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sexta-feira, 6 de maio de 2016

Cachoeira dos Cristais e do Sentinela em Diamantina

(Por Arnaldo Silva) Uma das mais belas cachoeiras de Minas Gerais, a Cachoeira dos Cristais, em Diamantina MG, Vale do Jequitinhonha está inserida na área do Parque Estadual do Biribiri. A cachoeira fica apenas 12 km da portaria principal, do parque, que está sob responsabilidade do Instituto Estadual de Florestas (IEF/MG). (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          Suas águas limpas, geladas e cristalinas, descem em pequenas quedas, formando poços paradisíacos, rodeado por paisagens rupestres características da região. São apenas seis metros de queda, num lugar calmo, tranquilo, natural e preservado. Ótimo para um convívio e contato pelo com a natureza. (foto acima de Edison Zanatto)
Como chegar à Cachoeira dos Cristais?
          Partindo de Diamantina, você deve seguir em direção ao Parque Estadual do Biribiri, no km 587 da MG – 367. (fotografia acima de Manoel Freitas)
A Cachoeira do Sentinela
          A cachoeira do Sentinela esta situada próximo à Vila de Biribiri, em Diamantina MG e está inserida na área do Parque Estadual do Biribiri, distante apenas 6 km da portaria do Parque. (fotografia acima de Giselle Oliveira)
          Lugar de fácil acesso, com estrada de terra bem conservada e belezas naturais espetaculares ao longo do percurso como matas nativas, formações rochosas e belíssimos campos rupestres.
          Suas quedas, em sequências, formam um belos poços de águas cristalinas, limpas e bem geladas. É uma opção ótima para longos e relaxantes banhos.

Conheça a Cachoeira da Casca D´anta

(Por Arnaldo Silva) A Casca D’ Anta está entre as maiores e mais belas cachoeiras do Brasil. São 186 metros de queda livre. As águas do Rio São Francisco, que nasce um pouco acima da boca da cachoeira, despencam sobre um leito de pedras e segue seu percurso. É uma das maiores atrações de Minas Gerais e o lugar mais visitado na Serra da Canastra. É imperdível! A Cascadanta é um espetáculo!
          
 Devido a força da água e pelas formações rochosas do entorno, o poço principal não é recomendado para banho, mas mesmo assim é um privilégio estar aos pés das águas do mais importante rio brasileiro, o nosso Rio São Francisco que nasce em São Roque de Minas, a 350 km de Belo Horizonte.
Como chegar na Cachoeira Casca D’Anta
          O acesso à cachoeira é feito pela portaria 4 do Parque Nacional (única da parte baixa do parque), localizada em São José do Barreiro, distrito de São Roque de Minas. (Fotografia acima  de John Brandão - In Memoriam)
          Ônibus, vans e carros não podem entrar, tem que ficar no estacionamento. Da portaria até a cachoeira são cerca de 2 km de caminhada por uma trilha de mata nativa do Cerrado. 
          É recomentado visitar a parte alta da cachoeira, como podem ver acima na foto. Nesse caso, o acesso é pela Portaria I, em São Roque de Minas. Da cidade, até a portaria e da portaria, até a parte alta que vê na foto acima, são 38 km. É uma vista incrível e ainda você pode conhecer a nascente do Rio São Francisco, que está nesta área. 
          Da nascente até a foz, as águas que nascem em Minas, atravessam 5 estados, percorrendo um total de 2.700 km até desaguar no mar.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

