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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Trem turístico liga São Sebastião do Rio Verde a São Lourenço

(Por Arnaldo Silva) São Sebastião do Rio Verde, no Sul de Minas, a 422 km de Belo Horizonte, é uma pacata, acolhedora e hospitaleira cidade mineira, onde vivem 2.300 pessoas, segundo Censo do IBGE de 2022. O município faz parte do circuito Terras Altas da Mantiqueira com limites territoriais com Carmo de Minas, Dom Viçoso, Itanhandu, Pouso Alto, Virgínia São Lourenço.
O Expresso Rioverdense
Fotografia de Giuliano Correa - Prefeitura Municipal/Divulgação
        Um sonho que começou em 2011, na gestão do então prefeito José de Souza Rabelo, com muita luta, esforço e dedicação em busca de parceiros, doações e apoio institucional para viabilizar o projeto, teve um final feliz 13 anos depois, em 27/12/2024, na gestão do prefeito Sandro Lisboa Martins. 
São Lourenço MG. Foto: Sérgio Mourão/@encantosdeminas
        Neste marcante dia, com a presença de diversas autoridades locais, regionais e população em geral, foi inaugurado o trem turístico Expresso Rioverdense, ligando a cidade de São Sebastião do Rio Verde à Estância Hidromineral de São Lourenço MG.
Fotografia: Giuliano Correa - Prefeitura Municipal/Divulgação
        Um sonho antigo da cidade e região que se concretizou, emocionando às autoridades, lideranças envolvidas no projeto e a população, que tanto almejou essa conquista para São Sebastião do Rio Verde MG.
        Foram revitalizados 20 km da Ferrovia Minas and Rio Railway (Rio e Minas), construída por ingleses e inaugurada em 1884 por Dom Pedro II, bem como a restauração da Estação SESC São Sebastião do Rio Verde e Estação SESC Américo Lobo. O trem sairá da Estação São Sebastião do Rio Verde, localizada no km 20 da antiga ferrovia até São Lourenço, situada no km 80. Os vagões serão puxados pela locomotiva a vapor – Baldwin 230, construída pela Badwuin Locomotive Works, da Filadélfia (USA) em 1930, doada pelo SESC, unidade de Grussaí, em São João da Barra (RJ), em 27 de maio de 2022. Em 2023 chegaram os vagões, doados pela mineradora Vale. O complexo ferroviário restaurado e reativado, faz agora parte do patrimônio do município.
Nova opção turística da Serra da Mantiqueira
Vista parcial da cidade - Foto: Rildo Silveira
        Chamado de Expresso Rio Verdense, o trem turístico se torna uma nova opção de turismo para a cidade e região da Serra da Mantiqueira, além de fomentar a economia local, fortalecendo o comércio e setor de serviços, além de contribuir para o desenvolvimento da cidade.
        Não apenas isso, o trem turístico Expresso Rioverdense é a recuperação de uma das mais marcantes mineiridades e do valor que o povo mineiro tem para com suas origens e história. Não se trata apenas de colocar um trem nos trilhos, é mais que isso. É a restauração de uma parte significativa da história da cidade e também de Minas Gerais, devido a linha e estação terem sido construídas à época do Império e também pela região ter sido palco da Revolução Constitucionalista de 1932, entre paulistas e mineiros, aliados a Getúlio Vargas.
Outros trens turísticos em Minas
Trem de São Lourenço a Soledade de Minas em São Lourenço MG. Foto: Rildo Silveira
        Além do Expresso Rioverdense em Minas Gerais temos os trens turísticos: São João Del-Rei a Tiradentes, Ouro Preto a Mariana, Passa Quatro a Coronel Fulgêncio, São Lourenço a Soledade de Minas, além do Trem Vitória Minas, que não é trem turístico e sim, trem de passageiro, ligando a capital Mineira a Cariacica, no Espírito Santo.
        Além disso, está previsto para entrar em funcionamento, em 2025, o trem turístico Rio-Minas, entre Três Rios, no Rio de Janeiro, passando por Sapucaia RJ, seguindo até Chiador, na Zona da Mata Mineira. Idealizado pelo ONG Amigos do Trem, em parceria com a empresa de logística VLI, será o primeiro trem turístico interestadual do Brasil. O projeto original é a recuperação de 168 km da Ferrovia Rio Minas, ligando Três Rios RJ a Cataguases. A primeira etapa é de Três Rios a Chiador MG, com projetos de viabilizar a expansão da linha ao longo do tempo, com apoio das prefeituras, até Cataguases MG.
História de São Sebastião do Rio Verde
Fotos: Luciana Silva
        São Sebastião do Rio Verde se formou a partir de um povoado que surgiu em 1880 com nome de Várzea dos Maciéis, com o início da construção pela companhia inglesa Waring Brothers, a Minas and Rio Railway -  Ferrovia Minas e Rio, inaugurada presencialmente por Dom Pedro II e família Imperial, em 14 de junho 1884 para transporte de passageiros. O Imperador e sua comitiva fez o primeiro passeio de trem pela linha, viajando na locomotiva Couto de Magalhães, com paradas nas estações Américo Lobo em São Sebastião do Rio Verde e em Contendas, em Conceição do Rio Verde. A ferrovia ligava a cidade de Cruzeiro em São Paulo, a Três Corações, seguindo até a capital do Império, à época, Rio de Janeiro, permanecendo em atividade até o ano de 1991, quando a linha foi desativada.
        Após a construção da Estação Pouso Alto, o povoado Várzea dos Maciéis passou a ser chamado de Estação Pouso Alto. Foi a partir de 1891, com a construção da capela dedicada a São Sebastião que houve maior crescimento do povoado com a chegada de novos moradores e operários da ferrovia. Da antiga capela, restou o orago do século XIX, talhado em madeira, presente hoje na atual Matriz da cidade.
        A partir de 1930, o vilarejo e estação passou a ser subordinado ao município de Pouso Alto, sendo elevado a distrito em 1953 e por fim, se desmembrando de Pouso Alto em 1963, se tornando cidade emancipada, adotando o nome de São Sebastião do Rio Verde. O nome é associado São Sebastião ao Rio Verde, importante rio para a história e economia do município desde sua origem, além de ser um de seus principais atrativos naturais da cidade, propício para a prática de canoagem, pescaria, natação em pequenas praias fluviais.
        Cidade montanhosa, com paisagens, exuberantes, clima ameno e inverno rigoroso, se destaca ainda pela riqueza de sua culinária típica, doces, queijos, rico artesanato em bordado, crochê, barbante, palha e confecção de bonecas de palha.

