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terça-feira, 5 de janeiro de 2021

De Aiuruoca para o mundo: a arte da Cutelaria

(Por Arnaldo Silva) Cutelaria é uma arte. Quem trabalha com a cutelaria é tem o ofício de cuteleiro. É a arte de fabricar instrumentos e utensílios metálicos de perfuração e de corte como facas, espadas, machados, facões, punhais, canivetes, navalhas, etc. Para ser um cuteleiro, exige-se muito esforço e principalmente, habilidade na arte de trabalhar o metal, que dará origem ao instrumento ou utensílio a ser fabricado. 
          Diferente dos instrumentos e utensílios, como facas de cozinhas, feitos em série, por indústrias, a cutelaria é um trabalho totalmente artesanal e manual em sua origem, por isso, os cuteleiros, são considerados artesãos. Cada instrumento feito pelos cutelaria, são únicos. Eles transformam o metal em pura arte. Arte essa enriquecida com detalhes e pinturas artesanais em madeira, o que faz desses instrumentos artigos de luxo. 
          O Brasil se destaca nessa arte e conta com excelentes cuteleiros. Em Minas Gerais, um dos destaques vem da cidade de Aiuruoca, no Sul de Minas. É o artesão cuteleiro Marcelo Moreira Arantes. 
          Com 40 anos, Marcelo Arantes é cuteleiro profissional fulltime. Iniciou-se na cutelaria apenas como hobby, após encontrar uma revista Magnum de março de 1995. Nesta revista, leu uma matéria de Luiz Villa sobre como fazer sua primeira faca. A beleza da arte despertou seu interesse e seguindo as informações na matéria, começou a fazer sua primeira faca. Nada comparada as de hoje em dia, porém foi uma paixão em trabalhar as propriedades do aço.
          Feita a primeira, veio a vontade de fazer a segunda, terceira e aí não parou mais, porém sempre intercalando com outros serviços, como restaurações, marcenaria e por final ourives em São Paulo. 
          Com vontade de voltar à sua terra natal, Aiuruoca, e exercer seu ofício em sua cidade, perto de sua família, tomou a decisão de se dedicar a cutelaria como profissão. Com apoio de irmãos, pais e amigos, se dedicou, passou apertos, construiu suas ferramentas para que pudesse melhorar cada dia mais a arte, criou a M. ARANTES - Exclusive Handmade Knives. Em 2018, após receber uma oferta de um amigo metalúrgico para se profissionalizar, procurou o Master Smith pela ABS - American Blade Smith, Dionatam Franco, para o curso iniciante profissional de cutelaria, onde aprendeu técnicas de forjamento, tratamentos térmicos, ética profissional, acabamentos milimétricos e perfeitos, fazendo assim facas com qualidade superior para o mercado Nacional e Internacional. 
          Construindo facas em aços inoxidáveis e carbono, sejam de caça, campo, cozinha, churrasco e personalizadas de acordo com cliente, inclusive, com o nome do próprio, como na foto acima. A M. ARANTES abriu um mercado de admiradores da arte da cutelaria. 
          Com peças nos EUA, França entre outros países, suas facas de cozinha alcançaram grandes nomes da Culinária, como o Chef Francês Patrick Martin (diretor do Le Cordon Bleu no Brasil), Chef francês Olivier Cozan (grande incentivador da carreira) Chef Fernanda Ribeiro (São Paulo), como também conquistou o Repórter e apresentador da TV Band Marcio Campos, construiu uma faca especial para a Presidência da República, que traz as cores da Bandeira Nacional, representando nosso Brasil. 
          Marcelo lembra que o mais importante é que toda faca seja construída com dedicação e perfeição, seja uma faca simples ou complexa, seja para uma pessoa famosa ou para uma pessoa simples, todos clientes devem ser tratados igualmente, com respeito, compromisso, educação, responsabilidade, atenção e ética. “O cliente feliz é minha satisfação”. 
          No dia 13 de dezembro de 2020, recebeu a confirmação da participação no livro “Legado do aço” (Legacy of Steel), que será lançado em 2021, um dos maiores e mais completo livro da cutelaria mundial, onde contará com grandes nomes na cutelaria nacional e internacional.
(As informações e fotografias para essa reportagem foram fornecidas por Marlon Moreira Arantes, de Aiuruoca MG)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

As 25 cidades mais altas do Brasil

(Por Arnaldo Silva) O Brasil não é um país de altitudes elevadas, ao contrário, a maior parte de nosso território é formado por altitudes bem baixas e nem se compara as altitude de alguns países da América Latina, Europa e Ásia. Abaixo de 200 metros de altitude, está 40% do nosso território. Entre 201 e 600 metros de altitude, estão 45% do nosso território. Apenas 12% estão entre 601 e 900% e 3% do nosso território, está acima dos 901 metros de altitude. (na foto abaixo de Ricardo Cozzo, Monte Verde MG, que está a 1554 metros de altitude)
          O Estado brasileiro onde concentra as mais altas altitudes no Brasil é Minas Gerais, estado com características montanhosas, por isso, não é de surpreender, que a maioria das cidades acima de 901 metros de altitudes no país, concentram-se em Minas Gerais. 
