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domingo, 26 de janeiro de 2020

Januária: história, cultura, culinária, artesanato e tradição!

(Por Arnaldo Silva) Situada no Norte de Minas, Januária está à margem esquerda do Rio São Francisco, fazendo divisa com os municípios de Chapada Gaúcha, São Francisco, Pedras de Maria da Cruz, Itacarambi, Bonito de Minas, Cônego Marinho e estado da Bahia. (foto acima de Thelmo Lins mostrando a arquitetura em estilo eclética da cidade) Conta com uma população de 67.742 habitantes, segundo o IBGE, em 2019. 
          É o terceiro maior município do norte-mineiro e o 54º maior do estado, sendo um dos polos educacionais da região, contando com campus do IFNMG, Unimontes, Unopar, Unip, FUNAM e Funorte Campus Januária, atraindo estudantes da região, principalmente do Médio São Francisco, o que movimenta a economia da cidade que tem ainda como atividades econômicas pequenos comércios, indústrias familiares, atividades agropecuárias, artesanato (na foto acima de Thelmo Lins) e pequenas fábricas artesanais de beneficiamento do pequi, fruto nativo do Cerrado muito apreciado no Norte de Minas. 
          Das pequenas fábricas de Januária se extraí o óleo, a castanha e se prepara a polpa do pequi, com os produtos sendo vendidos nas feiras e Mercado Municipal da cidade.
Origem
          Sua origem data do século XIX, tendo sido fundada em 7 de outubro de 1860, mas a origem de seu nome, não é conclusiva. Segundo tradição oral, o nome foi em homenagem a Januário Cardoso de Almeida, um dos mais antigos moradores da região, proprietário da fazenda Itapiraçaba, onde está hoje a cidade. 
          Outra versão popular e a mais aceita diz que vivia na região, a beira do Rio São Francisco, uma escrava de nome Januária. Fugindo do cativeiro, se estabeleceu na região, montando uma modesta estalagem para atender barqueiros e tropeiros que passavam pela região. Em torno da modesta estalagem, um pequeno casario foi se formando com o local sendo chamado de Januária. Há quem diga ainda que o nome da cidade é em homenagem a filha do Imperador Dom Pedro II, a princesa Januária.
Brejo do Amparo
           O curioso é que um de seus mais importantes distritos, Brejo do Amparo, foi uma das primeiras povoações de Minas Gerais, surgindo bem antes da cidade, no final do século XVII, por volta de 1660, com a chegada de bandeirantes à região. (na foto acima de Pingo Sales o distrito e sua nova matriz)
          Brejo do Amparo guarda ainda relíquias dos tempos dos bandeirantes, em destaque para a Igreja da Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, datada de 1688 (na foto acima de Pingo Sales), construída pelos jesuítas, onde existia um quilombo. Foi o segundo templo erguido em Minas Gerais. Uma construção simples, numa região ainda recém habitada, mas de grande importância histórica para Minas Gerais.
          Brejo do Amparo guarda um belo casario em estilo colonial e belezas naturais com trilhas e paisagens belíssimas, como a Gruta dos Anjos. É no distrito que é produzido a famosa cachaça de Januária, considerada uma das melhores do Brasil. O visitante pode conhecer os mais de 30 engenhos de cana da região, com o privilégio de poder conhecer todo o processo de produção da famosa bebida brasileira, além de poder degustá-la diretamente da fonte.  
O Rio São Francisco 
             Por estar às margens do Rio São Francisco, conta com muitas praias fluviais formadas ao longo do trecho, tendo Januária sido ao longo de sua existência, uma importante rota comercial pelas águas do Rio São Francisco. Ainda hoje, o Velho Chico é de grande importância econômica para a cidade, graças ao turismo e a pesca, de onde várias famílias tiram seus sustentos. (foto acima da Pingo Sales)
