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domingo, 14 de outubro de 2018

Três Barras da Estrada Real

(Por Arnaldo Silva) Três Barras da Estrada Real é um distrito do Serro MG, no Alto Jequitinhonha a 14 km da sede. (fotografia acima de Raul Moura) É um dos mais antigos povoados de Minas Gerais, tendo sido oficialmente criado como distrito apenas em 19 de outubro de 2007. Antes era vila. Fundada desde os tempos do Brasil Colônia, ainda preserva em sua arquitetura, os traços e histórias do nosso período colonial. Em Conceição do Mato Dentro MG, existe um distrito de Três Barras, que não é este. Para evitar confusão, o nome real do distrito do Serro é Três Barras da Estrada Real. (fotografia abaixo de Raul Moura)
          Segundo Augustin François César Prouvençal de Saint-Hilaire (Orleans, 4 de outubro de 1779 — Orleans, 3 de setembro de 1853) um famoso botânico, naturalista e viajante francês, quando esteve na Vila de Três Barras em 1817, fez essa descrição sobre o local: "Esta vila está edificada sobre a encosta de um morro alongado; e suas casas dispostas em anfiteatro, os jardins que entre elas se vêem, suas igrejas disseminadas formam um conjunto de aspecto muito agradável, visto das elevações próximas. (...) Das janelas que se abrem para o campo goza-se de agradável panorama: avistam-se as casas próximas entremeadas de massas espessas de verdura formada pelo arvoredo dos jardins; mais além descortina-se o vale estreito que se estende ao pé da cidade e em cujo fundo corre o Quatro Vinténs, do outro lado do vale o olhar repousa em alturas quase que completamente cobertas da mais linda relva; finalmente, nos planos mais distantes, algumas moitas de arvoredo se avistam entre os morros."
A Capela de São Geraldo
          Além do casario colonial, com cores alegres e vibrantes, seu povo leva uma vida pacata. É um povo simples, hospitaleiro e que recebe os visitantes muito bem. Um dos destaque de Três Barras da Estrada Real é sem dúvida a Capela de São Geraldo (na foto acima de Raul Moura), que foi construída nas encostas de uma serra, próximo a estrada que liga o Serro a Milho Verde. Sua simplicidade e seu contorno em tom azul se destacam em meio a bela paisagem em volta Essa capela é tem sua arquitetura tipicamente mineira. É simples, construída de barro e madeira, com apenas uma torre, uma capela mor, nave e duas sacristias laterais. É uma pequena joia do período colonial presente em Minas. Essa capela é o símbolo da fé e identidade dos moradores do local. Em torno dela acontecem as tradicionais festas religiosas e populares.
Cachoeira de Três Barras da Estrada Real
          Toda a região do Serro é cercada por belas paisagens e cachoeiras de tirar o fôlego. Em Três Barras da Estrada Real, a mais famosa cachoeira é a de Três Barras, que fica numa propriedade particular. São 20 metros de queda com uma água limpa, na cor caramelo e com uma temperatura agradável. Tanto na parte alta, como na parte baixa da cachoeira, existe poços, ótimos para banhos.
          Embora seja uma cachoeira tranquila, cerca por mata ciliar, o visitante deve evitar saltos porque no fundo existem blocos de pedras submersos e pelo constante volume de água, acontece sempre a formação de marolas.
Como chegar a Três Barras da Estrada Real
De Carro partindo de Belo Horizonte:
- Via Curvelo (BR 040 - sentido Brasília): siga em direção a Sete Lagoas, Paraopeba (BR 135), Curvelo (BR 259), Datas, Juscelino Kubitschek, Serro. Chegando no Serro, você pegara o trevo até Milho Verde aproximadamente 3km de estrada de terra.
- Via Serra do Cipó (BR MG 010): siga em direção Lagoa Santa, Serra do Cipó, Conceição do Mato Dentro, São Sebastião do Rio Preto, Serro, trevo de Milho Verde, Três Barras. Esse é uma caminho ótimo, cheio de paisagens já que você passará pelo Parque Estadual da Serra do Cipó. Até o Serro, pegará asfalto, numa boa estrada. Para os distritos, a estrada é de terra. (foto acima de Alexa Silva/@alexa.r.silva)
De ônibus (Viação Serro): Terminal Rodoviário Serro: (38) 3541-1366
Distâncias:
Belo Horizonte: 298 km
Rio de Janeiro: 674 km
Brasília: 747 km
Vitória: 733 km
São Paulo: 819 km
Serro: 23 km
São Gonçalo do Rio das Pedras: 10 km
Milho Verde: 4Km
Diamantina: 34 km
Conceição do Mato Dentro:84 km  

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Queijo branco e amarelo: diferenças e harmonizações