sábado, 28 de dezembro de 2024

Paracatu: a Capital Mundial do Pão de Queijo

(Por Arnaldo Silva) Paracatu é uma cidade histórica de 95 mil habitantes, localizada na Região Noroeste de Minas Gerais. Fundada em 20 de outubro de 1798, no final do século XVIII, arquitetura colonial preservada, Paracatu é uma das mais charmosas, acolhedoras e hospitaleiras cidades mineiras, características marcantes de todo o povo mineiro que faz o visitante se sentir em casa.
        A cidade sempre deixa saudades. Quem vem a Paracatu, quer voltar, principalmente pelas deliciosas e tradicionais quitandas. (fotos da cidade acima de Vicente Oliveira e do pão de queijo, fornecida pela Neusa de Faria)
        Paracatu é um termo de origem tupi que significa "rio bom", através da junção dos termos "Pará" ("rio") e "Katu" ("bom") O município faz limites territoriais com Guarda-Mor, Campo Alegre de Goiás (GO), Ipameri (GO), Cristalina (GO), Unaí, João Pinheiro, Lagoa Grande e Vazante e está a 483 km distante de Belo Horizonte e a 221 km de Brasília/DF. (fotos acima de Rodrigo Firmo/@praondevou)
Tradições gastronômicas
        Cidade com excelente estrutura urbana, turística e tradicional, Paracatuense destaca desde sua origem, por sua pecuária leiteira, agricultura e culinária. Do leite para as queijarias das fazendas onde eram feitos queijos. Tanto um, quanto outro, sempre foram os principais ingredientes para as quitandas tradicionais da cidade, principalmente do tradicional pão de queijo, um dos símbolos da riqueza gastronômica de Minas Gerais e o principal símbolo da rica culinária de Paracatu
        São quitandas que saem dos fornos das cozinhas de Paracatu desde o final do século XVIII, pelas mãos de talentosas e prendas mestras formadas pelo saber de suas mães, avós e bisavós. Resultado do cuidado de seu povo com a valorização e preservação dos saberes e ofícios da sua tradição gastronômica. 
        São conhecimentos que passam de mãe para filha, de pai para filho, há mais de 200 anos. As quitandas de Paracatu tem o gosto do século 19, tem gosto da tradição das Minas Gerais. Surgiu em uma época quando as quitandeiras mineiras usavam a mandioca e o fubá como alternativas para fazer pães, bolos e biscoito. Isso porque, trigo no Brasil era praticamente inexistente à época, e sua importação, caríssima.
Modo de fazer do Pão de Queijo de Paracatu
        O modo de preparo do Pão de Queijo de Paracatu é diferente do modo tradicional, devido seu preparo, ser tradição secular na cidade e único. Em Paracatu, o Pão de Queijo é feito com polvilho doce, ovos, sal e queijo meia cura, diferenciando no modo de fazer da massa, que é fria e não escaldada..
        O pão de queijo tradicional, como conhecemos é feito com polvilho azedo, ovos, sal, queijo meia cura e massa quente, devido o escaldo, que é a mistura de água, leite e óleo quente ao polvilho. Em Paracatu não se escalda a massa do pão de queijo. A massa é fria. É esse o segredo. Essa é a tradição da cidade.
        É essa a diferença da autenticidade e sabor único da receita do Pão de Queijo de Paracatu MG, uma tradição secular, com origem no início do século XIX, embora não seja possível precisar quando e através de quem a tradição começou.
6 milhões de pães de queijo por ano
        Uma tradição tão marcante na cidade que a fez ser conhecida e reconhecida como a Capital Mundial do Pão de Queijo. São cerca de 12 fábricas que se dedicam a fazer pão de queijo, preservando o método artesanal e com isso, garantindo a qualidade e o sabor inconfundível do Pão de Queijo, hoje símbolo da gastronomia, não apenas mineira, mas brasileira.
        Para se ter ideia do imenso valor do Pão de Queijo para a tradição e economia de Paracatu, são produzidos na cidade cerca de 17 mil pães de queijo por dia. Isso daria uma média de 500 mil pães de queijo por mês e a impressionante média anual de 6 milhões de pães de queijo por ano. Sem contar a produção caseira, que saem dos fogões das casas e fazendas do município.
Patrimônio da culinária de Paracatu
        Por esse motivo, o modo de fazer do Pão de Queijo de Paracatu foi reconhecido pela Prefeitura Municipal como Patrimônio Cultural e Imaterial do município em 5 de julho de 2015. A partir dessa data, o modo de fazer passou a integrar o Livro de Registros dos Saberes, como Patrimônio Imaterial da cidade. Por esse motivo, 5 de julho é considerado o Dia do Pão de Queijo em Paracatu. Além disso, mais 11 quitandas paracatuenses receberam o reconhecimento oficial como patrimônios imateriais de Paracatu, com alguns de origem nos tempos do Brasil Colônia.
12 iguarias tradicionais
        As 12 quitandas reconhecidas como Patrimônios Imateriais de Paracatu são: Pão de Queijo (não escaldado); Desmamada (um bolo cremoso feito por escravizados); Empada de capa Fina; Brevidade; Bolo Zumbi (feito com fubá torrado, manteiga, queijo curado e adoçado com rapadura); Mané Pelado (bolo cremoso a base de mandioca ralada); Queijadinha (em forma de estrelinha com recheio de mandioca seca com queijo); Biscoito de Queijo; Bolo de Domingo (a base de fubá de arroz com fermentação natural); Bolacha Arrozina (tom claro, doce, amanteiga e se desfaz na boca); Bolacha de Polvilho (oval, quadrada e crocante) e Bolo da Cozinha (fubá de arroz com ovos). (nas fotos acima fornecidas pela Neusa de Faria, o Bolo de Domingo e o Pão de Queijo não escaldado e abaixo do Thelmo Lins, o casario e o Bolo Desmamada)
        As tradicionais quitandas de Paracatu estão presentes em todas as casas, fazendas, padarias e lanchonetes do município. Entre as 12 iguarias tradicionais de Paracatu, o pão de queijo é a preferida, superando o tradicionais pão de sal (francês). 70% dos moradores de Paracatu preferem o Pão de Queijo à pão francês no seu dia a dia.
A Capital Mundial do Pão de Queijo
        Pão de Queijo em Paracatu é uma identidade tão autêntica e enraizada na história da cidade, que é impossível falar em Paracatu, sem falar do seu tradicional Pão de Queijo. Por esse motivo, Paracatu reivindica o reconhecimento da cidade como a Capital Mundial do Pão de Queijo. É um reconhecimento de grande importância a cidade, não apenas para valorizar a economia local, fomentando o aumento da produção, turismo gastronômico e geração de empregos, mas principalmente, reforçar a identidade gastronômica do município. (primeira foto fornecida pela Neusa de Faria e segunda, de Rodrigo Firmo/@praondevou)
        Em parceria com o Sebrae, as quitandeiras da cidade busca a concessão do selo de Indicação Geográfica, garantia de que um produto é originário do local. Além do IG, pretendem em seguida registrar os saberes culinários das mestras quitandeiras paracatuenses, preservados por gerações, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O selo IG e INPI, é de grande importância para preservar e fortalecer a gastronomia da cidade, agregando valor aos produtos tradicionais do município.
        Paracatu é a Capital Mundial do Pão de Queijo. Um reconhecimento que a cidade busca, espera e merece.

