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terça-feira, 31 de maio de 2022

Conheça a pequena Miraí: cidade onde nasceu Ataulfo Alves

(Por Arnaldo Silva) “Eu daria tudo que pudesse pra voltar aos tempos de criança... ai meu Deus, eu era tão feliz, no meu pequenino Miraí...” versos da música Meus tempos de Criança, composta por Ataulfo Alves (Miraí, 2/05/1909 – Rio de Janeiro, 20/04/1969), relembrando sua infância em sua terra natal, Miraí, cidade mineira da Zona da Mata, distante 300 km da capital.
          A música é uma pura poesia e nostalgia, onde o famoso compositor, música e sambista mineiro relembra sua infância em sua terra natal e afirma em seus versos: “Ai, meu Deus, eu era tão feliz, no meu pequenino Miraí”. (fotografia acima de Brunno Estevão/@brunno_7)
          A pequena Miraí, dos tempos de Ataulfo Alves, continua pequena. São 13.653 habitantes, segundo Censo 2022 do IBGE. E ainda, continua charmosa, tradicional, bem pacata e seu povo, acolhedor e hospitaleiro. É uma típica cidade do interior mineiro.
          O município faz divisa com Cataguases, Guidoval, Guiricema, Muriaé, Santana de Cataguases e São Sebastião da Vargem Alegre com acesso pela rodovia Rio Bahia.
Origem
          Região de terras férteis e água de qualidade propícia para pastagens e cultivo de café, foram os motivos para o grande número de à região, após o fim do Ciclo do Ouro em Minas Gerais, no início do século XIX. Vieram pessoas de Minas e de vários lugares do Brasil, junto com suas famílias, bens e ainda, com seus escravos. Com isso, foram surgindo vários arraiais na Zona da Mata Mineira, que hoje são cidades, como Miraí.
          A cidade de Miraí surgiu a partir de um arraial, formado em 1853, no século XIX, com o nome de Arraial do Brejo, às margens do Rio Muriaé, ocupando uma pequena parte da Fazenda Três Barras. (fotografia acima de Brunno Estevão/@brunno_7)
          Seguindo as tradições da época, o arraial em formação, foi dedicado a Santo Antônio, crescendo em torno da pequena ermida, construída em honra ao santo. Em 1883, seu nome foi mudando para Santo Antônio do Camapuã.
          Com a chegada da ferrovia à região, em 1895, a Freguesia de Santo Antônio do Camapuã, à época subordinada a Cataguases, passou a ser cortada pelo ramal da Estrada de Ferro Cataguazes (com z mesmo, a grafia da época) chamado de Mirahy (a grafia da época), no tupi significa “terra molhada”. Em 1903 Santo Antônio do Camapuã passa a adotar o nome do ramal e estação, Mirahy.
           O trem de ferro transportava passageiros e a produção agropecuária da região, contribuindo em muito para o desenvolvimento econômico e social da região. Vários distritos foram emancipados e elevados à cidade, entre eles, Miraí, emancipada em 7 de setembro de 1923.
Atrativos de Miraí
          A cidade é bem cuidada, seu casario e arquitetura são bastante atraentes, além de oferecer boa qualidade de vida a seus moradores. Possui um comércio variado, hotéis, pousadas e restaurantes com comidas típicas.
          A Igreja de Santo Antônio e a Casa Paroquial, na Praça Dr. Miguel Pereira (na foto acima e abaixo de Bruno Estevão/@brunno_7) e a Praça Santa Rita, são os destaques urbanos de Miraí.
          Além disso, a cidade conta com o Museu Chácara Dona Catarina, o Museu da Eletricidade, o Memorial Nanzita, o Memorial da Fundação Cristiano Varella, a Ponte Metálica, dentre outros, como atrativos urbanos.
          Em Miraí encontra-se diversas cachoeiras e belezas naturais de Mata Atlântica, além de uma efervescente atividade cultural e religiosa durante o ano como eventos religiosos como a Festa de Santo Antônio, a Semana Santa, Corpus Christi, o Natal, etc. e festas tradicionais como o Carnaval.
          Miraí realiza um dos melhores carnavais da Zona da Mata Mineira, além de realizar o Encontro Nacional de Motociclistas e o tradicional Festival de Samba e Petiscos, eventos tradicionais da região.