A história de Chica da Silva

(Por Arnaldo Silva) Mulher de fibra, de personalidade forte, corajosa e mitológica. Deixou sua história e legado em Minas Gerais. Estamos falando de Francisca da Silva de Oliveira, ou como é mais conhecida, Chica da Silva. Nasceu escrava, em 1732, numa fazenda em Milho Verde, distrito do Serro MG, tendo sido batizada na mesma localidade na Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres. Conseguiu sua alforria, foi mulher do contratador de diamantes, João Fernandes de Oliveira, com quem viveu 15 anos e teve 13 filhos. Faleceu em 15 de fevereiro de 1796 aos 64 anos. (na foto acima de Fernando Campanella, tela de Marcial Ávila, retratando Chica da Silva exposto na sala da casa onde a ex-escrava viveu em Diamantina MG, hoje museu)
O contratador de diamantes
          João Fernandes de Oliveira nasceu em Mariana em 1720. Filho de portugueses, seu pai, era contratador de diamantes desde 1740, e deu seu nome completo ao filho. João Fernandes foi para Portugal ainda jovem estudar. Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e nomeado desembargador do Paço em 1752. 
          A partir de 1740, somente podiam explorar pedras preciosas na Colônia quem tivesse contrato com a Coroa Portuguesa, sendo restrito a atividade somente a quem tivesse esse contrato. Quem tinha o privilégio de ter o contrato com a Coroa Portuguesa, era chamado de contratador. Explorar diamantes ou ouro sem contrato com a Coroa, era considerado crime e geralmente as penas eram severas. (na foto de Fernando Campanella, sacada da casa em que viveu Chica da Silva em Diamantina MG, antigo Arraial do Tejuco)
          João Fernandes era culto, formado nas melhores faculdades de Portugal, muito inteligente e de inteira confiança do Rei. Coube a João Fernandes de Oliveira a missão de voltar ao Brasil entre 1753 e 1754, para gerir uma das maiores riquezas da Coroa, as minas de diamantes do Arraial do Tejuco, hoje Diamantina MG.
Retorno a Portugal
          Em 1770, com o encerramento de seu contrato com a Coroa e pressão da sociedade na época, João Fernandes voltou para Portugal, além de ter que resolver questões referentes a herança deixada por seu pai nesse país. Ficou em Portugal até os últimos dias de sua vida, vindo a falecer em Lisboa, no ano de 1779, aos 59 anos. (na foto acima de Raul Moura, a Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres erguida no século 18 em Milho Verde, distrito do Serro MG, onde Chica da Silva foi batizada)
A origem de Chica da Silva
          
