Os bandeirantes, principalmente os capitães das bandeiras eram formados em sua maioria por descendentes da primeira e segunda geração de portugueses e outros povos que vieram para o Brasil no início do descobrindo, se instalando em São Paulo.
Inicialmente atuavam na captura de índios para escravizá-los ou eliminá-los, na destruição de quilombos e mapeamento de territórios na busca de prata, ouro e diamantes. Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, os bandeirantes e suas bandeiras passaram a atuar como mineradores e suas bandeiras, como se fosse uma empresa de mineração. (imagem acima de morador de Rio das Mortes, distrito de São João Del Rei MG, feita por Lucas Carvalho/@elclucas)
Inicialmente atuavam na captura de índios para escravizá-los ou eliminá-los, na destruição de quilombos e mapeamento de territórios na busca de prata, ouro e diamantes. Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, os bandeirantes e suas bandeiras passaram a atuar como mineradores e suas bandeiras, como se fosse uma empresa de mineração. (imagem acima de morador de Rio das Mortes, distrito de São João Del Rei MG, feita por Lucas Carvalho/@elclucas)
O início da Paulistânia Caipira
Na medida que ia entrando pelas matas e abrindo espaço para passagem, começaram a ultrapassar as fronteiras da capitania. Começa assim a influência paulistas nos territórios nas divisas de São Paulo, formando assim uma região geográfica de influência bandeirante, em termos culturais, sociais, históricos, gastronômicos e claro, de expansão domínio territorial. (foto acima de Lucas Carvalho/@elclucas em Rio das Mortes, distrito de São João Del Rei MG)
Essa região geográfica compreendia o estado de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná e Minas Gerais, principal no Sul de Minas, Triângulo Mineiro e Região Central que compreende o Oeste Mineiro, Centro-Oeste Mineiro e o Quadrilátero Ferrífero, principal região de mineração em Minas Gerais, desde os tempos do Ciclo do Ouro.
Essa região geográfica compreendia o estado de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná e Minas Gerais, principal no Sul de Minas, Triângulo Mineiro e Região Central que compreende o Oeste Mineiro, Centro-Oeste Mineiro e o Quadrilátero Ferrífero, principal região de mineração em Minas Gerais, desde os tempos do Ciclo do Ouro.
São regiões de influência de sertanistas, bandeirantes e de forte presença tropeira, principalmente em Minas Gerais. Com a descoberta de ouro em Minas, a migração de bandeirantes e suas bandeiras, além da presença constante e crescente de tropeiros, trouxe e solidificou em Minas Gerais a cultura e estilo de vida Caipira a partir de meados do século XVII, se intensificado a partir de meados do século XVIII. (na tela acima do artista plástico mineiro Rui de Paula, retrata descanso de tropeiros em Ouro Preto MG)
A região da Paulistânia
A nominação da influência bandeirante e sertanista nesta região é chamada de Paulistânia. O topônimo tem originem no nome Paulo + o sufixo latino “ista” que é a definição do povo originário de São Paulo + “ia” do latim que significa “terra”. Ou seja, “terra dos paulistas”, por isso o termo Paulistânia.
Esse termo segue a mesma ideia, por exemplo de outros povos expansionistas como Germânia, “Terra dos Germanos”, Luzitânia, “Terra dos Lusitanos”, etc. Esse nome surgiu na época de expansão da influência dos domínios paulistas além das divisas da antiga Capitania de São Vicente, se tornando em constante e em grande número em Minas Gerais, a partir da descoberta de ouro.
O que é a Paulistânia
A Paulistânia não era apenas uma expansão territorial da influência paulista no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, mas a expansão de uma cultura, de um estilo de vida, gastronomia, tecnologia agrária, mineração, linguajar, vestimenta e estilo musical.
O estilo caipira não é o estilo sertanejo
Vale frisar que o estilo caipira não tem nada a ver com estilo sertanejo, embora todos pensam que são a mesma coisa.
A região da Paulistânia
A nominação da influência bandeirante e sertanista nesta região é chamada de Paulistânia. O topônimo tem originem no nome Paulo + o sufixo latino “ista” que é a definição do povo originário de São Paulo + “ia” do latim que significa “terra”. Ou seja, “terra dos paulistas”, por isso o termo Paulistânia.
