(Por Arnaldo Silva) O mineiro tem como característica ser desconfiado à primeira vista. Essa fama surgiu no início do século XVIII com a presença maciça de aventureiros, viajantes e tropeiros em Mina Gerais. Muitos desses forasteiros tinham a fama de roubarem o bem mais precioso das famílias nativas que viviam nas vilas e fazendas.
Na imagem, queijos de Diamantina MG. Registro da Giselle Oliveira
Esse bem precioso não era o ouro, já que as minas eram propriedades dos mineradores ricos. O bem mais precioso das famílias mineiras à época era o queijo.
O queijo como escombo
O queijo servia de escombo. Isso porque dinheiro era raro naquela época. Sem dinheiro, a prática comum à época era o escombo, que é ato de trocar um produto pelo outro, sem usar, moeda. Tropeiros e mascates se concentravam na praça principal das vilas e cidades e trocavam suas mercadorias por queijos e os revendiam nas cidades grandes.
O queijo como escombo
O queijo servia de escombo. Isso porque dinheiro era raro naquela época. Sem dinheiro, a prática comum à época era o escombo, que é ato de trocar um produto pelo outro, sem usar, moeda. Tropeiros e mascates se concentravam na praça principal das vilas e cidades e trocavam suas mercadorias por queijos e os revendiam nas cidades grandes.
Trocava-se queijo pelo que não era produzido na vila ou cidade como açúcar, trigo, sal, sapatos, roupas de linho, utensílios domésticos, chapéu, botas, guaiacas, enxadas, foices, latões, esmaltados, querosenes, lamparinas. Enfim, tudo que não era produzido por eles mesmos em suas propriedades, na vila e cidade, trocavam por queijos. Por isso era um bem precioso e cobiçado por forasteiros.
Desconfiança para proteger o queijo
Queijos feitos pelo mestre queijeiro Roberto Soares de São Roque de Minas
Quando chegava um forasteiro logo já ficavam desconfiados que poderia ser um ladrão de queijos. Bastava chegar forasteiros que o povo todo corria para dentro de suas casas, fechava as portas e janelas e ainda, trancavam o cachorro lá dentro. Trancados em suas casas, ficavam espiando pelas frestas das janelas e portas as pessoas que vieram de fora.
Não confiavam em ninguém, seja tropeiro, indígena, viajante e paulista, devido aos ranços da Guerra dos Emboabas e do conflito entre mineiros e paulistas em 1720 que culminou com a independência da Capitania das Minas Gerais e expulsão dos paulistas do território mineiro. Enfim, todo não nativo de Minas Gerais, quando chegava, o mineiro já ficava com o pé atrás e corria para dentro de casa com o intuito de se proteger contra possíveis ladrões de queijos.
Não confiavam em ninguém, seja tropeiro, indígena, viajante e paulista, devido aos ranços da Guerra dos Emboabas e do conflito entre mineiros e paulistas em 1720 que culminou com a independência da Capitania das Minas Gerais e expulsão dos paulistas do território mineiro. Enfim, todo não nativo de Minas Gerais, quando chegava, o mineiro já ficava com o pé atrás e corria para dentro de casa com o intuito de se proteger contra possíveis ladrões de queijos.
Da desconfiança para a confiança
Quando o forasteiro chegava e tentava contato com os moradores, ficava na porta da casa e o mineiro, trancado dentro de casa, respondendo pelas frestas das portas e janelas.
Dependendo da boa conversa, logo o mineiro vai pegando confiança, conversando mais e se soltando aos poucos. Mas antes disso, o forasteiro terá que passar por um intenso interrogatório tipo: Cê é fi de quem? Qual a sua graça? Como que ocê vei pará aqui? Que qui cê qué? Perguntam quase que intimando e com cara fechada.
Nos dias de hoje é assim também, só que a tecnologia ajuda. Pode se falar pelo interfone ou abrir a porta e chegar até o portão. É que antigamente as casas não tinham muro e as casas eram rentes à calçada e geminadas, como podem ver na foto acima.