O biscoito de Minas feito de queijo - Receita tradicional

(Por Arnaldo Silva) Mineiro conserva suas tradições centenárias, por isso é reconhecido como um povo conservador e tradicionalista. Torce o nariz para qualquer tentativa de mudar suas tradições, principalmente gastronômicas.
          Os sabores da cozinha mineira é uma tradição passada por gerações. São saberes e fazeres preservados em sua forma original desde o final do século XVII, quando o que é hoje Minas Gerais começou a surgir. (fotografia acima de Arnaldo Silva)
          São heranças de nossa cozinha deixadas por nossas decavós, passadas para nossas eneavós, octavós, septavós, hexavós, pentavós, tetravós, trisavós, avós e por fim, deixadas por nossas mães, que transmitem o legado da tradição aos filhos, conservando assim todos os sabores, saberes e fazeres de nossa cozinha, em sua forma original.
          Passa-se anos, décadas e séculos. O tempo muda, as roupas mudam, a arquitetura muda, a vida, as pessoas mudam, a tecnologia dá lugar à rusticidade antiga, mas as receitas tradicionais mineiras continuam intocadas.
          Nada mudou nos sabores, saberes e fazeres da cozinha mineira. Nossos pratos, queijos e quitandas, são preservados em sua originalidade, feito da mesma forma que há 300 anos.
          Uma dessas receitas é o biscoito de queijo, tradicional em Minas Gerais desde o século XVIII. Naquela época as medidas tinham como base as cuias e cuinhas de cuité, hoje, xícaras, copos e colheres. O que facilita a exatidão dos ingredientes.
          Vamos agora à receita original do biscoito de queijo:
Ingredientes
. 750 gramas de queijo Minas meia cura ralado
. 6 copos (americano) de polvilho azedo
. 1 ½ xícara (chá) de leite
. 1 copo (americano) de banha de porco
. 2 a 3 ovos
. ½ xícara (chá) de água fria
. ½ xícara (chá) de água morna que é para dar o ponto da massa
. Sal a gosto
. Banha para untar ou se preferir, manteiga
Modo de preparo
- Coloque todo o queijo ralado numa vasilha, o polvilho e misture.
- Despeje apenas 1 xícara do leite e mexa novamente.
- Aqueça a banha e coloque o restante do leite com a água fria, o sal e deixe no fogo até ferver.
- Despeje sobre o polvilho e mexa com uma colher até a massa esfriar.
- Acrescente aos poucos os ovos e comece a sovar a massa.
- Acrescente a água morna aos poucos até a massa ficar firme e desgrudando das mãos. Se precisar, acrescente mais polvilho.
- Faça os moldes dos biscoitos em forma de palito, anel ou ferradura e coloque-os numa fôrma untada com banha ou manteiga e leve ao forno pré-aquecido a 200°C por 15 minutos.
- Após esse tempo, baixe um pouco a temperatura e deixe assando até que fiquem dourados.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Origem e receitas do angu mineiro

(Por Arnaldo Silva) Nativo da América Latina e largamente consumido no Brasil, o milho é um dos principais ingredientes da culinária mineira. Do milho se faz o fubá e do fubá se faz vários pratos típicos como bolos, broas, ensopados, biscoitos e principalmente, angu, indispensável como acompanhamento de pratos típicos de Minas Gerais.
          Muita gente pensa que o angu é de origem africana, mas não é. É indígena. A planta é nativa da América do Sul e largamente consumida por indígenas há milhares de anos. Comiam o milho assado, cozido ou em forma de mingau ou angu. (fotografia acima de Edson Borges de Felício dos Santos MG de de milho verde)
          O milho é uma das contribuições da culinária indígena aos pratos regionais, principalmente em Minas Gerais onde o milho e seus derivados são consumidos desde o final do século XVII, se popularizando no século XVIII, com a descoberta de ouro em Minas.
          O angu indígena era dado pelos portugueses aos escravos que comiam com angu, com feijão ou mesmo, acrescentavam miúdos de galinha, de boi e principalmente de porco ao angu.
Os colonizadores espanhóis e portugueses levaram o milho para a Europa e rapidamente se disseminou pelo Velho Continente, sendo incorporado a várias receitas europeias.
          Na Itália, o milho se popularizou ao ponto de originar um prato típico da gastronomia italiana. Inspirado no angu brasileiro, os italianos criaram a polenta.
Diferença de polenta e angu
          O angu tradicional é uma massa dura e grossa, feita com o milho verde ou o fubá. A polenta não, é mais cremosa e feita com farinha de milho.
          Entre angu e polenta, em comum está o milho, com apenas uma diferença. O Angu é feito com o milho verde ou o fubá e água. A polenta, com a farinha de milho, acompanhada ainda de molhos típicos italianos e parmesão.
          O angu foi para a Europa como angu e voltou para o Brasil como polenta, por mãos dos imigrantes italianos que para cá vieram a partir de meados do século XIX.
          Os dois são ótimos, mas em Minas Gerais angu é angu e é feito com milho verde fresco ou fubá e água. É assim desde os tempos antigos.
Angu mineiro
          Existem versões regionais de angu, mas o modo de preparo do angu mineiro é a mais tradicional. Usa apenas a água e o milho verde fresco ou o fubá.
          O angu com o milho verde fresco é mais cremoso e tem a cor amarelo brilhante. O feito com fubá, mais consistente e num amarelo mais escuro. (na foto acima do Edson Borges de Felício dos Santos, angu de milho verde fresco)
Receita do angu de fubá
Ingredientes
. 1 litros de água
. 250 gramas de fubá
Modo de preparo
- Dissolva o fubá com a água e leve ao fogo alto, mexendo sem parar.
- Quando começar a engrossar, baixe o fogo e continue mexendo até começar a se soltar do fundo.
Desligue, despeje em uma travessa. Pronto.(foto abaixo de Edson Borges de Felício dos Santos MG)
Receita do angu de milho verde fresco
Ingredientes
. 10 espigas de milho verde
. 700 ml de água
. 1 colher (café) de manteiga
Modo de preparo
- Debulhe e corte os grãos do milho, coloque no liquidificador com a água e bata.
- Coloque uma peneira fina sobre uma panela, despeje tudo e descarte o bagaço.
- Ligue o fogo, coloque a manteiga e mexa sem parar para não grudar na panela.
- Deixe no fogo por uns 20 minutos até ficar bem grosso.
          Por fim, despeje numa travessa e prontinho.
          Diferente, por exemplo, do angu baiano, que vem com miúdos e da polenta gaúcha, com molho, no angu mineiro não se mistura nada. O angu mineiro apenas acompanha pratos como o frango com quiabo, jiló, feijão, linguiça frita, dentre outros. (fotografia acima de Edson Borges de Felício dos Santos MG)
          Existe também o angu na versão doce.
Receita de angu doce
Ingredientes

. ½ litro de leite
. 5 colheres (sopa) de fubá
. 1 vidro de leite de coco
. 1 caixinha de leite condensado
. 3 colheres (sopa) de açúcar
Modo de preparo
- Dissolva o fubá no leite, acrescente a água de coco e leve ao fogo.
- Mexa e coloque o açúcar e leite condensado e deixe no fogo por uns 20 minutos, mexendo sempre até o angu engrossar e desgrudar 
- Pode servir quente ou frio.