Pinturas rupestres
          Destaca-se ainda na região de Januária, grutas de calcário, sendo que em algumas são encontradas a presença de civilizações antigas, com pinturas rupestres em seu interior (na foto abaixo de Thelmo Lins).
O Vale do Peruaçu
             Parte do Parque Nacional das Cavernas do Peruaçu estão presentes no município de Januária, e ainda nos municípios vizinhos de Itacarambi e São João das Missões. A área total do parque é de 56.400 hectares e conta com impressionantes cavernas, com formações rochosas variadas e com estalactites e estalagmites impressionantes, além de fauna e flora preservadas. (foto abaixo de Tom Alves/tomalalves.com.br)
Conjunto arquitetônico
          Januária, como um dos berços da formação do Norte de Minas, guarda relíquias arquitetônicas e culturais. Seu casario guarda traços do barroco colonial e em sua maioria, do estilo eclético do início do século XX, podendo esse charmoso e atraente estilo arquitetônico ser observado no centro da cidade e principalmente na avenida São Francisco e ruas transversais. (foto abaixo de Thelmo Lins)
Cultura, artesanato e tradição
         Terra de gente simples, hospitaleira e talentosos, desde os primórdios de seu povoamento. Januária produz excelentes peças de artesanatos usando matéria prima natural, da própria região, de acordo com a criatividade de cada artesão. É uma tradição que vem de gerações, que resiste ao longo dos tempos, graças ao talento de seus artesãos que produzem peças valiosas que decoram ambientes por todo o país e até em outros países. 
         No trabalho dos artesãos, são usados o barro, fibras vegetais, madeira, flandres ou folha de zinco, couro, algodão, todos da região. Os artistas expõem seus trabalhos na Casa do Artesão, Casa da Memória, Mercado Municipal e no Centro de Artesanato (na foto acima de Pingo Sales).
Culinária típica dos povos do Cerrado
           O município se desta ainda pela sua culinária, principalmente os pratos feitos com o pequi (foto acima do Eduardo Gomes), já que a fruta é abundante na região e os pratos feitos com peixes do Rio São Francisco. 
          É uma culinária valiosíssima, tendo como destaque o arroz com pequi, pequi com frango e mandioca, carne de sol, moqueca de surubim, dourado assado, pão de queijo, angu com quiabo, paçoca, papudo, manué, galinha ao molho pardo, feijão tropeiro com torresmo, farofa de pequi, beiju, rapadura, panelada, picado de arroz, além de doces e licores feitos com os frutos típicos do nosso Cerrado e da região como o jenipapo, buriti, cagaita, umbu, pinha, tamarindo, coquinho, caju, cajuí, maxixe, cabeça-de-nego (araticum), babaçu, fava-d'anta, anajá, banana-caturra, dentre outros frutos.
Festas populares
          Como em todos os municípios mineiros, o folclore januariense é muito expressivo, com destaque para as Cavalhadas, Folia de Reis, Pastorinhas, Reisado, além de manifestações teatrais e outros eventos folclóricos. (na foto acima, de Pingo Sales, Reis de Bois de Brejo do Amparo)
          Além dos festejos folclóricos, os principais eventos religiosos estão presentes no município, como Semana Santa, Corpus Christi, além dos festejos da Santa Cruz que acontece em maio, um dos mais importantes eventos religiosos de Januária, com celebrações, novena, procissão, missa festiva, leilão e apresentações folclóricas com eleição do festeiro do ano seguinte.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Brejo do Amparo: berço do Norte de Minas

