(Por Arnaldo Silva) Coqueiro Campo e Campo do Buriti, são dois distritos unidos, mas separados por uma rua. De um lado, Campo do Buriti, distrito de Turmalina. Do outro lado da rua, Coqueiro Campo, distrito de Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha. O que une os dois distritos é o talento das mulheres artesãs, que transformam o barro do Valer do Jequitinhonha em arte.
São cerca de mil moradores nos dois distritos que levam uma vida pacata, calma e tranquila, pelas calmas ruas do charmoso lugar. Povo bom, trabalhador, atenciosos e muito hospitaleiros. De Campo Alegre, distrito e Turmalina MG, vieram também algumas mulheres para trabalharem na arte da cerâmica, somando à comunidade.
A economia das famílias gira em torno de pequenos comércios, atividades agrícolas e do artesanato, praticamente executado por mulheres, enquanto os homens trabalham nas atividades agrárias ou outros serviços nas cidades sedes ou mesmo, indo para outras cidades para trabalhos diversos e temporários.
São 44 mulheres ceramistas, que se organizam na AACC – Associação dos Artesãos de Coqueiro Campo, fundada em 1994, com sede em Campo do Buriti. Nas dependências da Associação, são expostos os trabalhos em cerâmica das artesãs. A união das artesãs em uma associação fortaleceu o trabalho na comunidade, valorizou a arte e ampliou o mercado para a comercialização das peças, que antes eram vendidas basicamente na região, hoje, em todo o Brasil.
Os trabalhos das ceramistas são expostos constantemente em exposições e feiras pelo Brasil como na UFMG, Feneart em Olinda, em espaços culturais de Belo Horizonte, dentre outras exposições no Estado e no país.
Um trabalho dignificante, que impressiona pelos detalhes e criatividade das artesãs que herdaram a arte de transformar o barro em arte de suas mães, que herdaram de suas avós, bisavós, trisavós. Arte passada de geração a geração e continua com as mulheres ensinando suas filhas a arte em cerâmica. As técnicas usadas pelas ceramistas são as mesmas usadas por seus antepassados, tudo da mesma forma como antigamente.
Além do talento e criatividade, o preparo do barro requer dedicação e vontade de trabalhar, o que não falta ao povo do Vale do Jequitinhonha. A terra é buscada no barreiro, é socada e peneirada, por fim, umedecida. As peças são moldadas, passadas a óleo e por fim queimadas. Esse é o trabalho mais pesado, geralmente, feito com a ajuda dos homens.
Por fim, entra o trabalho das mulheres, onde trabalham as peças, pintam e fazem os desenhos artísticos, totalmente manuais. São peças únicas, de acordo com a tonalidade do barro, pode variar do branco ao marrom avermelhado. Do barro saem moringas, bonecas, pratos, pires, galinhas, farinheiros, vasos para flores, travessas, potes, figuras de animais, etc.
A arte das ceramistas de Coqueiro Campo é a identidade local. É o testemunho da luta e coragem de mulheres que buscaram no barro a expressão de suas vidas, seus sentimentos, sua alma. Em cada peça, as artesãs colocam sua história. Uma história que vem de gerações, em sua maioria contada com muita dor, dificuldades e sofrimentos, mas também, uma história de superação, de força de vontade, de expressão de suas vidas, seus sentimentos, seus sonhos e de seus talentos.
As ceramistas de Coqueiro Branco mostram que a arte e a herança cultural secular podem se tornar propulsores do desenvolvimento de uma comunidade, mas também delas próprias, por sustentarem suas famílias com seu trabalho e serem felizes preservando a tradição familiar de gerações, fazendo o que mais gostam.
O trabalho das ceramistas de Coqueiro Campo é acima de tudo, um ato de amor à arte, à cultura e preservação dos saberes de seu povo e de sua valorização como cidadãs, mulheres e trabalhadoras.
O interessado em adquirir as peças, pode ir ao distrito ou mesmo, encomendar pelas redes sociais Facebook (artesaoscoqueirocampo), Instagram (@artesascoqueirocampo) ou pelo Whatsapp: (33)991258188.
Texto produzido por Arnaldo Silva, com informações e fotos enviadas pela Valdirene da AACC