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quarta-feira, 4 de maio de 2016

A história de Dona Beja

(Por Arnaldo Silva) Nascida em Grotas de Pains, povoado rural de Formiga, Oeste de Minas, em dois de janeiro de 1800, viveu boa parte de sua vida em São Domingos do Araxá, hoje Araxá, no Alto Paranaíba. Mudou-se para Bagagem, atual Estrela do Sul no Triângulo Mineiro, por volta de 1853, onde faleceu em 20 de dezembro de 1873. Era filha de Maria Bernardo dos Santos e de pai desconhecido. Sua família era composta apenas da mãe, seu irmão, Francisco Antônio Rodrigues e seu avô.
          Estamos falando de Ana Jacinta de São José, a Dona Beja, uma das mulheres mais influentes e importantes de Minas Gerais no século XIX. (a tela acima é de autoria de Calmon Barreto, exposta no Museu Calmon Barreto em Araxá, mostrando Dona Beja moça e formosa) 
          O carinhoso apelido foi dado por Manoel Fernando Sampaio, por quem era apaixonada e noiva. Manoel Sampaio comparava o beijo de Ana como doçura e beleza de uma flor chamada “beijo”.
          Tanto na forma de falar e escrever, do noivo e dos que eram próximos a Ana, a pronuncia era ‘beja” e não “beija” com i, por isso se escreve e pronuncia Dona Beja. 
          Seu noivado seria como o de todas as outras moças de sua época, casar, ter filhos, cuidar da casa, ter uma vida de acordo com os padrões sociais da época. Mas quis o destino que sua história fosse diferente.
A formosa menina raptada 
          Ainda criança, a família de Ana Jacinta se mudou para Araxá, em 1805, quando a menina tinha apenas cinco anos. A menina foi crescendo e sua formosura foi logo sendo percebida. Era tão linda que causava forte inveja entre as outras meninas e mulheres da cidade, que mesmo adolescente, tinha uma beleza fora do comum, que deixava os homens da época extasiados com sua formosura.
          Sua beleza era impactante ao ponto de despertar o interesse de Joaquim Inácio Silveira da Motta, então ouvidor Geral da Comarca, que de passagem por Araxá, ficou fascinado ao vê-la. Logo começou a desejá-la, a ponto de mandar raptá-la, em 1814, quando Beja nem completara 15 anos. A menina foi levada à força para a Vila do Paracatu do Príncipe, hoje Paracatu, sendo forçada a viver como sua amante. (a foto, sem autoria identificada, mostra Dona Beja na meia idade)
          Sua mãe tentou de tudo para ajudar sua filha, mas naquela época era difícil uma ação das autoridades, já que essa prática era comum e pouco podia fazer. Aconselharam-na a comunicar o fato aos adversários do Ouvidor, que não eram poucos. Foi o que Maria Bernardo fez. 
        Ação que surtiu efeito, não de imediato, mas adversários influentes do Ouvidor começaram a agir e a usar o fato contra sua pessoa. Sentindo-se acuado, tentou de todas as formas livrar-se da acusação do rapto da adolescente e ainda ter sua vida devassada por seus inimigos, temendo ser julgado. Foi ai que decidiu deixar o cargo e a cidade, se mudando para Portugal. Assim, Beja se viu livre e retornou para Araxá.
Retorno a Araxá
          Chegando à cidade, Beja recebe com frustração a notícia que seu ex-noivo tinha se casado com outra. Mesmo assim, segundo a tradição oral, Beja ainda nutria amor por seu ex-noivo. Num encontro por acaso, num lugar conhecido como “Fonte Jumenta”, enamoraram-se, tendo Beja ficado grávida de sua primeira filha, Thereza Thomázia de Jesus, nascida em 15/02/1819. (na foto acima de Wilson Fortunato, a cidade de Araxá hoje)
          Além da frustração com o ex-noivo, Beja não foi bem recebida pela conservadora sociedade araxaense. Tratada com muita hostilidade, principalmente pelas mulheres de famílias abastadas, que viam em Beja um risco para os valores éticos, morais e religiosos das famílias, não se importando pelo fato da mesma ter sido rapta e forçada a viver como amante de outro homem. A sua beleza e atração natural incomodava demais e deixaram bem claro que ela era indesejada na cidade, sendo marginalizada pela sociedade da época. 
          Revoltada com a situação e com desejo de vingança contra seu noivo e sua família que sempre foram contra o relacionamento dos dois, Manoel foi morto a mando de Beja. Ela acabou sendo indiciada na época, mas por sua influência e amizades importantes, foi libertada, ficando livre da acusação. 
Beja - Cortesã
          Vingando-se também do moralismo e julgamentos sociais da época, decidiu ainda ser de fato o que a sociedade dizia o que era ela, cortesã. Vingava-se das mulheres que a condenavam, fazendo questão de ser amante de todos os maridos dessas mesmas mulheres que a julgavam. 
          Beja teve sua segunda filha, com João Carneiro de Mendonça. A caçula nasceu em 1838 com o nome de Joana de Deus de São José. 
Filhas e netos
          Sua primeira filha, Thereza, casou-se com Joaquim Ribeiro da Silva e teve seis filhos: Theodora Fortunata da Silva, Joaquim Ribeiro da Silva Botelho, Franscico Ribeiro da Silva, Saturnino Ribeiro, José Ribeiro da Silva e Antônio Ribeiro da Silva. Já Joana, casou-se com Clementino Martins Borges e teve sete filhos: Haideé, Mercedes Ester, João, Clemente, Amaziles e “Nhonhô”. 
