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terça-feira, 11 de março de 2025

A arte de fazer tapetes Arraiolos em Passa Tempo

(Por Arnaldo Silva) A técnica muçulmana de confeccionar tapetes, conhecida por Ponto dos Arraiolos, é uma das mais antigas da humanidade. São tapetes feitos à mão, usando técnicas artesanais com desenhos intricados e alta qualidade artesanal, bordados com pontos cruzados oblíquos.
Fotos fornecidas por Adriano Van Vaar
        A tradição surgiu em Portugal no século XVI ou XVII, introduzida no país pelos Mouros, nome dado aos povos islâmicos que invadiram a Península Ibérica, a Sicília, a Malta e parte da França, durante a Idade Média, vindos do Norte da África. Em Portugal, os Mouros se estabeleceram em cidades portuguesas, como na vila de Arraiolo, de Évora de Évora. Como eram tapeceiros experientes, os tapetes em pontos feitos pelos Mouros assimilou o nome do lugar, chamando de Ponto do Arraiolo e as peças sendo chamadas de Tapete Arraiolo. São peças únicas, requintadas e de alto valor comercial.
Foto acima fornecida por Adriano Van Vaar em Passa Tempo MG
        Algumas cidades mineiras fazem tapetes Arraiolos usando a tradicional técnica Medieval dos Mouros, da mesma forma que na Idade Média, manual e totalmente artesanal.. Entre essas cidades, se destaca Passa Tempo MG.
A cidade de Passa Tempo
Fotografias de Saulo Guglielmelli
        Passa Tempo, charmosa, atraente e pacata cidade da Região Oeste de Minas, com 8.500 habitantes. Faz divisa com os municípios de Oliveira, Carmópolis de Minas, Desterro de Entre Rios, Piracema e está a 143 km distante de Belo Horizonte com acesso pela Rodovia MG-270.
Origem da cidade
Fotografias de Saulo Guglielmelli
        No século XVIII a região onde é Passa Tempo era ponto de descanso de bandeirantes e tropeiros por ser considerada por eles próprios, um local aprazível para "passar tempo". Era uma parada para passar o tempo enquanto os animais descansavam. Por esse motivo, o lugar passou a ser conhecido como Passa Tempo. Neste local foi se formando um pequeno povoado, elevado a distrito de 1832, subordinado a Oliveira, elevado a vila em 1911 e por fim, à cidade emancipada em 10-09-1925.
Tradições seculares
        A cidade preserva as tradições seculares como a religiosidade, folclore, gastronomia e também sua arquitetura barroca, presente no seu centro urbano e em fazendas coloniais, como a Fazenda Campo Grande. Passa Tempo (nas fotos acima do Saulo Guglielmelli) e Fazenda Araújos (nas fotos abaixo do Saulo Guglielmelli). Passa Tempo é uma charmosa cidade histórica mineira.
        Além disso, Passa Tempo é conhecida por ser a terra onde nasceu Antônio Faleiro, ufólogo renomado no Brasil e exterior, autor de vários livros sobre Ufos no Brasil, além de especialista no estudo do folclore brasileiro e ovnis.
O começo da tradição de fazer tapetes Arraiolos
Fotografia fornecida por Adriano Van Vaar
        A arte de fazer tapetes Arraiolos foi introduzida na cidade em 1977, pelo Padre Irineu Leopoldino de Souza, O padre foi transferido de Diamantina MG, para Passa Tempo. Por participar e conhecer o projeto dos Tapetes Arraiolos em Diamantina, introduzido na cidade em 1975 em parceria com a Igreja e casal tapeceiros portugueses, que vieram de Portugal especialmente para ensinar a arte da fazer tapetes Arraiolos.
        Em Passa Tempo, padre Irineu percebeu um grande potencial na cidade para fazer esses tapetes Arraiolos e desenvolveu o projeto diamantinense em Passa Tempo.
Tapeceira de Passa Tempo MG. Foto fornecida por Adriano Van Vaar
        Mesmo com a posterior transferência do padre da cidade, a arte de fazer tapetes continuou, isso porque a ideia evoluiu, teve grande aceitação popular, cujo ofício foi passado de mãe para filha e muitos ensinavam uns para os outros. As tapeceiras podem ser vistas nas na cidade, expondo e desenvolvendo sua arte.
Fotografia fornecida pelo Adriano Van Vaar
        Esse interesse pela arte de fazer tapetes Arraiolos foi tão grande na época que se tornou tradição na cidade, gerando renda para as famílias. Atualmente o ofício é praticado por poucas tapeceiras, organizadas na Associação das Tapeçarias e Artesanatos de Passa Tempo (ATAPT), que visa manter a tradição e unir as tapeceiras e tapeceiros da cidade.
Fotografia fornecida pelo Adriano Van Vaar
        Passa Tempo é hoje conhecida no Oeste de Minas como a “Terra dos Tapetes Arraiolos”, pela diversidade de sua produção, criatividade e talento de seus artesãos e artesãs na arte de fazer tapetes Arraiolos.
        Os tapeceiros e bordadeiras da cidade sentem orgulho de exercerem a arte da tapeçaria, contribuindo com a história da cidade e de suas próprias, que tiveram parte de suas vidas e histórias dedicada ao amor à arte de fazer tapetes.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

