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quinta-feira, 13 de setembro de 2018

A vida é um trem que mora dentro de gente...

(Por Míriam Lucy Rezende/Uberlândia MG) O trem vai de Minas pra Minas, atravessando montanhas. Viaja vencendo a mata, driblando árvores, fazendo nuvens, carregando histórias. Atravessa com sua fumaça os olhos da gente, com seu apito desnuda as lembranças, e corta nossa existência bem no meio do peito, fazendo o coração esquecer seu ritmo. A cadência certa, seu chacoalhar gostoso faz a vida se assentar e viajar ao nosso lado, coladinha com a nossa alma.
          O trem que vai de Minas pra Minas vai devagar, contando coisas do passado e desembrulhando com gentileza o presente. Vai tingindo nossas trilhas com cores esquecidas, vai deixando abrir porteiras que há muito trancamos sem perceber. Vai fazendo a gente estender a prosa e o pensamento, desacelerar, esperar sem pressa o que vai surgir na curva dos trilhos, e gostar do que vê.
          Faz a gente menos pergunta e mais descoberta, faz a gente mais observador do que crítico, faz a gente degustar o passar mais lento, e por isso mais profundo da nossa viagem interior.
          É no interior da gente que mora um trem. Mas a gente se esquece que ele existe e pode ser colocado a qualquer hora em movimento. Esquecemos, porque deixamos de perceber que a vida não é aquilo que está à nossa frente e que perseguimos incansavelmente com o nome de futuro. Esquecemos que a vida é um trem taquaral que pulsa em nós, apitando paisagens, desvendando caminhos a serem sentidos sem pressa, de rosto coladinho com a existência.
          A vida é uma viagem na Maria Fumaça. Mas a gente desaprendeu o jeito de passear. Pegamos o trem bala numa trajetória cara e sem garantia. É Maria Fumaça nosso bilhete de travessia. Pois que nem esse trenzinho que vai de Minas pra Minas, a gente vem da gente e volta pra gente mesmo, qualquer dia. Boa viagem 
Fotografias ilustrativas de César Reis mostrando a Maria Fumaça em Tiradentes MG

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Conheça a Bolerata do Serro

(Por Arnaldo Silva) Tudo começou em 1990 com um encontro de bandas que ocuparam as sacadas dos casarões históricos da Praça João Pinheiro, no Serro, na região do Alto Jequitinhonha. Foi um encontro tão emocionante, que a partir daquele ano, começou a ser frequente e a partir de 2002, virou um evento tradicional na cidade, com apoio da Prefeitura Municipal e Associações culturais e musicais locais. 
          É um espetáculo maravilhoso. O centro da cidade, com seus belos e preservados casarões, a beleza da escadaria e Igreja de Santa Rita, emolduram a paisagem da noite cultural. O povo fica ao centro da praça, e pode saborear os produtos da terra, como o famoso queijo do Serro, a cachaça, doces e também, tomar uma boa cerveja ou uma gostosa bebida quente. Quem não se contenta em ficar sentado, ouvindo, levanta da mesa e dança à vontade. (fotografia acima e abaixo fornecidas pela nossa amiga Sônia Dayrell - In Memorian)
          
O repertório principal é o bolero mas as tradicionais fanfarras, serestas, clássicos são tocados também. Música boa, de qualidade e com bandas formadas por músicos talentosos, que amam a arte que vivenciam e passam para os conterrâneos e visitante. Emociona, encanta, alegra a alma. 
          
O som das bandas, que ecoa por todos os cantos, becos e e ruas da tri-centenária cidade serrana. O evento dura 90 minutos. Pura cultura, música de qualidade com muita emoção. E o povo serrano é ímpar, gosta de música, de cultura e valoriza sua cidade, suas tradições e seus valores. São hospitaleiros, simples, alegres e recebem muito bem os turistas e visitantes. (foto acima de Sônia Dayrell - In Memoriam e abaixo de Sônia Fraga)
Como chegar em Serro
          Além da Bolerata, o Serro tem um rico e preservado acervo arquitetônico e festividades culturais como a Folia de Reis e Festa de Nossa Senhora do Rosário. Seus distritos são muito procurados por turistas pela simplicidade e belezas naturais. Milho Verde, São Gonçalo do Rio das Pedras, Vila de Mato Grosso e Capivari são os distritos mais procurados.
          A cidade fica a 226 km de Belo Horizonte, 759 km de Brasília, 892 km de São Paulo, a 685 km do Rio de Janeiro  a 580 km de Vitória. 
De avião: Pegue um avião até o aeroporto de Confins em Belo Horizonte. Do aeroporto, siga de ônibus até a rodoviária da capital mineira pegue um ônibus na rodoviária, da viação Serro ou Saritur. São 4 hs e 30 minutos de viagem e você poderá contemplar as belas paisagens da Serra do Cipó, pelo caminho. (foto acima de Anderson Sá)
De carro: Se vier de Brasília, venha pela BR 040 e próximo a Curvelo, pegue a BR 259. Se ver de Belo Horizonte, pegue a MG 010, sentido Lagoa Santa, Serra do Cipó e Conceição do Mato Dentro e ficar atento as placas indicativas.
          Se for sair de São Paulo, venha pela Fernão Dias, até BH e pegue a MG 010, sentido Lagoa Santa, Serra do Cipó, Conceição do Mato Dentro e fique atento as placas indicativas.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