Chica e o contratador foram dois personagens marcantes na história de Minas e principalmente de Diamantina. Uma história de riqueza, amor, poder, preconceito e superação. (na foto abaixo de Giselle Oliveira, o antigo Arraial do Tejuco, hoje Diamantina)
          Chica da Silva era filha de Maria da Costa, nascida na África, na região da Costa da Mina, região hoje formada pela Nigéria e Benim. Foi trazida para o Brasil ainda criança, por volta de 1720. Por isso foi acrescentado o sobrenome “da costa” ao da mãe de Chica. 
          Ao chegar ao Brasil, foi vendida e trazida para Milho Verde, sendo escrava de Domingos da Costa, homem negro e forro.
          Sobre o pai de Chica, pouco se sabe. Era homem branco de origem portuguesa, nascido e batizado no Rio de Janeiro, vindo para Minas, gozava de influência nas vilas de Bocaina, Três Cruzes e Itatiaia, na época, pertencentes a Vila Rica, hoje Ouro Preto.
O sobrenome Silva 
          Chica herdou a condição de escrava de sua mãe, numa época em que os escravos que nasciam na Colônia não tinham sobrenomes. Os que foram trazidos da África, recebia nomes portugueses, normalmente Francisco, José, Maria e Francisca, com os sobrenomes nos países ou regiões de origem. 
          Os que nasciam na Colônia recebiam nomes de acordo com seu grupo étnico de origem ou cor da pele, no caso de Chica, foi registrada como “Francisca mulata” ou “Francisca parda”. Em 1754, quando Chica tinha 22 anos, conquistou sua alforria. Seu nome como forra, passou a ser, “Francisca da Silva, parda forra”. Silva era um sobrenome comum entre os forros, embora seja um sobrenome português, de linhagem nobre, na Colônia era um sobrenome de pessoas sem procedência ou origem definida.
Primeira gravidez e alforria
          Antes de ser alforriada, Chica era escrava do minerador e médico português Manuel Pires Sardinha, que vivia no Arraial do Tejuco. Foi com Manuel Pires que Chica engravidou pela primeira vez, em 1751. 
          Embora não tenha reconhecido em cartório a paternidade, Manuel Pires batizou a criança com o nome de Simão Pires Sardinha, em homenagem ao Capitão dos Dragões do Distrito Diamantino, Simão da Cunha Pereira, que foi padrinho de batismo de seu filho, bem como deu-lhe alforria, colocando-o ainda como um de seus herdeiros em seu testamento e investindo em sua educação, mandando-o para Portugal, onde estudou e ocupou cargos importantes na Corte Portuguesa.
Amor à primeira vista
          Quem alforriou Chica da Silva foi João Fernandes de Oliveira. Assim que chegou ao Arraial do Tejuco, como o novo contratador de diamantes, conheceu Chica, em uma de suas visitas aos nobres do Arraial. João Fernandes, viu Chica e se encantou. Foi amor à primeira vista, literalmente, entre os dois.
          Fez oferta de compra de Chica, o que não foi recusado por seu senhor, que não teve como recusar um pedido de um dos homens mais influentes na Corte Portuguesa.
          Chica foi logo alforriada e passou a viver com João Fernandes como sua mulher. Com o nascimento de sua primeira filha, passou a adotar o nome de Francisca da Silva de Oliveira, mesmo não sendo casada formalmente com João Fernandes e nem podia porque as leis da época proibiam uniões entre brancos e negros.
Chica, João Fernandes e seus 13 filhos
          Nos 15 anos de união conjugal estável, o casal teve 13 filhos: Francisca de Paula (1755); João Fernandes (1756); Rita (1757); Joaquim (1759); Antônio Caetano (1761); Ana (1762); Helena (1763); Luiza (1764); Antônia (1765); Maria (1766); Quitéria Rita (1767); Mariana (1769); José Agostinho Fernandes (1770). Com o filho que teve com o médico Manuel Pires Sardinha, Chica teve ao todo 14 filhos.
          Nessa época, os filhos de homens brancos com escravas ou forras não eram registrados ou se tinham registros, era sem o nome do pai. 
          João Fernandes fez questão de colocar o seu nome na certidão de registros de seus filhos com Chica da Silva e foi além disso. Nunca escondeu seu amor por Chica da Silva e fazia questão de tornar sua relação pública perante todos, sem se incomodar com os julgamentos e preconceitos existentes na sociedade na época. Defendia sua mulher contra as investidas e preconceitos da sociedade.
A separação de Chica e João Fernandes
          O casal se separou em 1770, quando João Fernandes teve que voltar a Portugal. Com João Fernandes, partiu com ele seus 4 filhos homens, que estudaram nas melhores universidades do país, formando famílias e ocupando postos importantes na Coroa Portuguesa, recebendo ainda títulos de nobreza. (na foto acima de Alexsandra Almeida, os fundos da casa em que viveu Chica e João Fernandes, hoje museu Chica da Silva em Diamantina)
          João Fernandes de Oliveira deixou muitas propriedades para sua mulher, que garantiu a ela e as 9 filhas que ficaram, uma vida tranquila e confortável, estudando no melhor educandário da nobreza da época, o Mosteiro de Macaúbas em Santa Luzia MG, a 40 km de Belo Horizonte. 
          Do mosteiro algumas de suas filhas saíram para se casar e algumas seguiram a vida religiosa. Nessa época, as filhas da fidalguia tinham como opção casarem ou se tornarem religiosas.
Mãe zelosa 
          Chica se esforçou para conseguir bons casamentos para suas filhas, com homens portugueses. As que optaram por seguir a vida religiosa, teve o respeito e apoio de Chica, já que na época, eram as únicas alternativas para as moças honradas de família.
          Buscava ao máximo proteger seus filhos e filhas do preconceito social. Na época, famílias formadas por brancos e negros não eram bem vistas pela sociedade branca e escravocrata do Brasil Colônia.
Prestigio e influência
          Mesmo não sendo casada formalmente com João Fernandes, Chica gozava na época de prestigio e respeito por ser a mulher do contratador, vivendo uma vida restrita às fidalgas brancas. Possuía escravos que cuidavam de sua casa e propriedades, frequentava eventos sociais e irmandades. (na foto acima de Elvira Nascimento, a casa de Chica da Silva, ao fundo, em Diamantina, hoje Museu Chica da Silva)
          Irmandades ou confrarias eram união de pessoas com objetivos comuns. As irmandades mais importantes da época eram as religiosas, que construíam e mantinha igrejas. Por sua condição social e poderio financeiro, Chica era aceita e tinha fácil trânsito entre as irmandades tanto de brancos, quanto de negros. Colaborava com doações vultosas e pertencia às Irmandades de São Francisco e do Carmo, formada por brancos e das irmandades das Mercês composta por mulatos e a do Rosário, somente por negros.
          Mesmo após a partida de João Fernandes, Chica da Silva mantinha influência na sociedade, graças a sua personalidade, popularidade e seu poderio econômico. Esse fato pode ser percebido por sua presença nas irmandades do Arraial, bem como quando do seu sepultamento, em 1796.
Sepultamento
          Como era de costume na época, os membros das irmandades tinham o direito de serem sepultados nas igrejas mantidas pela irmandade. Chica, como participava de 4 irmandades, manifestou o desejo de que quando morresse, fosse sepultada dentro da Igreja de São Francisco de Assis (na foto acima de Elvira Nascimento), maior irmandade do Arraial do Tejuco e da comunidade branca. 
          E assim foi sepultada na igreja da irmandade de São Francisco de Assis, composta pela elite branca local, de acordo com sua vontade manifestada em vida.