Esse termo segue a mesma ideia, por exemplo de outros povos expansionistas como Germânia, “Terra dos Germanos”, Luzitânia, “Terra dos Lusitanos”, etc. Esse nome surgiu na época de expansão da influência dos domínios paulistas além das divisas da antiga Capitania de São Vicente, se tornando em constante e em grande número em Minas Gerais, a partir da descoberta de ouro.
O que é a Paulistânia
A Paulistânia não era apenas uma expansão territorial da influência paulista no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, mas a expansão de uma cultura, de um estilo de vida, gastronomia, tecnologia agrária, mineração, linguajar, vestimenta e estilo musical.
O estilo caipira não é o estilo sertanejo
Vale frisar que o estilo caipira não tem nada a ver com estilo sertanejo, embora todos pensam que são a mesma coisa.
Embora a região tenha recebido a partir de meados do século XVIII e XIX a presença de bandeirantes e tropeiros, que ampliaram a influência Paulistânia na região, foi a partir do início do século XX, com a politica de abertura de estradas e povoamento do Governo que o estilo sertanejo começou a se solidificar como região cultural, quando a região, principalmente Goiás e o Planalto Central, passou a receber um fluxo migratório enorme de mineiros. (fotografia acima de Arnaldo Silva em Bom Despacho MG)
Em termos de cultura, estilo de vida e tradição, o estilo caipira e sertanejo tem muitas diferenças. O estilo sertanejo reflete a cultura e tradição dos povos originários do Centro-Oeste do Brasil e não do caipira tradicional de São Paulo e Minas Gerais, formado entre os séculos XVI, XVII e XVIII, bem antes do surgimento do sertanejo como cultura própria do Centro Oeste Brasileiro.
Nem todo caipira é um caiçara
Outro erro é referir-se ao caipira em geral como caiçara. Não é, e nem pode. Isso porque o caiçara é um povo formado pela miscigenação de portugueses, africanos e indígenas do litoral de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Os caiçaras viviam da pesca litorânea e devido a influência da Paulistânia em suas origens, incorporaram ao seu estilo de vida a cultura caipira. Ou seja, o caipira mineiro não é caiçara, não temos litoral em Minas Gerais. A influência da Paulistânia caipira entre os caiçaras se estendia de Paraty até a faixa litorânea do Paraná.
Caipira e Caiçara são culturas regionais diferentes, não apenas na música mas na sua origem e estilos de vida.
Caipira com estilo próprio
Em termos de cultura, estilo de vida e tradição, o estilo caipira e sertanejo tem muitas diferenças. O estilo sertanejo reflete a cultura e tradição dos povos originários do Centro-Oeste do Brasil e não do caipira tradicional de São Paulo e Minas Gerais, formado entre os séculos XVI, XVII e XVIII, bem antes do surgimento do sertanejo como cultura própria do Centro Oeste Brasileiro.
Nem todo caipira é um caiçara
Outro erro é referir-se ao caipira em geral como caiçara. Não é, e nem pode. Isso porque o caiçara é um povo formado pela miscigenação de portugueses, africanos e indígenas do litoral de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Os caiçaras viviam da pesca litorânea e devido a influência da Paulistânia em suas origens, incorporaram ao seu estilo de vida a cultura caipira. Ou seja, o caipira mineiro não é caiçara, não temos litoral em Minas Gerais. A influência da Paulistânia caipira entre os caiçaras se estendia de Paraty até a faixa litorânea do Paraná.
Caipira e Caiçara são culturas regionais diferentes, não apenas na música mas na sua origem e estilos de vida.
Caipira com estilo próprio
Em Minas Gerais a Paulistânia Caipira passou a ser apenas Caipira, isso porque não houve a aculturação completa da cultura caipira original paulista entre os mineiros, devido a forte identidade mineira, avessa a mudanças radicais desde suas origens. (foto acima de Lucas Carvalho/@elclucas em Rio das Mortes, distrito de São João Del Rei MG)
O mineiro preservou sua fala, sotaque, dialeto, tradições, vestimentas, culinária, dança, música, religiosidade e também sua arquitetura caipira, diferente da arquitetura caipira paulista. Ou seja, o caipira mineiro é diferente do caipira paulista. Mesmo sendo a mesma região de influência, em Minas Gerais prevaleceu o estilo caipira próprio.
