(Por Arnaldo Silva) A cidade de Ponte Nova, na Zona da Mata, tem origens no século XVIII, surgindo como povoamento em 12 de dezembro de 1770, às margens do rio Piranga. Com seu crescimento, foi elevada a freguesia, vila e por fim à cidade emancipada em 30 de outubro de 1866. É uma cidade de grande valor histórico e cultural para Minas Gerais. Está a 180 km de Belo Horizonte e faz limites territoriais com Santa Cruz do Escalvado, Urucânia, Oratórios, Amparo da Serra, Teixeiras, Guaraciaba, Acaiaca, Barra Longa e Rio Doce. Segundo último Censo do IBGE, Ponte Nova conta com 57.776 habitantes. (fotografia acima e abaixo de Fabinho Augusto, a vista parcial de Ponte Nova)
Cidade com boa estrutura urbana, com bons hotéis, pousadas e restaurantes com comida típica, conta com um comércio bem variado, um bom setor de serviços e facilidades de acesso, já que a cidade é corta por várias rodovias estaduais como a MG-066, MG-262, MG-326, MG-329, e também pela BR-120. Sua economia tem como base o comércio, setor de serviços, pequenas e médias indústrias que atuam em diversos ramos industriais como alimentício, têxtil, automobilístico, farmacêutico, eletrônico, dentro outros. Outro setor econômico de grande importância para a cidade é a agropecuária com destaque para a agricultura familiar, suinocultura, pecuária leiteira e de corte.
Município de terras férteis, é banhado pelo rio Piranga e conta com vários pontos turísticos naturais com matas nativas, córregos e rios que formam cachoeiras de águas cristalinas.
Ponte Nova faz parte do Circuito Turístico Montanhas e Fé, além de ser integrante do Programa de Regionalização do Turismo do Estado de Minas Gerais. Por sua origem histórica, Ponte Nova está ainda na área de influência da Estrada Real e da Rota Imperial, a antiga Estrada São Pedro de Alcântara. (na foto acima do Fabinho Augusto, ponte férrea sobre o rio Piranga em Ponte Nova) Além disso, a cidade se destaca em Minas pela sua culinária típica, principalmente seus doces caseiros e belos casarões rurais centenários. (fotografias acima de Fabinho Augusto) Ponte Nova conta com vários atrativos naturais e urbanos como a belíssima Matriz de São Sebastião com seus belíssimos casarões em seu entorno (na foto acima do Fabinho Augusto). Além disso, na parte central da cidade, podemos admirar belas construções do início do século XX, em estilo eclético (na foto acima de Fabinho Augusto).
Tem ainda as praças Getúlio Vargas e Dom Helvécio, o Parque Passa Cinco, a Capela Dom Bosco, a Praça das Palmeiras, o Pesque e Pague Sombrio, o Esporte Clube Palmeirense, a Igreja de São Pedro, o Clube AABB, a Rodoviária, o Rio Piranga, a Capela Vau Açu, a Pista de skate, a Cachoeira do Vau Açu, a Casa da Família Monte, a Estação Ferroviária, a Cachoeira da Sesmaria, o Mirante Alto do C.D.I., o Cemitério dos Escravos e o Parque Ecológico Municipal Tancredo Neves, na foto abaixo do Sérgio Mourão/@encantosdeminas.
Sem contar as festividades culturais e religiosas durante o ano como Semana Santa, Corpus Christi, Festa do Rosário, Folia de Reis, Festas Juninas, Carnaval e os festejos de aniversário da cidade.
O Cemitério dos Escravos de Ponte Nova
Construído no início do século XIX, o Cemitério dos Escravos está localizado em terras da Fazenda da Urtiga, que pertenceu a Manoel Ignácio, o Barão do Pontal. Natural do Minho, em Portugal, Manoel Ignácio nasceu em 1781, vindo para o Brasil em 1806. Atuando como produtor rural e comerciante na região de Ponte Nova, era muito influente e proprietário de um grande número de escravos. Em 1841, recebeu o título de Barão pelo Imperador Dom Pedro II. Em homenagem à sua propriedade, que ficava em um pontal às margens do rio Piranga, passou a ser chamado, por vontade próprio de Barão do Pontal. Faleceu e foi sepultado em seu cemitério particular, em sua própria fazenda. (na foto acima do Duva Brunelli, as proximidades do Cemitério dos Escravos)
Em sua propriedade, foi criado um cemitério para sepultamentos de seus escravos, devido à sociedade à época não permitir sepultamentos de negros em cemitérios de brancos. É um cemitério com características bem simples, com cerca de 800 m², cercado por um muro de pedras e estruturas em cantaria, que são blocos de rochas talhadas em ferramentas rústicas, pelos próprios escravos, além de uma cruz de madeira ao centro. (nas fotos acima e abaixo do Duva Brunelli, a murada externa do Cemitério dos Escravos)
Os escravos eram enterrados neste cemitério até a abolição da Escravidão no Brasil, em 1888. A partir desse ano, os negros passaram a ser sepultados nos cemitérios dos distritos de Pontal e Chopotó, pertencentes a Ponte Nova. O Cemitério dos Escravos da Fazenda Urtiga é hoje uma parte da história da Escravidão no Brasil. É um bem tombado como patrimônio do município e um dos pontos de visitação.
Embora pareça estranho um cemitério como bem tombado e atrativo de uma cidade não é um local de contemplação e sim, reflexão. Mas não uma reflexão sobre a vida e a morte, mas sim, sobre a vida de quem lá está sepultado. (foto acima e abaixo do Duva Brunelli, o interior do cemitério)
Eram seres humanos retirados à força de suas terras e famílias na África, e trazidos para o Brasil para trabalharem como escravos. Vítimas de sofrimentos e humilhações diversas, levaram para a sepultura as marcas de mais de 400 anos de escravidão no Brasil.
Marcas que nos levam a não esquecê-los e atender suas últimas vontades que era de manter vivas suas memórias e histórias. Vontades essas que os próprios escravos deixaram em vestígios encontrados no entorno de suas sepulturas.