Arquivo do blog

Tecnologia do Blogger.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

O queijo de caverna, maturado nas nuvens

(Por Arnaldo Silva) É o queijo maturado no alto de uma caverna na Serra da Piedade, uma das mais belas paisagens de Minas Gerais. Todos os anos, cerca de 500 mil romeiros, que vem de todo o Brasil e de vários países do mundo, sobem a Serra, para conhecer o lugar e manifestar sua fé e devoção, num dos lugares mais lindos de Minas.
          O Santuário da Piedade está presente na fé do povo mineiro, desde sua origem, no século XVIII. Fica em Caeté, cidade histórica mineira, distante, 55 km de Belo Horizonte. (fotografia acima de Tom Alves/@tomalvesfotografia)
          É no Santuário que está guardado um valioso tesouro da história de Minas Gerais. Não estamos falando do ouro e nem do minério, mas de um queijo, maturado numa caverna e nas nuvens. A 1746 metros de altitude, acima do nível do mar, são maturados queijos, em uma pequena caverna, no topo da serra.
          A prática de maturar queijos e vinhos em cavernas tem origem na Idade Média (473 d.C a 1473) e até hoje é uma prática comum, principalmente, usando os porões dos antigos mosteiros, castelos medievais e fortalezas. São ambientes úmidos, que favorecem a ação de fungos, ácaros e bactérias que agem nos queijos, favorecendo a melhora acentuação da textura, sabor e aroma, tornando-os finos e especiais.
 
           Maturar queijos e fazer vinhos era comum ainda nos mosteiros europeus e até os dias de hoje é. Inclusive em Minas, como exemplo, no Mosteiro de Macaúbas, em Santa Luzia MG, onde as freiras enclausuradas, produzem vinhos, queijos, doces e quitandas, desde o século XVIII, no mosteiro. (fotografia acima de Júlio de Freitas/@julio_defreitas)
          A maturação de queijos na Serra da Piedade, teve origem na década de 1950, quando chegou à região, o frade dominicano, Rosário Jofylly. Nascido no Rio de Janeiro, no dia de Santos Reis, 6 de janeiro, de 1913, Frei Rosário, faleceu em 2000. Foi sepultado na Cripta, onde estão sepultados os maiores ícones da história do Santuário, desde o início do século XVIII.
          O túmulo do eremita fica ao lado da escadaria do Calvário, em frente à Basílica, (como podem ver na foto acima, do Júlio de Freitas/@julio_defreitas).
          Foi uma das maiores personalidades religiosas de Minas Gerais. Um homem sábio, culto e muito simples. Vivia na simplicidade e levava uma vida de eremita. Tinha o hábito passar horas e até dias em meditação, em uma pequena lapa, na Serra da Piedade.
          Frei Rosário tinha um hábito peculiar. Apreciava um bom queijo e um bom vinho, dois protagonistas mais antigos do relacionamento humano.
          Sempre comprava os queijos frescos da Serra do Salitre, região queijeira mineira, no Alto Paranaíba. Gostava de servir a bebida e os queijos, às suas visitas. Em suas meditações, n, que chegava até ele, através de viajantes, que traziam os queijos. Durante suas meditações, levava para a caverna, queijos, para comer. 
          Em uma de suas meditações, acabou esquecendo algumas peças e quando retornou, percebeu alterações na casca do queijo. Experimentou e identificou uma melhora muito grande no aroma e sabor dos queijos. Entendeu que na caverna, existiam vários fungos que agiam nos queijos, acentuando o sabor e aroma, Passou a maturar seus queijos na pequena caverna.          
          Com o tempo de maturação dos queijos, Frei Rosário foi percebendo uma melhora e mudança no sabor e aroma dos queijos. Um sabor e aroma que lembrava os mais finos queijos europeus.
          Passou então a fazer isso com todos os queijos da Serra do Salitre que comprava, maturando-os na pequena caverna. O queijo chegava fresco era maturado, ficava 60 dias na maturação, quando sua característica e identidade já está desenvolvida e o queijo, pronto para consumo.
          Queijo com casca rugosa, grossa, com aroma suave, sabor picante, mas não muito forte, com leve acidez e massa macia e branca. São essas as características desse queijo. Em nenhum outro lugar do mundo, encontrará um queijo com essas características. É simplesmente único. Um queijo especial, de alto valor nutritivo, que agrada aos mais finos paladares. (foto acima e abaixo de Clésio Moreira)
          Assim, surgiu em Minas, a prática conhecida e comum, nos mosteiros e fazendas da Europa, de maturar queijos no subsolo e em cavernas.
          Além do legado religioso e social do Frei Rosário, como reitor do Santuário da Piedade, por mais de 50 anos, o frade dominicano deixou uma grande contribuição para a gastronomia mineira. Um dos queijos mais valorizados e apreciados de Minas Gerais. Um tipo de queijo que ganhou fama, pelo sabor e aroma, únicos, passando a ser conhecido como o Queijo do Frei Rosário e hoje, como, Queijo Frei Rosário.
          Após seu falecimento, a maturação dos queijos na caverna, parou por uns tempos. Foi retomada posteriormente pelos frades que vivem no Santuário, amigos e funcionários do local. Resgatar a tradição de maturar os queijos do Frei Rosário na caverna, seria um reconhecimento e homenagem ao saudoso eremita que dedicou tantos anos ao Santuário e aos seus queijos, que maturava com amor e zelo.
           Continuar a maturar os queijos da Serra da Piedade, da mesma forma que Frei Rosário fazia, ficou a cargo de Alair Silva, funcionário do Santuário. Durante muito tempo, ajudava Frei Rosário a maturar os queijos na caverna e aprendeu com o frade, a técnica.
          Na caverna, preservada exatamente como Freio Rosário deixou, são cerca de 45 culturas de fungos, que atuam durante os dias de maturação dos queijos, deixando no final, o sabor intenso e inigualável do queijo, como era antes.
          A Serra da Piedade, por sua altitude, 1746 metros, tem como característica o frio intenso e a formação de intensa névoa, cobrindo todo seu entorno, dando uma sensação de estarmos, acima das nuvens. Por esse motivo, os queijos maturados na caverna do Santuário, são conhecidos ainda como o queijo maturado nas nuvens.
          Os queijos frescos que chegam, são colocados nas prateleiras de madeira na caverna e vão recebendo, durante os 60 dias de maturação, a ação da microflora e microfauna do lugar. Essa ação é facilitada pela umidade, altitude, sendo mais acentuada no local devido, as constantes formações de brumas, com uma visão espetacular, do alto dos 1746 metros de altitude, da serra. A sensação é de estar no Santuário da Serra da Piedade é a sensação de estar no céu. (fotografia acima de Henrique Caetano)
          Os queijos ficam nas prateleiras de madeira, sobre panos, que são trocados constantemente e todos os dias, as prateleiras são limpas. Um pouco de vinagre é passado nas prateleiras para controlar o crescimento dos fungos, já que se alimentam de lactose. Se deixar, crescem sem controle e comem todo o queijo. A queijaria é mantida sempre limpa. Os queijos não são lavados, para não interferir na ação dos fungos. São apenas virados diariamente, para que os fungos possam agir por igual.
          Queijo apreciadíssimo, com fila de espera para adquiri-lo, tendo chegado inclusive à Portugal, França e Itália, levados por romeiros, que vem ao Santuário todos os dias do ano. Compram e levam para suas casas e seus países de origem, os queijos Frei Rosário. (fotografia acima de Clésio Moreira)
          Indo ao Santuário da Serra da Piedade, experimente as tradicionais quitandas tradicionais da região, bem como, o Queijo Frei Rosário. Com certeza, estará experimentando um dos mais autênticos e saborosos queijos do Brasil, maturado em caverna e nas nuvens.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