O bolo de fubá assado na brasa

(Por Maria Mineira) Sabor e aroma de roça... Fogão a lenha me lembra infância. Há algum tempo vinha pensando em tentar fazer um bolo de fubá assado nas brasas. Aquele que minha avó materna fazia quando eu era criança.
          Esse bolo era um re
curso para o meio da semana, quando não era dia de acender o forno a lenha para as quitandas. Era para a merenda da tarde, onde se aproveitava as brasas da lenha queimada no preparo do almoço.
          Vó Geralda fazia de doce ou de sal, ambos muito bons! E a receita? Na verdade eu nunca vi a minha avó olhando nenhuma receita. Ela ia colocando os ingredientes conforme tinha ali na cozinha. Fubá de moinho, coalhada, manteiga de leite, açúcar ou rapadura, ovos, queijo ralado, e bicarbonato, pois não havia esse fermento em pó naquele tempo.
          Depois, ela colocava a massa em uma caçarola de ferro untada com manteiga, tampava com uma folha de lata e enchia de brasas por cima. Logo após, era só levar a uma chama do fogão, tendo o cuidado de deixar somente as brasas acesas, retirando a lenha. Senão o bolo queimava.
Esse das fotos eu fiz com os seguintes ingredientes:
. 3 xícaras de fubá de moinho
. 2 colheres de farinha de trigo
. 3 ovos
. 2 colheres bem cheias de manteiga de leite
. 2 xícaras de açúcar
. 1 xícara de Queijo Canastra ralado
. 1 colher de fermento em pó
Pra fazer foi assim:
- Misturei tudo, menos o queijo ralado, e levei ao fogão a lenha, colocando brasas por cima em uma tampa de metal improvisada. Quando estava começando a dourar, espalhei por cima o queijo ralado e deixei assando mais um pouco e pronto.
Texto, receita e fotos de Maria Mineira - São Roque de Minas