Por Arnaldo Silva) Queijo é um alimento vivo, que temos em nossas mesas, principalmente na terra do queijo, Minas Gerais. É um dos mais nutritivos e antigos alimentos do mundo.
          O queijo branco é o queijo feito, em sua maioria, com leite pasteurizado, já que boa parte desse queijo, é produzido de forma industrial. Feito para feito para consumo rápido, até 7 dias após sua fabricação, é um queijo macio, quase que cremoso, muito apreciado acompanhado por um bom café e doces caseiros. Alimento de baixa caloria e por isso, muito pobre em gorduras, é rico em proteínas, vitaminas, cálcio e outros nutrientes. (foto acima de Camila Costa, queijaria Queijos da Cristina em Vargem Bonita MG)
          Segundo especialistas, esse tipo de queijo ajuda na prevenção de doenças cardíacas, contribuindo para a redução do colesterol ruim. Contribui ainda para a redução do diabetes, para o melhoramento da flora intestinal e na prevenção do câncer de intestino. Por ser muito rico em cálcio e outros nutrientes, ajuda no fortalecimento dos ossos e dentes, além de aumentar a sensação de saciedade, contribuindo assim para o emagrecimento. (fotografia acima do Judson Nani, de um queijo fresco, de dois dias)

          Já o queijo meia cura e curado, são os queijos que passam por um longo processo de maturação (envelhecimento). São queijos artesanais, tradicionais e feitos com leite cru. O Meia Cura é o queijo intermediário entre o fresco e o curado, entre 7 a 22 dias de maturação. O Curado, é maturado entre 30 a 180 dias ou mais, tendo como característica a casca dura, textura escura ou amarelada e enrugada, massa firme, acidez suave, além de aroma mais forte. (na foto acima de Arnaldo Silva, queijo Canastra com 60 dias de cura e abaixo, enviada pelo Roberto Soares de São Roque de Minas, o queijo fresco e queijos maturados com 30, 60, 90 dias)
          Os queijos curados são riquíssimos em nutrientes como vitaminas A, B2, B12, D e K2 e minerais, como o cálcio, fósforo, selênio, zinco e sódio, além de possuírem propriedades antioxidantes. São de grande importância para a saúde dos nossos ossos e dentes e do coração, além de ajudarem no melhoramento do sistema imunológico e no combate aos radicais livres. Além disso, os queijos curados são ricos em caseínas, evitando assim desconfortos gastrointestinais.
          Por outro lado, são queijos com alto teor de gordura. Segundo dados do INMETRO, no queijo coalho foram encontrados 16,03 gramas de gorduras. No queijo Prato, 17,11 gramas. No queijo Mozzarella 17,21 gramas e o campeão em gorduras, foi o queijo tipo Parmesão, com 19,42 gramas.
          Os altos níveis de gorduras presentes nos queijos curados, inibe inibe o consumo desses queijos, sendo o queijo branco, fresco, o mais preferido. (na foto acima, queijo Canastra da Estância Capim Canastra, em São Roque de Minas, com 120 dias de maturação em caverna) Mas a gordura presente no queijo curado não é tão ruim como se pensa. Ao menos é o que afirma cientistas do Food for Health Ireland (FHI) da University College Dublin (UCD), na Irlanda.
 
          Em 2017, foi divulgado estudos feitos pela Universidade irlandesa, que mostra o contrário. Segundo uma das conclusões do estudo feito pela UCD, pessoas que consomem queijos regularmente, são mais magras, que as consomem pouco ou nenhum tipo de queijo. Além disso, o consumo de queijos curados, não causou aumento significativos nos níveis de colesterol ruim nos 1.500 voluntários, entre 18 e 90 anos, que participaram do estudo. Durante seis semanas, esses voluntários fizeram consumo regular de derivados do leite, como requeijão, iogurte, manteiga e queijo curado, tendo como base o queijo Cheddar Irlandês, rico em gorduras.
          Há uma diferença entre esses dois tipos de queijos consideradas básicas. Quanto mais branco for o queijo, mais lactose possui. Por si só, esse queijo não deve ser consumido por quem tem alergia a lactose. Já o queijo curado, ao contrário. Quanto mais tempo de cura, menos lactose possui.
          A explicação é simples. No processo da "curagem" a lactose presente é fermentada. Quanto mais tempo for a cura, menos lactose o queijo terá.
          Mesmo assim, quem tem alergia a lactose ou as proteínas do leite de vaca, deve evitar queijos e os derivados do leite ou consumir com moderação, de preferência, com sob orientação médica.
          O queijo fresco harmoniza muito bem com mel, doces diversos, principalmente doce de leite e goiabada, além de café. Harmoniza ainda com espumantes e vinhos brancos suaves. (na foto acima, queijo da Estância Capim Canastra em São Roque de Minas e abaixo, fotografia de Márcia Valle em Juiz de Fora MG)
          Já o curado, harmoniza muito bem com vinhos clássicos e finos secos, envelhecidos em barris de carvalho e são ótimos também com café e no preparo de pratos e quitandas.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Fechados: um paraíso escondido entre as montanhas