A história de Dona Beja

(Por Arnaldo Silva) Nascida em Grotas de Pains, povoado rural de Formiga, Oeste de Minas, em dois de janeiro de 1800, viveu boa parte de sua vida em São Domingos do Araxá, hoje Araxá, no Alto Paranaíba. Mudou-se para Bagagem, atual Estrela do Sul no Triângulo Mineiro, por volta de 1853, onde faleceu em 20 de dezembro de 1873. Era filha de Maria Bernardo dos Santos e de pai desconhecido. Sua família era composta apenas da mãe, seu irmão, Francisco Antônio Rodrigues e seu avô.
          Estamos falando de Ana Jacinta de São José, a Dona Beja, uma das mulheres mais influentes e importantes de Minas Gerais no século XIX. (a tela acima é de autoria de Calmon Barreto, exposta no Museu Calmon Barreto em Araxá, mostrando Dona Beja moça e formosa) 
          O carinhoso apelido foi dado por Manoel Fernando Sampaio, por quem era apaixonada e noiva. Manoel Sampaio comparava o beijo de Ana como doçura e beleza de uma flor chamada “beijo”.
          Tanto na forma de falar e escrever, do noivo e dos que eram próximos a Ana, a pronuncia era ‘beja” e não “beija” com i, por isso se escreve e pronuncia Dona Beja. 
          Seu noivado seria como o de todas as outras moças de sua época, casar, ter filhos, cuidar da casa, ter uma vida de acordo com os padrões sociais da época. Mas quis o destino que sua história fosse diferente.
A formosa menina raptada 
          Ainda criança, a família de Ana Jacinta se mudou para Araxá, em 1805, quando a menina tinha apenas cinco anos. A menina foi crescendo e sua formosura foi logo sendo percebida. Era tão linda que causava forte inveja entre as outras meninas e mulheres da cidade, que mesmo adolescente, tinha uma beleza fora do comum, que deixava os homens da época extasiados com sua formosura.
          Sua beleza era impactante ao ponto de despertar o interesse de Joaquim Inácio Silveira da Motta, então ouvidor Geral da Comarca, que de passagem por Araxá, ficou fascinado ao vê-la. Logo começou a desejá-la, a ponto de mandar raptá-la, em 1814, quando Beja nem completara 15 anos. A menina foi levada à força para a Vila do Paracatu do Príncipe, hoje Paracatu, sendo forçada a viver como sua amante. (a foto, sem autoria identificada, mostra Dona Beja na meia idade)
          Sua mãe tentou de tudo para ajudar sua filha, mas naquela época era difícil uma ação das autoridades, já que essa prática era comum e pouco podia fazer. Aconselharam-na a comunicar o fato aos adversários do Ouvidor, que não eram poucos. Foi o que Maria Bernardo fez. 
        Ação que surtiu efeito, não de imediato, mas adversários influentes do Ouvidor começaram a agir e a usar o fato contra sua pessoa. Sentindo-se acuado, tentou de todas as formas livrar-se da acusação do rapto da adolescente e ainda ter sua vida devassada por seus inimigos, temendo ser julgado. Foi ai que decidiu deixar o cargo e a cidade, se mudando para Portugal. Assim, Beja se viu livre e retornou para Araxá.
Retorno a Araxá
          Chegando à cidade, Beja recebe com frustração a notícia que seu ex-noivo tinha se casado com outra. Mesmo assim, segundo a tradição oral, Beja ainda nutria amor por seu ex-noivo. Num encontro por acaso, num lugar conhecido como “Fonte Jumenta”, enamoraram-se, tendo Beja ficado grávida de sua primeira filha, Thereza Thomázia de Jesus, nascida em 15/02/1819. (na foto acima de Wilson Fortunato, a cidade de Araxá hoje)
          Além da frustração com o ex-noivo, Beja não foi bem recebida pela conservadora sociedade araxaense. Tratada com muita hostilidade, principalmente pelas mulheres de famílias abastadas, que viam em Beja um risco para os valores éticos, morais e religiosos das famílias, não se importando pelo fato da mesma ter sido rapta e forçada a viver como amante de outro homem. A sua beleza e atração natural incomodava demais e deixaram bem claro que ela era indesejada na cidade, sendo marginalizada pela sociedade da época. 
          Revoltada com a situação e com desejo de vingança contra seu noivo e sua família que sempre foram contra o relacionamento dos dois, Manoel foi morto a mando de Beja. Ela acabou sendo indiciada na época, mas por sua influência e amizades importantes, foi libertada, ficando livre da acusação. 
Beja - Cortesã
          Vingando-se também do moralismo e julgamentos sociais da época, decidiu ainda ser de fato o que a sociedade dizia o que era ela, cortesã. Vingava-se das mulheres que a condenavam, fazendo questão de ser amante de todos os maridos dessas mesmas mulheres que a julgavam. 
          Beja teve sua segunda filha, com João Carneiro de Mendonça. A caçula nasceu em 1838 com o nome de Joana de Deus de São José. 
Filhas e netos
          Sua primeira filha, Thereza, casou-se com Joaquim Ribeiro da Silva e teve seis filhos: Theodora Fortunata da Silva, Joaquim Ribeiro da Silva Botelho, Franscico Ribeiro da Silva, Saturnino Ribeiro, José Ribeiro da Silva e Antônio Ribeiro da Silva. Já Joana, casou-se com Clementino Martins Borges e teve sete filhos: Haideé, Mercedes Ester, João, Clemente, Amaziles e “Nhonhô”. 