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Liteira: origem e utilidade

(Por Arnaldo Silva) No Oriente era chamada de Palanquim. Na Europa, passou a ser chamada de Liteira. Sua origem não é exata, mas acredita-se que tenha surgido no Oriente. Com a expansão do Império Romano a ideia de ser transportado num Palanquim foi adotada pelas personalidades abastadas da Roma Antiga. E ao longo dos séculos a prática foi se expandindo pela nobreza européia e usada largamente. Foi na Europa que passou a ser chamada de Liteira.
          A Liteira é um móvel aberto, com janelas, que lembra muito uma cabine, mas bem trabalhada em detalhes, onde eram carregados os abastados das sociedades. É suportada por duas varas laterais. (fotografia acima de Thelmo Lins)
          Devido a dificuldade de uso de animais para carregarem as liteiras dentro das vias urbanas, eram usados escravos que faziam o serviço.
          Se a liteira fosse pequena, dois escravos, um na frente, outro atrás. Sendo maior, quatro, dois na frente e dois atrás.
     Os mais ricos tinham suas liteiras próprias. Quando a família não tinha liteira, alugava. Existiam pessoas que compravam várias liteiras e possuíam vários escravos, exatamente para isso.
         Seria mais ou menos como uma frota de táxis hoje. Existia um local na cidade onde as liteiras ficavam a espera das pessoas. Tipo um ponto.
          Os senhores mandavam os escravos avisarem ao dono da liteira, que mandava a liteira até a residência e ia com a pessoa onde ela quisesse, pagando por isso. Ou mesmo, se estivesse próximo ao ponto das liteiras, contratavam e iam para casa de liteira.
          Eram mais usadas em eventos sociais, como apresentações de óperas, teatro ou festas religiosas importantes, onde toda a nobreza estaria presente.
          Quem fabricava as liteiras, não eram meros carpinteiros. Eram artistas. As peças eram bem trabalhadas, em madeira bruta de cedro, com detalhes artísticos e bancos estofados. Um luxo. Mas eram pesadas, devido a toda indumentária e madeira bruta. Ainda tinha o peso das pessoas transportadas pela cidade, no lombo dos escravos. (na foto acima de WDiniz, uma liteira usada em São João Del Rei MG. Era transportada por dois escravos)
     As liteiras chegaram ao nosso país na época do Brasil Colônia e foram largamente usadas pela nobreza. Ver liteiras pelas ruas das cidades naquele período, era comum. É como vemos hoje por nossas ruas,  táxis e carros de luxo. (na foto acima, senhora na liteira com os escravos ao lado, no ano de 1860 - Marc Ferrez - Acervo do Instituto Moreira Salles)
     Quem conhece as cidades históricas mineiras, como por exemplo Ouro Preto, sabe que não são cidades planas. São cheias de ladeiras e andar à pé sem carregar nada já é um sacrifício, imagina carregando um peso desses nas costas. Um luxo, um prazer, uma ostentação em cima de um sofrimento enorme causados aos escravos.
          Existia carroças e carruagens como esta acima, de autoria de WDiniz, no Museu de São João Del Rei mas as liteiras, eram sempre as preferidas. Isso se deve pelas dificuldades das carroças  carruagens transitarem nas cidades, com ruas estreitas e com calçamento em Pés de Moleque, ou mesmo em ruas de terra.
          Além disso, tinha às dificuldades de controle dos animais em vias públicas, além da a sujeira provocada pelas fezes e urina. As liteiras eram sempre a primeira opção, além de ser uma forma de demonstração de riqueza e ostentação da fidalguia da época.
          Em viagens longas, a preferência eram por carros de bois, carroças e quem podia, carruagem, que era mais confortável. (na foto acima de Elvira Nascimento, liteira no Museu do Diamante em Diamantina MG)
          As liteiras não foram abolidas junto com a escravidão, continuaram mesmo assim, até o início do século XX. Os nobres que tinha suas liteiras, pagavam serem transportados pelas cidades e ainda existia quem tinha "frota" de liteira, para fazer os transportes.
     Com o surgimento dos carros, a elite passou a se interessar mais por esse tipo de transporte, levando à ociosidade as liteiras, que passaram a fazer parte de museus. Boa parte dessas leiteiras foram adaptadas para serem carruagens, preservando seus entalhes artísticos e luxos, puxadas por cavalos. 

