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quinta-feira, 25 de abril de 2019

Catas Altas: turismo, vinhos, festivais e a jabuticaba

(Por Arnaldo Silva) Catas Altas uma típica cidade mineira. Pacata, charmosa, acolhedora, rica em cultura, artesanato, tradições, religiosidade e culinária. 
           Distante 120 km de Belo Horizonte, na Região Central de Minas, a cidade 5.453 habitantes, segundo o IBGE e faz divisa com Alvinópolis, Santa Bárbara e Mariana. (fotografia acima de Tom Alves/tomalves.com.br)
História
          Sua história começa nos primeiros anos do século XVIII, com a descoberta de minas de ouro na região da Serra do Caraça, pelo bandeirante Domingos Borges. O bandeirante trouxe ainda para a região, a devoção à Nossa Senhora da Conceição. Com o surgimento do arraial, cresceu a fé em torno de Nossa Senhora da Conceição, com a data em que se comemora o fundação do arraial, em 1703, com o dia dedicado à Santa, em 8 de dezembro.
          Boa parte do ouro encontrado nas terras catas-altenses, ficava em morros, necessitando de escavações profundas. Para catar o ouro nas partes altas, era necessário subir os morros. Por isso o nome, Catas Altas. (fotografia acima de Nacip Gômez)
          O povoado cresceu, foi elevado a freguesia, vila e distrito, pertencente à cidade de Santa Bárbara, até 8 de dezembro de 1995, quando Catas Altas foi elevada, à cidade emancipada. A data de fundação oficial do município, é 8 de dezembro de 1703, data da criação do arraial, que originou a cidade, sendo também o dia da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceição.
          O Centro de Catas Altas é um dos mais belos patrimônios arquitetônicos e históricos de Minas. Um lugar bucólico, onde estão guardadas relíquias arquitetônicas do tempo do Brasil Colônia.
          Um dos destaques arquitetônicos da cidade, é a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, bem no coração da Praça Monsenhor Mendes. A Igreja, datada de 1729, e um dos mais notáveis símbolos da religiosidade mineira e da arte rococó, presentes em seus altares laterais e retábulo, além da pintura do forro, feitos ainda no século XVIII. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          A obra se estendeu, até o século XIX, já no declínio do Ciclo do Ouro, ficando algumas partes da Igreja, principalmente, sua fachada, inacabadas. Mesmo assim, sua beleza e riqueza dos detalhes de seu interior (na foto acima de Thelmo Lins), faz da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Catas Altas, um dos mais belos exemplares da arte barroca e sacra mineira, com o privilégio de contar com obras do Mestre Aleijadinho, Ataíde e Francisco Vieira Servas. 
          Outra relíquia histórica de Catas Altas é a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, datada de 1739, construída pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. (na foto acima da Karla Jardim/@tripcatasaltas) A igreja é singela, simples, sem torres, com o altar-mor em talhas douradas, no estilo Joanino. Na parte frontal da Igreja, a data de 1862, mostra, segundo os historiadores, que templo passou por uma reforma, nesse ano. No interior da Igreja, no assoalho, como era costume naquela época, estão sepultados os membros da irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
          A Capela do Senhor do Bonfim é uma das mais charmosas e belas capelas de Catas Altas. Está situada no distrito do Morro D´Água Quente. Construída na segunda metade do século XVIII, é um dos genuínos exemplares da arte barroca. Singela em detalhes externo, chama a atenção as cores vermelhas e branca de sua fachada e a ausência de torre sineira, além da beleza e simplicidade das talhas e ornamentações de seu interior. (fotografia acima de Karla Jardim/@tripcatasaltas)
          Já a Capela de Santa Quitéria (na foto acima da Elvira Nascimento), é um dos lugares mais visitados da cidade e um dos mais conhecidos templos religiosos de Minas Gerais. Erguida no alto de uma colina, data sua construção de 1728, sendo um dos lugares mais visitados de Catas Altas, pela singularidade da Capela, simplicidade e harmonia com a natureza em seu redor, refletindo um ambiente de paz e fé.
O Santuário do Caraça
          Em Catas Altas, numa região entre 1200 e 2000 mil metros de altitude, está um dos mais importantes santuários de Minas Gerais, o Santuário do Caraça (na foto acima do Isaac Rangel). Um lugar que conta boa parte da história, riqueza arquitetônica, gastronomia e religiosidade mineira. Em toda a área do santuário, são exatos 11.233 hectares de área de mata nativa de transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica. Desse total, 10.187 hectares são de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), onde estão protegidos espécies de nossa fauna e flora.
          Na área, está ainda o Conjunto Arquitetônico do Santuário do Caraça (na foto acima da Alexandra Dias), iniciado a partir de 1770, pelo Irmão Lourenço de Nossa Senhora. O conjunto é formado pela Igreja de Nossa Senhora Mães dos Homens, construída em estilo neogótico, o prédio do antigo colégio, hoje, museu e biblioteca, uma pousada e restaurante.
          É no Caraça, que o lobo-guará, aparece todas as noites, para comer carne, da mão dos padres. Presenciado pelos visitantes, que ficam no adro do Santuário a espera do animal, se emocionam com o momento da aproximação dos lobos. (foto acima do Elpídio Justino de Andrade)
          Para proteger o patrimônio natural e arquitetônico de Catas Altas contra modificações ou destruições do patrimônio antigo, todo o perímetro urbano da cidade foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA). E ainda, todo o conjunto arquitetônico do Santuário do Caraça, a Praça Monsenhor Mendes, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição foram tombados como Patrimônio Nacional, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)
          Por sua história, arquitetura, belezas naturais, como rios e cachoeiras paradisíacas (na foto acima do Tom Alves/tomalves.com.br, cachoeira no Caraça) e preservação de seu patrimônio, faz da bucólica Catas Altas, uma das mais charmosas e tradicionais das cidades históricas mineiras. Por isso mesmo, a cidade é um dos lugares mais procurados por turistas, para turismo, aventuras, passeios e descanso.
Cenário de novelas e palco de festas tradicionais
          É uma das mais importantes cidades históricas mineiras e uma das mais belas também. Tanto é que a cidade serviu de cenário para a minissérie da Rede Globo, “Se eu fechar os olhos agora”, exibida em 2019.
          Durante o ano, diversos eventos culturais, além de festivais, acontecem na cidade, organizados com a participação popular, dos que fazem a cultura, a gastronomia e o turismo na cidade.
          Um desses eventos é o Festival Saborear, que acontece sempre em janeiro, com apresentação dos pratos típicos de Minas Gerais e região.
          Além disso, nos últimos anos, Catas Altas vem se destacando na produção de cervejas artesanais. A primeira cervejaria artesanal da cidade foi a Time´s Beer (na foto acima de Karla Jardim/@tripcatasaltas), fundada em 2016, inicialmente, direcionada apenas para amigos e confraternizações familiares. A qualidade e o sabor de extrema excelência, agradou e a cerveja se popularizou, tornando-se hoje um dos principais rótulos da região.
          De 2016 para cá, outras cervejarias foram surgindo, com receitas variadas, transformando a cidade em referência na fabricação da bebida artesanal, de qualidade, na região. Estão presentes em Catas Altas as cervejarias Bastião, Caraça e Floresta Élfica, com seus diversos rótulos presentes nos bares e restaurantes da cidade (na foto acima de Any Marry@cervejariaflorestaelfica, os rótulos da Cervejaria Floresta Élfica)
          Para divulgar e mostrar a qualidade das cervejas artesanais de Catas Altas, todos os anos, no feriado de Tiradentes, 21 de abril, acontece o Serra do Caraça Bier Fest, com a presença das principais cervejarias artesanais de Minas Gerais, além de barracas com comidas típicas, artesanato e shows musicais.
A Festa do Vinho
          O maior evento de Catas Altas é sem dúvidas, a Festa do Vinho. O tradicional evento, acontece sempre no mês de maio e atrai milhares de turistas, vindo de várias regiões de Minas e do Brasil. A Festa do Vinho de Catas Altas tem como atrativos, grandes shows musicais, com apresentações de artistas e bandas renomadas brasileiras e tem ainda a escolha da rainha e princesas do vinho. O evento reúne os produtores de vinhos da cidade e região, mostrando o principal produto local, o vinho, bem como, mostra de pratos especiais, que harmonizam com a bebida.
          São três dias de festa, de sexta a domingo e tem como objetivo mostrar a cultura, o artesanato, a música, a culinária e claro, promover a degustação de vinhos locais, considerados de ótima qualidade, tanto o tradicional vinho de uva, como a bebida fermentada de jabuticaba, geleias e licores de jabuticaba e outras frutas, (como na foto acima da Karla Jardim/@tripcatasaltas).
Vinho em Catas Altas, tradição do século XIX
          A cidade, desde sua origem, foi de grande importância para Minas Gerais, com a mineração do ouro e atualmente, de minério de ferro, além de contar com terras de ótima qualidade e produtivas, se destacando também na agricultura e pecuária, desde os tempos do Brasil Colônia. (na foto acima a vinícola Aluar, da Dona Jesuína. Foto da Karla Jardim/@tripcatasaltas)
