Arquivo do blog

Tecnologia do Blogger.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

A impressionante riqueza do Artesanato Mineiro

(Por Arnaldo Silva) O mineiro tem uma forte vocação para a culinária e para arte. Em nossas cidades, principalmente as históricas, os casarões, igrejas e teatros são verdadeiras obras de arte, com detalhes impressionantes nas fachadas e no seu interior. Mas a arte mineira não se resume à arquitetura e arte barroca. 
          Em Minas Gerais, a pedra sabão dá vida a uma infinidade de peças impressionantes, como a imagem abaixo do Arnaldo Silva, em Ouro Preto MG. O barro vira bonecas, casinhas, pratos, potes. A madeira se transforma em esculturas impressionantes. A prata vira finíssimas peças, bem como a pedra sabão que se transforma em utensílios domésticos e artesanato nas mãos dos nossos artesãos. Fibras vegetais e flores dão vidas a peças maravilhosas. Papel vira arte, o barro vira mini-casinhas. Sucatas de metal e ferro viram esculturas em tamanho natural como cavalos, bois, dragões, homens esculturas nas mãos do artista plástico Dito Leandro de Campos Altos no Alto Paranaíba.
          Em Botumirim, no Vale do Jequitinhonha, fibras naturais, juntando com a arte dos bordados, se transformam em mantas, almofadas, bonecas, bois, vacas, arranjos, etc., pelas mãos das artesãs e bordadeiras da cidade que fazem os pontos dos bordados contando a história das mulheres da região e cantigas de roda, como podemos ver na foto acima e abaixo de Manoel Freitas.
            O artesanato no Brasil tem nome e sobrenome: Minas Gerais. Nenhum outro estado brasileiro é tão rico em artes e artesanato como Minas Gerais. No Estado, o artesanato é responsável pela economia de várias cidades, sustenta e mantém famílias, gera empregos e renda. Em Minas são mais de 300 mil artesãos, que movimentam uma média de 2 bilhões de reais por ano, segundo dados governamentais. (na foto abaixo do Bezete Leite, o artesanato com fibra de bananeira de Coração de Jesus, no Norte de Minas)
           Nosso artesanato é único e tem identidade própria. Em qualquer lugar do mundo o artesanato mineiro é reconhecido, principalmente o artesanato em cerâmica do Vale do Jequitinhonha, presente em vários países do mundo. 
          A arte em flores de Diamantina, bem como o artesanato em palha e bucha vegetal de Bonfim (na foto acima de Sérgio Mourão), a arte em tecidos de Resende Costa, os bordados de Paracatu, a prataria feita em Tiradentes e São João Del Rei são únicas, bem como as obras feitas com madeira bruta de Bichinho (na foto abaixo de Arnaldo Silva). São valores e saberes passados por gerações, que solidificaram a vocação do povo mineiro para o artesanato, uma arte feita em detalhes, que encanta e impressiona.
          Vocês conhecerão um pouco da arte mineira e nossos artistas. É só um pouco, o artesanato mineiro é muito vasto, presente em todas as cidades e distritos do Estado. Não dá parar mostrar todos, peço que entendam ausência de alguns artesanatos e cidades.
Artesanato com jornal da Márcia Rodrigues
          É uma arte singela, delicada e ecologicamente impressionante. Feita pela artesã Márcia Rodrigues, da cidade de Felício dos Santos, no Vale do Jequitinhonha. Márcia Rodrigues faz parte da Associação dos Artesãos de Felício dos Santos (Artfel) Trabalha com esse estilo de artesanato desde 2016, quando aprendeu o ofício em uma oficina de artes, organizada pelo Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas (IDENE), ministrado pelo artista plástico Ronaldo Lima.
