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quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Vinhos mineiros e dupla poda: qualidade e reconhecimento

(Por Arnaldo Silva) Segundo dados do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), dos cerca de 100 produtores de vinhos no Brasil, 25 são de Minas Gerais. Boa parte das vinícolas mineiras produzem vinhos finos, de qualidade, equivalente aos vinhos produzidos nos países tradicionais, na produção desta bebida milenar, como França, Portugal, Inglaterra, Itália, Bélgica, Alemanha, etc.
          Prova do crescimento e qualidade dos vinhos produzidos em Minas Gerais, são as recentes premiações dos vinhos produzidos na região da Serra da Mantiqueira, em concurso nacionais e internacionais como no Decantar World Wine Awards (DWWA), maior concurso mundial de vinhos.(fotografia acima: Arquivo Epamig/Divulgação)
          As premiações internacionais conquistadas pelos vinhos brasileiros são positivas, porque desperta o interesse do brasileiro pela bebida nacional, bem como incentiva os produtores a investirem na ampliação da produção e buscando cada vez mais excelência na qualidade.
          Os vinhos e espumantes brasileiros estão pouco presentes nos bares e restaurantes brasileiros, que preferem os importados, mas aos poucos, nossos vinhos vem rompendo essas barreiras, de preconceito com o produto nacional, graças a investimentos e cada vez mais, melhorando a qualidade da bebida.
          Como resultado, são seguidas premiações no exterior, principalmente, os vinhos produzidos com a técnica da dupla poda, da empresa mineira, Epamig, a grande responsável pela considerável melhora na qualidade dos vinhos mineiros e do Sudeste brasileiro nas últimas décadas. (na foto acima de Erasmo Pereira/Epamig, a adega da empresa em Caldas, no Sul de Minas)
           As premiações internacionais conquistadas pelos vinhos brasileiros são positivas, porque desperta o interesse do brasileiro pela bebida nacional, bem como incentiva os produtores a investirem na ampliação da produção e buscando cada vez mais excelência na qualidade. 
          As premiações internacionais conquistadas pelos vinhos brasileiros são positivas, porque desperta o interesse do brasileiro pela bebida nacional, bem como incentiva os produtores a investirem na ampliação da produção e buscando cada vez mais excelência na qualidade.
A técnica da dupla poda
 
          A melhora na produção e qualidade dos vinhos finos no Sudeste só foi possível graças a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), quando da criação do Núcleo Tecnológico de Uva e Vinho da EPAMIG, em Caldas MG, Sul de Minas, há cerca de 20 anos. (na foto acima de Erasmo Pereira - Epamig/Divulgação)
 
          O homem do campo, no mundo inteiro, sabe que dependendo da época da poda, a planta irá produzir em determinada data. Os pesquisadores da Epamig aprimoraram esse conhecimento antigo, com anos de estudos, permitindo a produção de frutos com maior qualidade, o que permite, melhoras significativas na produção final oriunda das frutas, no caso, os vinhos finos de inverno. (na foto acima, videiras da Epamig no núcleo da empresa em Caldas MG e abaixo, uvas já em ponto de colheita. Fotos: Epamig/Divulgação)    
           Sem poda não há uva, por isso as podas nas videiras, são necessárias. Com a poda sendo feita anualmente, tradicionalmente feita no fim da primavera, para que os frutos se desenvolvam e possam ser colhidos no verão, em janeiro. Uma época de intenso calor e chuvas fortes o que permite a proliferação de pragas, o que leva os produtores a um intenso trabalho de controle de suas videiras. (Foto abaixo em Caldas MG - Epamig/Divulgação)
          Para fugir dos efeitos no verão e pragas nos parreirais, foi criado a técnica da dupla poda. No caso, a técnica desenvolvida em Minas, permite a poda duas vezes. A dupla poda nada mais é do que a inversão do ciclo produtivo das uvas, ou seja, ao invés da poda tradicional no fim da primavera, faz-se a poda para a formação dos ramos, no inverno, com a colheita dos frutos sendo feita em agosto. As uvas da primeira colheita, são as usadas na produção dos vinhos de inverno em Minas Gerais. Essa técnica permite ainda uma segunda poda, a tradicional, no fim do ano, com a colheita dos frutos, em janeiro. (na foto abaixo, a vinícola da Epamig em Caldas MG. Foto: Ascom/Epamig)
          A Epamig, que é vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (SEAPA), desenvolveu e implantou em Caldas MG, o método da dupla poda, desenvolvido no Brasil pelo pesquisador da Epamig, Murillo de Albuquerque Regina, Coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Vitivinicultura da Epamig. Essa técnica, faz com que a uvas sejam mais sadias, tenham maturação plena, mais concentração de cor e mais aroma. Resultado, é uma nítida melhora na qualidade dos vinhos. (abaixo, a sede da Estação Experimental da Epamig em Caldas MG. Foto: Erasmo Pereira/Ascom/Epamig)
          O sucesso da técnica da dupla poda vem da qualidade do solo, clima e investimentos dos produtores, bem como a assistência da Epamig, com pesquisas, orientações e apoio aos produtores, o que vem tornando Minas Gerais, especialmente o Sul de Minas, num dos maiores produtores de vinhos finos de qualidade, no país. A técnica desenvolvida pela Epamig, não só beneficia os produtores mineiros, mas os produtores de vinhos de toda a região Sudeste do Brasil.
          Atualmente, são cerca de 600 hectares de vinhedos no Brasil, que usam a técnica da dupla poda. A técnica, está presente na região do Cerrado, Nordeste brasileiro e em sua maioria, no Sudeste, na Mantiqueira. 
          A produção anual, dos vinhedos é cerca de 4 mil toneladas de uvas e são produzidos, cerca de 2,5 toneladas de litros de vinhos, por ano. A técnica da dupla poda, ajuda no aumento da produção de uvas e vinhos, gera empregos e injeta na economia, cerca de 120 milhões por ano.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

