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terça-feira, 20 de julho de 2021

São Francisco: a cidade do pôr-do-sol

(Por Arnaldo Silva) São Francisco é uma tradicional cidade mineira, às margens de um dos mais importantes rios brasileiros, o Rio São Francisco, no Norte de Minas. A cidade que herdou o nome do rio e do santo, é uma das mais atraentes e charmosas cidades turísticas de Minas Gerais.
          O Rio São Francisco, além de dar nome à cidade, movimenta o turismo local, bem como, a economia, já que boa parte do sustento das famílias ribeirinhas, vem da pesca, do artesanato e do turismo, que as águas do Velho Chico, propicia. (na foto acima Márcio Pereira/@dronemoc, o Rio São Francisco e a cidade)
Breve história
           A cidade de São Francisco, tem origens na primeira metade do século XIX, com a formação de um povoado na Fazenda Pedras de Cima, de propriedade de Domingos do Prado e Oliveira. (fotografia acima de @dronemoc, o por do sol na cidade)
          O povoado se chamava Pedras de Cima, anos depois, mudou o nome para Pedras dos Angicos, depois para São José das Pedras dos Angicos, mais tarde para São Francisco das Pedras e por fim, em homenagem ao Rio São Francisco, passou a se chamar, em definitivo, São Francisco.
          Em de 5 de novembro de 1877, São Francisco foi elevada à cidade emancipada, sendo hoje, uma das mais importantes cidades ribeirinhas.
A cidade banhada pelo Velho Chico
          São Francisco conta atualmente com cerca de 52.762l habitantes, segundo Censo do IBGE em 2022. É a 4ª maior população do Norte de Minas. O município está a 589 km de Belo Horizonte e faz divisa com Januária, Chapada Gaúcha, Pintópolis, Icaraí de Minas, Luislândia, Brasília de Minas, Japonvar e Pedras de Maria da Cruz. (na foto acima de Márcio Pereira/@dronemoc, o Rio São Francisco, os pescadores e a cidade ao fundo)
          A cidade oferece uma boa qualidade de vida a seus moradores. Sua topografia é plana, e suas ruas, arborizadas, largas e espaçosas. Na cidade podem ser encontradas belas praças, em destaque para a Praça do Centenário, arborizada e com belos jardins e um variado comércio em seu entorno. (na foto acima de Márcio Pereira/@dronemoc) A economia de São Francisco tem como base o turismo, a piscicultura, a agropecuária e reservas naturais, como de gás natural.
          São Francisco oferece com uma boa rede hoteleira e vários restaurantes, que oferecem pratos típicos da culinária mineira, do Cerrado Mineiro e também, pratos feitos com peixes de água doce. (na fotografia acima de Márcio Pereira/@dronemoc, a Rodoviária da cidade)
          Conta ainda com uma boa rede de prestação de serviços, um comércio variado, bons índices de segurança pública, nível educacional muito bom, contando inclusive com cursos superiores e técnicos, além de uma boa estrutura urbana. (na foto acima do @dronemoc, vista parcial da cidade)
          O grande destaque da cidade é o turismo, devido a posição estratégica de São Francisco, às margens do rio São Francisco com o privilégio de contar com as praias que se formam na margem esquerda do rio. (na foto acima, de Márcio Pereira/@dronemoc, o rio e a cidade, em sua margem) Nessa margem, próximo as praias naturais, encontra-se diversos bares, com bebidas e comidas típicas, com diversos pratos e tira gostos, feitos com peixes do Rio São Francisco.
          A cidade guarda ainda relíquias do século XIX, presentes em sua arquitetura, como vários casarões, coloniais como a Casa dos Cassi, construída por escravos e igrejas seculares, com destaque para a Igreja de São Félix, erguida na segunda metade do século XIX. Essa igreja guarda imagens de São Félix e de Santo Antônio, vindas de Portugal. (fotografia acima de Márcio Pereira/@dronemoc)
          Com São José como padroeiro, São Francisco tem na Igreja de São José, datada de 1890, um de seus maiores destaques. Imponente e majestosa, com torre principal de frente para o Rio São Francisco, a Igreja compõe um cenário perfeito, com o Velho Chico. (foto acima e abaixo de Márcio Pereira/@dronemoc)
          A arquitetura da Igreja, o Rio São Francisco e o pôr do sol, formam um triângulo de rara beleza, principalmente na parte da tarde, quando os raios do sol estão mais fortes, refletindo com mais intensidade na torre da Igreja, tornando-a mais atraente e reluzente. Uma espetacular união do símbolo da fé são-franciscano, com as águas do rio e a beleza dourada do fim da tarde e pôr-do-sol.
          São Francisco é conhecida como a cidade do pôr-do-sol. O fim da tarde em São Francisco é considerado um dos maiores espetáculos naturais de Minas Gerais. (fotografia acima e abaixo de Márcio Pereira/@dronemoc)
          “E a famosa cidade de São Francisco, a quem o rio olha com tanto amor”, já dizia Guimarães Rosa, ao admirar a beleza do pôr do sol na cidade. É incrível e um dos pores-do-sol mais fotografados e impressionantes espetáculos naturais de Minas Gerais. E a cidade valoriza esse show da natureza, com pontos de observação. Um desses pontos, é o cruzeiro da Matriz de São José.