          A arte consiste em retratar flores, bicicletas, cestinhas, souplast usando papel de jornal, destacando as esculturas, conhecidas como bonecas africanas. A artesã aprendeu a técnica, mas procurou dar identidade própria aos conhecimentos adquiridos no curso, retratando a vida do povo do Vale do Jequitinhonha. O trabalho da artesã encanta, enche os olhos de emoção por retratar a simplicidade, a luta e dificuldades do povo do Vale. Hoje, Márcia Rodrigues é uma das principais artesãs de Minas Gerais. Seu trabalho pode ser visto no instagram: @rodriguesoliveiramarcia ou contato pelo whatsapp: 38 9 9807-8450
A arte em barro do Vale do Jequitinhonha
              O artesanato em barro do Vale do Jequitinhonha, é uma das referências culturais de Minas Gerais. Do barro saem peças de alto valor cultural, como moringas, pratos, filtros, queijeiras, copos, canecas, panelas, bonecas. Do próprio barro, saem as tintas, usadas nas ornamentações das peças. São os vários pigmentos do barro, dissolvidos, que dão cor ao artesanato. Na pintura, são usadas penas de galinhas. Uma arte única, sem igual, passada de geração para geração. 
          Em 2018, o artesanato em barro do Vale do Jequitinhonha é reconhecido como Patrimônio Cultural do Estado de Minas Gerais. Feito em todas as cidades do Vale do Jequitinhonha, com destaque para o artesanato da foto acima, feito pela artesã Lilia Xavier, de Campo Alegre, distrito de Turmalina MG. Lilia está na terceira geração de artista da família. O contato da artesã é 38 99852-0991 e ainda envia para todo o Brasil.
A arte em barro de Salinas
          O artesanato em barro de Salinas, no Norte de Minas vem se destacando no Estado e no Brasil pelas mãos da artesã Maria Cláudia de Matos Miranda, mineira, que vive em Ferreirópolis, distritos de Salinas. Incentivada pela mãe, Cláudia Miranda trabalha com artesanato desde criança, inicialmente fazendo bordados, crochês e pinturas. Hoje, trabalha fazendo obras em argila. De suas mãos saem potes, panelas, bules, xícaras, travessas e uma infinidade de artes em flores e imagens sacras, em especial de São Francisco de Assis. O trabalho da artesã pode ser conhecido em seu instagram: @claudiamirandamatos
Pasmado e Pasmadinho
          Não é nenhuma dupla sertaneja nova. São dois distritos pertencentes a Itaobim e Itinga, no Vale do Jequitinhonha. Pasmado, distrito de Itaobim, cujo nome hoje é Vila Teixeira e Pasmadinho, distrito de Itinga. São comunidades onde vivem famílias humildes, que se dedicam à agricultura e principalmente ao artesanato. O casario do Pasmadinho é bem simples e todas as casas tem sua fachada pintada. Foi em 2015, por iniciativa do artista plástico Wederson, que veio de Belo Horizonte com o objetivo de colorir as casas das vila, dando mais beleza, alegria e cores vivas as casas do Pasmadinho. (foto acima e abaixo do José Ronaldo)
          A arte e os conhecimentos em cerâmicas vêm de gerações e preservada até os dias de hoje. O barro é retirado nas fazendas próximas e todo seu processo é artesanal, a começar pelo preparo do barro, feitio dos moldes, pintura e queima das peças. Tudo manual e feito nos quintais das artesãs.
          A região de Itinga se destaca pelas densas e impressionantes plantações de lírios nativos (na foto acima de Ernani Calazans), bem como a riqueza de suas terras, principalmente minério, turmalina e granito. Aproveitando essas riquezas minerais, aliado à criatividade dos artesãos locais, Pasmado e principalmente Pasmadinho, se destacam no cenário mineiro, na arte de fazer cerâmicas. Feitas basicamente por mulheres, as peças criadas pelas artesãs de Pasmadinho como cofrinhos, filtros, vasos, panelas, potes, utensílios domésticos, etc., são impressionantes pela beleza e qualidade. 
          A tonalidade  das cerâmicas do Pasmadinho se destaca por um marrom-vermelhado, diferente dos trabalhos em cerâmicas feitos em outras localidades do Vale do Jequitinhonha, graças ao talento das artesãs e as técnicas usadas no preparo do barro.
As porcelanas de Monte Sião
          As porcelanas de Minas são famosas e inconfundíveis. Nas cores azul e branca, foram inspiradas nos famosos azulejos portugueses.  (foto acima de Marcos Pieroni) Uma única fábrica no país faz esse tipo de porcelana fina desde 1959. Fica em Monte Sião, no Sul de Minas, fabricando todos os tipos de louças e bibelôs, somente nas cores azul e branca. 