          Existe uma grande diferença entre altitude e altura de picos, serras, montanhas e morros. Por exemplo, Alto Caparaó MG, na Zona da Mata Mineira (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade), está a 997 metros de altitude, acima do nível do mar, mas seu ponto mais alto, o Pico da Bandeira, está a 2892 metros de altitude. Isso porque a altura de um determinado relevo, leva em conta a distância vertical de sua base, até seu topo. (na foto abaixo de Giselle Oliveira, Diamantina MG, a 1280 metros de altitude)
          Já a altitude de cada município é feita como base na medida vertical, partindo do ponto central da sede do município, até o ponto zero, que é o mar. Os morros, picos, serras e montanhas, não entram no cálculo da altitude final de cada município. (na foto abaixo do Geraldo Gomes, a cidade de Delfim Moreira MG, a 1200 metros de altitude)
          Vamos então conhecer as cidades mais altas do Brasil. A maioria das cidades brasileiras, acima de 1000 metros de altitude estão em Minas Gerais. Para a lista não ficar muito extensa, apresentamos as 25 cidades que estão acima de 1199 metros de altitude, acima do nível do mar. (na foto abaixo de Jair Antônio Oliveira, Marmelópolis MG, a 1277 metros de altitude)
          Entre essas 25 cidades, 1 está em São Paulo, 1 na Bahia, 1 no Distrito Federal, 1 em Goiás, 1 no Rio Grande do Sul, 5 em Santa Catarina e 15 em Minas Gerais.
- 01 - Campos do Jordão (SP) – 1.628 m
- 02 - Monte Verde, distrito de Camanducaia (MG) – 1.554 m
- 03 - Senador Amaral (MG) – 1.505 m
- 04 - Urupema (SC) – 1425 m
- 05 - Bom Repouso (MG) – 1.371 m
- 06 - São Joaquim (SC) – 1360 m
- 07 - Gonçalves (MG) – 1.350 m 
- 08 - São Tomé das Letras MG - 1.318 m
- 09 -  Ceilândia (DF) – 1.287 m
- 10 - Diamantina (MG) – 1.280 m
- 11 - Marmelópolis (MG) – 1.277 m
- 12 - Piatã (BA) – 1.268 m
- 13 - Maria da Fé (MG) – 1.258 m
- 14 - Alto Paraíso de Goiás (GO) – 1.253 m
- 15 - Nova Resende (MG) – 1.250 m
- 16 - Bom Jardim da Serra (SC) – 1.245 m
- 17 - Datas MG – 1.240 m
- 18 - Munhoz (MG) – 1.235 m
- 19 - Matos Costa (SC) – 1.237 m
- 20 - Serra do Salitre (MG) 1.220 m
- 21 - Bocaina de Minas (MG) 1.210 m
- 22 - Bueno Brandão (MG) – 1.204 m
- 23 - São José dos Ausentes (RS) – 1.210 m
- 24 - Calmon (SC) – 1.210 m
- 25 - Delfim Moreira (MG) – 1.200 m
 Fonte das informações: Site do IBGE e das Prefeituras locais.

A arte Decoupage em Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Uma técnica de artesanato de origem Europeia, vem ganhando adeptos e se popularizando em Minas Gerais. É a Decoupage (découpage, uma derivação do verbo découper), que significa, recortar. Embora a escrita e pronúncia sejam francesas, a arte Decouipage surgiu entre os artesãos de Florença, na Itália, no século XVIII. 
          Devido à falta de recursos para decorarem suas casas ou reformarem seus móveis, surgiu a ideia entre os moradores florentinos, de cobrir as mobílias e objetos de suas casas, com desenhos em papel, com o objetivo de dar mais vida ao ambiente em que viviam. 
          A partir dessa ideia, artistas e artesãos de Florença, começaram a aprimorar a técnica de recortes e colagens. Assim surgiu a arte denominada de “Estilo Florentino”, posteriormente chamada de Decoupage. 
          A técnica foi largamente usada pelos artesãos locais que usavam reproduções de obras de arte famosas, reproduzindo obras com cenas bíblicas, inicialmente e posteriormente, já no século XX, obras diversas da arte italiana. Reproduziam as famosas obras de arte em móveis em madeira e ferro, utensílios domésticos como pratos, objetos em vidros e talheres, ferramentas e utensílios de uso dos trabalhadores do campo e da cidade, sendo essa a essência da arte, que prevalece até os dias de hoje.
          Diferente da arte de origem austríaca, Bauernmalerei, que usa a pintura à mão, diretamente nos objetos, a Decoupage usa recortes de revistas, tecidos e outros tipos de papel colados. Os recortes cobrem as superfícies dos objetos, onde a arte será aplicada, recebendo pintura, feita com pincéis e tintas comuns ou já próprias hoje para a arte, disponíveis em papelarias e lojas de produtos para artesanatos. 
          A técnica requer um gasto mínimo. Precisa-se de cola, pincel, stencil ou guardanapos, tinta, recortes de gravuras de jornais e revistas. Nas papelarias e lojas de produtos para artesanato podem ser encontrados materiais próprios para executar essa arte como papéis o papel Decoupage, colas, pincéis, tintas, guardanapos, etc.
          Consiste em lixar a peça que será decorada; pintar com tinta a peça na cor de fundo desejada e após secagem, outra camada de tinta; passar cola sobre o local que receberá a figura, recortar o papel Decoupage; passar cola sobre o local que receberá o papel ou as letras; fixar bem para evitar bolhas e por fim, após secagem, passar verniz sobre a camada. Outros detalhes em palavras e pinturas vai de acordo com a criatividade e talento do artista. 