O Pelourinho de Mariana

(Por Arnaldo Silva) A cidade de Mariana, primaz de Minas, tem atualmente 62 mil habitantes. Está a 120 km de Belo Horizonte e faz limites territoriais com Alvinópolis, Catas Altas, Ouro Preto, Acaiaca, Diogo de Vasconcelos, Piranga e Santa Bárbara. Cidade com forte presença na mineração desde os tempos do Brasil Colônia, Mariana possui e preserva um vasto e importante acervo colonial, presentes em suas igrejas, ruas, largos, praças, museus, casarões e monumentos.
        
Entre seus principais acervos está a Praça Minas Gerais, formada por casario colonial em seu entorno, a Igreja de São Francisco de Assis, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, o prédio da antiga Cadeia e Câmara da Cidade e ao centro, o Pelourinho, símbolo maior da dominação portuguesa e subjugação de escravizados. (na foto, o Pelourinho de Mariana e a Igreja de São Francisco de Assis. Foto: Elvira Nascimento)
Origem dos pelourinhos
        Pelourinho tem origem na Idade Média. Trata-se de uma coluna de madeira ou de pedra, com suporte para correntes onde criminosos e escravizados que eram amarrados e açoitados em público. A prática medieval foi introduzida no Brasil pelos portugueses exatamente para impor castigos e humilhações públicas a inimigos da dominação de Portugal na colônia, escravizados e criminosos.
        Durante o Ciclo do Ouro e do Café, pelourinhos passaram a ser instalados em praças, vilarejos e fazendas, entre os séculos XVIII e XVIII, devido ao grande número de escravizados que em trazidos para Minas Gerais. A maioria dos pelourinhos construídos nessa época foram destruídos com o fim da escravidão. (Na foto acima da Gislene Ras, o pelourinho no Centro Histórico de Catas Altas)
        Em algumas cidades históricas mineiras, os pelourinhos foram preservados com o objetivo de se lembrar do vergonhoso período da Escravidão no Brasil, como em Catas Altas, na Região Central, onde o antigo pelourinho permanece na Praça Monsenhor Mendes, na foto acima, do Leandro Leal. Os pelourinhos simbolizam os tempos sombrios e dos horrores praticados nesse período pelos colonizadores e escravocratas.
O Largo da Sé
        Na segunda metade do século XVIII, Mariana era uma das mais importantes cidades da Colônia. A presença do poder da Coroa Portuguesa na cidade concentrava-se no Largo da Sé, atualmente, Praça Cláudio Manoel da Costa, poeta, Inconfidente e natural da cidade. Largo era como se chamavam à época, os espaços públicos destinados a passagem de pedestres, comércio de tropeiros, espaço cívico para manifestações e eventos, além de ser o local onde eram lidos os editais públicos e anunciados as novas ordens e notícias da Coroa Portuguesa. Hoje o nome Largo é raramente usado. Foi substituído por praça. (na foto acima da Jane Bicalho, o casario do Largo da Sé)
        O conjunto arquitetônico do Largo da Sé foi formado a partir de 1747 e projetado por José Fernandes Alpoim. No largo, temos o casarão onde residiu Cláudio Manoel da Costa, além da primeira estalagem, primeira casa de intendência e a primeira casa de fundição de Minas Gerais. A praça fica em frente a Catedral Basílica de Nossa Senhora da Assunção, a popular, Sé de Mariana, no Centro Histórico da cidade. A praça dá acesso às tradicionais Rua Direita e Rua Dom Viçoso, ruas onde estão museus e um rico casario colonial. (na foto acima, a Catedral da Sé de Mariana - Foto: Jane Bicalho)
O pelourinho de Mariana
 