          A balsa que faz a travessia diária de uma margem a outra do Rio São Francisco e barcos de pescadores, são atrativos para moradores e turistas, além de restaurantes com comidas típicas, bares pela cidade e clubes de pescas. (fotografia acima de Márcio Pereira/@dronemoc e abaixo de Gilberto Coimbra, a praia pluvial de São Francisco)
          Durante o ano, acontecem vários eventos culturais, folclóricos, agropecuários e religiosos, com destaque para a Semana Santa, Natal, Folia de Reis, a Festa de Santo Antônio, Festa de São Gonçalo e a celebração da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro, dedicado a Padroeira do Brasil. O dia de Nossa Senhora Aparecida, é, atualmente, um dos maiores eventos religiosos da cidade.
          Tem ainda o Carnaval, as micaretas, as festas Juninas e outros eventos populares. Em São Francisco, os principais eventos da cidade são realizados no Parque de Exposições e no “Cimentão”, um enorme espaço aberto, na área central da cidade. (fotografia acima e abaixo de Márcio Pereira/@dronemoc)
          O artesanato é uma das mais antigas tradições da cidade. Feito de forma primitiva, usando apenas matéria prima extraída da natureza, as peças artesanais retratam as crenças e o folclore local.
          O artesanato de São Francisco é uma mescla da arte indígena, africana e portuguesa, preservada em sua origem, com destaque para o artesanato feito na comunidade quilombola Buriti do Meio e as famosas “carrancas”, feitas pelos artesãos que vivem nas comunidades ribeirinhas. 
          São Francisco, carinhosamente chamada de São Chico (na foto acima de Márcio Pereira/@dronemoc) é uma cidade tranquila, seu povo é acolhedor e hospitaleiro. O visitante é bem-vindo. Conheça São Francisco, a cidade te espera de braços abertos!

sábado, 17 de julho de 2021

A Região Queijeira Diamantina

(Por Arnaldo Silva) Minas Gerais conta atualmente com 11 microrregiões queijeiras, reconhecidas pelo Governo Mineiro, com várias queijarias nessas regiões, já regulamentadas, de acordo com as normais sanitárias da Seapa/MG e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
          As queijarias já regulamentadas, recebem o selo de Identidade Geográfica (IG) e o Selo Arte (SA), expedido expedidos pelos órgãos sanitários estaduais e federais. Isso permite a comercialização dos produtos em todo o Estado e também, em todo o Brasil. (fotografia acima de Giselle Oliveira)
          As regiões queijeiras mineiras, reconhecidas pelo Governo de Minas Gerais, como produtoras de queijos artesanais atualmente são: Canastra, Serro, Araxá, Serra do Salitre, Cerrado, Triângulo Mineiro, Campo das Vertentes, Serras da Ibitipoca, Mantiqueira de Minas, Entre Serras da Piedade e Diamantina. 
Regiões queijeiras reconhecidas em Minas
          São onze regiões queijeiras até o momento, tendo ainda outras regiões queijeiras em fase de estudos para serem caracterizadas como regiões queijeiras, para serem reconhecidas oficialmente pelo Estado e órgãos sanitários.. 
          A caracterização de uma região queijeira, indica que os queijos produzidos nessas regiões, passaram minuciosos estudos sobre suas origens e definições dos tipos de queijos que produzem. Os estudos para caracterização de uma região queijeira são feitos por órgãos governamentais, como Emater/MG e Ima.
          Uma microrregião para ser reconhecida como queijeira, produtora de Queijo Minas Artesanal (QMA), pelas autoridades sanitárias e governamentais, tem que comprovar que sua produção é totalmente artesanal, sem uso de maquinários industriais. E ainda, o queijo tem que ser feito com leite cru, pingo, coalho, casca, maturação natural e principalmente, tenha história e tradição familiar, passada por gerações.
Região Queijeira oficial
          Com a comprovação dos quesitos citados acima, Diamantina, (na foto acima de Elvira Nascimento), juntamente com os municípios de Felício dos Santos, Gouveia, Datas, Couto de Magalhães de Minas, Presidente Kubitschek, São Gonçalo do Rio Preto, Senador Modestino Gonçalves e Monjolos, no Vale do Jequitinhonha, foi reconhecida como região queijeira de Minas Gerais.
          Boa parte desses municípios, formavam, no século no XVIII, o então “Distrito Diamantino”, criado em 1734, com o objetivo de organizar a extração a extração do ouro e diamantes.
          O reconhecimento oficial foi anunciado em 29/03/2022, o que beneficiará, diretamente, cerca de 42 produtores d queijos desse região.
          Diamantina, bem como os outros 8 municípios que formam atualmente a região queijeira, vem resgatando nos últimos anos, a antiga tradição da região, na produção artesanal de queijos. E ainda, buscaram e conseguiram o reconhecimento, como  região queijeira.
