Além disso, foram os tropeiros que garantiram o abastecimento das regiões de mineração, trazendo alimentos, mercadorias e utensílios diversos para os povoados e cidades mineradoras. (acima, imagem obtida através da IA, usando como base desenho de tropeiro do século XIX, por Felipe Oliveira/@paulistaniacaipira)
Eram meses embrenhando nas matas densas, usando as picadas indígenas e abrindo outros caminhos no braço e na potência da força dos carros de bois.
Eram meses embrenhando nas matas densas, usando as picadas indígenas e abrindo outros caminhos no braço e na potência da força dos carros de bois.
Como se vestiam
São retratados nos desenhos e pinturas da época montados em imponentes cavalos e vestes elegantes, mas viviam uma realidade bem diferente. Andavam dias e até meses pelas matas, enfrentando intempéries diversas. A maioria andava descalça, tinham barbas e cabelos longos e suas roupas eram velhas e surradas.
São retratados nos desenhos e pinturas da época montados em imponentes cavalos e vestes elegantes, mas viviam uma realidade bem diferente. Andavam dias e até meses pelas matas, enfrentando intempéries diversas. A maioria andava descalça, tinham barbas e cabelos longos e suas roupas eram velhas e surradas.
Os donos e os principais líderes das tropas montavam em seus burros sobre um pelego, uma manta feita com couro de carneiro, que servia para amaciar o assento. Vestiam calça larga e camisa de manga comprida, de pareio, que no linguajar tropeiro eram roupas combinando. (na arte acima e abaixo, feitas pelo Felipe Oliveira da Paulistânia Tradicional/@paulistaniatradicional, uma mostra real de como eram as vestimentas de homens e mulheres tropeiras no século XIX).
Além disso, usavam uma russilhona, que eram botas de couro cru, cm cano longo, chapéu de com bordas reguláveis e barbelas, poncho de couro, uma muladeira ou guaiaca, que é um cinto largo, de couro cru, com bolsas para guardar dinheiro, revolver, facão e outras coisas.
Burros, mulas, jumentos e bestas
Não tropeavam montados em cavalos e sim, em burros, animais mais fáceis de montar, mais dóceis e mais resistentes às intempéries. As cargas eram transportadas nos lombos de mulas, asnos, jumentos e bestas, animais de baixa estatura, dóceis e bem resistentes. Quando em caso de cargas pesadas, como metais preciosos, usavam carros de bois. (acima, imagem obtida através da IA, usando como base desenho de tropeiro do século XIX, por Felipe Oliveira/@paulistaniacaipira)
Além disso, eram os tropeiros que traziam e levavam as principais notícias do pais, além de difundirem tradições e sua própria cultura, costumes, modos e palavreados por onde passavam. Muitas dessas expressões e palavras são comuns hoje em dia e até mesmo, tidas como integrantes dos dialetos e sotaques regionais.
Exemplos de palavras e expressões tropeiras
Além disso, eram os tropeiros que traziam e levavam as principais notícias do pais, além de difundirem tradições e sua própria cultura, costumes, modos e palavreados por onde passavam. Muitas dessas expressões e palavras são comuns hoje em dia e até mesmo, tidas como integrantes dos dialetos e sotaques regionais.
Exemplos de palavras e expressões tropeiras
Com certeza já viu alguém ser chamado de adjetivos como burro, besta, asno, jumento ou mula. Chamar alguém de burro é o mesmo que dizer que a pessoa tem pouca inteligência e de besta, é quando a pessoa é boba ou tola. De jumento e asno é quando a pessoa é bruta e mal-educada. De mula, quando a pessoa é bastante teimosa e não sai do lugar. (acima, imagem obtida através da IA, usando como base desenho de tropeiro do século XIX, por Felipe Oliveira/@paulistaniacaipira)
Associar o comportamento dos animais ao de algumas pessoas, chamando-as de burra, jumento, asno, mula ou besta, tem origem nos tropeiros.
O animal burro é tido como de inteligência inferior à do cavalo, o animal besta tem um comportamento bem ingênuo, o jumento e o asno ficam agressivos sem mais nem menos, pulam e dão coices aleatoriamente. A mula, é por si mesma, teimosa e quando está bem cansada e com excesso de peso, empaca e ninguém tira ela do lugar. Por isso a associação às pessoas que demonstravam no comportamento essas características, no entender dos tropeiros.
Na pequenas propriedades do interior, cavalos, bois e vacas tem nome e são chamadas pelos nomes pelos seus tutores. E ainda, entendem quando são chamadas e obedecem. Esse costume comum hoje era hábito dos tropeiros que davam nome a seus animais e os chamavam pelo nome.
Temos ainda provérbios tropeiros associados a estes animais presentes no linguajar mineiro até os dias de hoje, principalmente no interior, como exemplos: “quando um burro fala, o outro abaixa a orelha”; “larga de cê besta sô”; “deu com os burros n´água”; “desembestou de vez”; “besta-quadrada” (quando a besta ficava bastante agressiva, seria uma besta, matematicamente elevada ao quadrado); “larga de cê burro sô”, ficou emburrado”; cê é teimoso como uma mula”;
E quando o tropeiro queria apressar a mula, dizia: “se manda, (o nome da mula), que a ferradura guenta, uai!”. E quando a colocação da ferradura era bem-feita, falavam: “mula bem ferrada, vale por duas, uai”!, referindo-se ao bom serviço na colocação da ferradura que não soltava no trajeto, evitando assim o atraso nas tropas; “ ficou emburrado” (parado, sem ação).
