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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Praça Tiradentes em Ouro Preto em 1885 e hoje

(Por Arnaldo Silva) A Praça Tiradentes, em Ouro Preto, é uma das mais importantes praças de Minas Gerais. Foi palco de grandes acontecimentos da nossa história no período do Brasil Colônia e Imperial. Foi nesta Praça que em 1792 foi exposta a cabeça de Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira, onde Vila Rica, hoje Ouro Preto, foi palco da luta dos Inconfidentes contra os abusos da Coroa Portuguesa e na luta pela independência do Brasil. (fotografia acima de Ane Souz)
          Atualmente é palco de grandes eventos culturais e atividades cívicas e militares de importância para Minas Gerais, como a entrega da Medalha da Inconfidência, criada em 1952 pelo então Governador Juscelino Kubistchek.(foto acima de Sônia Fraga) Essa medalha é uma honraria especial entregue a personalidades nacionais que prestam relevantes serviços à sociedade. A Medalha da Inconfidência Mineira é um evento que acontece todos os anos na Praça Tiradentes, com a presença de diversas autoridades civis, militares, eclesiásticas e políticas de Minas Gerais e do Brasil.
          O nome da praça passou a ser Praça Tiradentes apenas em 1894, quando foi instalado em seu centro o Monumento em homenagem a Tiradentes. Até o século XIX, o lugar era conhecido como Morro de Santa Quitéria. Vila Rica teve seu início de povoamento no que é hoje o Morro de São João (na foto acima de Ane Souz), onde se encontra a Capela de São João, se não é a mais antiga de Ouro Preto, foi uma das primeiras capelas erguidas na cidade, no início do século XVII. Pra quem não sabe, Ouro Preto não teve início onde é hoje o seu Centro Histórico, como muita gente pensa e sim no Morro de São João. As primeiras construções na antiga Vila Rica foram no Morro São João, com construções mais simples.
          Somente após crescimento da exploração do ouro e enriquecimento de boa parte da população, a cidade foi se expandindo para o Morro de Santa Quitéria, com novas construções, incentivadas pela construção do Palácio dos Governadores, iniciada em 1741 e concluída em 1748.(a imagem acima, sem autoria identificada, mostra a praça em 1885) Atualmente o local sedia o Museu de Mineralogia. A partir de 1750, com a construção de casarões, como a casa de Dom Manoel de Portugal e Castro, o último Governador da Capitania de Minas Gerais e outros casarões imponentes em seu entorno, deu-se início a formação do conjunto arquitetônico do que é hoje a Praça Tiradentes. 
          Outra construção que deu características à praça foi à Casa da Câmara e Cadeia, inaugurada em 1784, hoje, Museu da Inconfidência Mineira. (acima, tela do artista plástico José Rosário, retratando fielmente a Praça Tiradentes em 1885) Com prédios de grande importância social, o casario de Vila Rica foi se expandindo pelos arredores, com abertura de novas ruas, construção de igrejas e casarões, formando o que é atualmente o Centro Histórico de Ouro Preto.
          Após a Independência do Brasil, em 1822, o local passou a se chamar Praça Independência, nome que permaneceu até sua mudança para Praça Tiradentes. Hoje a Praça Tiradentes preserva praticamente quase toda sua formação original, como pode ser ver nas imagens atuais e antigas, destacando o Museu da Inconfidência e o Museu de Mineralogia, construções importantes do período colonial, bem como todo o seus imponentes casarões.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

As 10 maiores cidades do Vale do Jequitinhonha

O Vale do Jequitinhonha, formado por 55 municípios que guardam traços da cultura portuguesa, indígena e negra, sendo uma das mais ricas regiões culturais de Minas. Conhecida mundialmente por seu valiosos artesanato em cerâmica, tem o privilégio de ser banhada pelo Rio Jequitinhonha e contar com impressionantes afloramentos rochosos, que fazem da região única em Minas Gerais. 
          Conheça as 10 maiores cidades do Vale do Jequitinhonha,
em número de habitantes, segundo dados do Censo do IBGE de 2022.
 
1ª - Diamantina
          Sua população segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2022, é de 47.702 habitantes. É a terra natal do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira, onde viveu Francisca da Silva de Oliveira, a Chica da Silva, esposa do Contratador de Diamantes, João Fernandes de Oliveira. Está a 292 km de Belo Horizonte.(fotografia de Nacip Gomêz)
2ª - Almenara
          Sua população, de acordo com a estimativa realizada pelo IBGE em 2022 é de 40.364 habitantes. Está a 744 km de Belo Horizonte. (fotografia acima de Thelmo Lins)
3ª - Capelinha
          Sua população em 2022 é de 39.624 habitantes, segundo o IBGE. Capelinha está a 437 km de Belo Horizonte, no Vale do Jequitinhonha. (foto acima de Elvira Nascimento)
4ª - Araçuaí
          Sua população estimada pelo IBGE em 2022 é de 34.297 habitantes, distante 678 km da capital mineira, Belo Horizonte. (fotografia de Elpídio Justino de Andrade)
5ª - Itamarandiba