          Catas Altas é uma das mais antigas produtoras de vinhos do Brasil, tendo a tradição vinícola da cidade, iniciada no ano de 1868, no século XIX. Uma tradição de mais de 150 anos.
          Quem introduziu e ensinou a técnica de fazer vinhos em Catas Altas foi o padre português, Monsenhor Manoel Mendes Pereira de Vasconcelos, uma das mais importantes figuras da região.
          Diante do fim da riqueza gerada pelo ouro, tendo como consequência o empobrecimento e falta de perspectivas da população de Catas Altas, Santa Bárbara e Barão de Cocais, Monsenhor Mendes se mostrou preocupado e buscou uma saída para a crise financeira que a cidade e região, passavam. O religioso tinha visão de futuro e acreditava que situações difíceis ou até mesmo, com poucas perspectivas de mudanças a curto e médio prazo, podiam ser mudadas através da educação e melhor qualificação profissional, na busca por novas fontes de renda. Procurava mostrar ainda a importância do envolvimento dos moradores em ações coletivas e comunitárias, na melhora da qualidade de vida.
          Percebendo que as terras de Catas Altas e região eram de excelente qualidade, além do clima ameno e montanhoso, acreditou ser possível o cultivo de uvas na região. Isso porque, soube da existência, na cidade, de algumas parreiras de uvas plantadas no pomar na casa de um amigo.
          A uva cultivada pelo amigo era da espécie Vitis labrusca, de origem da América do Norte, chamadas de uva americana. Até hoje são as uvas mais usadas na produção de vinhos no Brasil. São as uvas comuns, que conhecemos hoje, como Isabel, Niágara, Bordô, dentre outras mais.
          Monsenhor Mendes era um grande conhecer da arte de fazer vinhos, já que veio um país, com tradição vinícola, Portugal.
          Iniciou os trabalhos, ensinando a cultura de subsistência e convenceu os moradores da cidade a plantar uvas, escolhendo as uvas americanas. Ensinou ainda a produzir vinhos. Ensinava as técnicas de plantio e cuidados com as videiras, sobre podas e épocas de colheitas, até o processo da pisa das uvas, a fermentação, o adequado armazenamento, até o engarrafamento final.
          Monsenhor Mendes conseguiu unir a cidade, transformando pequenos agricultores, sem esperanças de melhoras a curto e longo prazo, em viticultores, que são os que apenas plantam e colhem uvas e em vinicultores, que são aqueles que transformam a uva em vinho.
          Começava assim uma das mais antigas tradições vinícolas do Brasil, com a cidade de Catas Altas, produzindo vinhos de qualidade. Não demorou muito, e o vinhos de Catas Altas começaram a chamar a atenção dos mais finos paladares da época, já que o sabor, textura e qualidade da bebida catas-altense, era comparado aos tradicionais vinhos da cidade do Porto, cidade da região da Região Demarcada do Douro, no Norte de Portugal e com o vinho Xerez, da cidade de Xerez da Fronteira, na região de Andaluzia, na Espanha.
          A produção de vinhos em Catas Altas sofreu uma interrupção no final do século XIX, quando os parreirais da região foram atacados por pragas, prejudicando a produção de vinhos e a economia local. Para não ficarem sem trabalho e sem o sustento de suas famílias, surgiu a ideia, de usar a uma fruta abundante na região e nativa da Mata Atlântica, a jabuticaba, no lugar da uva, enquanto não se recuperava os vinhedos.
          Infelizmente, não há registro de quem foi a ideia e nem do primeiro produtor a fazer essa experiência na cidade. O que se sabe é que a iniciativa teve a adesão de boa parte dos produtores de vinhos, que buscavam alternativas de renda, até a recuperação total dos parreirais.
          Começaram então a fermentar o mosto da jabuticaba, da mesma forma que faziam com o mosto da uva, surgindo assim uma bebida com cor e textura diferentes do vinho tradicional, porém, muito saborosa, leve e suave. A novidade começou a se difundir pela região, bem como para fora das divisas de Minas, chamando inclusive a atenção do Jornal do Comércio, com sede no Rio de Janeiro.
          Entre 1888 e 1889, o jornal produziu uma série de reportagens sobre os diversos ramos da indústria nacional, da época, encerrando em fevereiro de 1889, a série. A reportagem final, com a manchete “Exposição de Açúcar e Vinhos”, destacava a história da produção de açúcar no Brasil e seus derivados como a rapadura e a cachaça, bem como a produção nacional de vinhos, dando destaque para a bebida de jabuticaba, feita em Catas Altas, até então, bebida desconhecida do brasileiro. Isso porque, naquele tempo, a jabuticaba era usada apenas na fabricação de geleia e licor, mas como vinho, era uma novidade, que chamou a atenção do jornal.
          Por isso o destaque aos vinhos de uva e à bebida mineira, feita a base da fermentação da jabuticaba. Em um dos trechos, o jornal enaltece as qualidades da bebida de jabuticaba de Catas Altas, ao destacar que “há um vinho de jabuticaba, de Catas Altas, de um gosto singular”.
          Com o passar do tempo e recuperação de seus vinhedos, a produção de vinhos em Catas Altas, começou a se recuperar e a se destacar novamente, recebendo, inclusive, premiações em exposições nacionais, no início do século XX. Com isso, a bebida feita com a jabuticaba foi, gradativamente, diminuindo, ficando a fruta restrita a produção de licores e geleias.
          Isso até o ano de 1949, quando a produção da bebida feita com jabuticaba voltou a ser produzida na cidade, por iniciativa de Anastácio de Souza, que resgatou a receita original do século XIX e a tradição da cidade em produzir a bebida fermentada de jabuticaba.
          A iniciativa começou a ganhar espaço nas propriedades da região, com muitos produtores de vinhos, se interessando em produzir também, a tradicional bebida. Aos poucos, foram substituindo o mosto da uva, pela fermentação do mosto da jabuticaba.
          Hoje, embora ainda exista a produção tradicional de vinho de uva em Catas Altas, a bebida fermentada de jabuticaba predomina no município, sendo uma das identidades gastronômicas de Catas Altas. Além disso, é uma das mais finas e deliciosas bebidas mineiras. Das adegas catas-altenses saem vinhos e bebidas fermentadas de jabuticaba, para todos os gostos, seja tinto, branco, suave, meio seco e seco e de qualidade. (na foto acima da Karla Jardim/@tripcatasaltas, o preparo do fermentado de jabuticaba da Adega Aluar, da Dona Jesuína)
          Vinhos, licores e fermentados de jabuticaba são produzidos por cerca de 30 produtores, organizados na Associação dos Produtores de Vinho, Agricultores Familiares e Outros Produtos Artesanais de Catas Altas (APROVART). É a entidade, em parceria com a Prefeitura e Comercio local que organiza, desde 2001, a Festa do Vinho de Catas Altas, sempre no mês de maio, com apresentação de 
rótulos de vinhos tradicionais de uva e a deliciosa bebida fermentada de jabuticaba. (na foto acima da Karla Jardim/@tripcatasaltas, a sede da entidade e abaixo, fermentados e vinhos de Catas Altas)
          Os rótulos mais tradicionais de vinhos de uva de Catas Altas são os da Adega Aluar e Discípulo. Já os fermentados de jabuticaba, são: Cantina Real, Dona Gercina, M.Silva, JT, Imperial, Borba, Pé de Serra, Oliveira e os fermentados das Adegas Discípulo e Aluar, que além de vinhos de uva, produzem fermentados, geleias e licores de jabuticabas.
          Os vinhos e a bebida de jabuticaba, são encontrados em Catas Altas nas adegas, presentes no Centro Histórico e também, na tradicional Feira Sabores do Morro, no distrito de Morro da Água Quente, ao lado da Capela do Bonfim, realizada no 2º domingo de cada mês, com Música ao vivo e vendas de quitandas, doces, vinhos, licores e artesanatos, feitos na cidade.
Como ir até Catas Altas
De carro: Pela BR-381 em direção à Vitória. Entrar à direita na MG 436 sentido Barão de Cocais. Passar o trevo de Barão de Cocais, após 9 km você estará em Santa Bárbara. Por mais 12 km na MG 129 chegará a Catas Altas. 
De ônibus: Viação Pássaro Verde que sai da rodoviária de BH até Santa Bárbara (em vários horários) ou até Catas Altas:
BH – Catas Altas: de segunda a sábado – às 17:15
Catas altas – BH – de segunda a domingo – às 7:30
(fotografia acima de Marley Melo, com o casario colonial da cidade e ao fundo, a Serra do Espinhaço)
De trem: Uma ótima opção é ir de trem. O trem Vitória Minas sai todos os dias da Praça da Estação em Belo Horizonte às 7:30 hs. Você pode descer na Estação de Barão de Cocais e de lá seguir até Catas Altas de táxi. Se quiser aproveitar mais, você pode conhecer a cidade de Barão de Cocais que é linda e pegar um ônibus até Santa Bárbara, outra cidade histórica maravilhosa. De Santa Bárbara você pode pegar um ônibus para Catas Altas.
          Catas Altas tem uma boa estrutura para receber os turistas, com restaurantes variados, várias pousadas aconchegantes e com boa estrutura de hospedagem, além da opção da hospedaria do Santuário do Caraça. (foto acima de Marley Mello)
Informações sobre as adegas, vinhos, restaurantes, pousadas, eventos anuais e city tour pelos pontos turísticos de Catas Altas, podem ser obtidas através do WhatsApp: 31 99740-1729 ou Instagram @tripcatasaltas, com a Guia de Turismo Karla Jardim.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