(Por Arnaldo Silva) Um pequeno charmoso e acolhedor arraial, cravado no maciço da Cordilheira do Espinhaço, rodeado por lindas cachoeiras e paisagens de deixar qualquer um de boca aberta. Um lugar simples, com gente simples, humildes, hospitaleiros e alegres, que recebem bem as pessoas que por lá passam.
          Um lugar com pouco mais de 100 moradores, tranquilo, bem pacato e de uma mineiridade natural que impressiona. São apenas três ruas, uma igreja, um cemitério com capela, um pequeno cartório, um orelhão, um pequeno restaurante com comida caseira, dois botecos e uma pequena mercearia. (na foto acima do Nacip Gomêz, a Cachoeira Horizontes, uma das mais procuradas em Fechados)
          Imagina viver em um lugar isolado, cercado por matas e montanhas. Um lugar que parou no tempo. Nesse lugar o celular é bem pouco usado. Seus moradores conversam entre si pessoalmente, no banco da praça, após a missa, no boteco e nas visitas que fazem uns aos outros. O dinheiro não é preocupação. (na foto acima de Rodrigo Firmino/@praondevou, a Igreja de Santo Antônio de Fechados)
          Nesse lugar tem apenas uma mercearia. Compra-se o necessário para a casa já que nas roças da vila, se produz doces, queijos, biscoitos, leite, frutas e verduras. 
          Para ir à cidade, é de carro, carroça, cavalo ou de ônibus que faz o trajeto de ida e volta por uma estrada terra, na Serra do Cipó. Tem quem se aventure a fazer uma boa caminhada, por 40 km à pé, até a cidade de Santana do Pirapama. (na foto acima do Rodrigo Firmino, a capela do cemitério de Fechados)
          Esse lugar é Fechados, distrito de Santana do Pirapama a 160 km de Belo Horizonte. Fechados, distante 40 km da sede, é um verdadeiro oásis aos pés da Cordilheira do Espinhaço, na Serra do Cipó. Do outro lado da serra ficam as cidades de Conceição do Mato Dentro e Diamantina. (na foto acima do Nacip Gômez, um sítio em Fechados)
          O pequeno povoado é todo rodeado por montanhas e cercado por mata nativa. Está completamente fechado entre as matas e montanhas da Serra do Cipó. Por esse motivo, segundo a versão popular, o povoado passou a se chamar Fechados. (fotografia acima de Paulo Zacarias)
          Fechados é muito procurado por suas belezas naturais como o Rio Preto, Ponte do Cristal, Córrego dos Fechados, Cachoeira do Buracão, do Horizonte, o Cânion do Buracão e Alto dos Fechados. Tem a prainha do Rio das Pedras, um lugar lindo com areia branquíssima. São apenas algumas das maravilhas naturais de Fechados, mas tem muito mais. (na foto acima de Marcelo Santos, a Cachoeira Horizontes e abaixo do Rodrigo Firmino/@praondevou, a parte alta da cachjoeira)
          Em Fechados existem inúmeras cachoeiras e paisagens lindíssimas. Quem desejar aproveitar tanta beleza, tem que ficar mais que um fim de semana. São muitas belezas naturais para conhecer e aproveitar tudo de bom que a natureza generosa de Fechados oferece. 
          Sem contar a simpatia e a boa prosa de seus moradores, que por sí só já vale a pena estar no vilarejo.  
          A comunidade é simples, seus moradores vivem da atividade agropecuária e artesanato. Não tem muita estrutura como hotéis, pousadas e restaurantes sofisticados para receber os turistas. É lugar simples, de gente simples. (na foto acima do Paulo Zacarias, a vila de Fechados)
          No povoado pode se encontrar moradores que alugam quartos para dormir e também lugares onde se pode aproveitar a melhor comida caseira da Serra do Cipó feita no fogão à lenha, bem mineira.
          Um desses lugares é casa da simpática dona Dona Amélia. Come-se bem, num lugar ótimo, aconchegante, tipicamente mineiro. Tem também o Bar do Seu Zé e o do Geraldinho, com tira gosto e cerveja geladinha. (na foto acima, do Marcelo Santos, as águas que descem a serra, que formam a Cachoeira do Horizonte )
Como chegar?
          Para chegar a Fechados, você pega a MG 424, sentido Aeroporto de Confins, passando por Sete Lagoas onde pegará a estrada para Santana do Pirapama. (foto acima de PauloZaca)
          Da rodoviária de Belo Horizonte sai ônibus diário para Santana do Pirapama, pela empresa Saritur.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Aiuruoca das cachoeiras, da história de Minas e do Azeite

(Por Arnaldo Silva) Aiuruoca é uma encantadora e aconchegante cidade do Sul de Minas Gerais, com pouco mais de 6 mil habitantes, a 416 km de Belo Horizonte. Cidade rica em histórica, em belezas naturais, com um artesanato riquíssimo, bem como sua culinária, valiosíssima!
          O povoamento da região começou em 1692, sendo o arraial que deu origem à cidade de Aiuruoca, fundado em 1706 por João Batista Siqueira. É uma das mais antigas povoações de Minas Gerais e guarda ainda relíquias do tempo do período colonial como seu belo e preservado casario dos século 18, 19 e início do século 20, igrejas, em especial a de Nossa Senhora da Conceição, uma das primeiras igrejas a ser erguidas em Minas. (fotografia acima do Felipe Brazão/@fbimagensaerea)

