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sábado, 20 de junho de 2020

A uva e as bebidas finas de Bueno Brandão

(Por Arnaldo Silva) Bueno Brandão é uma charmosa e encantadora cidade no Sul de Minas Gerais, a 1204 metros de altitude e 471 km de Belo Horizonte, fazendo divisas com os municípios de Ouro Fino, Monte Sião, Inconfidentes, Bom Repouso e Socorro no Estado de São Paulo. Seus poucos mais de 11 mil moradores vivem numa cidade privilegiada, rodeada por belíssimas paisagens naturais, e cachoeiras paradisíacas. O turismo ecológico é um dos destaques do município, além dos produtos artesanais, destacando vinhos de frutas, licores, geleias e cachaça produzidos no Sítio Asa Branca, do “Seu” Benedito, no bairro rural dos Fidêncios.
          O início foi em 2007 quando produtores se reuniram para plantar amoras. A produção do “Seu” Benedito foi muito grande. Sem ter um mercado para escoamento rápido de sua produção, optou por fazer vinhos com a fruta, produzindo inicialmente 200 litros de vinho de amora.
          O sabor, qualidade e a novidade, de um vinho feito com amoras agradaram, e logo “Seu” Benedito recebeu encomenda para produzir mais 1000 litros de vinho de amora.
          Percebendo que a iniciativa poderia prosperar e aproveitando a qualidade da terra dos seus quatro hectares que possui, investiu também no plantio de frutas diversas, como a framboesa, pitaya, figo, jabuticaba, pêssego, framboesa, café, além de outras frutas e cana. Foram plantadas também uvas tradicionais, das variedades Bordô, Isabel, Niágara Branca, Niágara Rosada e Jaquê, 
conhecida também por jaqué, jacquez ou jacquet é essa espécie da foto abaixo.
          O objetivo era produzir vinhos, licores e cachaça artesanais, de alta qualidade. Para chegar a esse nível, “Seu” Benedito procurou aprimorar seus conhecimentos em produção de frutas, vinhos, licores e cachaças, pesquisando e testando novas receitas. Com isso foi desenvolvendo identidades próprias para seus produtos, com receitas próprias, aprimorada ao longo do tempo, graças a seu esforço e busca da receita ideal, que identificasse seus produtos, como únicos.
          Assim nascia a vinícola Uva e Vinho Fidêncio produzindo hoje vinhos de mesa Bordô Seco; Bordô Suave e Bordô Demi-Seco; Rose Seco, Rose Suave e Rose Demi-Seco; Vinho Branco Seco e Vinho Branco Suave; além do Vinho de Amora Seco, Suave e Demi-Seco e vinho tinto de Jabuticaba.
          Na época da colheita das uvas para produção de vinhos, em caso de grupos chegarem ou marcarem horário, é liberado o processo de pisa natural da Uva pelos visitantes, que podem também conhecer o sítio e a produção dos vinhos, cachaça e licores, que embora seja artesanal, é feita com uso de máquinas industriais.
          Com as variedades de frutas que existem no sítio, são produzidos também licores de café, jabuticaba, amora, figo, pêssego, amora, além de geleias de amora, uvaia e uva.
          No Sítio Asa Branca também se produz mel e desse mel origina uma cachaça especial: a cachaça de mel. Não é cachaça com mel, mas cachaça de mel. É o mesmo processo de produção da cachaça com cana de açúcar, fermentada, mas no caso, o ingrediente é o mel, não tem cana na bebida. É uma bebida finíssima!
          Além da Cachaça de Mel, na vinícola é produzida ainda a cachaça tradicional, acrescida de outros ingredientes. Assim, são encontrados no sítio cachaça com mel, limão e gengibre; cachaça com cravo e canela; cachaça de banana e a cachaça Roxa Forte, que é uma bebida com gosto de café.