O Chafariz do Alto da Cruz em Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva) Um dos marcos da história de Ouro Preto, o Chafariz do Alto da Cruz, que fica na Rua Resende, próximo a Igreja de Santa Efigênia, teve sua construção concluída em 1758.
          Segundo texto publicado pela Fundação João Pinheiro - Plano de Conservação e Valorização de Ouro Preto e Mariana o Chafariz do Alto da Cruz "Trata-se de um chafariz parietal, cujo frontispício é extremado por duas pilastras de cantaria sem ordem, ligadas por uma verga em linha reta, da qual saem dois arcos. Do centro desta verga, parte uma pilastra que recebe superiormente uma figura. Todos estes detalhes são de cantaria. Na fachada, há um quadro de cantaria com três carrancas ligadas por linhas retas, fazendo ângulos. Em baixo, o poial de pedra, é formado por três assentos para receber os barris." 
          A obra teve os trabalhos artísticos de Manuel Francisco Lisboa, pai do Mestre Aleijadinho. Pelos traços e características, acredita-se que o busto feminino em pedra-sabão que ornamenta a obra seja atribuído ao Aleijadinho, que nessa época tinha apenas 19 anos. É considerado o primeiro trabalho do Mestre do Barroco Mineiro. 
          O Chafariz do Alto da Cruz passou por sua primeira restauração no século XIX, entre os anos de 1853 e 1855. No século XX, entre os anos de 1935 e 1936, aconteceu nova restauração e foi colocado no chafariz tanque de cantaria do Itacolomi para cavalos. Em 1959, três carrancas forma acrescentadas ao monumento. 

