Além da sua arquitetura, em pedras sobre pedras, uma outra construção, também em pedras, chama a atenção, do mundo. É o presépio Natural Mãos de Deus, inaugurado em 2011, ocupando uma área de 3,6 mil metros quadrados, numa região alta, na área central de Grão Mogol, permitindo uma bela vista da cidade, seu casario de pedras, a Praia do Vau, no Rio Itacambirassu, com sua areia branquíssima e a Serra do Espinhaço. A obra foi construída pelo empresário grão-mogolense, Lúcio Bemquer, ex-presidente da Associação Comercial de Minas (fotografia acima de Anderson Sá/@meuolhar.andersonsa).
Inspirado na crença e devoção do povo brasileiro, foi esculpido em pedras, aproveitando as rochas e condições propícias para fazer e colocar as obras de arte. (fotografia acima de Thelmo Lins) As obras, encenam o nascimento do Menino Jesus, com todos os personagens da passagem bíblica, representados em tamanho original, tendo ainda no local, um espaço para oração e reflexão. É atualmente o maior presépio a céu aberto do mundo. O local é é bem sinalizado, com rampas, parapeitos e iluminação noturna e fica aberto todos os dias, para visitação, de 8 às 22 horas.
O escultor Antônio Silva Reis, de Contagem, esculpiu os personagens da Sagrada Família (José, Maria e o Menino Jesus), o burrinho, o boi, carneiro e o galo, usando cimento e ferro. Já os três reis magos, Melquíades, Belchior e Baltazar, além de uma estátua de São Francisco de Assis, santo que criou o primeiro presépio, no mundo, em 1223, se tornando tradição, desde então, foram esculpidos pelo artista plástico Edson Novais, de Ouro Preto MG.
Todas as obras tem tamanho natural e cada peça, pesa em média 700 quilos. (fotografia acima de Tharlys Fabrício e abaixo de Anderson Sá) Lugar encantador, que leva o visitante a reflexão, oração e transmite um sentimento de paz e energia muito grande, que saem das profundezas da terra, sentida pelos milhares de visitantes que vem à cidade conhecer uma das mais belas obras da religiosidade moderna, no mundo. O presépio de Grão Mogol é único no mundo, não tem outro igual.
Breve história A partir de 1710, bandeirantes e aventureiros começaram a chegar na Serra do Espinhaço devido a descoberta de diamantes, num local denominado Arraial do Tejuco, onde é hoje o município de Diamantina. (na foto abaixo de Thelmo Lins, rua tradicional e típica de Grão Mogol) A descoberta gerou a procura por diamantes em terras ao longo do entorno do recém formado Arraial do Tejuco. No final do século XVIII descobriram diamantes ao longo do Rio Itacambiraçu e na Serra de Santo Antônio, onde foram encontrados diamantes nas rochas, sendo caso único no mundo. A partir de então, um pequeno arraial começou a se formar, denominado de Santo Antônio do Itacambiruçu, que hoje é a cidade de Grão Mogol. Origem do nome
A origem do nome Grão Mogol não é exata. Uma versão diz que vem do nome de um diamante descoberto na Índia em 1550, que pesava 793 quilates denominado Grão Mogol. Na região do Espinhaço foram encontrados alguns diamantes semelhantes em quilates, por isso a associação ao nome. (na foto acima do Thelmo Lins, a Capela do Rosário e na foto abaixo também de Thelmo Lins, local de extração de diamantes, ainda em funcionamento)
Outra versão sugere que o nome tenha originado no amargo sofrimento gerado por conflitos pela disputa de diamantes, ocasionando grandes desordens sociais e assassinatos, o que provocava grande amargor nas pessoas do povoado.
Já naquela época, o mineiro tinha o hábito de reduzir as palavras, como ainda hoje. Não falavam "grande amargor" e sim "granmargor", "grãomargó" e por fim, corrigindo a pronuncia, a denominação passou a ser Grão Mogol. (na foto acima de Manoel Freitas, a lateral da Igreja de Santo Antônio) Devotos de Santo Antônio A marca da presença dos colonizadores em determinado lugar era a edificação de uma cruz e construção de uma capela, em homenagem aos seus santos. Os portugueses que vieram para Grão Mogol, bem como seus descendentes, veneravam muito Santo Antônio, um frade franciscano nascido em Lisboa que viveu boa parte de sua vida em Pádua, na Itália. (na foto acima do Tharlys Fabrício, a Igreja de pedras dedicada a Santo Antônio)
A Igreja de pedras Na região já existia uma cadeia montanhosa com o nome de Santo Antônio e resolveram construir uma igreja em sua homenagem. Começaram a construção da igreja, no então distrito com apoio do Barão de Grão Mogol, que cedeu o terreno e escravos para a construção. (fotografia acima de Anderson Sá) A ideia era que a igreja fosse construída somente com rochas, que são abundantes na região. A partir da construção da igreja, em pedras, os moradores começaram a construir suas casas também com pedras, sendo até hoje uma das características arquitetônicas da cidade, além de ser um material bem fácil de encontrar na região. Não só as casas são em pedras. As pedras estão presentes nos muros, ruas e praças. (foto acima de Thelmo Lins e abaixo de Tharlys Fabrício, o interior da Igreja de Santo Antônio) A fachada da Igreja foi construída em estilo eclético. Mesmo sendo feita de pedras, diferente das construções em barro e pau-a-pique da época, o interior da igreja seguiu os padrões do estilo da época, ou seja, o barroco. Na época as igrejas sempre tinham um altar principal todo ornado em madeira e ouro, com a imagem central do padroeiro e dois altares laterais, com diversos pequenos oratórios, dedicados aos santos e imagens de anjos adornando toda a igreja. Todos ornados em madeira, como também o piso, os bancos, confessionários, etc. (na foto abaixo do Manoel Freitas, detalhes da fachada da Matriz de Santo Antônio) No caso dessa igreja, a originalidade da cor bruta das rochas e a beleza nobre da madeira, dá um contraste com ares de paz e sossego. (na foto abaixo de Lucas Alves, vista parcial de Grão Mogol)
É uma das mais belas igrejas de Minas Gerais, um rico patrimônio de Grão Mogol e do povo mineiro.