Ser tratado assim não é falta de educação e não se sinta mal com isso. É característica do povo mineiro mesmo. Respondendo direitinho as perguntas e com paciência, logo o semblante desconfiado do mineiro se desfaz e ele te recebe de braços abertos.
Como conquistar o coração de um mineiro?
Dependendo da boa conversa, logo o mineiro vai pegando confiança, conversando mais e se soltando aos poucos. Mas antes disso, o forasteiro terá que passar por um intenso interrogatório tipo: Cê é fi de quem? Qual a sua graça? Como que ocê vei pará aqui? Que qui cê qué? Perguntam quase que intimando e com cara fechada.
Nos dias de hoje é assim também, só que a tecnologia ajuda. Pode se falar pelo interfone ou abrir a porta e chegar até o portão. É que antigamente as casas não tinham muro e as casas eram rentes à calçada e geminadas, como podem ver na foto acima.
Ser tratado assim não é falta de educação e não se sinta mal com isso. É característica do povo mineiro mesmo. Respondendo direitinho as perguntas e com paciência, logo o semblante desconfiado do mineiro se desfaz e ele te recebe de braços abertos.
Como conquistar o coração de um mineiro?
Dependendo da prosa, o forasteiro era convidado a entrar, tomar café com broa de fubá assada na brasa e pão de queijo e também, comer queijo com goiabada, com doce de leite, de mamão ou de figo com a família. Se tiver na hora do almoço, é convidado para sentar à mesa e comer frango com quiabo e angu.
O que não se deve falar a um mineiro
O que não se deve falar a um mineiro
Passado essa etapa, evite cometer um “crime bárbaro” perante o mineiro durante a conversa. Não tem coisa pior para um mineiro ouvir é alguém falar mal de Minas, da comida, do queijo, da igreja, da cidade, enfim, nunca fale mal de Minas Gerais na frente de um mineiro. Mineiro é bairrista ao extremo.
Não compare Minas com nenhum outro estado brasileiro. Se falar mal de Minas ou ironizar nosso sotaque e nossas mineiridades, por educação, ele pode até ficar calado, mas deixará claro no seu semblante que não aprovou o que disse. Pode ter certeza, para o mineiro, o povo Montanhês, Minas é o melhor lugar do mundo.
Se cometer esses deslizes na prosa com um mineiro, pode ter certeza, não terá perdão e logo todos da rua, da vila, da cidade e da região, saberão do que foi dito sobre a vila, cidade e de Minas. Nesse caso, o melhor a fazer é dar meia volta e voltar para onde vei, o mais rápido possível. Não adianta. Falou mal de Minas, perdeu de vez a consideração e confiança do mineiro, não terá outra chance.
Defesa que virou mineiridade
Se cometer esses deslizes na prosa com um mineiro, pode ter certeza, não terá perdão e logo todos da rua, da vila, da cidade e da região, saberão do que foi dito sobre a vila, cidade e de Minas. Nesse caso, o melhor a fazer é dar meia volta e voltar para onde vei, o mais rápido possível. Não adianta. Falou mal de Minas, perdeu de vez a consideração e confiança do mineiro, não terá outra chance.
Defesa que virou mineiridade
Fotografia acima de Vinícius Montgomery em Itajubá MG
Desconfiar de tudo e de todos, passou a ser uma forma de proteção contra os forasteiros mal-intencionados. Essa atitude dos “geralistas das montanhas” ou o Montanhês, como éramos chamados antes do gentílico “mineiro”, se tornou conhecida em toda a colônia. Desde o século XVIII, quem vinha à Minas Gerais era alertado sobre o jeito desconfiado do mineiro. A fama de povo desconfiado do mineiro começou a partir daí. O instinto de proteção dessa época se tornou geral entre os mineiros, se transformando em uma de suas principais características e mineiridades. É uma característica mineira solidificada há mais de 3 séculos e é assim até os dias de hoje.
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