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domingo, 8 de julho de 2018

Calçamento com pés de moleque: a origem do nome.

(Por Arnaldo Silva) As ruas de nossas cidades antigamente eram calçadas com pedras brutas. Esse calçamento recebeu o nome de "Pé de Moleque". Costumamos falar em ruas de pés de moleque sem ao menos saber o porquê desse nome. Agora vocês vão saber.
          Esse tipo de calçamento era comum na Europa nos tempos antigos e foi introduzido pelos Portugueses no tempo do Brasil Colônia. (fotografia acima de Cesar Reis em Tiradentes MG) As pedras vinham de Portugal, em navios e as ruas das cidades litorâneas como Rio de Janeiro, Paraty, Salvador, Porto Seguro, Santos, etc., receberam esse tipo de pavimentação. Chegavam em navios e eram levadas paras os seus destinos em carros de bois.
          O ouro de Minas Gerais seguia para o porto de Paraty/RJ em carruagens, mulas, burros e em sua maioria, em carros de bois. Deixavam o ouro e traziam pedras para calçamento, na volta. As ruas de Paraty/RJ foram quase todas calçadas com essas pedras vindas de Portugal.
          Como as cidades e vilas mineiras eram muito distantes para transportar tantas pedras, optaram por calçar as suas ruas com as pedras existentes nas regiões próximas às mesmas, que existiam em abundância, em beiras de rios, por exemplo. Na região de Ouro Preto, a pedra sabão era a mais comum e foi a mais usada nos calçamentos das ruas da cidade. O corte das pedras era totalmente rústico, feito a base da picareta, pelos escravos e em boa parte, nem eram cortadas, eram colocadas nas ruas da forma que eram retiradas.
            Com o aumento da exploração do ouro nas Minas Gerais, o fluxo de cavalos, carroças e carruagens aumentava a cada dia. As pequenas vilas que existiam não tinham ruas e sim caminhos abertos pela caminhada das pessoas e pelas rodas das carroças e carros de bois. (fotografia acima de Peterson Bruschi em Ouro Preto MG)
          Com o crescimento das vilas, bem como as transformações destas em cidades, surgiu a necessidade da abertura de ruas mais largas que os caminhos existentes. E os escravos foram largamente usados para abrir ruas e calçar as mesmas. Era no braço, na picareta, enxada e pás. As pedras vinham de pedreiras e rios, trazidas em carros de bois.
          A partir de 1760, a melhora das vias públicas se fez necessário, porque com o fluxo de pessoas e animais constantes, o transporte de mercadorias era prejudicado por atoleiros, buracos e poeira, prejudicando a todos. E para solucionar esse problema, as cidades começaram a receber calçamento nas suas ruas lamacentas  e poeirentas, que com o tempo, passou a ser chamado de pés de moleque, nas suas ruas lamacentas e poeirentas. 
          O calçamento era necessário para evitar que as tropas com suas carroças, mulas e cavalos abarrotadas de ouro, diamantes, café e gêneros alimentícios, atolassem em dias de chuva ou levantassem poeira, em dias de estiagem, o que incomodava os moradores dos casarões e pedestres.
          Os trabalhos de calçamentos eram orientados por mestres pedreiros e executados pelos escravos e também por presos das cadeias próximas, que eram obrigados a trabalhar de graça, sob forte vigilância e acorrentados pelos pés. Eles preparavam a rua na enxada e iam postando pedra por pedra, uma ao lado da outra. (fotografia acima de Matheus Freitas/@m.ffotografia)
          Os filhos desses escravos, que eram costumeiramente chamados de "moleques" iam em seguida esparramando terra arenosa e acertando as pedras com os pés. Não eram pedras uniformes e nem certinhas, porém o calçamento ficava bom, evitava o barro nos tempos de chuva e poeira na estiagem. 
         É por isso que esse tipo de calçamento se chama "Pé de moleque" embora muita gente diga que o nome é porque essas pedras lembram muito a cor do famoso doce de amendoim que conhecemos, o pé de moleque. 
         O surgimento desse doce é bem posterior ao surgimento do nome desse tipo de calçamento, portanto, não faz sentido associar a pedra ao doce, até porque moleque, sempre era usado para chamar os filhos dos escravos. O doce de amendoim, surgiu no século XIX e esse tipo de calçamento existe há séculos, na Europa, inclusive na Roma antiga, há mais de dois mil anos, ruas romanas tinha esse tipo de calçamento. 
          O doce em questão passou a ser chamado de "Pé de Moleque" justamente porque esse tipo de calçamento lembra o doce no tabuleiro e não o contrário. Veja a foto acima do Cesar Reis, de uma rua em Tiradentes. Não lembra o doce no tabuleiro?
          No final do século XIX, já no fim do Brasil Imperial, as cidades começaram uma era de modernização e urbanização que acompanhava o desenvolvimento das cidades Europeias, buscando melhorar a vida de seus habitantes. (fotografia acima de Peterson Bruschi em Ouro Preto MG)
          Com essa visão de modernizar as cidades, os calçamentos em pés de moleques começaram a ser retirados e colocados no lugar paralelepípedos, que são pedras bem trabalhadas, lisas, colocadas lado a lado. Por isso são chamadas de "pedra casada" ou "rua de pedras casadas". Esse tipo de calçamento evitava os constantes tropeços que o calçamento em pés de moleques causavam e por dar um visual mais bonito às ruas, já que eram lisas e uniformes.
          E assim foi na maioria das cidades históricas mineiras e do Brasil também. Poucas ruas de nossas cidades históricas mantiveram o calçamento original, sendo substituídos pelos paralelepípedos do final do século XIX. (na foto acima de Matheus Fotografia - @m.ffotografia, rua em São João Del Rei MG) Nas fotos acima você percebe bem a diferença nos tipos de calçamentos.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