Dinheiro e fama
          Quando retornou a Araxá, Beja construiu duas casas. Uma na cidade e outra na zona rural. Sua casa na cidade era igual às outras e nada de mais acontecia na casa. Ia nesta casa apenas para reuniões e recepcionar visitas, já que era mulher muito influente e conhecida na região. 
          Beja ficava mais tempo em sua chácara na zona rural, afastada da cidade e dos olhares da sociedade. Era um casarão em estilo colonial com espaçoso salão e local para recepção. Era nessa chácara, conhecida como Chácara do Jatobá, que Beja recebia seus admiradores, que viam da região, de São Paulo, Goiás, do Rio de Janeiro e outras localidades.
          A fama e beleza da cortesã estendia-se por todo o Triângulo Mineiro, na Corte Imperial e regiões mineiras. Eram visitas constantes, de gente influente e rica. 
          Nas festas que promovia, recebia presentes dos homens que a visitavam. Mas não era qualquer um que tinha o privilégio de estar com Dona Beja. 
          Recebia presentes como dinheiro, joias e pedras preciosas, mas tinha suas regras e era firme no que decidia. Mulher de personalidade forte, de liderança, não se subjugava a homem algum. Era ela quem escolhia suas companhias, como, quando e do jeito dela queria. Beja era dominadora e se impunha em situação superior em qualquer relação.
Mudança de Araxá para Bagagem
          Por volta de 1853, já na meia idade, Dona Beja decidiu mudar de vida e deixar Araxá com sua filha Joana e seu genro, Clementino. Colocou todos os seus pertences em várias carroças e carros de bois e seguiu em cortejo rumo a Bagagem, hoje Estrela do Sul, num trajeto de 200 km. 
          Naquela época, minas de diamantes tinha sido descobertas nesta cidade, levando uma corrida em busca de diamantes. Com a saída de Dona Beja de Araxá, o conservadorismo da sociedade local na época, agiu de forma a apagar todos os vestígios da presença da Cortesã na cidade. (na foto acima, Bagagem em 1906. A imagem fornecida pelo professor e historiador Mário Lúcio Rosa e nos enviada por Duva Brunelli)
          Em sua nova cidade, Beja se dedicou a trabalhar como mineradora, explorando diamantes nos garimpos, deixando a vida de cortesã para trás, se dedicando ao cuidado de sua filha e netos, fazendo caridade e também, se dedicando à fé religiosa.
Falecimento e último desejo
          Faleceu em 20 de dezembro de 1873, supostamente de tuberculose, agravado pela intoxicação por metais pesados, usados no garimpo. Pouco antes de sua morte, permitiu que fosse fotografada de pé, apoiada numa caseira. Foto hoje presente no Museu Dona Beja em Araxá.
          Antes de morrer, Dona Beja pediu para que seu caixão fosse adornado com enfeites de zinco e que fosse sepultada no cemitério da Igreja Matriz de Estrela do Sul. Naquela época os sepultamentos eram feitos dentro, nas portas e em cemitérios ao lado das igrejas.
Dona Beja não morreu
          A história de Dona Beja não terminou com seu sepultamento. Ao longo dos anos, a cortesã rejeitada e discriminada pela sociedade da época, se tornou uma das mulheres mais conhecidas do Brasil. O espirito de liderança de Beja é reconhecido até hoje. (na foto acima de Thelmo Lins, a antiga Bagagem, hoje Estrela do Sul)
          Era mulher de fibra, de coragem e acima de tudo, amava Minas Gerais e defendia o Estado e suas dimensões territoriais com toda a sua força e coragem, principalmente sua região, o Triângulo Mineiro. (na foto acima e abaixo de Duva Brunelli, ponte sobre o Rio Bagagem substituindo a antiga ponte construída por Beja. A ponte leva seu nome e foi inaugurada em 1985)
          As mulheres do seu tempo que a julgavam, hoje, talvez ninguém saiba quem foram ou sequer sabem seus nomes, mas de Ana Jacinta de São José, a Dona Beja, todos sabem o nome, quem foi e o que fez. 
          Um nome com fortes ligações com a cidade de Araxá, onde o nome Dona Beja está presente em nome de rua, nome cerveja, fonte de água, hotéis, pratos culinários, nome de bairro, etc. (na foto acima de Djacira Antunes, um dos vários casarões coloniais de Estrela do Sul)
          E não é por menos, Beja foi uma das personagens mais influentes, marcantes e intrigantes do século XIX, além de reconhecidamente ter sido uma das mulheres mais lindas de sua época.
          Hoje é uma das figuras mineiras de maior destaque, tendo sua história retratada em novela da extinta Rede Manchete em 1986, tendo Beja sido interpretada pela atriz Maitê Proença. Sua história também foi contada em livros e romances e sua vida e obra registrada no Museu Municipal Dona Beja, inaugurado em 1965, instalado num casarão com mais de 200 anos de existência (na foto acima de Arnaldo Silva), no centro da cidade.
          A partir de 1998, passou a chamar-se Museu Histórico de Araxá – Dona Beja.

