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terça-feira, 30 de abril de 2024

Requeijão Moreno é reconhecido como queijo artesanal mineiro

(Por Arnaldo Silva) O tradicional Requeijão Moreno foi reconhecido pelo Governo de Minas com um dos queijos artesanais do Estado de Minas Gerais, através de resolução publicada no Diário Oficial do Estado no dia 27 de abril de 2024.
          
Segundo o Governo, o objetivo com o reconhecimento é valorizar e promover um dos mais tradicionais produtos originais de Minas Gerais, além de proteger o seu modo secular e original de preparo e sua produção sustentável. (na foto/divulgação acima, o premiado requeijão moreno feito na Queijaria Requeijão Toko, de Porteirinha MG, Norte de Minas)
          Além disso, o reconhecimento favorecerá o aumento da produção de requeijão moreno nas cidades produtoras, a geração de emprego e maior renda para centenas de famílias, além de promover esse tipo de queijo mineiro para outras regiões do estado do país.
Há séculos na mesa mineira
          O requeijão moreno faz parte da cultura mineira desde o século XVIII, com a prática e o modo de fazer, passados de geração para geração, feito da mesma forma como há 300 anos. É um das principais fontes de alimento e renda das cidades e famílias produtoras de requeijão moreno. (na foto acima, requeijão moreno de Felício dos Santos MG, Vale do Jequitinhonha, registrado pelo Edson Borges)
Onde é produzido o requeijão moreno?
          Iguaria tradicional produzida no Norte de Minas, com destaque para a cidade de Porteirinha e principalmente no Vale do Mucuri, sua região de origem, onde produção do requeijão moreno é bastante expressiva, principalmente nas cidades de Ataleia, Catuji, Franciscópolis, Frei Gaspar, Itaipé, Ladainha, Malacacheta, Novo Oriente de Minas, Ouro Verde de Minas, Pavão, Poté, Setubinha e Teófilo Otoni.
O fazer tradicional do requeijão moreno
          A iguaria mineira é feita com leite cru coagulado naturalmente, que é obtido pela mistura da nata do leite cozido com a massa de coalhada dessorada e lavada. Dependendo do tempo do cozimento, sua cor pode ser amarelo clara, amarelo e até marrom, dependendo do tempo de cozimento. (na foto/divulgação acima, o premiado requeijão moreno feito na Queijaria Requeijão Toko, de Porteirinha MG, Norte de Minas)
          O requeijão moreno tem consistência firme, sem olhaduras (furinhos), textura bem firme, casa fina, sabor levemente defumado e é prensado no formato retangular ou esférico, de acordo com o produtor. (na foto acima, requeijão moreno de Felício dos Santos MG, Vale do Jequitinhonha, registrado pelo Edson Borges)
Região queijeira
          Segundo dados da Empresa Mineira de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), exitem 54 produtores desse tipo de queijo no Vale do Mucuri e Norte de Minas, além de existirem famílias que produzem a iguaria no Vale do Jequitinhonha.
          A Emater-MG está preparando estudos para caracterização da iguaria nessas regiões, visando o reconhecimento da região como produtora de Queijo Minas Artesanal, que é uma prerrogativa única do Governo do Estado.
          Somente o Governo do Estado pode oficializar uma região queijeira que é feita através de estudos e análises realiza pelos órgãos competentes como a Emater-MG, responsável pelo levantamento histórico da região produtora, Epamig, responsável pelas pesquisas sobre a segurança do consumo do produto e o IMA, responsável pela fiscalização, instruções normativas e regulamentos sobre a produção e comercialização do produto em queijarias e entrepostos, além de publicar as portarias que garante ao produtor ter um mercado formal para seu produto.
          Cabe a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento/Seapa-MG, controlar e coordenar todo o processo, além de elaborar políticas públicas de valorização e promoção do queijo artesanal, nas cidades das regiões definidas como Região Produtora de Queijo Minas Artesanal.