segunda-feira, 22 de abril de 2019

São Tiago: a terra do Café com Biscoito

(Por Arnaldo Silva) “Entra, vou passar o cafezinho e fazer biscoitos pra nós”. Ouvir isso é comum em São Tiago, cidade mineira encravada nas colinas do Campo das Vertentes, a 190 km de Belo Horizonte. As visitas vão logo pra cozinha. É uma das mineiridades, aprendidas em casa, desde os tempos antigos, como as receitas de biscoitos. (na foto abaixo do Deividson Costa, a Praça Ministro Gabriel Passos, onde acontece a Festa do Café com Biscoito)
          Desde o século 19, São Tiago tem fama de ser a cidade do Café com Biscoito. É uma tradição preservada há mais de 150 anos, graças ao amor à arte de fazer biscoitos, vocação antiga de todos os moradores. (na foto abaixo de Deividson Costa/@deividsoncosta, o centro de São Tiago no dia da Festa do Café com Biscoito)
          Difícil não encontrar na cidade uma família que não tenha a vocação para fazer biscoitos. As receitas são de família, preservadas de geração a geração e biscoitos de qualidade, raramente encontrados fora de São Tiago. Toda cidade se envolve na produção de biscoitos. Movimenta a economia e sustenta famílias. Isso é o que difere São Tiago das outras cidades mineiras: a qualidade e sabor único dos biscoitos feitos na cidade.(os ipês amarelos florescem entre agosto e setembro e colorem a Festa do Café com Biscoito. Fotografia de Deividson Costa/@deividsoncosta)
          Segundo dados do IBGE, pelos menos 1/3 dos moradores 10.892 moradores de São Tiago trabalham na produção de biscoitos para a venda. São cerca de oito mil toneladas por ano de biscoitos vendidos na região e em quatro estados brasileiros. É um mercado em constante crescimento que favorece o sucesso profissional dos pequenos produtores artesanais de biscoitos e empresários locais que investem no setor, bem como gera emprego e melhores para o município com impostos. (na foto abaixo do Zezé Bárbara, uma das barracas de biscoitos)
          Pra se ter ideia da vocação e talento do povo são-tiaguense na arte de fazer biscoitos, existe em São Tiago mais de 100 tipos de biscoitos diferentes que deixa o visitante de água na boca. Essa centena de biscoitos conquistou selo de procedência do Instituto Nacional de Proteção Industrial (INPI). É a garantia de que os biscoitos feitos em São Tiago, são únicos, não tem igual em outro lugar. 
Esses biscoitos podem ser degustados, adquiridos e conhecidos na festa anual do Café com Biscoito (na foto acima de Deividson Costa/@deividsoncosta) que acontece regularmente no SEGUNDO FIM DE SEMANA DO MÊS DE SETEMBRO. São Tiago faz divisa com Ritápolis, Resende Costa, Conceição da Barra, Nazareno, Bom Sucesso e Oliveira. 

domingo, 21 de abril de 2019

Café colonial tem origens nas colônias alemãs

(Por Arnaldo Silva) A cozinha mineira sempre foi farta. Desde os tempos do Brasil Colônia a fartura sempre esteve na mesa dos mineiros. Visitas vão logo para a cozinha e sempre tem quitandas, café, queijo e doces à vontade. O mineiro faz questão de mostrar sua culinária e agradar as visitas, com muita comida. É assim até hoje. 
          O que para nós é comum, mesa farta, vem sendo normal no Brasil hoje, com o nome de Café Colonial. Em eventos sociais, em restaurantes, e pousadas, sempre tem o famoso café colonial. À primeira vista acredita-se que seja uma prática surgida nos tempos do Brasil Colônia, do povo da roça, das cozinhas dos casarões coloniais, mas não é. Não é criação mineira e nem tem origem brasileira. (na foto acima, café colonial fotografado por Gil Santos em Salinas MG)
O Café Colonial tem origem nas colônias alemãs
          A origem do café colonial é do Sul do país. A tradição de preparar cafés e refeições em comunidade foi introduzida no Brasil pelos imigrantes europeus, principalmente alemães, nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e principalmente Santa Catarina, estado de maior concentração de descendentes de alemães no país.
          A tradição no Brasil começou no início do século XIX, quando começou a imigração alemã para o Brasil, a partir de 1824. Imigrantes italianos, ucranianos, húngaros, dinamarqueses e outros povos que vieram para o Brasil também faziam refeições coletivas em suas colônias.
É colonial de colonos 
          Nas colônias, os alemães promoviam encontros semanais em suas comunidades, além dos encontros de família. Nesses encontros, montavam uma enorme mesa com os produtos típicos de seus países de origem como pães, manteiga, queijos, bolos, presuntos, leite, café, chocolate quente, vinho, salsichão, cuca, carne de porco, pato e marreco, roscas, chucrute, biscoitos, doces diversos e outros tantos pratos da culinária alemã e europeia tradicional. 
          Todos os colonos participavam e os produtos eram postos em mesas, geralmente no centro da comunidade. Era o café dos colonos, por isso, passou a ser chamado de Café Colonial.
          Assim surgia o café colonial, com origem nos colonos, oriundos da Europa. Era uma forma de matar saudades de seus países e preservar a culinária e suas tradições de origem.
          Embora tenha o nome de café,  não era bem um café, na expressão literal. Na sua versão original é uma refeição em comunidade para ser degustada a qualquer hora do dia e matar saudades da música, danças e comidas típicas. Tal momento pode ser no café da manhã, no almoço no fim da tarde  ou a noite.
Difusão da tradição europeia pelo Brasil
     A ideia começou a se difundir pelo Brasil e hoje, café colonial é uma tradição nacional e muito comum em Minas Gerais, principalmente em eventos gastronômicos e em hotéis fazendas. (foto acima de Sérgio Mourão) 
          A diferença é que o café colonial mineiro é realmente um café com o objetivo de mostrar e valorizar os produtos artesanais feitos em Minas Gerais.
O que não pode faltar no café colonial mineiro
1 - Café e leite: Valorize o café plantado e colhido em sua cidade, bem como o leite também. Leite cru, fervido é o ideal. Se não tiver cafezais em sua cidade, compre café, mas que seja de Minas Gerais, até porque, o melhor café do Brasil é de Minas. Café bom é aquele torrado e moído na hora, coado em coador de pano e adoçado com rapadura. (na foto acima, café colonial do Espaço Roça em Caetanópolis MG)/Divulgação)
2 - Pão de Queijo e Biscoito de Queijo: Impossível não ter um café colonial em Minas com pão de queijo e biscoito de queijo. São nossas identidades. 
3 - Queijo. Quem vem à Minas ou é de Minas, não resiste ao queijo. Mineiro se ver um queijo rolando morro abaixo, corre para pegá-lo. É uma ofensa para um mineiro não ter queijo num café colonial. Prefira os queijos fabricados em sua cidade.
4 - Doces. Onde tem queijo, tem que ter doce. Não pode faltar doce de leite, de mamão, de figo e claro, goiabada. Não tem quem não resista combinar esses doces com queijo.
5 - Pães e roscas. Faça pão de sal caseiro e coloque na mesa, bem como as roscas de leite condensado, de coco e a famosa rosca Rainha.
6 - Broas. Broa de fubá com queijo é deliciosa demais. As broas de milho no café colonial, por exemplo, broa Caxambu, ninguém vai resistir. As broinhas de fubá de canjica são deliciosas para um café. 
7 - Bolos e Bolinhos. Num café colonial tem que ter bolo, principalmente o bolo de fubá. Esse não pode faltar. Prepare um bolo de fubá na forma tradicional, assado no fogão a lenha, na chapa com brasa. Coloque o bolo na fôrma sobre a mesa.  O cheirinho de fazenda desse bolo é indescritível!
Bolo de mandioca cremoso é ótimo, bem como bolo de farinha de trigo e bolo de cenoura com calda de chocolate.
E os bolinhos? Bolinho de Chuva, bolinho de arroz e bolinho de queijo tem que ter na mesa.
8 - Farofa e Fubá Suado. Mineiro adora farofa. Já ouviu falar do Mineiro de Botas? É uma farofa de queijo. Pode fazer que é bom. Experimente fazer o Fubá Suado. Os mais antigos lembram desse prato. Para o café da manhã dá uma energia enorme.
9 - Biscoitos. Mineiro adora biscoito de polvilho, seja salgado ou doce, frito ou assado. Não pode faltar na mesa.