sábado, 21 de dezembro de 2024

Vim de Minas: uma viagem pelas vinícolas mineiras

(Por Arnaldo Silva) No Estado da Cachaça e com a cerveja artesanal em expansão rápida, tem também vinhos, produzidos por várias vinícolas em todas as regiões mineiras. E não são vinhos qualquer não. São vinhos finos, de qualidade e excelência, com reconhecimento e premiações nacionais e internacionais.
        Os mineiros apreciam sua cachaça, seus licores, suas cervejas artesanais e também, bons vinhos. Do final dos anos 1990 para cá, novas vinícolas vem surgindo no Estado, com antigas fazendas de gado e lavouras, como de café, que passaram a cultivar uvas das espécies Vitis Viníferas,originária da Europa, para vinhos finos e Vitis labrusca, originária dos Estados Unidos e por isso chamadas de uvas americanas, própria para vinhos suaves de mesa e consumo em sucos e in natura. (acima, imagem fornecida pela Vinícola Vale do Gongo de Grão Mogol e a segunda, do Campo Experimental da Epamig em Caldas MG, em foto do Erasmo Pereira)
        Além disso, os vitivinicultores mineiros vem buscando conhecimento, aprimoramento com base nas melhores técnicas e equipamentos enólogos de ponta no mundo, além de usarem a técnica da Dupla Poda. Com isso, a qualidade dos vinhos finos com uvas europeias, como cabernet sauvignon, merlot, pinot noir, chardonnay, sauvignon blanc, tempranillo, malbec, tannat, carmenère e syrah, vem crescendo a cada ano. Os vinhos de mesa, feitos de uvas americanas, como exemplo as uvas Isabel, Bordot, Niágara e Condord, vem também crescendo em produção em Minas. Por serem uvas populares, o consumo vem aumentando, além dos vinhos suaves de mesa, por serem mais baratos, em relação aos vinhos processados com uvas finas.
        São as uvas europeias e americanas que definem se um vinho será tinto, branco, rosé, espumante, frisante, de mesa, suave, seco, demi-sec, encorpado e brut que é o espumante seco. (foto acima de Arnaldo Silva)
A importância da EPAMIG para o setor
        A produção de vinhos em Minas se limitava ao Sul de Minas, até o final do século XX. A partir do ano 2000, graças a pesquisas e investimentos dos produtores e pesquisadores na viticultura e vinicultura (viticultura estuda as uvas e a vinicultura estuda os vinhos), como por exemplo, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), através de seu campo experimental em Caldas no Sul de Minas (nas fotos acima do Eramos Pereira). Foi a estatal mineira que desenvolveu a técnica da dupla,dando início assim a ampliação do cultivo uvas, ampliação e surgimento de novas vinícolas em todas as regiões do Estado.
A Dupla Poda – O Ciclo Invertido da EPAMIG
        Em algumas cidades mineiras, a produção de vinhos vem se destacando, rompendo as divisas regionais, agradando paladares de todo o Brasil e até mesmo, paladares internacionais. Isso por que as vinícolas mineiras vem se destacando no cenário nacional e internacional, principalmente as vinícolas que tem assistência da Epamig, de Caldas MG, que utilizam a técnica da dupla poda na produção de vinhos finos. (foto acima de Eramos Pereira/Epamig - Caldas MG)
        A técnica da EPAMIG foi desenvolvida por Murillo Albuquerque Regina, responsável pelo projeto que revolucionou, profissionalizou, viabilizou e permitiu significativa melhora na produção de vinhos de qualidade no Sudeste.
        A técnica da dupla poda possibilita o deslocamento do período de colheita das uvas, que acontece tradicionalmente entre dezembro e janeiro, no verão, época de chuvas intensas no sudeste, para o inverno, época da estiagem e maior amplitude térmica em Minas Gerais. Ou seja, são feitas duas podas por ano, visando uma única colheita, no fim do inverno, em agosto e não em janeiro, no verão, como ocorre tradicionalmente no Sul do país. Minas produz vinhos finos de inverno e o Sul do país, vinhos finos de verão.
Produção crescente
        Hoje em Minas, o número de Vitivinicultores (profissionais que se dedicam ao cultivo de vinhas e à produção de vinho), vem crescendo, sendo hoje cerca de 122 vinícolas presentes em várias cidades de todas as 12 regiões mineiras em especial do Sul de Minas, região com tradição secular no plantio de uvas e produção de vinhos. 
Tour por vinícolas mineiras
        Você vai fazer agora uma viagem por algumas vinícolas mineiras com vários rótulos de vinhos tintos finos ou suaves de mesa que você pode combinar, não apenas com nossos queijos, mas com outras delícias de Minas Gerais. A maioria das vinícolas mineiras promovem o enoturismo, abrindo suas portas para visitas às suas vinícolas, mediante agendamentos prévios. Com isso, o visitante tem a oportunidade de conhecer todo o processo de produção e processamento de vinhos, além de degustar vinhos de qualidade, com jantares, almoços e cafés harmonizados.
        Vamos conhecer um pouco de algumas cidades e vinícolas de Minas Gerais:
Bárbara Eliodora - São Gonçalo do Sapucaí
        A vinícola Bárbara Eliodora, fundada em 2015 em São Gonçalo do Sapucaí a 330 km distante de BH, no Sul de Minas é uma empresa familiar como origem em um sonho da família em produzir vinhos finos de qualidade e sabor. (foto: reprodução Instagram: @vinicola.barbaraeliodora)
        A inspiração do nome é em homenagem à Bárbara Eliodora Guilhermina da Silveira, uma das figuras femininas mais emblemáticas de Minas Gerais. Além de fazer parte da Inconfidência Mineira (1789), participou ativamente na luta pela Independência do Brasil. Além disso, a heroína mineira mantinha fortes laços com São Gonçalo da Campanha do Rio Verde, atual São Gonçalo do Sapucaí, Bárbara Eliodora era poetisa, tendo sido a primeira mulher a fazer poesia no Brasil, atuava ainda no ramo da mineração e agricultura em São Gonçalo do Sapucaí.
        Nascida de uma família aristocrata em São João Del-Rei em 1758, morreu aos 61 anos em 1819 e sepultada na Igreja Matriz de São Gonçalo do Sapucaí. A heroína mineira deixou um grande legado para nossa história. Por sua importância para São Gonçalo do Sapucaí e região, seu nome foi inspiração para criação dos vinhos que exprimem poesia, personalidade e delicadeza, com um toque de robustez, tal como a homenageada.