A Igreja de São Francisco de Paula em Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva) É a igreja mais pobre em detalhes de Ouro Preto. Sua construção iniciou-se no ano de 1804, sendo a última erguida no período Colonial, em plena decadência do ouro. (fotografia acima de Fabinho Augusto)
          Por isso o contraste em termos de riquezas nos detalhes, em comparação com as outras igrejas de Ouro Preto, erguidas no auge do Ciclo do Ouro. Devido a falta de recursos, sua conclusão foi longa, terminada em 1898. Foram 94 anos para ser concluída. (na foto acima e abaixo de Ane Souz, o altar da Igreja de São Francisco de Paula)
          O projeto da igreja é de autoria do Sargento-mor, Francisco Machado da Cruz e seu estilo arquitetônico foi fiel ao Barroco mineiro e ao Rococó, estilos predominantes na arquitetura mineira do período colonial. Mesmo com o fim do período colonial, com a independência do Brasil em 1822, o projeto original da Igreja não foi alterado e concluído conforme o original.
          A igreja foi construída onde era a antiga Ermida de Nossa Senhora da Piedade que foi doada, à Irmandade da Ordem Terceira que tinham como patrono, São Francisco de Paula. Nessa capela foi colocada uma imagem de São Francisco de Paula, talhada pelo Mestre Aleijadinho.
          Por ser pequena e com o aumento do número de fiéis, a Irmandade viu a necessidade de construir uma igreja maior. (na foto acima de Ane Souz, detalhe das obras barrocas, talhadas em madeira no interior da Igreja de São Francisco de Paula)
          No lugar da pequena Ermida, foi erguida a Igreja dedicada ao patrono da Ordem, São Francisco de Paula. As relíquias da pequena Ermida, como a imagem de São Francisco de Paula, foram transferidas para a nova igreja, sendo retiradas e transferidas para o Museu da Inconfidência, atualmente. (na foto acima e abaixo de Ane Souz, os altares laterais da Igreja de São Francisco de Paula) 
          Ao lado da igreja, foi construído um cemitério para os membros da Irmandade, já que a partir de 1810, a Igreja Católica proibiu sepultamentos dentro dos tempos, prática comum na época.
          Quatro estátuas dos evangelistas, João, Marcos, Lucas e Matheus em louça importadas do Porto, em Portugal, ornamentavam a mureta da escadaria de acesso ao templo, se destacando na paisagem em torno da igreja, mas como a imagem do padroeiro, também foi retirada (como podemos ver na foto acima, de Arnaldo Silva e na foto abaixo da Ane Souz, detalhes da ornamentação interna da Igreja de São Francisco de Paula)
          O motivo, creio eu, por segurança, para evitar depredação ou furtos, já que a igreja fica num local mais afastado, isolado, rodeado por mata nativa, com pouca iluminação, o que motivaria e facilitaria a ação de marginais.
          Apesar de não ser uma igreja rica em detalhes, tanto no exterior quanto no seu interior, foi construída num local privilegiado, o Morro da Piedade que é uma área montanhosa de Ouro Preto. (foto acima e abaixo de Ane Souz)
          Isso faz a igreja se destacar, sendo vista em todos os ângulos da cidade. Fica a alguns metros da Rodoviária, sendo então a porta de entrada para os turistas, que quando chegam à cidade, vão direto para o o adro da Igreja, contemplar a vista, já que a cidade fica completamente à vista. (fotografia abaixo de Arnaldo Silva)

          A igreja de São Francisco de Paula não é aberta a visitação. Abre suas portas somente aos domingos, as 10 horas, quanto são realizadas missas.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Brumal e a Igreja setecentista de Santo Amaro

(Por Arnaldo Silva) Brumal foi fundado em 1704 pela bandeira de Antônio Bueno, sendo uma das mais antigas povoações de Minas Gerais. É um dos mais belos distritos do Estado Mineiro. Seu centro histórico preserva as características originais do período colonial. Seu nome inicial era Brumado devido as constantes brumas formadas no inverno, já que a região fica aos pés da Serra do Caraça, onde a serração é comum.
 