          No sítio é produzida também a Hidromel, bebida fermentada a base de água, leveduras e mel. Essa é a mais antiga bebida do mundo. Surgiu antes mesmo do vinho e da cerveja.
          Se gostou da Hidromel, em Bueno Brandão tem também a Lágrima da Uva, uma bebida extremamente fina, feita do néctar retirado do miolo da uva. No preparo é usado aguardente para parar a fermentação. A receita é um dos patrimônios gastronômicos de Bueno Brandão e tem inspiração na bebida portuguesa Jeropiga (não confundir com jurupinga). O resultado final é uma bebida saborosa, aromática, fina e com maior teor alcoólico que o vinho.

          Dando continuidade a sua criação, “Seu” Benedito resolveu criar uma bebida especial que homenageasse Minas Gerais e todos os mineiros. Pesquisou e criou um processo de produzir uma bebida a base de aguardente, com sabor diferente. Assim nasceu o Whisky Mineiro, uma cachaça madeirada. É a cachaça que passa por envelhecimento em três tipos de madeiras diferentes até chegar à cor e o sabor desejado.
          Bueno Brandão e uma cidade que te receberá de braços abertos. Cultura, história, gastronomia e paisagens deslumbrantes, além de oferecer aos visitantes restaurantes e pousadas aconchegantes. Bueno Brandão é muito além das cachoeiras.
Lembrete: Não é permitido o uso, consumo e aquisição de bebidas alcoólicas por menores. Beba moderadamente e se beber, não dirija.
As fotos são arquivos da Vinícola Fidêncio e informações foram repassadas pelo Douglas Coltri. Mais informações sobre a vinícola e Bueno Brandão, com Douglas Coltri no Departamento de Turismo: turismo.chefe@buenobrandão.mg.gov.br

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Diamantina: Guarda Romana e tradições

(Por Arnaldo Silva) Diamantina está a 292 km de Belo Horizonte, na região do Alto Jequitinhonha e se destaca em Minas por sua valiosa importância para a história de Minas Gerais. Em 1938, seu conjunto arquitetônico, do período colonial e imperial, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em 1999 foi reconhecida pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade. 
A Guarda Romana
          Em Diamantina, as tradições religiosas, folclóricas e culturais são preservadas. Na Semana Santa, um dos destaque do evento religioso é a Guarda Romana. (foto acima e abaixo da Giselle Oliveira)
          Formada por cerca de 150 homens, a Guarda Romana sai às ruas de Diamantina, encenando os passos e paixão de Jesus Cristo. Usando escudos e batendo as alabardas (tipo lança), em marcha lenta, batendo fortemente os pés e alabardas no chão, numa coreografia e composição musical, que impressiona e emociona. 
          Por sua grande importância cultural e fé dos diamantinenses, a Guarda Romana é reconhecida como Bem Imaterial de Diamantina desde 2014. É um patrimônio valioso da cidade. (foto acima e abaixo da Giselle Oliveira)
A Festa do Divino Espírito Santo
          Outra festa de grande importância para Diamantina é a Festa do Divino Espírito Santo. Há mais de dois séculos, a cidade revive ainda uma das mais antigas tradições do Império. Tradição portuguesa, desde o século XIV, chegou à Minas Gerais, com os portugueses, durante o Ciclo do Ouro. Faz parte das tradições mineiras e principalmente em Diamantina.
          A Festa do Divino é realizada 50 dias após a páscoa cristã, com procissões e novenas dedicadas ao Espírito Santo. Nos dias de festa, os devotos vestem roupas coloridas, cantam, dançam e visitam as casas, recebendo doações e também doando alimentos e roupas, além de fazerem orações nos lares que visitam. (foto acima de Giselle Oliveira)
          É uma época de agradecimento por bênçãos recebidas, pela fartura na colheita e pela prosperidade conquistada. É comum os cristãos doarem alimentos e roupas aos pobres, nessa época.