Apoio da Emater   
          O processo de reconhecimento foi possível, graças ao empenho dos produtores de queijos da região, e principalmente, do escritório da Emater/MG, em Diamantina. (na foto acima da Giselle Oliveira, os queijos e o Mercado Velho de Diamantina)
          A estatal mineira fez o levantamento histórico, com fotos, fatos, depoimentos de moradores antigos, de famílias tradicionais na produção de queijos, bem como reunindo documentos que comprovam que o “Distrito Diamantino”, tem tradição secular e história na produção queijeira, em Minas Gerais.
          Com total apoio e assistência do escritório da Emater/MG, das equipes multidisciplinares da Unidade Regional de Diamantina e da Coordenação Estadual, entregaram um detalhado e minucioso estudo, para comprovar a tradição queijeira da cidade e região. 
          O documento foi encaminhado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e  Abastecimento/Seapa/MG, que aprovou, por meio de portaria expedida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), o reconhecimento de Diamantina, como nova região queijeira de Minas Gerais. 
A base do estudo da Emater 
          O estudo elaborado pela equipe da Emater/MG de Diamantina, teve como base pesquisas sobre a história sobre a origem e tradição queijeira da região, com análises, entrevistas e depoimentos, bem como produções anteriores.
          Uma dessas produções foi o documento elaborado pelo Doutor José Newton Coelho Meneses, professor Associado do Departamento de História, da Universidade Federal de Minas Gerais. O documento chama-se: Queijo Minas Artesanal: Patrimônio Cultural do Brasil (Dossiê Interpretativo - volume 1, 2006). Esse documento foi base, para que o Instituto Histórico do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), reconhecesse, em 2008, o modo artesanal de produção dos queijos da Serra da Canastra, Serra do Salitre e do Serro, como patrimônio imaterial, do Brasil.
A tradição queijeira de Diamantina
          A ligação de Diamantina com queijos, vem desde a fundação do Arraial do Tijuco, em 1713, antigo nome de Diamantina. Na época, o Arraial do Tijuco, era subordinado à Comarca do Serro Frio. Diamantina se tornou cidade emancipada em 6 de março de 1831. Em 1999, foi declarada Patrimônio da Humanidade. (fotografia de Leandro Assis da Queijaria Soberana, com o Passadiço do Glória ao fundo) 
          Com a descoberta dos diamantes e outro em Diamantina, centenas de famílias portuguesas vieram para a região, recém povoada, obviamente, enfrentavam dificuldades em conseguir alimentos, principalmente, azeites, vinhos e queijos, iguarias muito apreciadas pelos portugueses.
          Com a crescente chegada de portugueses à região, trouxeram juntos, gado, galinha, porcos, sementes de plantas diversas, como de uva, oliveiras, arroz, trigo etc., para produção própria.
          Isso devido as dificuldades de encontrar alimentos nas terras recém descobertas e pelas dificuldades de trazer suas iguarias preferidas de Portugal.
          Dificuldades estas causadas pelas longas viagens de navios, da Europa, até o Brasil, bem como a distribuição das mercadorias a seus destinos, na chegada à colônia. 
          Isso, numa época em que o transporte de mercadorias, era feito em carros de bois e por tropeiros. As mercadorias levavam meses para chegarem aos seus destinos.
          Segundo informações presentes no estudo feito pelo escritório da Emater/MG em Diamantina, documentos comprovam a presença de gado bovino no antigo Arraial do Tijuco, nas primeiras décadas do século XVIII. Um desses documentos, datado de 1731, encontrado no Registro de Provisões, Patentes e Sesmarias da Comarca do Serro Frio, a qual o Arraial do Tijuco era subordinado, deixa claro a existência de gado leiteiro na região.
          Nos tempos do Brasil Colônia, queijo era artigo de luxo e caríssimo, fazendo parte, inclusive, de inventários e partilha de bens. Um desses exemplos, relatados no documento de autoria do professor José Newton Coelho Meneses, ocorreu em 1793, no arraial do Tijuco.
          Segundo consta no documento Interpretativo, Dona Anna Perpétua Marcelina da Fonseca, moradora do Arraial do Tijuco, após ficar viúva, incluiu no inventário do marido, bens que tinham e os que foram adquiridos, entre 1793 e 1796. Entre esses bens, grandes quantidades de queijos, curados.
          Outro fato curioso, relatado no documento do Interpretativo, de autoria do professor José Newton Coelho Meneses, envolvendo queijos na região, no século XVIII, relata a existência de queijos trufados.
          Não eram trufados com doces, chocolate ou frutas, e sim, com ouro e diamantes, por contrabandistas. Prática usada para burlar a rigorosa fiscalização da Coroa Portuguesa.
          Sabendo dessa prática, o representante da Coroa na região, o Conde de Valadares, determinou, em 1772, que todos os queijos que passassem pelos postos de fiscalização, chamados de registros de passagens, fossem todos furados pelos fiscais.
Reconhecimento como região queijeira
          Foi assim que Diamantina, na época, arraial do Tijuco, passou a produzir queijos de altitude, no século XVIII, uma das tradições da região, que permanece até os dias de hoje. Com quase 3 séculos de tradição queijeira, os queijos produzidos em Diamantina, adquiriram forma, corpo, textura, sabor e personalidade própria, passando a ser um tipo de queijo único e de características regionais inigualáveis, graças a altitude e seu modo artesanal preservados. São queijos de casca lavada e amarelada e inconfundíveis. (fotografia acima de Leandro Assis)
          O reconhecimento oficial, pelo Estado de Minas Gerais, através das autoridades sanitárias e governamentais, de Diamantina como região queijeira, vem coroar o esforço de várias gerações de famílias queijeiras da região, que preservam o modo artesanal de fazer queijos de altitude. É a valorização e reconhecimento da importância da região como uma das primeiras a produzirem queijos no Brasil.