O Presépio do Pipiripau

(Por Arnaldo Silva) Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1984, o Presépio do Pipiripau, é um dos mais belos patrimônios de Minas Gerais. A obra reflete uma das mais tradicionais manifestações religiosas do povo mineiro: a montagem de presépios entre o natal e o dia de Santos Reis, em 6 de janeiro. 
          O presépio começou a ser construído a partir de 1906, por Raimundo Machado de Azevedo, quando ele tinha apenas 12 anos. Sua família vivia na Colônia Américo Werneck, numa região com o nome de Pipiripau, atualmente o bairro do Instituto Agronômico de Belo Horizonte. (fotografia acima de Eliane Torino)
          A família de Raimundo era muito religiosa e um de seus prazeres, era observar os presépios que as famílias montavam no fim de ano. Eram peças simples, sem movimento, mas tudo feito com muito carinho e fé. Inspirando-se nos presépios que via, Raimundo decidiu fazer seu próprio presépio.
          A vida naquela época não era fácil e a família era muito pobre, mas isso não foi empecilho para a realização de seu objetivo. Aos poucos, Raimundo, foi colecionando peças e conseguiu, em 1922, fazer um curso de formas de gesso, com um escultor português, que conheceu na empresa em que estava trabalhando, a Gravatá.
          A partir dai começou a fazer mais peças, além de criar os personagens bíblicos e a encenação da vida de Jesus, inseriu o cotidiano da vida do povo mineiro em seu presépio, em peças que se movem. Para a época, era algo diferente, uma inovação.
          A história do presépio que se movia, começou a se popularizar e todos sabiam que ficava na região do Pipiripau, onde Raimundo morava. Todos da capital e região metropolitana iam até o Pipiripau, conhecer o presépio, que passou a ser chamado pelo povo de Presépio do Pipiripau. Assim se popularizou o nome do presépio criado pelo Raimundo.
           O presépio retrata as 45 cenas da vida de Jesus Cristo, desde seu nascimento, até seu sofrimento na cruz. São 580 peças que forma todo o conjunto da magnífica obra, que retrata ainda, em movimento, o cotidiano da vida no interior mineiro.
          Raimundo passou anos montando e cuidando do seu presépio e sem querer, acabou por criar uma das mais magníficas obras da cultura popular mineira.
          O Presépio do Pipiripau encontra-se desde 1976, no Museu de História Natural da UFMG. Em 2012 o presépio começou a ser restaurado, bem como as instalações do local, concluindo toda a obra de restauro das peças e das instalações onde encontra-se o presépio, em 2017. 
          O Museu do Pipiripau é aberto à visitação todos os dias com cessões das 10h às 12hs e das 13h às 17hs; sábados e domingos das 10h às 17hs, (fotografia acima de Eliane Torino) localizado na Rua Gustavo da Silveira, 1.035, Bairro Santa Inês, em Belo Horizonte. Cobra-se ingresso. Verifique os valores e condições para visitas pelo telefone: (31) 3409-7650.

sábado, 19 de setembro de 2020

O Forno na Praça, o Ipê florido e os caminhos de São Tiago

(Por Arnaldo Silva) Conhecida como a Terra do Café com Biscoito, São Tiago é uma charmosa, atraente e acolhedora cidade mineira, no Campo das Vertentes. Conta atualmente com 11 mil habitantes e está distante 187 km de Belo Horizonte e a 1100 metros de altitude. Faz divisa com os municípios de Resende Costa, Ritápolis, Conceição da Barra de Minas, Nazareno e Oliveira. (na foto abaixo do Deividson Costa, o Forno na Praça: Espaço Café com Biscoito)
História
          Andando pelas ruas de São Tiago, percebe-se logo fumaças saindo das chaminés dos fogões à lenha e fornos nos quintais. Dá para sentir o cheiro suave dos mais de 60 tipos de biscoitos diferentes feitos no município e o aroma do café, coado em coador de pano. Os ouvidos mais aguçados poderão ouviu o tilintar das chamas do fogão e até o partir dos biscoitos, crocantes, inigualáveis, que só existem nessas terras. A arte de fazer quitandas está presente na cidade há 3 séculos. Receitas de família, guardadas por gerações.
          A história dos biscoitos em São Tiago, começa junto com a história da origem do município, por volta de 1708, quando da chegada das bandeiras, em busca de ouro na região. (foto acima do Deividson Costa) Não encontraram o metal precioso, mas deixaram a fé em São Tiago Maior e em Santana. Construíram uma pequena ermida, dedicada aos dois santos, tendo sido reconhecida pela Igreja, em 1761. 
          Em torno da singela ermida, surgiu um pequeno arraial que passou a ser local de pouso de tropeiros e viajantes que cruzavam o sertão das vertentes campos mineiros, levando mercadorias para abastecer as vilas e cidades durante o Ciclo do Ouro. As tropas paravam em Santa Rita de Ouro Preto, distrito de Ouro Preto hoje, e seguiam adiante, até o arraial de São Tiago.
          Uma viagem longa, cansativa, que necessitava de descanso e comida. Os moradores do pequeno arraial perceberam isso e começaram a preparar café, biscoitos, bolos, broas e outras guloseimas. Se alimentavam e quando partiam, levavam nas bagagens, mais quitandas. 
          A pequena ermida deu lugar a outra maior, erguida entre os anos de 1902 e 1922, na Praça Gabriel Passos. No altar-mor, São Tiago Maior, ladeado por Santana, à esquerda e São José, à direita e ainda uma pequena imagem de São Tiago, esculpida em madeira, vinda da Espanha. A ornamentação do interior da Matriz conta com singelos detalhes da arte sacra, numa perfeita harmonia, proporcionando um ar de paz e leveza aos seus frequentadores. (foto da Matriz, de Deividson Costa)
          Mesmo com o fim das tropas, as quitandas nunca deixaram de existir na cidade. Os bandeirantes não encontraram ouro, mas deixaram uma riqueza enorme para as famílias do pequeno arraial, que prevalece até os dias de hoje que é a vocação dos são-tiaguenses na arte de fazer café e biscoitos. 
          Há mais de 300 anos São Tiago vive e respira biscoitos. O pequeno arraial, cresceu, prosperou e se desenvolveu em torno da pequena ermida e dos fornos de barro. Em 1849, o arraial é elevado à distrito e finalmente, em 1948, à cidade emancipada. (foto acima de Deividson Costa)
São Tiago hoje
          Hoje, São Tiago é um dos mais tradicionais e importantes municípios mineiros, graças a tradição dos biscoitos. Todos os anos, a cidade realizada uma das mais importantes festas gastronômicas do Brasil, que é a Festa do Café com Biscoito de São Tiago. O evento acontece sempre no segundo fim de semana do mês de setembro. A festa é hoje Patrimônio Imaterial do município e recebe entre 50 a 70 mil turistas, durante os dias de festa.