(Por Arnaldo Silva) Lugar pacato, de povo simples, com um charmoso casario, uma igreja histórica, cuja construção marca a presença da influência dos Jesuítas na região e outras relíquias de nossa história. Assim é Brejo do Amparo. A tranquilidade do lugar é quebrada pelo som dos pássaros, pelos turistas que visitam a pequena vila e às vezes, pelos caminhões que transportam cana para os alambiques. Em frente à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Amparo há um enorme espaço, com um pouco de grama, sem calçamento. É a mostra da tranquilidade de um lugar que guarda uma história fascinante e de grande importância para o Norte Mineiro. (foto acima e abaixo de Pingo Sales)
          Brejo do Amparo é distrito de Januária, no Norte de Minas. A região foi desbravada por bandeirantes no século XVII, entre eles, Borba Gato. Em uma de suas paradas pela região, fundou no local uma pequena aldeia. Com a chegada de novos bandeirantes e sertanistas, o local começou a crescer e prosperar. Esse lugar é hoje, Brejo do Amparo, foi um dos berços da ocupação do Norte de Minas e uma das primeiras povoações do Estado de Minas Gerais. O distrito foi a base para a formação de Januária, a mais antiga e principal cidade do Médio São Francisco. (foto abaixo de Pingo Sales)
          A região onde estava o povoado era habitada por índios Caiapós que resistiram à invasão do homem branco. Coube ao sertanista Manuel Pires Miguel, liderar a expulsão dos índios da região. Após sangrentas batalhas, os índios foram expulsos. Parte do povoado foi transferida para a beira do Rio São Francisco, com o nome de Porto Salgado. Exatamente onde é hoje a cidade de Januária. Naqueles tempos, os colonizadores optavam por construir cidades a beira de rios para facilitar o escoamento das riquezas para os portos mais próximos. A região de Brejo do Amparo e Porto Salgado foi um importante entreposto de mercadorias, como cana de açúcar, grãos, bem como distribuição de sal, que chegavam de navios e seguia pelo Rio São Francisco que era estratégico para os colonizadores pela sua extensão e facilidade de navegação. As mercadorias iam de barcos até o porto e vice-versa. (na foto abaixo, de Pingo Sales, portinho no Rio São Francisco em Januária)
          Com o passar dos anos e pelo fato de boa parte da economia da época ser movimentada pelos rios, Porto Salgado foi se desenvolvendo e passando a ser sede e por fim cidade de Januária. Brejo do Amparo, antes a sede, passou a ser distrito, mas sua importância para a história de Januária, do Norte de Minas e de toda Minas, é reconhecida. 
          O distrito guarda relíquias de nossa história, como a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, datada de 1688 (na foto acima de Pingo Sales). Sua construção, numa área distante 3 km de Brejo do Amparo teve influência dos padres Jesuítas. É a segunda igreja mais antiga de Minas Gerais, tendo sido recentemente restaurada. A nova igreja construída no centro da Vila é outro atrativo por sua imponente construção. Com o casario colonial, forma um conjunto arquitetônico magnífico. 
          É em Brejo do Amparo que é produzida a famosa cachaça de Januária, uma das mais apreciadas do Brasil. As cachaçarias da região são abertas aos visitantes e tem o privilégio de conhecer em detalhes todo o processo de produção da cachaça artesanal de Januária. (foto acima de Arnaldo Silva e abaixo de Eduardo Gomes)
          Outro atrativo de Brejo do Amparo é a Gruta dos Anjos, distante apenas 6 km do distrito. Rica em quantidade e variedades de formações espeleológicas, é uma das mais belas cavernas de Minas. É permitida visita ao local, desde que acompanhada por condutores capacitados. Além da gruta, Brejo do Amparo conta com trilhas e paisagens lindas, propícias para os amantes do ecoturismo. 

