(Por Arnaldo Silva) Minas Gerais é o maior produtor de café do Brasil. O Estado de Minas sozinho é responsável pela produção de 53% do café no país. Segundo dados da Federação da Agricultura de Minas Gerais (FAEMG), a indústria cafeeira mineira gera 4 milhões de empregos diretos e indiretos no Estado. Dados da Embrapa aponta que o café é o principal commodity, de exportação de Minas Gerais.
O café tradicional é produzido em todas as 12 regiões geográficas mineiras, sendo que em várias cidades dessas regiões, são produzidos cafés especiais, de alta qualidade e grande valor, tanto para o mercado interno, quanto para o mercado externo. Se engana quem pensa que os cafés especiais são apenas para a exportação. A preferência por esse tipo de café vem crescendo a cada ano, mesmo com preços superiores ao café tradicional. (na foto acima, café do Sítio Pé de Bréu em Alto Caparaó MG. Enviada por Ricardo e Widma/Divulgação)
O café mineiro vem a cada dia conquistando o paladar, não só do brasileiro, mas de todo o mundo. Em todas as regiões de Minas se produz café e algumas delas se destacam pelos cafés especiais. Como Minas é um estado com clima, altitudes, latitudes e biomas diferentes (no Estado temos os biomas Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga), além de diferentes formas de cultivos, faz com que os cafés mineiros tenhas suas particularidades e diferenças. Dessas diferenças regionais podemos encontrar cafés com sabores e aromas diferentes, que caracterizam cada região. (na foto acima de @hamiltoncarlos98, cafezais em Alto Caparaó MG, Zona da Mata e abaixo, de Luís Leite, terreiro de café em Poços de Caldas MG, Sul de Minas)) A cada ano vem crescendo no Brasil o hábito em consumir cafés especiais. O consumo do café tradicional cresce 3% ao ano, já os cafés especiais, 15% ao ano, segundo dados da Associação Brasileira de Cafés Especiais. A diferença do café especial para o café convencional é a qualidade superior, resultado de investimentos em tecnologia, pesquisas que geram grãos de alta qualidade, consequentemente, um café especial, de excelente qualidade, aroma e sabor.
As regiões produtoras de cafés em Minas Gerais
- Campo das Vertentes O Campo das Vertentes é uma das principais regiões de Minas Gerais. Clima ameno, montanhas, altitude e solo de qualidade são fatores preponderantes que definem as características únicas, dos cafés especiais, produzidos nessa região, reconhecida como região de Indicação Geográfica (IG), concedido pelo Instituto Nacional de Patentes Industriais (INPI0 em novembro de 2020. (na foto acima de Deividson Costa, fazenda de café em São Tiago MG) A região cafeeira mineira Campo das Vertentes, é formada pelos municípios de São Tiago, São João Del Rei, Oliveira, Ibituruna, Conceição da Barra de Minas, Santo Antônio do Amparo, Santana do Jacaré, Ritápolis, Camacho, Campo Belo, Carmo da Mata, Cana Verde, Perdões, Candeias, Bom Sucesso, Nazareno e São Francisco de Paula.
- Matas de Minas
O café produzido na região Matas de Minas é o cereja e nessa região a opção é pelo cereja descascado. Seu aroma é achocolatado, sabor cítrico, com acidez média, doçura alta e corpo médio a encorpado. É de ótima qualidade, se destacando sempre em concursos de cafés especiais, tanto no Brasil como no exterior, com mercado de exportação para Japão, Estados Unidos e vários países da Europa.
Essa região cafeeira é composta por 65 municípios, se destacando Alto Caparaó, Ervália, Manhumirim, Carangola, Alto Jequitibá, Araponga, Espera Feliz, Muriaé, Inhapim, Mutum, Caparaó e Viçosa.(foto acima do Café Pé de Bréu de Alto Caparaó MG, enviada por Ricardo e Widma/Divulgação) - Café Chapada de Minas O café Chapada de Minas tem como característica o corpo denso, com notas de caramelo, frutas passa, capim limão e acidez cítrica. É produzido no Vale do Jequitinhonha, Vale do Mucuri e Norte de Minas, regiões que estão se tornando referência no plantio de cafés especiais de alta qualidade. (na foto acima, cafezal em Angelândia, Vale do Jequitinhonha. Fotografia de Sérgio Mourão/Encantos de Minas)
Em destaque para as cidades de Capelinha, a maior produtora do região, Diamantina, Montes Claros, Buritizeiro, Presidente Kubistchek, Medina, Ladainha, Pedra Azul, Nanuque, Felício dos Santos, Salinas, Turmalina, Teófilo Otoni, Serro, Gouveia, Santa Maria do Salto, Malacacheta, e Angelândia, cujo café Geisha da Fazenda Primavera, do grupo Montesanto Tavares, ganhou o Cup Excelence de 2018, sendo considerado até então o café mais caro no mundo. A saca de 60 kg foi vendida por 72 mil reais.
