(Por Arnaldo Silva) A técnica muçulmana de confeccionar tapetes, conhecida por Ponto dos Arraiolos, é uma das mais antigas da humanidade. São tapetes feitos à mão, usando técnicas artesanais com desenhos intricados e alta qualidade artesanal, bordados com pontos cruzados oblíquos.
A tradição surgiu em Portugal no século XVI ou XVII, introduzida no país pelos Mouros, nome dado aos povos islâmicos que invadiram a Península Ibérica, a Sicília, a Malta e parte da França, durante a Idade Média, vindos do Norte da África. Em Portugal, os Mouros se estabeleceram em cidades portuguesas, como na vila de Arraiolo, de Évora de Évora. Como eram tapeceiros experientes, os tapetes em pontos feitos pelos Mouros assimilou o nome do lugar, chamando de Ponto do Arraiolo e as peças sendo chamadas de Tapete Arraiolo. São peças únicas, requintadas e de alto valor comercial.
Algumas cidades mineiras fazem tapetes Arraiolos usando a tradicional técnica Medieval dos Mouros, da mesma forma que na Idade Média, manual e totalmente artesanal.. Entre essas cidades, se destaca Passa Tempo MG.
A cidade de Passa Tempo
A cidade de Passa Tempo
Passa Tempo, charmosa, atraente e pacata cidade da Região Oeste de Minas, com 8.500 habitantes. Faz divisa com os municípios de Oliveira, Carmópolis de Minas, Desterro de Entre Rios, Piracema e está a 143 km distante de Belo Horizonte com acesso pela Rodovia MG-270.
Origem da cidade
Origem da cidade
No século XVIII a região onde é Passa Tempo era ponto de descanso de bandeirantes e tropeiros por ser considerada por eles próprios, um local aprazível para "passar tempo". Era uma parada para passar o tempo enquanto os animais descansavam. Por esse motivo, o lugar passou a ser conhecido como Passa Tempo. Neste local foi se formando um pequeno povoado, elevado a distrito de 1832, subordinado a Oliveira, elevado a vila em 1911 e por fim, à cidade emancipada em 10-09-1925.
Tradições seculares
Tradições seculares
A cidade preserva as tradições seculares como a religiosidade, folclore, gastronomia e também sua arquitetura barroca, presente no seu centro urbano e em fazendas coloniais, como a Fazenda Campo Grande. Passa Tempo (nas fotos acima do Saulo Guglielmelli) e Fazenda Araújos (nas fotos abaixo do Saulo Guglielmelli). Passa Tempo é uma charmosa cidade histórica mineira.
Além disso, Passa Tempo é conhecida por ser a terra onde nasceu Antônio Faleiro, ufólogo renomado no Brasil e exterior, autor de vários livros sobre Ufos no Brasil, além de especialista no estudo do folclore brasileiro e ovnis.
O começo da tradição de fazer tapetes Arraiolos
O começo da tradição de fazer tapetes Arraiolos
A arte de fazer tapetes Arraiolos foi introduzida na cidade em 1977, pelo Padre Irineu Leopoldino de Souza, O padre foi transferido de Diamantina MG, para Passa Tempo. Por participar e conhecer o projeto dos Tapetes Arraiolos em Diamantina, introduzido na cidade em 1975 em parceria com a Igreja e casal tapeceiros portugueses, que vieram de Portugal especialmente para ensinar a arte da fazer tapetes Arraiolos.
Em Passa Tempo, padre Irineu percebeu um grande potencial na cidade para fazer esses tapetes Arraiolos e desenvolveu o projeto diamantinense em Passa Tempo.
Em Passa Tempo, padre Irineu percebeu um grande potencial na cidade para fazer esses tapetes Arraiolos e desenvolveu o projeto diamantinense em Passa Tempo.
Mesmo com a posterior transferência do padre da cidade, a arte de fazer tapetes continuou, isso porque a ideia evoluiu, teve grande aceitação popular, cujo ofício foi passado de mãe para filha e muitos ensinavam uns para os outros. As tapeceiras podem ser vistas nas na cidade, expondo e desenvolvendo sua arte.
Esse interesse pela arte de fazer tapetes Arraiolos foi tão grande na época que se tornou tradição na cidade, gerando renda para as famílias. Atualmente o ofício é praticado por poucas tapeceiras, organizadas na Associação das Tapeçarias e Artesanatos de Passa Tempo (ATAPT), que visa manter a tradição e unir as tapeceiras e tapeceiros da cidade.
Passa Tempo é hoje conhecida no Oeste de Minas como a “Terra dos Tapetes Arraiolos”, pela diversidade de sua produção, criatividade e talento de seus artesãos e artesãs na arte de fazer tapetes Arraiolos.
Os tapeceiros e bordadeiras da cidade sentem orgulho de exercerem a arte da tapeçaria, contribuindo com a história da cidade e de suas próprias, que tiveram parte de suas vidas e histórias dedicada ao amor à arte de fazer tapetes.
Os tapeceiros e bordadeiras da cidade sentem orgulho de exercerem a arte da tapeçaria, contribuindo com a história da cidade e de suas próprias, que tiveram parte de suas vidas e histórias dedicada ao amor à arte de fazer tapetes.