11 ruínas históricas de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Em Minas Gerais encontramos tesouros de nossa história, muitos deles, desconhecidos e em ruínas. São construções seculares, em sua maioria, distantes da área urbana das cidades com acesso por estradas de terra, matas, à beira de rios, no topo de serras ou em propriedades particulares. Algumas até com histórias fantasmagóricas e ares sombrios, por isso, esquecidas e desprotegidas.
          São belezas e histórias desconhecidas, mas impressionantes. Destruídas pelo tempo ou mesmo, inacabadas, são fascinantes e cheias de esplendor, construídas em décadas de trabalho, em muitos casos, erguidas no tempo da Escravidão no Brasil.
          Você vai conhecer 10 dessas construções em Minas Gerais, em ruínas ou inacabadas, mas todas de grande valor histórico e arquitetônico.
01 - A Igreja inacabada de Barra do Guaicuí
          Distante 370 km de Belo Horizonte, Barra do Guaicuí, distrito da cidade de Várzea da Palma, no Norte de Minas, conta com cerca de 4 mil moradores. O charmoso e atraente distrito guarda as ruínas de um dos mais antigos templos do Brasil. (fotografia acima de Eduardo Gomes)
          Erguida em pedras sobrepostas, a Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, protetor dos navegantes, é uma das mais enigmáticas e intrigantes construções do século XVII em Minas Gerais. Sua existência é cercada de histórias e lendas contadas ao longo dos séculos. 
          Simples, singela e tomada pelas raízes de uma frondosa gameleira que nasceu no lugar onde era para existir uma torre. É um dos atrativos da região. O templo inacabado é patrimônio tombado pelo município, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG).
          Construída a 800 metros das margens do Rio São Francisco e a menos de 10 metros das margens do Rio das Velhas, a Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, não tem data exata do início de sua construção. Nunca foi acabada e não há registros algum dos motivos pela não conclusão do tempo. Do jeito que deixaram, está até os dias de hoje, na sua alvenaria original da época, em pedra de cantaria e cal. (fotos acima de Duva Brunelli)
          A certeza é que o templo católico data da segunda metade do século XVII, no tempo das Bandeiras de Fernão Dias (1608-1681), bandeirante paulista, responsável pela fundação de vários povoados que deram origem a várias cidades mineiras. Uma estátua na praça de Barra do Guaicuí, homenageia o bandeirante.
          A igreja, foi erguida por indígenas e escravizados, orientados pelos padres Jesuítas, que chegaram à região no século XVII vindos da Bahia pelo Rio São Francisco, com o objetivo de catequisar os indígenas. É um dos marcos da povoação do Norte de Minas e das margens do Rio São Francisco.
          Segundo a tradição popular, a igreja teve sua conclusão paralisada devido estar às margens do Rio das Velhas. Durante sua construção, quando no período chuvoso, as águas do rio subiam e inundavam a igreja. Para evitar maiores prejuízos, os padres Jesuítas desistiram da conclusão do templo.
          Outra versão popular diz que durante sua construção, um surto de malária atingiu os trabalhadores da obra, que morreram dessa enfermidade, paralisando construção. Com isso, a imagem da igreja, passou a ser ligada à morte e doenças, inibindo sua conclusão.
          Não há nenhum relato sobre a construção e desistência dos Jesuítas em não concluir a Igreja, mas a primeira hipótese, é a mais 
coerente.
02 - As ruínas do sanatório de Delfim Moreira
          As ruínas do Sanatório São Francisco pode ser vista por quem segue o percurso para o complexo das cachoeiras Boa Esperança ao Mirante Infinito, na Serra da Mantiqueira, em Delfim Moreira MG, na divisa de Minas Com São Paulo, entre os caminhos religiosos de Aparecida e Caminhos de Frei Galvão.
          Construído em um platô mais elevado da Serra da Mantiqueira, a 1.750 metros de altitude, acima do nível do mar, para ser um hospital militar. As obras de construção foram concluídas em 1906, mas o o local funcionou como sanatório apenas até o ano de 1912, quando foi desativado e abandonado, se transformando em ruínas, como podem ver na foto acima do Vinícius Montgomery.
          A altitude elevada, o frio intenso e gelado, além da dificuldade de acesso, devido a distância do local em relação à cidade de Delfim Moreira, inviabilizaram a continuidade do hospital. Ao menos é a versão dada pelos moradores mais antigos para explicar o motivo do sanatório ser desativado apenas 6 anos após sua inauguração.
03 - As ruínas da Casa da moeda em Moeda
          No auge do Ciclo do Ouro em Minas Gerais, o alto valor dos impostos cobrados pela Coroa Portuguesa no século XVIII, o chamado Quinto, não só criou revolta popular em Minas Gerais, mas fez com que fossem criadas ações para não pagar o pesado imposto do Quinto, exigido pela Coroa Portuguesa.
          No município de Moeda, cidade distante 60 km de Belo Horizonte, uma fábrica de moedas, genéricas, foi construída no século XVIII, para não pagar o Quinto. Esse imposto taxava em 20% todo o ouro encontrado nas minas mineiras. Chamada de Casa de Moeda Falsa do Paraopeba ou Fábrica do Paraopeba, suas ruínas podem ser vistas em Moeda Velha, hoje com o nome de São Caetano, distrito de Moeda. (foto acima de Evaldo Itor Fernandes)
          Construída em uma parte alta da antiga Serra do Paraopeba, por permitir uma visão em 360 graus em redor, a fábrica foi formada por equipamentos de fundição furtados do Rio de Janeiro e trazidos para a região. Chegou a ter cerca de 100 pessoas trabalhando na fundição, como escravos, mineradores e também, antigos funcionários da administração portuguesa. Quando governava a capitania de Minas Gerais, entre 1721 a 1732, Dom Lourenço de Almeida sabia da existência da fábrica, mas nada fazia. Um sinal de que era contra o abuso da cobrança do Quinto, pela Coroa Portuguesa.
          A fundição era uma verdadeira fortaleza, com condições de ações armadas de ataque e defesa com rapidez, para se protegerem de curiosos, invasores e da guarda da Coroa. As moedas eram verdadeiras, cunhadas em puro ouro e sendo vendidas com imposto bem menor que o Quinto. A fábrica funcionou por alguns anos, sendo desativada ainda no século XVIII, restando hoje, parte das ruínas que sobraram da fábrica. Por isso a serra, antes chamada de Serra do Paraopeba, passou a se chamar, Serra da Moeda e a própria cidade, onde estão as ruínas, adotou o nome de Moeda. (foto acima do Evaldo Itor Fernandes)
04 - O Corte Fundo em São Domingos da Bocaina
          Fica em São Domingos da Bocaina, distrito de Lima Duarte MG na Zona da Mata. Foi um corte feito em uma montanha de pedra para ser um dos ramais da Ferrovia Central do Brasil, que ligaria Lima Duarte MG a Bom Jardim de Minas, no Sul de Minas, interligando a Central do Brasil à Ferrovia Mineira de Viação. (foto acima do Márcio Lucinda/Guia de Turismo no Ibitipoca)
          A impressionante fenda profunda e bastante íngreme, foi aberta em rocha bruta e ainda guarda marcas das picaretas, em suas paredes abertas por trabalhadores braçais. Lugar de rara beleza e com uma bela cachoeira no fim da cavidade, é um lugar que impressiona e também assusta pelo vazio e silêncio do lugar. No trecho do corte, pode-se ver cruzes fincadas no chão. Simboliza mortes ocorridas durante a abertura da cavidade. 
          Iniciada em 1939, sofreu várias paralisações ao longo dos anos, se estendendo até a década de 1950. Após a morte de Getúlio Vargas, em agosto de 1954, a obra foi totalmente paralisada e nunca concluída. Nunca foram colocados trilhos no que deveria ser um ramal ferroviário. (foto acima do Márcio Lucinda/Guia de Turismo no Ibitipoca)
          No que deveria passar trem, lingando a Bom Jardim de Minas, passou a ser uma estrada de rodagem, ligando a Souza do Rio Grande, distrito de Lima Duarte MG.
          Hoje é um dos grandes atrativos turísticos de Lima Duarte e da região, constantemente usada para tráfego de veículos, por ciclistas, para caminhadas e curiosos, já que o local e a impressionante fenda na rocha, instiga a curiosidade e interesse dos visitantes.
05 - As ruínas do Moinho de Vento e a Ponte de Pedra
          Uma parte da história de Ouro Preto passa despercebida pelas dezenas de milhares de turistas que visitam todos os anos a cidade histórica mineira, patrimônio da humanidade desde 1980. No alto de uma serra, onde estão os morros de Santana, São João, São Sebastião e Queimada, este último, tinha o nome de Arraial de Ouro Podre, povoado no final do século XVII. Foi nesta região que originou Vila Rica, atual Ouro Preto. As primeiras igrejas, os primeiros casarios que deram origem à cidade de Ouro Preto, estão nos morros acima. Foi o primeiro assentamento urbano da antiga capital de Minas.
          Em 1720, o antigo Arraial de Ouro Podre foi incendiado e destruído a mando do Conde de Assumar, Governador da Província de Minas Gerais, na época. Foi um ato de represália às ações da chamada Sedição de 1720, uma revolta popular que aconteceu em Vila Rica nesse ano, com objetivo de derrubar do poder o Conde de Assumar, contra a instalação das casas de fundição, da taxação de 1/5 de todo ouro extraído na região e expulsão dos clérigos da província. O movimento foi sufocado pelas forças portuguesas, liderados por Assumar.
          O incêndio consumiu tudo, principalmente, o início da história de Ouro Preto, restando como testemunhas, as pedras que davam sustentação a um moinho de vento, marco da fundação do arraial (na foto acima do Glauco Umbelino).
          Por esse ato e destruição total do Arraial de Ouro Preto Podre, o local passou a ser conhecido como Morro da Queimada. Nas proximidades estão ainda os morros de Santana, São Sebastião e São João, em boa parte, preservados em sua história e arquitetura. Foram nesses morros que a história de Ouro Preto começou como arraial, freguesia, vila e por fim, cidade, até a ser capital de Minas Gerais. A partir do auge da riqueza gerada pelo Ouro, as construções passaram a ser erguidas na parte mais baixa, onde está hoje o Centro Histórico da cidade.
          O Morro da Queimada é hoje um museu vivo e natural, além de propiciar uma ótima vista de Ouro Preto.
A Ponte de Pedra
          Ainda em Ouro Preto, agora no distrito de Rodrigo Silva, distante 30 km da sede, na comunidade de Bico de Pedra, as ruinas da ponte de pedras da antiga estrada que ligava Ouro Preto ao Rio de Janeiro, passam despercebidas. O que sobrou dessa estrada construída por escravos em 1850 foi uma imponente ponte, conhecida como Ponte de Bico de Pedra, devido ter sido construída à beira de um precipício, com curva inclinada que lembra o bico de uma ave. No meio do mato, esquecida e até desconhecida, a antiga estrada foi uma das mais imponentes obras do século XIX no Brasil.
          Sua arquitetura era bastante ousada para a época. A ponte foi projetada em estilo romano, destacando os tradicionais arcos tradicionais na arquitetura de Roma antiga, por onde correm as águas de um riacho limpa e cristalina, que culmina mais à frente, numa queda d´água. Além de sua história e grandiosidade, no entorno das ruínas da ponte de Bico de Pedra, a natureza presenteia os visitantes, com sua beleza esplendorosa.
06 - A Rotunda de Ribeirão Vermelho MG