          A festa é formada por um corte, comandada pelo Imperador do Divino, que com os dons do Espírito Santo, distribui bênçãos, liberta cativos e ajuda os mais necessitados. Com o Imperador, é eleita a Imperatriz, bem como os príncipes e princesas. Todos vestidos em trajes de época, de Imperador, imperatriz, príncipes, princesas e fidalgos. 
          Seguindo a corte, os súditos do Imperador do Divino, que com roupas coloridas, cantam, dançam e louvam a Deus e ao Espírito Santo. 
          Segundo a fé cristã, os apóstolos de Jesus Cristo, receberam os dons do Espírito Santo, que desceu sobre eles, em forma de uma pomba branca no dia de Pentecostes. Após receberem os dons do Espírito Santo, agradeceram, louvaram a Deus e se encheram de forças para disseminar o Evangelho.  
          A Festa do Divino e a figura do Imperador do Divino, era tão popular que, ao invés de Dom Pedro I ser coroado Rei do Brasil, foi coroado Imperador. A ideia de mudar o título real foi de Bonifácio Andrada, na tentativa de popularizar a figura de Dom Pedro I, comparando-o, com a figura popular que representava o Imperador do Divino.
          Em Diamantina, o Imperador e sua corte, da Igreja do Espírito Santo e segue, acompanhado dos grupos de Congadas, Moçabiques, Folias de Reis, etc, até a Igreja de São Francisco de Assis.
          Como na época do império, os súditos da nobreza, acompanhavam o cortejo da Corte e assim é na festa, onde o povo e grupos folclóricos, acompanham, com danças, cânticos, o cortejo, tento a corte real à frente. 
          É uma mistura de elementos religiosos da cristandade, com as tradições locais e elementos profanos da simbologia Imperial Brasileira, incorporados à festa.
          A Festa do Divino é uma das mais antigas tradições, não só de Diamantina, mas do Brasil. Como a Guarda Romana, a Festa do Divino Espírito Santo é registrada como Bem Imaterial de Diamantina, desde 2014.
Arraiolos e Vesperata
          Não só isso, o visitante encontrará em Diamantina os famosos tapetes arraiolos (na foto acima enviada pela Dirce da Assart). A técnica da tapeçaria foi trazida pelos portugueses no final do século XVII, quando chegaram à região em busca de ouro. Essa arte é preservada até hoje.
          Pelos becos e ruas de Diamantina o visitante encontrará cultura, alegria, história e música. A cidade tem uma vocação impressionante para a música que está presente o dia a dia do diamantinense. Um espetáculo imperdível é a Vesperata (na foto acima de Sérgio Mourão) que acontece no decorrer do ano, revivendo antigos sucessos da música brasileira, internacional e folclórica. 

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Afofar o arroz

(Por Marina Alves) Nem que eu vivesse mil anos, esqueceria a imagem de minha mãe “afofando” o arroz. No fogão a lenha, as chamas crepitando, a panela de ferro assentada na primeira boca da chapa, cozinhava vagarosamente o arroz. Sobre a boca da panela, um prato branco esmaltado que fazia as vezes de tampa... Também me lembro de ouvi-la explicando que, tampado com um prato o arroz ficava mais gostoso.
          Será mesmo que usar um prato pra tampar a panela faz o arroz mais gostoso? Não sei, só sei que aquele arroz era mesmo o melhor do Planeta Terra. Talvez não fosse só o prato, mas toda a ciência inconscientemente envolvida naquele ato amoroso de cozinhar. Aquela era uma operação, era um processo científico, experiências culturais que vinham de outros tempos, de outras cozinhas, de outros fogões...
          Fazer arroz pode até parecer fácil. Basta dizer que quando alguém quer diminuir os dotes de algum desafeto assim costuma se exprimir:
          — Fulana? Não sabe nem fazer um arroz!
          A verdade é que um arrozinho gostoso exige mesmo certa mão treinada, certa sabedoria, alguma malandragem... Como as que eu via na cozinha da minha casa na hora do almoço ou da janta.