          O processo de produção é totalmente artesanal. A argila é moída, em seguida os moldes são feitos e por fim, as peças são pintadas a mão, uma por uma, manualmente para irem para o forno a lenha. Cidade famosa pelo tricô e malhas, mas também pela beleza das porcelanas produzidas na cidade, que bela beleza, delicadeza e pinturas, faz muita gente pensarem que são porcelanas importadas e se surpreendem ao saber que é artesanato mineiro, feito em Minas Gerais. O site da fábrica é porcelanamontesião.com.br
Monumentos históricos em Miniaturas 
          Em Belo Horizonte, a artesã Railda Alves dos Santos (foto acima em seu ateliê) faz réplicas de casarões, igrejas e monumentos históricos de Minas Gerais e do Brasil. As miniaturas são idênticas e totalmente artesanais, feitas com gesso odontológico e pintadas nas cores originais dos monumentos tombados pelo Patrimônio Histórico Brasileiro, que ela reproduz. A Railda está no instagram @solluartes e suas obras podem ser vistas também em seu site: solluartes.com.br 
          As peças são feitas para serem fixadas na parede (na foto acima de Arnaldo Silva), que dão vida, graça, charme e mais histórias às casas. 
Artesanato em flores da Serra do Espinhaço
          No Alto Jequitinhonha, em Presidente Kubistchek, o artesanato em flores de Sempre-vivas se destaca, tendo o ofício dos coletores de Sempre-vivas, reconhecido como Patrimônio Agrícola Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). (fotos acima de Giselle Oliveira e abaixo de Fernando Campanella em Diamantina MG)
          Além do artesanato em flores, o Capim-dourado, muito comum na região, vem ganhando destaque no artesanato do Vale do Jequitinhonha. A planta tem brilho e cor únicos e impressiona por sua beleza dourada, que lembra o ouro reluzente. Do Capim-dourado são feitos luminárias, bijuterias, artigos de decoração, de acordo com a criatividade do artesão. Tanto o artesanato em flores e com Capim-dourado, são finíssimos e muito valorizados. São vendidos em todo o Brasil via internet, já que os artesãos estão organizados em cooperativas, que oferecem serviços de vendas online. (foto abaixo de Giselle Oliveira)
          O artesanato em flores pode ser adquirido também direto com os produtores, em sua cooperativa e em lojas na cidade e também em Diamantina, já que Presidente Kubistchek está apenas 50 km da famosa cidade histórica, terra de Chica da Silva, da seresta e de JK. Em Diamantina também são produzidos artesanato em flores e comercializadas em praça pública e em lojas diversas. 
A arte de Parísina Tameirão e Giselle Oliveira
          Por falar em Diamantina, na cidade encontramos a professora, artista plástica e bordadeira Parísina Éris Iliade Tameirão Ribeiro. O nome da artista é grego, mas é mineira de Diamantina, formada em Artes Visuais, Administração e Química Têxtil. Vem de uma família de artistas e desde criança se dedica a artes. Em suas obras gosta de contar histórias usando os tecidos, linhas, agulhas, aquarelas, telas, tintas e pincéis. Parísina expõe suas obras de arte (telas em naif, bordadas e pintadas) em exposições no Brasil e exterior. 
          Suas peças têm como destaque os bordados, marcadores de livros, quadrinhos, bonequinhas de panos, almofadas, entre outros. A artesã vende suas peças artesanais no Mercado Cultural de Diamantina, na loja da associação ASSART , em feiras pelo país e também pelas redes sociais.
          A arte de Parísina evoca a memória afetiva, brincadeiras de crianças, poesias, a mineiridade, as festas populares, o patrimônio material e imaterial. O trabalho da artista pode ser conhecido em seu Instagran:@ribeiroparisina ou pelo Facebok: Parísina Ribeiro. 