A origem e a receita do frango ao molho pardo

(Por Arnaldo Silva) No século XVI, os portugueses que vieram para o Brasil trouxeram receitas de seus pratos preferidos. Entre esses pratos, está o frango à cabidela, prato típico do Norte de Portugal, na região do Minho.
          Tem esse nome por utilizar os miúdos retirados das extremidades do frango, cozido no sangue da própria ave, misturado com vinagre. O vinagre é para não coagular.
          Em Minas Gerais chegou no século XVIII, no início do Ciclo do Ouro, mas não da mesma forma do tradicional frango à Cabidela português, mas com versão própria.
          Do sangue do frango era feito um molho, misturado com o vinagre e acrescido de especiarias vindas da África e tempero mineiro, além de não usar os cabos dos miúdos e sim, todos os pedaços do frango.
          Com o cozimento, o molho e o frango adquirem uma com cor parda. Por isso o nome, frango ao molho pardo, desde o século XVIII um dos mais tradicionais pratos da culinária mineira.
          Agora a receita tradicional
Ingredientes:
. 1 frango inteiro cortado em pedaços, além do sangue colhido do animal
. ½ xícara (chá) de farinha de trigo
. 1 colher (sopa) de vinagre
. 2 dentes de alho
. 1 cebola média cortada em pedaços
. 1 copo (americano) de caldo de frango natural
. Orégano, louro e pimenta-do-reino a gosto
. Cheiro verde a gosto
. 1 xícara (chá) de banha de porco
. Sal a gosto
Modo de preparo:
- Coloque no liquidificador o caldo do frango, o louro, o sal, a pimenta-do-reino, o alho e a cebola e bata bem. Reserve.
- Numa panela grande, aqueça a banha do porco, coloque o frango e frite, mas sem deixar corar demais. Escorra e reserve.
- Coloque no liquidificador o sangue do animal, o vinagre, a farinha de trigo e bata.
- Despeje o frango que reservou em uma panela e todo o sangue batido.
- Deixe cozinhado por 15 minutos.
- Acrescente o caldo do frango batido com as especiarias, misture bastante e acerte o sal.
- Deixe no fogo até cozinhar bem.
Por fim, espalhe cheiro verde por cima e sirva acompanhado de angu.
Fotografias de autoria de Edson Borges em Felício dos Santos MG

domingo, 29 de maio de 2022

A origem e receita tradicional do arroz doce

(Por Arnaldo Silva) O arroz doce é um dos mais apreciados pratos em Minas Gerais. É tão tradicional que faz parte da gastronomia mineira, embora não seja um prato típico de Minas e nem do Brasil.
          O arroz é de origem asiática e o seu modo de preparo doce é tradição nos países asiáticos, principalmente na Índia e Tailândia. O arroz e suas variações no preparo, chegou ao Brasil com os portugueses no início da colonização e à Minas Gerais, no século XVIII. (fotografia acima de Sueli Santos de Dores do Indaiá MG)
          Em sua origem, o arroz doce é consumido de forma natural, arroz, leite e açúcar, ou acompanhado de fatias de frutas, como a manga. No Brasil, recebeu o acrescimento do leite condensado, no século XX.
          Em Minas Gerais o tradicional arroz doce branco não é muito popular e sim o moreno, uma tradição mineira. Isso porque o açúcar cristal, como conhecemos, não existia no século XVIII, devido a rusticidade do preparo do açúcar nos engenhos de cana. Era um açúcar escuro, conhecido por açúcar mascavo. O arroz ficava moreno escuro e também muito saboroso.
          Mesmo com o melhoramento da produção do açúcar nos engenhos na época e industrialização dos engenhos, com o açúcar ficando mais refinado e claro, os mineiros continuaram a preparar o arroz doce moreno. Virou tradição. Embora tem quem goste do arroz doce branco, o arroz doce moreno é o preferido dos mineiros. (foto abaixo de Sueli Santos em Dores do Indaiá MG)
          A receita tradicional do Arroz Doce é essa:
INGREDIENTES
. 2 xícaras (chá) de arroz branco
. 1 litro de leite integral
. 2 xícaras (chá) de água
. 2 xícaras (chá) de açúcar
. 1 pitada de sal
. Canela em pau a gosto
. Canela em pó para polvilhar
MODO DE PREPARO
- Coloque o leite numa panela grande e deixe no fogo até começar a ferver
- Nesse ponto, despeje toda a água e em seguida, as duas xícaras de arroz e pitada de sal, mexa e deixe cozinhando em fogo baixo.
- Acrescente todo o açúcar e mexa mais. (Se preferir o arroz doce moreno, dissolva o açúcar numa panela, coloque um pouco de água e despeje sobre o arroz e mexa).
- Deixe o arroz cozinhando em fogo baixo até começar a secar.
- Quando o arroz estiver cozido, desligue, espalhe sobre uma travessa e espalhe canela em pó. 
- Pode servir acompanhado de fatias de manga ou pêssego em calda. Como desejar.