          Cozinhar o arroz começava por acender as achas de lenha na medida certa: muito fogo o arroz não cozinha por dentro, fica encruado; pouco fogo, o arroz empapa, vira grude. A panela de ferro quando esquenta, esquenta pra valer. Então, há o risco de torrar em vez de refogar. Por isso, a importância da Física, Química, Biologia, Matemática e outras Ciências, todas essenciais na hora de cozinhar.
          Gordura de porco, sal e alho, água para o cozimento, elementos fundamentais para o feitura de um bom arroz — lembrando que a água vem em duas sessões: a primeira só para cobrir, e após um descanso obrigatório, a segunda pra finalizar. É aí a hora de “afofar”. Nesse ponto, entra o garfo em ação. Com a pontinha vai-se revirando lentamente, airando, deixando tudo levinho para que o cozimento finalize um resultado macio e soltinho.
           “Afofar” o arroz é a arte final da obra. Quando a panela sair do fogo, o prato-tampa for retirado e levantar aquela fumacinha, tudo indica que está pronto o arroz. Nesse caso, só falta mesmo cuidar do seu par, o velho e bom feijãozinho que tem grande chance de já estar borbulhando no caldeirão ao lado. E a couve fresca, buscada na horta e picada fininha? E a costela de porco apurada na gordura e bem tostada? Se estiverem por perto, aí que é mesmo bom demais!
          No mais, resta dizer que o mundo pode oferecer iguarias sem igual, nas gastronomias mais sofisticadas, mas um arrozinho “afofado” e um feijãozinho cozido na hora, de preferência acompanhados de outras possíveis “misturas”, sempre terão seu lugar na boa e tradicional cozinha mineira.
(Crônica de Marina Alves de Lagoa da Prata com fotografias ilustrativa da Conheça Minas)

A impressionante riqueza do Artesanato Mineiro

(Por Arnaldo Silva) O mineiro tem uma forte vocação para a culinária e para arte. Em nossas cidades, principalmente as históricas, os casarões, igrejas e teatros são verdadeiras obras de arte, com detalhes impressionantes nas fachadas e no seu interior. Mas a arte mineira não se resume à arquitetura e arte barroca. 
          Em Minas Gerais, a pedra sabão dá vida a uma infinidade de peças impressionantes, como a imagem abaixo do Arnaldo Silva, em Ouro Preto MG. O barro vira bonecas, casinhas, pratos, potes. A madeira se transforma em esculturas impressionantes. A prata vira finíssimas peças, bem como a pedra sabão que se transforma em utensílios domésticos e artesanato nas mãos dos nossos artesãos. Fibras vegetais e flores dão vidas a peças maravilhosas. Papel vira arte, o barro vira mini-casinhas. Sucatas de metal e ferro viram esculturas em tamanho natural como cavalos, bois, dragões, homens esculturas nas mãos do artista plástico Dito Leandro de Campos Altos no Alto Paranaíba.
          Em Botumirim, no Vale do Jequitinhonha, fibras naturais, juntando com a arte dos bordados, se transformam em mantas, almofadas, bonecas, bois, vacas, arranjos, etc., pelas mãos das artesãs e bordadeiras da cidade que fazem os pontos dos bordados contando a história das mulheres da região e cantigas de roda, como podemos ver na foto acima e abaixo de Manoel Freitas.
            O artesanato no Brasil tem nome e sobrenome: Minas Gerais. Nenhum outro estado brasileiro é tão rico em artes e artesanato como Minas Gerais. No Estado, o artesanato é responsável pela economia de várias cidades, sustenta e mantém famílias, gera empregos e renda. Em Minas são mais de 300 mil artesãos, que movimentam uma média de 2 bilhões de reais por ano, segundo dados governamentais. (na foto abaixo do Bezete Leite, o artesanato com fibra de bananeira de Coração de Jesus, no Norte de Minas)
           Nosso artesanato é único e tem identidade própria. Em qualquer lugar do mundo o artesanato mineiro é reconhecido, principalmente o artesanato em cerâmica do Vale do Jequitinhonha, presente em vários países do mundo. 