domingo, 1 de maio de 2016

Cachoeira do Tabuleiro: a maior de Minas

(Por Arnaldo Silva) Com 273 metros de queda, a Cachoeira do Tabuleiro é a maior de Minas Gerais e a terceira maior cachoeira do Brasil. Está localizada em Conceição do Mato Dentro - MG, município distante 167 km de Belo Horizonte via MG 010, na divisa com os municípios de Serro, Dom Joaquim, Congonhas do Norte e Gouveia.
          Cercada por um imponente maciço rochoso com tons avermelhados, a Cachoeira do Tabuleiro impressiona por sua beleza única e singular. (foto acima de John Brandão - In Memoriam)
 
          No entorno da Cachoeira, campos rupestres, matas de Cerrado e pequenas manchas de matas de galeria, completa um dos mais belos cenários naturais do Brasil. (fotografia acima de Tom Alves/@tomalvesfotografia) 
As águas que caem a 273 metros formam um poço com 18 metros de profundidade e 700 m² de diâmetro. O fundo do poço é formado por grandes blocos de pedras submersos, por isso, saltos e mergulhos radicais não são aconselháveis e sim, entrar na água naturalmente, desfrutando de sua energia e beleza. Devido a pouca incidência de raios solares e constante correntes de vendo, a temperatura da água do poço formado pela cachoeira sempre fica abaixo dos 20ºC, um convite a um refrescante banho em dias de calor, numa água de tom escuro, natural da região, limpa e cristalina. (fotografia acima de Leandro Leal)
          Suas águas formam seguem o curso do rio Ribeirão, adentrando em grandes vales, formando pelo caminho pequenos poços entre pedras.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Santuário de Nossa Senhora da Piedade em Fabriciano

 (Por Arnaldo Silva) Coronel Fabriciano, município do Vale do Aço, distante 200 km de Belo Horizonte, conta hoje com cerca de 115 mil habitantes. Faz divisa com os municípios de divisas com Ipatinga, Ferros,  Joanésia, Mesquita, Antônio Dias e Timóteo. Fabriciano se destaca em Minas por sua qualidade de vida e desenvolvimento industrial. A fé de seu povo está presente nas manifestações folclóricas, religiosas e em seus belos templos, se destacando o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, santa padroeira de Minas Gerais, situado no alto do bairro Córrego Alto. (fotografia de Elvira Nascimento) 
          Construído graças aos esforços da comunidade da Paróquia Santo Antônio, liderados pelos padres da Congregação dos Xaverianos, Romeo, Sandro e Camilo, foi inaugurado e consagrado em 1998 por  Dom Lélis Lara, então bispo da Diocese de Itabira-Fabriciano. Até 27 de março de 2011 o Santuário pertencia à Paróquia de Santo Antônio, a partir desta data, passou a pertencer à Paróquia de São Francisco Xavier. 
          A arquitetura do Santuário em Coronel Fabriciano possui duas torres laterais no frontispícios com varandas e piso interno em granito. Sua decoração interior é bem simples, seguindo à risca o estilo contemporâneo, adotado para sua construção. Este estilo arquitetônico utiliza linhas retas, superfície lisas e sem muitos detalhes em sua decoração. É um estilo mais funcional e simples, combinando a praticidade e economia que a sociedade atual necessita.   
          O Santuário de Nossa Senhora da Piedade em Coronel Fabriciano  é hoje uma referência da fé do povo Católico da Região do Vale do Aço. 