Dinheiro e fama
          Quando retornou a Araxá, Beja construiu duas casas. Uma na cidade e outra na zona rural. Sua casa na cidade era igual às outras e nada de mais acontecia na casa. Ia nesta casa apenas para reuniões e recepcionar visitas, já que era mulher muito influente e conhecida na região. 
          Beja ficava mais tempo em sua chácara na zona rural, afastada da cidade e dos olhares da sociedade. Era um casarão em estilo colonial com espaçoso salão e local para recepção. Era nessa chácara, conhecida como Chácara do Jatobá, que Beja recebia seus admiradores, que viam da região, de São Paulo, Goiás, do Rio de Janeiro e outras localidades.
          A fama e beleza da cortesã estendia-se por todo o Triângulo Mineiro, na Corte Imperial e regiões mineiras. Eram visitas constantes, de gente influente e rica. 
          Nas festas que promovia, recebia presentes dos homens que a visitavam. Mas não era qualquer um que tinha o privilégio de estar com Dona Beja. 
          Recebia presentes como dinheiro, joias e pedras preciosas, mas tinha suas regras e era firme no que decidia. Mulher de personalidade forte, de liderança, não se subjugava a homem algum. Era ela quem escolhia suas companhias, como, quando e do jeito dela queria. Beja era dominadora e se impunha em situação superior em qualquer relação.
Mudança de Araxá para Bagagem
          Por volta de 1853, já na meia idade, Dona Beja decidiu mudar de vida e deixar Araxá com sua filha Joana e seu genro, Clementino. Colocou todos os seus pertences em várias carroças e carros de bois e seguiu em cortejo rumo a Bagagem, hoje Estrela do Sul, num trajeto de 200 km. 
          Naquela época, minas de diamantes tinha sido descobertas nesta cidade, levando uma corrida em busca de diamantes. Com a saída de Dona Beja de Araxá, o conservadorismo da sociedade local na época, agiu de forma a apagar todos os vestígios da presença da Cortesã na cidade. (na foto acima, Bagagem em 1906. A imagem fornecida pelo professor e historiador Mário Lúcio Rosa e nos enviada por Duva Brunelli)
          Em sua nova cidade, Beja se dedicou a trabalhar como mineradora, explorando diamantes nos garimpos, deixando a vida de cortesã para trás, se dedicando ao cuidado de sua filha e netos, fazendo caridade e também, se dedicando à fé religiosa.
Falecimento e último desejo
          Faleceu em 20 de dezembro de 1873, supostamente de tuberculose, agravado pela intoxicação por metais pesados, usados no garimpo. Pouco antes de sua morte, permitiu que fosse fotografada de pé, apoiada numa caseira. Foto hoje presente no Museu Dona Beja em Araxá.
          Antes de morrer, Dona Beja pediu para que seu caixão fosse adornado com enfeites de zinco e que fosse sepultada no cemitério da Igreja Matriz de Estrela do Sul. Naquela época os sepultamentos eram feitos dentro, nas portas e em cemitérios ao lado das igrejas.
Dona Beja não morreu
          A história de Dona Beja não terminou com seu sepultamento. Ao longo dos anos, a cortesã rejeitada e discriminada pela sociedade da época, se tornou uma das mulheres mais conhecidas do Brasil. O espirito de liderança de Beja é reconhecido até hoje. (na foto acima de Thelmo Lins, a antiga Bagagem, hoje Estrela do Sul)
          Era mulher de fibra, de coragem e acima de tudo, amava Minas Gerais e defendia o Estado e suas dimensões territoriais com toda a sua força e coragem, principalmente sua região, o Triângulo Mineiro. (na foto acima e abaixo de Duva Brunelli, ponte sobre o Rio Bagagem substituindo a antiga ponte construída por Beja. A ponte leva seu nome e foi inaugurada em 1985)
          As mulheres do seu tempo que a julgavam, hoje, talvez ninguém saiba quem foram ou sequer sabem seus nomes, mas de Ana Jacinta de São José, a Dona Beja, todos sabem o nome, quem foi e o que fez. 
          Um nome com fortes ligações com a cidade de Araxá, onde o nome Dona Beja está presente em nome de rua, nome cerveja, fonte de água, hotéis, pratos culinários, nome de bairro, etc. (na foto acima de Djacira Antunes, um dos vários casarões coloniais de Estrela do Sul)
          E não é por menos, Beja foi uma das personagens mais influentes, marcantes e intrigantes do século XIX, além de reconhecidamente ter sido uma das mulheres mais lindas de sua época.
          Hoje é uma das figuras mineiras de maior destaque, tendo sua história retratada em novela da extinta Rede Manchete em 1986, tendo Beja sido interpretada pela atriz Maitê Proença. Sua história também foi contada em livros e romances e sua vida e obra registrada no Museu Municipal Dona Beja, inaugurado em 1965, instalado num casarão com mais de 200 anos de existência (na foto acima de Arnaldo Silva), no centro da cidade.
          A partir de 1998, passou a chamar-se Museu Histórico de Araxá – Dona Beja.