Aiuruoca das cachoeiras
          Aiuruoca (na foto acima de Marlon Arantes) é uma cidade pitoresca, casario atraente e bem conservado, um povo bom, hospitaleiro, muito simpático. A paisagem de Aiuruocano é de tirar o fôlego, sendo o município é um dos principais pontos de Ecoturismo da Região da Mantiqueira. São 82 cachoeiras, algumas muitos famosas pela beleza e pureza de suas águas como a cachoeira do Tombo, da Usina Velha, do Meio e a dos Garcias. 
          O Pico do Papagaio (na foto acima do Jerez Costa), que fica no Parque Estadual da Serra do Papagaio, a mais de 2 mil metros de altitude, é outro grande atrativo do município. Considerado um dos melhores lugares do Brasil para o Ecoturismo, quem vem a Aiuruoca faz questão questão de conhecer o Pico do Papagaio. A vista é impressionante e a beleza e em redor também. 
          Além do Parque, por todo o município pode se ver serras, montanhas, matas nativas de araucárias e outras espécies da Mata Atlântica, além de trilhas, que a cada dia mais atraem turistas, trilheiros e amantes da natureza para a cidade. (fotografia acima de Gilberto Furriel)
          Pelas terras de Aiuruoca, passam as águas do rio de mesmo nome. As águas do Rio Aiuruoca, nascem nas Serras do Parque Nacional do Itatiaia, a 2.450 metros de altitude, em Itamonte MG, na Serra da Mantiqueira, próximo ao Pico das Agulhas Negras. É a mais alta nascente do Brasil. As águas escorrem por entre as serras, passando por Alagoa, Aiuruoca, Seritinga e Serranos,  desaguando no Rio Grande, próximo a Carrancas e Madre de Deus de Minas.
Isis Valverde
          Isis Nable Valverde ou simplesmente, Isis Valverde, nasceu em 17 de fevereiro de 1987 em Aiuruoca. Aos 15 anos, mudou-se para Belo Horizonte, vivendo com os tios onde estudou e morou por 3 anos. Com 18 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, para trabalhar como modelo e atriz. Isis Valverde tem orgulho de dizer que é mineira e de Aiuruoca para o mundo todo. 
          É presença constante na cidade, onde tem amigos e parentes. Além de ir sempre à sua terra natal, vem acompanhada de outros amigos, artistas também. Isis tem orgulho de ter nascido em Aiuruoca, gosta de sua cidade e nunca perde a oportunidade de mostrar as belezas de sua terra em suas redes sociais.
O que fazer em Aiuruoca?
          Para atender aos visitantes que a cada dia cresce, a cidade uma ótima rede hoteleira e gastronômica, com excelentes pousadas e restaurantes simples e também sofisticados. 
          Festas são constantes na cidade, em especial, festividades religiosas como como a Semana Santa, comemorada desde 1717, a  Folia de Reis (na foto acima, de Marlon Arantes), o Carnaval, que é um dos mais badalados da região Sul de Minas. Durante o ano acontece vários outros eventos culturais, gastronômicos e religiosos que movimenta a cidade e atrai turistas.
          A cidade é pequena, mas opções de lazer e o que fazer não falta. Mesmo quando você não está fazendo nada, tem algo a fazer, como sentar, relaxar e contemplar a beleza da natureza em volta. Ou mesmo, num quarto das aconchegantes e charmosas pousadas do município, como a Pousada Canto do Papagaio, (na foto acima de Marlon Arantes).
Perto desta pousada tem a Cachoeira dos Garcias. A queda é pequena, uns 30 metros mas a água é fria, cristalina, bem limpa que forma um delicioso poço, ótimo para um mergulho. O local é todo rodeado por mata nativa e tem uma ótima estrutura para receber os turistas. Além de pousadas, tanto na cidade, quando na zona rural podem ser encontrados restaurantes com culinária típica de Minas e com pratos especiais da região como a famosa Truta da Mantiqueira, o queijo Prato, tradicional da Mantiqueira, biscoitos assados no forno a barro e outras delícias da nossa cozinha. (a Cachoeira dos Garcias na foto acima do Jerez Costa)
          Uma outra dica é o Vale do Matutu. É um bairro que fica a 17 km do centro da cidade. Envolto à montanhas, com lindas cachoeiras se destacando a cachoeira das Fadas, paisagens com com matas nativas, bosques e matas de araucárias por todo o Vale, além de ser um santuário ecológico, é um santuário místico, muito procurado para meditação, yoga e convívio pleno com a natureza.
          No Vale está o famoso Casarão do Matutu (na foto acima de Marselha Rufino), uma construção de 1904 bem preservada, que faz parte do patrimônio histórico de Aiuruoca. Funciona hoje como centro de informações aos visitantes, sendo também sede da Associação de Moradores e Amigos do Matutu (AMA). 
          Na cidade, acontece todos os domingos pela manhã e também nos feriados, a tradicional feirinha da praça. (foto acima de Marlon Arantes) O visitante pode conhecer na feira os produtos típicos da região como sua culinária e produções agropecuárias como cachaças, licores, queijos, conservas, doces, ovos, frutas e verduras direto da roça, sem agrotóxicos, etc., além do artesanato local que é finíssimo, muito bem trabalhado, principalmente o artesanato em madeira. 
Azeites Olibi
          A região da Mantiqueira vem se destacando no mundo inteiro pela produção de azeites de qualidade. Temperatura amena, altitudes, clima, chuvas regulares, favorecem o cultivo das oliveiras. E em Aiuruoca não é diferente.
          A 1300 metros de altitude, a 10 km do centro da cidade, na zona rural do bairro Capoeira Grande, está a fazenda de Azeite Olibi (na foto acima Olibi/Divulgação). O local é perfeito para o cultivo das oliveiras: solo arenoso e inclinado, além de uma paisagem que impressiona. 
          São 13 hectares de oliveiras plantadas, produzindo frutos semelhantes ao que se vê nos países europeus tradicionais na produção de azeites. Por isso o azeite Olibi, de Aiuruoca, é considerado um dos melhores do mundo, pela similaridades com os famosos azeites portugueses, espanhóis, italianos e gregos.
          Tanto a colheita, como a seleção das azeitonas são manuais, feitas por profissionais treinados, o que garante frutos de qualidade na produção de um azeite extra-virgem de qualidade superior e com muitos polifenóis que são substâncias presentes nas plantas, que ajudam a proteger nosso organismo contra algumas doenças e no combate ao envelhecimento. (fotos acima e abaixo da Fazenda Olibi/Divulgação, enviadas pelo Marlon Arantes)
          Em torno da fazenda de Azeite ou próximas, tem várias pousadas Ao se hospedar numa delas, o visitante pode fazer um passeio pelos olivais da Fazenda de Azeite Olibi, que é aberta a visitação guiada. Basta agendar. O visitante pode andar pela fazenda, conhecer os projetos de preservação ambiental e conhecer os olivais. Para fazer a visita, cobra-se entrada, que dá direito a crédito na compra de uma garrafa de azeite. 