terça-feira, 26 de abril de 2016

Conheça a origem e os benefícios da fruta pau-doce

(Por Arnaldo Silva) Nativa do Oriente, especificamente da China, Coréia e Japão, está presente no Brasil desde o século passado, tendo feito parte da infância de muita gente, principalmente em Minas Gerais. Hoje quase não se encontra mais a Hovenia dulcis, o nome cientifico do pau-doce, nome popular da fruta em Minas Gerais. 
          Em outras regiões é conhecida como tripa-de-galinha, macaquinho, pé-de-galinha, chico-magro, uva-do-japão, gomaria, banana-do-japão, bananinha-do-japão,caju-do-japão, caju-japonês, mata-fome, passa-do-japão, passa-japonesa, tripa-de-galinha, uva-da-china, uva-do-japão,uva-paraguaia , amora-do-mato, uva-japonesa e uva-de-macaco. (foto abaixo de Luci Silva em Desterro de Entre Rios MG)  
          É uma espécie de árvore caducifólia ou no popular, caduca, um termo botânico para as plantas que numa determinada estação do ano, perdem as folhas, no caso, o pau-doce. Na fase adulta, pode chegar a 25 metros, com o tronco na cor cinza-escuro e folhagem curta, esbranquiça e ovada. Sua copa é densa, não sendo uma planta adequada para calçadas, mas nas aveninas centrais, praças, parques e quintais rurais são ótimas, sendo uma espécie atrativa a polinizadores, principalmente abelhas. É aina uma árvore excelente para recuperação de matas ciliares, nascentes e lagoas. 
          Além de alimentar os pássaros, atrair polinizadores, alimenta os humanos, já que produz um fruto muito doce e muito saboroso, rico em fibras, carboidratos, aminoácidos, vitamina C e proteínas. Seu fruto lembra pedacinhos de pau, é bem doce, carnudo e com a cor marrom, com polpa branca mais escura. Suas sementes nascem na ponta dos frutos, em pequenas capsulas, como pode perceber nas fotos acima, e se dissemina com facilidade. (fotografia acima de Arnaldo Silva em Ouro Preto MG)
          Pode ser consumido em forma de geleia, salada, compota, doce, suco, como recheio de bolos e pães e da forma mais comum, in natura. 
          Os chineses usam o pau-doce, tanto o fruto, quanto as folhas, há séculos em forma de chá por infusão das folhas, por conter propriedades diuréticas, antipirético, antivirais e anti-inflamatórias, auxiliando no combate asma, problemas no fígado, diarreia e usada ainda para acabar com a ressaca, depois de doses exageradas de bebidas. 

Receita de Licor de Jabuticaba

O licor está presente em Minas Gerais desde os tempos do Brasil Colônia. Um dos licores mais preferidos, desde aqueles tempos, é o licor de jabuticaba, nossa tradicional fruta nativa. Fazer licor de jabuticaba é bem fácil. 
 Veja como fazer o nosso licor:
O passo a passo: 
- Colha as jabuticabas mais vistosas, firmes e bem maduras
- Lave bem com água corrente
- Separe um pote de vidro, bem limpo
Ingredientes
- 1 litro de jabuticabas
- 1 copo de cachaça de Minas
- 500 gramas de açúcar
- 1 litro de água fervendo

Modo de fazer:
- Coloque todas as jabuticabas no vidro.
- Coloque o açúcar por cima das jabuticabas
- Em seguida, despeje a cachaça de Minas.
- Por fim, toda a água fervida
- Espere esfriar para tampar.
- Guarde o pote num lugar escuro e deixe por 30 dias
- Abra o pote uma ou duas vezes por semana para retirar o gás
- Após esse tempo, coe e engarrafe o licor
- Agora é só servir
(Primeira foto do Judson Nani de Barão de Cocais e segunda, de Lourdinha Vieira de Bom Despacho MG)