          Depois passou a se chamar Brumado do Mato Dentro, Santana do Brumado, Barra Feliz e por fim, em 1943, seu nome atual Brumal. É distrito da histórica cidade de Santa Bárbara, município localizado no Quadrilátero Ferrífero, na região da Serra do espinhaço a 110 km de Belo Horizonte e distante 6 km de Barão de Cocais MG.(fotografia acima Sérgio Mourão/Encantos de Minas)
          Mesmo com pequena produção das minas ouro das redondezas, os fundadores do arraial acreditaram no potencial da mineração de Brumal e esta atividade foi se consolidando ao longo dos anos, atraindo um número constante de pessoas para o povoado, tornando-o próspero. Em 1837 o arraial contava com 1073 moradores, que viviam em 173 casas e oferecia uma vida confortável aos seus moradores. 
            Hoje Brumal tem mais de 2 mil moradores e sua história é bem preservada, bem como seu casario e monumentos históricos como a Igreja de Santo Amaro, o Largo com o Chafariz ao centro, a Casa do Cartório e o prédio da escola velha. (na foto abaixo da Elvira Nascimento, o altar da Igreja de Santo Amaro)
Igreja de Santo Amaro do Brumal
          A iniciativa da construção dessa igreja partiu do morador Amaro da Silveira Borges, que segundo consta no inventário da Oferta Turística relata a iniciativa do morador dessa forma: "Amaro da Silveira Borges, morador do Arraial de Brumado, dirigiu uma petição ao Bispo do Rio de Janeiro, Dom Frei Antônio de Guadalupe, dizendo que desejava fazer, à sua custa, a construção de uma capela na localidade em que residia, em virtude de a Matriz se achar distante duas léguas. O edifício religioso serviria assim para mais de 200 pessoas. Concedida a licença, por provisão de 14 de fevereiro de 1727, as obras foram iniciadas, e em outubro do mesmo ano a capela recebeu a bênção do vigário da freguesia. Em 1739, os três retábulos já estavam instalados, inclusive o da capela-mor, além de ornamentos e alfaias diversas. Em 1747, o visitador geral da capitania esteve no local, verificando obras não-terminadas e impôs o prazo de quatro meses para sua conclusão, sob pena de interdito. A partir de 1759, a igreja passou por várias reformas e acréscimos, inclusive consolidação das torres e reparações nos telhados" 
          A Igreja de Santo Amaro (na foto acima de Elvira Nascimento) é a mais importante herança dos fundadores de Brumal para a cultura colonial mineira, sendo hoje uma das mais importantes obras setecentista do Brasil, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), sendo registrada no Livro Belas Artes. Inscrição nº 248. 1948.
          Foi dedicada a Santo Amaro e a capela-mor, foi feita com elementos do estilo joanino, muito usado no Barroco português durante o reinado de dom João V (r. 1707-1750).  Importantes exemplares de retábulos joaninos são encontrados tanto em Portugal como no Brasil e acredita-se que o altar da Igreja de Santo Amaro, em Brumal, tenha sido o primeiro do estilo joanino em Minas Gerais. (a fotografia abaixo, de Elvira Nascimento, mostra o interior da Igreja de Santo Amaro)
          O historiador Robert Smith, define assim o estilo Joanino: “É característico deste período um vocabulário decorativo onde predominam conchas, feixes de plumas, palmas, volutas entrelaçadas, grinaldas e festões de flores. Figuram ainda uma diversidade de baldaquinos e sanefas, cortinas e panos, fragmentos de arcos e outros motivos arquitetônicos. [...] No interior das igrejas a talha dourada é a manifestação artística mais relevante, conferindo imponência e fausto aos retábulos, surgindo frequentemente associada a outras artes decorativas como o azulejo, a pintura, a escultura e a pintura decorativa, impondo uma nova dimensão a espaços sem relevante expressão arquitetônica. A amplitude atingida por esta conjugação de expressões resulta muitas vezes, em estruturas de grande complexidade, tanto iconográfica como artística, cujo brilho dourado dá especial relevância”.
          A construção foi iniciada em 1727 quando o arraial estava em franco crescimento econômico, e inaugurada em 1747 ainda inacabada, pois faltava a conclusão dos painéis parientais que retratam cenas bíblicas, incluindo a vida de Santo Amaro, sendo totalmente concluída  no final do século XVIII. (na foto acima, de Elvira Nascimento, o altar da Igreja de Santo Amaro em Brumal)
Chafariz do Largo de Brumal
          Como podem ver na foto acima, de autoria de Judson Nani, o famoso chafariz, construído em 1898 fica no centro de Brumal, numa praça totalmente gramada, que junto com o casario colonial integra o conjunto arquitetônico do distrito, sendo um dos lugares mais visitados. Segundo informações disponível no site da Prefeitura de Santa Bárbara "Em 2008, o Chafariz passou por um processo de restauração. De acordo com o projeto, aprovado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG), a intervenção de conservação e restauração do Chafariz, construído em pedra-sabão de linha arquitetônica plana e geométrica, consistiu na higienização do conjunto e reintegração com prótese dos elementos que apresentavam comprometimento do equilíbrio e harmonia do Chafariz. Foram utilizados materiais e técnicas que não alteraram a significação e a aparência original do monumento" (foto abaixo de Judson Nani, da área central de Brumal) 
As cavalhadas
          Todos os anos, no dia de Santo Amaro (2 de julho), acontece a famosa Cavalhada. Cavalhadas é a forma que os cristãos  encontraram para simbolizar as guerras travadas entre Mouros e Cristãos na conquista da Terra Santa. As chamadas Cruzadas, que aconteceram no período da Idade Média.
          Os Mouros tentavam impedir os Cristãos de conquistarem Jerusalém e este lutavam para conquistar seu objetivo. As batalhas eram travadas sobre cavalos em ataques com espadas e lanças, numa batalha sangrenta e mortal. 
          Os cristãos venceram e desde a idade média começaram a surgir batalhas simbólicas sobre cavalos para marcar o evento. Os cavalheiros se vestem com roupas que lembram os Mouros e Cristãos, mas não usam lanças ou espadas e sim, confetes e fitas.
A Cavalhada de Brumal  tem os desfiles de cavalheiros, corridas e jogos acompanhados por um conjunto musical. Essa festa existe desde 1937. 
          Começou com um morador, Sr. Jorge da Silva Calunga, que segundo dizem,  fez uma promessa a Santo Amaro e se a graça fosse alcançada, faria em Brumal no dia da festa de Santo Amaro uma Cavalhada em homenagem ao santo. Como a graça foi atendida, em 1937 organizou a primeira cavalhada  e a tradição foi mantida pelos familiares e moradores do distrito, fazendo parte hoje do calendário cultural e religioso do distrito e de Minas Gerais, sendo inclusive patrimônio histórico imaterial de Santa Bárbara MG.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Piacatuba da Fé, da Culinária e do Festival da Viola