        O Largo da Sé, nome dado ao conjunto formado pela Catedral da Sé, praça, prédios públicos e casario, era o centro do poder português à época, simbolizado pela presença do Pelourinho, instalado em frente a catedral em 1750. (nas fotos acima do Leandro Leal, o Pelourinho de Mariana, a Igreja de São Francisco de Assis e de Nossa Senhora do Carmo)
        Projetado e construído por José Moreira Matos, o pelourinho de Mariana foi uma exceção à parte, em relação aos que existiam. Isso porque não foi construído para fins de castigos e sim como monumento cívico para simbolizar a presença e marco da dominação de Portugal. Foi projetado para exaltar a Coroa Portuguesa e da Justiça.
        Tem em seus detalhes simbólicos um globo no topo, que simboliza as conquistas marítimas dos portugueses. Dois braços seguram dois símbolos: um, uma balança, simbolizando a Justiça, e o outro, uma espada, simbolizando a condenação. Entre os dois braços foi colocado o Brasão de Portugal.
Fim dos pelourinhos
        Com a Independência do Brasil em 1822, os símbolos da colonização portuguesa passaram a não serem bem-vistos nas cidades mineiras, além do aumento do engajamento da população pela causa abolicionista e surgimento de leis que limitavam a escravidão, como a Lei do Ventre Livre. Por esses motivos, em 1871, o pelourinho de Mariana foi demolido. Não só o de Mariana, como a maioria dos pelourinhos existentes em Minas Gerais, foram demolidos sem deixarem vestígios, principalmente após a Proclamação da República no Brasil, em 1889.
        Em sua maioria, não foram demolidos por ordem dos governantes e sim, pela própria população, por sentir vergonha de terem em suas cidades o símbolo maior do poder da dominação portuguesa e imperial, além de ser a lembrança maior das barbáries ocorridas durante a escravidão. Simbolizava uma lembrança que envergonhava e, de acordo com pensamento à época, precisava ser esquecido e apagado. Poucos pelourinhos permaneceram de pé, principalmente os de madeira. Boa parte dos que existem atualmente, foram reconstruídos ou restaurados, por ser parte da memória e história da cidade. 
        Quando foram destruídos, o objetivo era apagar a vergonha da escravidão, mas hoje, o pensamento é diferente. É não esconder essa parte vergonhosa e assustadora da nossa história e relembrar sim como foram os 388 anos de escravidão no Brasil, para que tal fato nunca se repita e muito menos seja apagado de vez de nossa memória e história.
Réplica do antigo pelourinho
        Devido sua importância para a história da cidade, além de sua simbologia, uma réplica idêntica do antigo pelourinho de Mariana, demolido em 1871, foi feita em 1967, por iniciativa da Academia Marianense de Letras, com o objetivo de resgatar um dos símbolos da história do município. Quando a réplica ficou pronta, optou-se por sua instalação na principal praça da cidade, a Praça Minas Gerais, formada a partir de 1760. A réplica do antigo pelourinho foi colocada entre as igrejas de São Francisco de Assis e de Nossa Senhora do Carmo e de frente para a antiga Câmara e Cadeia da cidade. (nas fotos acima do Vinícius Barnabé, a Praça Minas Gerais com o Pelourinho ao centro e abaixo de Anderson Sá, detalhes do Pelourinho)
        O monumento que simbolizava à época a dominação portuguesa, passou a fazer parte do conjunto arquitetônico do principal cartão-postal da cidade e um dos símbolos da história de Minas Gerais, que é a Praça Minas Gerais.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Gouveia: a mineiridade da terra do Cobu