          Como citei no início, essa arte vem ganhando adeptos e se popularizando em Minas, com vários artesãos se destacando nessa arte. Entre esses artesãos, está Beatriz do Lino Mar, a Bia do Lino ou Beatriz do Lino, da cidade de Bocaiuva, no Norte de Minas, na foto acima. 
          Vocês vão entender melhor sobre a arte Decoupage, com quem entende. Segundo a artesã, é uma arte que pode ser feita em vidros, madeiras, plásticos, tecidos e ferragens. 
          A artesã diz que prefere de fazer sua arte em ferragens e objetos rurais, domésticos e móveis em MDF. “Comecei por um acaso, em um latão antigo de leite que encontrei no meio das sucatas do meu falecido pai que trabalhava como ferreiro. Depois fiz um curso rápido em uma caixa de MDF, em uma loja de matérias para artesanato. Passei a usar a técnica em ferragens, e daí tomei gosto e prazer nesta técnica, já que não pinto a mão livre”, conta a artesã.
          Bia do Lino diz ainda que a Decoupage “é uma técnica muito usada também em sabonetes, ótima opção para ofertar como lembrancinhas”, mas diz que o trabalho que mais tem pedidos sãos os feitos em ferragens e instrumentos e utensílios de uso rural, embora considere a arte nesses instrumentos mais difícil, porque são materiais pesados, maiores e o trabalho, é mais demorado.
          No trabalho em latão ou em enxadas, o fundamental é lixar bem a superfície e em seguida, passar primer, um produto encontrado em casas de materiais para artesanato. A artesã usa a tinta PVA e a Suvinil branca, porque segundo ensina, é necessária uma primeira mão de tinta branca e uma segunda mão, de tinta de outra cor, combinando com a imagem a ser desenhada. 
          Hoje, encontrar os materiais básicos para fazer a arte é mais fácil, já que estão disponíveis em papelarias, como o guardanapo e o papel decoupage. “As imagens, ou desenhos, ou estampas, uso guardanapos, como se vê nas enxadas, que é realmente um guardanapo”, mostra a artesã na foto acima. A artista usa ainda o stencil, uma lâmina vazada, encontrada em papelarias e lojas de produtos para artesanato em vários modelos, em alguns de seus trabalhos.
          Segundo Bia, ao usar o guardanapo, “deve-se retirar as duas películas brancas e descarta-las e usar apenas a terceira, já que são três películas. Usa-se a que tem a estampa, ou imagem." 
          Já o papel Decoupage, a artesã prefere usá-lo nos latões, porque, segundo ela, é melhor por ser “mais grosso que o guardanapo, e em folha única. Pode se usar também o papel scrapbook, que é mais grosso. Para colar, Bia do Lino diz preferir a cola branca, própria para Decoupage, vendida em papelarias e lojas de produtos para artesanato. 
          Detalhando mais a técnica, Beatriz dá a dica: logo após colar qualquer um destes papéis, sobre o objeto trabalhado, antes que a cola venha secar, deve se colocar um plástico sobre o papel e alisar suavemente por cima, de dentro para fora, para retirada de possíveis bolhas e o papel ficar esticado e bem colado. Pode usar uma bucha de pano por exemplo, para alisar o plástico, recomenda a artesã. 
          Após a secagem, aplica-se a Goma Laca, produto encontrado em casa de materiais para artesanato, em toda a extensão do papel, aplicando em seguida, após a goma estiver seca, verniz fosco ou o que dá brilho. Todos encontrados em casas de materiais para artesanato e em papelarias. 
          A artesã trabalha em sua própria residência, em Bocaiuva MG. “Não tenho ateliê, trabalho no quintal de casa, ou dentro de espaço de uma construção que há anos venho tentando terminar. Neste período de isolamento, dediquei mais a esta tarefa." 
          Antes de se dedicar à arte Decoupage, Beatriz do Lino era comerciária. Hoje, apaixonada por sua arte, se dedica por completo ao artesanato e cuidados com a família. “Amo o que faço, faço com amor. É tanto que procuro meus trabalhos de arte, nos momentos de paz de espírito.” Em momentos de paz e harmonia espiritual, o resultado é outro, garante a artesã. 
          Além disso, Bia do Lino exalta sua cidade: “Moro em Bocaiúva MG, terra do Senhor do Bonfim, dos catopés, ou como muitos conhecem por congadas, e a poucos anos, venho desenvolvendo, aperfeiçoando e aprendendo cada dia um pouco desta técnica de decoupage.”
          Encerrando a matéria, Beatriz do Lino Mar se diz agradecida a Deus e a todos que apreciam e valorizam seus trabalhos, que não são poucos, são muitos e a cada dia, o trabalho da artesã mineira vem sendo requisitado em todo o país. O contato com a artesã pode ser feito telefone (38) 997269546.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Mar de Espanha de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Carinhosamente chamada de “Mar de Minas” e “Maresp”, Mar de Espanha conta hoje com cerca de 13 mil habitantes. Está a 358 km de Belo Horizonte e a 60 km de Juiz de Fora MG. Faz divisa com os municípios de Além Paraíba, Chiador, Guarará, Pequeri, Santana do Deserto, Santo Antônio do Aventureiro, Senador Cortes e Maripá de Minas. Quem nasce em Mar de Espanha é “mar-de-espanhense”. 