          Sua população, de acordo com estimativa do IBGE, era de 32.948 habitantes em julho de 2022. Está a 406 km de Belo Horizonte.(fotografia de Sérgio Mourão/Encantos de Minas)
6ª - 
Novo Cruzeiro
          Sua população estimada pelo IBGE, em julho de 2022, é de 26.975 habitantes. Distante da capital a 494 km, famosa por realizar uma dos mais importantes festivais de Cachaça no Estado e por sua grande importância histórica para a região, guardando relíquias do patrimônio da antiga Ferrovia Bahia-Minas.(foto de Sérgio Mourão/Encantos de Minas)
7ª - Pedra Azul
          Sua população em 2022 está estimada em 24.410 habitantes, pelo IBGE. Distante 720 km de Belo Horizonte, Pedra Azul é uma cidade histórica, com sua arquitetura Barroca do final do século XIX e principalmente eclética, erguidos no início do século XX. (fotografia da Andréia Lima)
 - Minas Novas
          De acordo com o censo realizado pelo IBGE em 2022, sua população é de 24.405 habitantes. Minas Novas tem o 8º maior PIB do Jequitinhonha, com um grande potencial de desenvolvimento. Está a 500 km de Belo Horizonte.(fotografia de Sérgio Mourão/Encantos de Minas)
9ª - Jequitinhonha
          Sua população estimada em 2022 é de 24.002 habitantes, pelo IBGE.O topônimo "Jequitinhonha" é de origem indígena e tem o significado de "rio largo e cheio de peixes". Fica a 690 km de Belo Horizonte.(foto acima do José Ronaldo)
10ª - Caraí
          Sua população, segundo o IBGE em 2022 é de 19.548 habitantes. A charmosa e atraente cidade de Caraí está a 536 km de Belo Horizonte. (fotografia acima de Sérgio Mourão/Encantos de Minas)

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Conheça Santa Maria do Salto

 (Por Arnaldo Silva) Com cerca de 4.755 habitantes, segundo Censo do IBGE em 20022, Santa Maria do Salto é uma tranquila, charmosa e atraente cidade no Vale do Jequitinhonha, distante 827 km de Belo Horizonte. O município faz divisa com Jacinto, Salto da Divisa, Santo Antônio do Jacinto e Itagimirim (BA) 
          Sua história começa nas primeiras décadas do século XX com a chegada na região de Joaquim Cabral, um lavrador que deixou sua cidade natal, Ituassú, na Bahia, em busca de terras férteis e trabalho. Na região foi o pioneiro, desbravando as matas virgens, construindo uma pequena casinha de taipa, no meio da mata, trabalhando na exploração de madeira e cultivo de lavouras. Com muito esforço, seu trabalho prosperou, formou família e vendia sua produção nas redondezas em lombos de burros, por isso recebeu o apelido de “Zé Tropeiro”. (foto acima enviada pela nossa amiga Márcia Porto - In Memoriam)
          A prosperidade da família do atraiu outras pessoas para a região, que vieram em busca de dias melhores. Por volta de 1936 e já em idade avançada, não querendo vender toda sua terra, decidiu vender apenas uma parte de sua área para a formação de um povoado. 
         Um ano depois, várias casas estavam sendo erguidas e o povoado começou a crescer. Além da família de seu fundador, Joaquim Cabral, o arraial teve como pioneiros as famílias de Jesuíno Gil, Cármino José de Souza, Ferraz de Brito, Gonçalves Viana, Antônio Rocha, Abdias Ruas, Costa Gomes, Almeida Campos, Rodrigues Soares e Alves de Souza. Pouco tempo depois era erguida uma singela capela.
          Com o crescimento do arraial, a capela estava pequena para os fiéis, tendo sido demolida e construída outra no lugar, maior, mais espaçosa e mais confortável, dedicada à Nossa Senhora da Imaculada Conceição. (foto acima e abaixo enviadas pela Márcia Porto)
          O arraial se desenvolvia com abertura de novas ruas, surgimento de novas casas, havendo a necessidade de uma escola, que foi instalada em 1938, sendo sua primeira professora, Dona Julieta Costa Gomes, que contou com a ajuda e apoio de algumas professoras como Odete Porto, Anísia Silva Cabral e Maria Rodrigues.
          O povoado passou a se chamar Santa Maria, em homenagem à esposa do fundador, que chamava Maria. O arraial, inicialmente vinculado ao município de Almenara, passou a pertencer ao município de Jacinto e por fim, a Salto da Divisa, tendo sido acrescentado a palavra Salto ao nome do povoado, ficando Santa Maria do Salto.
          Em 30 de dezembro de 1962, o povoado foi elevado a Vila e a categoria de cidade, sendo o município instalado como independente e emancipado em 1 de março de 1963. (foto enviada por Márcia Porto)
          Hoje Santa Maria do Salto continua com ares de cidade tipicamente interiorana, mineira e tradicional. A economia da cidade continua tendo como base a agricultura, monocultura, pecuária, produtos artesanais como queijos e doces, com um pequeno, mas diversificado comércio na área urbana.
          A cidade se destaca pela beleza e charme da Praça Aurelina Mota Santos, uma das mais belas praças de Minas Gerais, com jardins e árvores bem cuidadas. (foto acima de Davi Porto e abaixo, da Márcia Porto, a simplicidade do interior da Matriz)
          A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em frente à praça é um dos marcos da fé do povo santa-mariense, tendo ao fundo a Pedra do Elefante. Além do belo templo católico, em Santa Maria do Salto encontra a Igreja Assembleia de Deus e Congregação Cristã no Brasil.
          O município é praticamente plano, com uma altitude de 167 metros, estando a 19 km da margem direita do Rio Jequitinhonha, sendo banhado pelo Córrego da Areia. (foto acima de Márcia Porto)
           Como a maioria dos municípios da região do Jequitinhonha e Mucuri, Santa Maria do Salto é rodeada por enormes afloramentos rochosos, tornando incrivelmente bela e impactante, sua paisagem. (foto acima de Davi Porto) A cidade nasceu aos pés de uma dessas pedras, compondo um cenário urbano e ao mesmo tempo natural, é única, fazendo da cidade uma das mais atraentes de Minas Gerias, pela singularidade dos afloramentos rochosos, pela beleza de sua praça e simplicidade de sua igreja, seu charmoso casario ao redor e a simplicidade e hospitalidade de seu povo.
(Fonte das informações: Site da Prefeitura Municipal e IBGE com fotos enviadas  por Márcia Porto)