(Por Arnaldo Silva) Típica cidade interiorana mineira, pequena, casario simples, bem conservado, rua principal, praças, a Matriz, um povo simples, bom e hospitaleiro. A cidade preserva sua história e suas tradições religiosas, folclóricas, culturais e gastronômicas.
          A cidade tem uma estrutura urbana muito boa. A maioria de suas ruas são urbanizadas, seu comércio é diversificado e a cidade conta com bons restaurantes, bares, hotéis, pousadas, além de setor de serviços muito bom. (na foto acima, a Matriz de Santo Antônio, do Leandro Leal e o Cobu (foto da Mercearia Paraopeba)
        Como toda cidade mineira, em Gouveia encontramos pequenos, bucólicos e singelos vilarejos como a Vila Alexandre Mascarenhas, Cuiabá, Barão do Guaycuí, Tigre, Caxambu, Água Parada, Onça, Ribeirão de Areia, Bucaína, Espinho, Pedro Pereira, Engenho da Bilia, Engenho da Raquel, Riacho dos Ventos, Camelinho, Picada, Chapadinha, Barracão e Barão de Guaucuí (na foto acima do Rodrigo firmo/@praondevou, a Igreja de N. S. da Conceição em Barão de Guaicuí).
          São lugares pitorescos, simples, tradicionais, rico em história e tradição e gastronomia. Gouveia é Minas no seu mais puro e tradicional estilo. A cidade é bem pacata e tranquila, bem típica das mais charmosas cidades pequenas do interior. O traçado urbano de Gouveia conta com dois eixos: a Avenida JK, seu eixo principal que vai da Praça Padre José Machado à Praça Antônio Almeida, seguindo até a BR-259 e a Avenida Alexandre Mascarenhas, perpendicular ao eixo principal. Esse eixo dá acesso a Fábrica de Tecidos São Roberto.

Entre montanhas e cachoeiras
        Rodeada por cachoeiras, montanhas e vales, Gouveia é um convite ao sossego e descanso. Por esse motivo, é um dos principais destinos mineiros para amantes da natureza, da simplicidade, do sossego e da boa comida mineira. (na foto acima do Marcelo Santos, estrada de acesso a Gouveia)
        A culinária típica mineira é um das mais tradicionais e fortes tradições do município. Em destaque para a broa Cubu, uma iguaria mineira feita de fubá, enrolada na folha da bananeira e assada em forno de barro.
O Cobu
        Também chamado de João-deitado, Mata-homem, Curisco, Broinha-da-roça e Pau-a-pique, a tradicional broa de fubá mineira tem sua origem no início do século XVIII, em Congonhas do Campo MG, Região Central. (imagem meramente ilustrativa - Mercearia Paraopeba)
        A receita da iguaria se expandiu para cidades próximas, como Vila Rica, hoje, Ouro Preto. Foi nessa cidade, que em 1733, foi feito o primeiro registro histórico da iguaria que se tornou popular, a partir dessa época nas cidades e vilas ao longo da Estrada Real, se expandindo por todas as regiões mineiras.
        Nessa época os portugueses e africanos passaram a usar o fubá, ingrediente usado pelos povos indígenas da América há milhares de anos na sua culinária. Além de se popularizar nas cidades e povoados, a partir de Congonhas MG, a receita foi preservada ao longo de mais de 300 anos e hoje está presente em toda Minas Gerais, mesmo com nomes diferentes, mas preservando o modo de preparo original.
Tradicional em Gouveia
        Em Gouveia, o Cobu é tradição popular e de grande importância para a cidade. A iguaria faz parte da cultura gastronômica do município. Pela tradição e preservação da iguaria mineira. De tão popular e tradicional, presente no dia a dia da cidade, Gouveia é considerada a Terra do Cobu.
        Todos os anos, tradicionalmente na segunda quinzena do mês de julho, acontece a Kobufest. Considerada a maior festa regional de Minas Gerais, o evento conta com shows de bandas locais, regionais e também, nacionais, além de barracas com comidas típicas de Minas Gerais. No dias de festa, os visitantes podem saborear o mais autêntico Cobu de Minas Gerais.
História da cidade
        Essa cidade é Gouveia, no Vale do Jequitinhonha. A cidade está a 258 km distante de BH, fazendo limites territoriais com Diamantina, Datas, Conceição do Mato dentro, Santana de Pirapama, Presidente Juscelino e Monjolos. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
        A cidade tem origens por volta de 1740, no século XVIII, com a chegada de garimpeiros à região, durante o Ciclo do Ouro. Vieram em busca de ouro e diamantes mas também de terras férteis, que encontraram no que é hoje, Gouveia.
        Entre os que vieram para a região, estava dona Maria de Gouveia, uma descendente de portugueses, devota de Santo Antônio. Foi dona Maria de Gouveia que mandou erguer uma capela em homenagem ao seu santo de devoção. Em torno da capela, formou-se um pequeno arraial que passou a ser chamado de “Arraial de Santo Antônio de Gouveia, em alusão à fundadora do arraial e ao santo de sua devoção.
        A riqueza gerada pela mineração e terras férteis, aliadas à competência, influência comercial e política de dona Maria de Gouveia, foram preponderantes para o desenvolvimento do arraial. 
        A partir da segunda metade do século XIX, o arraial fundado por Maria Gouveia, prosperou com a chegada á região de Quintiliano Alves Ferreira, o Barão de São Roberto, fazendeiro, minerador, comerciante e empresário, fundador da Fábrica de Tecidos São Roberto. (na foto acima do Marcelo Santos, o casario da Vila São Roberto, construída para abrigar os trabalhadores da Fábrica de Tecidos São Roberto)
          O arraial foi elevado a distrito em 7 de abril de 1841, com o nome de Gouveia, em homenagem à sua fundadora. Em 12 de dezembro de 1953, o distrito foi elevado à cidade emancipada, mantendo seu nome, Gouveia.
O que fazer em Gouveia?
        