          A tradição dos biscoitos artesanais é preservada nos quintais da cidade e zona rural, além dezenas de indústrias de biscoitos, que produzem dezenas de tipos de biscoitos diferentes, com diferentes sabores e para todos os gostos. (Variedades de biscoitos no Forno da Praça, na foto do Deividson Costa) 
          E o mais importante, que mesmo com a industrialização da produção de biscoitos, as fábricas de São Tiago, preservam o mesmo objetivo da produção artesanal, que é manter a qualidade, acima da produtividade. E isso é garantido. As toneladas de biscoitos que saem das fábricas de São Tiago são excelentes, deliciosos, irresistíveis e únicos. (foto abaixo de Sônia Fraga)
          Essas fábricas, hoje, são grandes geradoras de emprego e renda para o município. A produção de São Tiago abastece o mercado mineiro e de outros estados como São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, dentre outros. Os produtores estão organizados na Associação de Produtores de Biscoitos de São Tiago (Assabiscoito).
O Forno na Praça: Espaço Café com Biscoito
          Em pleno centro de São Tiago, na Praça Ministro Gabriel Passos, uma construção chama atenção por sua beleza arquitetônica e por ter em seu interior, um imenso ipê amarelo. (foto acima do Deividson Costa)
          A história do Forno na Praça começou em 2005, quando um grupo de produtores de biscoitos, decidiu montar uma barraca com um forno, durante a Festa do Café com Biscoito, naquele ano. Era uma estrutura simples, montada para a festa. Tinha como objetivo mostrar como eram os fornos de barro, nos tempos antigos em São Tiago, bem como resgatar a história e tradição do município, nos três séculos de produção de biscoitos. Nessa barraca improvisada, faziam os tradicionais biscoitos, que saíram das fazendas de São Tiago, nas receitas passadas por gerações.
          Todos anos faziam o mesmo, montavam a barraca e desmontavam. A ideia de ter uma barraca, com forno original, nos moldes antigos, contando a história das quitandas em São Tiago, fazendo os biscoitos na hora, bem como o café, mostrou-se importante na divulgação turística e histórica da cidade. A ideia virou um projeto, para ser permanente na cidade, com a construção de um local próprio para receber os turistas, que vem diariamente à cidade. 
          Levado a diante pelo Fórum Cultural de Empreendimento de São Tiago (Focest), responsável pelo projeto e construção da obra, em parceria com a Prefeitura e outras entidades, foi construído o Forno na Praça, literalmente, na praça principal da cidade, de forma permanente. No local escolhido, havia um frondoso ipê amarelo, bem no meio e no meio e no meio ficou. Foi preservado e harmonizado com o projeto arquitetônico da construção (como podem ver na foto do Deividson Costa), sendo hoje uma das atrações do município, bem como um exemplo de consciência e de convivência sadia com a natureza.
          A obra da Focest, segue o estilo dos casarões coloniais mineiros, com estrutura em madeira, forros em esteira de taquara, telhado colonial e detalhes contemporâneos, além da obra ter sido levantada com tijolos de adobe. 
          Esse tipo de tijolo é feito com barro, palha e água, misturado e pisado, até ficar no ponto de fazer os moldes de tijolos, que após ficarem duros, são levados ao sol, para adquirirem mais firmeza, para por fim, serem usados. (foto acima do Deividson Costa, os tijolos já assentados)
          Todo o material usado na construção é da região. Um espaço rústico, harmonioso, aconchegante e especial. O visitante se sentirá na cozinha de um casarão do século XVIII. (foto acima o Forno na Praça e abaixo, uma fornada de biscoitos saindo do forno de barro, dentro do Forno na Praça. Fotos do Deividson Costa)
          Tem forno de barro, com as tradicionais guloseimas da cidade sendo preparadas, além do café feito na hora. Café da própria cidade, saindo dos cafezais de São Tiago. Plantado, colhido, torrado e moído na própria cidade. Além do café e biscoitos e bolos feitos na hora, no Forno na Praça ficam em exposição dezenas de tipos de guloseimas diferentes, de várias indústrias de biscoitos da cidade para que o turista possa levar para casa, como os tropeiros e viajantes faziam antigamente. 