sábado, 29 de setembro de 2018

Queijo maturado com ácaros

(Por Arnaldo Silva) Pesquisadores identificaram uma espécie de ácaro queijeiro, na cidade histórica do Serro MG, Jequitinhonha. Esse ácaro teve sua primeira identificação a nível mundial nessa região e é o que dá a textura e o sabor diferenciado ao Queijo do Serro maturado com ácaros. Essa pesquisa foi publicada no mês de setembro de 2018, numa renomada revista americana Journal of Stored Products Research . Quem apresentou o estudo na revista, foi a equipe de pesquisa coordenada pelo prof. Juliano De Dea Lindner, da Universidade Federal de Santa Catarina. 
          Michelle Carvalho, uma das pesquisadoras da Universidade FEderal de Santa Catarina, explica em detalhes o que é esse ácaro queijeiro: "Os ácaros são relatados na literatura tanto como um problema causando perdas econômicas significativas tanto como adjuvantes tecnológicos proporcionando características de sabores específicos e desejáveis para certos tipos de queijos, como é o caso dos Queijos francês Mimolete e alemão Milbenkäse. A produção de queijos com ácaros tem ganhado novos adeptos no Brasil, porém é feita de forma empírica e sem suporte legislativo. O estudo realizado sumarizou a produção e tecnologia aplicada pelos fabricantes de queijos brasileiros que realizavam a maturação do queijo com ácaros e identificou as espécies de ácaros presentes nesses queijos através de análises taxonômicas e moleculares. Os ácaros presentes nos queijos brasileiros estudados são predominantemente Tyrophagus putrescentiae. Além dessa espécie, Sancassania aff. feytaudi foi identificada no Queijo Minas Artesanal do Serro, sendo a primeira notificação deste tipo de ácaros em queijos em todo o mundo. A equipe de pesquisa continua seus estudos de queijos maturados com ácaros para verificar sua segurança de consumo e potencial aptidão tecnológica com intuito de contribuir para a regulamentação deste tipo de produção no Brasil. "
          Essa espécie de ácaro queijeiro, que despertou interesse em estudos dos pesquisadores está se tornando um marco na produção de queijos do serro. Em todas as fazendas pesquisadas e amostras colhidas, esse ácaro na maturação de queijos foi encontrado somente na fazenda do Túlio Madureira, produtor de queijo tradicional na região do Serro MG. É o primeiro achado desse ácaro em queijo em todo o mundo!
          Por isso que o queijo do Serro, em especial o produzido por Túlio Madureira, é reconhecido e premiado como um dos melhores do mundo. O nome do queijo é Curupira. Tem esse nome, segundo informou Túlio Madureira, "pelo fato de as antenas desse ácaro diferente ter suas antenas viradas para trás assim como os pés do folclórico ser que defende a biodiversidade brasileira, o Curupira."
          O queijo Curupira é macio, tem gosto picante e amendoado. Vem a cada dia despertando paladares refinados. Para chegar a esse ponto, de venda e ter esse sabor, a maturação é de 6 meses. 
          Quem não conhece de queijo, ao ver um assim, como está na foto, pode até se assustar. Mas é assim mesmo. Não tem nada estragado não. A casca marrom é a ação dos ácaros. Obviamente você não irá comer a casca, é pra comer o que está dentro. Você retira a casca e pronto, pode comer à vontade. É a mesma coisa de você comer um abacaxi, por exemplo. Não vai comer com a casca né? Tem que tirar a casca e comer a polpa. Mesmo caso desse queijo. O queijo Curupira custa hoje em média R$150,00, o quilo. 
          Túlio Madureira possui uma escola de produção de queijos artesanais no Serro MG. Quem se interessar em aprender a fazer queijo ou se informar mais sobre o produto pode entrar em contato:
Whatsapp: 38 998234207 E-mail grifedoqueijo@hotmail.com
escolaartesanal@gmail.com
Fotos do queijo e informações da publicação na revista foram enviadas por Túlio Madureira e pela pesquisadora Michelle Carvalho.