Cidade com forte potencial turístico, histórico, arquitetônico e natural, em Gouveia o visitante tem como opções conhecer a Cachoeira de São Roberto (nas fotos acima do Marcelo Santos), a Lagoa Azul, localizada no distrito de Picada é outro atrativo natural, bem como a Pedra Chapéu de Sol, a Serra do Juá e a Serra de Santo Antônio e a Cachoeira de São Roberto, a Cachoeira do Barão e a Estação Ferroviária de Barão de Guaicuhy inaugurada em 1910, no distrito de Barão de Guaycuí
          Além disso, tem o Morro do Camelinho, onde está localizada a primeira Usina Eólica construída na América Latina, no momento não está em atividade.
        Trilhas, que permitem a prática de caminhadas, cavalgadas e ciclismo, conecta o visitante com natureza, proporcionando-lhe bem-estar físico e mental.
        
Além disso, em seu perímetro urbano, se destaca como atrações a Capela de Nossa Senhora das Dores, datada do século XVIII com histórias e origens que remonta o século XVIII. (nas fotos acima e abaixo do Elpídio Justino de Andrade, a Capela de Nossa Senhora das Dores)
          Na Igreja de Nossa Senhora das Dores encontra-se a imagem original de Nossa Senhora das Dores, que pertenceu a Chica da Silva.
        
Tem ainda a Capela Nossa Senhora de Lourdes, a Capela São Geraldo, a Capela Nossa Senhora das Dores, a Capela São Sebastião, a Vila de São Roberto e a Paróquia de Santo Antônio, nas fotos acima da Giselle Oliveira.
        Além disso tem as tradições festas populares tradicionais durante o ano como a Festa de São Sebastião: (Mês de janeiro), Carnaval: (Data Móvel), Semana Santa: (Data Móvel), Festa de Santo Antônio: (01 a 13 de Junho), Quadrilhas: (Mês de junho / julho), Kobufest: (2ª quinzena de Julho), Festa de Nossa Senhora das Dores: (Mês de setembro), Festa de São Geraldo: (Mês de outubro) e Natal: (Mês de dezembro).
Como chegar?
        A partir de Belo Horizonte, pegue a BR-040, sentido Sete Lagoas indo até Curvelo e entrando na MG-231 e entrando na BR-259, sentido Diamantina. (foto acima de Elpídio Justino de Andrade)
        Se preferir, da Rodoviária de BH tem ônibus diário para Gouveia pela viação Pássaro Verde.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Coronel Xavier Chaves: história, cultura e tradição secular