          Seu declínio teve início a partir de 1950, com a decadência das ferrovias no Brasil. Hoje está esquecida e cuidada pelo tempo. Mesmo assim, é uma das mais imponentes e majestosas construções ferroviárias do mundo. Seu conjunto arquitetônico e paisagístico é um bem tombado pelo município e também, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG), desde 2014. (fotografia acima de Rogério Salgado e abaixo de Robson Rodarte)
          É a Rotunda de Ribeirão Vermelho, cidade no Sul de Minas, a 270 km de Belo Horizonte. A cidade tem menos de 5 mil habitantes, mas foi um dos maiores centros ferroviários do Brasil no século passado. Rotunda é uma construção circular, com um girador ferroviário em seu centro e cobertura em cúpula. Eram bastante comuns nas estações ferroviárias dos séculos XIX e XX, usadas para dar manutenção e movimentação dos trens
          A Rotunda de Ribeirão Vermelho tem 4,4 mil metros quadrados de construção. Seu estilo arquitetônico possui semelhanças com o coliseu de Roma. Para se ter ideia da grandiosidade da obra, a rotunda é duas vezes maior que o estádio do mineirinho, em Belo Horizonte.
          Inaugurada em 1895 pela Companhia Estrada de Ferro Oeste de Minas, a obra recebeu detalhes europeus em sua construção. As telhas vieram de Marseille, na França. Os ladrilhos hidráulicos foram importados da Alemanha e as estruturas metálicas vieram de Glasgow, na Escócia. 
          Foi a maior rotunda da América Latina e a quarta maior do mundo. Suas ruínas e construções ferroviárias em seu redor, desperta curiosidade dos moradores e visitantes. É um dos principais pontos turísticos da região. A Prefeitura Municipal está com projeto de restaurar a rotunda e transforma-la em um espaço cultural da cidade.
07 - Túnel ferroviário de Serra da Saudade
          Com apenas 833 habitantes, Serra da Saudade, na Região Central, distante 230 km de Belo Horizonte, é o menor município do Brasil em número de habitantes. Lugar calmo, tranquilo, pacato, onde a vida passa de vagar, além de oferecer a seus moradores uma ótima qualidade de vida.
          A história de Serra da Saudade começa nos anos 1920 com a construção de um ramal ferroviário da Estrada de Ferro Paracatu, que ligaria Dores do Indaiá MG, na Região Central, à Paracatu, no Noroeste de Minas, para transporte de diamantes, café, madeira, gado, etc.
          Iniciada em 1922 em Dores do Indaiá, o ramal ferroviário nunca foi concluído. As obras pararam na Fazenda Serra da Saudade. Com o ramal paralisado, o fazendeiro José Zacarias Machado, proprietário da fazenda do Rancho, doou um terreno para que se construísse uma estação de trem. Assim foi feito. Além disso, por ser uma região montanhosa, houve a necessidade de se construir dois túneis para passagem dos trens. Distantes 250 metros um do outro, um dos túneis tem 1000 metros de extensão e o outro, 850 metros.
          Com o nome de Estação Melo Viana a pedido do doador do terreno, a estação foi inaugurada em 1925. Na década de 1930, o ramal da Estrada de Ferro Paracatu, foi incorporado à Rede Mineira de Viação, funcionando até 1969, para transporte de carga e passageiros. A partir de 1969, a estação foi desativada, permanecendo por alguns anos para trem de carga.
          Desde inauguração da estação, foram construídas em seu redor, casas para os operários. Com com o tempo, o pequeno arraial começou a receber novos moradores. Uma igreja foi construída, dedicada à Nossa Senhora do Carmo, em terreno doado por Maria Praxedes. O povoado de Estação Melo Viana foi elevado à distrito subordinado à Dores do Indaiá em 27 de dezembro de 1948, com o nome de Comendador Viana, para finalmente, em 30 de dezembro de1962, ser elevado à município emancipado, passando a chamar-se Serra da Saudade.
          Da passagem do trem por Serra da Saudade, ficou a antiga Estação Ferroviária e os túneis, distantes apenas 4 km do centro da cidade. Mesmo com tempo, estão bem conservados e sem sinais de vandalismo. São os maiores atrativos turísticos da cidade junto com a bifurcação dos rios Funchal e Indaiá, na Barra do Funchal, além de suas belezas naturais, como a Serra da Saudade, não a cidade, mas a serra homônima, uma das maiores belezas naturais da Região Centro-Oeste. (fotografia acima de Emílio Mendes Ferreira)
          Serra da saudade faz parte hoje do circuito turístico “Caminhos do Indaiá”, criado em 2008. O circuito é composto ainda pelos municípios de Bom Despacho, Cedro do Abaeté, Dores do Indaiá, Estrela do Indaiá, Luz, Quartel Geral e Santa Rosa da Serra.
08 - As ruínas Igreja Queimada em Antônio Pereira
          Com cerca de 5 mil moradores, Antônio Pereira é um dos mais populosos distritos de Ouro Preto, na Região Central de Minas, distante 100 km de Belo Horizonte. É uma das mais antigas povoações de Minas Gerais, com forte tradição na mineração desde o início do século XVIII. Distrito rico em história e jazidas minerais, tem nas ruínas da antiga Matriz de Nossa Senhora da Conceição um de seus atrativos maiores. (fotografia acima da Ane Souz)
          Erguida entre 1716 e 1720, foi uma das primeiras igrejas construídas nos primeiros anos do século XVIII na região, se tornando a matriz da vila. Em 1830, um incêndio destruiu toda a igreja, deixando em pé apenas suas estruturas em pedras, evidenciando a imponência do grandioso templo.
          Mesmo com a destruição do templo, a comunidade não perdeu a fé, e transferiu a imagem de Nossa Senhora da Conceição para uma gruta próxima, construindo um altar em seu interior. Com o tempo, desistiram de reconstruir a igreja e mantiveram a gruta como templo da vila. Nessa gruta, os fiéis comparecem para missas, rezas e para acender velas em agradecimento por graças ou para pedir graças. Desde o século XIX, a gruta é conhecida nas redondezas como Gruta de Nossa Senhora da Lapa. No interior da antiga matriz, os moradores da vila passaram a sepultar seus mortos (na foto acima da Ane Souz). O cemitério está ativo até os dias de hoje.
09 - Igreja inacabada de Sabará
          A construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Sabará, a 20 km de Belo Horizonte, foi por iniciativa da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos da Barra do Sabará, irmandade fundada em 1713. Devido à falta de recursos financeiros, a construção do templo foi lenta, com vários recomeços e interrupções. Começou efetivamente em 1757, quando os irmãos do Rosário conseguiram o terreno que almejavam para a construção de sua igreja. (fotografia abaixo de Anderson Sá)
          Em 1767 o projeto saiu do papel, com a sacristia e capela-mor tendo sido construídas em 1780. Mal começou e foi paralisada, retomada em 1798, novamente paralisada e retomada em 1805, para novamente ser paralisada e retomada em 1819. Em a obra foi retomada em1856 e novamente paralisada. Mesmo com os esforços da Irmandade para conseguir recursos, devido a situação do Brasil na época, devido a constantes manifestações pelo fim da Escravidão e do Império, não conseguiram retomar a construção. Com a abolição da Escravidão em 1888, não havia mais mão de obra e mesmo a Igreja Católica, que assumiu o templo no lugar da Irmandade nessa época, não conseguiu retomar a obra, por falta de dinheiro para bancar os custos da construção e mão de obra.
          Paralisada desde o século XIX e ainda na alvenaria e pedras de cantaria, do jeito que parou, ficou e ficará. Isso porque, com o objetivo de preservar sua história e a construção, foi tombada em 13 de junho de 1938 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Visando preservar o patrimônio a construção foi reformada pelo Iphan, entre 1944-1945, garantindo assim a conservação e preservação de sua estrutura e de um valioso patrimônio de Sabará e de Minas Gerais.
10 - As ruínas de Gongo Soco em Barão de Cocais MG
          Barão de Cocais é uma cidade histórica, distante 100 km de Belo Horizonte, na Região Central. A cidade guarda as ruínas de um dos mais importantes sítios históricos para Minas Gerais, formado pelas ruínas da antiga mina de ouro de Gongo Soco. A mineração na região teve início em 1745, quando da descoberta de ouro ano local pelo madeireiro Manuel da Câmara Bittencourt. Bittencourt faleceu em 1756, tendo a propriedade administrada por seus herdeiros e arrematada pelo português José Álvares da Cunha Porto. Na sede da fazenda, o português construiu um casarão com senzala, capela, pomar, paiol e moinhos. (fotografia acima de Glauco Umbelino)
          Em 1825, no século XIX, toda a área da mina como a sede da fazenda e suas benfeitorias, foi adquirida pela Companhia Imperial Brazilian Mining Association, de capital inglês. Aos poucos, várias famílias inglesas oriundas da região da Cornualha, no sudoeste da Inglaterra, foram chegando à região. Os ingleses tinham tradição na exploração mineral, além de tecnologias de ponta para a época, até então inexistentes no Brasil. A multinacional explorou a mina entre 1826 a 1856, extraindo nesse período entre 12 e 13 toneladas de ouro.     
          A mina, a vila colonial e as benfeitorias da fazenda foi adquiridas dos ingleses pelo empresário Paulo Santos e vendida em 1900 para a empresa The Prospect Corporation. Foi a partir daí que Gongo Soco, a vila colonial e toda a arquitetura inglesa começou a declinar-se, devido a prática da empresa em construir novas edificações no local, principalmente na vila colonial, descaracterizando-a aos poucos. 
          Isso perdurou até a década de 1990, quando a Fundação Estadual de Meio Ambiente, Ministério Público e Iepha, agiram em conjunto para pôr fim a exploração predatória e deterioração do patrimônio histórico. Para evitar maiores consequências ao patrimônio mineiro, as ruínas de Gongo Soco e todo o seu conjunto, foi tombado em 11 de maio de 1995, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico IEPHA/MG). A área de Gongo Soco continua sendo explorada para mineração, pertence atualmente à Companhia Vale.
11 - As ruínas do Bicame de Pedras de Catas Altas
          Em Catas Altas, a 110 km de Belo Horizonte, na Região Central, as ruínas de um bicame, uma construção comum usada há séculos pelo mundo para desviar o leito de um rio e levar sua água a um determinado lugar. Em Catas Altas foi construído um desses bicames. (fotografia acima de Marley Mello)
          O aqueduto hoje está em ruínas, mas chama a atenção por sua história e importância para a região. É um dos principais atrativos da cidade histórica mineira. Construído em 1792 por escravos, está distante apenas 12 km do Centro de Catas Altas. O canal foi usado para captar água da Serra do Caraça e leva-la até a parte baixa, onde estava a mina de extração de ouro de Brumado. A água era para lavar o ouro retirado dessa mina.
          Feito em pedras de quartzito retiradas da Serra do Caraça e transportadas em lombo de mulas e burros, a obra era imponente e audaciosa para a época. Tinha 12 km de extensão e 5,10 metros de altura. A técnica usada na construção do aqueduto de Catas Altas, era a mesma usada na Roma antiga para levar água potável às localidades mais distantes. 
          Nesse tipo de construção, não se usava argamassa ou cimento, apenas pedras brutas, sobrepostas e travadas umas às outras, de forma que ficassem bem firmes. No centro do aqueduto, um arco, também em estilo romano, data o ano da obra: 1792. Dos 12 km do aqueduto, restam hoje menos de 200 metros. O pequeno trecho ue restou, mostra da grandiosidade da obra. É uma obra que impressiona pela excelência no trabalho dos escravos, que souberam trabalhar pedra sobre pedra, sem usar cimento ou argamassa para juntar e firmar as pedras. Por isso, impressiona e muito. (fotografia acima de Vinícius Barnabé)