domingo, 20 de novembro de 2016

Ser mineiro, lembranças e saudades

(Por Arnaldo Silva) Ser mineiro é eternizar emoções! Olho em meu redor, vejo minha casa, uma casa bonita que conquistei com muito esforço e que me dá todo o conforto e as facilidades que a modernidade me oferece. Abro o portão, vejo o asfalto, casas, praças, prédios, carros, gente apressada. Paro e volto para dentro de mim, revivendo emoções de tempos atrás.
          A vida era difícil naqueles tempos. O trabalho era pesado, no braço. As dificuldades eram muitas, mas as famílias eram unidas, as brincadeiras eram sadias, a vida era saudável. As ruas eram cheias de vidas e as praças, lugar de encontro de casais enamorados. (foto acima de Gilberto Coimbra, o Porto Velho Rock Bar em Almenara MG)

          Sento à beira da calçada, com os pés na sarjeta do asfalto e minha mente retrocedendo no tempo. Lembrei de uma frase que meu avô dizia: “Ser mineiro filho, é falar pouco e ouvir muito”. Incorporei esse conselho à minha vida.
Ser mineiro é saber falar Uai e na medida certa, expressar em apenas 3 vogais, desconfiança, confiança, alegria, raiva, tristeza, dúvidas, susto, medo, amor e saudades.
          Uai sô, que saudades! Que lembranças dividirei com vocês!
          Saudade de um tempo onde as ruas não tinham asfalto e nem sabíamos o que era isso.
          Não havia muros de concreto que dividiam casas e famílias. Apenas cercas baixas, feitas com bambu, apenas para proteger da entrada de animais. 
          As casas não tinham cadeados, nem chaves. As portas e janelas, eram feitas de madeiras rústicas, não tinham chaves, apenas uma tramela. Podíamos viajar, ficar dias fora e deixar a casa assim, apenas trancada com simples trincos e tramelas. Íamos tranquilos, sem nenhuma preocupação. (foto acima de Fernando Campanella)
          Ser mineiro é se preparar para visitar os amigos. 
          Lembro bem. A mãe nos vestia com a melhor roupa que tínhamos. Naqueles tempos, nossas roupas eram feitas com panos de saco de arroz, na roda de fiar. (como esta, na foto do Saulo Guglielmelli) Minha mãe aprendeu com minha avó, que aprendeu com a minha bisavó. E éramos bem vestidos.
          Fazer visitas a um parente, um compadre ou comadre, principalmente quando alguém adoecia, era obrigatório. Íamos todos juntos, em família e levávamos presentes. Um bolo, uma rosca, um doce, uma cuia de cuité. Ofertávamos o melhor que tínhamos.
          Íamos ainda sem avisar. Se fosse perto, íamos a pé e se fosse longe, íamos de charrete. Era uma alegria tremenda pelo caminho.  
          Chegávamos antes do almoço e só íamos embora no fim da tarde. Éramos bem recebidos, com alegria e abraços. Era uma alegria, uma ternura e um afeto sincero dos que recebiam visitas e dos que visitavam. 
          A gente só ouvia: “não repara nada não viu?”. “Entra, senta que a casa é sua”. (acima, a tela do artista plástico mineiro Alfredo Vieira, retrata bem o interior de uma saudosa casa mineira)
          Receber visitas era um dos melhores momentos das famílias. Sempre ficávamos felizes quando recebíamos visitas e quando iam embora, deixavam um vazio. E mesmo eu sendo criança, sentia a alegria de todos da casa em nos receber. Era um momento de abraços, de amizade, e de colocar os assuntos em dia.
          Ser mineiro é falar com alegria da última reza do terço. Do batizado que teve na comunidade. Da colheita na roça e do porco na engorda. É falar da última visita à Aparecida. É relembrar os momentos de fé e alegria nas comitivas que cortavam o nosso sertão, levando e buscando gado. (foto abaixo de Arnaldo Silva)
          Ser mineiro é dividir a alegria do dia-a-dia com todos da comunidade.
          Ser mineiro é receber bem as visitas, tomar bênção dos pais, tios, tias, avós e padrinhos.
          Ser mineiro é respeitar e obedecer aos mais velhos, aprendi isso desde menino. A começar pelo irmão mais velho. Era o mais respeitado da casa, depois dos pais.
          E claro, ser mineiro é logo convidar as visitas para irem para o melhor lugar da casa: a cozinha.
          Todos ficavam à beira do fogão, com a fumaça subindo pela chaminé, enquanto sobre o fogão, uma tábua pendurada e sobre a tábua, linguiças e queijos, defumando na fumaça. 
          Enquanto a chaleira esquentava a água para o café, a prosa era divertida e sempre alguém contava uns “causos” interessantes, que prendiam nossa atenção. 