(Por Arnaldo Silva) Coronel Xavier Chaves está localizada na região do Campo das Vertentes, a 173 km de Belo Horizonte. Conta atualmente com 3500 habitantes, segundo o IBGE. 
          O município faz divisa com São João del-Rei, Ritápolis, Resende Costa, Prados, Tiradentes e Lagoa Dourada. (fotografia acima do Rodrigo Firmo/@praondevou)
Origem
          A cidade tem origem no século XIX, em um povoado formado na antiga Fazenda do Mosquito, formada no início do século XVIII. No século XIX, a Fazendo do Mosquito teve como proprietário o Coronel Francisco Rodrigues Xavier Chaves, bisneto de Antônia Rita de Jesus, irmã caçula de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. (fotografia acima de Fabrício Cândido)
          Coronel Xavier Chaves decidiu fazer um povoado em sua fazenda. Era muito culto e inteligente. Não apenas doou parte de suas terras, mas também foi quem fez o projeto urbanístico para ruas, praças, igreja e casario, tendo inicialmente construído 20 casas, para abrigar seus parentes, funcionários da fazenda e padres.
          Ao longo do século XIX, o povoado do Mosquito se desenvolveu com a chegada de novas famílias. Com isso, foi elevado a distrito em 1911 com o nome de São Francisco Xavier e subordinado a Prados MG.
De Canoas para Coroas
          Em 1943, por iniciativa dos moradores, o nome foi mudado para Coroas. (fotografia acima de Fabrício Cândido)
          Na verdade, o nome que a comunidade escolheu foi Canoas, nome de uma fazenda vizinha. Por um erro ortográfico na produção do edital de alteração do nome do distrito, saiu Coroas e não, Canoas.
          Como já estava publicado oficialmente em diário oficial, o nome Coroas permaneceu até a emancipação e elevação do distrito à cidade, em 30 de dezembro de 1962 e instalação oficial como cidade em 1º de março de 1963. No ano de sua emancipação, o nome Coroas foi alterado para Coronel Xavier Chaves, em homenagem ao seu fundador.
O que fazer em Coronel Xavier Chaves?
          A cidade é pequena, charmosa, pacata e seu povo muito cordial e hospitaleiro. Conta com uma boa estrutura para receber turistas como restaurantes, pousadas, hospedarias, bares, padarias e lanchonetes. (fotos acima de Rodrigo Firmo/@praondevou)
          É uma cidade com forte tradição cultural em especial na área musical, com banda de música tradicional e um rico e valioso artesanato feito por mãos habilidosas como bordados, arte em madeira e em pedras, tradição secular da cidade.
          Além disso, tem como pontos turísticos de destaque:
- A Igreja do Rosário
          Um dos maiores acervos históricos de Minas Gerais, e um símbolo da cultura e religiosidade da cidade é a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a Igreja de Pedras, como é popularmente chamada. (primeira e segunda fotos, do Marcelo Melo e terceira, da Sônia Fraga)

          Erguida em pedras típicas da região por volta de 1717, conta ainda em seu entorno com uma murada em pedras, jardins onde se encontram estátuas em pedras dois Rosários gigantes de pedras.
- A Matriz
          Outro destaque da cidade é a Matriz de Nossa Senhora da Conceição; O templo foi iniciado em 1916 e concluído em 1920. (fotos acima de Marcelo Melo)

- Engenho Boa Vista
          Coronel Xavier Chaves se destaca na região por seus alambiques, totalmente artesanais, desde o corte da cana, moenda e preparo da cachaça, em vários engenhos do município, em destaque para o Engenho Boa Vista do século XVIII, tendo pertencido ao padre Domingos da Silva Xavier, irmão mais velho de Tiradentes.
          Atualmente, o engenho é de propriedade de Rubens Resende Chaves, que adquiriu a propriedade há mais de 3 décadas e deu continuidade a tradição da produção de cana do Engenho Boa Vista da mesma maneira feita desde o ano de 1755.
          O Engenho Boa Vista, é o mais antigo em atividade no Brasil. É mais que isso, é um museu em pleno funcionamento e um ponto turístico obrigatório para quem deseja conhecer o processo tricentenário da produção da cachaça bem como uma parte da história do Brasil.
          Pra se ter ideia, a receita e processo de produção da cachaça no Engenho Boa Vista é o mesmo de 1755. Não mudou nada, receita de sete gerações. A cachaça não é envelhecida em tonéis de madeira, que segundo os produtores, o envelhecimento altera a cor, o cheiro e o sabor da bebida, por isso a cachaça que sai do alambique, tem a cor bem branca. Além disso, a cana plantada para a produção da cachaça é orgânica.
          Obedecendo as determinação sanitárias do MAPA, a cachaça não é descansada nos tradicionais tonéis de madeira e sim em tonéis de aço
          Além disso, a cidade tem ainda como atrativos Fazendas centenária, a Trilha do Carteiro, belíssimas paisagens rurais como essa acima, feita pelo Fabrício Cândido, da cabine de um trem de carga da Ferrovia do Aço que passa pelo município.
          Tem ainda um frondoso Jequitibá-branco (Cariniana Lecythidaceae Estrellensis), espécie de rara beleza, conhecida como "Rei da Floresta". A árvore tem vida-longa, em torno de 1 mil anos.

