(Por Arnaldo Silva) Com cerca de 22 mil habitantes, localizada no km 677 da BR-381, estando numa posição intermediária entre as regiões do Campo das Vertentes e Sul de Minas, está a cidade de Perdões. Cidade charmosa, histórica do século XVIII, com um rico e belo casario colonial preservado, fazendas centenárias, bem como igrejas no estilo barroco mineiro e entalhes interiores em estilo rococó. Pelo carisma, hospitalidade e amizade que seu povo demonstra ter entre si e da forma amiga que recebe os visitantes, é conhecida na região como a “Cidade da Amizade”. (na foto abaixo do Rogério Salgado, a Praça da Matriz do Senhor Bom Jesus dos Perdões)
Distante 211 km de Belo Horizonte, o município faz divisa com Ribeirão Vermelho, Lavras, Ijaci, Bom Sucesso, Santo Antônio do Amparo, Santana do Jacaré, Cana Verde e Nepomuceno. A economia do município gira em torno de um comércio variado, da prestação de serviços, de pequenas e médias indústrias, da agricultura e pecuária, de corte e leiteira, do artesanato e do turismo. (na foto abaixo de Rogério Salgado, detalhes da arquitetura barroca de Perdões)
História e origem
A história de Perdões começa a partir de meados do século XVIII, com a chegada à região de Romão Fagundes do Amaral, um ambicioso minerador, que logo ao chegar, já montou um garimpo para extração de ouro às margens do Rio Grande. Como o metal atraia muita gente, nas proximidades desse garimpo, começou a se formar um povoado, que se desenvolveu bastante. Além do minerador, se instalou na região Rubens Airão, formando uma fazenda e se dedicando à agricultura e pecuária.
Tanto Romão Fagundes, quando Rubens Airão, eram influentes, ricos, com posses de grandes áreas de terras e de grande número de escravos, sendo importantes para formação do arraial e desenvolvimento da região. Homens de fé, por volta de 1770, mandaram construir uma singela ermida do Senhor Bom Jesus, em estilo jesuítico, com benção e provisão canônica dado pelo bispado de Mariana, a sede paroquial na época.
A Capela de Nosso Senhora do Rosário
Construída com muito trabalho e suor, pelos escravos de ambos os senhores, a capela foi dedicada à Nossa Senhora do Rosário, santa Católica muito amada e venerada pelos escravos. (na foto abaixo do Rogério Salgado, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário)
Em torno da singela capela, desenvolveu um povoado que cresceu sobre o nome de Arraial de Bom Jesus, depois foi acrescentado Perdões, sendo chamado então de Arraial do Senhor Bom Jesus dos Perdões, tendo sido elevado a freguesia e vila em 1885, com o nome reduzido a Perdões e por fim, à cidade emancipada em 1º de junho de 1912.
O nome perdões
O acréscimo da palavra Perdões ao nome Senhor Bom Jesus, tem com origem Romão Fagundes do Amaral. Segundo consta, o minerador vivia às margens da Lei, formando garimpos e extraindo ouro e se enriquecendo, sem se importar muito com as leis da Coroa Portuguesa, principalmente na questão dos impostos, sendo por isso perseguido pela justiça que representava a Coroa Portuguesa na Colônia. Por isso vivia pouco tempo em determinados lugares, sempre buscando outras regiões para garimpar quando sentia a presença da fiscalização portuguesa.
Cansado da vida de fugitivo que levava, Romão Fagundes resolveu mudar. Pediu perdão à Cora Portuguesa, à época sobre a regência de Dona Maria I, oferecendo-lhe um cachinho de bananas de ouro puro, caso o perdão fosse concedido e prometendo ainda, mandar trazer de Portugal a imagem do Senhor Bom Jesus. (na foto abaixo do Rogério Salgado, detalhe da arquitetura barroca de Perdões e acima, à direita, a Igreja do Rosário)
Romão Fagundes do Amaral foi perdoado, recebeu a patente de Alferes, que na época, era oficial da guarda da Colônia, abaixo do tenente. De acordo com a hierarquia militar, um alferes seria hoje um segundo-tenente. Cumpriu todas as promessas que havia feito, caso tivesse o perdão. Passou exercer suas atividades de forma legal, cumprindo com suas obrigações para com a Coroa Portuguesa. Mandou trazer a imagem do Senhor Bom Jesus de Portugal, como prometera, colocando-a na capela que ele próprio, juntamente com o fazendeiro Rubens Airão, tinham mandado erguer. Com o tempo, a palavra perdões foi acrescentando ao nome da capela, ficando Capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões, bem como ao nome do povoado.