          A mãe tirava da sacola o que tinha trazido e colocava tudo na mesa. A dona da casa, pegava queijos, biscoitos, broas, bolos, leite fervido, ainda com a nata, juntava tudo e a gente comia à vontade. Era um banquete! A mesa era farta. (foto acima de Saulo Guglielmelli na Fazenda Campo Grande em Passa Tempo MG)
          Ser mineiro é não ter miséria na mesa.
          Ser mineiro é dar o melhor que existe na casa, para as visitas comerem.
          Era tão bom a casa cheia de gente, cheia de prosa boa, de comida boa e muito café.
          Ser mineiro é te chamar para tomar um cafezinho, mas não pense que é um cafezinho apenas. Vai tomar é o bule inteiro e ainda vai passa mais café, além de comer biscoitos, queijos, broas e brevidades. Isso não falta em cozinha de mineiro. (foto acima de Chico do Vale de Viçosa MG)
          Ser mineiro é nunca recusar uma boa prosa e muito menos queijo, broas e biscoitos e claro, café. Pode até recusar uma cachacinha, mas recusar tomar café em casa de mineiro, é uma afronta!
          Queríamos que não acabasse, que aquele momento de alegria entre vizinhos, amigos ou compadres e comadres fossem para sempre. Doces momentos da simplicidade da vida, que ficam eternamente marcados em nossa alma. 
          Enquanto os adultos proseavam, as crianças brincavam. As meninas iam para o pomar e pegavam espigas de milho e brincavam de fazer boneca e depois pegavam os cabelos da espiga, colocavam em um pano, amarravam e brincavam de queimada. Os meninos faziam cata-vento e davam voltas em redor da casa. Brincávamos de esconde-esconde, de pegador. (tela acima do artista plástico Márcio Luiz)
          Na hora de ir embora, era a parte mais triste do dia. A dona da casa nos dava mais coisas para levar. Era queijo, carne na lata, linguiça, doces, biscoitos, bolos e até farofa de carne desfiada com banana da terra. O pouco que a gente levava, trazia em dobro. Era sempre assim.
          Ser mineiro é se entristecer com a partida e abençoar na despedida.
          Sempre ouvíamos um “vai com Deus”, “que nossa Senhora te acompanhe”, “que Deus proteja vocês” e retribuíamos com mais bênçãos.
          Meu pai e minha mãe faziam questão de convidar a família para nos visitar também. E iam sim, eram recebidos da mesma forma, com muita alegria, e simplicidade. Traziam coisas e levavam também. A amizade era recíproca. O prazer em receber visitas era um prazer mesmo, um imenso prazer e demonstravam isso.
          Quando íamos embora, a família que nos recebia ficava toda na porta da casa, acenando. Enquanto não saíamos da vista deles, não saiam da porta. Voltávamos para casa, cansados de tanto brincar e comer, mas era uma volta cheia de alegria. 
          Quando chegávamos em casa, tomávamos banho na bacia. Enquanto isso, meu pai gostava de ir no pomar, pegar cana, cortar e partir em gomos e dava pra gente, num prato. Dizia que a cana fazia a gente ficar forte. Nossa, que doce momento isso! Um ato simples, que nos alegrava. O doce sabor da cana é hoje, uma doce saudade desses tempos. (fotografia acima de Eliane Torino) 
          Não tinha energia elétrica. A luz que nos iluminava era a do sol e da lua. À noite, a nossa luz era a da lamparina, iluminava pouco, mas enchia nossos corações de luz. Era uma simplicidade de vida que emociona. (foto abaixo de Arnaldo Silva)
          Não tínhamos televisão em casa, apenas um velho rádio a pilha. Vivíamos em comunidade, todos eram amigos uns dos outros e todos se ajudavam. Se alguém passasse dificuldades, todos se uniam para ajudar.
          As crianças brincavam tranquilas, com brincadeiras sadias e brinquedos simples. Eram saudáveis, alegres e na mais humilde família, o amor se fazia presente.
          A gente ia para a horta, pegava chuchu e com alguns palitos, já fazíamos vaquinhas, bois, cavalos e brincávamos felizes. Fazíamos curralzinho com palitos. Reproduzíamos o mundo que vivíamos, em nossas brincadeiras.
          Eu adorava visitar as casas. Cada dia era uma novidade. Sempre fui muito atencioso e sempre prestava atenção em todos os detalhes.
          Ser mineiro é ser bem sabido, olhar com discrição e guardar as emoções vividas.
          São lembranças, que só quem viveu é que sabe. É um trem que nos marca para a vida toda. 