          A arte em flores de Diamantina, bem como o artesanato em palha e bucha vegetal de Bonfim (na foto acima de Sérgio Mourão), a arte em tecidos de Resende Costa, os bordados de Paracatu, a prataria feita em Tiradentes e São João Del Rei são únicas, bem como as obras feitas com madeira bruta de Bichinho (na foto abaixo de Arnaldo Silva). São valores e saberes passados por gerações, que solidificaram a vocação do povo mineiro para o artesanato, uma arte feita em detalhes, que encanta e impressiona.
          Vocês conhecerão um pouco da arte mineira e nossos artistas. É só um pouco, o artesanato mineiro é muito vasto, presente em todas as cidades e distritos do Estado. Não dá parar mostrar todos, peço que entendam ausência de alguns artesanatos e cidades.
Artesanato com jornal da Márcia Rodrigues
          É uma arte singela, delicada e ecologicamente impressionante. Feita pela artesã Márcia Rodrigues, da cidade de Felício dos Santos, no Vale do Jequitinhonha. Márcia Rodrigues faz parte da Associação dos Artesãos de Felício dos Santos (Artfel) Trabalha com esse estilo de artesanato desde 2016, quando aprendeu o ofício em uma oficina de artes, organizada pelo Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas (IDENE), ministrado pelo artista plástico Ronaldo Lima.
          A arte consiste em retratar flores, bicicletas, cestinhas, souplast usando papel de jornal, destacando as esculturas, conhecidas como bonecas africanas. A artesã aprendeu a técnica, mas procurou dar identidade própria aos conhecimentos adquiridos no curso, retratando a vida do povo do Vale do Jequitinhonha. O trabalho da artesã encanta, enche os olhos de emoção por retratar a simplicidade, a luta e dificuldades do povo do Vale. Hoje, Márcia Rodrigues é uma das principais artesãs de Minas Gerais. Seu trabalho pode ser visto no instagram: @rodriguesoliveiramarcia ou contato pelo whatsapp: 38 9 9807-8450
A arte em barro do Vale do Jequitinhonha
              O artesanato em barro do Vale do Jequitinhonha, é uma das referências culturais de Minas Gerais. Do barro saem peças de alto valor cultural, como moringas, pratos, filtros, queijeiras, copos, canecas, panelas, bonecas. Do próprio barro, saem as tintas, usadas nas ornamentações das peças. São os vários pigmentos do barro, dissolvidos, que dão cor ao artesanato. Na pintura, são usadas penas de galinhas. Uma arte única, sem igual, passada de geração para geração. 
          Em 2018, o artesanato em barro do Vale do Jequitinhonha é reconhecido como Patrimônio Cultural do Estado de Minas Gerais. Feito em todas as cidades do Vale do Jequitinhonha, com destaque para o artesanato da foto acima, feito pela artesã Lilia Xavier, de Campo Alegre, distrito de Turmalina MG. Lilia está na terceira geração de artista da família. O contato da artesã é 38 99852-0991 e ainda envia para todo o Brasil.