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Receita tradicional de broinha de fubá de canjica

(Por Arnaldo Silva) Uma das mais antigas quitandas de Minas, a broinha de fubá de canjica era conhecida no século XVIII por "broinha de cuité", isso porque era usada a cuia do cuité para preparar a massa e também uma cuinha de cuité para fazer o molde.
          Isso porque a broinha não pode ser enrolada nas mãos porque poderá ficar quebradiça e esfarelar. O segredo antigo está no cuité.
          Basta uma pequena cuia de cuité molhada. A massa era colocada na cuinha em colheradas. Em seguida, davam uma sacudida, sem colocar as mãos na massa. Quando a broinha estava no formato desejado, já podia ser colocada no tabuleiro.
          Hoje pode-se usar uma xícara de fundo arredondado, caso não encontre as cuinhas de cuité. 
          O ingrediente principal dessa broinha é o fubá de canjica. Esse tipo de fubá é o mesmo milho que se faz o fubá mimoso comum. A diferença é que o fubá de canjica é mais fininho e mais clarinho que o fubá comum. Isso porque  ele é feito do "olho do milho". Pegue um grão de milho e repare que nele tem uma parte branca. É apenas dessa parte branca que é feito o fubá de canjica. A maior parte do milho, a mais amarela, vira fubá mimoso. 
          Essa receita acima é da Dona Geralda de Itabirito MG e o fubá é artesanal, de moinho de pedra de roça, da Mercearia Paraopeba, também em Itabirito MG. Vamos aprender a fazer uma das mais antigas e tradicionais broinhas mineiras. 
INGREDIENTES. 1 quilo gramas fubá de canjica
. 2 copos (americanos) de leite integral
. 1concha de banha de porco ou, se preferir, 1 copo americano de óleo
. 6 ovos caipira
. 2 colheres de açúcar (ou mais, se preferir)
. 1 pitada de sal
. Cuia de cuité para fazer os moldes (opcional
Antes de me perguntarem, não leva fermento em broinha.
MANEIRA DE FAZER
- Bata no liquidificador o leite, óleo, os ovos, o açúcar e o sal.
- Despeje numa numa vasilha, coloque aos poucos o fubá de canjica e comece a amassar
- A massa deverá ficar meio mole, a ponto de desgrudar das mãos.
- Com uma colher, pegue um punhado de massa e coloque na cuia do cuité e chacoalhe até adquirir uma forma arredondada.
- Faça isso uma a uma e coloque as broinhas em uma fôrma untada com manteiga e polvilhada com fubá ou polvilho.
Caso não tenha o cuité, faça os moldes das broinhas em uma xícara de chá.
- Leve ao forno pré-aquecido a 180ºC e deixe assando até que fiquem douradas.
Essa receita está no livro Em Berços de Cuité, de Arnaldo Silva e as fotos foram feitas pela Cidinha F. Carvalho de Lorena SP, baseada na receita do livro.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Os Cânions de Capitólio

(Por Arnaldo Silva) Capitólio MG, na região Sudoeste de Minas, foi presenteada por Furnas,  com um imenso lago de água verde esmeralda. Um lugar de beleza rara e esplêndida, um mar de águas cristalinas, rodeada por paisagens impactantes, com direito a praias, passeios de barcos, escunas, chalanas e mergulhos nas águas do enorme lago que banha 33 cidades mineiras, com 1440 km2. É carinhosamente chamado de Mar de Minas. (foto acima de Pedro Beraldo)
          As águas emolduram e refletem a emolduram a beleza dos cânions, cuja altura vai de 15 a 20 metros. São espetaculares e o visual é de tirar o fôlego. 
          Pelas águas que adentram nas fendas dos cânions nos deparamos com grutas e lindas cachoeiras entre elas a da Lagoa Azul, a mais procurada do município. Essa beleza toda pode ser apreciada de barco, escuna ou chalanas, disponíveis para turistas. Além dos passeios aquáticos, Capitólio tem cenários ideias para a prática de rapel e escaladas. Um dos lugares mais procurados para esportes radicais é a Trilha do Sol, as quedas do  Grito e do Poço Dourado, lugar perfeito para banho e mergulho. (foto acima de Marcelo Santos)
          
