(Por Arnaldo Silva) As ruas de nossas cidades antigamente eram calçadas com pedras brutas. Esse calçamento recebeu o nome de "Pé de Moleque". Costumamos falar em ruas de pés de moleque sem ao menos saber o porquê desse nome. Agora vocês vão saber.
Esse tipo de calçamento era comum na Europa nos tempos antigos e foi introduzido pelos Portugueses no tempo do Brasil Colônia. (fotografia acima de Cesar Reis em Tiradentes MG) As pedras vinham de Portugal, em navios e as ruas das cidades litorâneas como Rio de Janeiro, Paraty, Salvador, Porto Seguro, Santos, etc., receberam esse tipo de pavimentação. Chegavam em navios e eram levadas paras os seus destinos em carros de bois.
O ouro de Minas Gerais seguia para o porto de Paraty/RJ em carruagens, mulas, burros e em sua maioria, em carros de bois. Deixavam o ouro e traziam pedras para calçamento, na volta. As ruas de Paraty/RJ foram quase todas calçadas com essas pedras vindas de Portugal.
O ouro de Minas Gerais seguia para o porto de Paraty/RJ em carruagens, mulas, burros e em sua maioria, em carros de bois. Deixavam o ouro e traziam pedras para calçamento, na volta. As ruas de Paraty/RJ foram quase todas calçadas com essas pedras vindas de Portugal.
Como as cidades e vilas mineiras eram muito distantes para transportar tantas pedras, optaram por calçar as suas ruas com as pedras existentes nas regiões próximas às mesmas, que existiam em abundância, em beiras de rios, por exemplo. Na região de Ouro Preto, a pedra sabão era a mais comum e foi a mais usada nos calçamentos das ruas da cidade. O corte das pedras era totalmente rústico, feito a base da picareta, pelos escravos e em boa parte, nem eram cortadas, eram colocadas nas ruas da forma que eram retiradas.
Com o aumento da exploração do ouro nas Minas Gerais, o fluxo de cavalos, carroças e carruagens aumentava a cada dia. As pequenas vilas que existiam não tinham ruas e sim caminhos abertos pela caminhada das pessoas e pelas rodas das carroças e carros de bois. (fotografia acima de Peterson Bruschi em Ouro Preto MG)
Com o crescimento das vilas, bem como as transformações destas em cidades, surgiu a necessidade da abertura de ruas mais largas que os caminhos existentes. E os escravos foram largamente usados para abrir ruas e calçar as mesmas. Era no braço, na picareta, enxada e pás. As pedras vinham de pedreiras e rios, trazidas em carros de bois.
Com o crescimento das vilas, bem como as transformações destas em cidades, surgiu a necessidade da abertura de ruas mais largas que os caminhos existentes. E os escravos foram largamente usados para abrir ruas e calçar as mesmas. Era no braço, na picareta, enxada e pás. As pedras vinham de pedreiras e rios, trazidas em carros de bois.
A partir de 1760, a melhora das vias públicas se fez necessário, porque com o fluxo de pessoas e animais constantes, o transporte de mercadorias era prejudicado por atoleiros, buracos e poeira, prejudicando a todos. E para solucionar esse problema, as cidades começaram a receber calçamento nas suas ruas lamacentas e poeirentas, que com o tempo, passou a ser chamado de pés de moleque, nas suas ruas lamacentas e poeirentas.
O calçamento era necessário para evitar que as tropas com suas carroças, mulas e cavalos abarrotadas de ouro, diamantes, café e gêneros alimentícios, atolassem em dias de chuva ou levantassem poeira, em dias de estiagem, o que incomodava os moradores dos casarões e pedestres.
