além de 3 premiações no Mondial Du Fromage, na França.
          A Rota do Queijo e do Azeite, pode ser feita em qualquer dia da semana por casais, famílias ou grupos de pessoas, com agendamento prévio, com a Guia de Turismo,Sophia Diniz. O contato da Guia é (35) 09987 4570 (Whatsapp)
          Na loja da QUEIJO D´ALAGOA-MG, além da simpatia do Osvaldo (na foto acima) e família, tem os queijos e a criativa decoração do lugar, com frases queijísticas bem atraentes.
          Uma dessas frases, diz muita coisa: “Fui pra Minas Gerais em busca de felicidade e voltei com um monte de queijos”.
          Quem vem à Minas, não esquece jamais, volta e com certeza, o queijo vai na mala, com a emoção de ter conhecido um pouco de Minas Gerais, através da Rota do Queijo e do Azeite.
Fotografias enviadas por Osvaldo Filho da QUEIJO D´ALAGOA-MG. exceto a fotografia de Rildo Silveira e Eramos Pereira, que foram ilustrações nossas.

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