        Em pouco tempo de existência, a vinícola já é uma das referências nacionais pela sua excelência na produção de vinhos finos, de qualidade e sabores inigualáveis. Além disso, é a pioneira no plantio das variedades Vitis Vinífera, no município.
        A Vinícola recebe com alegria visitantes, mediante agendamento prévio. O visitante tem a oportunidade de conhecer todo o processamento de vinhos, desde o plantio, até o engarrafamento, degustação e almoço harmonizado. O ambiente e o atendimento são de primeira, levando o visitante a uma experiência gastronômica e enóloga inesquecível! O contato pode ser feito pelo Instagram: @vinicola.barbaraeliodora
Vale do Gongo - Grão Mogol
        Na cidade histórica de Grão Mogol, no Norte de Minas na Cordilheira do Espinhaço, se destaca a Vinícola Vale do Congo. A Vinícola começou, com apenas uma parreira de uva, plantada pelos avós dos atuais proprietários que levaram adiante a ideia de uma vinícola na cidade. A origem da vinícola era um casarão colonial do século XVIII com no nome de Casa Velha, hoje um espaço preparado para receber os turistas e visitantes para jantares e degustação dos vinhos produzidos pela vinícola. (fotos acima de Ernani Calazans)
        A Casa Velha é um casarão colonial, construído no estilo da cidade, em pedras. Um espaço agradável, confortável, com ares medievais e romântico. Ideal para casais que buscam o romantismo tradicional, regado a bons vinhos, jantares a luz de velas, em um ambiente rústico, acolhedor, charmoso e elegante. (fotos: reprodução do Instagram: @valedogongo)
        A produção e processamento de vinhos, é feito na Fazenda Vale do Gongo, localizada no Km 17 da Comunidade Taquaral, Zona Rural de Grão Mogol, onde estão os parreirais das uvas Merlot, Syrah, Lorena e Sauvignon Blanc.
        Na vinícola, são produzidos vinhos de mesa e finos de qualidade como Tinto Seco, Tinto Meio Seco, Rosé Seco e Rosé Meio Seco de Mesa, além de Vinho Tinto Seco e Branco Seco, finos,
        Além disso, na vinícola são produzidos espumantes Démi-sec Rosé, utilizando os métodos tradicionais na espumantização da bebida.
        Os visitantes podem conhecer a vinícola através de agendamento prévio. Na vinícola, conhecerá o processo tradicional da produção, participará de palestras, andará pelos parreirais e por fim, será servido um café sertanejo, com as quitandas típicas de Minas e à noite, é oferecido aos visitantes um jantar completo na Casas Velha, no Centro da cidade, com música ao vivo. Contato pode ser feitos via Instagram: @valedogongo ou pelo WhatsApp: 38 9106-3436 com Alexandre Damasceno.
Maria Maria - Boa Esperança
        A Vinícola Maria Maria surgiu a partir de 2006, na Fazenda Capetinga, em Boa Esperança MG, a 275 km distante de BH, localizada na região cafeeira do Sul de Minas. A propriedade de Eduardo Junquyeira Júnior, já está na quinta geração na produção de grãos e agora vem se destacando no plantio de uvas (europeia) como Syrah, Cabernet Sauvignon e Sauvignon Blanc, plantadas na fazenda, desde 2009, além das uvas chardonnay, para a produção de espumantes. (fotos:reprodução Instagram: @vinhosmariamaria)
        Além disso, na fazenda é feito o processamento e produção de vinhos finos de alta qualidade, teor e sabor, além de vinhos branc, rosés e espumantes. São vinhos de excelência. A Fazenda Capetinga preserva a tradição e a qualidade dos grãos de café, além da busca incessante pela excelência e qualidade na produções de seus vinhos. Como resultado, reconhecimento e diversas premiações nacionais e internacionais.
        O nome da vinícola, foi inspirado na música Maria Maria de Mílton Nascimento, bem como também seu mais famoso rótulo, Maria Maria. Com nomes femininos homenageando familiares do proprietário da vinícola, foram sendo criados novos rótulos como Agda (syrah 2013), sua bisavó; Ada (branco 2013), sua tia-avó e Anne (rosé 2013), sua cunhada, dentre outros rótulos com nomes de mulheres.
        A vinícola Maria Maria é aberta à visitação mediante agendamento prévio, onde o visitante pode degustar os vinhos produzidos pela vinícola, além almoçarem na próxima vinícola, que conta com restaurante. O contato pode ser feito pelo Instagram: @vinhosmariamaria
Mil vidas - Ritápolis
        Ritápolis, cidade com apenas 5 mil habitantes, situada na região do Campo das Vertentes, distante 223 km de Belo Horizonte e apenas e apenas 37 km distante de Tiradentes e a 28 km de São João Del-Rei, vem se destacando no turismo não apenas por ser a terra onde nasceu Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, mas também na produção de vinhos. (fotos: Reprodução Instagram: @vinicolamilvidas)
        Na terra do Mártir da Inconfidência Mineira, foi criada pelos empresários Wander Oliveira e Berenice Figueiredo, a Vinícola Mil Vidas, em alusão à frase atribuída a Tiradentes, antes de sua execução: “Mil vidas eu tivesse, mil vidas eu daria”. O vinho Mil Vidas, homenageia o mais ilustre personagem de Ritápolis e um dos personagens mais icônicos e fundamentais para a história de Minas Gerais e do Brasil.
        A vinícola e o vinhedo, ocupam uma área de 21 hectares com cultivo de variedades de uvas finas como Syrah e Sauvignon Blanc. Promove o enoturismo, numa experiência incrível por entre seus parreirais, degustação e harmonização de seus vinhos harmonizados com as delicias mineiras, no restaurante da vinícola. O lugar é um ambiente requintado, muito bem planejado, acolhedor, confortável e com o melhor sabor da cozinha mineira e francesa, com vista para as videiras e serras da região.
        A vinificação do vinho Mil Vidas é realizada em Caldas MG, no Sul de Minas, na sede da Vitácea Brasil. A vinícola tem ainda nesta cidade um vinhedo em sociedade com outros vitivinicultores no cultivo de uvas Chardonnay e Pinot Noir, para a produção de espumantes. No vinhedo de Ritápolis, as uvas são colhidas, carregadas em caminhão refrigerado até Caldas MG para a vinificação. Contato com a vinícola pode ser feito pelo WhatsApp: 32 9851-7726
O Vinho de Rosas de Macaúbas - Santa Luzia