domingo, 24 de março de 2024

O Queijo Maturado Santana de Sabinópolis

(Por Arnaldo Silva) Sabinópolis é uma típica cidade interiorana mineira. Pacata, charmosa, acolhedora, povo bom, trabalhador e caloroso na hospitalidade. Na cidade, que faz limite territorial com São João Evangelista, Guanhães, Materlândia, Senhora do Porto, Dom Joaquim, Paulista, Alvorada de Minas e Serro, vivem 14 240 habitantes, segundo Censo 2022 do IBGE. 
          Cidade rica em cultura, gastronomia, belezas naturais espetaculares e história que remonta suas origens, em 1805. O pequeno arraial que se chamava São Sebastião das Correntes, surgiu nas terras doadas pelo casal Joaquim José de Gouveia e sua esposa, Francisca Vitória de Almeida e Castro.
          O pequeno arraial prosperou, cresceu, foi elevado a distrito em 1840 com o nome de Sabinópolis das Correntes e por fim, à cidade emancipada em 1924, quando passou a se chamar, Sabinópolis. O nome é em homenagem a Douto Sabino Barroso, ilustre filho do lugar, que foi constituinte de 1891 e Presidente da Câmara dos Deputados. (fotografia acima e abaixo de Sérgio Mourão/@encantosdeminas, do centro de Sabinópolis MG)
          Sabinópolis preserva suas tradições, principalmente suas festas religiosas e folclóricas, suas igrejas e casarões centenários, sua culinária típica, com destaque para o galopé, a famosa canjiquinha com costelinha, o frango do bico atrás, o feijão-tropeiro e frango com quiabo.
Queijos finos e premiados
          Além disso, a tradição queijeira do município e seus queijos finos, se destaca, não apenas em Minas Gerais, mas em todo o Brasil e também no mundo, com queijos premiados em diversos concursos nacionais e internacionais.
Região Queijeira do Serro
          O município de Sabinópolis, distante 270 km de Belo Horizonte, é uma das 10 cidades que formam a Região Queijeira do Serro, patrimônio Imaterial de Minas Gerais e do Brasil. Além de Sabinópolis, a região que produz o Queijo do Serro é formada por Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas e Serro. Somente essas 10 cidades é que podem afirmar produzirem ao legítimo Queijo do Serro.
Queijo Maturado Santana
          Por fazer parte da Região Queijeira do Serro, a cidade de Sabinópolis se destaca na produção tradicional iguaria e uma das principais identidade de Minas Gerais, o Queijo do Serro.
Entre os vários produtores de queijos do município, o Queijo Maturado Santana, do produtor Lindomar Santana, é um dos grandes destaques.
          Totalmente artesanal, feito com leite de vaca cru, pingo, coalho e sal e maturado com ácaros e fungos típicos da Região do Serro, o Queijo Maturado Santana é uma tradição familiar, presente na família Santana há 4 gerações. É produzido na fazenda colonial Barro Amarelo - Ribeirão Turvo Grande, na Zona Rural de Sabinópolis, na divisa com Materlândia MG. 
          Premiado em Minas, no Brasil e exterior, recebeu o Prêmio Queijo Brasil, tendo sido agraciado com medalhas de ouro, prata e bronze, medalhas de prata e bronze na ExpoQueijo Araxá 2019/2021 e prata e bronze mo Mondial du Fromage em 2019/201, realizado em Tours, na França.
Características do Queijo Maturado Santana
          O Queijo Santana é produzido com leite cru de vaca e possui 2 versões:
• Casca lavada lisa, macia, de coloração branca-amarelada com maturação superior a 17 dias que recentemente recebeu o selo de indicação geográfica do Serro ( IG) sendo identificado pela numeração iniciando com o dígito 4. Seu formato é cilíndrico, de aproximadamente 800g e sua massa é prensada, não cozida, uniforme com poucas olhaduras mecânicas pequenas e bem distribuídas, sua consistência é firme ao toque externo. Possui odor suave que remete ao cheiro da gordura do leite. Seu sabor é ligeiramente ácido, com pequena predominância de sal, lembrando gosto de manteiga
• Casca natural enrugada com presença de mofo branco, devido à presença de fungos que variam de acordo com o ambiente e tempo de maturação, sendo predominante o Penicillium. Os queijos produzidos nessa categoria possuem maturação acima de 30 dias. Assim como as peças de casca lavada, esse queijo possui formato cilíndrico, massa prensada, não cozida, poucas e pequenas olhaduras. Sua consistência é semidura, seu sabor é marcante com baixa acidez e leve picância.
          Para os paladares mais apurados é possível identificar notas amanteigadas e acastanhadas que se intensificam com o tempo de maturação. Esse queijo é produzido nos tamanhos: caçulinha com 250g, merendeiro com 450g e tradicional com 800g aproximadamente.
IP e QR Code
          O Queijo Maturado Santana conta com Selo de Indicação de Procedência (IP) e ainda, com QR Code. Com isso, o consumidor terá acesso a toda as informações sobre queijo, como foi produzido, onde, o nome do produtor, etc. Isso é a garantia que o consumidor tem, de estar consumindo, um legítimo e original Queijo do Serro.
Onde encontrar?
          O Queijo Maturado Santana pode ser adquirido em loja de Diamantina, no Serro, no Mercado Central de Belo Horizonte, Feira dos Produtores da Av. Cristiano Machado e na Savassi, na capital mineira. Para quem não tem acesso a esses lugares, o consumidor pode adquirir o queijo online, através do WhatsApp 33 9984-1280 e pelo Instagram @queijomaturadosantana
Fotografias dos queijos e queijarias cedidas pelo Lindomar Santana e da cidade de Sabinópolis, de autorias de Sérgio Mourão.

segunda-feira, 11 de março de 2024

Queijos do Serro agora tem selo de Indicação de Procedência

(Por Arnaldo Silva) Os queijos tipo Serro, produzidos nos 10 municípios mineiros que formam a Região Queijeira do Serro que são: Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho, Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas e Serro, agora conta com selo de Indicação de Procedência (IP). Somente os queijos produzidos nesses municípios podem afirmar que seus queijos são o legítimo Queijo Minas Artesanal do Serro.
          Os primeiros selos de Indicação de procedência foram entregues em cerimônia realizada no dia 7 de março de 2024, na cidade do Serro. O evento contou com a presença do Secretário de Estado da Agricultura, Thalhes Fernandes, autoridades da região, produtores de queijos e convidados. (na imagem acima, enviada pelo Túlio Madureira, o queijo já embalado com e com os selos de identificação da procedência cmom QR Code)
          São cerca de 800 produtores do Queijo do Serro na região. A maioria é formado em sua maioria por pequenos produtores, que contam com assistência da Emater e apoio do Sebrae, através de capacitações e orientações gerenciais para que alcancem melhores resultados, fomentando novas oportunidades de negócios para os produtores rurais.
          Todos que desejarem o selo, terão que requisitá-lo. Os produtores terão que passar por avaliações técnicas dos órgãos sanitários para receberem o selo.
          Os que recebem o selo, terão que cumprir as normas legais e sanitárias estabelecidas, e ainda, terão que passar por constantes visitas técnicas para atestar que os produtores seguem as especificações exigidas. (na foto acima, Thalhes Fernandes, secretário de Agricultura MG, Lindomar Santana, produtor do Queijo Santana e o Mestre Queijeiro, Túlio Madureira)
          O selo conta com QR Code e um código numérico, concedido a cada região queijeira mineira, de acordo com o selo de Idicação de Procedência (IP), que é concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
          Isso permitirá o rastreamento de informações sobre o queijo, o que inibirá falsificações e o consumidor, terá a segurança que está consumindo um produto com procedência, regularizada de acordo com as normas sanitárias vigentes e com sua originalidade preservada. As mesmas informações sobre queijo podem ser conferidas no site da Associação dos Produtores Artesanais de Queijo do Serro (Apaqs).
          Com selo presente no rótulo dos queijos mineiros, além de valorizar o produtor regional e o próprio produtor, que terá maior renda com o seu produto, o consumidor poderá identificar a origem do queijo e quem é o produtor e o tipo de queijo. (na foto acima, o produtor Lindomar Santana, Falco Bonfadini, queijista da Galeria do Queijo em São Paulo, especializado em queijos artesanais e ex-presidente da Comerqueijo, Associação dos Comerciantes Queijistas do Brasil e o Mestre Queijeiro Túlio Madureira)
Modo artesanal original
          O Queijo do Serro é feito de leite cru, pingo (que é o fermento lácteo natural, obtido por meio da coagulação enzimática do leite), sal e coalho. São esses os ingredientes desse tipo de queijo há mais de 200 anos. Em mais de dois séculos, nada foi acrescentado ou retirado da receita original. (na foto acima, o Queijo do Serro do produtor e mestre queijeiro Túlio Madureira)
          O sabor, a textura, cor do queijo, enfim, suas características, são desenvolvidas pelas características peculiares da região, como clima, altitude e principalmente pela flora bacteriana, única e típica desta região queijeira mineira.
          Além disso, tem o tempo do amadurecimento o queijo. No queijo do Serro, são em média 17 dias de maturação para o queijo estar pronto e com suas características já definidas.
          Além disso o selo de reconhecimento de autenticidade do Queijo Serro, resguarda a tradição e originalidade de um dos mais antigos queijos do Brasil, produzido há mais de 200 anos e da mesma forma, sem nenhuma alteração.