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Centro histórico de Januária é tombado como Patrimônio Histórico

(Por Arnaldo Silva) Dia 11 de abril de 2024 torna-se uma data importante para a cidade de Januária, no Norte de Minas. É que nesse dia, foi aprovado por unanimidade pelo Conselho Estadual de Patrimônio Histórico Cultural (Consep) o tombamento do Centro Histórico da cidade, localizada às margens do Rio São Francisco, anunciado na sede do IEPHA/MG. 
          O CONSEP é presidido atualmente pelo secretário de Estado de Cultura e Turismo (Secult), Leônidas Oliveiras, tendo como secretária-executiva, Marília Palhares Machado, presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG). (fotografias acima do Sérgio Mourão/@encantosdeminas)
          Para o reconhecimento da cidade como histórica, foram analisados o significado e importância do seu centro histórico, o porto da cidade, além dos processos históricos de influencia cultura do modo de viver dos ribeirinhos e toda sua população, desde suas origens, bem como a conservação e proteção da arquitetura urbana de seu centro histórico , além do elo de ligação dos ribeirinhos locais com o Rio São Francisco. (na foto acima do Sérgio Mourão/@encantosdeminas, a praia do Rio São Francisco)
          Januária está a 603 km de Belo Horizonte e faz limites territoriais com Chapada Gaúcha, São Francisco, Pedras de Maria da Cruz, Itacarambi, Bonito de Minas, Cônego Marinho e Cocos (BA). Atualmente, Januária conta com 65.150 habitantes, segundo o IBGE. 
          O tombamento é o reconhecimento da história da cidade, bem como suas construções seculares e referências culturais de grande valor histórico, cultural, econômica e social para o Estado de Minas Gerais desde a chegada dos colonizadores portugueses à região a partir de 1553, no século XVI.
          Foi nessa época que chegou à região, através do Rio São Francisco, expedições vindas da Bahia, a mando do governador-geral Duarte Costa. O objetivo das expedições era verificar a existência de ouro às margens do Rio São Francisco. (na fotografia acima de Thelmo Lins, rua do Centro Histórico de Januária)
          A partir dessa época, vários outros bandeirantes passaram pela região como Fernão Dias, Manoel de Borba Gato, Castelo Branco e Manoel Pires Maciel Parente, que fundou o povoado de Brejo do Amparo, berço da origem de Januária e do próprio Norte de Minas. Entre os séculos XVI e XVII, Januária passa de arraial, a freguesia, vila, distrito e por fim, à cidade emancipada 7 de outubro de 1860, tendo Brejo do Amparo como seu mais importante distrito.
          Januária foi um dos grandes centros de abastecimento econômico da região nos séculos XVII, XVIII e XIX, através da navegação comercial e de transporte de cargos pelo Rio São Francisco, além de ser um dos berços da cultura, folclore, tradições e culinária mineira, através dos povos do Cerrado e populações ribeirinhas. (na foto acima do Thelmo Lins, o artesanato local)
          Esses povos preservam uma rica e histórica cultura notadamente percebida no modo de viver e na culinária, além de preservarem lendas e folclore de origem, como a lenda do caboclo-d'água, o artesanato, as carrancas e a culinária típica do Cerrado com peixes de água doce e frutos do bioma Cerrado, como o pequi.
          Cinquenta e quatro construções presentes no Centro Histórico e Cais de Januária, em estilo colonial e eclética, em sua maioria seculares e históricas, foram classificadas como representativas de uma arquitetura em estilo colonial e eclético, além de outras em estilo arquitetônico regional próprio da região, presentes ao longo do Rio São Francisco.
          Entre essas construções, destaque para o antigo cais, a Igreja Matriz, Igreja de Nossa Senhor ado Rosário dos Pretos e a Capela de Santa Cruz, presentes na parte central da cidade. 
          Além disso, no município encontramos de belíssimas e impactantes paisagens como grutas, concentradas em maior parte no Parque Estadual do Vale do Peruaçu, praias de água doce, cachoeiras, pinturas rupestres em cavernas com milhares de anos e o único pântano que existe no estado como “Pantanal Mineiro”. (fotografia acima e abaixo de @thelmo Lins)
          É uma área natural e preservada, com fonte de água pura, que forma um imenso pântano com vegetação típica do Cerrado, além de pequenas porções de Mata Seca. É o Refúgio Estadual da Vidal Silvestre do Rio Pandeiros, afluente do Rio São Francisco. Nesse refúgio vivem várias espécies de peixes e animais silvestres. (nas fotos abaixo da Pingo Sales, o povo de Januária, sua cultura, folclore, artesanato e estilo de vida)
          O reconhecimento do Centro Histórico de Januária pelo Consep significa maior proteção ao patrimônio histórico para Minas Gerais, além de contribuir para a preservação da memória, elos culturais do povo ribeirinho, história e modo de viver dos povos que habitam as margens do Rio São Francisco, em especial de Januária MG. Além disso, tombamento é a certeza de maior proteção estrutural ao patrimônio histórico de Januária.

