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terça-feira, 11 de outubro de 2022

A Casa do Inconfidente Gonzaga e a Igreja de São Francisco de Assis

(Por Arnaldo Silva) Tomaz Antônio Gonzaga (Miragaia, Porto, 11/08/1744 – Ilha de Moçambique, 1810). Foi um dos grandes nomes da Inconfidência Mineira, movimento precursor do processo de Independência do Brasil.
          Jurista, poeta e ativista político, Gonzaga se destacou na literatura brasileira por várias obras como Tratado de Direito Natural, Cartas Chilenas e principalmente, Marília de Dirceu. Usando o pseudônimo arcádico de Dirceu, inspirou-se em sua amada, Dorotéa Joaquina de Seixas, a Marília de Dirceu, para escrever uma das mais belas histórias de amor das alterosas mineiras. A obra foi publicada em três. A primeira parte em 1792, a segunda em e a terceira parte, publicada em 1812, mas que não foi escrita Tomaz Antônio Gonzaga, já que já tinha falecido dois anos antes, no degredo, na África. (na fotografia acima de Elvira Nascimento, o interior da casa de Tomaz Antônio Gonzaga em Ouro Preto e a igreja de São Francisco de Assis, vista da sacada da sala)
          Seus poemas seguiam o estilo árcade, escola literária que surgiu entre 1756 e 1825, na Europa. O nome do estilo árcade ou arcadismo, era em referência à região do Peloponeso, na Grécia Antiga, considerada ideal para inspiração poética, principalmente na exaltação e esteja ligado à natureza, com críticas à nobreza colonialista e ao clero. Por essa razão que os adeptos da escola arcadista optavam por escrever seus poemas usando pseudônimos camponeses gregos ou latinos. Tomaz Antônio Gonzaga usava o pseudônimo árcade de Dirceu e nomeou sua amada com o pseudônimo de Marília.
A casa de Gonzaga
          A Casa de Gonzaga é um imponente e luxuoso casarão, situado à rua Cláudio Manoel, 61, em frente a Igreja de São Francisco de Assisa, no Largo do Coimbra. É um dos lugares mais visitados em Ouro Preto. (Foto acima e abaixo de Arnaldo Silva, detalhes do quintal da Casa de Gonzaga. A foto abaixo mostra uma área tipo uma banheira)
          O casarão foi construído no século XVIII e abrigou inicialmente a Ouvidoria de Vila Rica. Os ouvidores residiam no imóvel e Tomaz Antônio Gonzaga viveu na imponente construção quando foi ouvidor-geral, entre 1782 a 1788.
De Ouvidor-Geral a Inconfidente degredado
          Ouvidor-geral era nomeado pela Coroa Portuguesa e era a autoridade máxima da Justiça na colônia. Era o intermediário entre os interesses da Coroa Portuguesa e os donatários de capitanias. Mesmo ocupando cargo de confiança na colônia, Tomaz Antônio Gonzaga juntou-se aos Inconfidentes, que lutavam contra a cobrança excessiva de impostos e queriam a independência política e econômica do Brasil. Os Inconfidentes chegaram a se reunir em sua própria casa.
          Descoberto, Tomaz Antônio Gonzaga perdeu o cargo, a moradia e a liberdade. Foi preso em 23 de maio de 1789 e condenado ao degredo perpétuo, em Moçambique, na África. Em Moçambique viveu até sua morte, em 1810, trabalhando como juiz de Alfândega.
Aberto ao público
          O casarão funcionou como ouvidoria, até a extinção do cargo de ouvidor, nas primeiras décadas do século XIX. Sediou a Chefatura de Polícia e atualmente é sede da Secretaria Municipal de Turismo, Indústria e Comércio de Ouro Preto. O local é aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 8 h às 18h, sábados, domingos e feriados, das 8h às 17h.
          O casarão, bem como a parte externa com jardins e uma bela vista para o bairro Antônio Dias, mostra o luxo e requinte das moradias da fidalguia da época, além claro, de ser um belo exemplar das construções coloniais portuguesas do século XVIII.
          Um dos cômodos de maior destaque do casarão é a sala de visitas (na foto acima de Elvira Nascimento). Das sacadas da sala temos uma vista magnífica da Igreja de São Francisco de Assis à frente, à esquerda, no alto, a Igreja de Santa Efigênia e ainda, da sacada, tem se a vista da casa onde vivia, o grande amor de Tomaz Antônio Gonzaga, sua amada Dorotéa Joaquina de Seixas, a Marília de Dirceu. 
A Igreja de São Francisco de Assis
          Projetada pelo Antônio Francisco Lisboa, o Mestre Aleijadinho, a pedido da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, teve seu início em 1771. Até sua conclusão, foram longos anos, tendo sido concluída totalmente e da forma que está, no final do século XIX e com manutenções, reformas e restaurações, ao longo do século XX. (na foto acima de Arnaldo Silva, a fachada da igreja, projetada pelo Mestre Aleijadinho)
          Durante todo esse período, a além dos entalhes e esculturas barrocas em pedra sabão e elementos decorativos em Rococó dos mestres Aleijadinho e Ataíde, presentes na fachada da igreja, decoração em relevo e a beleza impressionantes das talhas douradas, e pinturas em painéis e altar-mor desses dois grandes mestres, diversos outros artistas, marceneiros, carpinteiros, trabalhadores e artesãos, deram suas contribuições a construção da igreja ao longo de todo o período de sua construção. (na foto acima de Ane Souz, detalhes dos entalhes do Mestre Aleijadinho na fachada e abaixo, o interior da igreja, com as obras de Aleijadinho e painéis e pinturas de Ataíde no forro da nave e altar)
          A grandiosa obra do Mestre Aleijadinho e pinturas do Mestre Ataíde, é considerada um dos mais expoentes e belos exemplares da arte colonial brasileiro e um dos mais genuínos e autênticos exemplares do barroco mineiro. Por esse motivo, a obra prima que é a igreja é um bem nacional tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
          Além disso, a Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto MG é desde 2009, classificada como uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo. Além da Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto MG, completa a lista das sete a Fortaleza de Diu (Índia), a Fortaleza de Mazagão (Marrocos), a Basílica do Bom jesus de Goa (Índia), a Cidade Velha de Santiago (Cabo Verde), o Convento de São Francisco e Ordem Terceira (Salvador, Brasil) e a Igreja de São Paulo (Macau).
          A Igreja de São Francisco de Assis, bem como todo o Largo do Coimbra, onde a obra está localizada, é um dos mais tradicionais templos da fé ouro-pretana, principalmente durante as celebrações da Semana Santa, Corpus Christi, dia de São Roque em 16 de agosto e São Francisco de Assis em 4 de outubro, eventos católicos que atraem centenas de milhares de turistas à cidade, durante os dias das celebrações. (na foto acima da Ane Souz, tapetes de Corpus Christi, fotografado da sacada da Casa de Gonzaga)
          Além disso, são realizados no interior da igreja e em seu adro, concertos musicais, apresentação de corais e encenações teatrais ao longo do ano, como podem ver na foto acima do Peterson Bruschi.

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