domingo, 1 de maio de 2016

Cachoeira do Tabuleiro: a maior de Minas

(Por Arnaldo Silva) Com 273 metros de queda, a Cachoeira do Tabuleiro é a maior de Minas Gerais e a terceira maior cachoeira do Brasil. Está localizada em Conceição do Mato Dentro - MG, município distante 167 km de Belo Horizonte via MG 010, na divisa com os municípios de Serro, Dom Joaquim, Congonhas do Norte e Gouveia.
          Cercada por um imponente maciço rochoso com tons avermelhados, a Cachoeira do Tabuleiro impressiona por sua beleza única e singular. (foto acima de John Brandão - In Memoriam)
 
          No entorno da Cachoeira, campos rupestres, matas de Cerrado e pequenas manchas de matas de galeria, completa um dos mais belos cenários naturais do Brasil. (fotografia acima de Tom Alves/@tomalvesfotografia) 
As águas que caem a 273 metros formam um poço com 18 metros de profundidade e 700 m² de diâmetro. O fundo do poço é formado por grandes blocos de pedras submersos, por isso, saltos e mergulhos radicais não são aconselháveis e sim, entrar na água naturalmente, desfrutando de sua energia e beleza. Devido a pouca incidência de raios solares e constante correntes de vendo, a temperatura da água do poço formado pela cachoeira sempre fica abaixo dos 20ºC, um convite a um refrescante banho em dias de calor, numa água de tom escuro, natural da região, limpa e cristalina. (fotografia acima de Leandro Leal)
          Suas águas formam seguem o curso do rio Ribeirão, adentrando em grandes vales, formando pelo caminho pequenos poços entre pedras.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Santuário de Nossa Senhora da Piedade em Fabriciano

 (Por Arnaldo Silva) Coronel Fabriciano, município do Vale do Aço, distante 200 km de Belo Horizonte, conta hoje com cerca de 115 mil habitantes. Faz divisa com os municípios de divisas com Ipatinga, Ferros,  Joanésia, Mesquita, Antônio Dias e Timóteo. Fabriciano se destaca em Minas por sua qualidade de vida e desenvolvimento industrial. A fé de seu povo está presente nas manifestações folclóricas, religiosas e em seus belos templos, se destacando o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, santa padroeira de Minas Gerais, situado no alto do bairro Córrego Alto. (fotografia de Elvira Nascimento) 
          Construído graças aos esforços da comunidade da Paróquia Santo Antônio, liderados pelos padres da Congregação dos Xaverianos, Romeo, Sandro e Camilo, foi inaugurado e consagrado em 1998 por  Dom Lélis Lara, então bispo da Diocese de Itabira-Fabriciano. Até 27 de março de 2011 o Santuário pertencia à Paróquia de Santo Antônio, a partir desta data, passou a pertencer à Paróquia de São Francisco Xavier. 
          A arquitetura do Santuário em Coronel Fabriciano possui duas torres laterais no frontispícios com varandas e piso interno em granito. Sua decoração interior é bem simples, seguindo à risca o estilo contemporâneo, adotado para sua construção. Este estilo arquitetônico utiliza linhas retas, superfície lisas e sem muitos detalhes em sua decoração. É um estilo mais funcional e simples, combinando a praticidade e economia que a sociedade atual necessita.   
          O Santuário de Nossa Senhora da Piedade em Coronel Fabriciano  é hoje uma referência da fé do povo Católico da Região do Vale do Aço. 