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Queijo Cabacinha é patrimônio cultural e imaterial de Minas

(Por Arnaldo Silva) Com origem no Vale do Jequitinhonha, o Queijo Cabacinha é um tipo de queijo mineiro feito a partir do leite cru, coalho, sal e fermento lácteo, por fim, amarrado e pendurado em varal para secar, naturalmente. 
          Tem esse nome devido o molde em formato do fruto da cabaceira, a popular cabaça. Esse molde é feito com as mãos na massa, literalmente, moldando a massa com as mãos até ficar com formato de cabaça. (Fotografia acima de Sila Moura)
          Minas Gerais tem tradição queijeira desde suas origens, o Queijo Cabacinha está presente na tradição queijeira mineira. O Cabacinha é uma principais identidades gastronômicas do Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mineiras de maior representatividade gastronômica e cultural em Minas Gerais.
          O Queijo Cabacinha é tradicionalmente produzido por pequenos agricultores nos municípios de Pedra Azul, Medina, Itaobim, Comercinho, Divisópolis, Jequitinhonha, Joaíma, Ponto dos Volantes e Cachoeira do Pajeú.
          Esses municípios do Vale do Jequitinhonha, formam a região queijeira produtora do Queijo Cabacinha, reconhecida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), com base na caracterização feita em 2014 pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG).
Reconhecimento oficial
          Por ser um produto regional, tradicional e secular, os saberes e sabores seculares do Queijo Cabacinha, tornou-se Patrimônio Cultural e Imaterial de Minas Gerais, através de Projeto de Lei 2573/21, de autoria do deputado Dr. Jean Freire. (na foto acima do Sávio Ferraz, queijos do produtor Leonídio Grapiuna de Joaíma MG)
          O Projeto de Lei foi aprovado em dois turnos pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em junho de 2023. O próximo passo é a formalização da Lei, através de sanção do governador do Estado.
          O reconhecimento do Queijo Cabacinha como patrimônio cultural e imaterial de Minas Gerais, popularizará o queijo em todas as regiões mineiras. Com isso os produtores do Vale do Jequitinhonha poderão aumentar a produção do queijo que consequentemente, gerará mais empregos e renda. Com isso os mineiros terão mais uma opção de queijos na mesa, já que até então, a venda do Queijo Cabacinha é mais restrita ao Vale do Jequitinhonha, Norte de Minas e Vale do Mucuri, principalmente na beira de estradas.
           Como patrimônio cultural e imaterial do estado, poderá se popularizar e chegar às outras regiões mineiras e inclusive para outros estados, contribuindo assim para o desenvolvimento econômico dos municípios da região queijeira.
          Além disso contribuirá para melhorar ainda mais a qualidade na produção do queijo pelos laticínios locais e ainda preservará a tradição secular dos sabores e saberes do Queijo Cabacinha do Vale do Jequitinhonha.

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

O principal ingrediente dos queijos mineiros

(Por Arnaldo Silva) Por toda Minas Gerais encontrará queijos especiais e tradicionais em regiões onde a iguaria está presente desde o século XVIII, como Serra da Canastra e Serro. São queijos com sabores inigualáveis.
          A forma de fazer queijo artesanal é uma só e os ingredientes também. Para se fazer queijo usa-se leite cru, soro, coalho e pingo. Para preparar o queijo você tem que transformar o queijo em massa, prensar, salgar e deixar maturar. Todo queijeiro sabe disso e mesmo quem entende pouco da arte de fazer queijo, sabe que o modo artesanal de fazer queijo é esse e não tem outro.
          Alguns queijos podem até ter algum detalhe a mais, como corantes naturais ou resinas. Alguns podem ser mais picantes ou menos picantes, maturados naturalmente, na fumaça, no vinho ou no azeite. Outros podem até conter ervas ou especiarias, mas a forma artesanal de fazer o queijo, pouco muda, é a mesma. (na foto acima, o Queijo D´Alagoa de Alagoa MG, do produtor Osvaldo Filho)
          Leite cru, coalho, pingo e sal, são os ingredientes base para fazer queijos em qualquer lugar, só que em Minas Gerais tem um ingrediente a mais e encontrado apenas em Minas Gerais. Esse ingrediente especial chama-se Minas Gerais.
          Sim, Minas Gerais. É esse ingrediente especial que faz do queijo mineiro o melhor do Brasil e um dos melhores do mundo. Minas Gerais é a mistura perfeita à receita milenar de se fazer queijo.
          Por ser montanhoso, o estado mineiro é privilegiado pelo clima das montanhas, pela qualidade das terras e pastagens, pela quantidade e qualidade da água, além de sua altitude.
          Evidentemente que temos regiões brasileiras com ótimas pastagens, água de qualidade, clima bom, serras e montanhas, mas por ser o estado de maior altitude do Brasil, a influência da altitude no clima, água, qualidade das terras, pastagens e na produção de alimentos, principalmente nos queijos, é clara e evidente em Minas Gerais.
          Isso porque, esses fatores favorecem o surgimento de fungos, ácaros e bactérias lácteas diferentes e não encontradas em outras regiões brasileiras e do mundo. São esses microrganismos vivos os responsáveis pela cor, sabor, textura, personalidade e características de um queijo. Sem esses pequenos seres, queijo não existiria, pelo menos da forma que é.
O mundo vivo nos queijos
          Nas queijarias proliferam as bactérias lácteas. Quanto mais esses seres se multiplicam no mundo dos queijos, mais saboroso e completo se torna um queijo.
          Por isso as diferenças na cor, textura, sabor, características e definições dos queijos. São as bactérias lácteas as responsáveis por tudo isso. Minas é um estado privilegiado por ter uma flora bacteriana tão distinta, de qualidade, diferenciada e única. (na foto acima queijos de longa maturação (90 a 180 dias) feitos pelo Mestre Roberto Soares de São Roque de Minas. Quanto mais tempo maturando, mais a ação dos fungos e bactérias, ficam evidentes)
          Por exemplo, se o melhor queijeiro do Serro ou da Canastra, for fazer queijos em outros estados brasileiros ou outro país do mundo, da mesma forma que faz em sua região de origem, o queijo nunca será igual. A não ser que ele leve toda a flora bacteriana junto, o que é impossível.
          