          Além disso, toda a região será beneficiada com os queijos tendo denominação coletiva, maior valor agregado e atraindo turistas para conhecerem as queijarias, além de novos projetos de divulgação como a união dos produtores de queijos com os produtores de vinhos e cervejas artesanais. Pode surgir com isso a Rota dos Queijos, Vinhos e Cervejas da região, bem como uma festa única, unindo queijos, vinhos e cervejas. 
          Permitirá ainda que as queijarias da região se formalizem, podendo requisitar o selo de Identificação Geográfica (IG), expedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Nacional (INPI), além do Selo Arte, expedido pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que permitirá a comercialização dos produtos em todo o território nacional.

domingo, 11 de julho de 2021

O Queijo do Reino de Santos Dumont

(Por Arnaldo Silva) Santos Dumont, na Zona da Mata, está a 220 km de Belo Horizonte e faz divisa com Juiz de Fora, Oliveira Fortes, Ewbank da Câmara, Tabuleiro, Bias Fortes, Antônio Carlos e Piau. A cidade tem origens no século XIX, com o nome de Palmyra. Foi onde nasceu o pai da aviação, Santos Dumont, com a cidade mudando de nome em1932, em sua homenagem.
          A cidade de Santos Dumont é carinhosamente chamada de "Princesinha da Mantiqueira", "Terra do Pai da Aviação" e "A cidade que deu asas ao mundo". (na foto acima do Fabrício Cândido, queijos de Santos Dumont MG)
Introdução do gado holandês na cidade
          Foi ainda em Santos Dumont MG, por volta de 1850, no século XIX, que foi introduzido o gado holandês no Brasil, através do português, Carlos Pereira de Sá Fortes em parceria com os holandeses Gaspar Jong, João Kingma e J. Etiene, profundos conhecedores da arte da fazer queijos especiais, holandeses, como o queijo Edam. 
          Essa parceria resultou na criação do primeiro laticínio do Brasil, em 1888, a Companhia de Laticínios da Mantiqueira, além do do desenvolvimento e melhorias na qualidade do leite e produção de queijos na região . (na foto acima do Sérgio Mourão/Encantos de Minas,  homenagem a Santos Dumont na cidade e abaixo, a casa em que viveu o Pai da Aviação, fotografado pela Luciana Silva)
          O gado holandês é considerado, até os dias de hoje, um gado de alta qualidade produtiva, principalmente de leite, resultando em produtos derivados de alta qualidade, como os queijos. Inspirado no famoso queijo Edam holandês, de casca vermelha e dura, bem curado e de forma arredondada, começou a ser feito esse queijo, em Santos Dumont MG.
O queijo Edam e o vinho Português
          O Edam, era o queijo preferido da nobreza portuguesa. Portugal e Holanda tinham um acordo, já que os portugueses produziam vinhos muito bons e a Holanda, queijos muito bons. Acordaram em trocar queijos, por vinhos. Portugal enviava para a Holanda, barris de vinho e o Holanda, retirava o vinho dos barris e enchia de queijos. (na foto acima do Fabrício Cândido, o Queijo do Reino de Santos Dumont MG)
          Não lavavam os barris. Ao longo da viagem, os queijos absorviam a cor roxeada dos vinhos. Essa mistura de vinho com queijo agradou o paladar da nobreza, bem como dos holandeses, que passou a mergulhar seus queijos em barris de vinho tinto. Assim surgiu a características dos queijos holandeses, com a casca roxeada. Os queijos holandeses eram feitos em fôrmas em formato de bola, outra característica desse queijo.
          Era costume da nobreza e realeza portuguesa apreciar os queijos holandeses e esse costume, a Corte Portuguesa, que chegou ao Brasil em 1808, com Dom João VI, trouxe para o Brasil. Os nobres do reino de Portugal, que viviam no Brasil na época, importavam esse queijo, da Europa. 
          Por ser esses queijos, os preferidos dos reis portugueses e uma das iguarias reservadas à realeza, passou a se chamar, Queijo do Reino, como também era a Pimenta-do-Reino, restrita à realeza e até mesmo a farinha de trigo, que era chamada de Farinha do Reino.
O Edam com estilo mineiro 
          Da receita do queijo Edam holandês, surgiu um queijo mineiro de altíssima qualidade, nunca antes produzido no Brasil. Isso porque, o Queijo do Reino, além da inspiração na receita holandesa, era produzido com leite de gado holandês, aliado às características e vocação do mineiro na arte de fazer queijos, e ainda, pela qualidade de nossas pastagens e clima das nossas montanhas, no caso de Santos Dumont MG, da Serra da Mantiqueira. Esse é o grande diferencial diferencial do Queijo do Reino em relação ao Edam. (na foto acima do Fabrício Cândido, o Queijo do Reino de Santos Dumont MG, já embalado. A cidade mudou de nome, mas seu queijo, carrega o nome antigo, Palmyra)
          Tradicionalmente feito com soro fermentado e com longos períodos de maturação, é um queijo com coloração intensa, massa firme, com textura fechada e sabor intenso e simplesmente único. Não encontrará em lugar algum, um queijo igual ao Queijo do Reino de Santos Dumont MG.