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Os 10 distritos mais altos de Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Minas Gerais tem 1816 charmosos e atraentes distritos. São verdadeiros presépios, onde no cotidiano do dia a dia, a vida é um sossego e passa bem devagar. Se caracterizam pela simplicidade, mineiridade, hospitalidade de seus moradores, belezas naturais, história, casario simples, artesanato, sua culinária típica e tradições religiosas. 
          Alguns se destacam pelos dias quentes de verão, com suas cachoeiras, trilhas e praias fluviais. Outros, o contrário, se destacam pelo frio intenso e altitudes, acima do nível do mar, elevadíssimas. Isso porque, Minas Gerais é um estado montanhoso e por isso, os distritos e cidades de maiores altitudes no Brasil, estão em nosso território. (na foto acima de Romilda de Souza Lima, Monte Verde, distrito de Camanducaia MG, Sul de Minas)
          Você vai conhecer 10 desses pitorescos distritos, com altitudes acima de 1000 metros. Altitude medida pelo IBGE com base na parte central do distrito e não em picos de serras ou morros. São mais distritos, além desses, claro, mas listamos apenas 10.
01 – Costas - 1.600 metros de altitude
           A 1600 metros de altitude, está Costas, distrito de Paraisópolis, no Sul de Minas Gerais, distante 420 km da Capital. Paraisópolis está a 1090 metros de altitude. (fotografia acima de Fernando Campanella)
          Costas está na parte mais alta da Serra da Mantiqueira, onde está o Pico da Pedra de São Domingos, com 2050 metros de altitude. A charmosa vila está a 32 km da sede, Paraisópolis, a 9 km de Gonçalves/MG e 30 km de São Bento do Sapucaí/SP.
          Lugar de rara beleza, cercado por montanhas, matas nativas de araucárias, rios e cachoeiras, Costas é um dos mais belos lugares do Sul de Minas e muito procurado por turistas. Isso porque a vila, além de toda sua beleza natural, possui condições propícias para a prática de esportes, como escaladas, hiking, trilhas, etc., além de contar com uma ótima estrutura urbana, muito bem cuidada e seu povo muito acolhedor e hospitaleiro.
02 – Monte Verde - 1.555 metros de altitude
          A 1555 metros de altitude, está Monte Verde, no Sul de Minas, hoje, com cerca de 6 mil habitantes. É um dos maiores distritos mineiros, em número de habitantes, muito maior até que dezenas de cidades mineiras. Por isso, muitas das vezes, Monte Verde é chamada de cidade, mas é distrito, pertencente a Camanducaia, distante 473 km de Belo Horizonte. A sede está a 1015 metros de altitude. (foto acima de Ricardo Cozzo)
          A vila foi fundada na década de 1930 por imigrantes letões, que viram na região, semelhanças com a Letônia, país do Leste Europeu. Hoje, Monte Verde é um dos mais badalados e famosos pontos de turismo no Brasil, além de ser reconhecida internacionalmente como um dos lugares mais acolhedores do mundo. (fotografia abaixo da Mônica Milev/Chocolate Montanhês)
          Quem vem à charmosa vila, se apaixona por sua arquitetura singular, tipicamente letã, pelos chocolates, cervejas artesanais, vinhos, fondues, pela gastronomia diversificada, pelo frio intenso, além do romantismo que a charmosa vila oferece. Por isso é conhecida como a “cidade dos namorados”, “cidade do chocolate” e por sua origem e arquitetura letã, por, “Letônia mineira”.
03 - Morangal - 1515 metros de altitude
          Com cerca de 800 habitantes, o distrito de Virgínia, no Sul de Minas, situado às margens do Rio São Lourenço Velho, na divisa com Delfim Moreira e Marmelópolis MG, é o maior bairro rural do município. Boa parte dos municípios do Sul de Minas, usa bairro para definir as vilas rurais e não distrito, como nas outras regiões do Estado.
          Morangal está a 1515 metros de altitude acima do nível do mar. A charmosa e atraente vila rural tem boa estrutura. Conta com ruas iluminadas e calçadas, além de internet, telefonia celular, escola de ensino fundamental, posto médico, igrejas católicas, campo de futebol e fácil acesso. Morangal está a 16 km do centro de Virgínia, via MG-350.
          Morangal é um sugestivo nome que lembra morango, mas o nome não tem nada a ver com plantação de morangos e sim com o apelido do Zé Morangá, um dos mais antigos moradores da localidade. O local passou a ser chamado de Morangá e com tempo, morangal. A Vila tem forte vocação para agricultura, com destaque para o cultivo de frutas e legumes, destacando a produção de mexerica ponkan, goiaba, laranja, figo, pera, ameixa, pêssego, batata, tomate e couve-flor. Mas antes, era grande produtor de marmelo.
          Sua origem é de 1840, no século XIX, ainda no tempo da Escravidão no Brasil. O marmelo começou a ser cultivado em Morangal a partir de 1880. Foi em Morangal que foi fundada a primeira indústria alimentícia do Sul de Minas, a Sul Minas Conservas. Em 1923 a empresa foi vendida para o grupo Colombo, que posteriormente, em 1992, passou para o controle da Arisco, que fechou a fábrica de Morangal no ano seguinte, 1993, encerrando assim 101 anos de atividade.
          Morangal tem grande potencial turístico, graças às suas belezas naturais. Está localizado na região das Terras Altas da Mantiqueira, no Circuito das Águas Mineiras, além de fazer parte da Estrada Real. Essa região da Mantiqueira possui imensas matas nativas, rios com belíssimas e paradisíacas cachoeiras, além de paisagens naturais de tirar o fôlego. (infelizmente não temos, até o momento, fotos de Morangal para exibir)
04 - Ponte Segura - 1.490 metros de altitude
          A 1490 metros de altitude, está Ponte Segura, distrito de Senador Amaral, no Sul de Minas, na parte alta da Serra da Mantiqueira. Distante 447 km de Belo Horizonte, o município de Senador Amaral é uma das cidades mais frias de Minas Gerais. Está a 1505 metros de altitude, sendo a cidade mais alta de Minas Gerais e a segunda mais alta do Brasil, atrás apenas de Campos do Jordão/SP.
          Seu principal distrito, Ponte Segura, é muito atraente, pacato, muito bem cuidado e seu povo muito gentil e acolhedor. Além disso, o distrito, bem como todo o município, é dotado de belezas naturais de tirar o fôlego. Em Ponte Segura, a vida social, religiosa e cultural, gira em torno de sua bela matriz, dedicada a São Sebastião. (na foto acima do Duva Brunelli, vista parcial de Ponte Segura, do adro da Matriz) 
          Por suas belezas naturais, sua ótima estrutura urbana e por seu inverno rigoroso, com temperaturas abaixo de zero grau, Senador Amaral é uma das cidades mineiras, de grande potencial turístico.
05 - Quatis - 1.467 metros de altitude
          A 1467 metros de altitude, está Quatis, uma pequena vila pertencente ao município de Marmelópolis, no Sul de Minas, distante 427 km de Belo Horizonte. A famosa “Terra do Marmelo”, está a 1277 metros de altitude, situado na parte alta da Serra da Mantiqueira, nas maiores elevações do Pico dos Marins a 2422 metros de altitude e o Pico do Marinzinho, com 2393 metros de altitude. (na foto acima de Jair Antônio Oliveira, a chegada ao vilarejo de Quatis)
          Por seu relevo e altitude, Marmelópolis, é uma das cidades mais frias do Brasil, com temperaturas negativas e geadas constantes, no inverno. Quatis é mais fria ainda. 
          Rodeada por intensa mata, a pequena vila conta com cerca de 100 moradores, que vivem da pecuária leiteira, cultivo do morango, além de ser um lugar com grande potencial turístico, por suas belezas naturais, montanhas, rios e cachoeiras. O nome Quatis é porque a vila é rodeada por mata nativa, habitadas por grande quantidade de quatis. A Matriz de Nossa Senhora do Rosário (na foto acima do Jair Antônio Oliveira), se destaca por sua beleza, simplicidade e demonstração de fé de seu povo, acolhedor, hospitaleiro, simples e que dão muito valor às suas tradições gastronômicas, culturais e religiosas.
06 - São João da Chapada - 1.450 m de altitude
          A 1450 metros de altitude, está São João da Chapada, distrito da cidade de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha. A cidade histórica mineira, Patrimônio da Humanidade desde 1999, está a 1280 metros de altitude e distante 292 km de Belo Horizonte. (fotografia acima da Giselle Oliveira)
          A vila colonial de São João da Chapada, tem origem no final do século XIX e tem cerca de 1500 habitantes. Está a 30 km do Centro de Diamantina e tem como destaque, sua atraente igreja, dedicada a Santo Antônio, datada de 1873, seu casario singelo e simples, seu povo hospitaleiro e acolhedor, além claro, do frio, muito intenso no inverno. A temperatura média no distrito, fora da estação do inverno, varia entre 19º e 27ºC, já no inverno, se aproxima de zero grau.
07 - Augusto Pestana – 1.320 metros de altitude
          Distrito da cidade de Liberdade no Sul de Minas, Augusto Pestana está a 1.320 metros de altitude, acima do nível do mar e a 10 km do centro de Liberdade. A pequena Igreja construída em 1946 e a charmosa Estação Ferroviária, inaugurada em 1915, são dois bens históricos e importantes atrativos turísticos do bairro rural, que chegou a ter mais de mil moradores na década de 1940, no auge do seu desenvolvimento. A Estação de Trem foi desativada na década de 1990.
          Em 1915, a Vila recebeu o nome de Augusto Pestana, em homenagem ao engenheiro fluminense, diretor da Estrada de Ferro Oeste de Minas, entre 1913 e 1914 e fundador da Viação Férrea do Rio Grande do Sul. (fotografia acima da Estação de Augusto Pestana, registrada por Duva Brunelli)
          Região montanhosa com altitudes no topo das montanhas acima de 1500 metros, de rara beleza e uma rica e diversificada flora e fauna, atrai turistas amantes da natureza e da vida nas montanhas da Mantiqueira mineira. 
08 - Lavras Novas - 1.300 metros de altitude
          A 1300 metros, chegando a 1510 metros de altitude em seu pico mais alto, está Lavras Novas, distrito de Ouro Preto, cidade histórica, Patrimônio da Humanidade desde 1980. Ouro Preto está a 100 km de Belo Horizonte e a 1179 metros de altitude, acima do nível do mar. (fotografia acima de John Brandão - In Memoriam)
          Lavras Novas é uma tradicional e histórica vila, com origem nas primeiras décadas do século XVIII e tem atualmente, cerca de 1500 moradores. Rica em história, cultura e artesanato, a charmosa vila é um sonho de beleza, charme, requinte e simplicidade. Suas paisagens e belezas naturais são deslumbrantes e impactantes. É um mar de montanhas, com vistas de impressionar. Tem como seu ponto mais alto, a Serrinha, a 1510 metros de altitude, onde está a mais alta tirolesa do Brasil.
09 - Rodrigo Silva - 1.278 metros de altitude
          Ainda em Ouro Preto, a 1278 metros de altitude, está o distrito de Rodrigo Silva. Surgido no século XVIII, o distrito conta com cerca de 1000 moradores e se destaca, desde suas origens, na cultura, tradição religiosa, a agricultura e na mineração de ouro, e atualmente, na mineração de topázio imperial e minério de ferro. Distante apenas 18 km da sede, fica às margens da Rodovia dos Inconfidentes. Sua altitude permite avistar toda sua beleza natural em volta e também os Picos do Itacolomi e do Itabirito. (na foto acima de Ane Souz, a antiga estação de trem de Rodrigo Silva)
          É um dos mais desenvolvidos distritos ouro-pretanos, tendo tido um crescimento impressionante com a chegada da ferrovia à região, a partir de 1880, com a vila se desenvolvendo em torno da Estação Ferroviária, inaugurada em 1888, com o nome de Rodrigo Silva, em homenagem ao ministro do Império, Rodrigo Augusto Silva, daí a origem do nome do distrito.
10 - São Gonçalo do Rio das Pedras, 1.150 metros
          A 1150 metros de altitude, está São Gonçalo do Rio das Pedras, distrito da cidade histórica do Serro MG, a 325 km de Belo Horizonte, no Vale do Jequitinhonha. Região montanhosa, no Serro, as altitudes variam muito, de 835 a 2002 metros. O município é formado pelos distritos de Três Barras da Estrada Real, Vila Deputado Augusto Clementino (Mato Grosso), Pedro Lessa, Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras. (fotografia acima de Tiago Geisler)
 