          Mar de Espanha é uma típica cidade do interior mineiro. Pacata, atraente, charmosa, povo hospitaleiro e acolhedor. É uma cidade histórica da Zona da Mata Mineira. (na foto acima de Marley Mello, capela de N. S. Aparecida a caminho do distrito de Saudade em Mar de Espanha MG)
          Nos séculos XVIII e XIX, as terras férteis da Zona da Mata atraíram um grande número de aventureiros e gente disposta a investir na produção agrícola, já que a extração mineral começou a dar sinais de decadência, ainda no século XVIII. Uma das atividades que começou a ganhar impulso na região naquela época foi a cafeeira. O café transformou a região numa das mais ricas regiões do Brasil, nos tempos da Colônia. 
          Várias fazendas de café foram sendo formadas nessa época e muitos povoados, que deram origem a várias cidades. Entre esses povoados, surgiu Mar de Espanha. (na foto acima de Marley Mello, vista parcial da cidade)
          A cidade teve origem em uma pequena rancharia, formada por poucas casas, já que o local eram ponto de passagem de viajantes e tropeiros, que cortavam a região, a caminho de São João Nepomuceno. Na rancharia, os viajantes eram atendidos, descansavam, se alimentavam e seguiam seu caminho.
          Com o passar dos anos, com a riqueza gerada pelo café, casas e sobrados começaram a ser construídos e a pequena rancharia, passou a ser povoado, com o nome de Arraial do Cágado.
          Em 1815, o arraial foi elevado à Vila e a distrito em 10 de setembro de 1851, quando adotou o nome de Mar de Espanha, um nome popular na região, nessa época. A sabedoria popular diz que o nome foi dado por dois irmãos espanhóis, que chegaram ao Brasil no início do século XIX, se estabelecendo na região.
          Os irmãos construíram um pequeno porto, onde faziam travessia de balsa sobre o Rio Paraíba, próximo a foz do Rio Paraibuna. Transportavam alimentos, carros de bois, gado, pessoas, tudo. O leito do rio tinha uma extensão bem larga e a vista, lembrava aos espanhóis, o mar, de seu país, a Espanha. 
          A saudade e as lembranças do país de origem, fez os espanhóis chamar o lugar de “El mar d´Spaña”, Mar de Espanha. Com o passar do tempo, o topônimo passou a ser usado como nome de uma fazenda e quando o arraial foi elevado a distrito, decidiu-se pela mudança do nome Arraial do Cágado, para Mar de Espanha, permanecendo este nome até os dias de hoje.
          Nessa época, o distrito era subordinado a São João Nepomuceno e o arraial contava com cerca de 2 mil habitantes. A riqueza gerada pelo café, propiciava uma vida econômica ativa no distrito que contava com um comércio variado, vida social ativa, várias ruas com casarões e sobrados suntuosos, construídos pelos barões do café. Muitos desses casarões, tanto na área urbana, quanto na rural, estão presentes ainda hoje em Mar de Espanha. E muito bem conservados e cuidados. Em 27 de junho de 1859, Mar de Espanha deixa de ser distrito para ser uma cidade emancipada.
          A data da elevação de Mar de Espanha à distrito, 10 de setembro de 1851, é considerada como data da fundação oficial do município, sendo o aniversário da cidade comemorada neste dia. 
          Mar de Espanha (na foto acima de Marley Mello) teve sua origem na agricultura, mas sua economia hoje é bastante diversificada, tanto na agricultura, com destaque hoje para a pecuária leiteira e seus derivados, quanto em outros setores industriais, como a mineração. Conta um comércio variado que atende bem a população, pousadas e hotéis charmosos e aconchegantes, boa qualidade de vida, produção artesanal de doces e quitandas, restaurantes com comidas típicas e uma boa rede de prestação de serviços. 
          Outro destaque em Mar de Espanha (na foto acima do Marley Mello) é o turismo, já que a cidade faz parte da história dos tempos dos “barões do café”, tendo sido de grande importância para a região desde sua fundação.
          O município é dotado de uma riqueza natural imensa e belezas singelas que impressionam. Nascentes, córregos, rios que em seu percurso forma belas cachoeiras como a Cachoeira do Pedro Duim, da Bocaina, Estevão Pinto e Fumaça, as mais procuradas. 
          Além da beleza e imponência das fazendas de grande importância para o município, como a Fazenda Calambau, a Fazenda Vista Alegre, a Fazenda São Sebastião, o Sítio das Estrelas, o Sítio Harmonia, muitas delas do tempo dos Barões do Café. Pelas fazendas e comunidades rurais, podem ser vistas singelas casas de colonos, belíssimos casarões e charmosas capelas.
          A cidade preserva em sua arquitetura (foto acima do Marley Mello), a beleza e o charme das construções coloniais dos séculos XVIII e XIX, além das construções clássicas e ecléticas do século XX. 