10 - Milho. O milho faz parte da nossa culinária desde o povoamento do nosso Estado. Milho cozido com manteiga caseira tem que ter. Mingau de milho verde não pode faltar e claro, pamonha nem precisa dizer porque né? 
          Esses 10 itens não podem faltar num café colonial. Prepare uma mesa bem bonita, com forro feito com bordados de sua cidade.  Decore com vinhos, licores, sucos naturais e artesanatos locais. O objetivo do café colonial é mostrar os produtos de sua cidade e região. Uma mesa assim ninguém irá resistir não é? 

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Catas Altas: lugar sagrado nos Alpes Mineiros

(Por Arnaldo Silva) Catas Altas tem pouco mais de cinco mil habitantes, distante apenas 120 km de Belo Horizonte. Faz divisa com Santa Bárbara, Alvinópolis e Mariana. (foto acima de Elvira Nascimento) Construída aos pés da Cordilheira do Espinhaço, também chamada de Alpes Mineiros, Catas Altas é uma típica cidade do interior mineiro, com tradição, história e uma culinária riquíssima. É uma das mais tradicionais na produção de vinhos em Minas. São 120 anos de tradição vinícola, em especial, o vinho de jabuticaba.
     A cidade surgiu com a descoberta do ouro em Minas Gerais por volta de 1700. Foi esse ouro que ajudou no desenvolvimento do município e a definir suas tradições e cultura, ao longo dos mais de 300 anos de existência de Catas Altas. 
     Uma relíquia do período da extração de ouro em Catas Altas é o Bicame de Pedra (na foto acima de Marley Mello). Um aqueduto de 12 km, totalmente em pedras, feito pelos escravos com a finalidade de levar água para a cidade e abastecer a mineração. Restam apenas 200 metros do aqueduto, aberto à visitação.
     A cidade tem um belo e preservado casario, boas pousadas e natureza exuberante, mesmo com a mineração atuante na cidade, as belezas naturais locais são preservadas. (foto acima de Elvira Nascimento) Em Catas Altas está o Santuário do Caraça, um dos lugares mais visitados em Minas Gerais e no centro da cidade, pode se contemplar o fabuloso maciço rochoso da Cordilheira do Espinhaço.
          A Praça Monsenhor Mendes é o coração de Catas Altas. Nela, pode ser visto a Igreja de Nossa Senhora da Conceição (na foto acima de Elvira Nascimento), fundada em 1739 e em seu entorno, um belo e preservado casario do período barroco.
     A Igreja de Santa Quitéria (na foto acima de Arnaldo Quintão) é uma das mais visitadas e fotografadas da cidade. Fica no alto de uma colina é uma das mais visitadas. A Igreja é pitoresca, singela, no estilo barroco, do século 18.
     Outra igreja, a de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, é atração na cidade. Sua construção iniciou-se no final do século 18 e foi concluída no início do século 19. Por fora não chama muito atenção, pela simplicidade dos detalhes, mas por dentro sim. Seu altar-mor é no estilo Joanino, com a pintura do teto em vermelho e marrom bem escuro. 
O Santuário do Caraça
     “Só o Caraça paga toda viagem a Minas”, frase proferida pelo Imperador Dom Pedro II em 1881, quando visitou o local. Ele estava certíssimo! O Santuário está numa Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), guardando e preservando tesouros da nossa fauna e flora. (foto acima de Elvira Nascimento)
     O visitante se encanta com o Caraça. Quem visita o Santuário, encontra de tudo em um só lugar. Natureza plena, sossego, paz, hospedagem, restaurante, história e espiritualidade. Oportunidade única e incrível para aventuras emocionantes e relaxamento completo em meio à natureza exuberante. Para os amantes das trilhas tem várias opções.       Quem não resiste às cachoeiras, têm à sua disposição as cachoeiras da Cascatinha, Cascatona, Bocaina, com belas piscina naturais (na foto ao lado de Tom Alves/tomalves.com.br), e outras tantas cachoeiras, rios e praias fluviais. Se quiser também, pode apreciar a vista do santuário subindo até o Pico da Carapuça, Pico do Sol, Pico da Verruguinha, Pico Três Irmãos e Pico da Conceição, entre outros. Tem grutas também. As grutas de Lourdes e da Bocaina são muito procuradas pelos visitantes. 
     Além de ser um santuário ecológico, o Caraça é um Centro de espiritualidade, cultura e religião, tendo sido eleita como uma das Sete Maravilhas da Estrada Real, sendo patrimônio de Catas Altas, de Minas e do Brasil. No Centro, o visitante tem uma excelente estrutura como pousada, restaurante, lanchonete, loja, igreja com vitrais doados pelo Imperador Dom Pedro II, museu, biblioteca. À noite, lobos-guarás costumam aparecer no adro do Caraça para comer carne, nas mãos dos padres. Um espetáculo que encanta os visitantes. (na foto ao lado, de autoria de Josiano Melo)
Catas Altas recebe em média 70 mil turistas por ano. Em dias de festas, como a Festa do Vinho, por exemplo, atrai gente de todas as regiões, quadruplicando o número de moradores locais. 
Conhecer Catas Altas é vivenciar um pouco da história de Minas. Estar no Caraça, é estar no coração da natureza plena. 