          O distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras, tem suas origens no início do século XVIII, com o surgimento da exploração do ouro em Minas Gerais. A pequena vila, com pouco mais de 1500 moradores, guarda com carinho relíquias arquitetônicas e suas tradições culturais e religiosas, desde os tempos coloniais. (fotografia acima de Marcelo Melo Fotografias)
          Entre essas relíquias destaque para seu casario colonial muito bem conservado, seu rico e valioso artesanato, sua gastronomia tipicamente mineira, com receitas preservadas desde os tempos coloniais, as muradas de pedras, construídas no tempo da Escravidão, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e a Matriz de São Gonçalo, uma das mais fascinantes e bem preservadas igrejas do século XVIII em Minas Gerais. (fotografia acima de Tiago Geisler)
          Segundo consta em placa na igreja, foi construída em 1787, ampliada em 1864 e totalmente reformada em 1934. Por sua riqueza singular e importância, foi tombada pelo IEPHA/MG, em 1980, como patrimônio histórico de Minas Gerais. (fotografia abaixo de Rita Peixoto)
          Escondida entre os imensos paredões rochosos da Serra do Espinhaço, cheia de belezas naturais como várias cachoeiras, picos e serras com vistas paradisíacas, a charmosa Vila Colonial é tão pitoresca que mais lembra um presépio. Ruas de terra e algumas calçadas com pedras, casas sem muros, botecos tradicionais, pousadas atraentes e uma charmosa pracinha com árvores frondosas. Lugar de sossego, onde a vida passa devagar. Seu povo é carismático e de uma simplicidade e hospitalidade, que emociona.