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

A 3ª mais antiga igreja de Minas

(Por Arnaldo Silva) Em Fidalgo, distrito de Pedro Leopoldo, cidade a 46 km distante de Belo Horizonte, encontra-se um dos mais importantes sítios arqueológicos e arquitetônico de Minas Gerais. Na Quinta do Sumidouro, em Fidalgo está uma das mais antigas igrejas de Minas Gerais, a Capela de Nossa Senhora do Rosário.
          O local, formado ainda pela casa sede da Quinta, o Sítio arqueológico do Sumidouro e a Lagoa da Lapa, tem origens por volta de 1674, quando da chegada à região das bandeiras lideradas por Fernão Dias Paes Leme. O bandeirante deixou na região um rico patrimônio histórico, formado pela casa em que construiu, viveu e faleceu, hoje museu, além da Capela de Nossa Senhora do Rosário. (na fotografia acima de Alexa Silva/@alexa.r.silva, a Capela de Nossa Senhora do Rosário)
A Quinta
          Região de terras férteis o bandeirante decidiu formar uma Quinta. Em Portugal, Quinta é uma propriedade rural de grande extensão, com nascentes de água e terras férteis, propícia para fixar moradia. Literalmente, Quinta é o que chamamos hoje de Fazenda.
          Fernão Dias deu origem a formação de um arraial em sua Quinta, denominado de Quinta de São João do Sumidouro.
Popularmente chamada de Quinta do Sumidouro, o arraial foi elevado a distrito de Pedro Leopoldo em 1923, com o nome de Fidalgo. 
          O conjunto formado pela Casa de Fernão Dias, o Sítio da Quinta, a Lagoa da Lapa, a Capela e seu entorno, continuaram a ser chamado de Quinta do Sumidouro.
A 3ª Igreja de Minas Gerais
          A singela e mimosa Capela do Rosário, foi o terceiro templo religioso construído em Minas Gerais. A primeira foi Igreja de Nossa Senhora da Conceição, erguida em 1670, em Matias Cardoso, no Norte de Minas. Já a segunda, foi a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, erguida por volta de 1688, em Brejo do Amparo, distrito de Januária, também no Norte de Minas.
          A Capela de Nossa Senhora do Rosário foi erguida a partir de 1694, com a formação da Quinta por Fernão Dias. A Capela, faz parte do conjunto histórico da Quinta o Sumidouro. Todo o conjunto é um bem tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG) desde 27 de janeiro de 1976. (na fotografia acima de Arnaldo Silva/@arnaldosilva_oficial, a Capela do Rosário)
          A Capela foi construída pelos escravos que formavam a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário. Participou também da construção da Capela a Irmandade do Santíssimo Sacramento.
Estilo Joanino
          As primeiras construções erguidas em território mineiro, eram bem simples em sua arquitetura e ornamentação. As características que definiram o estilo arquitetônico das construções coloniais mineiras, estava ainda em seu início. Era a primeira fase do Barroco Mineiro.
          De traçado simples e singelos em seu exterior, a Capela do Rosário da Quinta do Sumidouro recebeu ornamentações, talhas e retábulos nas características do estilo Joanino.
          Este estilo tem origem em Portugal, no final do século XVII e tinha como característica principal a união de vários estilos arquitetônicos. Pelo estilo ter sido criado durante o reinado de Dom João V (1706/1750), recebeu esse nome. O estilo Joanino foi a segunda fase do Barroco Mineiro, predominando nas primeiras construções mineiras nas primeiras décadas do século XVIII, até a entrada da terceira fase do Barroco Mineiro.
Ornamentações da Capela do Rosário
          Seguindo o estilo Joanino, o interior da Capela do Rosário tem em seu retábulo-mor sua principal ornamentação come anjos, tarjas, colunas e nichos cortinados, além da pintura do forro da nave principal, em estilo Rococó.
          Na terceira fase do Barroco Mineiro, o retábulo-mor da Capela recebeu a imagem de Nossa Senhora do Rosário, obra atribuída ao Mestre do Barroco Mineiro, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. (na foto acima de Arnaldo Silva/@arnaldosilva_oficial, o retábulo-mor da Capela)
          Ao longo de sua construção até sua completa conclusão, a Capela do Rosário da Quinta do Sumidouro passou pela primeira, segunda e terceira do Barroco Mineiro, dai sua grande importância e valor histórico para Minas Gerais.