          Além disso, o turista poderá conhecer toda a história da cidade e saber como era a vida antigamente e a evolução na produção dos biscoitos, além de, mesmo com industrialização, entender como conseguem preservar a qualidade e sabor das quitandas, no século XXI. No local também, o turista pode obter informações turísticas sobre os principais pontos turísticos da cidade. (na foto do Deividson Costa, o interior do Forno na Praça)  Hoje, o espaço construído pela Focest, é gerenciado pela Associação dos Produtores de Biscoitos de São Tiago (Assabiscoito)
          São Tiago é uma cidade pequena, mas muito aconchegante, bem cuidada e muito amada por seus moradores. Os turistas são bem vindos, bem recebidos e com certeza, no Forno na Praça: Espaço Café com Biscoito, se sentirá em casa ou em casa de mineiro. E pra quem não sabe, cozinha de mineiro é o melhor lugar da casa. É nela que está o forno de barro, o fogão, de onde saem as guloseimas, o café quentinho e a tradicional prosa. (na foto acima do Deividson Costa, uma das fazendas de café de São Tiago)      
Os Caminhos de São Tiago
          É o resgate do antigo caminho usado pelos tropeiros no século XVIII, atravessando o sertão do Campo das Vertentes, levando e trazendo mercadorias para abastecer as cidades da região com mercadorias. A ideia de recriar o antigo caminho dos tropeiros, que ainda foi usado pelos Inconfidentes, transformando este caminho em rota turística, partiu do médico de Conselheiro Lafaiete, Elias Lima, em 2005. A organização e roteiro, foi inspirado no famoso Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha.
          A ideia foi sendo aprimorada ao longo dos anos, tendo adesão de movimentos sociais e prefeituras, sendo hoje um grande projeto turístico religioso, ecológico e cultural, de grande relevância para os municípios, que fazem parte do roteiro, dando mais visibilidade às cidades e atraindo turistas para a região.
          O roteiro é formado por 11 municípios, com a rota iniciando em Santa Rita de Ouro Preto (na foto acima do Arnaldo Silva), seguindo o caminho dos tropeiros e Inconfidentes, passando por Ouro Branco, Conselheiro Lafaiete, Queluzito, Casa Grande, Entre Rios de Minas, Lagoa Dourada, Resende Costa, Coronel Xavier Chaves, Ritápolis, encerrando o roteiro em São Tiago. O percurso tem um total de 275 km, podendo ser feito em grupos a pé, de bikes ou a cavalo. O projeto é gerenciado pelos circuitos turísticos Trilha dos Inconfidentes, Vilas e Fazendas e Circuito do Ouro. Circuitos estes que, fazem parte os 11 municípios, na rota dos Caminhos de São Tiago.
          Além da rota dos tropeiros, o caminhante terá como opção seguir por outros caminhos que levam às 11 cidades do trajeto, para que possam conhecer as cidades, seus pontos turísticos e também, pernoitar. Após visitar as cidades, o caminhante retorna ao percurso original. Por isso nome Caminhos de São Tiago, no plural, já que além da rota original, tem-se a opção de seguir por outros caminhos durante todo o percurso.
Outros atrativos de São Tiago
          Quem quiser vier à São Tiago, fora da época da festa, onde a cidade fica super movimentada, irá aproveitar melhor da beleza arquitetônica da cidade, de sua gastronomia, bem como da simpatia de seus moradores. Pelas ruas da charmosa cidade, o visitante poderá saborear as guloseimas feitas nos fornos da cidade, doces caseiros, queijos e tomar aquele delicioso café, que sai direto das fazendas de café do município e os pratos típicos da culinária mineira, tradição da cidade. Além do café, nas fazendas de São Tiago são cultivados maracujá, mandioca, cana-de-açúcar, leite e seus derivados, bem como artefatos em couro. (fotografia de Sônia Fraga)
          São Tiago se destaca também pelos belíssimos artesanatos em tear, bordados, tricô e crochê, por suas belas cachoeiras como a Cachoeira do Simplício e Soledade, além do Balneário da Usina, o Recanto do Rio do Peixe, dentre outras belezas naturais e pela riqueza de seu solo, rico em minério de ferro, manganês, tantalita e bauxita.
          Conheça São Tiago, suas quitandas, o cafezinho coado em coador de pano, os fornos de barros, os doces artesanais, suas belezas naturais, suas tradições culturais e religiosas e seu maravilhoso povo. (na foto acima, biscoitos no Forno na Praça e abaixo de Deivifson Costa, nosso tradicional cafezinho)
          Venha para São Tiago! Vem pro forno! Venha conhecer as deliciosas quitandas de Minas Gerais, preservadas há mais de 300 anos em São Tiago.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