A receita e a origem do frango com quiabo

(Por Arnaldo Silva) Acompanhado do angu, o frango com quiabo é uma das identidades gastronômicas de Minas Gerais. A origem desse prato remonta o século XIX. É a união 3 pratos em um só: o frango ensopado, introduzido na Colônia pelos portugueses, o fubá, de origem indígena e o quiabo, hortaliça nativa da África.
          Nessa época, esses três ingredientes já faziam parte da alimentação do povo mineiro e eram bem fáceis de serem encontrados. (fotografia acima de Edson Borges de Felício dos Santos)
          Quando o quiabo africano, começou a ser preparado junto com o frango ensopado português, acompanhado do angu grosso, apreciado pelos indígenas e posteriormente, também pelos africanos, passou a se tornar popular, a partir do século XIX, agradando a todos os tipos de paladares.
          Assim surgiu, no século XIX, um dos mais saborosos e tradicionais pratos típicos da cozinha mineira, o frango com quiabo e angu. (na foto acima de Edson Borges, angu de milho verde)
          Seu preparo é bem simples. O frango é dourado na gordura, acompanhado de tempero mineiro, cozido com ervas e especiarias facilmente encontradas nos quintais das fazendas e casas mineiras.
          O quiabo é preparado inicialmente separado. Somente após ser refogado e estiver sequinho, que é incorporado ao frango ensopado. Bem como o angu, que também é feito em separado. Usa-se apenas água e fubá e tem que ser grosso. (fotografia acima de Edson Borges de Felício dos Santos MG)
          Agora vamos aprender a preparar o frango com quiabo tradicional mineiro:
Ingredientes:
. 1 frango inteiro
. 1 litro de água fervendo
. 500 gramas de quiabo
. 3 dentes de alho amassados
. 3 colheres (sopa) de banha
. 1 cebola grande, cortada em rodelas
. 1 pimentão verde cortado em pedacinhos
. Sal a gosto
. Suco de 1 limão
. Cheiro verde a gosto
Modo de preparo
- Corte o frango em pedaço, retire a pele e a cabeça, lave e tempere com o alho, limão e sal
- Lave os quiabos, escorra-os até secarem e corte-os em pedaços grandes.
- Refogue na banha e sal, até começar a dourar. Desligue e reserve.
- Coloque a banha na panela, em seguida, doure a cebola e coloque todo o frango e mexa por uns 5 minutos.
- Após esse tempo, acrescente o quiabo que reservou e mexa, deixando mais 5 minutos no fogo.
- Acrescente a água fervida, mexa, acerte o sal e deixe no fogo cozinhado, até o frango ficar bem cozido.
- Por fim, coloque por cima o cheiro verde e sirva acompanhado de angu de fubá mimoso ou de milho verde fresco.

O tradicional doce de casca de laranja-da-terra

(Por Arnaldo Silva) O doce de casca de laranja-da-terra é um dos mais tradicionais da culinária mineira. Está presente nas cozinhas de Minas Gerais desde o início do século XVIII, quando da descoberta de ouro em Minas.
          O que poucos sabem que essa variedade de laranja não é nativa do Brasil, é asiática. Aliás, toda fruta cítrica tem origem no sudoeste do Himalaia, leste da Índia, norte de Myanmar e oeste de China, países asiáticos. Foram os portugueses que introduziram as frutas cítricas no Brasil. Na colônia, as variedades de cítricos se adaptaram muito bem, se disseminando por todo o Brasil. (fotografia acima de Arnaldo Silva/@arnaldosilva_oficial)
          A laranja da terra, uma as variedades da laranja, chegou à Minas Gerais bem no início do século XVIII. As sementes da variedade foram plantadas ao longo do trecho da estrada real, nos povoados e arraiais que foram se formando ao longo da estrada.
          Em sua origem, era chamada apenas de laranja. Como outras espécies de laranjas começaram a ser introduzidas na colônia, foram recebendo nomes para se diferenciarem uma das outras como laranja-baía, laranja-lima, laranja-pera, laranja natal, etc.
          A laranja-da-terra recebeu esse nome no século XIX por sua casca ser bastante rústica, grossa e com coloração mais escura quando bem maduras, semelhante a cor da terra, daí o nome. (fotografia acima da Nilza Leonel de Vargem Bonita MG da laranja-da-terra, ainda verde, no pé)
          A fruta é bastante ácida e não produz muito suco, como as outras espécies, mas de sua casca, originou-se um dos mais saborosos doces da culinária mineira, o doce de casca de laranja-da-terra.
          Preparar o doce requer muito tempo e paciência, mas o resultado final compensa (foto abaixo da Nilza Leonel em Vargem Bonita MG). Veja a receita:
INGREDIENTES
. 20 laranjas-da-terra
. 2 quilos de açúcar
. 1 pau de canela-em-pau
. Cravos-da-índia a gosto
MODO DE PREPARO
- Lave bem as laranjas e passe um ralinho fino na casa. A casca possui muitas cavidades e podem acumular poeira. (fotos acima da Lúcia Barcelos de Morrinhos GO)
- Corte as laranjas em forma de cruz, dividindo cada uma em quatros partes ou em duas partes, cortando-as ao meio, se preferir.
- Retire todo o miolo da laranjas e coloque as cascas em uma vasilha, deixando de molho por 3 dias, trocando a água a cada dia. Isso é para tirar o amargo da casca.
- Após esse tempo, coloque um pouco de água numa panela, todo o açúcar, o cravo e a canela e faça uma calda.
- Escorra bem as cascas da laranja e despeje todas as cascas na panela com a calda.
- Cozinhe em fogo alta, mexa e quando começar a ferver, baixe o fogo e deixe cozinhando lentamente, até que as cascas estejam macias e firmes.
          Por fim, espere esfriar e sirva acompanhada de um autêntico queijo mineiro.