(Por Arnaldo Silva) Piacatuba é distrito de Leopoldina, cidade da Zona da Mata, distante 322 km de Belo Horizonte. O pequeno distrito é charmoso, possui um preservado casario histórico, repleto de histórias, cultura, religiosidade e boa gastronomia.
          Piacatuba está a 20 Km de Leopoldina, 86 Km de Muriaé; 20 Km de Cataguases e 8 Km da Rodovia Ormeo Junqueira Botelho.(Imagem acima Jornal Leopoldinense, enviada por Fernanda Espíndola)
          Todos os anos acontece em Piacatuba o Festival da Viola e Gastronomia com apoio da Prefeitura e Câmara de Leopoldina, além de empresários locais. Esse festival acontece geralmente em julho, com a presença de artista renomados e violeiros de todo o Brasil, bem como turistas, que vão ao distrito apreciar o que tem de melhor na culinária mineira. 
          A rua das Pedras é um dos locais mais frequentados do distrito, por estar nessa rua, um belíssimo casario, muitos deles, transformados em confortáveis restaurantes e barzinhos. (fotografia acima de Gilberto Coimbra)
História, atrativos e a Torre Queimada          
          Um dos atrativos de Piacatuba, além de seu belo casario colonial, é a Matriz de Nossa Senhora da Piedade (na foto acima de Gilberto Coimbra) e a famosa Torre Queimada cuja edificação foi cercada de mistérios inexplicáveis, o que elevou o distrito a ser um centro de
peregrinação e fé.
          Conta-se no distrito, que na metade do século XIX, duas famílias travavam uma intensa batalha por posses de terras. O fazendeiro Capitão Domingos de Oliveira Alves, ganhou uma gleba no dia 23 de agosto de 1844 com a finalidade de instalar nas terras uma povoação.

          Ele marcou as terras com uma cruz de uns 5 metros de altura, num terreno bem arenoso. Mas o outro fazendeiro que reivindicava as mesmas terras ficou inconformado por não ter recebido a gleba, e ordenou aos seus escravos a derrubada da cruz.
          Os escravos escavaram as pés da cruz como determinou o fazendo, só que a cruz não se desprendia de jeito nenhum. Irritado, mandou que ela fosse cortada a machado. Mesmo com a força dos golpes dos machados, a cruz permanecera intacta. 
          Meio cismado com o que viu acontecer, mesmo assim insistiu
 com seu objetivo. Só que dessa vez, mandou fazer uma enorme fogueira em torno da cruz. Os escravos colocaram lenhas e gravetos em grande quantidade e atearam fogo. (na foto acima do Gilberto Coimbra, a Torre Queimada)
          Durante a noite toda, o fogo ardia, deixando satisfeito o fazendeiro. No dia seguinte, um dos escravos lembrou que tinha esquecido sua foice no local e retornou para buscá-la.           
          Chegando lá, notou que a cruz estava imponente e de pé, apenas chamuscada.
          Segundo dizem, todos que tentaram derrubar a cruz foram severamente castigados. Alguns morreram tragicamente e outros morreram vítimas de doenças terríveis.
          Por esse motivo, o local hoje é considerado sagrado, sendo constantemente visitado por peregrinos que lá vão levando seus pedidos de milagres ou agradecendo pelas graças alcançadas. Os pedidos e agradecimentos são feitos em orações e escritos em papéis, colocados aos pés da cruz original (como se pode ver na foto acima, de Ane Souz). A Cruz Queimada é um dos mais conhecidos e visitados símbolos religiosos da região Zona da Mata.
Festival da Viola
          O próximo Festival da Viola e Gastronomia de Piacatuba será a 20ª  acontecerá entre em julho de 2025.
Mais informações:
Assessoria de Imprensa do Festival
Fernanda Espíndola Tel.: (32)99929-4660
E-mail:fernandaguimaraesespindola@hotmail.com

sábado, 16 de junho de 2018

Lei Federal libera venda de queijos mineiros no país

(Por Arnaldo Silva) A Lei que altera a fiscalização de produtos alimentícios de origem animal, produzidos de forma artesanal, entre eles o queijo, foi publicada no Diário Oficial da União em 15/06/2018, necessitando de regulamentação do Ministério da Agricultura e dos Governos Estaduais. A lei substituiu a que foi promulgada por Getúlio Vargas em 1950, que impedia a comercialização fora das fronteiras dos estados brasileiros de produtos artesanais de origem animal como queijos, mel e embutidos. Uma luta de décadas dos produtores não só de Minas, mas de todo o Brasil, principalmente dos que produzem queijos. 
          Os produtores de queijos aguardavam a regulamentação da Lei pelo Governo Federal e comemoraram muito, já que no dia 19/07/2019, a regulamentação do Selo Arte foi feita pelo Ministério da Agricultura. Isso significa que os produtos artesanais com o Selo Arte, como os produtos derivados do leite, mel e embutidos podem ser vendidos normalmente em todo o território nacional. (foto acima de Elvira Nascimento, queijos artesanais de Ipaneminha, distrito de Ipatinga MG)
          Na prática, retira o comércio de queijo mineiro da "clandestinidade" ou venda limitada, já que a lei de 1950 impedia a venda dos nossos queijos fora do Estado de Minas Gerais, o que levava os queijeiros mineiros a venderem de forma informal os queijos, correndo o risco de terem seus produtos apreendidos pelos órgãos de fiscalização, como já ocorreu várias vezes.
         Com a regulamentação do Selo Arte, cabe aos estados, de acordo com suas leis estaduais e sanitárias, liberar a comercialização dos queijos para fora de suas fronteiras. Em Minas Gerais Lei que regulamenta a produção de queijos no estado foi promulgada em dezembro de 2018. Agora o Governo Mineiro poderá emitir a liberação do comércio de queijos, mel e embutidos mineiros para fora do estado, cadastrando os produtores que estejam de acordo com as normas sanitárias vigentes, bem como as regras do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) que já está se mobilizando se adequar à regulamentação do decreto do Selo Arte.
         Minas Gerais tem 30 mil produtores de queijos artesanais legalizados, com autorização do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) para comercializarem seus produtos no Estado. Desde número, apenas 10, têm documentação que permite a venda de seus produtos fora do estado. Com a regulamentação, esse número irá aumentar significativamente, o que é comemorado e muito pelos produtores de queijos mineiros, já que é o reconhecimento de um dos maiores patrimônios da cultura e gastronomia de mineira.
         Minas Gerais lidera a produção de queijos no país com 68% da produção nacional. São 320 mil toneladas de queijos por ano, sem contar outros tipos de queijos artesanais como o Cabacinha, tradicional no Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas, o requeijão moreno e queijos feitos para consumo próprio. A tendência será um rápido crescimento da produção de queijos artesanais mineiros, podendo equiparar à produção industrial. Isso porque os produtores, visando à expansão do mercado que a regulamentação passou a permitir,  irão aumentar sua produção. 