A Quinta do Sumidouro e a casa de Fernão Dias

(Por Arnaldo Silva) A Quinta do Sumidouro é a ocupação mais antiga da cidade de Pedro Leopoldo, hoje com cerca de 62.580  habitantes, segundo o IBGE em 2022, distante apenas 46 quilômetros de Belo Horizonte, entre as rodovias MG-10 e MG-424. (fotografia acima de Alexa Silva/@alexa.r.silva)
          Quinta do Sumidouro é um "bairro" de Fidalgo, distrito de Pedro Leopoldo desde 1923. O distrito de Fidalgo é uma das mais antigas povoações de Minas Gerais. O conjunto arquitetônico da Quinta do Sumidouro é um dos poucos bens históricos preservados da cidade. Sua origem data de 1674. 
Fernão Dias Paes Leme          
          Foi nesse ano, 1674, no século XVII, que chegou à região, a bandeira de Fernão Dias Paes Leme, em busca de ouro e esmeraldas.
Por ser uma região de terras férteis e abundante em água, Fernão Dias escolheu o local para fixar residência e formar sua "Quinta". Uma quinta para os portugueses era uma extensão região com terras férteis e água. Um lugar ideal para construir moradias e cultivar a terra. Hoje é o mesmo que uma fazenda. (na imagem acima da Alexa Silva/@alexa.r.silva, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, com destaque para o cãozinho Viralata Caramelo)
          Sua casa foi construída em adobe e pau-a-pique com detalhes em branco e verde na base, portas e janelas de madeira bruta, mas bem entalhada.
De Anhanhonhacanhuva para São João do Sumidouro
          Habitado anteriormente por indígenas, o local era conhecido por, "Anhanhonhacanhuva", na língua tupi, que significa "água parada que some no buraco", um sumidouro.
           Era comum entre os bandeirantes e portugueses que chegavam à Minas, na época da Colônia, alterar nomes de lugares, montanhas e de rios, dados pelos povos indígenas, para nomes em português.
          Foi o que fez Fernão Dias. O bandeirante mudou o nome Anhanhonhacanhuva para Quinta de São João do Sumidouro, manteve apenas a tradução da palavra, sumidouro, no português. Com o tempo, passou a ser chamar apenas Quinta do Sumidouro, que faz parte de distrito de Fidalgo, pertencente a Pedro Leopoldo desde 1923. (na foto acima e abaixo de Arnaldo Silva/@arnaldosilva_oficial, a casa em que viveu Fernão Dias e a estátua que retrata o bandeirante)
          O bandeirante morreu nas proximidades do arraial em 1681. Seus restos mortais foram levados para sua cidade natal, São Paulo, onde nasceu em 1608, por seu filho mais velho, Garcia Rodrigues Paes, sepultando-o no Mosteiro de São Bento. 
          Fernão Dias Paes Leme deixou história, tanto de sua vida, como nas construções, sendo hoje um dos principais pontos de visitação turística da Região Metropolitana de Belo Horizonte. 
          A casa em que viveu conta sua trajetória de vida, bem como objetos de uso indígenas encontrados no sítio arqueológico do Sumidouro, além das riquezas arqueológicas da região e de conhecer como era a vida nas primeiras décadas do surgimento de Minas Gerais, entre o século XVII e início do século XVIII
A terceira igreja erguida em Minas
          Erguida a partir de 1694, no fim do século XVII, foi a terceira igreja construída em Minas Gerais. (na foto acima de Arnaldo Silva/@arnaldosilva_oficial).
          A primeira foi a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, datada de 1670, construída em Matias Cardoso, Norte de Minas e a segunda, foi a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, datada de 1688, construída em Brejo do Amparo, distrito de Januária MG.
Primeira, segunda e terceira fase do Barroco Mineiro         
          Originalmente, foi uma construção bem simples, em sua fase inicial, com as características da primeira fase do Barroco Mineiro.
          Já no século XVIII, a Capela recebeu adornos, ornamentações e talhas no estilo Joanino, nome dado ao estilo português que surgiu com a junção de vários estilos arquitetônicos e artísticos lusitanos, durante o reinado de Dom João V, em Portugal, entre 1706 a 1750.
          O estilo Joanino tem como características a ornamentação em pedras e madeira, colunas onduladas, além do colorido excessivo das pinturas, que cobriam todo o teto de igrejas, casarões e palacetes. 
          As construções erguidas em Minas Gerais nas primeiras décadas do século XVIII, seguiram esse estilo. O estilo Joanino representa a segunda fase do Barroco Mineiro. Por ter sido o estilo mais comum no início do século XVIII, era conhecido ainda por estilo Setecentista. (na foto acima de Arnaldo Silva/@arnaldosilva_oficial, o retábulo da Capela do Rosário)
          O estilo Joanino foi substituído pelo Barroco Mineiro, que se desenvolveu e se solidificou a partir da segunda metade do século XVIII, graças ao talento de grandes artistas mineiros como Natividade, Manoel da Costa Ataíde e Antônio Francisco Lisboa, o Mestre Aleijadinho.
Obra do Aleijadinho e pinturas Rococó
          A Capela do Rosário da Quinta do Sumidouro, conta com imagem de Nossa Senhora do Rosário, obra atribuída ao Mestre Aleijadinho.
         Além disso, as pinturas da nave da capela foram feitas em estilo Rococó, predominante na terceira fase do Barroco Mineiro.
          A Capela de Nossa Senhora do Rosário é uma das poucas construções brasileiras que passou pelas 3 fases do Barroco Mineiro, por isso a importância da capela para a história de Minas Gerais.
          Os artesãos, arquitetos e pintores mineiros aprimoraram as técnicas do estilo Joanino e adaptando outros estilos, criando assim uma identidade própria, originando com isso o Barraco Mineiro.
          O Conjunto arquitetônico da Quinta do Sumidouro formado pela Capela, a Lagoa da Lapa e a Casa de Fernão Dias, são bens históricos tombados como Patrimônio Histórico do Estado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artistico - IEPHA/MG, desde 1976.
Outros atrativos
          Além da história e arquitetura colonial, o distrito fica próximo da Gruta da Lapinha, na vizinha cidade de Lagoa Santa e na própria região, existem grutas e sítios arqueológicos, além do Parque Estadual do Sumidouro, um dos mais importantes sítios arqueológico do Estado. Foi nessa região, que foi encontrado a "Luzia", o mais antigo fóssil das Américas.