A Capela do Senhor Bom Jesus
A capela do Senhor Bom Jesus foi dedicada à Nossa Senhora do Rosário, assim é chamada até hoje. Em 1870, foi erguida a atual Matriz do Senhor Bom Jesus dos Perdões, em estilo Barroco, com decoração no estilo Rococó, mas cuja obra não tem autoria identificada. Reformas feitas no século XX, descaracterizaram a arquitetura e ornamentação da igreja. Percebendo isso, em 1992, o padre da Matriz na época, Miguel Ângelo Freitas Ribeiro, decidiu resgatar a história e origem arquitetônica original da igreja. (na foto acima do Rogério Salgado, a parte frontal da Matriz e abaixo os fundos da igreja)
Padre Miguel Ângelo, pesquisou a fundo a origem, arquitetura e todo o estilo da igreja original e assim conseguiu trazer de volta, as características originais dos altares, imagens, retábulos, mesas, colocando os balaústres em seus lugares originais, recuperando os entalhes da arte Rococó na sua ornamentação. Em seu altar-mor, está a imagem do Senhor Bom Jesus dos Perdões. Assim, está a igreja hoje, restaurada e preservada, conforme suas características originais.
Atrativos turísticos de Perdões
Além da Matriz, construções se destacam na cidade, sendo atrativos turísticos e culturais como:
- A Matriz está numa praça, rodeada por belíssimos casarões, muito bem preservados, dos séculos XVIII e XIX, além de um charmoso coreto em estilo eclético do século XX, na mais charmosa e atraente praça da cidade, a Praça Dr. Zoroastro Alvarenga. (fotografia acima e abaixo do Rogério Salgado)
- No entorno da Matriz do Senhor Bom Jesus dos Perdões encontra-se o prédio da antiga sede da Prefeitura, hoje Biblioteca Municipal Francisca Andrade Pereira.
- O prédio do antigo Fórum e Cadeia, datado de 1918, tendo sua arquitetura influências do estilo neoclássico, colonial e detalhes da arquitetura Grega e Romana, em sua fachada. Hoje é o Museu Municipal Joaquim de Bastos Bandeira.
- A Escola Municipal Otaviano Alvarenga, construído em 1910 em estilo neoclássico e o 1º Piso e Estação de Rádio VerSul FM- 2º Piso)
- A Casa Paroquial, foi construída em 1927, para servir de moradia e hospedagens dos padres, em estilo eclético, com detalhes arquitetônicos em estilo barroco, renascentista e grego.
- O Monumento em homenagem aos ex-combatentes da Segunda Grande Guerra Mundial, construído em 1960, em homenagem aos valorosos pracinhas perdoenses, que lutaram na Segunda Grande Guerra Mundial, defendendo nosso país.
- O prédio que abriga a Santa Casa de Perdões (na foto acima do Rogério Salgado) é outro atrativo da cidade. Fundada em 1921, sua arquitetura é em estilo neoclássico.
- A Praça do Rosário foi construída oficialmente em 1944, onde foi construído em 1898, o chafariz e a primeira caixa d´água do município, quando a água canalizada chegou à Perdões.
Além do charme da cidade, seu casario colonial dos séculos XVIII e XIX, suas construções neoclássicas e ecléticas do século XX, belas igrejas, praças, monumentos, um comércio variado e atraentes, charmosas pousadas e hotéis, restaurantes aconchegantes e fazendas centenárias (com uma delas, na foto acima do Rogério Salgado) outro destaque de Perdões é o Rio Grande e a Represa do Funil, entre Perdões e Lavras (na foto abaixo do Rogério Salgado), um dos maiores atrativos naturais do município.
São lugares muito procurados pelos perdoenses e visitantes, para pesca, além de ter em suas margens, áreas de lazer que propiciam descanso e prática de atividades esportivas como passeios de barco ou de lanchas, jet ski e outras diversões aquáticas.