Nos queijos, esses organismos vivos atuam no leite, aumentando e acentuando suas ações, durante o tempo de maturação. Quanto mais maturado é o queijo, mais as bactérias agem, mais o queijo ganha sabor, textura, aroma, características e identidade própria.
          Esse mundo dentro dos queijos é fascinante e difícil de conhecer por inteiro, já que são centenas de milhares de bactérias e fungos diferentes, espalhadas por todas as regiões do mundo. Tudo isso torna a missão de conhecer um a um desse pequeno mundo vivo, quase que impossível.
          Até porque, as bactérias e fungos presentes nos queijos, em sua maioria, não são as mesmas, nem tem presença constante na região de origem, podendo haver alterações na flora bacteriana regional, de acordo com o clima, umidade, altitude e mudanças de estações.
          A diferença é que em Minas, esses microrganismos são especiais. São bactérias lácteas formadas no ouro, no diamante, no aço, no uai, no trem e no coração do povo mineiro. As bactérias lácteas presentes no queijo mineiro, falam tanto uai quanto nós. Nossos queijos têm o DNA do mineiro. Por isso é uma das maiores identidades da gastronomia mineira.
Um estado com características regionais
          Minas Gerais é um estado de dimensões geográficas enormes, além de sua vegetação ser formada por 57% de Cerrado, 47% do bioma Mata Atlântica, 1% do bioma Caatinga e 2% de biomas de transição. Isso faz com que, no caso dos queijos, a flora bacteriana não seja as mesmas nas 12 regiões geográficas mineiras. Por isso os vários tipos de Queijos Minas Artesanal presentes no Estado.
          Queijo Minas Artesanal não é o tradicional Queijo Minas Frescal ou o Queijo Padrão, que todos conhecem. Todo queijo feito em Minas Gerais, de modo tradicional e artesanal, é queijo Minas. São mais de 50 tipos de queijos diferentes atualmente em Minas. O Frescal e o Padrão são apenas dois desses mais de 50 tipos de queijos feitos no Estado. Em comum em todos esses tipos de queijos, os mesmos ingredientes e o modo de preparo, mas todos, com sabores, cor e texturas diferentes, devido as diferentes floras bacterianas presentes nas diferentes regiões mineiras. (na foto acima da Elvira Nascimento, queijos frescos do Mercado Central de BH)
          Do queijo saem parte do sabor de Minas, dos pratos e quitandas, mais que isso, o sustento das famílias, ou a única fonte de renda, até.
          Nos séculos XVIII, XIX e XIX, a maioria do povo brasileiro vivia na zona rural. Comiam do que plantavam. A única forma de terem dinheiro, era com a produção e venda dos queijos na cidade.
          Com o dinheiro da venda dos queijos, compravam o que não produziam como sal, lamparina, querosene, ferramentas, sapatos, sementes, etc. E assim a vida seguia, com o queijo alimentando não só o corpo, mas a alma e sonhos do povo mineiro, enriquecendo e dando sabor aos nossos pratos.
          Queijo é para o mineiro, desde o século XVIII, ouro valioso que alimentava e sustentava suas famílias e até os dias de hoje, o queijo alimenta, sustenta, além de ser fonte de renda de milhares de famílias mineiras.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Queijo de Bueno Brandão é super ouro em concurso mundial