          Lembranças de quando vi pela primeira vez minha avó fazendo queijo. Lembro do pingo, descendo sobre a tábua rústica de jacarandá, na dispensa da casa (bem parecido com a da foto acima do Múcio Furtado em Ibiá MG). Eram as gotas do soro que escorriam. Delicadas e pacientes gotas que caiam, a cada espremida que minha avó dava na massa.
          Aquela criança, que ficava em silêncio, encostada à porta da dispensa, escura, com paredes de barro, tendo apenas as velhas bancadas de madeira bruta, já gastas pelos pingos e anos de uso, em silencia permanecia.
          Na dispensa, tinha ainda as fôrmas de queijos e também, várias latas cheias de carne, sacos de arroz, fubá, polvilho, farinha de mandioca, feijão e café, da última colheita. 
          Ficava a observar o ambiente colonial, quase que medieval. Era ali, nas mãos de minha avó, que estavam os segredos coloniais de nossa culinária, guardados na mente e lembranças, passados de mãe para filha, ao longo de gerações.
          Latões de leite, o coalho, a massa, o sal, o pano, as fôrmas de madeira, as cuias de cuité e o queijo sendo formado, enquanto pela tábua inclinada, o pingo descia. Pingo a pingo, formando o coalho para ser usado no dia seguinte. Era a perpetuação do sustento da família, o queijo de leite cru.
          Pingos de um doce momento de minha vida que ficaram para a eternidade.
          Essa criança foi feliz. Hoje, a felicidade ficou na lembrança.
          Quando cresci, voltei ao lugar que tanto fui feliz. A vida se foi, a alegria se foi. O povo se foi.
          Da comunidade, cheia de gente e de vida, nada existe mais. Da casa de minha avó e minha mãe, nada restou, o tempo levou. Eles se foram. Uns para a morada de Deus, outros, para a cidade grande, em busca de melhores condições de vida.
          Onde passava a alegria das famílias, passa boi.
          Pelos caminhos que íamos visitar os parentes, passa boi.
          Nos campos dourados de arrozais e imensos cafezais. Hoje tem capim pra boi.
          Do curral onde bebíamos leite cedinho, nada restou. As árvores do pomar, morreram. O riacho secou. A vida se foi.
          O homem que cuidava de sua família, hoje cuida do boi.
          O homem que plantava sua própria comida, planta comida pra boi. As cercas de bambu que protegiam as casas, não existem mais. Agora a cerca é de arame, para proteger o boi. 
          A vida se foi, ficou o boi. Eles se sentem os donos do lugar. São os donos hoje. (na foto acima, onde era um cafezal, hoje tem bois e vacas da raça guzerá, em Bom Despacho)
          Fui embora, deixei lá minhas emoções, alegrias, sonhos, brincadeiras. Ficou lá o boi.
          Ser mineiro é se emocionar com o tempo que se foi.
          Agora é hora de levantar da calçada, entrar para casa. Abrir o cadeado do portão, destrancar as portas e janelas com chaves, voltar para o mundo moderno.
          A rua fica fazia, as praças ficam vazias. As casas parecem túmulos, todas lacradas, muros altos, chaves e cadeados. Mas é a vida que vivemos hoje. (na foto abaixo, há mais 20 anos,  última visita que fizemos ao meu avô)
          Hora de voltar para o vazio da solidão da vida moderna.
          Não tem mais visitas, não tem mais famílias passando o dia na casa das outras, não tem mais compadre e nem comadre e nem as crianças pedindo bênçãos aos pais, avós, tios e padrinhos.
          Hoje tem a tecnologia, as conversas em família e entre amigos, estão na palma das mãos, pelo celular. Não tem mais abraços, afetos, contato, almoços de domingo, brincadeiras no quintal.
          O tempo passou, só me resta me conformar com a solidão, com a saudade, com a eternidade de momentos tão lindos, que nossos filhos hoje nunca viverão.
          Hoje tenho tudo na ponta dos dedos, só apertar botões, teclar, tudo rápido e fácil, mas os doces momentos de uma vida que tive, as lembranças das visitas em família, dos almoços de domingo, do café aquecido na chapa do fogão a lenha, do pão de queijo, das broas, dos biscoitos de polvilho frito, da carne na lata, do prato esmaltado, da brevidade, do queijo, isso, tecnologia nenhuma me dará.
          Posso mandar um abraço online para amigos, mas nunca será como dar um abraço real e caloroso em amigos e parentes, comadres e compadres.
          Posso te dar um oi, um olá, mas nunca sentirá a alegria de pegar na mão de seu pai, mãe, avó, avô, padrinho ou madrinha e pedir bênção e ouvir “Deus te abençoe meu filho”.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