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

7 Parques Nacionais para visitar em Minas

(Por Arnaldo Silva) Quem gosta de curtir a natureza, contemplar montanhas, fazer caminhadas, mergulhar em águas limpas e cristalinas, fazer trilhas, praticar esportes radicais e vivenciar a natureza em sua forma original, tem que vir à Minas. Uma boa dica é visitar os parques nacionais. São áreas de preservação ambiental de proteção do Governo Federal, sobre os cuidados do Ibama e ICMBio.
          Você vai conhecer 7 parques nacionais em Minas Gerais que recebem visitantes e possuem infraestrutura para um passeio completo em meio a exuberante natureza mineira, como o Parque Nacional da Serra da Canastra, que guarda riquezas de nossa flora e fauna, entre elas, o Lobo-guará, fotografado pela Conceição Luz, no exato momento do ataque a sua presa. Escolha o seu destino pela natureza de Minas Gerais:
01 - Parque Nacional da Serra da Canastra
          É um dos mais importantes parques do Brasil. Criado para proteger as nascentes do Rio São Francisco (fotografia acima de Amauri Lima). Para conhecer a parte alta da nascente do Rio São Francisco o acesso é pela portaria de São Roque de Minas, no Oeste do Estado. Já para visitar a cachoeira da Cascadanta, o acesso é por Vargem Bonita. A região tem paredões rochosos e inúmeras quedas d’água. Os destaques são a nascente do Rio São Francisco e a Cachoeira Casca D'Anta . O melhor período para visitação é entre abril e outubro, quando chove menos na região podendo então curtir melhor as belezas da Serra da Canastra. 
• Funcionamento: diariamente, das 8h às 16h. • Entrada: Cobra-se ingresso 
02 - Parque Nacional do Caparaó