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Turismo em Minas não se resume às cidades históricas

(Por Arnaldo Silva) Quando se pensa em viajar para Minas Gerais vem logo a mente passear em Ouro Preto, por Mariana, andar de Maria Fumaça de São João Del Rei a Tiradentes, participar da Vesperata em Diamantina, da bolerata do Serro, conhecer o Santuário do Bom Jesus do Matosinhos em Congonhas, a gastronomia e arquitetura barroca de Sabará. Ou seja, a primeira ideia de quem quer conhecer Minas é visitar às cidades históricas. Mas Minas Gerais não se resume apenas às cidades históricas, inseridas na região do Ciclo do Ouro e dos Diamantes. São 853 cidades mineiras, cada uma com seus atrativos e história.
          Uma das cidades que merece atenção por sua beleza arquitetônica de seu rico casario e igrejas, além de belezas naturais, é Estrela do Sul, no Triângulo Mineiro, na foto de Lins. A cidade surgiu com a descoberta de diamantes na região, tendo sido fundada em 19 de setembro de 1856, tendo sido a cidade que Dona Beja, de Araxá, escolher viver, mudando-se para Estrela do Sul em meia idade, aos 53 anos falecendo e sendo sepultada no município em 8 de outubro de 1873, aos 73 anos. A cidade é pacata, tranquila, charmosa, bem cuidada, rodeada por serras e belas paisagens, com as típicas características das cidades do interior mineiro. Seus menos de 10 mil habitantes são hospitaleiros, bem receptivos e pessoas muitos simples. 
          O turismo em Minas Gerais cresce a cada ano. As variadas atrações históricas, naturais e culturais, além do turismo de negócios, vem atraindo turistas cada vez mais ao Estado. O turismo em Minas geral 381 mil empregos diretos, o que significa 8,3% de todos os trabalhadores mineiros na ativa. Para se ter ideia do potencial turístico mineiro, em 2017, o estado recebeu 27,2 milhões de turistas, que movimentaram 18,2 bilhões na economia de Minas Gerais, segundo dados da Fecomércio/MG
          Temos as cidades do Circuito das Águas, com suas belezas, fontes termais, medicinais, águas quentes e sulfurosas como Caldas, Pocinhos do Rio Verde, Caxambu, Lambari (na foto acima de autoria de Luiz Carlos) e Poços de Caldas no Sul de Minas.
          No Alto Paranaíba temos Araxá, cidade rica em história e de ótima gastronomia, principalmente seus queijos e doces. Sem falar em suas águas radioativas e sulfurosas, famosas no mundo inteiro (na foto acima de Arnaldo Silva).
          No Vale do Jequitinhonha e Mucuri as paisagens são magníficas, principalmente os afloramentos rochosos (teofilitos) que estão espalhados pelas cidades da região como Santa Maria do Salto, Pedra Azul, Cuparaque (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade), Ataleia, Carlos Chagas e outras. 
          Na Zona da Mata, tem as antigas fazendas de café como por exemplo em Belmiro Braga, Santa Rita de Jacutinga e Rio Preto (na foto acima de Thelmo Lins, fazenda bicentenária nos arredores de São José das Três Ilhas). Na mesma região, temos a cidade de Alto Caparaó, a porta de entrada para o Parque Nacional do Caparaó, onde está o Pico da Bandeira, maior de Minas e terceiro maior do Brasil. Nas redondezas de Alto Caparaó as cidades de Alto  Jequitibá, Caparaó e Espera Feliz, grandes produtoras de cafés especiais, são atrativos para quem gosta de cidades pacatas e belezas naturais. 
          Próximo a Belo Horizonte, temos as cidades do Vale do Charme, como Brumadinho, sendo seus atrativos o Inhotim, maior Museu Contemporâneo do Mundo e os bairros de Casa Branca e Piedade do Paraopeba (na foto acima Elpídio Justino de Andrade). A vizinha Igarapé é um dos destaques em gastronomia. No bairro Olhos D´Água em Belo Horizonte e Jardim Canadá em Nova Lima, se destacam as grandes marcas de cervejas artesanais de Minas Gerais.
          E quem gosta de forró e festa junina? Tem o arraial de Belô, famosíssimo, mas bom mesmo são as festas juninas em Bueno Brandão no Sul de Minas e no Vale do Mucuri, nas cidades de Pavão e Teófilo Otoni (na foto abaixo, da Prefeitura Municipal de Teófilo/Divulgação),  por exemplo. Verdadeiros espetáculos populares que envolve toda a cidade e atrai turistas de toda a região. 
          Por falar em gastronomia, a Festa do Biscoito de Caldas, no Sul de Minas é um dos mais importantes eventos gastronômicos mineiros. (na foto abaixo de Elpídio Justino de Andrade, a Praça da Matriz de Caldas MG)
          Durante os quatros finais de semana do mês de julho, em pleno inverno, os turistas podem se deliciar com os mais diversos biscoitos da típica culinária mineira, bem como degustar os doces caseiros e experimentar os excelentes vinhos produzidos nas vinícolas do município. A festa é realizada na Estância Hidromineral e Climática de Pocinhos do Rio Verde, distrito de Caldas.
          Além de Caldas, a cidade de Andradas produz um dos melhores vinhos do Brasil (na foto acima de Sérgio Mourão, um dos vinhos produzidos na cidade). A tradição vem desde o início do século 20, com a chegada de imigrantes italianos. Três Pontas também se destaca na produção de vinhos de qualidade, bem como na produção de cafés. São várias fazendas cafeeiras no município. 
          Outra cidade tradicionalíssima na gastronomia é São Tiago, na região do Campo das Vertentes. São Tiago é famosa por realizar uma das mais importantes festas gastronômicas do país, a Festa do Café com Biscoito (na foto acima de Sérgio Mourão), que acontece sempre no segundo fim de semana do mês de setembro. A tradição biscoiteira da cidade vem de quase dois séculos. Fazer biscoito é vocação natural do município.
          Quem gosta de arquitetura diferente, por exemplo, construções em pedras, pode conhecer a mística cidade de São Tomé das Letras no Sul de Minas (na foto acima de Vânia Pereira) e no outro extremo, no Norte do Estado, a cidade de Grão Mogol. 
          Quem gosta da liberdade de voar, o melhor lugar no mundo para isso é Governador Valadares na região do Vale do Rio Doce. Santana do Paraíso, no Vale do Aço (na foto acima de Elvira Nascimento) também é outra opção para os adeptos de voo livre. E se sua vontade é voar de balão, não precisa ir para a Capadócia. Em São Lourenço, no Sul de Minas, são oferecidos esse passeio.
          Em Mesquita acontece uma das mais famosas festas juninas da região do Vale do Rio Doce, com uma das maiores fogueiras também.(na foto, de autoria de Elvira Nascimento)  Ingaí, no Campo das Vertentes, tem a tradição de ter uma das maiores fogueiras de São João do Brasil. Em Cachoeira de Minas, no Sul do Estado, a fogueira é dedicada a São Pedro, sendo uma das maiores do Brasil. 
Para os que gosta de rapadura e alambiques tradicionais, a cidade de Itaguara, a 100 km de BH, é a opção. A economia no município gira em torno da produção de rapaduras e cachaças, nas fazendas antigas e tradicionais. Prefere licor? Em Itaipé, no Vale do Mucuri encontra licores pra todos os gostos e sabores.
          Para os amantes de esportes radicais tem as cidades de Araguari e Nova Ponte no Triângulo Mineiro com cachoeiras fenomenais, de tirar o fôlego. No Norte de Minas, em Porteirinha tem a  Cachoeira do "Serrado", na mesma região, a cidade de Gouveia  tem várias cachoeiras imperdíveis. A região Noroeste de Minas, destacando a cidade Buritis possui diversas cachoeiras espetaculares.
          E quem gosta rios e lagos, tem opção? Claro, Cachoeira Dourada no Triângulo Mineiro é linda. Capitólio é um espetáculo, com suas águas verde-esmeralda e seus cânions fabulosos. A beleza das cidades banhadas pelo Lago de Furnas impressiona, bem como a gastronomia, com pratos feitos com peixe de água doce. Outra opção também são as cidades de Três Marias e Morada Nova de Minas, banhadas pelo Rio São Francisco e Represa de Três Marias (na foto do J. Caminho a represa em Morada Nova de Minas). São fabulosas! Pra quem gosta de areia branquíssima e água limpa, a Cachoeira do Telésforo em Conselheiro Mata, distrito de Diamantina é imperdível. O Rio do Peixe, em Botumirim, no Norte de Minas, com as rochas que o margeiam são espetáculos naturais incríveis.
          Gosta de andar na moda? Que tal fazer turismo e compras? Temos Divinópolis no Centro Oeste de Minas que é a Capital da Moda. Nova Serrana, na mesma região é a Capital do Calçado Esportivo. Em Belo Horizonte, o bairro da moda é o Barro Preto.
           E se vir a Minas, não se esqueça que você está na terra do café e do queijo. Muzambinho, Campanha, Campestre e Cristina no Sul de Minas são cidades lindas, gostosas de conhecer e tem um café de primeira. Aliás, o café do Sul de Minas é delicioso! Espera Feliz também, na Zona da Mata tem um dos melhores cafés do Brasil e a cidade é pitoresca e charmosa. (na foto acima do Jad Vilela, o Museu da Moda de Belo Horizonte)
          Agora o queijo né. Em todos os municípios de Minas você encontra nossos queijos. Os mais famosos, reconhecidos como melhores do Brasil e do mundo, você encontra em Alagoa, uma pequena cidade da Serra da Mantiqueira. Na Serra do Salitre e Araxá no Alto Paranaíba. Em Sacramento, no Triângulo Mineiro. Em São Roque, Piumhi (na foto abaixo, de Lucas Rodrigues, o Queijo do Dinho) e Vargem Bonita, no Oeste de Minas. No Serro e em Rio Vermelho, no Alto Jequitinhonha. Se estiver em Belo Horizonte, no Mercado Central você encontra todos esses queijos. Além do queijo, essas cidades são ótimas, com excelentes opções de passeios, gastronomia e hospedagens.
          Quer mais? E tem viu. Todas as cidades mineiras tem seus atrativos. São 853 cidades espalhadas pelas regiões Sul, Norte, Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Central, Jequitinhonha, Mucuri, Rio Doce, Zona da Mata, Campo das Vertentes Oeste e Noroeste mineiro. Não dá para mostrar o que cada uma tem de belo, o espaço é bem pequeno. O certo é que turismo em Minas Gerais vai além das cidades históricas. Venha à Minas Gerais, conheça o Estado de Minas. Te esperamos de braços abertos  para mostrar  nossas riquezas naturais, turísticas, gastronômicas e culturais, em cada canto do nosso imenso território. 