sábado, 22 de setembro de 2018

A artista que transforma a simplicidade em arte

(Por Arnaldo Silva) A simplicidade, a humildade e o talento, juntando com a vontade de mudar o mundo em sua volta. É assim que podemos descrever esse trabalho da artista plástica D´Jane Silper. 
          D`Jane usou seu talento, sua arte e sensibilidade para transformar casa em que mora. Transformou sua vida e os corações de quem conhece sua obra e contempla sua arte. Nas paredes de seu lar, existem agora jardins, o nome do cachorro, vasos com flores, pássaros, borboletas, adornos romanos na porta, janelas coloniais, o calçamento foi todo pintado também.
          A calçada, lembra o teclado de um piano, dando mais magia ao lugar e sensibilizando os corações pela simplicidade e beleza que ficou. (veja abaixo como era a casa antes da arte da D`Jane)
          Quando concluiu sua arte e publicou as fotos no Facebook, chamou a atenção de todos seus amigos e as imagens passaram a ser compartilhadas, despertando assim o interesse de centenas de milhares de pessoas pelo Brasil e também do mundo. Gente da Rússia, China, Portugal, França, Turquia, Japão e Alemanha mantiveram contatos com a artista, encantados com sua arte.
Baiana com influência de artista mineira
          D`Jane não é mineira, é baiana, nascida em Itanhém em 1979. Começou a pintar em 1999 e nunca mais parou. Ela banca o seu próprio material com as pinturas que faz em praças, escolas, casas particulares, etc. (na imagem acima a artista iniciando a pintura da fachada)
          Sua arte teve influência da artista plástica mineira Edilene Torino, de Belo Horizonte, que conheceu em 2013. A artista afirma sempre que esse encontro com Edilene Torino foi decisivo para a consolidação de sua arte, definida por ela mesma como, gentileza urbana.
          A arte de D´Jane Silper é exemplar. A sensibilidade dela e beleza de seu trabalho, tem que ser mostrado, conhecido e divulgado para que outros artistas se inspirem no talento da jovem baiana e transformem, com seus talentos, suas casas, a rua em que mora, a praça do bairro, da cidade, fachadas de escolas, escadarias, muros, etc. (acima outra casas pintada pela artista e a própria na entrada de outra casa, na foto abaixo)
 
          Os trabalhos da D´Jane Silper podem ser vistos em sua página no facebook: https://www.facebook.com/djane.silper e em seu instagram: @silperdjane