        Um vinho que usa como base, não a uva e sim, pétalas de rosas vermelhas. É uma das bebidas fermentadas mais antigas do Brasil. A bebida é feita no Mosteiro de Macaúbas, em Santa Luzia MG, Grande BH e remonta o início da construção do mosteiro, em 1714, no século XVIII. Era uma das bebidas mais procuradas da época. Isso porque, o fermentado de rosas era recomendado pelos médicos da época para curar doenças pulmonares. (fotos acima de Rodrigo Martins)
        As freiras guardam a sete chaves há mais de 300 anos, as receitas tradicionais da cozinha mineira colonial. Entre as quitandas, doces e licores, o Vinho de Rosas de Macaúbas é o mais procurado e receita única, das freiras.
        O mosteiro foi construído para ser recolhimento religioso, internato e educandário feminino para as filhas da fidalguia da época. As famílias ricas do Brasil Colônia, enviavam suas filhas para o Macaúbas para estudarem ou seguirem a vida religiosa, como exemplo as filhas de Chica da Silva e João Fernandes de Diamantina e Joaquina, filha de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
        As freiras que vivem enclausuradas no mosteiro, fazem o vinho de rosas, licores, doces e quitandas para venderem na lojinha do Mosteiro. A pessoa terá que ir ao mosteiro da cidade histórica para adquirir a bebida e as tradicionais quitandas artesanais feitas pelas freiras.
Estrada Real - Três Corações
        Três Corações, no Sul de Minas, a 1300 metros de altitude, distante 465 km de Belo Horizonte é, famosa pela qualidade do café, por ser a cidade natal do Pelé e por estar inserida na Estrada Real, vem se destacando ainda na produção de vinhos finos, nobres e de alta qualidade e plantio de uvas europeias como uvas Syrah, Sauvignon Blanc e Chardonnay. É no município que está instalada a Vinícola Estrada Real, uma sociedade entre brasileiros e franceses fundada em 2001, uma das pioneiras na implantação da técnica da dupla poda na região Sul de Minas. (fotos: Reprodução Instagram @vinicolaestradareal)
        Os investimentos foram feitos usando as melhores tecnologias existentes e sempre atualizados de acordo com as novas tendências tecnológicas, seguindo os rigorosos processos de qualidade, tanto na produção, quanto na seleção e desenvolvimento das videiras, objetivando qualidade e produção de vinhos finos de excelência. A visita à vinícola é feita por agendamento prévio e o contato pode ser feito via Instagram @vinicolaestradareal
Vinícola dos Montes - Santana dos Montes
        A pequena Santana dos Montes, na Região Central, apenas 130 km de BH, é uma cidade histórica com origens no Ciclo do Ouro. Rodeada por montanhas e matas nativas preservadas de Mata Atlântica, conta com um charmoso e preservado casario colonial e fazendas centenárias bem preservadas. (fotos: Reprodução Instagram @vinhosdosmontes)
        Além disso, a cidade é também tradicional na produção de cachaças, cervejas artesanais e também de vinhos finos, como por exemplo os produzidos na vinícola Dos Montes, da Fazenda Guarará, distante apenas 6 km do centro.
        As primeiras uvas das variedades Syrah, Cabernet Franc e Sauvigon Branc, foram plantadas na fazenda em 2007 com a primeira colheita feita em 2011. A partir de 2018, a vinícola passou a adotar a técnica da dupla poda na produção de seus vinhos finos, nobres e alto padrão de excelência, reconhecidos com diversas premiações em concursos nacional e internacionais, com a colheita feita em agosto, já no fim do inverno.
        A vinícola recebe visitantes, mediante agendamento prévio. O visitante conhecerá os parreirais, pode ainda degustar os rótulos e as deliciosas uvas cultivadas na fazenda, como as variedades merlot, syrah, cabernet franc e tempranillo, além de conhecer a adega, os tradicionais barris e as criativas garrafas decorativas da vinícola.                Além disso, a Fazenda Guarará é também, um hotel fazenda, podendo hospedar-se em acomodações charmosas e acolhedores de uma fazenda dos tempos do Brasil Colônia, além de ter a oportunidade de conhecer a fábrica de Cerveja Loba, Cachaçaria e Hotel Fazenda da Chácara, que pertencem ao mesmo proprietário. Informações sobre visitas e hospedagens podem ser obtidas pelo telefone (31) 98340-6673 ou via Instagram: @vinhodosmontes
A tradição vinícola de Diamantina
        Diamantina, uma das mais tradicionais e belas cidades históricas do Brasil, Patrimônio da Humanidade, Terra de Chica da Silva e JK é uma das mais tradicionais produtoras de vinhos do Brasil. (nas fotos alguns rótulos de vinhos de Diamantina/Avodaj/Divulgação e vista parcial da cidade, em foto da Giselle Oliveira)
        Na cidade do Vale do Jequitinhonha, distante 290 km de Belo Horizonte, a produção de vinhos data do século XVIII. Isso mesmo. Bem antes dos imigrantes italianos e alemães virem para o Brasil, no século XIX, vinhos já eram produzidos na colônia e em Minas Gerais, em Diamantina, introduzida pelos portugueses que vieram para a cidade à época. Cidade de clima ameno, média de 18 ºC e inverno com temperaturas entre 0 e 5 graus e a 1280 metros de altitude, acima do nível do mar, propício para cultivo de vinhas.        
        Com a decadência da mineração, a produção vinícola foi reduzindo e as velhas vinícolas foram sendo desativadas, se resumindo a poucas vinícolas, apenas para produção caseira e artesanal de vinhos. A partir do ano 2000, a tradição vinícola da cidade foi retomada, novas vinícolas foram sendo fundadas, seguindo os padrões, tecnologias e técnicas de ponta no cultivo de uvas e processamento de vinhos tintos finos e suaves de mesa. Os vinhos de Diamantina podem ser adquiridos nos mercados, bares e restaurantes da cidade e região.       
Os vinhos de Andradas 
        A cidade de Andradas, no Sul de Minas, a 480 km distante de Belo Horizonte, de 41 mil habitantes, é uma das mais tradicionais produtoras de vinhos do Brasil.
        A tradição vinícola da cidade teve origem no final do século XIX, com a chegada de famílias de imigrantes italianos à região. No século XX, cerca de 72 famílias de imigrantes italianos produziam vinhos em suas propriedades. Atualmente, são apenas seis vinícolas que mantém a tradição na produção de vinhos finos de excelência, abertas à visitação. São as vinícolas Basso (produzindo vinhos desde 1905), Stella Valentino, Belotto, Marcon, Muterle e a Casa Geraldo, uma das mais tradicionais vinícolas do Brasil (nas fotos acima do Luís Leite).        