          Em sua arquitetura urbana, Mar de Espanha conta com vários monumentos históricos como a antiga estação ferroviária Estevão Pinto (na foto acima do Marley Mello) prédio do Fórum da Comarca, a sede da Prefeitura, o Santuário de Nossa Senhora das Mercês, a segunda igreja erguida na Zona da Mata, a Igreja de Santa Efigênia e seu mirante, o prédio da Cadeira Pública, o Clube Recreativo, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, o prédio onde funcionava o matadouro municipal, a Igreja de Santo Antônio.
          Tem ainda as charmosas ruas históricas com seus antigos casarões (na foto acima de Márcia Valle), bem com o Parque Ecológico Doutor José Francisco Schettino, o Horto Florestal, o Sítio Arqueológico na Comunidade do Córrego da Areia, com pinturas rupestres datadas de 10.000 anos, o Vale da Minerva, o Monte Altíssimo, dentre outras belezas naturais e arquitetônicas. 
          Mar de Espanha se destaca ainda na religiosidade, cultura, artesanato e preservação das tradições populares, em destaque para a Festa da Padroeira e o Carnaval. No interior do Santuário de Nossa Senhora das Mercês (na foto de Márcia Valle), encontra-se um pequeno fragmento da ossada de Luiz Orione (1872-1940). Foi doada pelo Vaticano à cidade, por ter sido a única cidade mineira visitada pelo sacerdote italiano, da ordem dos Salesianos, na década de 1920. Beatificado em 1980, Luiz Orione foi canonizado pelo Papa João Paulo II em 2004. Hoje é São Luiz Orione. A cidade guarda com orgulho a relíquia do Santo, em seu santuário.
          Mar de Espanha é uma cidade acolhedora, de povo simples, que recebe os visitantes de braços abertos e tem muita história para contar e muitas belezas para te mostrar.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Queijo maturado no vinho tinto

(Por Arnaldo Silva) Em nosso portal, já ensinamos a curar queijo no café e também, curar queijo na cachaça, com jabuticaba. Agora a combinação perfeita. Você vai aprender a curar um queijo no vinho tinto suave.
          Queijos e vinhos formam um par perfeito, combinam em tudo. Maturar queijo no vinho, é unir o útil ao agradável. O processo é bem simples e o resultado final, excelente, delicioso, perfeito.
Você vai precisar de um queijo e uma garrafa de vinho tinto suave, de sua preferência e uma bacia.
          Você vai escolher o seu queijo preferido, desde que seja fresco, mas não muito mole, de uns 3 dias de maturação, apenas e um vinho tinto de sua preferência.
          Na maturação, usamos o Queijo Artesanal de Alagoa MG, do Sul de Minas, da Fazenda Bela Vista, premiado no Mondial du Fromage, na França em 2019. Queijo fino, de massa leve e densa, com sabor meio picante. O queijo é de primeira.
          O vinho pode ser qualquer um de sua preferência. Eu gosto muito no meu dia a dia do vinho Modestus Syrah, da Vinícola Stela Valentino, de Andradas MG, Sul de Minas. Vinho fino, com uma cor rubi intensa, com o delicioso aroma de uva sobressaindo.
1 - Você vai pegar o queijo de sua preferência e colocá-lo numa bacia.
2 - Em seguida, despeje toda a garrafa do vinho tinto de sua preferência, até cobrir todo o queijo.
3 - Cubra a bacia com uma tela de pano, apenas para evitar que entre insetos.
4 - Coloque a bacia com o queijo e vinho cobertos em um lugar mais escuro, em temperatura ambiente e deixe descansando por 2 dias.
Nesse tempo, o queijo irá absorver o sabor do vinho e terá a coloração roxa na parte exterior. De um dia para o outro, vire o queijo para que absorva por igual o sabor do vinho.
5 - Depois dos 2 dias, retire da bacia, seque, coloque o queijo numa queijeira de madeira, com telas, pincele o queijo com azeite de oliva e deixe curando por 2 ou mais dias, em temperatura ambiente. Quanto mais tempo ele maturar, melhor ficará o sabor do queijo. Após dois dias ou curando, sirva.
          Desde início do processo, até o último dia da cura, perceberá que formará no queijo uma casca fina, de cor roxa, com um forte aroma do vinho.
          Partindo o queijo com uma faca, como podem ver na minha mão, perceberá uma massa firme, com a coloração tendendo para o amarelo claro, levemente picante e sabor de vinho e queijo misturados, com tendência para sentir mais o aroma e gosto do vinho, que do queijo.
          Prontinho, agora é só degustar o queijo.
          O vinho que sobrou, você pode usá-lo como vinagre, já que em contato com o ambiente aberto durante a maturação, começará a oxidar-se. Para isso, coloque-o de volta na garrafa, com um pouco de alecrim ou tomilho frescos, tampe com uma a boca da garrava e deixe-a em um local escuro e arejado por alguns dias e já pode usá-lo. 
(as fotos dessa edição são dos queijos feitos na Fazenda Bela Vista, em Alagoa MG. O contato do produtor é pelo instagram: @fazendabelavistaalagoamg)

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

A melhor cidade de Minas para se viver. Saiba qual é.

(Por Arnaldo Silva) A Origem de Nova Lima, cidade que faz divisa com a região Centro Sul de Belo Horizonte, data do início do século XVIII, com a descoberta de várias minas de ouro na região. Por isso, seu primeiro nome foi Congonhas das Minas de Ouro. 