Do alto do Morro do Chapéu se tem essa visão acima (foto acima de Marcelo Santos). São 1293 metros de subida, mas compensa pela beleza do visual dos Cânions. Dá para ver até os municípios em redor. Além das belezas naturais, é possível desfrutar de pratos à base de peixe de água doce como traíras e tilápias, nos pontos turísticos do município. A gastronomia de Capitólio é tipicamente mineira e os peixes são preparados com o melhor do tempero de Minas. O frango caipira é um dos pratos muito apreciados, bem como churrasco de peixe. (foto abaixo de Marcelo Santos)
MAIS INFORMAÇÕES SOBRE CAPITÓLIO 
Distância de Belo Horizonte - 283 km - acesso pela MG-050
Atendimento ao turista: R. Dr. Avelino de Queiroz, 789, Centro. Telefone: (37) 3373-1111
Nota: Os cânions ficam no município de São José da Barra, na divisa com Capitólio, onde saem as embarcações para os passeios turísticos. Devido a cidade ser mais conhecida e receber mais turistas, os cânions passaram a ser chamados de "Cânions de Capitólio" e conhecidos por esse nome, mas na verdade, são os Cânions de São José da Barra, já que as fendas estão neste município.Mas o que importa mesmo é que são cânions de Minas Gerais. 

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Conheça a Festa do Café com Biscoito de São Tiago!

(Por Arnaldo Silva) A festa do "Café com Biscoito" acontece sempre no segundo final de semana do mês de setembro na Praça Ministro Gabriel Passos. A festa atrai visitantes de várias partes de Minas e do Brasil, se consolidando como um dos mais importantes eventos gastronômicos de Minas Gerais.
          Tradicionalmente, sempre no segundo final de setembro, a festa começa na sexta-feira com espetáculos musicais, se prolonga pelo sábado com degustações de produtos nos stands, oficinas e atividades culturais, e termina no domingo, com teatros, apresentações artísticas e musicais. (foto acima do @deividson Costa)
          Não se sabe ao certo quando começou a tradição biscoiteira de São Tiago, mas desde 1750 a região tinha a fama de ser a Terra do Café com Biscoito, já que era parada de viajantes e tropeiros e os biscoitos eram os preferidos, dai a fama cresceu desde aqueles tempos. (foto acima de Deividson Costa/@deividsoncosta, a cidade durante a Festa do Café com Biscoito)          
          Desde essa época as receitas foram mantidas, preservadas e muito bem guardadas pelas famílias. A tradição vem de geração em geração. (foto acima do Zezé Barbara, barraca de biscoito)        
          Hoje, essa tradição tem como aliada a tecnologia, mas preservam sua originalidade. Muitos ainda fazem os biscoitos nos fornos de barro, mantendo a tradição. Mas também tem as fábricas, industrializadas, que produzem os biscoitos em série. Mesmo assim, preservam as receitas de família, principalmente a qualidade e o sabor.
          Por isso que desde o século 18, São Tiago se destaca na produção de biscoitos, que é hoje a maior fonte de renda e emprego no município que tem pouco mais de 12 mil habitantes. Fica a 190 km de Belo Horizonte, na região do Campo das Vertentes. São Tiago faz divisa com Oliveira, Bom Sucesso, Resende Costa, Ritápolis, Conceição da Barra de Minas e Nazareno. (foto acima de Deividson Costa, barraca de biscoitos no dia da festa)
          Os produtores de biscoitos de São Tiago, consideram seus biscoitos os tesouros de Minas. A produção não fica só na cidade e região não. Algumas empresas locais vendem seus produtos para várias cidades de Minas e de outros estados do Brasil como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, dentro outros.
          De uma economia familiar, a riqueza, sabor e diversidade que a arte de fazer biscoitos oferece, faz com que a cada dia as empresas locais cresçam e surjam outras. De 3 décadas para cá pôde-se perceber esse crescimento. No início dos anos 1990, a cidade contava com 3 empresas formais, um salão de beleza, um mercado e uma loja de eletrodomésticos.           
           Hoje são dezenas de empresas formais, vários salões de belezas, tem mais mercados e mais lojas de eletrodomésticos. Percebe-se então o rápido crescimento econômico e social do município. O carro-chefe desse crescimento são os biscoitos. Todos os meses são produzidos em São Tiago, toneladas de diferentes tipos de biscoitos, que abastecem os mercados de Minas e de vários outros estados brasileiros. (na foto acima do Deividson Costa, o Forno na Praça)
          Esse crescimento, vale ressaltar, é fruto da preservação da tradição, não se trata de política governamental, vem de gerações passadas, faz parte da vocação da cidade, por isso deu certo. São Tiago é considera hoje um polo produtor de Minas e a Capital do Biscoito no Brasil.          
          Como a economia da cidade gira em torno do biscoito, foi criada a Festa do Café com Biscoito, que é uma das mais importantes festas gastronômicas de Minas Gerais, fazendo parte do Calendário Gastronômico do Estado.
          Vale lembrar que o evento acontece sempre no segundo final de semana do mês de setembro, na Praça Ministro Gabriel Passos com mostras de todos os biscoitos produzidos na cidade, forno de barro, degustação e comidas típicas de Minas, além da cachaça mineira. A festa é imperdível e tem shows também com bandas locais e regionais. (na foto acima do Deividson Costa, uma cozinha em São Tiago MG)
          A cidade é pequena para receber o grande número de visitantes que comparecem à festa, mas tem as cidades vizinhas com boas hospedagens e São João Del Rei, que também fica próximo, na divisa com Ritápolis.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Pão de queijo surgiu na serra mineira por necessidade