A arte em barro de Salinas
          O artesanato em barro de Salinas, no Norte de Minas vem se destacando no Estado e no Brasil pelas mãos da artesã Maria Cláudia de Matos Miranda, mineira, que vive em Ferreirópolis, distritos de Salinas. Incentivada pela mãe, Cláudia Miranda trabalha com artesanato desde criança, inicialmente fazendo bordados, crochês e pinturas. Hoje, trabalha fazendo obras em argila. De suas mãos saem potes, panelas, bules, xícaras, travessas e uma infinidade de artes em flores e imagens sacras, em especial de São Francisco de Assis. O trabalho da artesã pode ser conhecido em seu instagram: @claudiamirandamatos
Pasmado e Pasmadinho
          Não é nenhuma dupla sertaneja nova. São dois distritos pertencentes a Itaobim e Itinga, no Vale do Jequitinhonha. Pasmado, distrito de Itaobim, cujo nome hoje é Vila Teixeira e Pasmadinho, distrito de Itinga. São comunidades onde vivem famílias humildes, que se dedicam à agricultura e principalmente ao artesanato. O casario do Pasmadinho é bem simples e todas as casas tem sua fachada pintada. Foi em 2015, por iniciativa do artista plástico Wederson, que veio de Belo Horizonte com o objetivo de colorir as casas das vila, dando mais beleza, alegria e cores vivas as casas do Pasmadinho. (foto acima e abaixo do José Ronaldo)
          A arte e os conhecimentos em cerâmicas vêm de gerações e preservada até os dias de hoje. O barro é retirado nas fazendas próximas e todo seu processo é artesanal, a começar pelo preparo do barro, feitio dos moldes, pintura e queima das peças. Tudo manual e feito nos quintais das artesãs.
          A região de Itinga se destaca pelas densas e impressionantes plantações de lírios nativos (na foto acima de Ernani Calazans), bem como a riqueza de suas terras, principalmente minério, turmalina e granito. Aproveitando essas riquezas minerais, aliado à criatividade dos artesãos locais, Pasmado e principalmente Pasmadinho, se destacam no cenário mineiro, na arte de fazer cerâmicas. Feitas basicamente por mulheres, as peças criadas pelas artesãs de Pasmadinho como cofrinhos, filtros, vasos, panelas, potes, utensílios domésticos, etc., são impressionantes pela beleza e qualidade. 
          A tonalidade  das cerâmicas do Pasmadinho se destaca por um marrom-vermelhado, diferente dos trabalhos em cerâmicas feitos em outras localidades do Vale do Jequitinhonha, graças ao talento das artesãs e as técnicas usadas no preparo do barro.
As porcelanas de Monte Sião
          As porcelanas de Minas são famosas e inconfundíveis. Nas cores azul e branca, foram inspiradas nos famosos azulejos portugueses.  (foto acima de Marcos Pieroni) Uma única fábrica no país faz esse tipo de porcelana fina desde 1959. Fica em Monte Sião, no Sul de Minas, fabricando todos os tipos de louças e bibelôs, somente nas cores azul e branca. 
          O processo de produção é totalmente artesanal. A argila é moída, em seguida os moldes são feitos e por fim, as peças são pintadas a mão, uma por uma, manualmente para irem para o forno a lenha. Cidade famosa pelo tricô e malhas, mas também pela beleza das porcelanas produzidas na cidade, que bela beleza, delicadeza e pinturas, faz muita gente pensarem que são porcelanas importadas e se surpreendem ao saber que é artesanato mineiro, feito em Minas Gerais. O site da fábrica é porcelanamontesião.com.br
Monumentos históricos em Miniaturas 
          Em Belo Horizonte, a artesã Railda Alves dos Santos (foto acima em seu ateliê) faz réplicas de casarões, igrejas e monumentos históricos de Minas Gerais e do Brasil. As miniaturas são idênticas e totalmente artesanais, feitas com gesso odontológico e pintadas nas cores originais dos monumentos tombados pelo Patrimônio Histórico Brasileiro, que ela reproduz. A Railda está no instagram @solluartes e suas obras podem ser vistas também em seu site: solluartes.com.br 
          As peças são feitas para serem fixadas na parede (na foto acima de Arnaldo Silva), que dão vida, graça, charme e mais histórias às casas. 