Ao contrário até do próprio estilo da caipira paulista, que recebeu forte influência da cultura europeia, com a chegada de imigrantes à São Paulo a partir de meados do século XIX, principalmente de italianos. A imigração europeia em Minas foi em menor proporção, em relação a São Paulo, por isso a influência europeia na cultura caipira, gastronômica, social, econômica e cultural mineira foi pequena.
Isso porque a influência do estilo caipira não se refere apenas ao modo de falar e vestir do povo das regiões de influência da Paulistânia, mas também na moradia, na religiosidade na ligação do caipira com comunidade em seu redor, na culinária, nos ritmos musicais, no estilo único das moradias caipiras. Essas são as bases da cultura caipira que se manteve intacta em Minas Gerais, devido a pouca presença de imigrantes, se mantendo a tradição da miscigenação portuguesa, africana e indígena originais nas tradições caipira mineira.
A influência caipira na música mineira
O mineiro preservou sua fala, sotaque, dialeto, tradições, vestimentas, culinária, dança, música, religiosidade e também sua arquitetura caipira, diferente da arquitetura caipira paulista. Ou seja, o caipira mineiro é diferente do caipira paulista. Mesmo sendo a mesma região de influência, em Minas Gerais prevaleceu o estilo caipira próprio.
Ao contrário até do próprio estilo da caipira paulista, que recebeu forte influência da cultura europeia, com a chegada de imigrantes à São Paulo a partir de meados do século XIX, principalmente de italianos. A imigração europeia em Minas foi em menor proporção, em relação a São Paulo, por isso a influência europeia na cultura caipira, gastronômica, social, econômica e cultural mineira foi pequena.
Isso porque a influência do estilo caipira não se refere apenas ao modo de falar e vestir do povo das regiões de influência da Paulistânia, mas também na moradia, na religiosidade na ligação do caipira com comunidade em seu redor, na culinária, nos ritmos musicais, no estilo único das moradias caipiras. Essas são as bases da cultura caipira que se manteve intacta em Minas Gerais, devido a pouca presença de imigrantes, se mantendo a tradição da miscigenação portuguesa, africana e indígena originais nas tradições caipira mineira.
A influência caipira na música mineira
Em termos de música, a música tradicional caipira continua do mesmo jeito como surgiu. Vale frisar mais uma vez que música caipira não é a música sertaneja do Centro Oeste do Brasil. São estilos e origens diferentes. (fotografia de Lucas Carvalho/@elclucas em São João Del Rei MG)
A música sertaneja hoje é chamada de Sertanejo Universitário, devido a evolução natural desse estilo musical, desde sua origem. Já a música caipira, continua sendo música caipira, não tem evolução. Ou seja, a música sertaneja atual não é a sucessora e muito menos evolução da música caipira. Música sertaneja é música sertaneja e música caipira é música caipira, são estilos e características diferentes. Simples assim.
O que difere a música sertaneja e a caipira são os instrumentos, o estilo de voz e os ritmos. Enquanto o sertanejo evoluiu para segunda voz, uso de instrumentos não tradicionais como baterias, teclados, guitarras e composições românticas, a música caipira preserva a originalidade em seus ritmos e nas composições musicais, que retrata a vida do caipira, de suas tradições, sotaques e religiosidades, além de preservar seus vários ritmos musicais.
Em Minas Gerais os ritmos caipiras são preservados em sua origem, desde a influência Paulistânia em Minas Gerais no século XVIII e XIX.
São ritmos caipiras presentes até os dias de hoje em Minas Gerais da mesma forma como em sua origem: a moda de viola; o arrasta-pé, dança de São Gonçalo, querumana, cana-verde, caiapó, recortado mineiro, cururu, toada, catira, cateretê mineiro, curraleira, inhuma, batuque de viola, batuque, fandango mineiro, mangagá, vai de roda, pau de fitas, xote, ludovina, catrumano, ladainha, quatro, lundu, moçambique, congo, seresta, e cantigas de roda. Esses são os ritmos caipiras preservados em Minas, nas outras regiões de influência Paulistânia existem outros ritmos e estilos musicais caipiras preservados, de acordo com a região,
Além disso tem os folguedos presentes não só em Minas mas nos estados e regiões de influência da Paulistânia como a Folia de Reis, o Congado, as Cavalhadas, as músicas dos festejos da Festa do Divino, Festa de São Gonçalo, Festa de São João, Festa de São Benedito, Festa da Santa Cruz e Festa de Santo Antônio.