Conheça os 12 distritos de Ouro Preto

(Por Arnaldo Silva) Ouro Preto, distante 100 km de Belo Horizonte, cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, desde 1980, é uma das cidades brasileiras mais conhecidas no mundo, por sua história, arquitetura preservadíssima. É uma das cidades mais visitadas do Brasil, por turistas vindos de todo o mundo. Mas, além do Centro Histórico de Ouro Preto, a cidade conta com 12 distritos, de igual valor histórico, cultural e arquitetônico. Alguns até mais antigos que a própria cidade, como São Bartolomeu, fundada antes mesmo, de Ouro Preto, no final de século XVII. Ouro Preto foi fundada em 1711, no século XVIII.
          São ao todo, 12 distritos, subdistritos e vários povoados, de grande valor arquitetônico e histórico para Minas Gerais. (na foto acima de Peterson Bruschi/@guiapeterson, a Vila Colonial de São Bartolomeu)
          Os distritos ouro-pretanos são verdadeiras joias do Barroco Mineiro e da história de Minas Gerais. São vilas coloniais charmosas e bem preservadas, sendo que algumas delas, mais parecem presépios, de tão mimosas, pitorescas e tradicionais que são. Em ordem alfabética, vamos conhecer as riquezas arquitetônicas dos arredores de Ouro Preto, conhecendo um a um seus 12 distritos:
- Amarantina
 
          É um dos mais tradicionais distritos de Ouro Preto, tanto por sua história e sua origem, no início do século XVIII, quanto por sua arquitetura. (fotografia acima de Vinícius Barnabé/@vinicusbarnabe) São construções coloniais que nos levam há séculos anteriores, bem como construções do século XX e atuais, evidenciando a preservação de sua história e arquitetura, ao mesmo tempo que convive com a modernidade.
          Amarantina está a 23 km de Ouro Preto e por sua altitude, 950 metros acima do nível do mar, clima ameno e belíssimas paisagens, sempre despertou interesse de bandeirantes e tropeiros e hoje, ainda desperta, pela qualidade de vida que a charmosa estância oferece.
          Entre suas construções e atrações, bem no topo de uma colina, está a Matriz de São Gonçalo do Amarante, iniciada em 1752 e concluída em 1759, no século no século XVIII. Em seu interior, entalhes em dourado e pinturas em estilo barroco e rococó, concluídas em 1768, impressionam bela beleza e riqueza.
          Outra construção colonial é a Casa Bandeirista, também chamada de Casa de Pedra. Em estilo Setecentista, foi construída por bandeirantes, no final do século XVII, concluída no início do século XVIII, antes mesmo da fundação de Ouro Preto. Por sua importância histórica, é um bem tombado nacional desde 1963, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAM)
          Em Amarantina, além de sua preservação arquitetônica, são preservadas as tradições folclóricas e religiosas. As cavalhadas são de grande importância e uma das mais tradicionais de Minas Gerais. Tanto é que a cavalhada de Amarantina é Patrimônio Imaterial de Ouro Preto. (fotografia acima de Ane Souz)
          As cavalhadas relembram as batalhas travadas entre cristãos e mouros na Idade Média. Hoje, as batalhas são verdadeiras exibições artísticas, que mostra o talento e destreza dos cavaleiros no domínio dos cavalos, além da beleza na ornamentação dos animais, bem como dos cavaleiros. É um espetáculo de agilidade, cores, fé e alegria, que acontece em setembro, junto com a festa de São Gonçalo.
- Antônio Pereira
          Surgiu no início do século XVIII, com o nome de Bonfim do Mato Dentro, fundado pelo bandeirante Antônio Pereira Machado, que chegou à região com o objetivo e explorar minas de ouro. Tempos após a morte de seu fundador, o distrito adotou o nome de Antônio Pereira, em homenagem ao bandeirante. Conta hoje com cerca de 3.500 habitantes, isso graças a criação de um distrito industrial para pequenas e médias empresas, além de Antônio Pereira, continuar sendo destaque na mineração, mas não mais de ouro e sim, de minério de ferro. Desde 1984, descobriram imensas jazidas de minério no distrito, descoberta que atraiu grandes mineradoras para o distrito. 
          Antônio Pereira guarda relíquias do século XVIII, como as ruinas da antiga Matriz de Nossa Senhora da Conceição (na foto acima de Ane Souz). Erguida em 1716, infelizmente, foi destruída por um incêndio em 1800. Os moradores decidiram não reconstruir a Matriz e sim, devotar Nossa Senhora da Conceição numa gruta próximo, devido a imagem da Santa ter aparecido no lugar e mesmo sendo retirada, voltava para a gruta, misteriosamente. 
          A gruta da Lapa é hoje um dos mais importantes pontos de peregrinação de fiéis na região de Ouro Preto. Acreditam os fiéis que, na gruta, milagres acontecem por intercessão de Nossa Senhora da Lapa, como passou a ser chamada, Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Na gruta rezam, acendem velas (na foto acima de Ane Souz), para agradecer ou obter graças. Além da devoção à Nossa Senhora da Conceição, em Antônio Pereira, Nossa Senhora do Rosário, São Sebastião e Nossa Senhora das Mercês são devotados por seus moradores.
- Cachoeira do Campo
          Se destaca em Minas pelo seu clima, considerado um dos melhores do Brasil, além de sua história, charme e tranquilidade e excelente estrutura urbana. Seu nome tem como origem uma cachoeira que nasce na parte altas de seus campos, na Serra do Trino, na área onde está o Colégio Dom Bosco.
          Sua origem é do século XVIII, tendo como destaque, além de seu clima ameno e saudável, o artesanato variado, em especial o feito em pedra sabão. Outro atrativo é o antigo quartel, transformado em Colégio Dom Bosco. Nesse colégio, funcionou, por muitas décadas um dos mais tradicionais internatos para meninos, do Brasil. Hoje o colégio é um espaço usado para congressos, encontros, simpósios e reuniões. 
          Seu comércio rico e variado, além do distrito contar com indústrias diversas, principalmente, mineradoras. Suas construções coloniais históricas, com boa parte, concentradas em torno da Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, datada de 1726, são muito bem preservados. (na foto acima de Arnaldo Silva) A matriz tem 5 altares e finíssimas talhas muito bem trabalhadas, em ouro puro e é de grande valor histórico para Minas Gerais.
 