Santos Dumont pioneira em queijos de qualidade
          O Queijo do Reino transformou Santos Dumont MG em uma das pioneiras em Minas Gerais de queijos de qualidade. Foi em Santos Dumont, em 1888, que foi inaugurado o primeiro laticínio do Brasil, a Companhia de Laticínios da Mantiqueira, um grande impulso para o crescimento e reconhecimento da qualidade dos queijos mineiros. (na foto acima do Fabrício Cândido, uma das etapas da produção queijo do Reino e abaixo, a Represa da Ponte Preto, uma das atrações da cidade)
          Por sua importância para a cidade, o Queijo do Reino e Patrimônio Imaterial do município, além da cidade estar no mapa da gastronomia mineira e ser um dos caminhos da Estrada Real, com uma riquíssima história, tradição, belezas naturais e arquitetônicas.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Luminárias: história, turismo e culinária

(Por Carlos Alberto Eugênio Jr) Localizada na região do Campo das Vertentes, Luminárias é uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, atualmente, o município possui uma população estimada em 5.886 pessoas (IBGE 2022).
          A cidade se encontra na Região do Campo das Vertentes, a cerca de 303 km de Belo Horizonte. Faz divisa com os municípios de Ingaí, Carmo da Cachoeira, São Bento Abade, São Tomé das Letras, Carrancas, Itutinga, Cruzília e Três Corações. A rota mais comum até Luminárias consiste em pegar a BR-381 até Lavras e de lá seguir pela rodovia MG-Lavras/Luminárias. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, portal da cidade)
          Os antigos mapas da região apontam a Serra das Luminárias e o Ribeirão das Luminárias como importantes referências quanto à localização da comunidade luminarense, nome que, por sua vez, possui sua origem na famosa narrativa a respeito da aparição dos misteriosos pontos luminosos na Serra das Luminárias. (vista aérea de Luminárias MG. Foto: Prefeitura Municipal)
          A comunidade luminarense se consolidou a partir da metade do século XVIII, quando Maria José do Espírito Santo (Matriarca luminarense) permitiu a construção da Capela do Carmo (na foto acima de Márcio Flávio) em um terreno de sua propriedade (Fazenda das Luminárias, 1794). Atualmente a Capela do Carmo é carinhosamente chamada de “Igreja Velha” e recebe as celebrações católicas do município.
          Em 1840 se criou o Distrito de Luminárias pela lei 167/1840, já em 14 de novembro de 1873 foi criada a Freguesia de Nossa Senhora do Carmo das Luminárias. 
          A denominação “Luminárias” foi instituída em 01/01/1926, suprimindo “Carmo das” e estabelecendo apenas “Luminárias” como nome oficial do Distrito. E, finalmente, em 1949, Luminárias saiu da condição de Distrito e passou a ser um município emancipado. 
          Nessa época outro fato interessante, narrado em Memórias Iluminadas (Gonçalves e Morais, 2008, p. 68), que chama a atenção, foi a tentativa de retirar "Luminárias" do nome da cidade. 
          Isso ocorreu na metade do século XX, na época foi criada uma comissão de cidadãos luminarenses que foram até Lavras e conseguiram evitar a perda do nome da cidade na justiça. O mais interessante é que nunca se soube ao certo o verdadeiro motivo para a tentativa de mudança da nomenclatura do município.
          Atualmente, Luminárias se apresenta como uma típica cidade do interior de Minas Gerais. Rodeada por Serras, Grutas, Rios e Cachoeiras, a cidade ainda guarda suas histórias e cultura.
À beira do Fogão
          A culinária luminarense se destaca pelos pratos típicos e pela diversidade. A cidade oferece além da típica comida no Fogão à lenha, pratos diferenciados e que promovem uma experiência incrível. Entre eles se destacam: o Macadame e Fruta-de-lobo (lobeira).
O Macadame
          O Macadame é um prato exclusivo de Luminárias, em Minas Gerais. Pesquisas realizadas nesse sentido mostraram que preparado da forma que fazemos aqui e com este nome, é uma singularidade “Luminarense”. (na foto acima da Prefeitura Municipal/Divulgação, o Macadame tradicional)
          O Macadame consiste no cozimento de vários ingredientes fáceis e cotidianos, no início o prato basicamente era composto de arroz, feijão e macarrão. Com o passar do tempo outros ingredientes foram acrescentados à receita, como carnes etc. 
          Essa mistura traz consigo memórias da infância, uma gama de sabores, cheiros e lembranças de um povo que constrói e reinventa sua própria história. 
          Em 2020 foi promovido no município o primeiro concurso de Preparo de Macadame em Luminárias, além valorizar e instituir o Macadame enquanto elemento importante da cultura local, o evento abriu espaços para várias cozinheiras e cozinheiros locais mostrarem a diversidade de interpretações de um prato típico sem se distanciar da receita tradicional. (na foto acima do Recanto Pé de Serra, onde normalmente se encontra o tradicional prato Macadame.