sábado, 4 de agosto de 2018

A origem das cores vivas da arquitetura ouro-pretana

(Por Arnaldo Silva) Quem visita Ouro Preto fica encantado com as cores vibrantes e perfeição das construções coloniais do seu casario e com imponência beleza de suas igrejas. Com a descoberta do ouro na região, a partir de 1713 começaram a chegar centenas de famílias portuguesas e com eles vieram arquitetos, engenheiros e pedreiros portugueses, que deram início a construção de suas casas, todas construídas com as mesmas características dos casarões em Portugal.
          Os construtores que vieram para cá, eram mais que profissionais da construção, eram artesãos e mostravam isso nas suas construções. É difícil não parar para contemplar e fotografar os belos casarões, mesmo os mais simples. Todos tem requinte, beleza, criatividade em todos os detalhes e suas fachadas são verdadeiras obras de arte. (fotografia acima de Thelmo Lins e a abaixo, de @arnaldosilva_oficial, detalhes da Arte Barroca na Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia)
          Alguns materiais para a construção das casas vieram de Portugal, mas pela demora e alto custo para trazê-los da Europa para cá, os construtores buscaram alternativas locais para concretizarem seus projetos. Os materiais usados para a base das casas eram cal e pedra que era abundante na região. No centro histórico de Ouro Preto as paredes ficam uma parte à mostra, para que o visitante veja como era. Era pedra sobre pedra, principalmente a parte de baixo onde ficavam as senzalas. 
          Não existia a diversidade de tintas como existem hoje. As cores comuns de tintas que existiam era o vermelho, cobalto, ocre, azul, branco e dourado. A base das tintas era a gema de ovo porque os componentes presentes na gema faziam com que endurecesse e fixasse melhor a pintura nas paredes. (na foto acima de Ane Souz, a Praça Tiradentes em Ouro Preto MG)
          Os pigmentos provinham de plantas(anil, assafroa, ipê, mulato, pau de braúna, urucum e sangue de dragão). Usavam também compostos presentes no solo como argila, terras coloridas, cal. Nos rebocos e pisos, usavam-se uma espécie de argila de várias cores conhecida tabatinga. 
          Essa argila proporcionava tintas nas cores branca, amarela e vermelho rosado). Na pintura exterior, usavam um pigmento de carbonato de chumbo (alvaiade) que tornava as pinturas mais resistentes ao tempo. 
          Em sua maioria os casarões eram feitos com tijolos de adobe, que é uma mistura de barro com estrume de gado. A base era de madeira. As construções mais simples eram com armações em madeira e toda barreada. As igrejas eram construídas em pedra bruta. (na foto acima  Ane Souz, a Igreja do Carmo e abaixo de Matheus Freitas, detalhes do casario ouro-pretano)
          O acabamento das casas e igrejas eram no capricho, já que além de construtores, era artesãos e não economizavam o talento, fazendo belas esculturas e detalhes nas fachadas de suas obras.
          Destaque em Ouro Preto, a Igreja do Rosário é totalmente diferente dos padrões das igrejas da época, já que tem um traçado irregular e sua frente, em sentido oval.(na foto abaixo de Marselha Rufino) Essa arquitetura não tem inspiração portuguesa e sim nas catedrais do norte Europeu.
          Esses primeiros construtores que vieram para o Brasil e principalmente Minas Gerais fizeram escola. Com eles surgiram vários outros construtores e artesãos e continuaram a fazer casas, igrejas e outras construções, inspiradas no estilo português. Desses, alguns ficaram famosos e são hoje referência na arte barroca, como Mestre Aleijadinho e o Mestre Ataíde, o maior pintor do período barroco. (na foto abaixo de Arnaldo Silva, o Chafariz do Alto da Cruz, com detalhes do Mestre Aleijadinho, acredita-se que a imagem no topo do chafariz tenha sido o primeiro trabalho do Mestre)
          As obras desses dois artistas estão espalhadas por várias cidades históricas mineiras, principalmente em Ouro Preto. Aleijadinho no início seguia à risca a arquitetura portuguesa, mas aprimorou-se com o tempo e mesclou a linha portuguesa com detalhes de outras arquiteturas, dando vida e personalidade própria à sua arte, hoje identidade arquitetônica mineira. 

sábado, 21 de julho de 2018

O Largo do Coimbra em Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva) O Largo de Coimbra fica a poucos metros do Museu da Inconfidência e é um dos locais mais visitados em Ouro Preto MG devido a Feira de Pedra Sabão, a casa do Inconfidente Tomaz Antônio Gonzaga, a Igreja de São Francisco de Assis e seus bem preservados casarões do século XVIII. 
         No século XIX e início do século XX o local era usado por tropeiros, que vinham de longas distâncias para comercializarem seus variados produtos com os ouro-pretanos. Traziam de tudo, como por exemplo açúcar, querosene, sal, objetos de uso da época como as lamparinas, roupas, sapatos, velas, etc. (foto acima de Elvira Nascimento e abaixo de Alisson Gontijo)
          Como o fim das  atividades dos tropeiros provocado pelo surgimento dos automóveis e caminhões, que facilitavam a entrega dos produtos, uma nova feira surgiu no local. Produtores rurais passaram a usar o espaço para venderem seus produtos como frutas, verduras, leite, doces, carnes, etc direto para o consumidor, 
Com título de Patrimônio da Humanidade em 1980, o turismo passou a ganhar força e o Largo do Coimbra, um dos lugares mais visitados da cidade, passou a ter a feira exclusiva para comércio e exposição do artesanato local e assim é até hoje. Onde ficavam os tropeiros, com seus cavalos e mercadorias, passou a ser uma feira rural e por fim, feira permanente de artesanato em pedra sabão. (na foto abaixo de Elvira Nascimento, vista da sala da casa do Inconfidente Tomaz Gonzaga)
          Do Largo do Coimbra se tem uma privilegiada vista do Pico do Itacolomi, do bairro Antônio Dias, onde está a Igreja de Nossa Senhora da Conceição e alto da Igreja de Santa Efigênia. 
          Ir a Ouro Preto e não ir no Largo do Coimbra, é como se tivesse perdido metade do passeio. É imprescindível visitar o Largo.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Os girassóis do Triângulo Mineiro