(Por Arnaldo Silva) Bueno Brandão é uma charmosa e atraente cidade do Sul de Minas, distante 471 km de Belo Horizonte, faz divisa com Ouro Fino, Inconfidentes, Bom Repouso, Senador Amaral, Munhoz, Monte Sião e Socorro (SP). O município tem cerca de 11 mil habitantes. A cidade se destaca pelas cachoeiras, paisagens exuberantes, pela produção de chocolate caseiro, cachaças, vinhos, doces e principalmente de queijos.
          Um dos queijos produzidos em Bueno Brandão foi recentemente premiado no World Cheese Awards, um dos maiores concurso de queijos do mundo.
          Realizado no País de Gales, no Reino Unido, em 3 de novembro de 2022, o tradicional concurso mundial teve a participação de 42 países e 900 empresas do setor lácteo de todo o mundo. Os 42 países participantes inscreveram 4.434 queijos que disputaram medalhas de bronze, prata, ouro e super ouro, a maior premiação.
          Os queijos foram avaliados e divididos em categorias de acordo com a aparência da casca e pasta, corpo e textura, aroma e principalmente pelo sabor e sensação na boca, quesito de maior pontuação.
          Entre os queijos mais avaliados, de acordo com a pontuação por categoria, o que obteve maior pontuação entre os queijos super ouro foi o queijo francês Le Gruyère AOP, feito com leite não pasteurizado, eleito por sua maior pontuação entre os queijos super ouro, o melhor do mundo.
          Dos queijos brasileiros inscritos, 15 foram premiados com medalhas de ouro, prata e bronze, além do queijo Lua Cheia, da marca Serra das Antas, de Bueno Brandão MG, ter levado a medalha super ouro. Além disso, a marca Serra das Antas de Bueno Brandão MG levou ainda medalha de bronze com o queijo, tipo Comté e de prata, com o queijo tipo Gorgonzola Dolce. (na fotografia acima de autoria de @studiocumaru - Reprodução instagram @serra.das.antas/Divulgação)
Abaixo a lista dos 15 queijos brasileiros premiados na World Cheese Awards:
- Medalha de ouro: Tulha – Fazenda Atalaia - Amparo/SP
- Medalha de ouro: Queijo Azul da Mantiqueira – Laticínios Paiolzinho - Cruzília/MG
- Medalha de prata: Lendário da Generosa – Fazenda Generosa - Andrelândia/MG
- Medalha de prata: Tulha da Toca – Fazenda Atalaia - Amparo/SP
- Medalha de prata: Queijo Tipo Quark – Laticínios São João - São João do Oeste/SC
- Medalha de prata: Vale do Testo 6 Meses – Pomerode Alimentos - Pomerode
- Medalha de prata: Brebis de Pomerode – Pomerode Alimentos - Pomerode/SC
- Medalha de prata: Tipo Gorgonzola Dolce – Serra das Antas - Bueno Brandão/MG
- Medalha de prata: Queijo Tipo Burrata Búfala Almeida Prado - Bocaina/SP
- Medalha de prata: Laticínio Búfala Almeida Prado - Bocaina/SP
- Medalha de bronze: Queijo Capim Mantiqueira – Laticínios Paiolzinho - Cruzília MG
- Medalha de bronze: Tulha Regente – Fazenda Atalaia - Amparo/SP
- Medalha de bronze: Caprinus – Fazenda Atalaia - Amparo/SP
- Medalha de bronze: Bueno, tipo Comté – Serra das Antas - Bueno Brandão/MG
Características do Queijo Lua Cheia
          Segundo descrito no Instagram da empresa @serra.das.antas, o Queijo Lua Cheia “é um queijo de criação própria com um maior teor de gordura e coberto com uma fina camada de carvão vegetal, sendo maturado por 3 semanas. A embalagem do queijo lhe permite continuar maturando, mesmo sob refrigeração, então deguste-o em diferentes estágios da maturação para determinar o “ponto” ideal para o seu paladar. Queijos mais novos tendem a ser menos cremosos”.
A origem da marca Serra das Antas
         A história da produção de queijos pela família começou em 1983, pelo jovem Aírton, então com 20 anos nessa época, produzindo inicialmente queijos artesanais de leite de vaca e cabra.
           Aírton pesquisou e estudou o mundo dos queijos. Sentiu com isso carência do consumo de queijos finos no Brasil, como os queijos europeus. Viajou para a França em 1991 através de convênio para transferência de tecnologia para um estágio com os franceses, conhecendo com isso, além da tecnologia, todo o processo de produção de queijos finos. 
          Dois anos depois, em 1993, funda a Na Morada Indústria e Comércio, dirigida pelo Aírton, sua esposa e seu filho Caio. A empresa tem o selo SIF (Serviço de Inspeção Federal) que permite a comercialização de queijos em todo o território nacional.
         Com o crescimento da demanda nacional pelos queijos de finos semelhantes aos queijos europeus, a partir de 1997 a empresa Na Morada passou a investir mais na produção de queijos tipo europeu, começando pelos queijos tipo Camembert e Brie, chegando hoje a produzir os queijos tipo Conté, Fontina, Gorgonzola, Pont L'Évêque, Raclette, Reblochon,Saint-Marcellin,Saint-Paulin, Stracchino,Taleggio, dentre outros.
          Esses queijos têm a marca Serra das Antas, que é a marca dos queijos da empresa Na Morada, com destaque para o queijo Lua Cheia, tipo de queijo finíssimo de criação e produção própria, premiado com a medalha super ouro. (na imagem acima, alguns tipos de queijos da marca Serra das Antas. Fotografia de @studiocamaru - Reprodução do Instagram @serra.das.antas/Divulgação)
          O contato com o laticínio Na Morada pode ser pelo endereço da fábrica: Sítio Na Morada, bairro Furnas, Bueno Brandão/MG. Telefones: (35) 3442-1098, (11) 3266-5965/(11) 3266-2574, pela Loja Virtual: (11) 3289-1378 ou direto no site serradasantas.com.br

domingo, 25 de setembro de 2022

Queijo Minas pode se tornar Patrimônio da Humanidade

(Por Arnaldo Silva) O tradicional Queijo Minas Artesanal, reconhecido como o melhor do Brasil e premiado como um dos melhores do mundo, será candidato a Patrimônio Imaterial da Humanidade.
          O título de patrimônio imaterial é concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Esse título visa proteger as expressões culturais e as tradições imateriais de uma determinada região de todo o mundo, que pode ser dança, linguagem, rituais, festas, lendas, músicas, os saberes da culinária, dentre outras tradições. (Queijos do Laticínios Sevilla em José Raydan MG no Vale do Rio Doce. Fotografia de Sérgio Mourão/@encantosdeminas)
          O “Modo de Fazer do Queijo Minas Artesanal” é tradição bicentenária, além de ser o queijo mineiro igualado e em alguns casos, até superior em sabor e qualidade aos milenares e tradicionais queijos europeus. com destaque para os queijos feitos no Serro, Serra da Canastra, Alagoa e Serra do Salitre, as principais regiões queijeiras mineiras.
          Além disso, o “Modo de Fazer do Queijo Minas Artesanal” é Patrimônio Imaterial do Brasil desde 2008, reconhecido pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), além de ser Patrimônio Imaterial de Minas Gerais, reconhecido pelo Iepha/MG.
          Falta o reconhecimento internacional do “Modo de Fazer do Queijo Minas Artesanal”, como Patrimônio Imaterial da Humanidade. O primeiro passo para alcançar o reconhecimento da Unesco foi dado recentemente.
           Com o objetivo de preservar e proteger os saberes e história do Queijo Minas, foi apresentado a candidatura do queijo mineiro ao título de Patrimônio Imaterial da Humanidade, no dia 24 de setembro de 2022, durante o Festival do Queijo Artesanal de Minas, realizado em Belo Horizonte, no Parque de Exposições da Gameleira. (foto ilustrativa acima do Queijo Canastra de São Roque de Minas, registrado pelo Alexandre Vidigal)
          O documento solicitando o reconhecimento do queijo mineiro como Patrimônio Imaterial da Humanidade foi assinado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG) e pela Associação Mineira dos Produtores de Queijos Artesanais de Minas Gerais (Amiqueijo).
          A iniciativa, além do apoio dos queijeiros mineiros, Iepha/MG e sociedade civil, conta ainda com apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo. O documento foi entregue a Carlos Alberto Gomes de Brito, atual ministro do Turismo. É o Governo Federal que inscreve as candidaturas a patrimônios materiais e imateriais junto a Unesco.
          O passo seguinte será a elaboração do dossiê de registro pelo Iphan e Ministério do Turismo para ser protocolado junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco) e por fim, aguardar a análise e a escolha dos bens pela entidade.
          Os bens imateriais são escolhidos a cada dois anos pela Unesco, que avalia todos os bens apresentados pelos países signatários da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial.