         Pra se ter ideia, somente nas 12 regiões produtoras de Queijo Minas Artesanal de leite cru (Serra da Canastra, Serro, Araxá, Campo das Vertentes, Triângulo Mineiro, Cerrado, Diamantina, Entre Serra da Piedade e do Caraça, Alagoa, Mantiqueira de Minas, Serras do Ibitipoca e Serra do Salitre), segundo dados da Emater, 9 mil produtores que produzem anualmente 219 mil toneladas de queijos, com vendas praticamente restritas ao mercado interno mineiro. Com o fim das dificuldades impostas pela lei anterior e com a liberação da comercialização dos produtos artesanais, as vendas irão aumentar em muito, bem como o estado ganhará com mais impostos recolhidos já que aumentará a produção, gerará mais empregos e renda para as famílias que sobrevivem da produção de queijos.
        Em breve as gôndolas dos supermercados de todo o Brasil terão os famosos queijos mineiros à disposição dos brasileiros, o que irá valorizar ainda mais os queijos produzidos em Minas Gerais, reconhecido tanto no Brasil como no exterior, como um dos melhores do mundo. 

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Bolo de fubá tradicional de Minas

(Por Arnaldo Silva) Essa é uma das mais tradicionais receitas de Minas Gerais, mais de 200 anos presente na mesa do povo mineiro. 
          No início os ingredientes eram difíceis de conseguir, pelas dificuldades da época. O leite vinha direto do curral. Fubá era moído no moinho de pedra. Não existia óleo, usava-se banha de porco.  Bater a massa era na mão mesmo. Fermento não existia, usava-se o bicarbonato. 
          Como o trigo era um produto difícil de conseguir naqueles tempos, não era usado nos bolos de fubá. Ao invés de farinha de trigo, usavam coalhada. Trigo em bolo de fubá é invenção. Bolo de fubá é feito com fubá e não leva farinha de trigo. E tudo era assado no forno a lenha. Quem não tinha forno, assava no fogão a lenha.
          Simplesmente colocava a massa numa panela, na trempe do fogão e cobria a panela com uma chapa cheia de brasa. Assim ficava assado por igual e super delicioso. 
          A maioria das famílias antigas eram bem simples e não existia como hoje copo americano ou xícaras para tirar as medidas.  A quantidade de ingredientes eram medidas em pratos, aqueles pratos esmaltados.
          Em algumas comunidades de Minas usa-se os ingredientes tradicionais da receita. Mas como a maioria do mineiro e brasileiro vive em cidades grandes, as tradicionais receitas tiveram que se adaptar aos novos ingredientes e facilidades da vida moderna nas cidades. 
          Hoje é fácil encontrar nos supermercados os ingredientes para qualquer receita. O objetivo é manter a tradição do sabor, da originalidade da receita, com as facilidades que a vida moderna nos oferece.  Aprenda então a fazer o tradicional Bolo de Fubá, natural de Minas Gerais.
Você vai precisar de:
. 400 gramas de fubá mimoso + ou -
. 100 gramas de coalhada 
. 1 copo americano de óleo faltando um dedo para encher. (até aquela linha superior do copo)
. 3 ovos caipira
. 1 colher de sopa de fermento em pó
. 2 copos de leite (não é leite em pó, nem leite de caixinha, melhor seria o cru, mas na cidade é difícil de encontrar, use então o pasteurizado)
. 1 copo americano de açúcar
. 1 pitada de sal
1 copo americano de Queijo Minas meia cura ralado
(não se usa trigo em bolo de fubá original, mas se preferir, use apenas 2 colheres e meia de sopa de farinha de trigo que é para dar mais firmeza ao bolo)
Pra fazer:
- Coloque no liquidificador a metade do fubá, a coalhada, o óleo, os ovos, o sal, o açúcar, o leite e bata bem.
- Vá acrescentando aos poucos o restante do fubá, até a massa ficar bem consistente.
- Quando terminar de bater, com o liquidificador desligado, misture com uma colher, o fermento e o queijo.
- Despeje todo o conteúdo numa forma redonda ou retangular, untada com manteiga
- Leve para assar em forno pré-aquecido a 200ºC até dourar.
Assando na chapa a brasa
          A receita foi adaptada aos ingredientes e facilidades encontradas na cidade hoje, mas quem puder e tiver condições pode fazer da forma tradicional. A medida você vai tirar com pratos esmaltado que hoje são fáceis de encontrar. Use leite cru, fubá de moinho, bicarbonato de sódio no lugar do fermento, coalhada no lugar da farinha de trigo, banha de porco, ovos de galinha caipira. 
          Acima tem quatro fotos, de autoria de Carias Frascoli, mostrando o processo. Mas fazer o bolo original é bem simples.
- Misture os ingredientes citados com a medida da primeira receita numa panela, mexa com colher de pau e com esta colher, bata por uns 15 minutos, até ter consistência boa.
- Coloque a massa numa panela sobre o fogão a lenha e cubra com uma chapa de metal (pode chapa de lata) com muita brasa ardente e deixe assando até dourar. 
          Há mais de 200 anos era assim que se fazia bolo. Fica outra coisa, um bolo maravilhoso, delicioso demais!
(Por Arnaldo Silva (Bom Despacho MG) - Receita de família. 
 A primeira foto é da Márcia Porto de Santa Maria do Salto MG e as outras de Carias Frascoli de Cristais MG)