As brumas de Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva) A formação de brumas, também chamada de nevoeiro e neblina, é um dos mais belos fenômenos da natureza. Uma beleza que transmite uma suavidade e paz, impressionante.
A bruma tem um alcance em torno de mil metros, sendo sua duração mais prolongada, muito comum nas regiões serranas de altitude. Já a névoa, é bem mais fraca no alcance, com duração bem menor, presente em regiões serranas e planas. Os dois fenômenos se tornam mais frequentes em região com grande presença de água como rios, lagoas, nascentes e ribeirões. (na foto abaixo de Thiago Perilo/@thiagop.photo, as brumas de Ouro Preto)

          A presença de altitude, que ocasiona bloqueios das massas de ar, baixas temperaturas e água de rios, lagoas, nascentes, ribeirões e até das gotas de orvalho, presentes nas matas, são as causas do fenômeno. É simplesmente a evaporação da água, ao nível do solo, levando a formação de nuvens. 
          Esse fenômeno pode ocorrer a qualquer hora do dia ou da noite, quando o ar quente, presente na superfície, perde calor, devido à queda de temperatura, ocasionada por chuvas ou grande quantidade de água. Isso ocasiona aumento da umidade do ar, levando condensação das partículas de água, que se transformam numa espécie de fumaça densa, na superfície.
          Assim surge as brumas, um dos mais belos espetáculos da natureza, mas ao mesmo tempo, perigoso, quando acontece nas proximidades das rodovias, dificultando a visibilidade dos motoristas, por isso é bom parar e esperar o tempo melhorar ou dirigir devagar e com atenção. O outono e o inverno são as estações propícias para a formação de brumas. 
          Esse fenômeno ocorre no mundo todo, no Brasil, em algumas cidades chega a extasiar. É o caso de Ouro Preto, cidade histórica mineira, distante 100 km de Belo Horizonte. A beleza e charme de sua arquitetura barroca, com as brumas é um espetáculo de extasiar.          O fenômeno é tão constante em Ouro Preto que faz parte da identidade da cidade, é um dos atrativos ouro-pretanos. Turistas fazem questão de fotografar as brumas ouro-pretanas e logo pela manhã, se posicionam nos pontos mais altos da cidade para registrar a beleza do fenômeno. É de impressionar, extasiar e emocionar a beleza do fenômeno natural, com a arquitetura barroca. (foto acima de Thiago Perilo/@thiagop.photo)

          O município de Ouro Preto, possui uma área de 1.245,114 km quadrados e seu relevo é completamente acidentado. Isso explica a intensidade das brumas. Entre a sede e seus 12 distritos, as altitudes são bastantes diferentes, variando entre 700 metros, no distrito de Amarantina (na foto acima do Vinícius Barnabé/@viniciusbarnabe), até 1600 metros, no distrito de Antônio Pereira. Ainda no distrito de Antônio Pereira, um dos pontos mais altos da Serra do Caraça, em terras ouro-pretanas, chega a quase 1800 metros de altitude. No geral, a altitude média do município é 1.116 metros. Na área urbana de Ouro Preto, o ponto mais alto é o bairro de São Sebastião, a 1400 metros de altitude. 
          Além da altitude, o que mais favorece a formação de brumas em Ouro Preto é o grande número de lagoas, nascentes, ribeirões e rios presentes em todo o município. Nas terras ouro-pretanas, estão as nascentes do Rio das Velhas, do Rio Piracicaba, do Rio Gualaxo do Norte, do Rio Gualaxo do Sul, do Rio Mainnart, do Ribeirão do Funil, além de dezenas de nascentes, cujas águas formam córregos, lagoas e pequenos riachos, que deságuam nos rios citados ao longo de seu percurso. (na foto acima de Arnaldo Silva, paisagem do distrito de Santa Rita do Ouro Preto)
          Outro fator que colabora com a grande formação das Brumas em Ouro Preto são as baixas temperaturas. Fontes históricas afirmam que, em 1893, nevou no município. O fenômeno foi registrado no Diário Oficial da União, no dia 10 de junho de 1893. O inverno ouro-pretano é rigoroso, com temperaturas, durante os dias mais frios, variando entre 0º a 10 graus. (fotografia acima de Ane Souz)
          Além de Ouro Preto, as brumas de Monte Verde, charmosa vila europeia mineira, distrito de Camanducaia no Sul de Minas, impressiona. Monte Verde tem cerca de 6 mil habitantes e está a 1600 metros de altitude. As paisagens e a arquitetura, que lembra a terra de seus fundadores, a Letônia, no Leste Europeu, encanta pelo nostálgico e poético cenário que proporciona. (como podem ver na foto acima do Ricardo Cozzo) 
          Outra cidade lindíssima mineira, que fica mais linda ainda no outono e inverno, é Tiradentes, no Campo das Vertentes. É uma das mais belas cidades históricas do Brasil, com pouco mais de 8 mil habitantes e a 927 metros de altitude. (como podem ver na foto acima do César Reis)
          No outono e no inverno, curta a beleza das brumas em Minas Gerais. É um fenômeno de grande impacto, pela beleza, singularidade e emoção que proporciona.