São esses os ritmos e estilos da música caipira mineira, com origens nos séculos XVIII e XIX. Isso porque os ritmos musicais da influência da Paulistânia são diferentes nos estados de influência regional, como por exemplo, os ritmos musicais paulistas e mineiros são diferentes, embora sejam ritmos caipiras.
Orgulho de ser caipira
A música sertaneja hoje é chamada de Sertanejo Universitário, devido a evolução natural desse estilo musical, desde sua origem. Já a música caipira, continua sendo música caipira, não tem evolução. Ou seja, a música sertaneja atual não é a sucessora e muito menos evolução da música caipira. Música sertaneja é música sertaneja e música caipira é música caipira, são estilos e características diferentes. Simples assim.
O que difere a música sertaneja e a caipira são os instrumentos, o estilo de voz e os ritmos. Enquanto o sertanejo evoluiu para segunda voz, uso de instrumentos não tradicionais como baterias, teclados, guitarras e composições românticas, a música caipira preserva a originalidade em seus ritmos e nas composições musicais, que retrata a vida do caipira, de suas tradições, sotaques e religiosidades, além de preservar seus vários ritmos musicais.
Em Minas Gerais os ritmos caipiras são preservados em sua origem, desde a influência Paulistânia em Minas Gerais no século XVIII e XIX.
São ritmos caipiras presentes até os dias de hoje em Minas Gerais da mesma forma como em sua origem: a moda de viola; o arrasta-pé, dança de São Gonçalo, querumana, cana-verde, caiapó, recortado mineiro, cururu, toada, catira, cateretê mineiro, curraleira, inhuma, batuque de viola, batuque, fandango mineiro, mangagá, vai de roda, pau de fitas, xote, ludovina, catrumano, ladainha, quatro, lundu, moçambique, congo, seresta, e cantigas de roda. Esses são os ritmos caipiras preservados em Minas, nas outras regiões de influência Paulistânia existem outros ritmos e estilos musicais caipiras preservados, de acordo com a região,
Além disso tem os folguedos presentes não só em Minas mas nos estados e regiões de influência da Paulistânia como a Folia de Reis, o Congado, as Cavalhadas, as músicas dos festejos da Festa do Divino, Festa de São Gonçalo, Festa de São João, Festa de São Benedito, Festa da Santa Cruz e Festa de Santo Antônio.
São esses os ritmos e estilos da música caipira mineira, com origens nos séculos XVIII e XIX. Isso porque os ritmos musicais da influência da Paulistânia são diferentes nos estados de influência regional, como por exemplo, os ritmos musicais paulistas e mineiros são diferentes, embora sejam ritmos caipiras.
Orgulho de ser caipira
O conceito errado disseminado a partir de meados do século XX do que é a cultura caipira, foi baseada no personagem Jeca Tatu de Monteiro Lobato, posteriormente caracterizado na telona nos filmes de Mazzaropi. (foto acima de Lucas Carvalho em Rio das Mortes, distrito de São João Del Rei MG)
O artista paulista era descendente de italiano e se inspirou no personagem de Monteiro Lobato e no estilo de vida do caipira paulista do interior de São Paulo, na região em que vivia, Taubaté.
Mazzaropi apresentava o caipira do interior como sendo um tipo ingênuo, chegando a ser bobo, rude, rústico, desajeitado, usando roupas, botas e chapéu surrados, vivendo isolado em uma tapera velha e sotaque bem diferente dos que viviam nas cidades. Isso gerou conceito errado de que o caipira em si, era igual ao Jeca. Essa caracterização da literatura e cinema, além de promover uma ridicularização do caipira nas cidades grandes, dava a entender pelas elites, que este estilo de vida, era uma vida de atraso cultural, econômico e social.
Ao mesmo tempo outros estilos de vida regionais, como o sertanejo e gaúcho eram manifestados com orgulho, tanto na música, na culinária, na vestimenta e no sotaque. Ao contrário do caipira, que se envergonhava de seu estilo e música, devido à visão urbana errada do que é ser caipira.
Realidade que começou a mudar a partir das últimas décadas do século passado diante da tecnologia e facilidades de comunicação, acesso a educação básica e superior, que passou a aproximar as pessoas de suas realidades, modificando e acabando com esses conceitos, preconceitos e entendimentos errados sobre a cultura caipira. Além da própria consciência do caipira em valorizar sua identidade e origem caipira roceira.