          Em Diamantina, a fotógrafa e artesã Giselle Oliveira, confecciona bonecas com cravo e canela, que servem como decoração, peso para papel e espantar traças. A artista ainda faz esculturas, pinta telas e trabalha com tear. O trabalho da artista pode ser conferido no Instagram: @giselleoliveira55
A arte de fazer tapetes Arraiolos
          Trata-se de um tapete feito com lã pura, tingida em cores diferentes, com tecido resistente, armado sobre uma tela. O tapete e os desenhos bordados são feitos à mão a partir de um ponto cruzado com os desenhos que variam de acordo com a criatividade do tapeceiro. É um dos mais finos tapetes do mundo e uma arte que expressa a tradição e cultura de um povo. (foto acima de Giselle Oliveira e abaixo, enviada pelas Dirce da Assart/Dimamantina)
          Em 1975, chegou à Diamantina, o casal português Milton D. Rosa e esposa, a convite do então arcebispo Dom Geraldo de Proensa Sigaud, O objetivo era ensinar os artesãos da cidade e região a fazer a tapetes Arraiolos, tradicional em Portugal desde o século XV e patrimônio cultural e imaterial do país lusitano.
          O projeto envolveu a região e trouxe vida nova ao artesanato local, transformando Diamantina numa das poucas cidades no mundo que confeccionam tapetes Arraiolos com reconhecimento de autenticidade e qualidade. O diferencial é que nossos artesãos colocam a vida, tradição, cultura e alma do povo mineiro em suas obras. Em Diamantina, são encontradas dezenas de artesãs em suas tapeçarias, que fazem tapetes Arraiolos, expostos em lojas ou mesmo, feitos sobre encomenda.
Artesanato em pedra sabão 
          Já na região Central, em Ouro Preto e Mariana, o destaque é para o artesanato em pedra sabão, rocha abundante na região. (fota cima de Arnaldo Silva em Ouro Preto) Dessa pedra são feitas panelas, utensílios domésticos e uma infinidade de peças como jarras, potes, estátuas, tabuleiros de xadrez, bijuterias, cinzeiros, potes, miniaturas de fogões, cozinhas, bichos, etc. 
Os bordados e a arte de tear
          A região Noroeste Mineira se destaca na arte dos bordados e no tingimento natural de fios dos tecidos. São uma tradição antiga, que vem dos antepassados dos moradores de Arinos, Buritis, Bonfinópolis de Minas, Uruana de Minas, Paracatu (na foto acima de Neusa de Faria) e Chapada Gaúcha. Nesse caso, estamos falando de uma tradição. Imagina só, é tudo manual, como antigamente. Colhem o algodão, retiram as sementes, desembaraçam as fibras, desfazem os nós e a partir daí vai para a roda de fiar. Isso mesmo, aquela roda que nossas avós usavam. Ainda existem em Minas, tradição preservada.
          Com a habilidade das fiandeiras, o algodão vai se transformando em linha, são enrolados em novelos para serem tingidos com pigmentos naturais extraídos das folhas e serragens de árvores diversas, como ipês e jatobás, por exemplo. Sendo pigmentos diferentes e o processo todo artesanal, as linhas surgem com tons de cores diferentes. É esse o toque sutil da beleza da arte de fiar. Foto acima e abaixo de Luci Silva em Desterro de Entre Rios MG, cidade da região Central que preserva a tradição do tear.)
          Passado esse processo, o passo seguinte é levar os novelos de linha para o tear. Ai o que conta não é apenas técnica e sim o talento, o conhecimento e a criatividade da artesã fiandeira. Desse talento surgem tapetes, cortinas, mantas, bolsas, redes, panos de prato, toalhas de mesa, etc. e desenhos feitos pelas bordadeiras que podem ser temas da cozinha, da roça, um ponto turístico da cidade, pessoas. Depende da criatividade da bordadeira.
Arte em tecidos
          Na região do Campo das Vertentes se destaca a tecelagem, em especial o artesanato em tecidos de Resende Costa (na foto acima de André Saliya), famoso e muito procurado por turistas que vem à cidade conhecer as peças em tecidos, feitos de forma totalmente artesanal. A cidade é pacata, com um charmoso casario e diversas lojas de artesanatos.
          Outro destaque na região é a extração do estanho em São João Del Rei (na foto acima do Aridelson Rezende). Esse metal extraído da natureza tem a coloração branco-prateada, é altamente cristalino, não se oxida facilmente e é resistente a corrosão. No artesanato, o estanho é usado na produção de castiçais, cálices, copos, vasos, dentre outros objetos. A beleza e requinte dessas peças são atrativos a mais para os turistas, que buscam artesanato fino e de qualidade na charmosa cidade histórica, a maior produtora de peças artesanais em estanho no Brasil, reconhecido internacionalmente.   