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Canastra: a serra do queijo

(Por Arnaldo Silva) A Serra da Canastra, Sudoeste de Minas Gerais, guarda tesouros naturais de Minas Gerais, de grande importância para o Brasil. É onde nasce o Rio São Francisco, o rio da integração nacional. São várias nascentes e cachoeiras, uma rica flora nativa de Cerrado e Mata Atlântica e em sua fauna, espécies como o Logo-Guara, Jaguatirica, Onça-pintada, o Tatu-canastra, o Pato-mergulhão, o Tamanduá-bandeira, dentre outras espécies, podem ser vistos em seu habitat natural. 
          Para proteger esse patrimônio natural, foi criado em 1972, o Parque Nacional da Serra da Canastra. Um dos mais impressionantes santuários ecológicos do mundo, lugar dotado de uma beleza cênica impressionante! Mas porque Canastra? 
          Na região, formações rochosas e de enormes paredões são comuns. Uma dessas formações, chamou a atenção dos bandeirantes que na região chegaram no século XVII. Estes tinham como hábitos, nominar certas formações diferenciadas, que encontravam pelo caminho. Esses nomes serviam como sinalizadores e pontos de referência, como orientação em trajetos. (na foto acima, queijo Canastra feito pelo Mestre Queijeiro Roberto Soares do Rancho 4R, de São Roque de Minas)
          Dentre tantas formações rochosas existentes na região, uma chamou a atenção, por ter semelhança com um objeto muito comum em Portugal, uma arca retangular, bem rústica, usada para guardar roupas, cobertores e até mesmo, servia como mala, em viagens longas. O nome era canastra, em nossas terras, um baú. Assim o enorme penhasco passou a ser referência dos bandeirantes e viajantes que passavam pela serra, onde estava a Canastra. Assim ficou, Serra da Canastra. 
          Além das belezas naturais, das cachoeiras, das serras, montanhas e enormes paredões, há 200 anos é produzido na região um tipo de queijo, com o nome da serra. Os bandeirantes de origem portuguesa, em São Jorge, nos Açores, dominavam a técnica de produzir queijos e como na região existiam muitas pastagens, trouxeram gado e começaram a produzir o queijo que conheciam. (na foto abaixo de Wilson Fortunato, o maciço rochoso em forma de canastra, que deu origem ao nome da serra) 
As características do Queijo Canastra
          Essa receita de queijo sofreu adaptações devido ao clima, águas da Serra da Canastra, pastagem, manejo de gado, formação de bactérias, que dão sabor e textura aos queijos, são diferentes, assim, surgiu um queijo mineiro com identidade e estilo próprio.
          O Queijo Canastra tem sabor forte, picante, massa densa, bem encorpado, formando uma casca amarela clara, durante maturação. (na foto acima, Queijo Canastra do Rancho 4R, de São Roque de Minas, feito pelo Mestre Queijeiro Roberto Soares) 
          É um queijo único, não há igual no mundo. De sua receita original, características e modo de fazer, até os dias de hoje, pouca coisa mudou, apenas as adaptações às regras sanitárias. A tradição, os ingredientes, a forma como é feito, bem como seu valor histórico e cultural, foi reconhecido como Patrimônio Imaterial de Minas Gerais e também do Brasil, pelo IEPHA E IPHAN.
O modo de preparo do Queijo Canastra
          Essa forma, reconhecida como patrimônio dos mineiros e brasileiros, consiste no tradicional método de fazer este queijo que começa na ordenha, em seguida o queijeiro coloca o leite num enorme recipiente, sobre uma mesa, com uma leve inclinação. Em seguida é colocado o coalho e o “pingo”, uma espécie de fermento natural do próprio leite, que vai pingando aos poucos, com os pingos caindo num balde. 
          Quando o leite talhar, corta-se a massa, retira-se porções, que são colocadas em panos limpos e espremidos. Essa massa é colocada na fôrma para queijos, sem fundo, espremida novamente e por cima, coloca-se sal grosso.
          O queijo fica assim por 24 horas e nesse tempo, o soro do queijo vai escorrendo sobre a mesa, pingando nos baldes, sendo a matéria usado na produção seguinte. Depois desse tempo o queijo é desenformado e colocado em prateleiras arejadas, para ser maturado. Essa é a forma de fazer o Queijo Canastra. Mesmos ingredientes e mesma forma de fazer, como há 200 anos atrás. Queijo Canastra é simplesmente  leite cru, coalho, pingo e sal. (na foto do Roberto Soares, fôrma para queijos no Rancho 4R em São Roque de Minas) 
Maturação e armazenamento 
          Para uma peça desse queijo, de cerca de 1 kg, gasta-se cerca de 10 litros de leite e maturação que varia de 21, 30, 60, 90, 180 e até 360 dias. 
          Durante a maturação, uma casca grossa vai se formando sobre o queijo, que protege e preserva o sabor original do queijo. Essa casca deve ser retirada. O queijo está dentro da casca, mas se quiser, pode comer a casca grossa sem problema algum. (como podem ver na foto abaixo do Roberto Soares, do queijo Canastra do Rancho 4R, queijo com 6 e 12 meses de maturação).  Basta retirar a casca com uma faca, descartar a casca e degustar o queijo.
          Ao contrário do popular queijo Minas Frescal, um dos vários tipos de queijos que existem em Minas, queijo nenhum deve ir para a geladeira. O Frescal é de massa mole, próprio para consumo rápido, diferente do Queijo Canastra, de massa encorpada e firme.
          Queijos especiais devem ser armazenados em queijeiras, de madeira, não devem ser enrolados em plásticos e estar em temperatura ambiente. As queijeiras devem ter telas para proteger os queijos de insetos e para facilitar a circulação do ar, para que a maturação continue, bem como a preservação de suas características.
          Queijos finos em geladeira, perdem todo o processo adquirido em sua formação, além de suas características originais. Para aproveitar melhor o sabor e qualidade, o Queijo Canastra dever ser consumido após uma semana de maturação, quando o queijo já adquiriu um pouco de suas características. Melhor seria após 21 dias de maturação. O Canastra, quanto mais maturado, com a casca bem amarelada e seu mofo característico, é melhor, bem melhor. Combina super bem com vinho tinto e claro, café quente no bule.
Quais as cidades que produzem Queijo Canastra?
          Queijo Canastra só pode ter esse nome se for feito nos municípios que formam a Região Queijeira da Serra da Canastra. Para entender essa questão, precisamos entender bem o que é o nome Serra da Canastra. Na verdade, são três nomes, com significados diferentes. 