          Em 1748 o povoado que se formou na região das minas foi elevado a freguesia, depois a distrito, de Sabará, em 1836, com o nome de Congonhas de Sabará e por fim, a cidade emancipada em 5 de fevereiro de 1891, passando a chamar-se Villa Nova de Lima e por fim, Nova Lima, a partir de 1923. 
          Lima é em homenagem a Augusto de Lima, poeta, professor jurista, jornalista magistrado e político mineiro, natural de Nova Lima/MG, nascido em 5 de abril de 1859, falecido no Rio de Janeiro/RJ, em 22 de abril de 1934. 
A melhor cidade de Minas para se viver
          Atualmente, Nova Lima conta com 11.697 mil habitantes. (fotografia acima de Júlio de Freitas, com destaque para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, ao centro) Por estar na divisa com uma das regiões mais ricas de Belo Horizonte, a Centro Sul, Nova Lima vem atraindo a cada dia, moradores de alta renda da capital, para a cidade.
          Entre os 853 municípios mineiros, Nova Lima é a cidade de maior IDH-M (índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios), segundo dados da ONU. É atualmente a melhor cidade de Minas Gerais para se viver, devido ao seu alto índice de IDH-M, 0,813 e sua excelente estrutura urbana, social e econômica. 
          Segundo dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas em 2019, tendo como base declaração de Importo de Renda de 2018, junto à Receita Federal, em Nova Lima (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade) está a maior concentração de ricos do Brasil, com uma renda média mensal de R$6.253,03. A segunda colocada foi Santana de Parnaíba (SP) com R$ 5.384,77. A terceira foi Aporé (GO) com R$ 5.233,93. A quarta foi São Caetano do Sul (SP) com R$ 4.565,34 e a quinta colocada no ranking nacional, foi Niterói (RJ) com uma renda média mensal de R$4.186,51.
Atividade econômica
          Desde sua fundação, Nova Lima se destaca na área econômica em Minas Gerais, principalmente pela exploração mineral, de minerais como o ouro, e atualmente, em maior escala, de minério de ferro. Algumas minas de ouro antigas continuam ativas no município, como a de Morro Velho, da Mostarda e do Rio de Peixe.            A cidade conta ainda com um variado parque industrial, sendo ainda, Nova Lima, uma cidade turística, com belezas naturais preservadas, arquitetura charmosa em suas construções que vai do colonial, barroco mineiro, colonial inglesa à arte decor. 
Distritos e a tradição cervejeira
          Conta ainda com o charme de distritos pitorescos e coloniais como a Vila Colonial de São Sebastião das Águas Claras, a popular, Macacos, famosa pela arquitetura preservada de seu casario colonial, por sua dedicada a São Sebastião (na foto de Andréia Gomes), pelas pousadas e restaurantes típicos, suas belas cachoeiras e paisagens exuberantes e trilhas. Tem ainda o distrito de Honório Bicalho, o bairro Jardim Canadá, onde estão concentradas as principais cervejarias de Minas Gerais, já que Nova Lima é um dos maiores polos cervejeiros do país.
          A tradição cervejeira de Nova Lima não é recente. Desde o século XIX, Nova Lima vem se destacando na produção de cerveja artesanal. Tudo começou quando o imigrante italiano, Fioravante Eugênio Armani, se estabeleceu na cidade nessa época e abriu uma unidade da Cervejaria Gabels, no distrito de Honório Bicalho. A Gabels foi a primeira cervejaria artesanal puro malte de Minas Gerais. (na foto abaixo do Júlio de Freitas, o Rio das Velhas em Honório Bicalho)
          Hoje, a cerveja artesanal é uma das maiores tradições do município, contando inclusive com Selo do Polo da Cervejaria Artesanal, para as cervejarias que atendam os requisitos de qualidade e das leis sanitárias vigentes. A qualidade das cervejas nova-limenses, feitas com ingredientes diferenciados e estilos criativos, vem conquistando o paladar dos amantes da bebida e reconhecimento em Minas, no Brasil e internacionalmente, através de diversas premiações de seus rótulos. Um dos marcos do polo cervejeiro de Nova Lima é a Uaiktoberfest, que reúne cervejeiros e cervejarias de todo o país, na cidade, no mês de outubro. O evento conta com figurinos em trajes típicos germânicos, shows musicais, gastronomia mineira, presença das principais cervejarias do país, além de apresentar as novidades do polo cervejeiro de Nova Lima.
Tradição gastronômica
          Nova Lima se destaca ainda na Gastronomia, desde os tempos do Brasil Colônia e ainda contou com forte influência inglesa em sua cultura, história, desenvolvimento e gastronomia. 
          A influência britânica em Nova Lima teve início no século XIX, quando a Anglo Gold, multinacional inglesa, adquiriu a Mina de Morro Velho, em 1834, transferindo a filial da empresa, em São João Del Rei, para Nova Lima, com direção em Londres, capital do Reino Unido. 
          Os ingleses tinham muita experiência na extração mineral com conhecimentos, técnicas e maquinário industrial, inexistentes naqueles tempos. Em terras mineiras, deixaram um pouco de sua cultura, da sua rica arquitetura, presente na cidade, e principalmente no bairro Quintas.