sábado, 28 de maio de 2022

Juiz de Fora: a Manchester mineira

(Por Arnaldo Silva) Juiz de Fora, além de Manchester Mineira é também conhecida como a “Princesa de Minas”. A cidade conta atualmente com cerca de 540 mil habitantes, segundo o IBGE, em 2022. É o maior município da Zona da Mata Mineira, o quarto município mais populoso de Minas Gerais e o 36º mais populoso do Brasil.
          Está na sétima posição entre os 853 municípios mineiros, de acordo com Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM), medido pelas Organizações das Nações Unidas (ONU). Com índice de 0,778, considerado alto, Juiz de Fora está entre as 10 melhores cidades de Minas Gerais para se viver. (Fotografia acima de Brunno Estevão)
          Distante 283 km de Belo Horizonte e a 185 km do Rio de Janeiro, Juiz de Fora faz divisa com Santos Dumont, Ewbank da Câmara, Piau, Coronel Pacheco, Chácara, Bicas, Pequeri, Santana do Deserto, Matias Barbosa, Belmiro Braga, Santa Bárbara de Monte Verde, Lima Duarte, Pedro Teixeira e Bias Fortes.
          Sua área territorial total é de 1 429,875 km². Somente na parte urbana do município, são 317,740 km². A cidade é banhada diretamente pelo Rio Paraibuna (na foto acima de Márcia Valle/@marciavalle_at_), Rio Cágado e Rio do Peixe e seus afluentes, o Rio Monte Verde e o Rio Grão Mogol.
Origem
          Juiz de fora tem origens no Ciclo do Ouro, no século XVIII, quando foi aberto o Caminho Novo da Estrada Real a partir de 1707 que ligava Ouro Preto MG ao Porto do Rio de Janeiro. Nos trechos do Caminho Novo, povoados e arraiais foram se formando. Entre esses povoados e arraiais criados, está Santo Antônio do Paraibuna, formado em 1713, que deu origem ao que é hoje, Juiz de Fora.
          O desenvolvimento do arraial de Santo Antônio do Paraibuna começou de fato no início do século XIX, com a decadência da exploração mineral em Minas Gerais e o surgimento de uma nova riqueza, o café.
          Lugar de terras férteis, água de qualidade e clima ameno, propício para a cultura de café, a região da Zona da Mata Mineira começou a receber um grande fluxo de migrantes e imigrantes, após o fim do Ciclo do Ouro. Não demorou muito, o pequeno arraial de Santo Antônio do Paraibuna começou a crescer, ao ponto de ser elevado à distrito. 
          Inicialmente vinculado a Barbacena, desmembrou-se em 31 de maio de 1850, tornando-se cidade emancipada em 1856, com o nome de Cidade do Paraibuna. O nome atual, Juiz de Fora, passou a ser adotado em 1865. E a data de fundação da cidade é o dia de seu desmembramento de Barbacena, 31 de maio de 1850.
A Manchester Mineira
          