3 cidades mineiras entre as melhores para viajar no Brasil

(Por Arnaldo Silva) A Trivago, atualmente o maior motor busca e comparador de preços de hotéis e periféricos do mundo, avaliou entre seus usuários os 10 melhores destinos para se viajar no Brasil, levando-se em conta o custo-benefício das viagens, preços de hotéis e na própria avaliação dos turistas. A pesquisa divulgada em 2016, apontou 3 cidades mineiras entre as 10 mais bem colocadas em todo o pais.
           A mais bem colocada de Minas foi Monte Verde, distrito de Camanducaia, no Sul de Minas, que ficou, em quarto lugar. Tiradentes no Campo das Vertentes ficou em sexto lugar e Ouro Preto a 96 km de Belo Horizonte, na sétima posição (na foto acima Ane Souz).
          Numa lista de 10 cidades de todo o país, ter 3 cidades mineiras no topo da lista da Trivago, é o reflexo do crescimento do turismo em toda Minas Gerais, que estamos percebendo ao longo dos últimos anos. (na foto acima de Matheus Freitas/@m.ffotografia, vista parcial de Tiradentes ena foto abaixo, de Ricardo Cozzo, Monte Verde MG)
          A avaliação positiva  dos usuários da Trivago reflete a satisfação dos turistas que vem à Minas, se hospedando em pousadas e hotéis, reconhecendo Minas Gerais como referência em hospitalidade e qualidade de sua rede hoteleira, principalmente, valorizando em si as cidades mineiras e o turismo no Estado. 
          A escolha das cidades foi baseada em pontuações que vai até 100 pontos. Quanto maior a pontuação, mais bem avaliada é a cidade. As que ficaram no topo da lista, com maiores pontuações, foram essas 10 abaixo, em ordem:
01. Bonito – Mato Grosso do Sul – 95,56 pontos
02. Porto Seguro – Bahia – 95,42 pontos
03. Morro de São Paulo – Bahia – 95,29
04. Monte Verde – Minas Gerais – 95,29
05. Ilha Bela – São Paulo – 94,94
06. Tiradentes – Minas Gerais – 94.94
07. Ouro Preto – Minas Gerais – 94.13
08. Jericoacoara – Ceará – 93.77
09. Paraty – Rio de Janeiro – 93,73
10. Caldas Novas – Goiás – 93,63

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Dicas para montar uma tábua de queijos e vinhos

(Por Arnaldo Silva) Que o queijo de Minas Gerais é o melhor do Brasil isso não é novidade para ninguém. O queijo corre nas veias do mineiro e está presente no nosso dia a dia. Comer um queijo mineiro é simples. Basta uma faca, cortar e pegar a caneca com café e pronto.
          Como tem gente que gosta de coisas mais finas, sofisticadas, com arranjos mais detalhados e degustar queijos, acompanhado de um bom vinho, o conhecimento das características de queijos e vinhos, torna-se primordial para uma harmonização perfeita. Isso porque existem no mundo diferentes tipos de queijos e diferentes tipos de vinhos. (fotografia acima de queijos da Fazenda Pavão na Serra do Salitre MG)
          No mundo queijeiro, existem 7 tipos de queijos diferentes: Brancos moles, Frescos curados, Temperados, Azuis, Duros, Semimoles e Frescos.
          Desses 7 tipos de queijos, originam-se centenas de outros queijos, de acordo com o país e região. Em Minas, são cerca de 50 queijos diferentes produzidos, dos sete tipos existentes. No mundo, são mais de 2 mil variedades de queijos. Já os vinhos, são 6 mil rótulos de vinhos existentes em todo o mundo.
          Com tanta diversidade, o grande erro é colocar em uma mesma mesa ou tábua, queijos e vinhos finos e suaves, com vários tipos de queijos, sem o mínimo de conhecimento das características de ambos. (fotografia acima dos queijos da Fazenda Pavão na Serra do Salitre MG)
          A harmonização errada de queijos e vinhos, reduz e até anula o sabor do vinho na degustação. Isso devido ao sabor forte e picante dos queijos, que se sobressairão ao sabor mais leve dos vinhos. O sabor dos vinhos passarão despercebidos pelo seu paladar, se a combinação não estiver correta.
Conhecer as características de queijos e vinhos
          Devido as características próprias de cada queijo, como região de origem, acidez, textura, sabor e tempo de maturação, conhecer as características é primordial para uma correta harmonização de cada tipo de queijo com vinhos e outras bebidas. (na foto acima Queijo Canastra Dinho de Piumhi MG, que harmonizei com vinho tinto seco espanhol, feito com uva Tempranillo)
          Além disso, o tipo de uva usada na fabricação de vinhos é um detalhe que nunca deve passar despercebido. O tipo de uva usada na fabricação de vinhos faz toda a diferença na cor, textura, sabor e harmonização dos vinhos com queijos.
          Essa diferença é o que possibilita preparar uma mesa ou tábua de queijos e vinhos variados, adequando cada vinho e cada queijo aos paladares.
Vinhos e queijos: a combinação perfeita!
 
          É certo e popular que queijo combina com café, doce de leite, goiabada, cachaça e cerveja. Mas com vinhos, a combinação é perfeita. Parece que um foi feito para o outro. Os dois estão sempre presentes em nossas mesas. (fotografia acima de Ricardo Cozzo em Monte Verde MG)
          A ideia de servir queijos com vinhos tem origem nas vinícolas francesas. Aliando a qualidade de seus queijos, com seus famosos vinhos, os franceses adotaram a estratégia de divulgar vinhos, harmonizando seus rótulos com seus queijos. "Para vender vinhos, sirva queijos", era o lema dos vinicultores franceses.
          A prática de harmonizar queijos com vinhos saiu das vinícolas francesas para as mesas familiares, reuniões, festas sociais e encontros de amigos de todo o mundo.
          Parafraseando os franceses, podemos dizer que "Ao comprar queijos, compre também vinhos".
Entendendo o mundo dos queijos e vinhos
 