          Foi em seu interior, ainda antes da conclusão das obras, em 1708, que o português Manuel Nunes Viana, foi aclamado como o primeiro Governador de Minas Gerais. (fotografia acima de Thelmo Lins)
          Nessa época a Matriz de Nazaré era o centro do povoado e foi justamente em Cachoeira do Campo, que foi desencadeado um dos mais violentos confrontos da Guerra dos Emboabas, conflito entre portugueses e paulistas, entre 1708 e 1709, pela disputa dos direitos de exploração das minas ouro em nosso território.
          Outro fato histórico marcante em Cachoeira do Campo aconteceu diante da Igreja de Nazaré, em 1720, quando ocorreu a Sedição de Vila Rica ou Revolta de Felipe dos Santos, um movimento que ocorreu entre 29 de junho a 19 de julho de 1720, devido a insatisfação do povo de Vila Rica e de Minas Gerais, dentre outras coisas, com o aumento e o rigor das cobranças dos impostos pela Coroa Portuguesa.
          Outro destaque histórico em Cachoeira do Campo é o antigo Palácio dos Governadores, que a partir de 1811, passou a ser um internato para meninas, sobre a direção das Irmãs Salesianas. Hoje, funciona no local o colégio Nossa Senhora Auxiliadora e o Retiro das Rosas, usado como um pequeno centro de convenções, muito procurados para retiros espirituais e congressos.
          Cachoeira do Campo se destaca em Minas por realizar um dos mais importantes festivais gastronômicos da Região, a Festa da Jabuticaba A festa acontece na época da temporada da fruta, entre novembro e dezembro. Destaque ainda para as festas de Nossa Senhora de Nazaré e a Festa do Cavalo, em julho. O distrito está apenas 21 km de Ouro Preto, na Rodovia dos Inconfidentes.
- Engenheiro Corrêa 
          Distante 35 km de Ouro Preto, e banhado pelo Ribeirão Sardinha, tem sua origem no século XVIII. Lugar de belas paisagens e terras férteis, que serviram para plantio de lavouras nas fazendas formadas na região, no auge da exploração mineral, no século XVIII. (fotografia acima de Ane Souz, da capela ao lado do cemitério do distrito) 
          O povoado cresceu devagar, até 1890, com a chegada da linha férrea na região e construção de uma estação de trem, chamada de Estação Sardinha, em alusão ao ribeirão de mesmo nome. Foi inaugurada em 1896 e a linha fazia transporte de cargas e passageiros.
          As obras da Estação, tinha como supervisor, o engenheiro Manuel Francisco Corrêa Júnior, que morreu vítima de um acidente fatal na região. Após sua morte, em sua homenagem, a Estação Sardinha, mudou o nome para Estação Engenheiro Corrêa. Com a chegada da linha férrea, chegaram também operários e pessoas de outras localidades, fazendo com que o pequeno arraial crescesse em torno da Estação, hoje um dos grandes atrativos de Engenheiro Corrêa. A vila foi elevada a distrito em 12 de dezembro de 1953.
          O distrito guarda até os dias de hoje, um tesouro de nossa história. É a Capela de Santo Antônio do Monte. Uma singela capela, tendo ao lado um cemitério e cercada por uma murada de pedras. Foi erguida, isolada do povoado, no século XVIII, reformada no século XIX e século XX.
          Outra relíquia de Engenheiro Corrêa é a Capela de São José, erguida no final do século XIX, em estilo neoclássico, predominante nessa época, o Cartório, de 1930 e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, construída em 1940, que substituiu a anterior, que já não comportava mais os fiéis.
          Hoje o distrito conta com um pouco mais de 400 moradores, é bem pacato, sossegado, com seu casario colonial simples, com seu povo acolhedor, que valoriza muito suas tradições religiosas, em destaque para as festividades em louvor a Nossa Senhora e Sagrado Coração de Jesus, com festa em agosto, além das festas de São José e São Sebastião, com novenas, missas, rezas, contando ainda com barraquinhas com comidas típicas e muita animação.
- Glaura – Antiga Casa Branca
          Uma charmosa e pitoresca Vila Colonial, distante apenas 25 km de Ouro Preto. Glaura conta ainda com os subdistritos de Soares (5 km), Rio das Velhas (4 km), Engenho D'água (7 km), Vale do Tropeiro (7 km), Ana de Sá (8 km) e Bandeirinha (3 km).
          É um lugar de clima ameno, a 1038 metros de altitude, acima do nível do mar. Com belíssimas paisagens, é um lugar ideal para quem busca sossego, tranquilidade e descanso, além de viver e vivenciar uma parte da história Colonial em Minas Gerais, presente em sua arquitetura, ruas e becos. (foto abaixo de Arnaldo Silva)
          O distrito tem suas origens entre os anos de 1700 e 1701. Quando da criação do arraial, se chamava Santo Antônio do Campo de Casa Branca ou simplesmente, Casa Branca. Passou chamar-se Glaura, a partir de 1943. O nome foi em homenagem a um dos notáveis poetas brasileiros, Manoel Inácio da Silva Alvarenga, natural de Ouro Preto, autor de um dos mais belos poemas da literatura brasileira, Glaura. Mesmo com o novo nome, Glaura é popularmente chamada de Casa Branca por seus moradores.
          O distrito já recebeu visitas de personagens ilustres de nossa história, como os Imperadores, Dom Pedro I, em 1830 e Dom Pedro II, em 1881, do naturalista francês, Auguste de Sant-Hilaire em 1817, do naturalista inglês, Richard Burton, em 1868, dentre outros. A Vila Colonial de Glaura é um dos tesouros arquitetônicos de Ouro Preto e uma das mais belas relíquias coloniais de Minas Gerais.
          As ruas de Casa Branca são charmosas, com um casario colonial conservado e bem cuidado. Destaque para a Matriz de Santo Antônio, construída entre os anos de 1758 a 1764, uma obra prima do Barroco Mineiro, tombada pelo IPHAN desde 1962. Além da Matriz, tem as Capelas de Nossa Senhora do Rosário e de Nossa Senhora da Imaculada Conceição.
          A gastronomia é rica em Glaura, em especial, doces e geleias, além do vinho de jabuticaba, fruta abundante na região.
          Por essas características, Glaura está sendo “descoberta” cada vez mais por turistas que vem à Ouro Preto. Os visitantes são muito bem acolhidos por seus moradores. São receptivos, hospitaleiros, acolhedores e tem o maior orgulho de viverem na vila e de vivenciar suas tradições religiosas. 
          Uma dessas tradições são as centenárias festas de Santo Antônio e do Rosário. Nos dias da festa de Nossa Senhora do Rosário, grupos folclóricos se apresentam em frente a Matriz de Santo Antônio (na foto acima de Ane Souz), fazendo a Dança das Fitas.  
          A Festa de Santo Antônio acontece no mês de julho. Já a Festa de Nossa Senhora do Rosário, acontece na segunda semana do mês de outubro. Os grupos saem pelas ruas do distrito, com seus cantos e danças, preservando uma das mais belezas tradições folclóricas mineiras. Durante os dias das festas, bandas de músicas da região se apresentam, além da vila ser toda decorada para a ocasião, com barracas com comidas típicas, com as principais delícias da culinária mineira e local.
- Lavras Novas
          É hoje um dos mais badalados e procurados pontos turísticos de Minas Gerais. Fica apenas 13 km de Ouro Preto, num percurso por serras e montanhas formadas por quartzito, com paisagens de tirar o fôlego. Em Lavras Novas tem ainda trilhas, a Bacia Custódio, que é um belo lago e cachoeiras, como a Cachoeira dos Três Pingos e a dos Namorados. 
          O clima na Vila é ameno, mas bastante variável. Os moradores já estão acostumados com as mudanças no tempo, mas o turista, pode estranhar um pouco. Pela manhã, pode acordar com um frio gostoso e brumas cobrindo a vila. Na hora do almoço pedir uma comida bem quente, tipo um caldo, mas também pode, no mesmo dia, querer procurar uma gelada cachoeira, para refrescar-se e fugir do calor. A noite pode ser quente, ou bem fria, ao ponto de precisar se aquecer nas lareiras das pousadas. (foto acima de Arnaldo Silva)
          Sua altitude possibilita essas variações de temperaturas, durante o dia. Em média, são 1300 metros de altitude e em seu topo mais alto, a Serrinha, a altitude chega a 1510 metros. É na Serrinha que está a maior tirolesa do Brasil. A decida é tão forte que, além dos equipamentos de segurança obrigatórios, um paraquedas faz parte da segurança, usado como redutor da velocidade.
          A história de Lavras Novas começa a partir de 1716, com forte influência da cultura negra presente em sua história, folclore e tradições. A vila se destaca ainda pela riqueza de seu artesanato. Seu casario é charmoso, bem cuidado, seu povo acolhedor. Na Vila, várias pousadas, das mais simples às mais requintadas e na vila, existem várias povoados e restaurantes para todos os gostos. A rede hoteleira e gastronômica é ótima em Lavras Novas.
          A criatividade de seu povo, e seu reconhecido talento no artesanato, está presente nas ruas e lojas com peças artesanais belíssimas.
          Lugar simples, casario simples e de uma beleza que emociona. As calçadas são largas e gramadas, onde seus moradores, dividem o cotidiano nas ruas com bois, vacas, cavalos e cães. Animais soltos pelas ruas de Lavras Novas, não é nenhum problema e sim, um dos atrativos do lugar. Uma harmonia perfeita entre o homem, a natureza e os animais.
- Miguel Burnier 
          Miguel Burnier, distante 40 km de Ouro Preto, é um dos mais tradicionais distritos ouro-pretanos e o maior em extensão territorial. Por sua localização estratégica, foi de grande importância durante a Inconfidência Mineira e também para a instalação da ferrovia na região, a partir de 1880. (fotografia acima de Ane Souz)
          Isso porque, Miguel Burnier, faz divisa com os distritos de Engenheiro Corrêa, Santo Antônio do Leite, Cachoeira do Campo e Rodrigo Silva e ainda com as cidades de Congonhas, Ouro Branco e Itabirito. Estando então, em uma grande área mineradora, tendo no próprio distrito, atuação de grandes mineradoras, explorando suas jazidas de minério de ferro, além da indústria metalúrgica.
          Com origens no século XVIII, formado por fazendas mineradoras de ouro e produção de alimentos. Nessas fazendas, existiam pequenos povoados. No final do século XIX, boa parte das terras do distrito foram adquiridas pelo Comendador Carlo Wigg, construindo no local uma usina de produção de ferro. Próximo a usina, existia um pequeno povoado, com uma capela dedicada a São Julião. Com a instalação da usina, o pequeno povoado começou a crescer, se tornando o maior dos povoados, na área do distrito, por isso, São Julião tornou a sede do distrito, a partir de 1929.
          Com a implantação da ferrovia, foi construída uma estação ferroviária, chamada de Miguel Burnier, em homenagem ao diretor da Rede Ferroviária na época, engenheiro Miguel Noel Nascentes Burnier. Em torno da Estação Miguel Burnier, foram construídas casas para os operários, dando origem a um pequeno povoado, popularmente chamado de Miguel Burnier, com o maior povoado, sendo o de São Julião.
          Em 17 de dezembro de 1948, por força de Lei, o nome do distrito passou a ser Miguel Burnier e não mais São Julião, embora, o distrito de Miguel Burnier, ainda seja chamado por boa parte de seus moradores por, São Julião.
          Até os dias de hoje, a exploração mineral é a base da economia do distrito, além da agricultura e pequenos comércios, conta com uma excelente estrutura urbana, existindo ainda em Miguel Burnier, uma pequena pista de pouso e decolagem para aviões de pequeno porte. 
         A Matriz do Sagrado Coração de Jesus é o maior atrativo arquitetônico de Miguel Burnier. Construída em estilo neorromântico, foi inaugurada em 1934 pelas Irmãs da Beneficência Popular do Coração de Jesus, que se instalaram na região no início do século XX. Nesse mesmo ano, a pequena Capela de São Julião é demolida, preservando a imagem do santo, transferida para a atual igreja. As mesmas freiras, construíram em 1946, o Orfanato Monsenhor Horta. (foto acima de Ane Souz)
          Os festejos religiosos são outros atrativos do distrito, em destaque para a Festa dos Mineiros, em louvor a São Julião, que acontece em 9 de janeiro, a Semana Santa e as encenações da Paixão de Cristo, as festividades marianas em maio, as festas juninas, as festas de Nossa Senhora do Rosário em outubro e as Folias de Reis, entre o Natal e o Ano Novo.
- Rodrigo Silva
          Rodrigo Silva conta com pouco mais de 1.000 moradores e o distrito é um dos mais desenvolvidos de Ouro Preto, com ótima estrutura urbana e qualidade de vida, bem como, boa estrutura para receber os visitantes. 
          Está num lugar de rara beleza, com vários riachos que formam cachoeiras e poços, ao longo de seu percurso. Nos seus 1.278 metros de altitude, permite uma linda vista da região, podendo avistar ainda o Pico do Itacolomi e o Pico do Itabirito, no alto de Santa Quitéria. Está a 18 km da sede, as margens da Rodovia dos Inconfidentes. (fotografia acima de Ane Souz)
          O povoamento na região onde está hoje o distrito de Rodrigo Silva, tem suas origens no século XVIII. Surgiu a partir da Fazenda Boa Vista mineradora, do século XVIII, cujo proprietário era José Correia. A localidade se desenvolveu em torno das terras do dono da propriedade, por isso, José Correia, foi seu primeiro nome. No século XIX, a comunidade erguia a Igreja de Santo Antônio, em substituição a um pequeno templo, consumido por um incêndio. Um novo templo foi erguido dedicado a Santo Antônio. Maior, mais espaçoso e em outro local, hoje situado na praça central do distrito. No decorrer do século XX, a igreja passou por reformas, que mudaram suas características originais.