          Quando for decorar sua casa com artesanato ou mesmo presentear alguém com uma obra de arte, escolhas o artesanato mineiro. (na foto acima, de Giselle Oliveira, bordados de Diamantina MG) Valorize nossa terra, nossa arte, nossos artistas. Somos o celeiro da arte no Brasil e os trabalhos de nossos artesãos são reconhecidos em nível nacional e internacional. Vamos prestigiar o que é de casa, o que é feito em Minas. Valorize o artesanato de sua cidade e região. Valorize o que é feito em Minas Gerais!

quinta-feira, 11 de junho de 2020

A arte das ceramistas de Coqueiro Campo

(Por Arnaldo Silva) Coqueiro Campo e Campo do Buriti, são dois distritos unidos, mas separados por uma rua. De um lado, Campo do Buriti, distrito de Turmalina. Do outro lado da rua, Coqueiro Campo, distrito de Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha. O que une os dois distritos é o talento das mulheres artesãs, que transformam o barro do Valer do Jequitinhonha em arte. 
São cerca de mil moradores nos dois distritos que levam uma vida pacata, calma e tranquila, pelas calmas ruas do charmoso lugar. Povo bom, trabalhador, atenciosos e muito hospitaleiros. De Campo Alegre, distrito e Turmalina MG, vieram também algumas mulheres para trabalharem na arte da cerâmica, somando à comunidade. 
 A economia das famílias gira em torno de pequenos comércios, atividades agrícolas e do artesanato, praticamente executado por mulheres, enquanto os homens trabalham nas atividades agrárias ou outros serviços nas cidades sedes ou mesmo, indo para outras cidades para trabalhos diversos e temporários. 
São 44 mulheres ceramistas, que se organizam na AACC – Associação dos Artesãos de Coqueiro Campo, fundada em 1994, com sede em Campo do Buriti. Nas dependências da Associação, são expostos os trabalhos em cerâmica das artesãs. A união das artesãs em uma associação fortaleceu o trabalho na comunidade, valorizou a arte e ampliou o mercado para a comercialização das peças, que antes eram vendidas basicamente na região, hoje, em todo o Brasil. 
Os trabalhos das ceramistas são expostos constantemente em exposições e feiras pelo Brasil como na UFMG, Feneart em Olinda, em espaços culturais de Belo Horizonte, dentre outras exposições no Estado e no país. 
Um trabalho dignificante, que impressiona pelos detalhes e criatividade das artesãs que herdaram a arte de transformar o barro em arte de suas mães, que herdaram de suas avós, bisavós, trisavós. Arte passada de geração a geração e continua com as mulheres ensinando suas filhas a arte em cerâmica. As técnicas usadas pelas ceramistas são as mesmas usadas por seus antepassados, tudo da mesma forma como antigamente. 
Além do talento e criatividade, o preparo do barro requer dedicação e vontade de trabalhar, o que não falta ao povo do Vale do Jequitinhonha. A terra é buscada no barreiro, é socada e peneirada, por fim, umedecida. As peças são moldadas, passadas a óleo e por fim queimadas. Esse é o trabalho mais pesado, geralmente, feito com a ajuda dos homens. 
Por fim, entra o trabalho das mulheres, onde trabalham as peças, pintam e fazem os desenhos artísticos, totalmente manuais. São peças únicas, de acordo com a tonalidade do barro, pode variar do branco ao marrom avermelhado. Do barro saem moringas, bonecas, pratos, pires, galinhas, farinheiros, vasos para flores, travessas, potes, figuras de animais, etc.
A arte das ceramistas de Coqueiro Campo é a identidade local. É o testemunho da luta e coragem de mulheres que buscaram no barro a expressão de suas vidas, seus sentimentos, sua alma. Em cada peça, as artesãs colocam sua história. Uma história que vem de gerações, em sua maioria contada com muita dor, dificuldades e sofrimentos, mas também, uma história de superação, de força de vontade, de expressão de suas vidas, seus sentimentos, seus sonhos e de seus talentos. 
As ceramistas de Coqueiro Branco mostram que a arte e a herança cultural secular podem se tornar propulsores do desenvolvimento de uma comunidade, mas também delas próprias, por sustentarem suas famílias com seu trabalho e serem felizes preservando a tradição familiar de gerações, fazendo o que mais gostam. 