(Por Arnaldo Silva) Dificilmente alguém não para admirar os girassóis floridos no Triângulo Mineiro. Os girassóis fascinam, simplesmente fascinam por sua beleza. A planta tem origem no México, na América Central. Sua  florada começa no fim do verão e se estende até agosto. A florada dura em média, 45 dias. Nessa época do ano, é comum pessoas que passam pela BR 050 e BR 452, no Triângulo Mineiro, entre Uberaba e Uberlândia, pararem para registrar e se fotografar em meio aos milhares de girassóis que chegam até metros de altura.
          Em Uberaba,  os campos de girassóis pertencem à empresa Alta Genétics na Rodovia BR 050, KM 164 podendo ser visitados entre abril e maio, durante a Expozebu. No período da Expozebu (geralmente entre abril e maio) quem quiser pode andar entre os campos de girassóis. Fora desse período, somente da BR mesmo já que as plantações ficam às margens da rodovia. As vezes a empresa alterna o cultivo, plantando outra cultura, por isso, informe-se antes. (Foto acima e abaixo de Cris Ferreira/@paisagenscsf)
          Além de Uberaba e Uberlândia, em Santa Juliana, Araguari, Estrela do Sul e outras cidades na mesma região, existem várias fazendas com plantio de girassóis. Não só no Triângulo Mineiro, mas em várias regiões de Minas Gerais, os girassóis podem ser contemplados, como em Florestal na Região de Belo Horizonte, Patos de Minas e Araxá no Alto Paranaíba, Caxambu, Ouro Fino, Conceição das Alagoas, Pedralva, São Pedro da União, Cruzília e Areado no Sul de Minas e Catuji e Manga no Norte de Minas, dentre outras cidades. 
Utilização
          Dos seus frutos, popularmente chamados sementes, é extraído o óleo de girassol que é comestível. A produção mundial ultrapassa 20 milhões de toneladas anuais de grão. (foto acima de Cris Ferreira/@paisagenscsf)
          A semente também é usada na alimentação de pássaros em cativeiro além de ser uma das mais utilizadas na alimentação viva.
A sua flor é comercializada como flor de corte. Existem dois grupos de variedades importantes: uniflor com haste única e uma flor terminal; multiflor com flores menores que com ramos desde a base que são mais utilizadas na confecção de bouquet.
          A semente do girassol tem sido utilizada no Brasil na produção de biodiesel.
          Tem sido também uma boa alternativa para alimentação de gado, em substituição a outros grãos.
          As suas folhas podem inibir o crescimento de plantas daninhas através do fenômeno alelopatia.
          Antes de visitar as cidades para conhecer as plantações, verifique, junto às prefeituras ou sindicatos rurais dessas cidades, se está na época da florada, e ainda, se foi plantado. Muito produtores, podem optar por plantar outras lavouras, ao invés de girassóis, dependendo da época e do mercado. 