          É um dos mais visitados em Minas Gerais por estar nessa unidade o Pico da Bandeira com 2892 metros de altitude, sendo o terceiro mais alto do Brasil (foto acima de Sairo C. Guedes). A porta de entrada mais fácil para o Pico é por Alto Caparaó MG. Na cidade, pousadas oferecem, além de hospedagem completa, guias especializados, já que a subida é bem difícil, com mais ou menos 8 horas de trilhas. É importante um guia para evitar que o visitante se acidente ou se perca pelo caminho.
• Funcionamento: diariamente, das 7h às 18h. • Entrada: Cobra-se ingresso
03 - Parque Nacional de Itatiaia
          Criado em 1937 por Getúlio Vargas, foi o primeiro parque nacional criado no Brasil, (foto acima de Paulo Santos as famosas prateleiras do Itatiaia, em Bocaina de Minas). Muitos pensam que o Parque do Itatiaia fica no Rio de Janeiro. São 30 mil hectares de área nativa sendo que apenas 40% desta área está em território fluminense, nos municípios de Resende e Itatiaia. Os outros 60% estão em Minas Gerais, nos municípios de Bocaina de Minas, Alagoa e Itamonte, no Sul do Estado. Um dos atrativos do parque são as prateleiras naturais, o Pico das Agulhas Negras e belas cachoeiras.
• Funcionamento: diariamente, das 8h às 17h. • Entrada: Cobra-se ingresso
04 - Parque Nacional das Sempre-Vivas
          O Parque Nacional das Sempre Vivas (foto acima de Giselle Oliveira), foi criado em 13 de dezembro de 2002, com o objetivo de preservar os recursos naturais da região, além de desenvolver atividades educacionais sobre uso dos recursos naturais, bem como do turismo ecológico e proteger a fauna e flora bastante diversificada, em destaque para as variadas espécies de nativas de Sempre Vivas. Possui uma área de 124.5555 ha, abrangendo os municípios de Olhos D´Água, Diamantina, Buenópolis, Bocaiúva e Diamantina, na Serra do Espinhaço, a 300 km de Belo Horizonte. O acesso ao parque, que é administrado pelo ICMBio, é feito por Inhaí, distrito de Diamantina MG. 
• Funcionamento: diariamente, das 8h às 18h com visitas guiadas.
Demais informações podem ser obtidas em contato pelo e-mail:parquenacionaldassemprevivas@icmbio.gov.br
05 - Parque Nacional Grande Sertão Veredas
          A sede do parque está localizada no município de Chapada Gaúcha, no Norte de Minas. Com mais de 230 mil hectares de área, o Parque Nacional Grande Sertão Veredas foi batizado de Parque João Guimarães Rosa, em homenagem ao grande escritor mineiro, autor do livro Grande Sertão Veredas. (foto acima de Thelmo Lins) O parque preserva parte do planalto chamado Chapadão Central, que divide as bacias dos rios São Francisco e Tocantins.
Funcionamento: a visita deve ser agendada e com acompanhamento de um condutor cadastrado. Contato: (38) 3634-1465
06 - Parque Nacional da Serra do Cipó

          É um santuário de flores. São milhares de espécies nativas, fazendo com que a Serra do Cipó seja considerada o jardim do Brasil. A área do parque possui 34 mil hectares, com cerca de 65% dessa área pertencente ao município de Jaboticatubas. Além da rica flora, na Serra do Cipó pode-se encontrar cânions, cachoeiras, nascentes e riachos. Abriga também animais de nossa fauna como lobos-guarás, tamanduás-bandeiras, jaguatiricas e outras espécies. (na foto acima de Marcelo Santos, a Cachoeira Grande)
Funcionamento: diariamente, das 8h às 18h, com entrada até as 16h
• Entrada: O acesso ao parque é gratuito, em algumas áreas do parque cobra-se entrada 