Festa do Rosário de Chapada do Norte é bem imaterial de Minas

(Por Arnaldo Silva) A Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte, no Vale do Jequitinhonha, foi oficializada como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais pelo Conselho Estadual de Patrimônio Cultural (Consep), no dia 11 de abril de 2024. O reconhecimento revalida a decisão de tornar a festa patrimônio imaterial do Estado, ocorrida em julho de 2013, há 11 anos. 
          Atualmente o CONSEP é presidido atualmente pelo secretário de Estado de Cultura e Turismo (Secult), Leônidas Oliveiras, tendo como secretária-executiva, Marília Palhares Machado, presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG). (foto acima e abaixo da Viih Soares/@soares.viih)
          O reconhecimento da Festa do Rosário de Chapada do Norte, pelo Consep, anunciado na sede do IEPHA/MG em Belo Horizonte, foi aprovado devido o seu grande valor histórico, religioso, gastronômico, musical e cultural para Minas Gerais, já que é uma festa com forte ascendência na cultura afro-brasileira e na história da resistência dessa populações ao longo dos 388 anos de escravidão no Brasil. 
A cidade que nasceu do ouro
          Chapada do Norte está a 522 km distante de BH e faz limites territoriais com José Gonçalves de Minas, Berilo, Francisco Badaró, Jenipapo de Minas, Novo Cruzeiro, Minas Novas e Leme do Prado (BA). Segundo o IBGE, o município conta com 10.337 habitantes. (fotografias acima de Viih Soares/@soares.viih1)
          A história de Chapada do Norte começa em 1728 com a descoberta de ouro às margens do Rio Capivari. Toneladas de ouro foram retirados da região com destino a corte portuguesa. Seu primeiro nome foi Arraial de Santa Cruz, sendo alterado para Santa Cruz da Chapada em 1850. Foi distrito de Araçuaí e de Minas Novas até ser elevada à cidade em 30 de dezembro de 1962.
          Cidade histórica, dotada de belezas arquitetônicas de grande valor, além de preservar a tradição das antigas vendas, botecos e mercearias, muitas delas, ativas na cidade desde o século XIX e XX. É a cidade mineira com maior número de antigas vendas, armazéns e mercearias tradicionais. 
Cidade com características únicas
          A Festa do Rosário está presente em todas as cidades mineiras, mas em Chapada do Norte é uma celebração, além de tradicional, também histórica. A formação da cidade se deu basicamente pela presença de quilombos na região, desde sua origem. A população negra teve enorme participação no crescimento, desenvolvimento social, cultural, linguístico, folclórico, religioso e gastronômico de Chapada do Norte. (fotografia acima e abaixo de Viih Soares/@soares.viih1)
          Segundo o IBGE, entre 74,29% e 95,28% de seus moradores se declaram negros ou pardos. É o maior percentual, por cidade, de população negra do Brasil, além de ter a maior concentração de comunidades quilombolas por município. São 14 comunidades quilombolas ao todo, no município. Além disso, a maioria de sua população, 2/3, vive na zona rural e não na área urbana, como é comum hoje no país.
Tradição bicentenária
          A cidade destaca ainda sua riqueza cultural e preservação das raízes e tradições negras do século XVIII e XIX, como exemplo, sua arquitetura colonial e a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, presente na cidade desde 1822, por intermédio da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, Libertos e Cativos, fundada ainda nos primórdio da cidade, no início do século XVIII. (na foto acima da Viih Soares/@soares.viih1, rainha e rei da festa)
          Tradicionalmente, a Festa do Rosário dos Pretos é realizada todos os anos na segunda semana do mês de outubro. Nesses dias de festa, a maioria dos moradores do município se mobiliza em louvor à Nossa Senhora do Rosário, preservando com isso a oralidade, religiosidade, gastronomia, tradições, vestimentas e musicalidade, presentes, respeitadas e valorizadas desde sua origem, em 1728. (foto acima e abaixo da Viih Soares/@soares.viih1)
          Não só isso, a festa atrai visitantes das cidades vizinhas e de várias outras regiões mineiras e de outros estados brasileiros, que vem à cidade vivenciar e presenciar um estilo de vida, cultura, musicalidade e tradição, enraizada na vida dos moradores de Chapada do Norte há mais de 300 anos.

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