terça-feira, 26 de abril de 2016

Conheça a origem e os benefícios da fruta pau-doce

(Por Arnaldo Silva) Nativa do Oriente, especificamente da China, Coréia e Japão, está presente no Brasil desde o século passado, tendo feito parte da infância de muita gente, principalmente em Minas Gerais. Hoje quase não se encontra mais a Hovenia dulcis, o nome cientifico do pau-doce, nome popular da fruta em Minas Gerais. 
          Em outras regiões é conhecida como tripa-de-galinha, macaquinho, pé-de-galinha, chico-magro, uva-do-japão, gomaria, banana-do-japão, bananinha-do-japão,caju-do-japão, caju-japonês, mata-fome, passa-do-japão, passa-japonesa, tripa-de-galinha, uva-da-china, uva-do-japão,uva-paraguaia , amora-do-mato, uva-japonesa e uva-de-macaco. (foto abaixo de Luci Silva em Desterro de Entre Rios MG)  
          É uma espécie de árvore caducifólia ou no popular, caduca, um termo botânico para as plantas que numa determinada estação do ano, perdem as folhas, no caso, o pau-doce. Na fase adulta, pode chegar a 25 metros, com o tronco na cor cinza-escuro e folhagem curta, esbranquiça e ovada. Sua copa é densa, não sendo uma planta adequada para calçadas, mas nas aveninas centrais, praças, parques e quintais rurais são ótimas, sendo uma espécie atrativa a polinizadores, principalmente abelhas. É aina uma árvore excelente para recuperação de matas ciliares, nascentes e lagoas. 
          Além de alimentar os pássaros, atrair polinizadores, alimenta os humanos, já que produz um fruto muito doce e muito saboroso, rico em fibras, carboidratos, aminoácidos, vitamina C e proteínas. Seu fruto lembra pedacinhos de pau, é bem doce, carnudo e com a cor marrom, com polpa branca mais escura. Suas sementes nascem na ponta dos frutos, em pequenas capsulas, como pode perceber nas fotos acima, e se dissemina com facilidade. (fotografia acima de Arnaldo Silva em Ouro Preto MG)
          Pode ser consumido em forma de geleia, salada, compota, doce, suco, como recheio de bolos e pães e da forma mais comum, in natura. 
          Os chineses usam o pau-doce, tanto o fruto, quanto as folhas, há séculos em forma de chá por infusão das folhas, por conter propriedades diuréticas, antipirético, antivirais e anti-inflamatórias, auxiliando no combate asma, problemas no fígado, diarreia e usada ainda para acabar com a ressaca, depois de doses exageradas de bebidas. 

Receita de Licor de Jabuticaba

O licor está presente em Minas Gerais desde os tempos do Brasil Colônia. Um dos licores mais preferidos, desde aqueles tempos, é o licor de jabuticaba, nossa tradicional fruta nativa. Fazer licor de jabuticaba é bem fácil. 
 Veja como fazer o nosso licor:
O passo a passo: 
- Colha as jabuticabas mais vistosas, firmes e bem maduras
- Lave bem com água corrente
- Separe um pote de vidro, bem limpo
Ingredientes
- 1 litro de jabuticabas
- 1 copo de cachaça de Minas
- 500 gramas de açúcar
- 1 litro de água fervendo

Modo de fazer:
- Coloque todas as jabuticabas no vidro.
- Coloque o açúcar por cima das jabuticabas
- Em seguida, despeje a cachaça de Minas.
- Por fim, toda a água fervida
- Espere esfriar para tampar.
- Guarde o pote num lugar escuro e deixe por 30 dias
- Abra o pote uma ou duas vezes por semana para retirar o gás
- Após esse tempo, coe e engarrafe o licor
- Agora é só servir
(Primeira foto do Judson Nani de Barão de Cocais e segunda, de Lourdinha Vieira de Bom Despacho MG)

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Receita tradicional de broinha de fubá de canjica