07 - Parque Nacional Cavernas do Peruaçu
          O Vale do Peruaçu é uma unidade de conservação com 56.448,32 hectares, criado em 1999 com o objetivo de proteger uma dos maiores tesouros naturais do mundo. Está localizado a aproximadamente 45 km do município de Januária e 15 km de Itacarambi, na região norte de de Minas. Por todo o Vale do Peruaçu existem 140 cavernas, mais de 80 sítios arqueológicos e pinturas rupestres em paredões, com destaque para o "Santuário", um paredão com mais de 3 mil desenhos rústicos, com aproximadamente 12 mil anos.(foto acima e abaixo de Manoel Freitas)
          Esse tesouro natural é aberto à visitação pública e com entrada gratuita. Mas pessoas ou grupos só podem circular por dentro do Vale acompanhadas por um guia especializado e autorizado pela administração. Para fazer esse serviço de acompanhamento, o guia cobra um valor por pessoa ou por grupo de pessoas. O preço varia de acordo com as trilhas a serem percorridas. Quem quiser visitar o Vale do Peruaçu, terá que agendar a visita entrando em contato com o ICMBio em Januária, pelo telefone (38) 3623-1038, ou pelo e-mail cavernas.peruacu@icmbio.gov.br 

As três primeiras igrejas de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) No século XVII, chegam ao território mineiro, bandeirantes paulistas e sertanistas, vindo da Bahia, em busca de ouro, diamantes e esmeraldas. Traziam consigo a força e a coragem para desbravar essas terras e sua fé. 
          Por onde se instalavam, traziam sempre uma pequena imagem dos santos que devotavam, erguiam uma pequena capela e faziam suas orações. Desses gestos de fé, em meio à vida bruta do sertão, com todos os seus perigos e caminhos para desbravarem, em torno dessas capelas, surgiram pequenos povoados, que viraram vilas e por fim cidades. 
          Ainda no século XVII, três dessas capelas podem ser consideradas o marco da fé dos desbravadores por terem sido as primeiras edificações religiosas de Minas Gerais. São construções bem simples, diante das dificuldades da época, que hoje são joias da nossa história, patrimônios de Minas e dos mineiros.
          A primeira igreja a ser construída em Minas Gerais foi a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Matias Cardoso, no Norte de Minas, erguida em 1670. Datada de 1688, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Brejo do Amparo, distrito de Januária, no Norte de Minas foi a segunda igreja a ser construída no Estado. 
          O terceiro templo religioso edificado em Minas Gerais foi capela de Nossa Senhora do Rosário, em Fidalgo, na Quinta do Sumidouro, distrito de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, erguida pelo bandeirante Fernão Dias no final do século XVII, por volta de 1694. 
1ª - A trisavó de Minas
Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição em Matias Cardoso no Norte de Minas 
          Foi erguida entre 1670 e 1673 é a construção mais antiga do Estado que ainda se encontra de pé, com pedra fundamental datando da época da chegada dos bandeirantes no atual território mineiro, anterior ao ciclo do ouro e da criação da Capitania de São Paulo e Minas D’Ouro. (foto acima de Manoel Freitas)
          Com 33 metros de comprimento, 20 metros de largura e com duas torres de 20 metros de altura, a matriz está situada na Praça Cônego Maurício, no centro da cidade, a 300 metros da margem direita do Rio São Francisco. 
2ª - A bisavó de Minas
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos em Brejo do Amparo, distrito de Januária MG, Norte de Minas 
          Datada de 1688, a Igreja dedicada a Nossa Senhora do Rosário, em Brejo do Amparo, distrito de Januária, no Norte de Minas. Em tons brancos, sua fachada é composta de uma única torre e singelos detalhes arquitetônicos. Em seu interior constam escritas em letras romanas. (foto acima de Pingo Sales)
          O piso é em placas de madeira, com pinturas em sua abóboda. A capela, altar e guarda-corpo com detalhes retorcidos. Ao longo dos anos, já na primeira fase do Barroco Mineiro, a igreja passou a receber elementos ornamentais do estilo nacional-português, com pinturas em estilo rococó. 
3ª - A avó de Minas
Capela de Nossa Senhora do Rosário na Quinta do Sumidouro, distrito de Pedro Leopoldo MG
          Sua construção iniciou-se  no final do século XVII, por volta de 1694, quando vivia na região o bandeirante Fernão Dias. De proporções modestas, possui ornamentação interna de grande valor artístico como a imagem de Nossa Senhora do Rosário, atribuída ao Mestre Aleijadinho e o retábulo-Mor, a peça de maior representatividade do conjunto, confeccionado em meados do século XVIII, no estilo Joanino, já na segunda fase do nosso barroco mineiro. 
          Já no período Ciclo do Ouro, o povoamento do então território mineiro se expandiu rapidamente, dando origem a várias vilas e cidades, bem como o surgimento de centenas de templos religiosos, que são verdadeiras obras de arte, espalhados por todas as regiões de Minas como em Diamantina, Pitangui, Mariana, Ouro Preto, Catas Altas, Santa Bárbara, Serro, Caeté, Ouro Branco, Belo Vale, Barbacena, Itapecerica, Conceição do Mato Dentro, Paracatu, Estrela do Sul, Itabirito, Datas, etc. 