Desemboque: o berço do Triângulo Mineiro

(Por Arnaldo Silva) Desemboque é um distrito de Sacramento e está no Triângulo Mineiro. É famoso por ser terra natal do ator Lima Duarte. 
          Apesar de ser hoje pouco povoado, tem apenas 50 habitantes, possui um passado rico em história além de muitas belezas em volta.
Desemboque foi o berço da civilização no Triângulo Mineiro. Seu povoamento começou no século XVIII, em 1743, com a fundação da Capela de Nossa Senhora do Desterro, por desbravadores portugueses. Mas não foi fácil no início já que a ocupação contou com a uma forte resistência de índios e negros. Após vencerem essa resistência é que começou de fato a colonização do Brasil Central.
Suas minas de ouro produziam bem, fazendo com que o povoado se desenvolvesse. 
          O distrito chegou a ter cerca de 2 mil habitantes, tinha vereadores, juiz e cartório. 
          No século XVIII, Desemboque era o lugar mais importante de toda a região do Triângulo Mineiro, Oeste de Minas e também do Sul de Goiás. 
          No século XIX as minas de ouro começaram a entrar em decadência e a produzir menos. Assim o povoado foi diminuindo, com seus habitantes saindo em busca de outras atividades fora do distrito. Quando era muito habitado, a vida no local era agitada por ser o distrito um ponto importante de referência comercial e política para a região. Como todo distrito e cidade mineira, foi fundado com a Cruz de Cristo, pratica ativa dos bandeirantes portugueses que onde chegavam, fincavam um cruzeiro e começavam a construir capelas.
          No Desemboque tem duas, a primeira, citada acima que é a Igreja de Nossa Senhora do Desterro frequentada somente pelos brancos e no cemitério ao lado dessa igreja, só podiam ser sepultados brancos. Tem também a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, criada e frequentada por negros, que também tem um cemitério próximo . Nesse cemitério, só podiam ser sepultados negros. 
          Segundo a tradição oral, era essa a história que se conta no Desemboque, do cemitério dos brancos e dos negros. Quem viaja pelo interior de Minas, principalmente pelas cidades históricas e conhece a história do Brasil Colônia e da Escravidão no nosso país, sabe que isso é fato real. 
(As fotografias desta edição são de autoria de Luis Leite)