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Queijo Canastra é eleito o melhor do mundo

(Por Arnaldo Silva) De acordo com o site The Taste Atlas, o queijo da Serra da Canastra está entre os “50 melhores Queijos do Mundo”, divulgado no dia 20/06/2022.
          Idealizado pelo jornalista croata Matija Babic, The Taste Atlas é um guia voltado para a gastronomia mundial com conteúdo colaborativo feito por viajantes de todo o mundo. Funciona em moldes parecidos com o Guia 4 Rodas e Wikipédia, onde os usuários alimentam a plataforma com fotos, conteúdos e comentários. O site permite ainda que os seguidores da plataforma deem notas e votem em pratos, iguarias e estabelecimentos gastronômicos no mundo.
          Neste site, o queijo tem uma categoria exclusiva para postagens de fotos, textos, comentários e votação aberta aos usuários. (na foto acima, queijos Canastra feito na Queijo Dinho, em Piumhi MG/Divulgação)
Os 50 queijos mais votados
          Estar entre os 50 melhores queijos do mundo, não foi surpresa para os produtores de queijos Canastra, já que a iguaria recebe premiações nacionais e internacionais em todos os eventos que participa, sendo considerado um dos melhores queijos do mundo.
          O que chamou atenção dos queijeiros mineiros foi o Queijo Canastra figurar em primeiro lugar no levantamento feito pelo site The Taste Atlas, à frente inclusive de queijos mundialmente famosos como os holandeses Geitenkaas e Gorgonzola, Pecorino, Burrata, os italianos Grana Padano, Burrata, Pecorino e Parmegiano Reggiano, o francês Mont d´Or, do Português Serra da Estral, dentre outros.
          Abaixo podem ver a lista dos 50 melhores queijos do mundo, segundo eleição feita pelo site The Taste Atlas, divulgada nas redes sociais do referido site.
          Embora os critérios de votação e contagem das notas dadas aos queijos não foram especificados com clareza pelo site, os 70 queijeiros que produzem queijo Canastra, nas 7 cidades que formam a região queijeira mineira, comemoraram bastante o resultado. A conquista do queijo Canastra foi comemorada ainda pela Empresa  de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/MG) e pela Associação dos Produtores da Canastra (Aprocan).
O Queijo Canastra
          O queijo Canastra ser reconhecido como melhor do mundo foi absorvido com naturalidade pelos mineiros. Isso porque o queijo feito na Serra da Canastra sempre foi considerado o melhor do mundo pelos mineiros. Pode ser uma surpresa para o mundo, para os mineiros não.
          Feito tradicionalmente há mais de 200 anos, com leite cru de vaca, sal e pingo, o queijo Canastra é Patrimônio Imaterial do Brasil desde 2008, reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). (foto acima e abaixo Queijo Dinho de Piumhi MG/Divulgação)
          Tem como características a casca amarela, formato cilíndrico, sabor e picância levemente ácido, massa firme com presença de algumas olhaduras (furinhos). O Canastra já maduro, acima de 21 dias, é o preferido. Isso porque quanto mais o tempo de maturação, mais acentuado é seu sabor e mais definidas são suas características.
          É um tipo de queijo que harmoniza muito bem com vinhos finos, cachaça, cervejas e claro, com café e doces mineiros. Devido sua qualidade, é um queijo muito versátil na gastronomia, além de melhorar o sabor de vários pratos e quitandas.
          A Região Queijeira Canastra é formada pelo municípios de Medeiros, Vargem Bonita, Tapirai, Delfinópolis, Bambuí, Piumhi e São Roque de Minas com os queijos produzidos nessas cidades constarem o selo de origem e em maioria, grafados no próprio queijo, com caseína, como podem ver na foto acima.

terça-feira, 10 de maio de 2022

A região queijeira do Serro

(Por Arnaldo Silva) Fundado em 1714, Serro é um dos mais antigos municípios de Minas Gerais e um dos berços da gastronomia mineira. Cidade de gente simples e acolhedora, preserva sua história, arquitetura colonial e tradição culinária, desde suas origens.
          O Serro conta com pouco mais de 21 mil habitantes, e está localizada ao centro-nordeste de Minas Gerais, na parte central da Serra do Espinhaço, a 325 km de Belo Horizonte. (na foto acima do Sérgio Mourão/@sergio.mourao, os queijos do Serro aos pés da escadaria para a Capela de Santa Rita)
          Sua principal iguaria, o Queijo do Serro, foi reconhecido em 2002 como Patrimônio Imaterial do Brasil, pelo Instituto Patrimônio Histórica e Artístico Nacional (IPHAN). Foi o primeiro queijo brasileiro a receber esse reconhecimento oficial. O queijo do Serro foi o primeiro Patrimônio Imaterial de Minas, reconhecido em 2008 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG).
Características
          É um tipo de queijo artesanal, que há mais de 300 anos tem características definidas. Embora seja um queijo Tipo Minas, não é propriamente Queijo Minas (frescal) e nem os queijos duros, curados.
          É um queijo diferente que recebe influência direta do clima serrano de altitude que varia de 885 até 2002 metros, acima do nível do mar, o tipo de solo úmido e calcário, que favorece o desenvolvimento de pastagens e água de qualidade, além de sua flora bacteriana láctea e fungos únicos, boa parte, somente encontrados nessa região. Esses são os segredos que dão característica, cor, sabor e textura ao queijo do Serro. (na foto acima enviada pelo produtor de queijos Túlio Madueira, do Serro MG, o tradicional Gado Gir)
          Cada peça pesa entre 700 a 1 kg, 13 a 15 cm de diâmetro e 4 a 6 cm de altura. Seu sabor é leve e ligeiramente ácido. Sua massa é compacta e semidura, fina, sem trincas e de coloração amarelo-claro. (na foto acima de Rodrigo Leal, queijos do Serro feitos em Rio Vermelho MG e abaixo, de queijos em maturação do produtor Túlio Madureira, criador da grife do queijo "Trem-ruá", em Serro MG)
          Com o tempo de cura, sua crosta tende a ficar mais fina, levemente amarelada e dependendo do tempo da maturação, apresenta formação de mofos brancos.
          Queijo e Serro, Serro e queijo são sinônimos de tradição. O queijo e a cidade do Serro, são orgulhos do povo serrano, da região e de Minas Gerais.
Receita e harmonização
          Feito a base de leite cru e totalmente artesanal, a receita preservada há mais de 300 anos, foi trazida pelos portugueses, no início do século XVIII, com a receita original adaptada às características serranas, desde essa época. Comparando-se com o queijo da Serra da Estrela, o queijo do Serro se difere por ser mais úmido e ácido, além da flora bacteriana láctea e fungos, em sua maioria somente encontradas nessa região.
          Das queijarias do Serro saem um queijo fino, especial e único que harmoniza perfeitamente com goiabada, marmelada, doce de leite, café, cachaça e vinhos finos. (na foto acima da Nilza Leonel, o Queijo Turvo Grande, do produtor Deodelino, do Serro MG)
          Além disso, em Serro e região são produzidos outros tipos de queijos como o Queijo Prato, a Mozzarella, o Requeijão Moreno e Ricota. E por ser a região um dos berços da culinária mineira, os pratos tradicionais mineiros, bem como quitandas e doces, fazem parte da cultura e história gastronômica serrana.
A Região Queijeira
          O queijo do Serro, com as mesmas características, textura, sabor e modo de preparo, é feito em Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho (na foto acima de Rodrigo Leal), Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas e Coluna. Essas 10 cidades, juntamente com o Serro, formam a Região Queijeira do Serro, reconhecida pela Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária/Seapa/MG, através de seus órgãos Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e Empresa Mineira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/MG).
          Os queijos produzidos nessas11 cidades são reconhecidos como Queijo do Serro. São cidades de tradição, com uma rica e preservada arquitetura colonial, além de preservarem suas identidades gastronômicas. (na foto acima da Nilza Leonel, o Queijo do Serro feito em Materlândia MG)
          Os queijos do Serro produzidos nessa região, vem com o selo da tradição, da cultura e qualidade da arte tricentenária de fazer queijos do povo serrano.
          É um dos melhores queijos do mundo, premiado em todo o Brasil e em vários concurso mundiais de queijos, entre eles, o Mondial Du Fromage, a copa do mundo dos queijos, competição bienal realizada em Paris/França. (na foto acima, premiações internacionais dos queijos do Serro feitos pelo produtor Túlio Madureira)