Tem mais, muitos mais. “Picar a mula”, “discutir com teimoso é perda de tempo”; “pelo jeito de andar da besta, se conhece o montador”; “tô com o burro na sombra”, etc.
Não é só isso, tem mais, muito mais mesmo. Não apenas em provérbios ou expressões, mas também palavras usadas pelos tropeiros, estão hoje presentes no nosso vocabulário, faladas sem saber sua origem e até significado.
Como exemplo, ao descer de um animal, o mineiro fala “vou apear”. “Bago” são os testículos dos animais. Para chamar a boiada, usavam o berrante, feito com o chifre do boi, prática tropeira. Quando um animal tinha feridas no corpo, era bicheira. Nos cascos, era broca.
Um embornal era sacola usada para levar caldeirão de comida e cabaças com água e café. Uma bruaca era uma sacola grande de couro que usavam para transportar utensílios de uma comitiva.
Por falar em comitiva, é também uma palavra de origem tropeira, que é um grupo formado por peões de boiadeiros, capataz, chaveiros, culatreiro, ponteiro, meeiros e cozinheiro. Além de condutores de boiadas, os peões de boiadeiros eram amansadores de burros.
Associar o comportamento dos animais ao de algumas pessoas, chamando-as de burra, jumento, asno, mula ou besta, tem origem nos tropeiros.
O animal burro é tido como de inteligência inferior à do cavalo, o animal besta tem um comportamento bem ingênuo, o jumento e o asno ficam agressivos sem mais nem menos, pulam e dão coices aleatoriamente. A mula, é por si mesma, teimosa e quando está bem cansada e com excesso de peso, empaca e ninguém tira ela do lugar. Por isso a associação às pessoas que demonstravam no comportamento essas características, no entender dos tropeiros.
Na pequenas propriedades do interior, cavalos, bois e vacas tem nome e são chamadas pelos nomes pelos seus tutores. E ainda, entendem quando são chamadas e obedecem. Esse costume comum hoje era hábito dos tropeiros que davam nome a seus animais e os chamavam pelo nome.
Temos ainda provérbios tropeiros associados a estes animais presentes no linguajar mineiro até os dias de hoje, principalmente no interior, como exemplos: “quando um burro fala, o outro abaixa a orelha”; “larga de cê besta sô”; “deu com os burros n´água”; “desembestou de vez”; “besta-quadrada” (quando a besta ficava bastante agressiva, seria uma besta, matematicamente elevada ao quadrado); “larga de cê burro sô”, ficou emburrado”; cê é teimoso como uma mula”;
E quando o tropeiro queria apressar a mula, dizia: “se manda, (o nome da mula), que a ferradura guenta, uai!”. E quando a colocação da ferradura era bem-feita, falavam: “mula bem ferrada, vale por duas, uai”!, referindo-se ao bom serviço na colocação da ferradura que não soltava no trajeto, evitando assim o atraso nas tropas; “ ficou emburrado” (parado, sem ação).
Tem mais, muitos mais. “Picar a mula”, “discutir com teimoso é perda de tempo”; “pelo jeito de andar da besta, se conhece o montador”; “tô com o burro na sombra”, etc.
Não é só isso, tem mais, muito mais mesmo. Não apenas em provérbios ou expressões, mas também palavras usadas pelos tropeiros, estão hoje presentes no nosso vocabulário, faladas sem saber sua origem e até significado.
Como exemplo, ao descer de um animal, o mineiro fala “vou apear”. “Bago” são os testículos dos animais. Para chamar a boiada, usavam o berrante, feito com o chifre do boi, prática tropeira. Quando um animal tinha feridas no corpo, era bicheira. Nos cascos, era broca.
Um embornal era sacola usada para levar caldeirão de comida e cabaças com água e café. Uma bruaca era uma sacola grande de couro que usavam para transportar utensílios de uma comitiva.
Por falar em comitiva, é também uma palavra de origem tropeira, que é um grupo formado por peões de boiadeiros, capataz, chaveiros, culatreiro, ponteiro, meeiros e cozinheiro. Além de condutores de boiadas, os peões de boiadeiros eram amansadores de burros.
Herança tropeira
A herança dos costumes e modos dos tropeiros deixadas ao longo de mais de 300 anos, são extensas e não dá para enumerar todas, mas com certeza, fazem parte do dia a dia dos estados brasileiros onde tiveram a presença de tropas, nos séculos XVI, XVII, XVIII, XIX e início do século XX.
A presença da cultura caipira bandeirante e principalmente tropeira, influenciou nos costumes, modos, tradições, religiosidade e identidade mineira, devido a presença maciça e constante de tropeiros e bandeirantes, vindos de norte a sul, de leste a oeste do Brasil, durante o Ciclo do Ouro.
A presença da cultura caipira bandeirante e principalmente tropeira, influenciou nos costumes, modos, tradições, religiosidade e identidade mineira, devido a presença maciça e constante de tropeiros e bandeirantes, vindos de norte a sul, de leste a oeste do Brasil, durante o Ciclo do Ouro.
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