(Por Arnaldo Silva) Acredita-se que o pão de queijo tenha surgido na primeira metade do século 18, na época do auge do ciclo do ouro em Minas. Todos os dias chegavam em nossas terras bandeirantes, portugueses e tantas outras pessoas em busca do ouro. 
          Com esse fluxo enorme de gente, a necessidade de comida era grande em um país recém colonizado, com poucas opções alimentares. As dificuldades de trazer ingredientes, como trigo da Europa, eram grandes porque demoravam muito, vinham de navios em viagens que levavam meses e os ingredientes se perdiam pelo caminho. 
          Assim, pela necessidade, foram surgindo os nossos nossos pratos e quitandas especiais. A mais famosa, é o pão de queijo.
          Pesquisadores acreditam que o pão de queijo, que é a maior identidade mineira, tenha surgido em São Roque de Minas, na região da Serra da Canastra, se expandindo para as fazendas do Sul de Minas.
          Segundo o historiador da Universidade Federal de Minas Gerais, José Newton Meneses, em entrevista veiculada no Globo Repórter da Rede Globo em setembro de 2014, a informação é segura:  "As pesquisas foram feitas a partir de listas de compras, encontradas em inventários antigos. É o encontro da substituição do trigo, importado de Portugal, então, muito caro e uma certa produção local de outros produtos. Como o caso do pão de queijo, com os polvilhos da mandioca. O polvilho azedo, o polvilho doce, principalmente”.
     Como não existia trigo no Brasil à época da colonização, ingrediente essencial para se o tão desejado pão que os portugueses sentiam falta, surgiu o nosso pão brasileiro, que não usa trigo, mas sim o polvilho, feito da brasileiríssima mandioca. 
“O pão de queijo não é tecnicamente um pão, não usa nenhum tipo de fermento para produzir o crescimento do pão, então, ele tecnicamente é um biscoito de polvilho, né? Mas, ele adquire um valor tão grande, cultural, na subsistência dessas famílias, que dá-se a ele o nome de pão”, explica o historiador da UFMG.
     Na época os portugueses queriam um pão e foi criado, com o que tinha em nossas terras, o pão de queijo. Pode até não ser aquele pão que os portugueses costumavam comer em Portugal, mas porque foi chamado de pão e levava queijo, foi chamado de Pão de Queijo e nenhum mortal ousaria em mudar o nome da nossa mais importante quitanda.
     Todos nós comemos pão de queijo, se der, todos os dias e nunca enjoamos. Sabe por que? Porque nós mineiros temos um carinho enorme pelo fazemos e além de carinho, tradição passada de geração e amor ao que fazemos. Com amor tudo fica mais gostoso.
Receita do Pão de queijo típico de Minas Gerais 
INGREDIENTES
. 1 kg polvilho azedo
. 1 copo americano de água
. 1 copo americano de óleo
. 500 gramas de queijo Minas, meia cura ralado
. 5 ou 6 ovos
. Leite ou água para amolecer a massa
. Manteiga para untar
. Sal a gosto
MODO DE PREPARO
- Ferver o óleo e a água. 
- Depois de levantar fervura, coloque a mistura da panela na tigela do polvilho, escaldando-o. 
- Após isso, colocar os ovos e sovar a massa com as mãos.
- Acrescentar aos poucos o queijo ralado, o sal a gosto e continuar sovando.
- Amolecer a massa com um pouco de leite ou água, até ficar em ponto de enrolar, no caso, quando já estiver desgrudando das mãos. 
- Untar as mãos com manteiga e fazer bolinhas.
- Coloque os pães numa fôrma untada com manteiga, espalhe um pouco de queijo ralado sobre os pães de queijo na fôrma e leve para assar em forno pré-aquecido a 180ºC até que fiquem dourados