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

O sotaque dos mineiros

(Por Arnaldo Silva) O jeito de falar do mineiro é peculiar, interessante e gostoso de ouvir. O nosso sotaque teve influência dos portugueses, negros africanos, índios. Também dos ingleses, que para cá vieram a partir do século XIX para explorarem as minas de ouro.
          Muita gente confunde sotaque com pronúncias de palavras erradas. Não é. O jeito de falar, que caracteriza um povo, um grupo, um estado, um país, vem de suas origens e suas raízes históricas. É o caso de Minas Gerais. Algumas palavras pronunciadas erradamente por mineiros, em séculos anteriores, estão hoje incorporadas ao nosso sotaque. São palavras encurtadas, isso porque, desde a origem do povoamento do nosso Estado, o mineiro passou a encurtar as palavras. Na verdade encurtar não, mineiro ataia as palavras. (Imagem acima da Alexa Silva)
          Mineiro odeia pronunciar uma palavra inteira. Uma frase completa, nem pensar. Mineiro encurta tudo e muitas das vezes, usa as palavras no diminutivo. Um pouco? Que nada, é poquim, um tiquim, um cadim. Se o trem tem apenas um vagão, não é trem, é um trenzim. Mineiro não pega um ônibus, pega é um ons mesmo. Doce de leite? Se ouvir um docindileiti, é isso ai. Se um mineiro te pedir um litro de leite, ele vai te falar: "midaumlidileite." 
          E se o sujeito não for lá bom pra chegar no rêio? Não entendeu? Vamos lá. Vai que né, ele não é muito bom de dar uma boa coisada no trem. Entendeu? Ainda não? Vai que o trem dele não é lá aquele trenzão todo, é um trenzim de nada. E ai, continua sem entender? Vai que o sujeito não ataca nada. Ah, se não entendeu, deixa o trem do jeito que tá. (foto acima da Giselle Oliveira)
          Sabe o que é apear? Na verdade falamos é apiá. É descer. Apeavam da charrete, do carro de boi, do cavalo e falavam "vou apiá aqui'. Ah meu filho, se dentro de um ônibus o mineiro der sinal e te perguntar: " vamos apiá aqui?" Ai já entendeu né?
          Pra quê falar uma palavra tão grande. Melhor ataiá as palavras. Fica facim de ler e entender. Ataiá conversa é com nós mesmos. Se a conversa está longa demais ele logo vai te falar: "ataia essa conversa logo sô!"
          É na cozinha que a gente percebe o quanto é bom ser mineiro. Pra começar, mineiro não conversa, proseia. Uma boa prosa, tem que ser a beira do fogão a lenha. 
          Quem gostava de um cigarrim de palha pegava no tição e acendia. Tição é toco da lenha no fogão em brasa. Pegavam o tição, encostavam no cigarro, sugavam o ar e este acendia. Ai, davam aquelas pitadas boa pra daná no cigarrim de paia. 
          E o café não é quente, é bem quentim. Num meio de uns golin de café, um cadim de biscoito ou pãozim de queijo, vai uma prosa boa, uma causo daqueles.
          É pãozim porque não gostamos de falar pão. Ouvir causos e prosa é gostoso demais. E demora, mas demora mesmo. Ainda mais se tiver um torresmim, com uma cachacinha, no ponto. Ai não tem, jeito. A prosa só dá uma pausa quando estão com a boca cheia. Mineiro come calado. 
          Aliás, comer calado é uma característica do mineiro. Mineiro é desconfiado que é uma beleza, não é muito de falar o que faz não. Quando você imaginou, ele já fez. Caladim, mas faz bem feito. Esse negócio de fazer propaganda do que faz é complicado. Melhor é fazer tudo bem caladim, comer bem quietim que a comida é quente. Se falar muito, ela tem outros que vão querer né. Boca fechada não entra mosquito.
          Se for na casa de mineiro, se prepara. Casa de mineiro não tem sala, tem cozinha. Já leva a visita direto para o melhor lugar da casa. Lá tem queijo, doces, quitandas, café e banco pra sentar e prosear à vontade. Se for em 5 casas por dia de mineiro, vai tomar 5 cafés e comer quitandas até ficar empantufado.
          Mineiro adora receber visitas, principalmente das comadres e compadres. Se você é convidado para ser padrinho ou madrinha de batismo de filho ou de casamento de alguém, passa a ser compadre e comadre. Ou seja, uma có-pai e có-mãe. Seria mais ou menos um segundo pai, segunda mãe, no caso, se algo acontecesse com o pai ou mãe, as comadres e compadres teriam por obrigação substituí-los. Por isso a importância desse convite, que era levado a sério por quem os recebia. As comadres e compadres eram tidos como membros da família e os afilhados tinham que tomar bênção. Hoje em dia ninguém mais dá valor a isso, nem chama os padrinhos de comadres e compadres, mas eu chamo, e sei de muitos que ainda tem o prazer de visitar os compadis e as cumadis e chamá-los assim.
          Quando um mineiro quer saber de suas origens, ele não pergunta qual a sua família e sim: "qual a sua graça seu moço?" A sua graça, não é que ele esteja pensando que esteja rindo dele tá. Graça é sua origem familiar, quem era seu pai e sua mãe.
          Uma vez estava em Araxá e queria ir no Museu Calmon Barreto. Perguntei a primeira pessoa que vi na rua como chegar lá e assim ele me orientou: "olha moço, ocê segue reto a vida toda. Lá no finzim, ocê cai na direita, depois cai na esquerda, sobe um morrim de nada, vira só mais um tiquim pra direita ai ocê morre lá". Esse morre lá me assustou. Mas ele disse que era só jeito de falar mesmo. Eu sei, morre lá é o local onde termina, onde você quer chegar. Ai fui indo, indo, e nunca chegava. Ai eu achei que eu morrer mesmo, mas de tanto andar. Não quis morrer lá não, parei, tomei um litro d´água e voltei. Esse ali de mineiro é terrível. Mineiro é de confiança, mas no ali de mineiro, Deus me livre confiar.
          E se você tem uma profissão? Qual é a pergunta? Não espere que ele pergunte o que você faz. Vai te perguntar: "com quê você mexe? " Isso mesmo. Mexe é o que você faz na vida, qual a sua profissão. Eu mexo com retrato, sou tiradô de retrato. E também me arrisco na escrita. 