quinta-feira, 12 de julho de 2018

A tradição do Queijo Minas Artesanal

(Por Arnaldo Silva) O Queijo artesanal mineiro, tradição que existe em Minas Gerais desde o inicio da descoberta do Ouro, no início do século XVIII, é produzido em mais de 600 municípios Mineiros, gerando emprego e renda para mais de 30 mil famílias, que vivem da produção de queijos.(na foto acima queijos feitos Canastra pelo Mestre Queijeiro Roberto Soares em São Roque de Minas MG)
          O modo artesanal de fazer Queijo nas regiões do Serro (na foto acima, fazenda de gado Gir, do Túlio Madureira), Serra da Canastra, Serra do Salitre e Campo das Vertentes é Patrimônio Imaterial de Minas desde 2004, reconhecido pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) e desde 2008, é Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Ipham). 
          Por ano, somente em Minas Gerais, é produzida uma média 250 mil toneladas de queijo, o que ajuda o Brasil a se manter no posto de 6º maior produtor de queijo do mundo. No Brasil, Minas Gerais o maior produtor. (na foto acima, de Tiago Geisler, o famoso Queijo do Serro, da cidade do Serro MG)
Queijo Minas Artesanal e Queijo Minas Frescal
          O queijo artesanal mineiro é o queijo que preserva as formas originais e seculares na sua produção. Ou seja, leite cru não pasteurizado, sem acréscimo algum de outro componente. Após o preparo, o queijo artesanal passa por um processo de maturação que pode ser de uma semana, um mês ou até um ano. A maturação faz com que a coloração do queijo artesanal fique amarelada ou marrom, dependendo do tempo de maturação. Já o miolo possui uma textura firme e seca. É a maturação que dá sabor e qualidade ao queijo. 
          Outro tipo de queijo, o queijo Minas frescal, é mais fácil de ser encontrado, por ser produzido em maiores quantidades, principalmente por laticínios. Quem gosta de queijo e vive em outro Estado, muitas das vezes confunde esse queijo com o queijo artesanal. E não é. O frescal é um tipo de queijo úmido, bem esbranquiçado e massa bem mole (na foto acima de Judson Nani)
          O processo de produção desse queijo é diferente do queijo artesanal e não pode e nem deve ser confundido com o tradicional modo de fazer queijo artesanal, cuja receita tem três séculos de tradição.
          Ou seja, Queijo Minas Frescal é um tipo de queijo e o queijo secular e tradicional, com o modo de fazer reconhecido pelo Iepha e Iphan como Patrimônio Cultural e Imaterial, é outro tipo de queijo. (na foto abaixo, de Jerez Costa queijo Minas artesanal da Queijo D´Alagoa, de Alagoa MG)
          A receita do queijo artesanal mineiro é a mesma para todos. Mas o que dá a qualidade, a textura o sabor inconfundível ao queijo artesanal mineiro, não se encontra em nenhum outro lugar, só em Minas Gerais. A alimentação adequada, qualidade das pastagens, qualidade e cuidados com o rebanho, o clima, a temperatura das serras mineiras, a forma com que o queijo é trabalhado manualmente pelo produtor e principalmente pelo conhecimento da arte da fazer queijos, que passa de geração para geração. Esses são os diferenciais que faz do queijo artesanal de Minas Gerais, único e especial no mundo. 
16 de maio: Dia do Queijo Minas Artesanal
          Uma data que marca a importância dos queijos artesanais para a história, tradição e economia mineira. (na foto acima, queijos Canastra do Rancho 4R, feitos pelo Mestre Queijeiro Roberto Soares, de São Roque de Minas)
          O dia 16 de maio, é comemorado em Minas como o Dia do Queijo Minas Artesanal (QMA). Instituída pela Lei 22;506, de 2017, é em referência ao dia 16 de maio de 2008, quando o Modo Artesanal de Fazer Queijos de Minas, nas regiões do Serro, Serra da Canastra e Alto Paranaíba, foram reconhecidos pelo Conselho Consultivo do Instituto de Patrimônio História e Artístico Nacional (Iphan) ,passando a fazer parte do livro de saberes e sabores do Instituto.
          O queijo artesanal é o queijo feito com leite cru, sem passar pelo processo de pasteurização, feitos basicamente nas pequenas propriedades, totalmente artesanal, gerando fonte e renda para mais de 30 mil famílias mineiros, numa produção anual de 85 mil toneladas, em média.
          QMA, é um rótulo que vem nos queijos, com certificação e Selo Arte, expedidos pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Legalizado perante o IMA, os queijos podem usar o rótulo QMA, e o Selo Arte, que permite a comercialização em todo o Brasil.
          Somente os queijos com origem nas regiões queijeiras, reconhecidas pelo órgão podem usar o rótulo QMA. As microrregiões queijeiras, reconhecidas pelo IMA, com permissão para usar o QMA e Selo Arte são: Serra da Canastra, Serra do Salitre, Araxá, Cerrado Mineiro, Campo das Vertentes, Mantiqueira de Minas, Alagoa MG, Serro e Triângulo Mineiro, podem usar o rótulo QMA. (na foto acima, o queijo da Serra do Salitre, da Fazenda Pavão, do produtor João Melo. Em destaque na embalagem, o Selo Arte e registro do IMA)
          Para obter o rótulo QMA, as queijarias tem que ser legalizadas pelo Ima. Os queijeiros contam com a assistência da Emater/MG, além de ajudar os produtores nos estudos para criação de regiões queijeiras. Estando legalizados perante o Ima, o produtor pode requisitar o Selo Arte, que permite a comercialização de seu produto em todo o país. Somente os queijos com Selo Arte e certificado QMA, podem usar comercializar seus queijos para foram de suas regiões, bem como usar, o termo QMA em seus rótulos.

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