A lobeira
          Outra preciosidade da gastronomia luminarense é o preparo e consumo da lobeira (Solanun  lycorpapum) também conhecida por fruta-de-lobo e guarrambá. (na foto acima, arquivo da Prefeitura Municipal)
          Em tempos mais antigos a fruta da lobeira era considerada venenosa, e pouco apreciada pelas populações locais, contudo, atualmente sabemos que além de não possuir veneno trata-se de um alimento riquíssimo, sendo além de calmante, um alimento que combate a diabetes, epilepsia e hepatite “porém é um fruto laxativo se não preparado de forma correta, tem que estar maduro e serem retiradas as sementes antes de seu consumo”, afirma o Chef Idolo Giusti. 
          Em Luminárias, o consumo da Fruta-de-lobo é relatada por simples pescadores e aventureiros locais, e, atualmente, também pode ser encontrada na culinária do Chef Idolo Giusti (na foto acima, cozinhando na Estalagem Casarão da Barra/Foto arquivo Prefeitura Municipal) que prepara a fruta como um prato único e regional de áreas de cerrado acompanhados com costelinha ou em doces compotas e geleias, isso acompanha o conceito da típica comida mateira, utilizando ingredientes disponíveis na natureza e técnicas especiais. 
          Além da Fruta-de-lobo e do cardápio mateiro, também oferece Hidromel e Vinho artesanal, produzidos pelo chef , além da tradicional cachaça luminarense.
          Depois de conhecer e se deliciar com a gastronomia local, é possível conhecer as dezenas de patrimônios naturais e culturais de Luminárias. 
Atrativos de Luminárias
          Entre os patrimônios naturais se destacam as famosas cachoeiras da Pedra Furada (na fotografia acima de João Gilberto), Mandembe e Poço das Esmeraldas, Cachoeira da Serra Grande, o Pico do Gavião, o Pico da Asa Delta, a Serra das Luminárias, o Estreito do Inferno e o Pico do Cruzeiro (na fotografia abaixo de João Gilberto). 
          Entre os patrimônios históricos e culturais Luminárias ainda guarda verdadeiras pérolas, a Igreja Velha, a Casa da Cultura, as ruínas da Usina da Fumaça, o Mirante do Cristo e a Praça dos Expedicionários (na fotografia abaixo de João Gilberto). Nesta praça, uma escultura em homenagem aos seis heróis luminarenses que lutaram na Segunda Guerra Mundial (1939/1945).
          Para conhecer todas essas maravilhas, uma dica essencial é dar uma passadinha no Receptivo Turístico Municipal. Localizado na Praça Nossa Senhora do Carmo, o Receptivo funciona de Domingo a Domingo como um ponto de apoio e informação ao turista e ao luminarense. (na fotografia abaixo de autoria de Josias Felipe, a sinalização turística em Luminárias)
          Para maior segurança e otimização dos passeios é fundamental estar acompanhado de um guia/condutor local. A cidade possui diversas empresas e condutores devidamente qualificados capazes de promoverem uma experiência segura e mais completa em todos os nossos atrativos naturais e culturais. Vem viver Luminárias!

terça-feira, 29 de junho de 2021

O estilo europeu do Palácio da Liberdade

(Por Arnaldo Silva) No topo de uma colina do arraial do Curral Del Rei, subordinado a Sabará, no século XIX, segundo a sabedoria popular, não oficial, ex escravos, livres ou alforriados, se encontravam para ajudar escravos, ainda cativos nas senzalas das fazendas da região, a comprarem suas liberdades.
          Esse lugar se popularizou com o nome de Liberdade. No ano da Abolição da Escravidão no Brasil, 1888, o local que os ex escravos se reuniam, Liberdade, se transformou em praça do arraial de Curral Del Rei, passando a se chamar, Praça da Liberdade, a partir de 1888. (na fotografia acima de Nacip Gômez, a escadaria de acesso para o segundo andar)
          Com a decisão da implantação da nova capital de Minas Gerais, numa região mais central, o local escolhido para ser a nova capital dos mineiros, foi o arraial de Curral Del Rei, tendo como centro administrativo da futura capital, justamente, a Praça da Liberdade, do arraial. (na fotografia acima, o Arraial do Curral Del Rey em 1890, com destaque para a antiga Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem. Fotografia: Arquivo Público Mineiro/Domínio Público)
          A partir da escolha da nova sede da capital mineira, começam as construções e execuções dos projetos da futura capital, que seria inaugurada em 1897. A Praça da Liberdade foi urbanizada, prédios públicos começaram a serem erguidos, com destaque para a nova sede do Governo de Minas Gerais, o Palácio da Liberdade. (na fotografia acima do Wilson Paulo Braz/@paulobraz10, alguns dos prédios públicos da Praça da Liberdade)
          Toda Belo Horizonte, da época, teve em sua arquitetura urbana, bem como os traçados de suas ruas e avenidas, inspiração no urbanismo das cidades de Paris, na França e Washington, nos Estados Unidos. A cidade foi projetada para ter uma população de no máximo, 400 mil habitantes. Hoje tem 2,5 milhões.