Os trabalhos de calçamentos eram orientados por mestres pedreiros e executados pelos escravos e também por presos das cadeias próximas, que eram obrigados a trabalhar de graça, sob forte vigilância e acorrentados pelos pés. Eles preparavam a rua na enxada e iam postando pedra por pedra, uma ao lado da outra. (fotografia acima de Matheus Freitas/@m.ffotografia)
O calçamento era necessário para evitar que as tropas com suas carroças, mulas e cavalos abarrotadas de ouro, diamantes, café e gêneros alimentícios, atolassem em dias de chuva ou levantassem poeira, em dias de estiagem, o que incomodava os moradores dos casarões e pedestres.
Os trabalhos de calçamentos eram orientados por mestres pedreiros e executados pelos escravos e também por presos das cadeias próximas, que eram obrigados a trabalhar de graça, sob forte vigilância e acorrentados pelos pés. Eles preparavam a rua na enxada e iam postando pedra por pedra, uma ao lado da outra. (fotografia acima de Matheus Freitas/@m.ffotografia)
Os filhos desses escravos, que eram costumeiramente chamados de "moleques" iam em seguida esparramando terra arenosa e acertando as pedras com os pés. Não eram pedras uniformes e nem certinhas, porém o calçamento ficava bom, evitava o barro nos tempos de chuva e poeira na estiagem.
É por isso que esse tipo de calçamento se chama "Pé de moleque" embora muita gente diga que o nome é porque essas pedras lembram muito a cor do famoso doce de amendoim que conhecemos, o pé de moleque.
O surgimento desse doce é bem posterior ao surgimento do nome desse tipo de calçamento, portanto, não faz sentido associar a pedra ao doce, até porque moleque, sempre era usado para chamar os filhos dos escravos. O doce de amendoim, surgiu no século XIX e esse tipo de calçamento existe há séculos, na Europa, inclusive na Roma antiga, há mais de dois mil anos, ruas romanas tinha esse tipo de calçamento.
O surgimento desse doce é bem posterior ao surgimento do nome desse tipo de calçamento, portanto, não faz sentido associar a pedra ao doce, até porque moleque, sempre era usado para chamar os filhos dos escravos. O doce de amendoim, surgiu no século XIX e esse tipo de calçamento existe há séculos, na Europa, inclusive na Roma antiga, há mais de dois mil anos, ruas romanas tinha esse tipo de calçamento.
O doce em questão passou a ser chamado de "Pé de Moleque" justamente porque esse tipo de calçamento lembra o doce no tabuleiro e não o contrário. Veja a foto acima do Cesar Reis, de uma rua em Tiradentes. Não lembra o doce no tabuleiro?
No final do século XIX, já no fim do Brasil Imperial, as cidades começaram uma era de modernização e urbanização que acompanhava o desenvolvimento das cidades Europeias, buscando melhorar a vida de seus habitantes. (fotografia acima de Peterson Bruschi em Ouro Preto MG)
Com essa visão de modernizar as cidades, os calçamentos em pés de moleques começaram a ser retirados e colocados no lugar paralelepípedos, que são pedras bem trabalhadas, lisas, colocadas lado a lado. Por isso são chamadas de "pedra casada" ou "rua de pedras casadas". Esse tipo de calçamento evitava os constantes tropeços que o calçamento em pés de moleques causavam e por dar um visual mais bonito às ruas, já que eram lisas e uniformes.
E assim foi na maioria das cidades históricas mineiras e do Brasil também. Poucas ruas de nossas cidades históricas mantiveram o calçamento original, sendo substituídos pelos paralelepípedos do final do século XIX. (na foto acima de Matheus Fotografia - @m.ffotografia, rua em São João Del Rei MG) Nas fotos acima você percebe bem a diferença nos tipos de calçamentos.
E assim foi na maioria das cidades históricas mineiras e do Brasil também. Poucas ruas de nossas cidades históricas mantiveram o calçamento original, sendo substituídos pelos paralelepípedos do final do século XIX. (na foto acima de Matheus Fotografia - @m.ffotografia, rua em São João Del Rei MG) Nas fotos acima você percebe bem a diferença nos tipos de calçamentos.