domingo, 10 de junho de 2018

Mercado Central de BH entre os 10 melhores do mundo

(Por Arnaldo Silva) A Tam Linhas Aéreas, divulgou em sua revista de bordo, "Tam nas Nuvens", de janeiro de 2016, reportagem especial com os 10 melhores mercados de todo o mundo, tendo como base de votação entre os passageiros da empresa em todo o mundo, com pesquisa feita no final do segundo semestre de 2015, divulgado em 2016. (foto acima de Alexandre Vidigal e abaixo de Janina Alves)
          Entre os 10 melhores do mundo, o Mercado Central de Belo Horizonte ficou em terceiro lugar. Na primeira colocação ficou o Mercat de la Boqueria, de Barcelona e o segundo, o Bourough Market, de Londres. Outro mercado brasileiro, na lista entre os 10 melhores do mundo foi o Ver-o-Peso, de Belém do Pará.
           A revista "Tam nas Nuvens" tem circulação mensal, com tiragem de 150 mil exemplares, atingindo um público de 2.905.000 leitores, com distribuição entre todos os seus passageiros, em voos nacionais e internacionais, segundo informações no site da companhia aérea. Da data de divulgação da pesquisa feita pela "Tam nas Nuvens" até hoje, não foi feita outra pesquisa sobre o tema, prevalecendo então esta como a atual a pesquisa. (foto acima da Regina Kátia/@reginasfarm)
          Na reportagem, a variedade e qualidade dos produtos oferecidos, como temperos, queijos, artesanatos, os bares e restaurantes, com suas culinárias criativas e tradicionais foram os destaques apontados pela revista. (fotos acima e abaixo da Janina Alves)
          O Mercado Central de Belo Horizonte estar entre os melhores do mundo, é o reconhecimento do trabalho sério e preservação das tradições mineiras, bem como a variedade e a qualidade de seus produtos, mantidas, desde sua fundação, em 7 de setembro de 1929.
          Quem vem à Belo Horizonte, tem por obrigação vir ao Mercado Central. Seria um passeio incompleto. (foto acima da Janina Alves)
          E quem vem, conhece o mercado, seus corredores, suas mais de 400 lojas, experimenta seus pratos típicos como o fígado com jiló (na foto acima da Katita Jardim/@tremdeferroartesanatobh), os doces mineiros, os queijos do Serro e Canastra, o artesanato mineiro, as frutas e verduras vindas do produtor. 
          Tudo no Mercado Central encanta e impressiona. Quem conhece uma vez, quer voltar sempre. (fotografia acima acima de Sila Moura) 
 Fonte das informações: Sites do Mercado Central de Belo Horizonte e o Tam nas Nuvens
Endereço do Mercado Central: Avenida Augusto de Lima, 744, Centro de Belo Horizonte
Aberto de 7 hs até as 18 hs. Domingo de 7 hs até as 13 hs. Telefone: (31) 3274-9434 e 3274-9497