Nos áureos tempos da riqueza propiciada pelo café e seu pioneirismo na industrialização, Juiz de Fora prosperou ao ponto de ser comparada à cidade inglesa de Manchester, primeira cidade inglesa a desenvolver-se comercial e industrialmente. No caso, a comparação com Juiz de Fora se deve ao fato da cidade mineira ter sido a pioneira no desenvolvimento comercial e industrial em Minas Gerais. Por esse motivo, Juiz de Fora é também chamada de “Manchester Mineira”. (na foto acima de Tharlys Fabrício, vista noturna parcial de Juiz de Fora MG)
          A crise econômica de 1929, que afetou todo o mundo, atingiu em cheio os municípios mineiros produtores de café, principalmente Juiz de Fora. Foram décadas de estagnação econômica, até 1960, com a cidade se recuperando e voltando a se desenvolver.
          Se desenvolveu tanto ao ponto de ser o que é hoje, uma das mais desenvolvidas e industrializadas de Minas Gerais, com boa infraestrutura urbana, educação em todos os níveis, uma economia forte, agricultura e pecuária de ponta, setor de serviços de boa qualidade e um comércio bastante amplo e representativo em todos os setores.
          Com isso, a cidade exerce uma grande influência em Minas Gerais, principalmente na Zona da Mata e nas regiões Sul e Central do Rio de Janeiro, fazendo jus ao apelido que ganhou nas primeiras décadas do século XX, de “Manchester Mineira”.
Cultura e formação religiosa
          A cidade se desenvolveu, cresceu e ainda recebeu um grande número de imigrantes, principalmente italianos, alemães, árabes, libaneses, sírios, dentre outros povos, no século XIX e XX. Desses povos, juntamente com os antigos moradores, africanos, indígenas que habitavam a região e migrantes que vieram de outras regiões de Minas e do Brasil, formou-se a identidade cultural, social, econômica, arquitetônica, folclórica e religiosa de Juiz de Fora.
          Os povos que deram origem à Juiz de Fora, no século XIX, trouxeram seus costumes, tradições, cultura e suas crenças religiosas para a cidade como o protestantismo, catolicismo, metodismo, espiritismo, islamismo, catolicismo ortodoxo, além dos sírios que praticavam o Rito Bizantino, os libaneses, adeptos do Rito Maronita e árabes islâmicos. Esses três últimos povos se instalaram na cidade entre as décadas de 1950 e 1970.
          Esses povos contribuíram para o crescimento e desenvolvimento industrial e econômico de Juiz de Fora, deixando um pouco de sua religiosidade, cultura, arquitetura, tradições e costumes, presentes até os dias de hoje na cidade.
Fazendas e distritos
          Por sua história, passado e riqueza, Juiz de Fora guarda relíquias arquitetônicas dos tempos do Brasil Colônia, da época do auge do Ciclo do Café, além da beleza de sua arquitetura colonial do século XIX e da arquitetura eclética e neoclássica do século XX.
          Riquezas essas ainda visíveis nas belas fazendas centenárias na zona rural do município, muitas delas hoje, hotéis fazenda.(na foto acima de Márcia Valle/marciavalle_at_, fazenda em Juiz de Fora MG)
          Boa parte dessas fazendas e seus imponentes casarões podem ser vistos nos distritos juiz-foranos de Sarandira (na foto acima de Márcia Valle/@marciavalle_at_), Chapéu d'Uvas, Rosário de Minas, Humaitá, Torreões e Dias Tavares. (na foto abaixo a Estação Ferroviária de Dias Tavares, inaugurada em 1894, fotografada pelo Fabrício Cândido de dentro de uma cabine de trem de carga)
Estrutura urbana
          O município tem grande potencial turístico e uma excelente infraestrutura para eventos diversos e uma rede hoteleira e gastronômica de qualidade, além de dois aeroportos, o Aeroporto Francisco Álvares de Assis, inaugurado em 1958, a 7 km do centro da cidade e o Aeroporto Regional da Zona da Mata.
           Juiz de Fora conta ainda com uma boa malha ferroviária para transporte de carga e rodoviária, com acesso às rodovias federal como a BR-040 e BR-116. (fotografia acima de Tharlys Fabrício)
Atrativos Turísticos
          Entre seus atrativos turísticos destaca-se prédios históricos, em estilo colonial e eclético em sua área urbana, fazendas centenárias, trilhas, cachoeiras, rios, paisagens naturais, além da Represa João Penido, um dos maiores atrativos do município (na fotografia acima de Márcia Valle/@marciavalle_at_).
          Conta ainda com belas praças e parques como o Parque da Lajinha (na foto acima da Terezinha Ognibene), o Aeroclube de Juiz de Fora, inaugurado em 5 de março de 1938, e Memorial da República Presidente Itamar Franco.
          Um dos pontos turísticos mais atraentes de Juiz de Fora, a 923 metros de altitude, é o Morro do Imperador, conhecido ainda por Morro do Cristo e Morro da Liberdade. No Morro do Imperador, além do mirante e a espetacular vista da cidade, uma singela e centenária capela, se destaca (na foto acima de Brunno Estevão).
          No centro da cidade está uma das mais charmosas e atraentes ruas de Juiz de Fora, a Rua Halfeld. O nome é em homenagem ao engenheiro alemão Heinrich Wilhelm Ferdinand Halfeld, também conhecido como Henrique Guilherme Fernando Halfeld, (Clausthal-Zellerfeld, Reino de Hanôver, 23 de fevereiro de 1797 — Juiz de Fora, 22 de novembro de 1873 e sepultado no Cemitério Municipal de Juiz de Fora.
          Formado em Bergakademie Clausthal, Halfeld chegou ao Brasil em 1825, sendo o patriarca da família Halfeld no Brasil. Foi um dos fundadores de Juiz de Fora, idealizador de diversas estradas por Minas Gerais e Rio de Janeiro. Como exemplo, a Estrada do Paraibuna, que ligava Vila Rica, então capital de Minas Gerais a Paraibuna, na divisa com o Rio de Janeiro. Foi a partir dessa estrada, que novos povoados surgiram ou os que já existiam, cresceram e se tornaram cidades, como Juiz de Fora, por exemplo. (na foto acima do Marcelo Melo a arquitetura eclética do Centro de Juiz de Fora, com destaque para a fachada do Cine Theatro Municipal)
          A rua que homenageia o engenheiro alemão é mais importante de Juiz de Fora. Na Rua Halfeed concentra-se diversos bares, restaurantes, cafés, cinemas, a Câmara Municipal, galerias de lojas, o Edifício Clube Juiz de Fora, onde está o painel “Cavalinhos” de Cândido Portinari, coreto, parque infantil, centenárias árvores, o Parque Halfeld (na foto acima de Márcia Valle/@marciavalle_at_ a Igreja de São Sebastião com o Parque Halfeld), além do Cine-Theatro Central (na foto abaixo do Tharlys Fabrício).
          Inaugurado em 30 de março de 1929, o Cine-Theatro Central é um dos maiores atrativos de Juiz de Fora e um dos mais importantes palcos teatrais de Minas Gerais e também do Brasil se tornando um bem patrimônio nacional, tombado em 1996 pelo Patrimônio Histórico Nacional.
          Tem ainda a Usina de Marmelos, fundada pelo industrial Bernardo Mascarenhas. Inaugurada em 1889, foi a primeira usina hidrelétrica da América do Sul.
          Além de levar energia para indústrias fundadas no final do século XIX, a usina gerava energia pública. Antes de Marmelos, existiam pequenas usinas setorizadas no Brasil e América do Sul, que geravam energia para pequenas propriedades e pequenas indústrias, já Marmelos não, foi a primeira usina hidrelétrica na América do Sul a produzir energia em grande quantidade para indústrias e para iluminação pública.
          Juiz de Fora conta com shoppings, cinemas, 7 teatros, o Conservatório Público de Música, o Mercado Municipal, um variado e extenso comércio para todos os gostos e tipos.
          Cidade de fortes tradições culturais, desde sua origem, Juiz de Fora sedia o Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, diversos grupos de corais e bandas, várias orquestras, entidades e centros culturais, grupos de capoeira e teatros.
          Conta vários museus como o Museu Ferroviário, o Museu de Arte Murilo Mendes, Museu de Crédito Real, Museu Usina de Marmelos, Museu de Malacologia e o de Ciências da UFJF, o Museu de História Natural, o Museu Mariana Procópio, dentre outros.
         Além disso, conta com entidades culturais como a Academia de Poetas e Prosadores, O Espaço Cultural Banco do Brasil, o Centro de Música Sustenidos e Bemóis, o Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, a Corporação Musical Artistas Amadores da Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora e Sociedade de Belas Artes.
          Templos religiosos de diferentes denominações como islâmicos, espíritas, evangélicos e ortodoxos como exemplos a Igreja Melquita de São Jorge, no bairro Santa Helena, a Primeira Igreja Batista de Juiz de Fora e diversos  templos católicos como a Igreja de Nossa Senhora da Glória, a Catedral Metropolitana de Juiz de Fora, a Igreja do Rosário, de São Sebastião, e a Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro do Imperador (na foto acima do Jefferson Formigioni).
          Juiz de Fora se destaca também pelo seu artesanato, por sua gastronomia e pelo seu carnaval, um dos mais tradicionais e considerado, um dos melhores de Minas Gerais.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