(Por Arnaldo Silva) Uma das mais antigas quitandas de Minas, a broinha de fubá de canjica era conhecida no século XVIII por "broinha de cuité", isso porque era usada a cuia do cuité para preparar a massa e também uma cuinha de cuité para fazer o molde.
          Isso porque a broinha não pode ser enrolada nas mãos porque poderá ficar quebradiça e esfarelar. O segredo antigo está no cuité.
          Basta uma pequena cuia de cuité molhada. A massa era colocada na cuinha em colheradas. Em seguida, davam uma sacudida, sem colocar as mãos na massa. Quando a broinha estava no formato desejado, já podia ser colocada no tabuleiro.
          Hoje pode-se usar uma xícara de fundo arredondado, caso não encontre as cuinhas de cuité. 
          O ingrediente principal dessa broinha é o fubá de canjica. Esse tipo de fubá é o mesmo milho que se faz o fubá mimoso comum. A diferença é que o fubá de canjica é mais fininho e mais clarinho que o fubá comum. Isso porque  ele é feito do "olho do milho". Pegue um grão de milho e repare que nele tem uma parte branca. É apenas dessa parte branca que é feito o fubá de canjica. A maior parte do milho, a mais amarela, vira fubá mimoso. 
          Essa receita acima é da Dona Geralda de Itabirito MG e o fubá é artesanal, de moinho de pedra de roça, da Mercearia Paraopeba, também em Itabirito MG. Vamos aprender a fazer uma das mais antigas e tradicionais broinhas mineiras. 
INGREDIENTES. 1 quilo gramas fubá de canjica
. 2 copos (americanos) de leite integral
. 1concha de banha de porco ou, se preferir, 1 copo americano de óleo
. 6 ovos caipira
. 2 colheres de açúcar (ou mais, se preferir)
. 1 pitada de sal
. Cuia de cuité para fazer os moldes (opcional
Antes de me perguntarem, não leva fermento em broinha.
MANEIRA DE FAZER
- Bata no liquidificador o leite, óleo, os ovos, o açúcar e o sal.
- Despeje numa numa vasilha, coloque aos poucos o fubá de canjica e comece a amassar
- A massa deverá ficar meio mole, a ponto de desgrudar das mãos.
- Com uma colher, pegue um punhado de massa e coloque na cuia do cuité e chacoalhe até adquirir uma forma arredondada.
- Faça isso uma a uma e coloque as broinhas em uma fôrma untada com manteiga e polvilhada com fubá ou polvilho.
Caso não tenha o cuité, faça os moldes das broinhas em uma xícara de chá.
- Leve ao forno pré-aquecido a 180ºC e deixe assando até que fiquem douradas.
Essa receita está no livro Em Berços de Cuité, de Arnaldo Silva e as fotos foram feitas pela Cidinha F. Carvalho de Lorena SP, baseada na receita do livro.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Os Cânions de Capitólio

(Por Arnaldo Silva) Capitólio MG, na região Sudoeste de Minas, foi presenteada por Furnas,  com um imenso lago de água verde esmeralda. Um lugar de beleza rara e esplêndida, um mar de águas cristalinas, rodeada por paisagens impactantes, com direito a praias, passeios de barcos, escunas, chalanas e mergulhos nas águas do enorme lago que banha 33 cidades mineiras, com 1440 km2. É carinhosamente chamado de Mar de Minas. (foto acima de Pedro Beraldo)
          As águas emolduram e refletem a emolduram a beleza dos cânions, cuja altura vai de 15 a 20 metros. São espetaculares e o visual é de tirar o fôlego. 
          Pelas águas que adentram nas fendas dos cânions nos deparamos com grutas e lindas cachoeiras entre elas a da Lagoa Azul, a mais procurada do município. Essa beleza toda pode ser apreciada de barco, escuna ou chalanas, disponíveis para turistas. Além dos passeios aquáticos, Capitólio tem cenários ideias para a prática de rapel e escaladas. Um dos lugares mais procurados para esportes radicais é a Trilha do Sol, as quedas do  Grito e do Poço Dourado, lugar perfeito para banho e mergulho. (foto acima de Marcelo Santos)
          
Do alto do Morro do Chapéu se tem essa visão acima (foto acima de Marcelo Santos). São 1293 metros de subida, mas compensa pela beleza do visual dos Cânions. Dá para ver até os municípios em redor. Além das belezas naturais, é possível desfrutar de pratos à base de peixe de água doce como traíras e tilápias, nos pontos turísticos do município. A gastronomia de Capitólio é tipicamente mineira e os peixes são preparados com o melhor do tempero de Minas. O frango caipira é um dos pratos muito apreciados, bem como churrasco de peixe. (foto abaixo de Marcelo Santos)
MAIS INFORMAÇÕES SOBRE CAPITÓLIO 
Distância de Belo Horizonte - 283 km - acesso pela MG-050
Atendimento ao turista: R. Dr. Avelino de Queiroz, 789, Centro. Telefone: (37) 3373-1111
Nota: Os cânions ficam no município de São José da Barra, na divisa com Capitólio, onde saem as embarcações para os passeios turísticos. Devido a cidade ser mais conhecida e receber mais turistas, os cânions passaram a ser chamados de "Cânions de Capitólio" e conhecidos por esse nome, mas na verdade, são os Cânions de São José da Barra, já que as fendas estão neste município.Mas o que importa mesmo é que são cânions de Minas Gerais. 

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