          Existe então a Serra da Canastra, um paredão no topo da serra (na foto acima da Maria Mineira). O Parque Nacional da Serra da Canastra, com cerca de 200 mil hectares, que é o nome dado a área e a Região da Serra da Canastra, uma região geográfica formada por 7 municípios produtores do Queijo Canastra. Deu para perceber que o mesmo nome tem três significados?
          A região queijeira da Serra da Canastra é formada pelos municípios de São Roque de Minas, Vargem Bonita, Medeiros, Piumhi, Delfinópolis, Bambuí e Tapiraí. Os produtores de queijos nesses municípios são orientados e organizados pela Aprocan (Associação dos Produtores de Queijo Canastra).
          Ou seja, Queijo Canastra legítimo são os produzidos somente nesses municípios, com selo e reconhecimento de Identificação de Origem (IG). O Queijo Canastra foi um dos primeiros produtos brasileiros a ter selo de comprovação de sua origem. O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), concedeu o selo de Indicação Geográfica (IG) ao Queijo Canastra em 2012. Esse selo é importante constar no rótulo do queijo, para que o consumidor tenha certeza que está consumindo o legítimo Queijo Canastra.
Onde o Queijo Minas é produzido?
          O queijo mineiro ou o queijo Minas, não é apenas produzido na Região da Canastra, tem mais nove regiões queijeiras em Minas Gerais. São 10 ao todo.
          Os queijos mineiros são confundidos com a receita do popular Queijo Minas Frescal, o tipo de queijo mineiro, com massa mole e branco, mais consumido e o mais comum, dando a impressão que temos apenas um único queijo no Estado. Esse tipo de queijo é apenas mais um tipo de queijo que existe, dentre tantos outros queijos mineiros. (abaixo, Queijo Dinho, de Piumhi, um outro tipo de queijo Minas, com massa densa e furos no tipo emmental suíço. Foto de Lucas Rodrigues)
          São mais de 2 mil tipos de queijos produzidos no mundo todo e em Minas Gerais, são produzidos mais de 50 tipos de queijos, com nomes, cor, sabor, massa e texturas e receitas diferentes, como o tipos de queijos Canastra, Serra do Salitre, Araxá, Serro, Cabacinha, tipo de queijo do Vale do Jequitinhonha (na foto abaixo da Sila Moura), o queijo Cruzília, Diamantina, Alagoa, dentre outros tantos tipos de queijos, variações de receitas e nomes diferentes.
          Queijo Minas é denominação genérica, é referente a todo queijo artesanal, com origem em Minas Gerais, feito em Minas. Então, o queijo chamado Queijo Minas é apenas uma variedade de queijo, entre vários outros queijos feitos em Minas com características, texturas, cor, sabor, tempo de maturação, diferentes. 
As regiões queijeiras mineiras 
Região da Canastra Canastra: O tipo de queijo Canastra é produzido nos municípios de São Roque de Minas, Vargem Bonita, Delfinópolis, Medeiros, Piumhi, Bambuí e Tapiraí. 
Região da Serra do Salitre: O tipo de queijo Serra do Salitre é produzido no município Serra do Salitre e entorno, com destaque para os queijos com casca em resinas escura, amarela e vermelha, produzidos na Fazenda Pavão, do produtor João Melo, como podem ver na foto acima. 
Região de Araxá: O tipo de queijo Araxá é produzido nos municípios de Araxá, Tapira, Pratinha, Conquista, Ibiá, Campos Altos, Perdizes, Pedrinópolis, Medeiros e Sacramento (na foto acima do Luis Leite, queijaria da Fazenda  Caxambu em Sacramento). 
Região do Campo das Vertentes: O tipo de queijo Campo das Vertentes é produzido nos municípios de Barroso, Conceição da Barra de Minas, Coronel Xavier Chaves, Carrancas, Lagoa Dourada, Madre de Deus de Minas, Nazareno, Prados, Piedade do Rio Grande, Resende Costa, Ritápolis, Santa Cruz de Minas, São João Del Rei, São Tiago e Tiradentes.
Região do Cerrado: O tipo de queijo "Queijo do Cerrado" é produzido nos municípios de Abadia dos Dourados, Arapuá, Carmo do Paranaíba, Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia, Lagamar, Lagoa Formosa, Matutina, Patos de Minas, Patrocínio, Presidente Olegário, Rio Paranaíba, Santa Rosa da Serra, São Gonçalo do Abaeté, São Gotardo, Tiros, Varjão de Minas, Vazante.
Região do Serro: O tipo de queijo Serro é produzido nos municípios do Serro, Rio Vermelho, Serra Azul de Minas, Santo Antônio do Itambé, Materlândia, Sabinópolis, Alvorada de Minas, Dom Joaquim, Conceição do Mato Dentro e Paulistas. (na foto acima o queijo do produtor serrano, Túlio Madureira)
Região do Triângulo Mineiro: O tipo de queijo Triângulo Mineiro é produzido nos municípios de Araguari, Cascalho Rico, Estrela do Sul, Indianópolis, Monte Alegre de Minas, Monte Carmelo, Nova Ponte, Romaria, Tupaciguara e Uberlândia.
Região Mantiqueira de Minas: O tipo de queijo Mantiqueira de Minas é formado pelos municípios de Aiuruoca, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalhos, Itamonte, Liberdade, Itanhandu, Passa Quatro e Pouso Alto.
Região Queijeira Diamantina: É uma região queijeira formada pelos municípios de Diamantina, Felício dos Santos, Gouveia, Datas, Couto de Magalhães de Minas, Presidente Kubitschek, São Gonçalo do Rio Preto, Senador Modestino Gonçalves e Monjolos, no Vale do Jequitinhonha.
Região Alagoa: O tipo de queijo Alagoa é produzido em Alagoa MG, Sul de Minas, é considerado uma região queijeira própria pela tradição e receita única de seu queijo, com origem no parmesão, desde o final do século XIX. Esse tipo de queijo não tem similar em lugar algum do mundo, por isso é uma região queijeira, formada apenas por este município. São vários os fatores que fazem desse charmoso município mineiro, com menos de 3 mil habitantes, uma região queijeira e única, por isso é a Região do Queijo Artesanal de Alagoa. (na foto acima, o Queijo Bela Vista, produzido na Fazenda Bela Vista, premiado com medalha de ouro no Mondial Du Fromage, na França, em 2019)
          Minas Gerais é o maior produtor de queijos do Brasil e o sexto maior do mundo e ter acesso ao queijo mineiro ficou mais fácil com a regulamentação da Lei nº 23.157 de 18 de dezembro de 2018, regulamentada por decreto, pelo Governo Mineiro, em 19/08/2020, criando regras sanitárias e legais para produção e comercialização dos queijos mineiros. Assim, os queijos de Minas Gerais poderá estar presentes nas gôndolas dos supermercados de todo o Brasil.