sábado, 13 de abril de 2019

Armazém do Zé Totó: em atividade desde 1943 em BH

(Por Arnaldo Silva) Imagine você numa capital como Belo Horizonte, com 2,5 milhões de habitantes, entrando numa venda, daquelas antigas, que vende de tudo. Balas, produtos alimentícios, brinquedos, doces, batons, cachinhos para o cabelo, bolinhas de gude, ferramentas, vassouras, fumo de rolo, ratoeira, material escolar, pratos, agulhas, linha, tudo que você imaginar. Tem até balcão para os fregueses que apreciam uma boa pinguinha e cerveja gelada, como no século passado. E quem não tem dinheiro, tem caderneta onde se anota toda a compra do dia e no início do mês, o freguês vai lá e paga.
          Em pleno século 21 imaginar isso numa metrópole é difícil, mas existe. É o Armazém do Zé Totó, aberto em 1943 pelo senhor José Alves dos Santos e faleceu em 1950, vítima da doença de Chagas. Zé Totó conta que nessa época, com 13 anos, ajudava o pai no armazém e após sua morte, passou a cuidar do armazém. Mesmo hoje, com 91 anos, "Seu" Zé Totó é figura presente no armazém, que conta com a ajuda dos filhos, netos, bisnetos e genros na administração. Funciona no mesmo lugar e tudo do jeito que era antes, numa movimentada esquina no bairro Aparecida, na região Noroeste de Belo Horizonte. Fica aberto de domingo a domingo, de 8 da manhã às 21 horas. Só não abre na Sexta-Feira da Paixão. A construção é da década de 1940 e uma das poucas construções preservadas na região.
          O sucesso do Armazém é tanto que a freguesia é antiga, passa de geração para geração e uma clientela fiel. Tudo isso graças à diversidade dos produtos oferecidos. Tem de tudo que você precisa. Além-claro, do carisma, simplicidade e simpatia do "Seu" Zé Totó, um senhor alegre, atencioso, que gosta de uma boa conversa no balcão com seus fregueses e amigos.
          O lugar não tem luxo algum, mas tem uma alegria nostálgica. Encostar-se ao balcão do Armazém e ficar de conversa com os mais antigos, principalmente com o "Seu" Zé Totó é como se estivéssemos revivendo um passado feliz que a gente não conhecia. Os primórdios do desenvolvimento da nossa capital, as histórias de vida que o povo conta, estão lá, presentes na memória do "Seu" Zé Totó, dos fregueses antigos e dos mais novos, que ouviram de seus avós e pais as histórias.
          Quem vai lá não vai para passar tempo, vai para curtir a alegria que o lugar emana. Assim eram as antigas vendas, lugar de comprar o que precisava em casa e de encontrar com os amigos para uma boa roda de conversa. Com a presença do "Seu" Zé Totó, a conversa é longa, alegre, interessante e saudável. Conversa de gente feliz.
          O tempo que eu estive no Armazém, na companhia dos fregueses e do “Seu” Zé Totó, senti tudo isso. Nostalgia, simplicidade, alegria, saudade dos bons tempos da verdadeira amizade, da confiança na honestidade das pessoas, a generosidade e a gratidão sincera das pessoas. Gostei dessa volta ao passado, na metrópole do século 21.
          O Armazém do Zé Totó fica na Rua Aporé, número 500, bairro Aparecida em Belo Horizonte. Telefone: (31) 3428-3066. Infelizmente, o simpático Zé Totó faleceu em 2022. O Armazém do Zé Totó continua aberto, no mesmo lugar, do mesmo jeito, administrado atualmente por seus familiares. 
Texto e fotografias com direitos reservados à Arnaldo Silva

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Queijo maturado na cachaça com jabuticaba

     Existem vários processos de maturação de queijos existentes no mundo. Conheço algumas e como minha família tem tradição em queijos, é um tema que sempre me interessou.
     Através da Carolina Biasi, fanpage Sabará Sabor e do restaurante Alambique e Armazém Jotapê, em Pompéu, distrito de Sabará MG, conheci a técnica, criada por ela e sua mãe, Iara Biasi, de maturar queijo na cachaça com jabuticaba. As duas são as criadoras do processo de maturação de queijos na cachaça com jabuticaba.
     Fiquei bastante curioso em conhecer esse processo de maturação e resolvi maturar um queijo. Ficou ótimo!
É bem simples o processo.
- Você compra um queijo comum, meia cura. Qualquer queijo.
Numa vasilha coloque o queijo, em seguida a cachaça e por fim, jabuticabas como pode ver na imagem acima. 
- Tampe com um pano ou tela de preferência, para não cair insetos e deixe "curtindo" por 5 dias. 
- No terceiro dia estourei algumas jabuticabas.
- Nesse período, a cachaça e a jabuticaba agirão no queijo, tornando sua tonalidade mais intensa, firme e com a casca mais escura.
- Após esse tempo, retire e deixe o queijo "secando" por 15 dias. 
- O resultado final será como o da foto acima.
     Prontinho! O queijo já está maturado e o sabor é diferente, gostoso, intenso, meio picante. O bom de tudo é que o queijo não perde suas características, podendo ser usado normalmente como qualquer outro queijo.
     Gostei dessa experiência e sempre irei fazer essa técnica.
     Agora você me pergunta: o que fazer com a cachaça? Uai, eu coei e tomamos. Ficou gostosa com gostinho de queijo e jabuticaba.  
     Quem for a Sabará, vá a Pompéu, um distrito histórico e muito aconchegante. Bem no centro de Pompéu está o Restaurante e Alambique Jotapê. A comida é tipicamente mineira e como Sabará é a terra da jabuticaba e ora-pro-nobis, pratos com esses dois ingredientes não faltam. Além disso o atendimento no restaurante é um dos melhore, além do lugar ser muito aconchegante e confortável. Tanto a Carol, quanto toda a família são atenciosos, gentis, educados e com um talento enorme para a culinária. Fazem cada pratos de dar água na boca. (Arnaldo Silva)

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