15 Capitais de Minas Gerais - Parte II

(Por Arnaldo Silva) Essa é a segunda parte da série 30 "capitais de Minas Gerais". Foram 15 na primeira parte, completando 30, com a segunda parte.
          Belo Horizonte é a capital administrativa de Minas Gerais, mas em todas as 12 regiões mineiras, cidades se destacam como "capitais", não só de Minas Gerais, mas do Brasil e do mundo, que as torna referências nesses ramos. 
          Seguindo a ordem alfabética da parte I, apresentamos as outras 15 “capitais” de Minas Gerais, totalizando 30 importantes cidades mineiras, se destacando como "capitais" em diferentes atividades como na gastronomia, indústria, artesanato, cultura, confecções, religiosidade, bebidas, moda, carnaval, confecções, pedras preciosas, agricultura, pecuária, etc.
01 - Monte Sião - Capital da Moda, Tricô e das Porcelanas
          Cidade tradicional em Minas, dota de ótima estrutura urbana e qualidade de vida, Monte Sião fica no Sul de Minas, distante 470 km da Capital, Belo Horizonte. A cidade conta hoje com cerca de 24 mil habitantes. (fotografia de Marcos Pieroni)
          Com uma ótima rede gastronômica e hoteleira, belas praças, um casario charmoso, além de ser uma estância hidromineral, Monte Sião é muito bem estruturada para receber visitantes.
          Se destaca pela Festa do Peão, que acontece no mês de março e por ser a única cidade no Brasil, que fabrica porcelanas nas cores azul e branca.
          Sem dúvida alguma, o destaque da cidade é a indústria têxtil, principal atividade econômica do município, com mais de 2 mil estabelecimentos, entre indústrias e comércios de malhas e tricô, tradição que chegou à cidade no século XX, pelas mãos de imigrantes italianos. Por sua tradição, qualidade de suas malhas e tricôs, além de sua estrutura, Monte Sião é a Capital Nacional do Tricô. A cidade recebe todos os dias, um grande fluxo de visitantes, que vem em caravanas para conhecerem as novidades das indústrias de tecidos da cidade, bem como, fazerem compras.
          A presença de turistas é bem maior em épocas especiais, como no Encontro de Fuscas, na Trilha das Malhas, no Festival de Inverno, nas festas de fim de ano e durante a Feira Nacional do Tricô (Fenat), que acontece entre os meses de abril e maio.
02 - Nova Serrana - Capital dos Calçados Esportivos
 