A 2ª mais antiga igreja de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Datada de 1688, a Igreja dedicada a Nossa Senhora do Rosário, em Brejo do Amparo, distrito de Januária, no Norte de Minas, é considerada a segunda mais igreja mais antiga de Minas Gerais. Brejo do Amparo é uma das primeiras povoações de Minas Gerais, sendo o berço da formação de Januária e também do Norte de Minas. (na foto abaixo, de Pingo Sales, a Igreja totalmente restaurada)
          A primeira igreja a ser construída em Minas Gerais foi a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Matias Cardoso, também do Norte de Minas, erguida em 1670 e a terceira, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Fidalgo, distrito de Pedro Leopoldo na Região Metropolitana de Belo Horizonte, erguida pelo bandeirante Fernão Dias no final do século XVII, por volta de 1694. (na foto abaixo, de Pinto Sales, o estado em que estava a Igreja, antes da restauração)
          A partir de meados do século XVII, começou o desbravamento de Minas Gerais por bandeirantes em busca de ouro, diamantes e esmeraldas. As construções àquela época eram bem simples, sem muitos detalhes e adornos, contrastando com o glamour das edificações religiosas do auge do Ciclo do Ouro. (na foto abaixo, de Pingo Sales, trabalhos de restauração)
          O povoamento do que é hoje o município de Januária se deu por volta de 1640, já que a região Norte de Minas era uma das mais antigas rotas de penetração de bandeiras no interior do Brasil, anteriormente habitada por índios. Com a chegada de desbravadores, os índios foram expulsos da região à força. Um desses desbravadores foi o sertanista Manuel Pires Maciel, que após a expulsão dos índios, deu início a formação de um pequeno arraial, denominado de Arraial de Nossa Senhora do Amparo, posteriormente chamado de Brejo do Amparo, o berço da criação do município de Januária. (na foto acima de Pingo Sales, detalhes da pintura no forro da nave )
          Com o crescimento do povoado, padres Jesuítas começam a chegar à região e iniciaram a construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Datada de 1688, foi construída num pequeno povoado, chamado de Barro Alto a 3 km de Brejo do Amparo. (na foto acima, de Pingo Sales, o altar da igreja e abaixo o teto, já restaurado)
          Sua construção teve influência da arquitetura baiana e paulista, obviamente pela presença dos bandeirantes paulistas e sertanistas baianos no início da povoação. (na foto abaixo, de Pingo Sales, detalhes detalhes do teto da igreja)
          Em tons brancos, sua fachada é composta de uma única torre e singelos detalhes arquitetônicos. Em seu interior constam escritas em letras romanas. O piso é em placas de madeira, com pinturas em sua abóboda. A capela, altar e guarda-corpo com detalhes retorcidos. Ao longo dos anos, já na primeira fase do Barroco Mineiro, a igreja passou a receber elementos ornamentais do estilo nacional-português, com pinturas em estilo rococó. Ao lado da igreja, como era comum naquela época, existe um cemitério. 
          Por sua importância para Minas e Brasil, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, de Brejo do Amparo, foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG) em 21 de abril de 1989. (na foto acima e abaixo, de Pingo Sales, detalhes da restauração da Igreja)
          Ao longo de mais de 300 anos de existência, a igreja passou por poucas reformas, tendo sido nos últimos anos, praticamente esquecida e em completo abandono. (na foto abaixo, de Pingo Sales, detalhes da igreja restaurada)
          Após o desabamento do teto da igreja, os órgãos governamentais perceberam a necessidade urgente de salvar um dos maiores patrimônios de Minas Gerais e iniciaram a restauração completa da segunda igreja construída em Minas Gerais e uma das mais antigas do Brasil. (na foto abaixo, primeira missa celebrada na igreja após restauração)
          Foi entregue totalmente restaurada e preservada em todas as suas características originais à comunidade em 2018. Hoje é um dos pontos turísticos da região e de fé, já que na Igreja, voltou a ser celebrada missas, uma vez por mês, ao domingos.