Artesanato em flores da Serra do Espinhaço
          No Alto Jequitinhonha, em Presidente Kubistchek, o artesanato em flores de Sempre-vivas se destaca, tendo o ofício dos coletores de Sempre-vivas, reconhecido como Patrimônio Agrícola Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). (fotos acima de Giselle Oliveira e abaixo de Fernando Campanella em Diamantina MG)
          Além do artesanato em flores, o Capim-dourado, muito comum na região, vem ganhando destaque no artesanato do Vale do Jequitinhonha. A planta tem brilho e cor únicos e impressiona por sua beleza dourada, que lembra o ouro reluzente. Do Capim-dourado são feitos luminárias, bijuterias, artigos de decoração, de acordo com a criatividade do artesão. Tanto o artesanato em flores e com Capim-dourado, são finíssimos e muito valorizados. São vendidos em todo o Brasil via internet, já que os artesãos estão organizados em cooperativas, que oferecem serviços de vendas online. (foto abaixo de Giselle Oliveira)
          O artesanato em flores pode ser adquirido também direto com os produtores, em sua cooperativa e em lojas na cidade e também em Diamantina, já que Presidente Kubistchek está apenas 50 km da famosa cidade histórica, terra de Chica da Silva, da seresta e de JK. Em Diamantina também são produzidos artesanato em flores e comercializadas em praça pública e em lojas diversas. 
A arte de Parísina Tameirão e Giselle Oliveira
          Por falar em Diamantina, na cidade encontramos a professora, artista plástica e bordadeira Parísina Éris Iliade Tameirão Ribeiro. O nome da artista é grego, mas é mineira de Diamantina, formada em Artes Visuais, Administração e Química Têxtil. Vem de uma família de artistas e desde criança se dedica a artes. Em suas obras gosta de contar histórias usando os tecidos, linhas, agulhas, aquarelas, telas, tintas e pincéis. Parísina expõe suas obras de arte (telas em naif, bordadas e pintadas) em exposições no Brasil e exterior. 
          Suas peças têm como destaque os bordados, marcadores de livros, quadrinhos, bonequinhas de panos, almofadas, entre outros. A artesã vende suas peças artesanais no Mercado Cultural de Diamantina, na loja da associação ASSART , em feiras pelo país e também pelas redes sociais.
          A arte de Parísina evoca a memória afetiva, brincadeiras de crianças, poesias, a mineiridade, as festas populares, o patrimônio material e imaterial. O trabalho da artista pode ser conhecido em seu Instagran:@ribeiroparisina ou pelo Facebok: Parísina Ribeiro. 
          Em Diamantina, a fotógrafa e artesã Giselle Oliveira, confecciona bonecas com cravo e canela, que servem como decoração, peso para papel e espantar traças. A artista ainda faz esculturas, pinta telas e trabalha com tear. O trabalho da artista pode ser conferido no Instagram: @giselleoliveira55
A arte de fazer tapetes Arraiolos
          Trata-se de um tapete feito com lã pura, tingida em cores diferentes, com tecido resistente, armado sobre uma tela. O tapete e os desenhos bordados são feitos à mão a partir de um ponto cruzado com os desenhos que variam de acordo com a criatividade do tapeceiro. É um dos mais finos tapetes do mundo e uma arte que expressa a tradição e cultura de um povo. (foto acima de Giselle Oliveira e abaixo, enviada pelas Dirce da Assart/Dimamantina)
          Em 1975, chegou à Diamantina, o casal português Milton D. Rosa e esposa, a convite do então arcebispo Dom Geraldo de Proensa Sigaud, O objetivo era ensinar os artesãos da cidade e região a fazer a tapetes Arraiolos, tradicional em Portugal desde o século XV e patrimônio cultural e imaterial do país lusitano.
          O projeto envolveu a região e trouxe vida nova ao artesanato local, transformando Diamantina numa das poucas cidades no mundo que confeccionam tapetes Arraiolos com reconhecimento de autenticidade e qualidade. O diferencial é que nossos artesãos colocam a vida, tradição, cultura e alma do povo mineiro em suas obras. Em Diamantina, são encontradas dezenas de artesãs em suas tapeçarias, que fazem tapetes Arraiolos, expostos em lojas ou mesmo, feitos sobre encomenda.