          E quando o sujeito não trabalha, não é bem visto. Sujeito à toa mineiro não gosta. Mineiro é trabalhador e gente à toa num ataca nada, num presta pra nada. Nem pra casar. Se o sujeito fosse à toa, nem pensasse em cortejar uma moça. Botavam o dito cujo pra correr porta a fora.
          E quando a gente aprontava e a mãe ficava brava? Mineiro não leva uma surra, leva uma cunda. Essa história de cunda é antiga, vem lá do tempo que não existia caixão. Explicando melhor. Antigamente, não existia funerária e quando alguém morria, era colocado sobre um lençol grosso. Depois do velório, amarravam o lençol numa vara tipo uma rede e duas pessoas carregavam o defunto, até o cemitério. Iam revezando. O cortejo era a pé. Quando o defunto pesava muito, pegavam uma vara de marmelo e batiam nele até, mas até mesmo. Ai ficava bem levinho e o cortejo seguia. Ai né, inspirado nisso,  quando a gente aprontava, nossos pais pegavam uma vara de marmelo e davam uma cunda na gente que doia, mas doia mesmo sô. Dava até dó de defunto.
          Não tem jantar aqui em Minas, tem janta. Comemos o “r”. Almoçar é simples, é só falar “murçá” que todos entendem. Venham almoçar! Mineiro não fala isso nunca, tem dó, pra que complicar sô, facilita uai, diminui o trem sô! Ele fala simplesmente: "vem cumê logo sô!"
          Senhora e senhor? Falamos isso não. Sá e sô. Vai lá sô (pra ele), vai lá sá (pra ela) e por ai vai. Quando se referir a um senhor ou moço é sô e a uma senhora ou moça é sá, viu?

          E se estivermos com muita preguiça de falar muito, falamos trem. Pra tudo falamos trem. Comprar uma roupa, pede para experimentar os trens da loja. Não vai comer algo, vai ali comer um trem. E se não gostar, fala logo “ que trem ruim sô”. Carro, moto, avião, bicicleta, tudo é trem.
          Mineiro não ri da cara de ninguém, ele caçoa docê.
          Ocê ou cê, tanto faz, entende? A distância pode ser até longa, mas pra nós é “logo ali ó!”. Ver é só “V”. Nossa é apenas “nó”.
Mineiro não aumenta, diminui o português. É pra tudo ficar bem bunitim, facim e arrumadim pra todo mundo entender direitim.
Viu só, falando certim, todo mineiro entendi bem direitim e a prosa fica boa dimais da conta sô!
          É só falar e amar porque Minas é um trem que corre em minhas veias e a estação é o meu coração. Amo Minas porque sou mineiro com muito orgulho e muito amor e ser mineiro é um prazer que só quem é mineiro sabe e entende. Ser mineiro não é apenas um privilégio, é uma honra e não tenho vergonha de falar com sotaque, de mostrar meu sotaque.

Muito prazer, sou Arnaldo Silva, natural de Bom Despacho, em pleno Cerrado Mineiro. Sou escritor, fotojornalista e mineiro com orgulho.

A Casa da Ópera de Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva/texto e fotos) A Casa da Ópera de Ouro Preto, conhecido por Teatro de Ouro Preto, foi inaugurada em 6 de junho de 1770 em homenagem ao aniversário do então rei de Portugal, Dom José I (174-1777)
          É um dos mais belos teatros do período colonial brasileiro e o mais antigo das Américas. Fica a poucos metros da frente da Igreja do Carmo, em pleno centro histórico de Ouro Preto. A arquitetura é genuína, em formato de lira, sendo um dos poucos no mundo com esse formato. A obra foi erguida pelo coronel João de Souza Lisboa com projeto arquitetônico atribuído a Mateus Garcia.
          Originalmente a fachada seguiu os traços do barroco italiano, mas modificada para o barroco mineiro em 1861. Sua acústica é considerada perfeita pelos cantores e artistas que se apresentaram e ainda se apresentam no teatro.
          No auge do Ciclo do Ouro, a vida cultura de Ouro Preto se tornou mais efervescente. Vários artista se apresentaram nesse teatro, alguns de fama internacional. Peças de escritores famosos como  Moliére (1622-1673), Calderón de La Barca (1600-1681) e outros autores europeus eram traduzidas para o português e encenadas para um teatro abarrotado de gente.
          Cláudio Manoel da Costa (1729-1789), grande poeta mineiro e inconfidente, colaborou para o surgimento da Casa da Ópera e estava sempre presente nas apresentações. Era fã de teatro e ópera de carteirinha. Tinha até um camarote no teatro.
          Os outros inconfidentes também eram. Acredita-se que, por falta de espaços públicos seguros na cidade para reuniões, os inconfidentes marcavam seus encontros no local, no horários das apresentações para discutirem os andamentos do movimento. Alguns inconfidentes que eram poetas e escritores, usavam também o local para apresentações de seus poemas e textos. 
          No século XIX, os cinemas começam a popularizarem no mundo. As atividades teatrais começam a perder espaço e a frequência da presença das pessoas nos teatros, diminui. Mas esse fenômeno não foi muito sentido em Ouro Preto. A Casa da Ópera sempre foi palco dos mais importantes eventos artísticos e culturais da cidade. E até hoje mantém seu charme e é um dos mais visitados locais de Ouro Preto.
          Quem entra no "teatrinho", como é carinhosamente chamado, logo se encanta, se impressiona com a beleza barroca em todos os seus detalhes e contornos. O visitante se deslumbra com a riqueza dos detalhes e entalhes perfeitos, se imagina naquela época do auge das apresentações no período colonial e barroco.
          Acústica que impressiona, bem como o planejamento arquitetônico, que permite uma visão total, de todos os ângulos, do palco, além de ser muito bem conservado. 
          A Casa da Ópera de Ouro Preto, é mais que um projeto arquitetônico, é uma obra de arte. A mais fina arte do nosso barroco.

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