sábado, 18 de janeiro de 2020

Jaboticatubas: história, natureza e o candombe do Açude

(Por Arnaldo Silva) Minas tem o privilégio de ter Jaboticatubas como um de seus 853 municípios. Sua arquitetura colonial guarda relíquias dos séculos como a Fazenda do Cipó a 35 km do centro da cidade, com seu casarão e senzalas, sendo que uma funciona como um pequeno museu, relembrando os tempos da Escravidão. A fazenda possui ainda uma capela, datada de 1829, aberta ao público para missas que acontecem em domingos alternados. Outro patrimônio arquitetônico do município é a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição (na foto acima de Alexa Silva). A Matriz, que leva o nome da padroeira do município, foi erguida em 1889 seguindo traços do barroco jesuítico.
          Uma cidade tranquila, pacata, aconchegante, hospitaleira, rica em cultura, tradições, arquitetura e belezas naturais impactantes como o impressionante cânion e as quedas do Rio Jaboticatubas no distrito de São José da Serra e as impactantes cachoeiras da Serra da Contagem e da Serra do Bené, além das piscinas naturais do Rio Bom Jardim. São José da Serra é um dos mais belos distritos mineiros, pitoresco e charmoso, parece um presépio. (fotografia acima de Alexa Silva e abaixo do Barbosa)
          Segundo o IBGE, 20.406 pessoas vivem na cidade, de acordo com o Censo de 2022. O acesso é fácil, via MG 010 e diariamente, saem ônibus da Rodoviária de Belo Horizonte para Jaboticatubas. Distante apenas 63 km de Belo Horizonte, o município faz divisa com Taquaraçu de Minas, Baldim, Itabira, Itambé do Mato Dentro, Pedro Leopoldo, Matozinhos, Santa Luzia, Santana do Riacho, Nova União e Lagoa Santa, apenas 20 km de distância. É um dos mais belos municípios de Minas, abrigando em seu território, 65% da área total do Parque Nacional da Serra do Cipó. 
          As belezas da Serra do Cipó atraem diariamente turistas para a região. Vem em busca de sossego, tranquilidade e descanso. Encontra em Jaboticatubas um cenário perfeito para fugir do estresse do dia a dia das grandes cidades. Até mesmo os que gostam de aventuras, encontram nas serras, cachoeiras e campos rupestres da Serra do Cipó, cenário ideal para o ecoturismo de aventuras. (na foto acima do Barbosa, cachoeira em São José da Serra e abaixo da Alexa Silva, a Cachoeira do Dimas)
          A economia do município gira em torno principalmente do turismo, da produção agropecuária, de pequenos comércios e indústrias como a fábrica de doces Jabolac, tradicional na região. Jaboticatubas possui bons hotéis e pousadas para atender os turistas, além de um comércio variado, com lojas, padarias, lanchonetes, restaurantes com comidas típicas e lojas de artesanatos. 
          Não há uma conclusão exata sobre a origem do nome da cidade. Uma versão diz que o nome vem do Rio Jaboticatubas, que banha a cidade. É um nome de origem indígena, do Tupi 'yabuti-guaba-tyba', significando 'jabuticabal', “comida de cágado” ou “fruto de que se alimenta o jabuti”. Segundo o viajante inglês Richard Burton, jaboticatuba é uma fruta da família da jabuticaba (na foto acima de Arnaldo Silva), mas difere desta por ser mais alto, não dar frutos na parte baixa do tronco, com sua casca ter outro aspecto em relação à jabuticaba que conhecemos. A região seria então, segundo Burton, um lugar de Jaboticatubas. Segundo Leônicas Marques Afonso e Nelson de Sena, historiadores, Jaboticatubas corresponderia a Jaboticabal, já que a jabuticaba tradicional que conhecemos é abundante na região.
          Além dos atrativos naturais e relíquias históricas, Jaboticatubas possui uma riqueza cultural enorme. (na foto acima, de Thelmo Lins, presépio da Dona Nadir, de 81 anos) A cidade preserva a tradição dos presépios, sendo um dos grandes incentivadores dessa tradição, o jovem Luiz Filipe, que incruenta o circuito de presépios da cidade, hoje com 25 residências fazendo parte do circuito e mantendo viva na cidade essa tradição cristã milenar.         
          Juntamente com a tradição dos presépios, tem as Pastorinhas, grupos formados por meninas, moças e senhoras com vestimentas idênticas às pastorinhas portuguesas. (na foto acima de Thelmo Lins) Segundo a tradição, as pastorinhas visitam as casas onde tem presépios e saem pelas ruas da cidade cantando louvores ao Menino Jesus e Nossa Senhora, bem como arrecadando contribuições para o Natal de crianças carentes.
          A Comunidade Quilombo do Açude Cipó, tem origens do final do século XIX, com a chegada de escravos à região. Com a resistência dos fazendeiros locais, ao longo do tempo, houve muita luta e os negros perseveram, na época e também ao longo de décadas, tiveram que lutar para se manterem em seu território e preservarem as tradições culturais e religiosas da comunidade. Com isso, formaram uma comunidade quilombola sólida. A comunidade hoje é reconhecida e tem certificado da Fundação Cultural Palmares, desde 2006.
          São cerca de 60 pessoas que vivem no Açude Cipó, formada por mais de 10 famílias. Vivem como uma grande família. Seus membros trabalham no cultivo da terra e alguns, na cidade. A comunidade preserva sua história e origens, expressadas em sua religiosidade e sua história, preservando as memorias vivas de seu passado, como por exemplo, tambores e tambus. São caixas de percussão, talhadas em madeira bruta, pelos membros da comunidade, no final século XIX e início do século X. Esses instrumentos são guardados com todo o zelo e usados em sua principal festa religiosa, o Candombe.
          É uma das mais antigas e importantes manifestações culturais de Minas Gerais e atrai visitantes à comunidade, nos dias da festa, em honra à Nossa Senhora do Rosário, considerada a mãe do Candombe e também a Nossa Senhora Aparecida, São Benedito e outros santos católicos.
          Candombe é uma cerimônia com origens nas senzalas da região, no final do século XIX. Tem origens na tradição africana, com assimilações da cultura colonial e religiosidade católica. Segundo o dialeto africano quimbundo, significa “sala de reuniões”. É uma dança folclórica e religiosa, uma mistura de fé e alegria e também, em memória ao sofrimento de seus antepassados. Reza, danças rezas e cantoria, ao som dos tambores e tambus. A festa começa de dia e segue a noite toda e atrai muitos turistas à comunidade.
          O Candombe do Açude é uma das mais belas e expressivas manifestações de fé, esperança e cultura de Minas Gerais.
          Grupos de Folia de Reis costumam se encontrar no mês de junho para apresentações no município e outras cidades, é o tradicional Encontro das Folias de Reis. (fotografia acima de Alexa Silva) Além disso, as festas juninas de Jaboticatubas atrai turistas à cidade, devido sua originalidade e tradição.
          Venha conhecer Jaboticatubas! A cidade te receberá de braços abertos!

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