sábado, 9 de junho de 2018

As mais antigas povoações de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) O Estado de Minas Gerais começou a ser ocupado em meados do século XVI com a chegada de bandeirantes e portugueses, que entraram no hoje território mineiro, através de São Paulo e Bahia. Vieram para cá a procura de veios de ouro e escravos índios. Antes da chegada dos portugueses, o território mineiro era ocupado por diversos povos indígenas do tronco linguístico macro-jê: os xacriabás, os maxacalis, os Krenaques, os aranás, os mocurins, os atuaá-araxás e os puris. Alguns desses povos como os maxacalis, krenaques e xacriabás estão ainda presentes no Estado. 
          Minas Gerais é o estado brasileiro onde floresceram os primeiros municípios, através da riqueza da terra (o ouro) que originou o enriquecimento cultural e os traços de nossa gente.
          Os europeus e bandeirantes chegavam, montavam um pequeno arraial. Se o arraial prosperasse, era elevado pelo inicialmente a freguesia, depois vila, em seguida distrito e por fim, cidade. Mas isso era um processo lento e demorado. Pra se ter uma ideia, um arraial para chegar a cidade levava décadas ou séculos até, como é o caso de Belo Vale, fundada no final do século XVII, foi elevada à cidade em 1938, no século XX. (na foto acima fornecida pelo João Montalvão, a cidade de Matias Cardoso no extremo Norte de Minas, a primeira povoação do Estado)
           Existia na época do Brasil Colonial e Imperial, uma norma que incentivava as Vilas a arrecadarem ouro. Quanto mais ouro arrecadavam e enviavam para a Coroa, mais rapidamente eram elevadas à cidades. Dai a incessante corrida em busca de mais ouro. E assim foram surgindo rapidamente boa parte das cidades mineiras, no século XVIII.
          É o caso de Mariana, que foi a primeira vila, cidade e capital do estado de Minas Gerais, por ser a que mais produzia ouro na época. No século XVIII, foi uma das maiores cidades produtoras de ouro para a Coroa Portuguesa. Tornou-se a primeira capital mineira por participar dessa disputa, retirando grandes quantidades de ouro de seu solo, o suficiente para que fosse logo elevada à cidade, e com isso, à capital da então Capitania de Minas Gerais.
          Mariana surgiu no final do século XVII, com a descoberta de ouro em seu subsolo, tendo sido logo povoada diante da grande quantidade de ouro encontrada e crescendo rapidamente, sendo elevada a vila em 8 de abril de 1711 e logo à cidade e capital de Minas Gerais, se chamando Mariana em definitivo, a partir de 23 de abril de 1745. Mariana foi reconhecida oficialmente como vila em 1711, à cidade e  capital de Minas Gerais em 1712 até 1720 quando passou a ser Ouro Preto, fundada 9 anos antes, em 1711, tomando lugar de Mariana na produção de ouro e capital da Capitania em tempo recorde.  (na foto acima de Elvira Nascimento Mariana e abaixo do Nacip Gômez, Ouro Preto))
          Vamos conhecer a lista das primeiras povoações surgidas em Minas Gerais, nos séculos XVII e XVIII. Não é lista das primeiras cidades, e sim lista dos primeiros núcleos de povoamentos surgidos, que ao longo dos anos foram elevados à freguesias, vilas, distritos e por fim, a cidades. A fonte das informações abaixo foram baseadas em dados do IBGE.
01 - Matias Cardoso MG - Norte de Minas - Fundada em 1660
          Sua origem data de 1660, com a chegada á região da bandeira de Matias Cardoso de Almeida. Chegaram, formaram um povoado, de nome Morrinhos, a primeira povoação de Minas Gerais. O arraial prosperava, tendo sido elevado a freguesia, vila, distrito e por fim cidade emancipada, passando a adotar o nome de Matias Cardoso, em homenagem ao bandeirante. (Foto acima do Manoel Freitas)
          Além de ser o povoamento mais antigo de Minas Gerais, abriga também a primeira igreja de Minas Gerais, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, erguida pelos Jesuítas. Hoje a igreja é um dos símbolos da história de Minas Gerais. 
          Matias Cardoso fica a 683 km de Belo Horizonte, no Norte do Estado, contando com cerca de 9 mil habitantes. Faz divisa com os municípios de Manga, Itacarambi, Jaíba, Gameleiras, São João das Missões e Malhada (Ba) e Iuiú (BA).
02 - Ouro Branco MG - Região Central - Fundada em 1664
          Distante 100 km de Belo Horizonte e 33 km de Ouro Preto, foi a segunda mais antiga povoação a ser formada em Minas Gerais, tendo com um dos marcos de sua fundação, a Igreja de Santo Antônio, datada de 1717, em Itatiaia, distrito de Ouro Branco, (na foto acima da Sônia Fraga) O município faz divisa com os municípios de Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Itaverava, Ouro Preto.
03 - Sabará MG Grande BH - Fundada em 1665
          Em 1665 chega à região bandeirantes em busca do ouro. Formaram um arraial, elevado a freguesia em 1707, a vila em 1711 com o nome de Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará e por fim à cidade desde 1838. Fica a 20 km de Belo Horizonte e faz divisa com os municípios de Belo Horizonte, Caeté, Nova Lima, Raposos, Taquaraçu de Minas, Santa Luzia. Sabará hoje conta com 130 mil habitantes.
04 - São Romão - Norte de Minas. Fundada em 1668
          Onde está hoje o município de São Romão (na foto acima de @heidrones) era um território habitado por indígenas da etnia Caiapós. Com a chegada das bandeiras à região, foi fundado um povoado em 23 de outubro de 1668 com o nome de Santo Antônio da Manga. Houve resistência de indígenas nativos e nômades. Segundo história oral, a resistência indígena foi totalmente contida, por volta de 1712, chefiada pelo paulista Januário Cardoso de Almeida e pelo português, Manuel Pires Maciel, tendo a vitória final no dia de São Romão, por isso o nome da cidade. O povoado foi elevado a freguesia e vila em 1831 e a município em 1924. São Romão, distante 529 km de Belo Horizonte é uma cidade do Norte de Minas, banhada pelo Rio São Francisco e pouco mais de 10 mil habitantes. 