Outras Atrações de Nova Lima
          Nova Lima é uma cidade muito bem cuidada, elegante, acolhedora e com uma arquitetura variada nos estilos colonial inglês, barroco mineiro, neoclássico, art décor, eclética, modernista e contemporânea. Esses estilos variados presentes em sua arquitetura chama a atenção pela riqueza, beleza e qualidade dos detalhes e entalhes. (fotografia acima de Júlio de Prestes)
          A Rua do Zigue-zague (na foto de Cássia Almeida) é muito interessante. Foi construída por volta de 1894 em forma de Z, ligando a parte baixa da cidade à parte alta, onde estava sendo construído um novo bairro, sendo essa subida o único acesso para o Largo da Matriz. Para chegar material de construção à parte alta, o transporte era feito em lombos de mulas e burros, e mesmo para quem subia a pé, era um sacrifício muito grande. A forma encontrada, para aliviar, tanto o peso da carga nos animais e facilitar a subida das pessoas, foi fazer uma escadaria em Z, fazendo com que a subida fosse menos cansativa, tanto para as pessoas, quanto para os animais. É um dos símbolos da cidade e uma das grandes referências em Minas na preocupação com a mobilidade humana, bem como no respeito aos animais. 
          A Lagoa dos Ingleses é um dos mais belos cartões postais da cidade. É uma lagoa artificial, criada em 1932 para ser uma barragem de armazenamento de água de chuva, para gerar energia para mina de Morro Velho, que é a concessionária do uso das águas da represa. Com o passar do tempo, a lagoa passou a ser usada para prática de esportes e em seu entorno, já que a região está na divisa com a zona sul da capital, começaram a surgir construções, prédios e o residencial Alphaville. Hoje a lagoa é um dos mais belos lugares de Nova Lima, muito procurada por turistas e praticantes de esportes náuticos, tanto de Nova Lima, quanto de Belo Horizonte. (foto acima de John Brandão/@fotografo_aventureiro)
          A art décor, um movimento que surgiu na Europa no início do século XX, está presente em dezenas de construções na região Central da cidade, em destaque para o Teatro Municipal Manoel Franzen de Lima (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade), projetado pelo arquiteto italiano Raffaello Berti, em 1939, inaugurado em 1943. São 3 pavimentos, com capacidade para 800 pessoas.
          Outro destaque em sua arquitetura é o prédio da Câmara Municipal e Biblioteca Municipal. Construído em estilo neoclássico, predominante na Europa no século XVIII. Os edifícios tem traços greco-romanos, com colunas e arcos. 
          Os ingleses construíram suas casas no estilo da Era Vitoriana, quando Vitória, era a Rainha da Inglaterra. (na foto acima do Júlio de Freitas, a Igreja Anglicana de Nova Lima) Uma das características desse estilo era o uso de madeira nas construções como vigas, telhados e assoalhos, bem como paredes pintadas com cores diferentes para a época, como o cobre, vermelho, marrom e o dourado, que para os ingleses significava a riqueza. Além disso, o uso excessivo de adornos, objetos e móveis em madeira muito bem talhados, era uma de suas principais características. 
          O estilo arquitetônico da Era Vitoriana, na Inglaterra, pode ser visto em Nova Lima, no bairro Quintas (foto acima de construção em estilo vitoriano, de autoria de Elpídio Justino de Andrade), onde boa parte dos ingleses optaram por viver, quando aqui vieram a partir de 1834, para explorar a Minas de Morro Velho. Usavam as madeiras da região para fazerem as bases de suas casas, bem como os assoalhos, as sacadas e varandas em treliças. As casas eram cercadas com cercas vivas. Os ingleses não faziam muros. O bairro é um exemplo típico da arquitetura colonial inglesa. Algumas das construções do século XIX do bairro, se transformaram em cartões postais da como a Casa Grande, que sedia o Centro de Memória da Anglo Gold, o Clube das Quintas, a Sede da Companhia Independente da PMMG, dentre outros casarões. 
          Além da tradicional arquitetura eclética, colonial barroca, colonial inglesa, neoclássica e art décor, a cidade tem vários traços modernos em sua arquitetura urbana, bem nítidos no bairro Vila da Serra, como a Torre Alta Vila com 103 metros de altura, que conta com restaurante e mirante, de onde tem uma ampla vista de Belo Horizonte e Nova Lima, além do Edifício Concórdia, o maior arranha-céu de Minas Gerais (na fotografia acima de Júlio de Freitas/@julio_defreitas). 
          A cidade conta ainda com restaurantes e bares requintados e tradicionais, com pratos de várias cozinhas do mundo, além da mineira, casas de shows, shoppings, prédios e casas moderníssimas, formando uma mescla de estilo de épocas diferentes, atrativos a todos os gostos. (na fotografia acima do Marley Mello, o Vila da Serra, um dos mais charmosos bairro de Nova Lima, na divisa com BH)
          Além das atrações citadas acima, em Nova Lima o visitante tem ainda como atração a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a Igreja de Santo Antônio (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade) a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, o Estádio Castor Cinfuentes, o Parque Ecológico Rego dos Carrapatos, o Concordia Corporate.