sexta-feira, 6 de maio de 2022

A região queijeira Mantiqueira de Minas

(Por Arnaldo Silva) A região queijeira Mantiqueira de Minas é formada pelos municípios de Aiuruoca, Alagoa, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalhos, Itamonte, Liberdade, Itanhandu, Passa Quatro e Pouso Alto. São 10 cidades ao todo, identificadas e reconhecidas pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa-MG), como produtora de Queijo Minas Artesanal (QMA).
          A iguaria movimenta a economia dessas cidades, gerando emprego e renda, melhorando com isso a qualidade de vida das famílias produtoras e contribuindo para o desenvolvimento local. (fotografia acima de Maria Marquez Lino/@emporiodavaquinha, queijos da Mantiqueira)
          A região queijeira Mantiqueira de Minas foi reconhecida em junho de 2020, pelo Governo de Minas, através do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), ambas vinculadas à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa-MG). (fotografia acima de Marcelo Arantes de queijo feito em Aiuruoca)
Características
          Os queijos feitos na região Mantiqueira de Minas, tem o modo de preparo diferente do tradicional Queijo Minas Artesanal das demais regiões. Na Mantiqueira de Minas, o leite é aquecido e ainda utilizam fermento na produção.
          Queijo de massa cremosa com olhaduras (furinhos), leve picância, textura firme e casca amarelo claro, é um queijo que agrada todos os paladares, por ser um de queijo versátil, principalmente quando usados em pratos especiais, como em massas (pizzas, sanduíches, macarronada, etc.), além de harmonizarem muito bem com café e principalmente com vinhos finos. (fotografia acima e abaixo de Marlon Arantes)
          Alguns queijos da região podem variar na coloração devido a maturação longa natural ou maturados no azeite, na fumaça de alecrim e eucalipto, no vinho, defumado e alguns recebendo resinas escuras ainda acréscimos de temperos e ervas.
          As características únicas e singulares dos queijos feitos na região Mantiqueira de Minas é formada por um conjunto de fatores como a altitude, o clima, a geologia, a qualidade da água, da pastagem, da flora bacteriana única da região.
          Outro fator importante é a tradição, passada por gerações, o que garante a preservação da originalidade do modo de preparo dos queijos feitos nessa região. (na foto acima, Queijo Inácio, de Alagoa MG)
Queijo Artesanal de Alagoa
          A tradição queijeira da região tem início com a chegada à Alagoa MG de Paschoal Poppa e sua esposa Luiza Altomare Poppa, de Parma, na Itália. O casal Poppa percebeu semelhanças do clima, pastagens, da fertilidade das terras e da qualidade da água. (na foto acima de Marlon Arantes, Alagoa MG)
          Tais semelhanças motivaram o casal a produzir, em Alagoa, um dos mais tradicionais queijos italianos, o parmesão, feito em Parma, cidade natal do casal de imigrantes.
          Mesmo com as semelhanças climáticas da Mantiqueira com a região de Parma, na Itália, semelhante não é o mesmo que igual. O queijo feito pelo casal de italianos em Alagoa MG, passaram a adquirir as características regionais próprias. Isso devido a flora bacteriana presente na região, não ser igual à encontrada em Parma. São as bactérias lácteas que dão cor, sabor, textura e característica de um queijo e cada região tem sua flora própria.
          Com o passar do tempo, o queijo feito pelo casal italiano se transformou em uma das mais importantes iguarias da região, presente na vida de centenas de famílias até os dias de hoje. (na foto acima, queijo Artesanal de Alagoa, feito pela Queijaria Sítio do Morro/Divulgação)
          Assim começou a tradição queijeira de Alagoa, tradição esta que se expandiu para as cidades da Mantiqueira, tornando hoje a cidade de Alagoa e a região Mantiqueira de Minas, uma região queijeira singular e única em Minas Gerais.
          O município de Alagoa, além de fazer parte da região Mantiqueira de Minas, produzindo os tradicionais queijos da Mantiqueira, é também reconhecia como produtora do “Queijo Artesanal de Alagoa”, um tipo de queijo somente feito em Alagoa. A marca carrega o nome da cidade e é sua principal identidade gastronômica.
          Além disso, o queijo de Alagoa é premiadíssimo, estando entre os melhores do mundo comprovadamente com as inúmeras medalhas de bronze, prata e ouro, conquistas em concursos nacionais e internacionais de queijos, como o Mondial Du Fromage, destaque para os queijos feitos pelo produtor Osvaldo Filho, da Queijos D´Alagoa MG (na foto acima/Arquivo pessoal), e na Fazenda Bela Vista, do produtor Renato. Duas queijarias medalhistas no último concurso mundial de queijos, realizado na França, sendo o queijo Premium da Fazenda Bela Vista, premiado com medalha de ouro duas vezes consecutivas (na foto abaixo, em azul, o casal de produtores Renato e Thaylane,da Fazenda Bela Vista).  
          Podemos dizer que é um queijo feito em Alagoa e Mantiqueira de Minas, tem a essência italiana, mas com corpo e alma mineira.