          Queijo é um alimento vivo, formado por dezenas de centenas de bactérias benéficas. Essas bactérias não são as mesmas em todos os queijos, variam de país e região. Por isso, fazer um bom queijo, não basta receita, é necessário conhecimento desse minúsculo mundo vivo presente nos queijos. (na foto acima, queijo temperado da Fazenda Bela Vista em Alagoa MG)
          São as bactérias, fungos e ácaros, presentes na formação dos queijos, que definem as características de cada queijos.
          Cada região, bioma e país, tem sua flora bacteriana. Por exemplo, as bactérias presentes nos queijos franceses e holandeses, não são as mesmas presentes nos queijos Canastra e Serro MG.
          É esse mundo vivo que dá cor, vida, textura, sabor, amargor e acidez nos queijos. Fruto da ação de bactérias presentes nas suas regiões de origem. Por isso, queijos não são iguais, porque a flora bacteriana não é a mesma em todo lugar.
Tinto seco ou tinto suave?
          Os vinhos finos secos, pelo fato de terem no máximo 4% de açúcar, são os ideais na harmonização de queijos, por não interferirem no seu sabor, justamente pelo fato de não conterem açúcar. Com isso, a textura e sabor dos queijos ficam mais evidentes e de melhor apreciação. (fotografia acima Queijo Canastra Ponte Velhano de Medeiros MG/Divulgação)
Dicas de harmonização dos principais queijos com vinhos
Queijo Minas Frescal: Queijo leve, com baixo teor de gordura e sabor de leite fresco. Além de combinar com o sagrado café, harmoniza super bem com vinho seco branco, feito com uva Sauvignon Blanc.
Mozzarella, Parmesão e Provolone: Esses três queijos italianos são muito populares no Sul de Minas, onde são produzidos em diversas queijarias, além de muito consumido no Brasil. Estão presentes em várias receitas. (na foto acima do Marlon Arantes, o queijo tipo Parmesão de Aiuruoca MG)
          São queijos de texturas bem firme, casca amarela clara e massa densa. Tem em comum um sabor leve e mais neutro. Por isso se adaptam muito bem a diversos tipos de vinhos com maior teor alcoólico e tânico, principalmente vinhos tintos jovens. São ainda ótimos na harmonização com espumantes.
Queijo Meia Cura: Esse queijo tem esse nome quando passa do processo de fresco para a cura. Após sete dias, o queijo começa a curar. Após 30 dias, já é considerado, curado.
          No estado de Meia Cura, esse queijo tem o sabor mais intenso e picante. Além de ser o queijo mais indicado para se fazer pão de queijo, harmoniza muito bem com café, cachaça, cerveja e com vinhos tintos e brancos mais encorpados, como os feitos com uvas Malbec, Tannat Cabernet Sauvignon, Nebbiolo, Sangiovese, Cabernet Franc e Mourvèdre.
Queijo Camembert e Gruyère: O primeiro é francês e o segundo, tem origem nos Alpes, entre Suíça e França. São queijos finíssimos, apreciados em todo o mundo e que vem se popularizando muito no Brasil.
          O Camembert tem características bem definidas, sabor intenso, mas não é picante. Sua casca é aveluda e sua massa é mole, textura e picância bem leve e sabor bastante intenso. Harmoniza bem com vinhos brancos, feitos com uva Chardonnay e tintos leves, feitos com uvas Merlot e Pinot Noir.
          Já o Gruyère é muito usado nas receitas de fondue. Tanto a casca, quanto a massa, são duras e sua picância, intensa. Por ser um queijo bastante salgado, os vinhos tintos secos mais encorpados, são os mais indicados por proporcionar um maior equilíbrio no paladar.
Os vinhos brancos secos, feito com uvas Chardonnay são também indicados na harmonização com o Gruyère.
Queijos Azuis: Os queijos Azuis tem esse nome devido a formação de fungos, do gênero Pinicilium, que se formam em veios, em sua massa, na coloração azul. Nos queijos, esses fungos são benéficos, não fazem mal algum ao organismo humano, muito pelo contrário. Podem ser consumidos tranquilamente. Os queijos azuis tem produção mais elaborada. Sua massa é bem macia e quebradiça, sabor salgado e muito forte.
         Os queijos azuis mais populares no mundo são os franceses e os italianos, em especial o Gorgonzola e o Roquefort. Por serem bem picantes, os vinhos mais indicados são os licorosos.
Queijo Prato: Muito popular no Sul de Minas onde é produzido em várias cidades da Mantiqueira Mineira, como Aiuruoca, esse tipo de queijo tem um sabor suave devido sua consistência bem macia e massa bem densa e firme. Harmoniza com os vinhos leves e aromáticos, feitos com uvas Sauvignon Blanc.
Queijo de cabra, Ovelha e de búfala: Queijos feitos com leite de cabra, ovelha e de búfala vem se popularizando cada vez mais no Brasil. São ótimos para receitas feitas a base de carnes e saladas, bem como para os que tem intolerância ao leite de vaca.
          São queijos com menos teor de gordura, sabor mais leve, que os feitos de leite de vaca cru, coloração predominante branca e massa mais densa. Esses queijos possuem ainda mais acidez que o leite de vaca. Os vinhos que combinam com queijos de búfala, ovelha e cabra são vinhos brancos, feitos com uvas Chardonnay e Moscato.
Queijo Curado: São queijos que passam pelo processo de envelhecimento mais prolongado, entre 30 dias até 180 dias ou mais. Feito com leite cru, casca dura, coloração amarelada de leve para intensa, além da formação de mofos. (fotografia acima de Márcia Valle de Juiz de Fora MG)