          O Bicame é outro atrativo histórico. Trata-se de um aqueduto feito para levar água até a Mina de Morro Velho. Foi projetada pelo inglês George Chalmers, (Falmouth, 1857 - Golders Green Crematorium, Londres, 1928), um minerador e empreendedor britânico, radicado no Brasil, superintendente da Mina de Morro Velho, na época. George Chalmers teve participação na ornamentação interna da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar (na foto da Andréia Gomes), erguida no século XVIII, doando obras do Mestre Barroco Mineiro, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que ornamentam altar-mor, o coro, o batistério e as laterais do altar. É uma igreja de grande valor artístico e cultural não só para Nova Lima, mas para Minas Gerais.
          Nova Lima é uma cidade acolhedora, com um povo hospitaleiro e muito gentil. A conta com uma ótima rede hoteleira e gastronômica, além de várias opções de lazer, naturais, com seus parques, matas, trilhas, montanhas, cachoeiras e belezas naturais diversas, além de atrativos culturais, religiosos e folclóricos durante o ano todo.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

O plantio de uvas no Norte de Minas

(Por Arnaldo Silva) Desde que uvas foram introduzidas no Brasil, a crença de que essa fruta se adaptava somente a clima frio, propícia para as regiões do Sul do Brasil, Chile e Argentina, se tornou quase que uma verdade absoluta durante décadas. Mas, sempre ao longo da história tem um “mas”, alguém duvidou dessa máxima e resolveu plantar uva no Norte de Minas Gerais, região de clima seco, árido e com grande escassez de água e de intensos dias de sol e calor.
          No Sul de Minas, região com clima parecido com o do Sul do país, a plantação de uvas existe desde o início do século passado, introduzidas por imigrantes italianos como em Andradas, considerada a terra do vinho em Minas. (nas fotos acima fornecidas pelo Ernani Calazans, parreiras de uvas e vinhos da Vinícola Vale do Gongo em Grão Mogol MG) Uvas e vinhos de qualidade se destacam também em Três Pontas e Caldas, também no Sul de Minas.
          Já no Norte do Estado, a qualidade da uva impressiona, destacando as plantações em Pirapora com uma crescente produção de vinhos de qualidade no clima quente e árido Norte Mineiro (na foto acima de Sérgio Mourão).
          No município de Jaíba, onde está o projeto de Irrigação do Jaíba, considerado o maior projeto de irrigação da América Latina, uvas das variedades de mesa Niágara, Benitaka, Vitória, Isabel e Núbia são cultivadas com sucesso. São mais doces que as mesmas variedades plantadas em climas frios. (fotografia acima de Ernani Calazans na Vinícola Vale do Gongo em Grão Mogol MG)
          O que faz as uvas do Norte de Minas serem mais doces que as de clima frio são exatamente o clima quente da região. Em Jaíba, a temperatura média anual é de 24,2 graus, com mínima de 14,8 graus e máxima de 34 graus.
          Mesmo com o clima quente, a produtividade das variedades de uva de mesa são as mesmas das de clima frio. A diferença é que o plantio de uvas em clima quente requer maior investimento em irrigação, devido à escassez de chuvas. Em Jaíba, o sistema de irrigação das plantações de uvas é feito por gotejamento. Por outro lado, graças à intensa luz do sol da região, as frutas apresentam um sabor melhor, devido à proporção maior de açúcar natural na fruta (brix). (fotografia acima e abaixo de Maria Mineira)
          O sol e calor do Norte Mineiro faz com que as pragas que costumam atacar os parreirais em climas frios são menores, reduzindo assim o uso de defensivos agrícolas, oferecendo ao consumidor um produto com menos riscos à saúde. 
          Outra vantagem é que com o investimento em novas tecnologias, as plantações produzem a fruta praticamente o ano todo, diferente das variedades plantadas em climas frios, que são colhidas apenas na safra, que vai de dezembro a março. Isso faz com que as frutas da região Norte de Minas tenham melhor valor de mercado na entressafra. (foto abaixo de Sérgio Mourão em Pirapora MG)
          Após a colheita, as uvas saem da região já devidamente embalada e transportada em caminhões refrigerados, direto para o mercado consumidor de várias cidades e regiões brasileiras como Belo Horizonte, Triângulo Mineiro, Goiânia, São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto e outras cidades do interior paulista.

Queijo maturado no café

(Por Arnaldo Silva) Queijo com café é bom demais, agora, imagina queijo maturado no café? Essa é a técnica que o meu amigo Eudes Cerrado de Uberlândia aprendeu, me passou a receita e as fotos do queijo que maturou nesse processo e divido com vocês. O processo é bem simples.
Primeiro você vai fazer um café, sem açúcar, coado, no coador de pano de preferência. Escolha um café de qualidade.
- Espere o café esfriar. 
- Quando estiver frio, coloque o café num saco plástico resistente e coloque um queijo inteiro, de sua preferência, fresco ou meia cura (o queijo não pode estar duro e nem estar soltando soro).
- Amarre bem o saco para não vazar e coloque na geladeira por 5 dias.
- Nesse período, vire o queijo 2 vezes ao dia.
- Depois desse período, retire o queijo, coloque-o para secar ao natural, virando-o duas vezes ao dia entre 10 e 15 dias.
- Se quiser uma casca mais dura, pode deixar por mais tempo.
- Comer com a casca fica ótimo.
- Se quiser, pode tirar a casca e comer a parte branca.
É bem simples a técnica e o queijo fica saboroso.
Fotos e Receita de Eudes Cerrado - Uberlândia MG

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