     Essa receita é tão boa que é a única coisa que mineiro não come quieto. Fala pra todo mundo e tem prazer em dizer que está comendo pão de queijo. E com muito orgulho!
     Por que? Porque é bom demais da conta uai!

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Fubá Suado salgado e doce

(Por Arnaldo Silva) Nas casas de Minas, no interior, nossos pais sempre faziam fubá suado. Era uma tradição, uma doce lembrança de um tempo bom, que um simples prato nos causa. Alguns faziam da forma mais simples, outros acrescentavam queijo, carne desfiada, ervas. Doce ou salgado, era sempre bom comer fubá suado no café da manhã, da tarde ou a qualquer hora do dia.
          Eu gosto de Fubá Suado doce usando rapadura e leite queimado. Meu pai sempre preferia o salgado com ovo frito. (como na foto acima da Elvira Nascimento de Ipatinga MG). Às vezes, enriquecia o prato com torresmo, pedacinho de linguiça, alho, cebola e cheiro verde. Fazia sempre pela manhã, antes de ir para o trabalho.
          As vezes usava apenas fubá, sal e gordura de porco porque manteiga era difícil achar. Fazer é fácil. Em uma panela vá colocando água aos poucos e misturando o fubá e tampando para ele suar tendo, o cuidado de mexer sempre para não queimar. Essa é a receita mais simples. Como mais ingredientes, digamos, mais rica, é assim:
INGREDIENTES
. 1 xícara de água
. 2 xícaras de fubá ou farinha de milho
. 1 colher (sopa) de banha de porco
. 2 colheres (sopa) de manteiga
. 1 cebola pequena bem picadinha
. 3 dentes de alho bem amassado
. 1 xícara de torresmo, linguiça ou carne desfiada a seu gosto
. Cheiro verde a gosto
. 1 ou dois ovos fritos.
. Torresmo e linguiça (ou carne desfiada, se preferir) já preparados e cortadinhos
. Sal a gosto
Para fazer é assim gente:
- Em uma tigela, molhe o fubá, despejando devagar a água para umedecer, misturando bem. É apenas para umedecer.
- Em seguida despeje o fubá numa frigideira grossa e deixe no fogo até começar a torrar, mexendo sempre comum  garfo para ficar solto. Desligue e reserve.
- Em outra panela, aqueça a banha e a manteiga, doure a cebola e o alho.
- Em seguida coloque o o torresmo, a linguiça ou a carne desfiada e frite.
- Despeje todo o fubá reservado, acrescente o sal e misture 
- Vá pingando água morna e mexendo bem.
- Tampe agora a panela para que o vapor da água faça o fubá suar.
- Deixe cozinhando aproximadamente uns 8 minutos.
- Agora é só colocar o cheiro verde e servir o fubá suado com o ovo frito. 
Agora a receita do fubá suado doce, como esse da foto do Arnaldo Silva
INGREDIENTES
. 1 xícara de água
. 2 xícaras de fubá 
. 1 colher (sopa) de banha de porco ou óleo comum
. 3 colheres de sopa de manteiga
. 50 gramas de queijo Minas Padrão, picados em cubinhos
. Açúcar ou rapadura ralada a seu gosto. 
MODO DE FAZER
- Em uma tigela, molhe o fubá, despejando a água somente para umedecer e misture bem. 
- Despeje o fubá numa frigideira e comece a torrá-lo, mexendo sem parar com um garfo até ficar bem soltinho. Reserve.
- Aqueça o óleo e a manteiga em uma outra panela, coloque em seguida o queijo, em seguida o fubá reservado.
- Vá pingando um pouco de água morna,  mexendo devagar.
- Tampe para que o vapor da água possa fazer o fubá suar.
- Deixe cozinhando aproximadamente 8 minutos
- Prontinho, agora é só comer. Adoro com café bem quentinho.

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