Hoje, morar no interior, na roça, vestir-se e falar como caipira não tem mais o sentido pejorativo do século passado, muito pelo contrário, hoje é normal a manifestação de sotaques, do modo de vida caipira, da cozinha com fogão a lenha. Antes era atraso, hoje restaurantes finos tem fogão a lenha, fornos de barro nas grandes cidades e inclusive em construções que retratam as típicas casas caipiras, além de ornamentações que lembram a vida do povo caipira.
Além disso, as rádios das grandes cidades tocam música caipiras ao longo de sua programação. Antes eram apenas rádios AM que tinham programação de música caipira e ainda assim, de madrugada.
Ser do interior hoje é entendido como estilo e qualidade de vida saudável, valorização das tradições e identidades locais. É chique!
O caipira hoje não se envergonha do seu sotaque, da sua cidade, de seu estilo de vida, da sua cozinha com fogão a lenha, de morar, ser, viver e vestir-se como caipira, ao contrário, se antes era vergonha falar e ser caipira, hoje é motivo de orgulho.
Ser caipira mineiro é falar, sentir e viver o estilo caipira em sua vida. É se orgulhar de suas origens roceiras, de sua música, seu jeito de falar e vestir-se, de sua casa simples, em estilo colonial, com fogão a lenha e forno de barro.
O artista paulista era descendente de italiano e se inspirou no personagem de Monteiro Lobato e no estilo de vida do caipira paulista do interior de São Paulo, na região em que vivia, Taubaté.
Mazzaropi apresentava o caipira do interior como sendo um tipo ingênuo, chegando a ser bobo, rude, rústico, desajeitado, usando roupas, botas e chapéu surrados, vivendo isolado em uma tapera velha e sotaque bem diferente dos que viviam nas cidades. Isso gerou conceito errado de que o caipira em si, era igual ao Jeca. Essa caracterização da literatura e cinema, além de promover uma ridicularização do caipira nas cidades grandes, dava a entender pelas elites, que este estilo de vida, era uma vida de atraso cultural, econômico e social.
Ao mesmo tempo outros estilos de vida regionais, como o sertanejo e gaúcho eram manifestados com orgulho, tanto na música, na culinária, na vestimenta e no sotaque. Ao contrário do caipira, que se envergonhava de seu estilo e música, devido à visão urbana errada do que é ser caipira.
Realidade que começou a mudar a partir das últimas décadas do século passado diante da tecnologia e facilidades de comunicação, acesso a educação básica e superior, que passou a aproximar as pessoas de suas realidades, modificando e acabando com esses conceitos, preconceitos e entendimentos errados sobre a cultura caipira. Além da própria consciência do caipira em valorizar sua identidade e origem caipira roceira.
Hoje, morar no interior, na roça, vestir-se e falar como caipira não tem mais o sentido pejorativo do século passado, muito pelo contrário, hoje é normal a manifestação de sotaques, do modo de vida caipira, da cozinha com fogão a lenha. Antes era atraso, hoje restaurantes finos tem fogão a lenha, fornos de barro nas grandes cidades e inclusive em construções que retratam as típicas casas caipiras, além de ornamentações que lembram a vida do povo caipira.
Além disso, as rádios das grandes cidades tocam música caipiras ao longo de sua programação. Antes eram apenas rádios AM que tinham programação de música caipira e ainda assim, de madrugada.
Ser do interior hoje é entendido como estilo e qualidade de vida saudável, valorização das tradições e identidades locais. É chique!
O caipira hoje não se envergonha do seu sotaque, da sua cidade, de seu estilo de vida, da sua cozinha com fogão a lenha, de morar, ser, viver e vestir-se como caipira, ao contrário, se antes era vergonha falar e ser caipira, hoje é motivo de orgulho.
Ser caipira mineiro é falar, sentir e viver o estilo caipira em sua vida. É se orgulhar de suas origens roceiras, de sua música, seu jeito de falar e vestir-se, de sua casa simples, em estilo colonial, com fogão a lenha e forno de barro.
Calça larga, bota, espora, camisa com peito aberto, cinturão, chapéu de couro, uma viola nas costas e fala mansa e rápida, com seu sotaque típico, que é diferente de falar errado por falta de conhecimento da língua portuguesa. Sotaque é uma coisa, falar errado é outra coisa.
Uai sô, isso é ser caipira mineiro e com orgulho sim senhor!
Uai sô, isso é ser caipira mineiro e com orgulho sim senhor!
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