          Sua massa é densa, dependendo do tempo de maturação é bastante dura, além do sabor ser levemente ácido e amargor mais forte.
          A melhor forma de aproveitar melhor o sabor desse tipo de queijo é lascando ou picotando, (como vê na foto acima do Queijo Canastra Dinho de Piumhi MG/Divulgação) e não cortando o queijo com uma faca. Lascando o queijo, preserva-se os cristais que vão se formando na medida do envelhecimento dos queijos. 
          Sãos os cristais que mantém o sabor intenso e apurado desse tipo de queijo na maturação. Sendo quebrado ou picotado, os cristais são preservados. Se cortados com faca, como é comum, os cristais se desligam, reduzindo o sabor apurado desses queijos. Sendo lascados, não, os cristais se preservam, bem como seu sabor.
          Os vinhos que melhor harmonizam com queijos curados são os tinto secos feitos com as uvas Sauvignon Blanc, pronuncia Sô-vi-nhôn Blón; Chardonnay, pronuncia Char-dô-nêe; Riesling, pronuncia Riz-lin; Pinot Noir, pronuncia Pi-nô Nuare; Malbec, pronuncia: Mal-béc; Merlot, pronuncia Merlô e Syrah, pronuncia sirrá e Gewürztramine, pronuncia Gevurztraminér.
Dicas de harmonização de queijos
          Saber harmonizar e preparar esses queijos em mesas ou tábuas simples, sejam em eventos sociais, comerciais e empresariais, requer queijos mais leves ou light. Para te ajudar nessa tarefa, vamos aprender amontar uma mesa de queijos. (fotografia acima do Queijo Canastra Dinho de Piumhi MG/Divulgação)
Variedades na mesa
          Você tem a opção de escolher alguns tipos de queijos mineiros como o Canastra, Araxá, Serro, da Serra do Salitre, do Triângulo Mineiro, de Alagoa, de Diamantina, o parmesão e o queijo prato de Aiuruoca, os queijos de Cruzília e o Cabacinha do Vale do Jequitinhonha. Esses são só alguns exemplos. É bom ter variedades na mesa ou na tábua.
          Os queijos menos calóricos são os mais brancos. Para uma tábua light, prefira queijos brancos em maior quantidade, mas não deixe de colocar os outros, para não ficar muito enjoativo.
Queijos de leite de ovelha, cabra e búfala
          Além do queijo de leite de vaca, tem também em Minas queijo de leite de búfala, de leite de cabra e queijo de leite de ovelha, com destaque para os queijos feitos na cidade de Soledade de Minas, na Serra da Mantiqueira, no Sul do Estado.
          Pioneira neste tipo de queijo, em Soledade de Minas, está o primeiro laticínio do Brasil a produzir queijo feito com leite de ovelha.
          Feito na Fábrica Val Di Fiemme, da Laticínio Alvorada em Soledade de Minas, é um queijo de leite ovelha fino, de alta qualidade e valor nutricional, comparado aos tradicionais queijos de leite de ovelha da Serra da Estrela, em Portugal.
          Tanto o queijo de ovelha, como os de cabra e búfala, são queijos deliciosos, leves, saudáveis e devem estar presentes em tábuas de queijos.
Porção certa por pessoa
          Segundo cálculos de donos de buffets, cada pessoa consome em média num evento, 20 gramas de queijos, desde que haja outras opções de comida. Se os queijos forem o prato principal ou o único, como em eventos de degustação de queijos, aí é diferente. Teria que ser 80 gramas por pessoa.
Tipo de madeira para da mesa
          A madeira dá um charme a mais a uma tábua ou mesa com queijos. Se for colocar queijos em tábuas ou mesa de madeira, não use as feitas em madeira de pinho ou eucalipto. Isso porque o cheiro desse tipo de madeira vai interferir no sabor dos queijos. As de pedras pode usar tranquilamente.(na foto acima harmonização de queijos, embutidos, com frutas e pães da Feito em Casa - Pães Artesanais/@feitoemcasa.paesartesanais em São Sebastião do Paraíso MG)
          Se for escolher uma tábua para montar queijos, é importante saber que as tábuas não devem estar em geladeira. Isso porque, frias ou geladas, mudam o sabor dos queijos. 
Não coloque queijos duros na geladeira
          Somente os queijos frescos (brancos moles com menos de 7 dias) podem estar na geladeira, os meia cura e curados não. Queijos duros em geladeira perdem todo o seu processo de maturação natural. Na geladeira, o sabor, textura, cor e firmeza da massa são modificados.
          A melhor forma de armazenar queijos e preservar sua qualidade, sabor e originalidade, é armazená-los em queijeiras com telas, em temperatura ambiente.
Finalizando a mesa ou a tábua de queijos
          Por fim, harmonize sua tábua com frutas de época, azeitonas, tomates secos, geleias, embutidos, castanhas, passas e azeite de oliva ou de abacate. Dependendo do tipo de evento, doces também são indicados. (fotografia acima acervo de @queijodalagoamg/Divulgação)
          Assim como queijos e vinhos, você não deve colocar todos numa mesa, senão confunde. Melhor ir intercalando com no máximo dois tipos de queijos, harmonizados com seus respectivos vinhos. Frutas, embutidos, azeite, azeitonas etc., pode ser à vontade.
          Para melhor aproveitamento da degustação deixe disponível na mesa água, torradas e pães de sal. Esses 3 itens, "limpam" o paladar, facilitando melhor aproveitamento da degustação de queijos e vinhos.
          Agora é só as seis dicas em prática.

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