O trabalho das ceramistas de Coqueiro Campo é acima de tudo, um ato de amor à arte, à cultura e preservação dos saberes de seu povo e de sua valorização como cidadãs, mulheres e trabalhadoras. 
O interessado em adquirir as peças, pode ir ao distrito ou mesmo, encomendar pelas redes sociais Facebook (artesaoscoqueirocampo), Instagram (@artesascoqueirocampo) ou pelo Whatsapp: (33)991258188. 
Texto produzido por Arnaldo Silva, com informações e fotos enviadas pela Valdirene da AACC

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Conheça a cidade de Delfim Moreira

(Por Arnaldo Silva) Aos poucos, as cidades da Serra da Mantiqueira, vem se revelando para os mineiros e brasileiros. Com a “descoberta” de charmosas, pacatas e atraentes cidades na região, bem típicas do interior mineiro, turistas de todo o Brasil vêm à Minas conhecer vivenciar a vida no nosso interior, com simplicidade, hospitalidade, culinária , belezas arquitetônicas e naturais mineiras. (foto acima e abaixo de Geraldo Gomes)
          São cidades pequenas, emolduradas por belas paisagens, montanhas, cachoeiras, trilhas, mirantes, fazendas centenárias, culinária típica, tradições culturais e religiosas preservadas, igreja matriz, uma singela praça com coreto, um casario charmoso em redor, bares rústicos e até as antigas vendas onde se encontra de tudo, principalmente os nossos queijos e a famosa cachaça mineira, produzida em todas as cidades do Estado.
          Uma dessas cidades é Delfim Moreira, pequena cidade a 1200 metros de altitude, com cerca de 8 mil habitantes, na divisa com os municípios de Maria da Fé, Marmelópolis, Wenceslau Braz, Itajubá e também com os municípios paulistas de Campos do Jordão, Cruzeiro e Piquete. (foto acima de Geraldo Gomes)
          Sua arquitetura é diversificada por ser eclética e atraente, com construções coloniais, outras com traços do ecletismo do início do século 20. Chama atenção para construções no estilo tirolês, que é um estilo que mescla traços da arquitetura alemã com traços arquitetônicos austríacos, como se pode ver na foto acima do Geraldo Gomes, uma construção em estilo tirolês, com telhado 3 águas, e abaixo, casarão em estilo colonial, com telhado 4 águas. Na cidade há ainda construções modernas. Essa mescla de estilos arquitetônicos diversos, faz da pacata e charmosa Delfim Moreira, uma das mais belas cidades de Minas Gerais. (na foto abaixo, de Geraldo Gomes, ao fundo se vê a Fundação ROGE e a Escola Agropecuária)
           O nome da cidade é em homenagem ao advogado e político Delfim Moreira da Costa Ribeiro, (Cristina, 7/11/1868 – Santa Rita do Sapucaí, 1/07/1920), que foi deputado, secretário de Estado, Governador de Minas Gerais, vice-presidente da República, assumindo a presidência em 15 de novembro de 1918, com a morte do presidente Rodrigues Alves, vítima da Gripe Espanhola. Ficou no cargo até 28 de julho de 1919. 
          O município de Delfim Moreira está a 485 km de Belo Horizonte, com acesso pela BR-381 e MG-350. De São Paulo são 261 km, com acesso pela Via Dutra até o km 188, entrando na BR-459 entre Lorena e Itajubá e por fim, pegando a MG 350. (foto acima de Geraldo Gomes) 
          A história de Delfim Moreira tem início em meados do século 18 com a chegada de bandeirantes paulistas à região, em busca de ouro. Foi distrito de Itajubá, tendo sido emancipada em 17 de dezembro de 1938. Delfim Moreira guarda relíquias e história dos tempos antigos. (foto acima de Geraldo Gomes) O município foi um dos marcos da produção agrícola mineira como a produção de batata, leite e em especial, de marmelo, um dos destaques do município entre 1940 a 1970, tendo inclusive a cidade sediada uma das fábricas da Cica, para a produção da marmelada
            Atualmente, a cidade mostra ter um enorme potencial turísticos, graças ao frio, às suas belezas naturais como cachoeiras, rios e matas nativas, bem como charmosas, sua culinária, em destaque a famosa sopa de marmelo (na foto acima enviada pela Edméia Alkmin), patrimônio imaterial do município. A cidade possui ainda aconchegantes pousadas e hotéis, que atendem a todos os gostos e bolsos.