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Gouveia: a mineiridade da terra do Cobu

(Por Arnaldo Silva) Típica cidade interiorana mineira, pequena, casario simples, bem conservado, rua principal, praças, a Matriz, um povo simples, bom e hospitaleiro. A cidade preserva sua história e suas tradições religiosas, folclóricas, culturais e gastronômicas.
          A cidade tem uma estrutura urbana muito boa. A maioria de suas ruas são urbanizadas, seu comércio é diversificado e a cidade conta com bons restaurantes, bares, hotéis, pousadas, além de setor de serviços muito bom. (na foto acima, a Matriz de Santo Antônio, do Leandro Leal e o Cobu (foto da Mercearia Paraopeba)
        Como toda cidade mineira, em Gouveia encontramos pequenos, bucólicos e singelos vilarejos como a Vila Alexandre Mascarenhas, Cuiabá, Barão do Guaycuí, Tigre, Caxambu, Água Parada, Onça, Ribeirão de Areia, Bucaína, Espinho, Pedro Pereira, Engenho da Bilia, Engenho da Raquel, Riacho dos Ventos, Camelinho, Picada, Chapadinha, Barracão e Barão de Guaucuí (na foto acima do Rodrigo firmo/@praondevou, a Igreja de N. S. da Conceição em Barão de Guaicuí).
          São lugares pitorescos, simples, tradicionais, rico em história e tradição e gastronomia. Gouveia é Minas no seu mais puro e tradicional estilo. A cidade é bem pacata e tranquila, bem típica das mais charmosas cidades pequenas do interior. O traçado urbano de Gouveia conta com dois eixos: a Avenida JK, seu eixo principal que vai da Praça Padre José Machado à Praça Antônio Almeida, seguindo até a BR-259 e a Avenida Alexandre Mascarenhas, perpendicular ao eixo principal. Esse eixo dá acesso a Fábrica de Tecidos São Roberto.

Entre montanhas e cachoeiras
        Rodeada por cachoeiras, montanhas e vales, Gouveia é um convite ao sossego e descanso. Por esse motivo, é um dos principais destinos mineiros para amantes da natureza, da simplicidade, do sossego e da boa comida mineira. (na foto acima do Marcelo Santos, estrada de acesso a Gouveia)
        A culinária típica mineira é um das mais tradicionais e fortes tradições do município. Em destaque para a broa Cubu, uma iguaria mineira feita de fubá, enrolada na folha da bananeira e assada em forno de barro.
O Cobu
        Também chamado de João-deitado, Mata-homem, Curisco, Broinha-da-roça e Pau-a-pique, a tradicional broa de fubá mineira tem sua origem no início do século XVIII, em Congonhas do Campo MG, Região Central. (imagem meramente ilustrativa - Mercearia Paraopeba)
        A receita da iguaria se expandiu para cidades próximas, como Vila Rica, hoje, Ouro Preto. Foi nessa cidade, que em 1733, foi feito o primeiro registro histórico da iguaria que se tornou popular, a partir dessa época nas cidades e vilas ao longo da Estrada Real, se expandindo por todas as regiões mineiras.
        Nessa época os portugueses e africanos passaram a usar o fubá, ingrediente usado pelos povos indígenas da América há milhares de anos na sua culinária. Além de se popularizar nas cidades e povoados, a partir de Congonhas MG, a receita foi preservada ao longo de mais de 300 anos e hoje está presente em toda Minas Gerais, mesmo com nomes diferentes, mas preservando o modo de preparo original.
Tradicional em Gouveia
        Em Gouveia, o Cobu é tradição popular e de grande importância para a cidade. A iguaria faz parte da cultura gastronômica do município. Pela tradição e preservação da iguaria mineira. De tão popular e tradicional, presente no dia a dia da cidade, Gouveia é considerada a Terra do Cobu.
        Todos os anos, tradicionalmente na segunda quinzena do mês de julho, acontece a Kobufest. Considerada a maior festa regional de Minas Gerais, o evento conta com shows de bandas locais, regionais e também, nacionais, além de barracas com comidas típicas de Minas Gerais. No dias de festa, os visitantes podem saborear o mais autêntico Cobu de Minas Gerais.
História da cidade
        Essa cidade é Gouveia, no Vale do Jequitinhonha. A cidade está a 258 km distante de BH, fazendo limites territoriais com Diamantina, Datas, Conceição do Mato dentro, Santana de Pirapama, Presidente Juscelino e Monjolos. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
        A cidade tem origens por volta de 1740, no século XVIII, com a chegada de garimpeiros à região, durante o Ciclo do Ouro. Vieram em busca de ouro e diamantes mas também de terras férteis, que encontraram no que é hoje, Gouveia.
        Entre os que vieram para a região, estava dona Maria de Gouveia, uma descendente de portugueses, devota de Santo Antônio. Foi dona Maria de Gouveia que mandou erguer uma capela em homenagem ao seu santo de devoção. Em torno da capela, formou-se um pequeno arraial que passou a ser chamado de “Arraial de Santo Antônio de Gouveia, em alusão à fundadora do arraial e ao santo de sua devoção.
        A riqueza gerada pela mineração e terras férteis, aliadas à competência, influência comercial e política de dona Maria de Gouveia, foram preponderantes para o desenvolvimento do arraial. 
        A partir da segunda metade do século XIX, o arraial fundado por Maria Gouveia, prosperou com a chegada á região de Quintiliano Alves Ferreira, o Barão de São Roberto, fazendeiro, minerador, comerciante e empresário, fundador da Fábrica de Tecidos São Roberto. (na foto acima do Marcelo Santos, o casario da Vila São Roberto, construída para abrigar os trabalhadores da Fábrica de Tecidos São Roberto)
          O arraial foi elevado a distrito em 7 de abril de 1841, com o nome de Gouveia, em homenagem à sua fundadora. Em 12 de dezembro de 1953, o distrito foi elevado à cidade emancipada, mantendo seu nome, Gouveia.
O que fazer em Gouveia?
        