05 - Ibituruna - Oeste de Minas - Fundada em março de 1674
          Ibituruna (na foto acima de Marcelo Melo) significa "Serra Negra" ou "Nuvem negra", é uma pequena cidade na Região Oeste de Minas, com 2.698 habitantes, segundo Censo do IBGE e está distante 220 km de Belo Horizonte. O município faz divisa com Bom Sucesso, Ijaci, Itumirim, Itutinga, Nazareno. Além de sua história, Ibituruna guarda relíquias dos tempos das bandeiras de Fernão Dias e do período colonial, como o Marco da Sesmaria, colocado pelo próprio Fernão Dias.
          A cidade foi a quinta povoação a surgir em Minas Gerais e a primeira povoação fundada no território mineiro pelo bandeirante paulista, Fernão Dias Paes Leme, em 1674. O bandeirante deixou São Paulo aos 66 anos, liderando um grupo de 40 homens brancos e 600 índios e mamelucos, Vieram em busca da lendária Sabarabuçu, uma serra, que acreditavam, ser toda formada por esmeraldas e da Vupabuçu, uma imaginária lagoa, que acreditavam existir em nosso território, toda abarrotada de pedras preciosas.
          Além de Ibituruna, Fernão Dias, desbravando o sertão mineiro, fundou em seguida, Piedade do Paraopeba, distrito de Brumadinho hoje, Roça Grande, distrito de Sabará, Quinta do Sumidouro, distrito de Pedro Leopoldo, onde viveu seus últimos dias, vindo a falecer em 1681. Seu corpo foi levado para São Paulo, por seu filho, onde está sepultado no Mosteiro de São Bento. Fernão Dias contribuiu para a formação de várias outros povoados em Minas Gerais, que deram origem a várias cidades hoje.
          Vale ressaltar que Ibituruna foi a primeira povoação fundada em Minas Gerais pelo bandeirante Fernão Dias e não é a primeira povoação de Minas Gerais. Antes da chegada do famoso bandeirante paulista, já existiam povoações em nosso território, como podem ver acima.
06 - Itamarandiba - Norte de Minas - Fundada em 1675
          O município do Vale do Jequitinhonha é uma dos mais antigos da região e um dos mais antigos de Minas Gerais, tendo sido elevado a distrito em 1840 e à cidade em 1862. (foto acima de Sérgio Mourão) Itamarandiba fica a 406 km de Belo Horizonte e faz divisa com os municípios de Aricanduva, Carbonita, Capelinha, Senador Modestino Gonçalves, Veredinha, Rio Vermelho, São Sebastião do Maranhão, Coluna, Frei Lagonegro , Felício dos Santos e São Pedro do Suaçuí. Itamarandiba conta atualmente com 33 mil habitantes. 
07 - 
Belo Vale - Vale do Paraopeba - Fundado em 1681
          Com a descoberta de ouro em suas terras, Belo Vale foi um dos primeiros núcleos populacionais de Minas Gerais, sendo formado a partir de 1681. (foto acima de Evaldo Itor Fernandes) Belo Vale fica distante 88 km de Belo Horizonte e faz divisa com os municípios de Congonhas, Ouro Preto, Moeda, Brumadinho, Bonfim, Piedade dos Gerais, Jeceaba. Belo Vale conta atualmente com 8.626 habitantes, segundo Censo do IBGE em 2022.
08 - Brejo do Amparo - Fundado em 1688
          Brejo do Amparo é hoje (na foto acima de Pingo Sales) distrito de Januária, no Norte de Minas. Foi o berço da ocupação do Norte-mineiro, sendo de grande importância histórica e cultural para Minas. No distrito, foi erguida pelos Jesuítas a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em 1688, tendo sido a segunda igreja construída em Minas Gerais.
09 - Catas Altas da Noruega e Raposos - Fundadas em 1690
10 - Congonhas - Região central - Fundada em 1691
11- Santa Luzia - fundada em 1692          
12 - Itaverava - Região Central e Lima Duarte (Zona da Mata) - Fundadas em 1694
13 - Mariana MG - Fundada em 1696     
14 - Curvelo MG. Região Central - Fundada em 1700
15 -  Catas Altas MG e Nova Era, Região Central - Fundada em 1703
16 - Prados (Campo das Vertentes) - Piranga (Zona da Mata) Santa 
Bárbara e Barão de Cocais (Região Central) - Fundadas em 1704, além de São João Del Rei que surgiu com formação de arraial entre 1701 e 1705.
17 - Conceição do Mato Dentro (Região Central Norte), Aiuruoca (Sul de Minas) e  Antônio Dias (Vale do Aço) - Fundadas em 1706
18 - Itabirito e Conselheiro Lafaiete - Região Central - Fundada em 1709
19 - Lamim e Rio Espera ( Zona da Mata)  - Fundadas em 1710
20 - Ouro Preto, Lagoa Dourada (Campo das Vertentes), Congonhas do Norte (Região Central Norte) - Fundadas em 1711
21 - Caeté (Grande BH), Diamantina (Jequitinhonha), Juiz de Fora (Zona da Mata), São Brás do Suaçuí e Entre Rios de Minas, Rio Piracicaba (Região Central) - Fundadas em 1713
22 - Caxambu - Sul de Minas e Serro - Jequitinhonha - Fundadas em 1714
23 - Pitangui - Centro Oeste de Minas, Baependi no Sul de Minas - Fundadas em 1715
24 - Contagem - Grande BH - Fundada em 1716
25 - Simão Pereira (Zonada Mata), Tiradentes (Campo das Vertentes - Fundadas em 1718
26 - Lavras (Campo das Vertentes), São Gonçalo do Rio Preto (Jequitinhonha) ,São Gonçalo do Rio Abaixo (Vale do Aço), Morro da Garça (Região Central) - Fundadas em 1720
27 - Nazareno (Campo das Vertentes), Conceição da Barra de Minas (Campo das Vertentes), Couto de Magalhães (Jequitinhonha) - Fundadas em 1725
28 - Bom Despacho (Centro Oeste de Minas), Minas Novas e 27 Chapada do Norte (Jequitinhonha) - Fundadas em 1730
29 - Bom Sucesso - Oeste de Minas - Fundada em 1736
30 - Senhora dos Remédios - Campo das Vertentes - Fundada em 1738
31 - Silvianópolis - Sul de Minas - Fundada em 1746
32 - Nova Lima - Grande BH - Fundada em 1748
33 - Resende Costa - Campo das Vertentes - Fundada em 1749
34 - Jacuí (Sul de Minas) Senhora do Porto (Vale do Rio Doce) e Dom Joaquim (Região Central) - Fundadas em 1750
35 - Guanhães - Vale do Rio Doce - Fundada em 1752
36 - Cristina - Sul de Minas - Fundada em 1774
37 - Rio Vermelho - Alto Jequitinhonha - Fundada em 1776
38 - Itapecerica - Oeste de Minas - Fundada em 1789
40 - Barbacena - Campo das Vertentes - Fundada em 1791
41 - Itutinga - Campo das Vertentes - Fundada em 1794
42 - Campanha (Sul de Minas) e Paracatu (Noroeste de Minas) - Fundadas em 1798

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