A construção do Palácio da Liberdade
          Projetado pelo engenheiro e arquiteto pernambucano, José de Magalhães, o imponente e suntuoso Palácio da Liberdade, é um dos grandes destaques da arquitetura mineira, do final do século XIX. O arquiteto projetou o prédio, se inspirando no estilo neoclássico, mesclando ainda outros estilos da época, como o estilo Luís XVI, e traços do estilo mourisco, muito comum na Espanha e Portugal, no século XIX. Sua arquitetura, ornamentação e jardins, tem um pouco da Alemanha, Bélgica, Espanha, Portugal e França. (na foto acima do Arnaldo Silva, os fundos do palácio)
          Inaugurado em 1898, um ano depois da instalação de Belo Horizonte, como capital de Minas Gerais, o Palácio da Liberdade, foi idealizado para ser a mais importante construção da capital mineira, já que foi feito para ser a sede do Governo de Minas Gerais e moradia dos governadores mineiros.
Detalhes e ornamentação interna europeia
          São três pavimentos, com fachada em cantaria lavrada, um tipo de pedra lisa, batida, muito comum nas construções daquela época. O prédio conta ainda com torreões com terraços, pilares revestidos em mármore, portas e janelas, em colunas jônicas (na foto acima do Arnaldo Silva, percebe os detalhes das portas e colunas jônicas). No topo da sacada frontal, um monumento em alusão à liberdade.
          Boa parte do material usado na construção do palácio, bem como mobiliário e ornamentação interna, foram importados da Europa, no final dos séculos XIX e início do século XX.
          No térreo, se destaca a escadaria em estilo art-nouveau, feita em mármore, ferro fundido e arranjos florais, também em ferro. Um tapete vermelho dá um tom de glamour à escadaria. (fotografia acima de Wilson Paulo Braz/@paulobraz10)
        Projetada no Brasil, foi integralmente construída na Bélgica, com os detalhes florais dos ferros fundidos, feitos na Alemanha (nos detalhes acima, na fotografia de Nacip Gômez). A belíssima escadaria dá acesso ao segundo andar, onde fica o receptivo, salão de reuniões, gabinete do governador, sacadas, sendo a principal, de frente para a praça, onde os governadores faziam discursos.
          O segundo piso do Palácio da Liberdade é o que chama mais atenção. Subindo a escadaria do hall de entrada para o salão nobre, o visitante se depara com o brilho, glamour e luxo das decorações do início do século XX. (na fotografia acima de Arnaldo Silva)
          No teto, um enorme lustre de cristal bacarat, com 40 tulipas e quatro painéis enormes, revestindo todo o teto e paredes laterais, com os temas: Salfe, Labor, Fortuna e Spes, não passam despercebidos. Impressionam os visitantes, que não resistem em observar cada detalhe das imponentes obras e detalhes decorativos. Três portas decoradas em dourado e bem talhadas, dão acesso ao salão nobre. (fotografia acima de Nacip Gômez)
          Visitando as salas e salões do segundo piso, impressiona ainda a riqueza do mobiliário, das finíssimas peças, vasos, quadros e telas, além de sua ornamentação, enfeites em papier mâché, pintado, bem como pinturas nos tetos, paredes com telas e molduras com finíssimos acabamentos, conhecidas na época como cimalhas.
Salas e salões
           Outro destaque do segundo andar é o piso dos salões e salas, feito no estilo parquê belga. Neste estilo, os soalhos formam desenhos e formas interessantes. (na foto acima do Thelmo Lins, uma das salas do palácio e abaixo de Nacip Gômez, o Salão de Reuniões)
          Chama a atenção, a impressionante riqueza dos objetos decorativos, principalmente, os cristais, os detalhes nas portas de entrada do salão, as poltronas e sofá no estilo da Renascença italiana, a Sala das Medalhas, a Sala do Couro, a Sala da Rainha, em homenagem a Rainha Elizabeth, da Bélgica, um vaso japonês no século 19 e outros vasos chineses, além do mobiliário em madeira, do salão dourado, no estilo Luís 16.
          Este estilo tem como base o estilo clássico e romântico. Conhecido ainda por neoclássico, tem como características principais o luxo e o excesso de dourado em suas talhas.
          O luxo e belezas das talhas desse estilo, estão presentes nas decorações de palácios, castelos e sedes de governos de todo o mundo, construídos no início do século XX. Os detalhes do luxo e dourado das talhas bem trabalhadas do estilo Luís XVI estão presentes nas salas e salões do Palácio da Liberdade, principalmente no salão nobre, onde fica o receptivo, salas e salões do palácio. (na foto acima e abaixo do Thelmo Lins, um dos belíssimos mobiliários, em estilo Luís 16, presentes nos salões do palácio)
          A decoração e ornamentação do Palácio da Liberdade, além da pintura da entrada do salão nobre, foi executado por um grupo de decoradores, formado por brasileiros e estrangeiros. Liderados pelo artista Frederico Antônio Steckel, o grupo veio do Rio de Janeiro para fazer a decoração interna do palácio.