Cidade com forte potencial turístico, histórico, arquitetônico e natural, em Gouveia o visitante tem como opções conhecer a Cachoeira de São Roberto (nas fotos acima do Marcelo Santos), a Lagoa Azul, localizada no distrito de Picada é outro atrativo natural, bem como a Pedra Chapéu de Sol, a Serra do Juá e a Serra de Santo Antônio e a Cachoeira de São Roberto, a Cachoeira do Barão e a Estação Ferroviária de Barão de Guaicuhy inaugurada em 1910, no distrito de Barão de Guaycuí
          Além disso, tem o Morro do Camelinho, onde está localizada a primeira Usina Eólica construída na América Latina, no momento não está em atividade.
        Trilhas, que permitem a prática de caminhadas, cavalgadas e ciclismo, conecta o visitante com natureza, proporcionando-lhe bem-estar físico e mental.
        
Além disso, em seu perímetro urbano, se destaca como atrações a Capela de Nossa Senhora das Dores, datada do século XVIII com histórias e origens que remonta o século XVIII. (nas fotos acima e abaixo do Elpídio Justino de Andrade, a Capela de Nossa Senhora das Dores)
          Na Igreja de Nossa Senhora das Dores encontra-se a imagem original de Nossa Senhora das Dores, que pertenceu a Chica da Silva.
        
Tem ainda a Capela Nossa Senhora de Lourdes, a Capela São Geraldo, a Capela Nossa Senhora das Dores, a Capela São Sebastião, a Vila de São Roberto e a Paróquia de Santo Antônio, nas fotos acima da Giselle Oliveira.
        Além disso tem as tradições festas populares tradicionais durante o ano como a Festa de São Sebastião: (Mês de janeiro), Carnaval: (Data Móvel), Semana Santa: (Data Móvel), Festa de Santo Antônio: (01 a 13 de Junho), Quadrilhas: (Mês de junho / julho), Kobufest: (2ª quinzena de Julho), Festa de Nossa Senhora das Dores: (Mês de setembro), Festa de São Geraldo: (Mês de outubro) e Natal: (Mês de dezembro).
Como chegar?
        A partir de Belo Horizonte, pegue a BR-040, sentido Sete Lagoas indo até Curvelo e entrando na MG-231 e entrando na BR-259, sentido Diamantina. (foto acima de Elpídio Justino de Andrade)
        Se preferir, da Rodoviária de BH tem ônibus diário para Gouveia pela viação Pássaro Verde.

domingo, 1 de dezembro de 2024

A tradição e simbologia dos oratórios em Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Desde a origem da povoação de Minas Gerais, a partir da segunda metade do século XVII, a religiosidade sempre esteve ligada à identidade mineira, se tornando uma das mais sólidas tradições do povo mineiro.
        Uma tradição religiosa que recebeu a contribuição das tradições africanas e indígenas, numa mistura de religiosidade e preservação das tradições milenares do Cristianismo Católico tradicional. (na foto acima da Elvira Nascimento, oratório em nicho, da Fazenda Paiol de Jaguaraçu MG)
        São esses os elementos que formam a base da tradicional religiosidade mineira e toda sua simbologia, simbolizada principalmente nos pequenos oratórios, um dos maiores símbolos da tradição religiosa mineira.
        Presentes no dia a dia das famílias, os oratórios, fazem parte dos lares mineiros desde os tempos do Brasil Colônia.

O que é um oratório
        São pequenos altares, simples ou bem trabalhados artesanalmente, em forma de capela, nichos ou armários, feitos em madeira com arte em cerâmica e pinturas eclesiástica em estilo barroco mineiro. São usados para guardar imagens sacras e relíquias religiosas como o terço, crucifixos, etc. (na foto acima da Ane Souz, oratório da nobreza, em peça do Museu do Oratório, localizado no adro da Igreja do Carmo, em Ouro Preto MG)
        Sua importância é tão grande para a religiosidade mineira que é um bem precioso nos lares, entrando até como herança em testamentos das famílias, sejam ricas ou pobres, não pelo valor material em si, mas pelo valor sentimental e familiar. Isso porque, por tradição, são peças repassadas por gerações de mãe para filha, quando a filha se casava.
        Os oratórios representam a mais pura da simplicidade da religiosidade mineira. São colocados em cantos e lugares especiais das casas e também nos locais de trabalho. É comum os mineiros rezarem o terço ou rosário, em frente ao oratório da casa e se benzerem no oratório antes de sair e ao chegar em casa.
A origem dos oratórios
        A origem dos oratórios remonta a Idade Média. Oratório é uma palavra de origem latina que significa “orador público”. Na Idade Média, era um local público onde o rei proferia discurso ao seu povo. Geralmente ficava na sacada do castelo real. (na imagem acima da Ane Souz, uma mostra da vestimenta e oratório da nobreza mineira em peças do Museu do Oratório em Ouro Preto MG)
        Inspirado na ideia de um oratório para discurso e visando criar um local no castelo para reflexão e orações do rei e sua família, foi criado um oratório em formato de capela nos castelos e palácios da realeza. Eram oratórios maiores, com ornamentação requintada, trabalhadas em ouro e talhas de madeiras nobres, esculpidas por artesão e artistas famosos do reino. As imagens do santo de devoção do rei, rainha e príncipes, eram colocadas no oratório da família real.
        A iniciativa passou a ser adotada em suas residências pela nobreza da corte e se popularizando entre as camadas mais populares, não com todo luxo e requinte dos oratórios da nobreza, mas pequenas e simples capelas feitas por mãos habilidosas artesãos locais. Como todo o povo à época era fiel e religioso, os oratórios se espalharam rapidamente pelos países católicos da Europa, se expandindo para as colônias.
Oratórios em Minas
        Com a chegada dos portugueses à Minas Gerais, no início do Ciclo do Ouro, no século XVIII, a tradição dos oratórios se espalhou pelos povoados, vilas, cidades, residências, fazendas e senzalas mineiras, rapidamente. (na foto acima da Ane Souz, oratórios do Museu do Oratório de Ouro Preto MG)
        Em Minas Gerais, os oratórios tiveram a influência da cultura portuguesa, espanhola e francesa. Essa influência é nítida nos traços e detalhes dos oratórios presentes nas cidades históricas mineiras, como Ouro Preto, principalmente em seu distrito, São Bartolomeu, onde os oratórios estão presentes em todos os lares da tradicional Vila Colonial. (na foto acima do Arnaldo Silva, um pequeno oratório, em nicho, em parede de casa em São Bartolomeu)
        Em residências, locais de trabalho, ruas, grutas, praças, troncos de árvores, esquinas de cidades e vilarejos do interior mineiro, oratórios são tradicionais e seculares, por ser uma tradição que passa de geração para geração.
        É um dos mais tradicionais símbolos da religiosidade e tradição histórica mineira.