O SÍTIO SERRA DOURADA
          No bairro do Rosário, distante 9 km do Centro de Delfim Moreira, está o Sítio Serra Dourada. Emoldurado pela beleza das paisagens e montanhas da Serra da Mantiqueira. No sítio são produzidos desde 2010, mais de 40 espécies de hortaliças, azeitonas e frutas como morangos, maçãs, pêssegos, dentre outras espécies. A produção é destinada aos mercados Rio de Janeiro, São Paulo e com entregas de Cestas Orgânicas para consumidores na Região do Sul de Minas e no Vale do Paraíba, em São Paulo. Detalhe que a produção do Sítio é toda orgânica, destacando o Azeite ExtraVirgem Rosarium, atualmente um dos dois azeites no Brasil com certificado orgânico.
          Com o grande fluxo de visitantes, desde 2017 o sítio passou a oferecer café na roça. Ao mesmo tempo que conhecem as dependências do local, o visitante pode saborear as quitandas típicas da culinária mineira, num ambiente agradável, com construção em estilo tirolês. 
          Agora em 2019, o visitante tem a opção de hospedagem. Um chalé que comporta dois casais ou pequeno grupo de visitantes, está a disposição. Um motivo a mais para visitar o lugar e contemplar a beleza do pôr do sol, as estrelas e vislumbrar com o amanhecer na Serra da Mantiqueira. Mais informações, agendamentos de visitas e hospedagens podem ser obtidas pelo whatsapp: 35 9 9945477. (Fotos do Sítio Serra Dourada enviadas pelas Edméia Alkmin)
A TRUTA DA MANTIQUEIRA        
          Em Delfim Moreira e também nas cidades da Mantiqueira, existem diversos criatórios de trutas, peixe que se adaptou muito bem à região devida sua condição climática, altitude e topografia, sendo uma das principais fontes de rendas de famílias da região da Mantiqueira. Além de proporcionar belos pratos (na foto acima de Tonebide Maciel Silvério, enviada pela Edméia Alkmin), atrai visitantes para conhecer os criatórios e experimentar os pratos com a truta da Mantiqueira. 
O AZEITE E A FAZENDA VERDE OLIVA
          No município se destaca também a produção de azeite extra virgem, reconhecido e premiado no Brasil por sua altíssima qualidade, baixa acidez e por ser orgânico, tendo sido o primeiro azeite orgânico do país e agora com o selo Demeter, que é o selo biodinâmico. (foto acima de Mateus Ribeiro) É o primeiro azeite extra virgem biodinâmico do Brasil. Além de oliveiras, na fazenda são cultivadas outras frutas orgânicas. A fazenda recebe visitantes de segunda a sexta-feira, que poderão conhecer as dependências da fazenda e o processo de produção do azeite. As visitas são agendadas com antecedência. Mais informações no site: fazendaverdeoliva.com.br 
A CERVEJARIA ARTESANAL KRAEMERFASS
          Outro destaque em Delfim Moreira é a micro cervejaria Kraemerfass. Foi fundada pelo empreendedor Newton Litwinsky, cuja família é, de Santa Maria/RS e União da Vitória/SC, no Sul do país. O empresário instalou em Delfim Moreira sua fábrica de cerveja artesanal, unindo a tradição cervejeira da família, numa construção em estilo Tirolês que mescla a arquitetura alemã com a austríaca. (foto acima e abaixo de Geraldo Gomes)
          A construção inclui a fábrica de cervejas, um bar e restaurante, além de adega para as cervejas, produzida de acordo com a Reinheitsgebot de 1516, a Lei de Pureza da Baviera, sob supervisão do mestre cervejeiro, Evandro Zanini, de Treze Tílias/SC. 