          Um dos grandes saltos na economia e desenvolvimento do distrito de Rodrigo Silva se deu com a implantação na região de ramais da Ferrovia Central do Brasil. A ferrovia ligava o Rio de Janeiro, a Ouro Preto, e chegou a Minas por volta de1880. Em Rodrigo Silva, o ramal e estação foram concluídos em 1888 e transportava cargas e passageiros. Em torno da estação, foram construídas casas, para abrigar os funcionários da rede ferroviária. Em homenagem ao ministro do Império, Rodrigo Augusto Silva, a estação passou a ter seu nome, passando o distrito também a se chamar, Rodrigo Silva, a partir de 1888.
          Não foi apenas a ferrovia que impulsionou a economia de Rodrigo Silva, mas também a mineração, presente desde o século XVIII, na exploração do ouro e também do Topázio Imperial, por viajantes estrangeiros que exploravam gigantescas lavras, usando mão de obra de centenas de escravos. 
          O Topázio Imperial é uma valiosíssima pedra preciosa, encontrada somente em Rodrigo Silva e nenhum outro lugar no mundo. Com o Topázio Imperial, são feitas joias de alto valor comercial (na foto acima de Arnaldo Silva). Além da extração do Topázio, seus moradores vivem da agricultura e pecuária leiteira e também do turismo, já que a antiga Estação Ferroviária, é um dos belos exemplares arquitetônicos do século XIX.
          Atualmente a Estação está desativada e um dos pontos mais atrativos do distrito, por sua beleza e importância histórica para região. Outro atrativo de Rodrigo Silva é a Sociedade Musical Santa Cecília, fundada por trabalhadores da ferrovia, em 22 de novembro de 1901. É uma das mais antigas de Minas em atividade, fazendo apresentações nos principais eventos do distrito e nos distritos e cidades vizinhas.
          Uma ótima época para visitar Rodrigo Silva são nos dias de festejos religiosos, como na Festa de Santo Antônio, em junho, os festejos dedicados em louvor à Nossa Senhora, em maio, na Semana Santa e durante os torneios de futebol masculino e feminino, esporte muito popular no distrito.
- Santa Rita de Ouro Preto
          A 40 km de Ouro Preto e a 23 km de Ouro Branco, pela MG-129 e a 1030 metros de altitude, está Santa Rita de Ouro Preto, distrito ouro-pretano famoso no Brasil inteiro por ser a Capital da Pedra-Sabão e do artesanato feito com essa valiosa pedra. 
          Além do artesanato, a pedra-sabão é usada na fabricação de utensílios domésticos, como pratos, panelas, fôrmas para pizzas, copos, etc. Além disso, pode passar por transformações industriais, gerando insumos para a produção de massa plástica, azulejos, pisos, tintas, pneus e até na perfumaria, como o talco., por exemplo.
          Santa Rita de Ouro Preto é um paraíso achado. A vila conta com uma ótima estrutura urbana, um casario simples e um povo acolhedor, além de estar entre montanhas com matas nativas, ser banhado por riachos e rio, formando belas cachoeiras e lagoas, que proporcionam imagens paradisíacas.
          Sua origem é do século XVIII com a chegada da bandeira de Martinho de Vasconcelos. O bandeirante trouxe consigo uma imagem de Santa Rita de Cássia, e. A imagem foi esculpida em madeira, na Itália, país de origem da freira agostiniana Margherita Lotti, que adotou o nome religioso de Rita.
          A religiosa italiana nasceu em Roccaporena, em 1381, falecendo em Cássia, em 22 de maio de 1457. Foi beatificada em 1627 e canonizada em 1900, pela Igreja Católica, com o nome de Santa Rita de Cássia, em alusão à cidade italiana de Cássia.
          Com a imagem de Santa Rita, Martinho de Vasconcelos determinou a construção de uma capela, dedicada à santa, construída entre 1719 e 1734. A pequena ermida, não existe mais. Com o crescimento do distrito, a capela se tornava pequena e sem espaço para receber os fiéis. Em 1964, a pequena capela deu lugar a um templo maior, mais confortável e mais espaçoso.
          Pela fé e devoção à santa, o nome da vila era Santa Rita de Cássia. Quando da elevação da Vila à distrito, decidiram manter o nome, Santa Rita, mas sem o nome alusivo à cidade italiana de Cássia, e sim, da Ouro Preto. Isso porque a comunidade abraçou a história de vida de Santa Rita, com muita devoção e veneração, tornando-a parte de seu povo e parte da vida e história da comunidade, ficando então, Santa Rita de Ouro Preto, o nome do distrito, desde 1938. 
          Uma boa época para visitar Santa Rita de Ouro Preto é em 22 de maio, quando acontece a Festa da Padroeira Santa Rita de Ouro Preto, com missas, novenas, reza do terço, toque da alvorada, levantamento de mastro, procissão e muita diversão com shows com bandas locais, desfile de carros alegóricos que encenam fatos da vida da santa, além de barracas com comidas e bebidas típicas.
- Santo Antônio do Leite
          A 1092 metros de altitude, uma estância com clima ameno e muito saudável, distante 25 km de Ouro Preto, está Santo Antônio do Leite. É um dos mais pitorescos e charmosos distritos ouro-pretanos.
          Por suas belezas naturais, clima saudável e água de qualidade, Santo Antônio do Leite oferece uma ótima qualidade de vida a seus moradores e visitantes. O distrito vem sendo descoberto como uma charmosa e atraente estância climática. Um grande número de turistas, visitam constantemente, Santo Antônio do Leite. Na Vila, várias pousadas e hotéis fazendas, garantem conforto, sossego, descanso e tranquilidade aos visitantes. (fotografia abaixo de Ane Souz)
          Chamado primeiramente de Arraial do Leite, tem origens no início do século XVIII, surgiu com o início da exploração mineral e formação de fazendas de produção de alimentos e pecuária leiteira. A produção de leite na vila era considerada de alta qualidade e várias pessoas das redondezas iam às fazendas para buscar leite, podendo ser esse o motivo do nome do arraial, embora não se saiba exatamente a origem do nome primitivo do distrito.
          Em 1858, no Arraial do Leite, foi inaugurada a Igreja de Santo Antônio de Lisboa. A partir de então, Santo Antônio foi incorporado ao nome, Leite e ficou, arraial de Santo Antônio do Leite, sendo elevado a distrito de Ouro Preto em 1923. Em 1948 passou a se chamar Bárbara Heliodora, mas por pressão da comunidade que não aceitava o nome, foi restaurado através da lei, nº 1.039 de 12 de dezembro de 1953, aprovado pela Assembleia Legislativa de Minas, voltando a ser Santo Antônio do Leite.
          No distrito e nos povoados que o formam Santo Antônio do Leite, estão as comunidades do Catete, Gouveia, Chapada, Passagem e Boa Vista e pequenas povoações como Lagoa, Dumbá, Holanda, Madureira e Milho Branco. Ao todo, vivem no distrito cerca de 1700 pessoas. Seus moradores vivem da agricultura, pecuária leiteira, da produção artesanal de doces, queijos e cervejas, além do famoso e rico artesanato em prata com pedras preciosas e do turismo, que movimenta a economia local.
          Além de suas belezas naturais e qualidade de seu clima e água, em Santo Antônio do Leite a bela Matriz de Santo Antônio é um de seus maiores atrativos. Tem ainda mais cinco capelas, um casario charmoso, bem cuidado e elegante. Outro atrativo do distrito é a Festa de São Sebastião em janeiro, a Festa da Maria Concebida, em maio e a do Padroeiro, a Festa dos Mineiros e de Santo Antônio, em julho.
- Santo Antônio do Salto 
          Embora suas origens sejam do século XVIII, no auge da mineração do ouro, a charmosa Vila de Santo Antônio do Salto, foi elevada a distrito apenas em 1992. Está a 33 km de Ouro Preto, via estrada de Ouro Branco. Está numa região bastante montanhosa, a 800 metros de altitude. 
          Santo Antônio do Salto está rodeado por belíssimas paisagens, nas profundezas de um vale, já que a vila se encontra na encosta da Serra de Lavras Novas e na parte mais baixa da Serra do Itacolomi, às margens do Rio Maynarte e de seu afluente, o Ribeirão dos prazeres. Tem ainda vários outros pequenos cursos d´água, formado por nascentes. (foto acima de Ane Souz)
          Da parte alta, pode se avistar a Cachoeira do Rapel, uma das mais altas de Minas, com cerca de 200 metros de queda. É nessa parte alta que está o distrito de Lavras Novas, a cerca de 1300 metros de altitude.
          Seus moradores vivem da pecuária e agricultura, principalmente do cultivo de bananas, além de ainda existir o garimpo de ouro e outras pedras preciosas, nas margens do rio. A vida social na vila gira em torno da Igreja de Santo Antônio, principalmente em junho, no dia do padroeiro, num grande evento junino, além do Festival de Cultura e Culinária, em agosto. Esses dois eventos tradicionais, envolve todos os moradores da vila e atrai moradores de toda a região. (na foto acima da Ane Souz, o Festival o Festival de Cultura e Culinária do distrito, um eventos gastronômicos mais importantes da região)
          A atual igreja de Santo Antônio substituiu uma pequena ermida, que deu lugar a atual em 1938. A religiosidade de seu povo, associou Santo Antônio ao nome do distrito, passando de Arraial do Salto Alto para Santo Antônio do Salto. Duas versões apontam para a origem do primeiro nome, “Salto Alto”, do distrito. A primeira diz que para se chegar a uma importante fazenda, na época, a Fazenda da Bandeira e outras localidades, precisava saltar sobre o rio que delimitava a fazenda. Outra versão popular diz que o nome provém do enorme salto de sua mais maior cachoeira.
- São Bartolomeu
          É uma das mais mimosas e pomposas vilas de Minas Gerais, considerada a joia do Barroco Mineiro pela história e beleza de suas construções coloniais, quase todas em tons azul e branco, preservadas e bem cuidadas por seus moradores. 
          Em São Bartolomeu, vivem cerca de 600 pessoas. Fica distante 18 km de Ouro Preto. (foto acima de Arnaldo Silva) A simplicidade e o romantismo do lugar, impressiona, e o sossego também. É possível andar pelas ruas da Vila, sem encontrar uma pessoa sequer. Mas basta prestar bem atenção que logo ouve-se o tilintar da lenha queimando no fogão e o doce suave aroma da goiabada. Quem tem os ouvidos mais aguçados, pode ouvir o borbulhar dos doces, que saem dos tachos de São Bartolomeu. Isso porque a joia mineira é a terra da goiabada.
          Basta um toque na porta, que somos recebidos com muita hospitalidade. O povo é simples, muito educado. São gentis, amáveis e acolhedores. Difícil não fazer amizades com eles e muito menos, não sentir saudades das prosas e risadas à beira do fogão a lenha. A visita, em São Bartolomeu, vai logo pra cozinha, o melhor lugar da casa. Quem vem à São Bartolomeu, sempre quer voltar.
          Seu povo é assim, desde as origens da Vila, no final do século XVII, quando a região começou a receber viajantes, bandeirantes e tropeiros. São Bartolomeu é uma das primeiras povoações de Minas Gerais. Remanescente dessa época, está a Igreja de São Bartolomeu, erguida no final do século XVII, em estilo Nacional Português.
          Este estilo predominou nas construções mineiras, no início do povoamento de Minas Gerais, antes do surgimento da identidade arquitetônica mineira, o Barroco. Este estilo é considerado a primeira fase do Barroco Mineiro. A Igreja de São Bartolomeu é um exemplar valioso, de como eram as primeiras igrejas erguidas em Minas Gerais, antes do surgimento do Barroco Mineiro. 
          Estando em São Bartolomeu e visitando a igreja de seu padroeiro, preste atenção num detalhe interessante no campanário da igreja, onde fica o sino. O sino é mudo. O original, em bronze, foi furtado e provisoriamente, colocaram um sino de madeira, até construírem outro. Só que esse provisório, passou a ser permanente e o sino nunca que vinha, até que a comunidade, adotou o sino mudo e preferiu continuar com o sino de madeira em sua matriz. Inclusive, foi restaurado em 1997 pela Fundação Gorceix. (foto acima de Ane Souz)
          Na vila não existe museu, mas a própria Vila já é um museu em si, não só por sua história e preservação, mas pela beleza e simplicidade de sua arquitetura. Um grande detalhe na Vila é que seus moradores cuidam e conservam suas construções e em muitas casas, raridades dos séculos XVIII, XIX e XX, passadas de gerações, podem ser vistas, como oratórios, móveis e objetos antigos.
          Além de seu casario e de sua principal igreja, em São Bartolomeu se destaca ainda a Igreja de Nossa Senhora das Mercês (na foto acima de Arnaldo Silva), no topo de uma colina, que permite uma bela vista do entorno da Vila. Tem ainda as belas paisagens naturais, com matas nativas, o Rio das Velhas que corta do distrito, as goiabeiras espalhadas nas fazendas e quintais, além da Cachoeira São Bartolomeu e a do Macaco Doido.
          A culinária de São Bartolomeu é muito famosa e apreciada. São doces diversos, queijos, licores, além dos tradicionais pratos da cozinha mineira, como tropeiro, torresmo, frango com quiabo e angu, pão de queijo, biscoitos, broas, bolos, farofas, dentre outros.
          As delícias que saem dos tachos e caldeirões de São Bartolomeu, podem ser apreciadas durante a Festa da Goiaba, que acontece geralmente no mês da temporada da fruta, nos primeiros dias de abril, com barraquinhas, apresentações artísticas e muita alegria. 
          Reconhecida como patrimônio imaterial de Ouro Preto desde 2010, a goiabada cascão é a estrela maior da festa, considerado um dos mais importantes festivais gastronômicos da região, que atrai centenas de pessoas à Vila. (na foto acima de Ane Souz, os produtos artesanais de São Bartolomeu
          Outra festa interessante é a de São Bartolomeu e do Divino Espírito Santo, em agosto. Nos dias de festa, acontecem novenas, romarias, missas, rezas do terço e também, barracas com comidas típicas e apresentação de bandas de músicas locais (na foto acima de Ane Souz). É um momento de alegria, de devoção, agradecimentos e confraternização entre os moradores de São Bartolomeu com os visitantes. 

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *

Facebook

Postagens populares

Seguidores