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Curimataí: a bucólica vila no maciço do Espinhaço

(Por Arnaldo Silva) Um lugar charmoso, bucólico, cênico, casario colonial preservado, sem muros, ruas de terra batida e grama. Nesse lugar predomina a amizade, a paz e o sossego. Seus moradores são simples, receptivos e hospitaleiros. Lugar que parece ter saído de um conto de fadas, pela beleza dos jardins, cursos d´água, flores e o estilo de vida simples de seu povo.
           Na pequena vila mineira vivem 600 pessoas, segundo Censo do IBGE. Somando com os moradores que vivem em chácaras, sítios e fazendas da vila, esse número aumenta muito, já que a comunidade tem na agricultura familiar e pecuária, a base de sua economia, além do turismo. (fotografia acima de Marcelo Santos)
          Sua origem é do século XVIII, com casarões e igrejas preservados desde essa época, há mais de três séculos. O povoado, fundado entre 1760 e 1770, no século XVIII, cresceu a partir do século XIX, tendo sido elevado a distrito em 1832. É um lugar único em Minas, porta de entrada para o Parque Nacional das Sempre-vivas.
          Foi também nessa época, entre 1760 e 1770, que foi erguida a pequena e charmosa Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que fica em frente ao Córrego do Mocó, como podem ver nas fotos acima do Rodrigo Firmo/@praondevou.
          No centro da vila, na principal rua, um córrego de águas limpas e cristalina, segue seu rumo tranquilamente. Esse trecho foi aberto por escravos, para trazer água da nascente até as casas da vila e abastecer os moinhos. (nas fotos acima e abaixo do Rodrigo Firmo/@praondevou, o casario da vila)
          A vila bucólica abriga o Rio Curimataí, um dos mais importantes afluentes do Rio das Velhas, além de ser rodeado por belezas naturais como nascentes cursos d´água, matas nativas, flores, em especial, Sempre-vivas e águas termais.
          Além disso, um Curral de Contagem ou Curral de Pedras, é outra atração da vila. Construído por escravos no final século XVIII, possui um formato quadrado e aberturas para cancelas. Era usado como entidade alfandegária para se fazer a contagem de gado destinado à região. Essa construção foi a responsável pelo crescimento do distrito, bem como surgimento de novas casas em sua proximidade, preservadas até os dias de hoje.
Que lugar é esse?
          Estamos falando de Curimataí, que significa “rio de curumatãs, um peixe de escamas e carne saborosa, típico da região. É distrito da cidade de Buenópolis MG, cidade com origens no século XVIII, distante 272 km de Belo Horizonte. (primeira foto acima de Rodrigo Firmo e segunda, de Marcelo Santos)
          Curimataí já encantava desde séculos atrás, inclusive, deixou ótima impressão ao naturalista francês Saint-Hilarie, em visita à vila em 1817: “De todas as povoações por onde passei desde o começo da viagem pelo sertão, Curimatahy foi a única em que vi jardins, os vegetais aí plantados dão a essa localidade um ar de frescor que não possuem Contendas (hoje Brasília de Minas), Coração de Jesus, etc. Mas é preciso convir que os habitantes de Curimatahy são favorecidos no que respeita à água: pois que correm da montanha vários regatos, que deslizam em volta da povoação, entretem nela um pouco de umidade e fornecem os meios para fazer irrigações”
Buenópolis MG
          Localizada em um vale entre a Serra de Minas e a Serra do Cabral, no Centro Norte de Minas, no maciço rochoso da única do Brasil, a Cordilheira do Espinhaço, Buenópolis tem 9.150 habitantes, segundo Censo do IBGE de 2022 e faz limites territoriais com Augusto de Lima, Joaquim Felício, Diamantina, Bocaiuva e Lassance.
Onde ficar em Curimataí?
          Curimataí é um dos lugares que devia fazer parte do roteiro de todo amante da natureza e simplicidade. Na simplicidade da Vila, você encontra várias pousadas, muito bem estruturadas para receber os visitantes e turistas, além de 4 bares e 2 restaurantes. (nas fotos acima e abaixo do Marcelo Santos, apenas algumas cachoeiras de Curimataí)
          Como Curimataí está perto de Buenópolis, pode se fazer um bate volta. Em Buenópolis encontra-se hotéis, pousadas, bares e restaurantes ótimos. (nas fotos abaixo do Rodrigo Firmo/@praondevou, paisagens de Curimataí)
Como chegar a Curimataí
          Curimataí está a 40 km distante de Buenópolis, com acesso via BR-135.
          Saindo da cidade de Buenópolis, siga por 5 km na BR 135 no sentido Montes Claros, vire a direita e siga por 35 km de estrada de chão até o distrito.

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