PRINCIPAIS PONTOS TURÍSTICOS
FRIO: Cachoeiras, trilhas, rios, montanhas, matas nativas, arquitetura, manifestações populares e festas religiosas e folclóricas são atrativos de Delfim Moreira, além do frio, que atrai amantes do inverno para a cidade. As temperaturas ficam bem abaixo de zero, principalmente na zona rural onde oscila entre zero a – 8 graus, como pode ver na foto acima do Matheus Ribeiro, um dia de geada em maio de 2020, quanto os termômetros marcaram -7,2 graus. (foto acima de Mateus C. Ribeiro) 
FAZENDA DA BARRA: Construída no período da Escravidão em estilo português, é a mais antiga do município e uma das mais antigas da região. (foto acima de Geraldo Gomes)
NINHO DA ÁGUIA: É um dos principais atrativos turísticos do município por possuir várias quedas d´água formadas ao longo do trecho do Rio Santo Antônio, ilhas naturais, mirantes, piscinas formadas pelas águas do rio, além do acesso ser mais fácil e por trilhas, ótima para os amantes de uma boa trilha. No local tem estacionamento, bar, restaurante e área de lazer. (foto acima de Tonebide Maciel Silvério, enviada pela Edméia Alkmin)
MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE SERRA CLARA: 
          Rodeado por belíssimas paisagens, com pomares, capela, jardins encontra uma belíssima construção, em estilo europeu. O lugar é calmo, tranquilo e transmite uma sensação de paz incrível. Construído para ser um mosteiro, abrigou a congregação dos Monges Beneditinos, tendo sido desativado e posteriormente, restaurado e adaptado para ser um hotel. Todas as características  originais do Mosteiro foram preservadas. Hoje é um dos mais aconchegantes e charmosos hotéis de Minas Gerais. (Foto acima e abaixo enviada pela Samanta Saran)
          Com o nome de Hotel Histórico AMSC, recebe grupos de interesse comum e promove eventos próprios. Cercado de belas paisagens da Serra da Mantiqueira, com vista para o vale da Água Limpa, oferece infraestrutura para atividades ao ar livre, salão multifuncional, capela memorial, 40 leitos, refeitório, 3 fontes, jardins internos e externos, cachoeiras privativas seguras, próprias para banho. (foto abaixo enviada pela Samanta Saran)
          Lagos, florestas, trilhas e cavalgadas para os mais aventureiros e um Spa para promoção do bem estar integral.
A FAZENDA BOA ESPERANÇA
          São 211 hectares com trilhas para Trekking, 7 cachoeiras em meio a Mata Atlântica nativa preservada. Lugar ideal para relaxar e descansar da vida agitada dos grandes centros. 
          Essa é a fazenda Boa Esperança, hoje um hotel fazenda que oferece conforto e o romantismo das serras mineiras. Além das belezas naturais, confortáveis, sauna e charmosos chalés, com vista para montanhas, piscina de água quente, com vista para na beira do rio, garantem inesquecíveis e românticos momentos. Lugar ótimo para casais apaixonados, em lua de mel, para quem gosta de estar em convívio pleno com a natureza ou mesmo para  comemorações de aniversário, casamento, etc. 
          A beira da Cachoeira Boa Esperança está o restaurante da Fazenda, servindo a comida típica mineira, valorizando o uso de alimentos orgânicos e também a deliciosa truta espalmada servida com batatas rústicas, uma das especialidades da Fazenda.
          Como bons mineiros, as riquezas produzidas no município são valorizados e prestigiadas,  podendo ser encontrados na Fazenda as trutas, azeites, pães, queijos, doces, geleias, frutas e verduras, laticínios, e toda a produção artesanal da região.  
As fotos do Hotel Fazenda Boa Esperança foram enviadas pela Samara Pineche. Informações e contatos da Fazenda pelos WhatsApp : +55 35 99720 8659 ou pelo pelo e-mail contato @fazendaboa.com
OUTROS ATRATIVOS DE DELFIM MOREIRA
          Além desses atrativos, o turista tem como opção conhecer o Hotel Fazenda Pousada do Barão: Túnel do Barreirinho; Parque da Cachoeira do Itagybá: Parque Cruz das Almas; Cruzeiro do Salto Mirante da Pedra Malhada; Mirante Cruzeiro do São Bernardo e Igreja Matriz de Nossa Senhora da Soledade. (mais informações sobre a cidade podem ser obtidas na Secretaria de Turismo e Cultura: 35 3624-1679)

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *

Facebook

Postagens populares

Seguidores