sábado, 5 de setembro de 2020

Duas cidades mineiras entre as mais descoladas do mundo

(Por Arnaldo Silva) Em 2020, o Creative Urban Institute, com sede em Portland, juntamente com a Universidade do estado de Oregon, ambos nos Estados Unidos, divulgaram para toda a mídia internacional, o resultado do índice internacional sobre o quanto as cidades tem de cool. Essa palavra inglesa, traduzindo significa, “legal”, descolada.
          O objetivo é saber o quanto uma cidade é legal e atrativa para o público jovem, chamado de hipster. Duas cidades brasileiras fazem parte desse índice: Tiradentes MG e Santa Rita do Sapucaí MG, que podemos ver na foto abaixo do Leonardo Souza/jleonardo_souza_srs)

          
Foram avaliadas 647 cidades de 20 países diferentes do mundo, tendo como base para medição do índice, o estilo de vida na era digital, usando 13 itens de pontuação, para grupos de 10 mil residentes, que são: festivais e eventos de tecnologias, micro cervejarias, provedores de internet de alta velocidade, condições de trânsito, número de startups de tecnologias, cafeterias, lojas familiares, alimentos disponíveis direto do produtor.
          E ainda, densidade de arte de rua, nível de ensino superior, renda per capita, inflação no preço de moradia do ano anterior e o interesse dos jovens pelo que acontece no dia a dia da cidade, com menções em hastags, chamada de “instagramabilidade”.
          O índice é medido nas cidades com menos de 130 mil habitantes.
          Com a medição desses índices, chegaram à listagem das cidades. Na lista entre as 10 cidades mais descoladas do mundo, surpreendentemente, duas são brasileiras, e mineiras: Santa Rita do Sapucaí, classificada na quarta posição e Tiradentes, na oitava posição no ranking mundial. (na foto acima do Deividson Costa, Tiradentes MG)
          Santa Rita do Sapucaí, conhecida como "cidade criativa", no Sul de Minas, segundo o IBGE, tem 43.753 habitantes, em 2020, foi destaque em startups, cafeterias, tecnologia e pelo HackTown, o festival de inovação e criatividade, que acontece no município, de grande prestigio internacional. (foto acima de Leonardo Souza/@@jleonardo_souza_srs)
          Já Tiradentes (na foto acima do César Reis), no Campo das Vertentes, contando hoje com 8.072 habitantes, em 2020, segundo o IBGE, foi destaque na avaliação por sua gastronomia e variedades de restaurantes, arquitetura histórica, galerias de arte e principalmente pelos festivais que a cidade organiza, durante o ano, como o Festival Internacional de Gastronomia, a Mostra de Cinema, Carnaval, Tiradentes Vinho e Jaz Festival, Tiradentes em Cena, Bike Fest, Trem Bier Festival, dentre outros.
Lista completa e em ordem das 10 cidades 
mais pontuadas no ranking mundial
1. Charleston (Estados Unidos) - 8.737 pontos
2. Mullumbimby (Austrália) - 8.437 pontos
3. Oss (Holanda) - 8.285 pontos
4. Santa Rita do Sapucaí (Brasil) - 7.824 pontos
5. Chiang Mai (Tailândia) - 7.797 pontos
6. Boulder (Estados Unidos) - 7.531 pontos
7. Leuven (Bélgica) - 7.489 pontos
8. Tiradentes (Brasil) - 7.391 pontos
9. Truckee (Estados Unidos) - 7.383 pontos
10. San Miguel de Allende (México) - 7.212 pontos

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