Artesanato em pedra sabão 
          Já na região Central, em Ouro Preto e Mariana, o destaque é para o artesanato em pedra sabão, rocha abundante na região. (fota cima de Arnaldo Silva em Ouro Preto) Dessa pedra são feitas panelas, utensílios domésticos e uma infinidade de peças como jarras, potes, estátuas, tabuleiros de xadrez, bijuterias, cinzeiros, potes, miniaturas de fogões, cozinhas, bichos, etc. 
Os bordados e a arte de tear
          A região Noroeste Mineira se destaca na arte dos bordados e no tingimento natural de fios dos tecidos. São uma tradição antiga, que vem dos antepassados dos moradores de Arinos, Buritis, Bonfinópolis de Minas, Uruana de Minas, Paracatu (na foto acima de Neusa de Faria) e Chapada Gaúcha. Nesse caso, estamos falando de uma tradição. Imagina só, é tudo manual, como antigamente. Colhem o algodão, retiram as sementes, desembaraçam as fibras, desfazem os nós e a partir daí vai para a roda de fiar. Isso mesmo, aquela roda que nossas avós usavam. Ainda existem em Minas, tradição preservada.
          Com a habilidade das fiandeiras, o algodão vai se transformando em linha, são enrolados em novelos para serem tingidos com pigmentos naturais extraídos das folhas e serragens de árvores diversas, como ipês e jatobás, por exemplo. Sendo pigmentos diferentes e o processo todo artesanal, as linhas surgem com tons de cores diferentes. É esse o toque sutil da beleza da arte de fiar. Foto acima e abaixo de Luci Silva em Desterro de Entre Rios MG, cidade da região Central que preserva a tradição do tear.)
          Passado esse processo, o passo seguinte é levar os novelos de linha para o tear. Ai o que conta não é apenas técnica e sim o talento, o conhecimento e a criatividade da artesã fiandeira. Desse talento surgem tapetes, cortinas, mantas, bolsas, redes, panos de prato, toalhas de mesa, etc. e desenhos feitos pelas bordadeiras que podem ser temas da cozinha, da roça, um ponto turístico da cidade, pessoas. Depende da criatividade da bordadeira.
Arte em tecidos
          Na região do Campo das Vertentes se destaca a tecelagem, em especial o artesanato em tecidos de Resende Costa (na foto acima de André Saliya), famoso e muito procurado por turistas que vem à cidade conhecer as peças em tecidos, feitos de forma totalmente artesanal. A cidade é pacata, com um charmoso casario e diversas lojas de artesanatos.
          Outro destaque na região é a extração do estanho em São João Del Rei (na foto acima do Aridelson Rezende). Esse metal extraído da natureza tem a coloração branco-prateada, é altamente cristalino, não se oxida facilmente e é resistente a corrosão. No artesanato, o estanho é usado na produção de castiçais, cálices, copos, vasos, dentre outros objetos. A beleza e requinte dessas peças são atrativos a mais para os turistas, que buscam artesanato fino e de qualidade na charmosa cidade histórica, a maior produtora de peças artesanais em estanho no Brasil, reconhecido internacionalmente.   
          Quando for decorar sua casa com artesanato ou mesmo presentear alguém com uma obra de arte, escolhas o artesanato mineiro. (na foto acima, de Giselle Oliveira, bordados de Diamantina MG) Valorize nossa terra, nossa arte, nossos artistas. Somos o celeiro da arte no Brasil e os trabalhos de nossos artesãos são reconhecidos em nível nacional e internacional. Vamos prestigiar o que é de casa, o que é feito em Minas. Valorize o artesanato de sua cidade e região. Valorize o que é feito em Minas Gerais!

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