          Já os painéis do teto do salão nobre, foram pintados pelo artista plástico Antônio Parreiras, em 1925. Nos painéis, está Apolo, cercado por cavalos brancos e ladeado por 12 musas, além das imagens das musas da música, pintura, literatura e escultura. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
Mobiliários da Europa e os Reis da Bélgica
          No andar superior, foi construída a residência oficial dos governadores mineiros. São aposentados com fino acabamento, em estilo rococó e mobiliário importado.
          No final da década de 1910, o mobiliário do palácio foi renovado, com um finíssimo mobiliário, vindos da Europa.
          Isso porque, o Palácio da Liberdade, receberia em seus aposentos, Alberto e Elisabeth, Reis da Bélgica, na ocasião. A corte belga, chegou a Belo Horizonte em 2 de outubro de 1920. Foram recebidos com muita honra e pompa, com direito a sala de reuniões, sala de visitas, sala para chás e aposentos com mobília preparadas para receber a realeza belga. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
          Foi a primeira viagem de monarcas europeus, ao Brasil, após a Proclamação da República, em 1889. A presença do Rei e Rainha da Bélgica, estreitou laços com o Brasil e principalmente, com Minas Gerais. Dessa aproximação, por exemplo, foi instalada em Minas Gerais, a Companhia Belgo-Mineira, em 1921. Alberto e Elizabeth, visitaram ainda, em Minas Gerais, a cidade de Lagoa Santa e a Mina de Morro Velho, em Nova Lima.
Os jardins do Palácio e a Praça da Liberdade
          Os jardins do palácio, foram projetados pelo paisagista francês, Paul Villon, no final do século XIX, que obviamente, seguiu os projetos de jardinagens franceses e também, com detalhes ingleses. (na foto acima de Wilson Paulo Braz/@paulovbraz10, os fundos do Palácio da Liberdade e na foto abaixo, também de @paulobraz10, a Alameda das Palmeiras)
          A praça foi dividida por uma alameda, ladeada por palmeiras imperiais e geometrias de seus canteiros, tem a assinatura de Reynaldo Dierberger, em 1920. O coreto dos jardins do palácio, teve a assinatura de Edgar Nascentes Coelho, em 1904 e Francisco Izidoro Monteiro, em 1909. Não é o coreto da praça, que foi inaugurado em 1923, é nas dependências dos jardins do palácio.
          Ornamentam os jardins, cinco diferentes esculturas francesas em mármore, um lago, uma capela, um quiosque em estilo oriental e postes com luminárias do século XIX, além do orquidário (na foto acima do Nacip Gômez)
          Quando de sua construção, tanto o palácio, quanto a praça, compunham um só espaço. A alameda rodeada por palmeiras, era a entrada principal do Palácio da Liberdade. A entrada não tinha a separação por rua e nem o palácio era cercado com grades, como é hoje. Foi a partir de 1968, que foram colocadas grades no entorno do palácio e abertura de uma rua, separando a Praça, da sede do Governo. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
          Até 1950, os governadores mineiros moravam no terceiro piso do palácio, quando o então governador, Juscelino Kubitschek, determinou a construção do Palácio das Mangabeiras, no bairro de mesmo nome, para servir de moradia aos governadores. A partir de então, o Palácio da Liberdade, foi usado apenas, como sede administrativa, do Governo de Minas.
          A Praça da Liberdade, seus jardins, arborizações e construções imponentes, são uma completa mistura de cores, charme, beleza e riqueza dos vários estilos predominantes na Europa, no final do século XIX e início do século XX. (jardins do palácio fotografado pelo Nacip Gômez)
          Mesmo com novas construções ao longo do século XX, como o Edifício Niemeyer e passando por modificações e reformas, ao longo de mais de 120 anos, o Palácio da Liberdade, bem como, todo o conjunto arquitetônico que forma a Praça da Liberdade, mantiveram seus aspectos e estilos, originais.
O Palácio da Liberdade hoje
          O Palácio da Liberdade sempre foi um dos destaques da arquitetura belo-horizontina e um dos principais cartões postais de Minas Gerais. Requinte, luxo riqueza decorativa, história e beleza, são as marcas do palácio. (na foto acima de Arnaldo Silva, os jardins dos fundos do palácio)
          Desde 1977, o conjunto arquitetônico e Paisagístico originais da Praça da Liberdade, foram tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG)
          Hoje, a sede administrativa do governo mineiro não é mais o Palácio da Liberdade e sim, o Palácio Tiradentes, projetado por Oscar Niemeyer. Construída no bairro Serra Verde, próxima ao aeroporto Internacional de Confins. O Palácio Tiradentes é mais conhecido por Cidade Administrativa, por abrigar, além da sede do Governo de Minas, todas as secretarias de Estado. (na foto acima do Wilson Paulo Braz/@paulobraz10, a parte frontal do Palácio da Liberdade)
          Já o Palácio da Liberdade, é hoje um espaço público, recebendo nas quartas e quintas-feiras, escolas para visitas e atividades educacionais. E ainda, é aberto à visitação do público em geral, aos sábados e domingos, de 10h às 16 h, com guias. Diante da situação atual que vive Minas Gerais e o país, as visitas foram suspensas. Certifique-se antes.

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