- Sul e Sudoeste de Minas O café produzido nas montanhas do Sul de Minas tem como característica o corpo aveludado, adocicado, com notas de chocolate, amêndoas, caramelo, cítricas e frutadas. Já o café do Sudoeste Mineiro tem como característica o corpo médio com notas florais e cítricas, além de ser adocicado e com acidez alta. (na foto acima de Luís Leite, terreiro de café em Campestre MG)
O café produzido no Sul de Minas é 100% Arábica. Esse é o tipo de café mais cultivado no mundo e no Brasil.
A origem desse café é Africana e se adaptou muito bem ao Brasil, principalmente em Minas Gerais já que o plantio desse tipo de café requer altitudes acima de 700 metros. Devido ao seu clima ameno, entre 18 a 22 graus, relevo e altitudes que variam de 850 a 1500 metros, o Sul de Minas se tornou propício para o desenvolvimento de grãos de café arábica de alta qualidade. Aliado a pesquisas, dedicação e infraestrutura sólida, se consolida como um dos melhores cafés do mundo.
As variedades do café Arábica cultivado na região são o Catuaí, Mundo Novo, Icatu, Obatã e Catuaí Rubi.
Destaca-se na produção desse café a cidade de Guaxupé, que tem a maior cooperativa do Brasil, a Cooxupé e ainda as cidades de Campos Gerais, Poços de Caldas, Muzambinho e Três Pontas, cidade tradicional na produção de cafés especiais, que conta ainda com uma estação experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), estatal mineira vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA/MG).
- Mantiqueira de Minas
A Serra da Mantiqueira faz parte da Região Sul de Minas. O café cultivado na região é um dos mais premiados no Brasil e no exterior. Por ser uma região de tradição cafeeira, se destaca na produção de café desde o século passado, sempre esteve à frente na produção de cafés de qualidade. Essa tradição, aliada a inovação, tecnologia do cultivo e pesquisas, consolida o café da Mantiqueira como um dos melhores do mundo, reconhecidamente com várias premiações nacionais e internacionais.
O café da Mantiqueira é caracterizado pelo corpo cremoso e denso, notas florais e cítricas, doçura alta, frutado, acidez cítrica com intensidade média alta.
Por sua tradição e fama mundial por produzir cafés especiais de altíssima qualidade, diferenciado e sabor único, a Mantiqueira é reconhecida como Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência (IP) desde 2011.
Entre os municípios produtores do café da Mantiqueira de Minas se destacam Conceição das Pedras, Paraisópolis, Jesuânia, Lambari, Dom Viçoso, Pedralva e os municípios de Cristina e Carmo de Minas, que conquistaram vários prêmios pela qualidade de seus cafés produzidos.
- Cerrado Mineiro
O café Cerrado Mineiro é uma bebida fina, bem encorpada, com sabor doce, aroma intenso, acidez delicada e cítrica, com notas de chocolate, caramelo e nozes.
É um dos melhores cafés do Brasil. 100% Arábica, produzido em altitudes que variam de 800 a 1200 metros em 55 cidades das regiões do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas, se destacando as cidades de Patrocínio, Monte Carmelo, Araguari, Patos de Minas, Campos Altos, Unaí, Serra do Salitre, São Gotardo, Araxá e Carmo do Paranaíba. Essas três regiões tem estações climáticas definidas com chuvas intensas no verão e estiagem no inverno, o que propicia o cultivo natural, com secagem ao sol, de cafés de alta qualidade, como o Arábica.
O clima do Cerrado Mineiro contribui para fixar o aroma e a doçura desse tipo de café, aliado a técnicas de cultivo, pesquisas e investimentos tecnológicos dos produtores da região.
- Café Tradicional
O nosso tradicional e popular cafezinho vem das fazendas de todas as 12 regiões de Minas (Zona da Mata, Campo das Vertentes, Noroeste de Minas, Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Região Central, Vale do Jequitinhonha, Vale do Mucuri, Norte de Minas, Região Metropolitana de BH, Sul e Sudoeste de Minas, Centro Oeste de Minas). (foto acima de Chico do Vale de Viçosa MG) Como pode ler acima, várias cidades dessas regiões se dedicam a produção de cafés especiais. Em sua maioria, o café produzido em Minas é o tradicional. É aquele café colhido nas fazendas ou nos sítios, torrado e moído da forma tradicional que conhecemos. É empacotado à vácuo e disponibilizado nos supermercados para o consumidor.
O café tradicional tem o sabor bem forte e marcante. É produzido a partir de grãos que valorizam o equilíbrio entre a excelência da bebida, o aroma e o sabor.
A tradição do que há de melhor em nossa terra, pode ser saboreada numa boa xícara de café que traz em si um café saboroso, de cor escura, com sabor que varia entre o forte ao extraforte.
Esse é o café presente no nosso dia a dia, coado em coador de pano, em filtros de papel ou feito até em cafeteiras. Mas nunca falta em nossas casas, escritórios, lanchonetes e padarias que frequentamos. (foto acima de Chico do Vale em Viçosa MG)
Para aproveitar melhor o sabor e aroma do café tradicional, ele deve ser consumido até uma hora depois de coado.