sexta-feira, 29 de abril de 2022

A região queijeira Serras da Ibitipoca

(Por Arnaldo Silva) Após um profundo estudo feito pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), Serras da Ibitipoca foi identificada e reconhecida como região queijeira, produtora de Queijo Minas Artesanal (QMA) em 2020, pela Secretaria de Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Seapa) e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), através da Portaria 2016/2020.
          Uma região privilegiada e encantadoras, com belezas naturais espetaculares, a região queijeira Serras da Ibitipoca é formada pelos municípios de Andrelândia, Arantina, Bias Fortes, Bom Jardim de Minas, Lima Duarte, Olaria, Passa-Vinte, Pedro Teixeira, Rio Preto, Santa Bárbara do Monte Verde, Santa Rita do Ibitipoca, Santa Rita do Jacutinga, Santana do Garambéu, Seritinga e Serranos. (na imagem acima de John Brandão, a Janela do Céu, em Santa Rita do Ibitipoca, um dos cartões postais do Parque Estadual da Ibitipoca)
          São 15 municípios ao todo, distribuídos nas regiões da Zona da Mata, Campo das Vertentes, Sul e Sudoeste de Minas. Vale ressaltar que esses municípios fazem parte de uma região queijeira e não são as mesmas cidades que formam circuito turístico de uma das mais belas regiões naturais de Minas Gerais e do Brasil. (na foto acima, queijo de Pirapitinga, distrito de Santa Bárbara do Monte Verde MG/Divulgação)

          Embora com o mesmo nome, são regiões diferentes, uma é queijeira e abrange cidades que produzem queijos com as mesmas características. Outra é turística e abrange cidades turísticas localizadas na região do Parque Estadual. São regiões diferentes, uma caracterizada como queijeira, outra como turística.
O nome da região queijeira
          Embora de regiões diferentes, mas próximos uns dos outros, os queijos desses 15 municípios têm características semelhantes, com origens nas serras da Ibitipoca, por isso fazem parte da região queijeira Serras da Ibitipoca.
          O nome Ibitipoca é sempre acompanhado da preposição “de” e “da”. Parece que escrever ou pronunciar “da Ibitipoca” é um erro gramatical, mas não é. Ibitipoca é uma palavra no tupi-guarani que significa. “Serra que estoura” ou “Serra estourada”. Esse nome é devido a enorme incidência de raios que atingem o solo e grutas da região, provocando estouros na serra. (na foto acima de John Brandão/@fotografoaventureiro, o amanhecer nas Serras da Ibitipoca)
          Se for pronunciar a tradução ao pé da letra, o correto seria “da serra que estoura” ou “da serra estourada”. Popularmente se fala e escreve “do Ibitipoca” e “de Ibitipoca”, mas o jeito popular de escrever e pronunciar não irá mudar.
          O nome oficial da região queijeira, que engloba as serras da Ibitipoca é “Serras da Ibitipoca”. Esse é o nome da região queijeira. A escrita e pronúncia é “Serras da Ibitipoca.
Características do sabor das serras
          Esclarecido esse detalhe, vamos conhecer um pouco mais das características desse tipo de queijo mineiro.
          O reconhecimento oficial de uma região como queijeira significa que o processo de produção do Queijo Minas Artesanal utiliza leite cru, coalho, pingo (fermento natural), sal, prensagem manual, sem uso de maquinário e maturação natural. O queijo deve apresentar ainda consistência firme, massa uniforme, cor e sabor próprios, não conter corantes e nem conservantes. (na foto acima e abaixo, salas de fabricação e maturação de queijos da Queijaria Sítio Primavera em Lima Duarte MG/Divulgação)
          A textura, sabor, cor e característica de um queijo é definida pela região de origem, de acordo com suas condições climáticas e flora bacteriana.
          Os queijos que saem das queijarias das Serras da Ibitipoca, tem o sabor influenciado pela altitude, pastagem e água de qualidade, além do clima serrano da região. É o mais puro sabor das serras mineiras.
          Queijo levemente ácido, com coloração amarelo-claro, massa na coloração amarelo-creme, com pouca ou nenhuma olhadura, densa e levemente cremosa. Na maturação, essas características são mais acentuadas. (na foto acima e abaixo, queijos Sítio Primavera de Lima Duarte MG, premiados em concurso internacional de queijos) 
          Seu modo de preparo é único e diferenciado, por isso a região que forma das serras da Ibitipoca, foi reconhecida como região queijeira.
Tradição secular
          O modo de preparo do queijo artesanal em Minas tem origens no século XVIII e o reconhecimento de regiões queijeiras é a valorização a tradição mineira na arte de fazer queijos, passadas de geração para geração preservadas nas fazendas e sítios da região.
          Além das belezas naturais, paisagens paradisíacas, belas e históricas cidades e vilarejos, o visitante pode conhecer ainda as queijarias da região.
          Além do roteiro turístico, os visitantes podem fazer um roteiro pelas queijarias da região.
          Algumas queijarias abrem as porteiras de suas fazendas e sítios, como o Sítio Primavera, que produz o queijo de mesmo nome, para os visitantes. (na foto acima e abaixo o curral e a queijaria do Sítio Primavera/Divulgação)
          Um lugar aprazível, bem cuidado e com ótimo receptivo aos turistas e visitantes, além da oportunidade de conhecerem todo o processo de produção do queijo Serras da Ibitipoca, e claro, experimentar o sabor das serras, presente num queijo único.

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