          A cidade fica a 120 km de Belo Horizonte, na Região Centro Oeste de Minas e conta atualmente com mais de 105 mil habitantes. Cidade industrializada, com ótima estrutura para o turismo de negócios e eventos diversos, graças a sua indústria calçadista. A cidade produz calçados desde 1948 e cresceu em torno desse ramo industrial. Conta atualmente com milhares de empresas de pequeno, médio e grande porte, gerando emprego e renda para milhares de pessoas. (fotografia acima de @newdronens)
          Nova Serrana responde pela produção de 55% dos calçados esportivos no Brasil, sendo considerada por isso, a Capital dos Calçados Esportivos. Todos os anos, duas vezes ao ano, organiza a maior feira de calçados de Minas Gerais, a Fenova, evento que mobiliza todo o setor e atrai compradores de todo o país.
03 - Patos de Minas – Capital Nacional do Milho
          Patos de Minas, na Região do Alto Paranaíba, hoje com cerca de 159 mil habitantes é conhecida no país inteiro como a Capital do Milho. A tradição é tanta, que o milho e seus derivados, fazem parte da história da cidade. Desde 1958, em Patos de Minas, acontece uma das maiores festas rurais do Brasil, a Festa Nacional do Milho, a FENAMILHO, na data de aniversário da cidade, 24 de maio, dia declarado como o Dia Nacional do Milho. (foto acima de @dronemoc)
          A cidade é bem estrutura, industrializada, e com uma agricultura forte, com produção, além do milho, de girassóis, cana-de-açúcar, tomate, sorgo, batata-doce, mandioca, soja, café, feijão, dentre outras culturas. Além disso, é muito bem organizada, com uma boa rede hoteleira e gastronômica, além de atrativos arquitetônicos como o Memorial da Casa da Cultura do Milho, a Igreja de Nossa Senhora das Dores, a Casa de Olegário Maciel, a Catedral de Nossa Senhora da Guia, a Igreja de Santo Antônio, Shoppings, a Lagoa Grande, a Cachoeira das Irmãs, dentre outros atrativos. 
04 - Piranguinho - Capital do Pé de Moleque
          Com pouco mais de 9 mil habitantes, distante 435 km de Belo Horizonte, Piranguinho, no Sul de Minas, se destaca por ser a capital de um dos mais saborosos doces do Brasil, o Pé de Moleque. É o maior símbolo gastronômico da cidade, um uma das identidades gastronômicas de Minas Gerais. (foto acima do André Uchôas)
          O doce tem tradição desde a chegada das ferrovias na região, nas primeiras décadas do século passado e movimenta a economia da cidade, gerando emprego e renda para centenas de famílias. O autêntico e legítimo Pé de Moleque de Piranguinho tem selo de qualidade. A cidade ainda organiza, no mês de junho, a Festa do Pé de Moleque, em conjunto com as Festas Juninas. No evento, além das tradições comidas típicas, danças, músicas e shows, é apresentado o maior pé de moleque do Brasil, com uma média de 24 metros de comprimento, servido à população presente.
05 - Paracatu - Capital Mundial do Pão de Queijo

          Paracatu, é uma cidade histórica, da Região Noroeste de Minas Gerais. Distante 483 km de Belo Horizonte, com cerca de 95 mil habitantes. Fundada em 20 de outubro de 1798, no século XVIII, Paracatu é uma das mais belas, charmosas e acolhedoras cidades mineiras. (na foto acima de Thelmo Lins, o caminho que ligava Minas a Goiás, no século XIX)
          Cidade com excelente estrutura urbana, turística e tradicional, Paracatu, desde sua origem, se destaca por sua pecuária leiteira. Nas cozinhas paracatuenses, do leite, eram feitos queijos. Tanto um, quanto outro, sempre foram os principais ingredientes para as quitandas, que saem dos fornos das casas e cozinhas das fazendas do município. Uma dessas quitandas, é o nosso tradicional, pão de queijo.
          O pão de queijo tradicional, como conhecemos, é escaldado, com uma mistura de leite e óleo quente. Em Paracatu, não se escalda a massa do pão de queijo. Todos os ingredientes e o modo de preparo do pão de queijo tradicional, são os mesmos, mas o leite e o óleo, não são aquecidos. É um pão de queijo sem escaldar, simples assim. E é ótimo!
          Esse modo de fazer pão de queijo de Paracatu, é uma tradição secular, embora não seja possível precisar quando a tradição começou, acredita-se que sua origem tenha sido do século XIX. Foi passada de geração para geração sendo hoje uma das maiores identidades do município, estando a iguaria, mencionada no Livro de Registros dos Saberes, desde 2015, como Patrimônio Imaterial da cidade e presente em todas as casas, fazendas, padarias e lanchonetes do município.
          Pão de Queijo em Paracatu é uma identidade tão autêntica e enraizada na história da cidade, que a iguaria coloca o município, como a Capital Mundial do Pão de Queijo.

06 - São Tiago – A capital nacional do Café com Biscoito
          Com cerca de 11 mil habitantes, São Tiago, no Campo das Vertentes se destaca em Minas Gerais desde o século XVIII, quando o povoado era ponto de descanso de tropeiros, que aproveitavam para descansar e comer os biscoitos preparados pelos moradores do povoado. (foto acima enviada pelo Deividson Costa/mdm - Agência Digital)
          A tradição perdura por séculos e São Tiago se destaca no país por seus biscoitos e café, feitos no forno de barro e nas dezenas. Além disso, seus biscoitos são produzidos nas várias indústrias locais, que produzem dezenas de biscoitos diferentes, mantendo a mesma qualidade e sabor dos biscoitos feitos, nos fornos de barro.
          Todos os anos, no segundo fim de semana do mês de setembro, acontece a Festa Nacional do Café com Biscoito, um dos maiores eventos gastronômicos do Brasil. Para se ter ideia, durante os dias de evento, a cidade recebe entre 60 a 80 mil visitantes. Isso numa cidade com apenas 11 mil habitantes. Daí dá para perceber o tamanho da importância da cidade e de sua principal festa. É a Capital Nacional do Café com Biscoito.
07 - Sabará – A capital da jabuticaba
        Sabará, foi a terceira vila do ouro de Minas e está apenas 20 km de Belo Horizonte. A cidade histórica, que guarda relíquias do Barroco Mineiro, com obras do Metre Aleijadinho e Ataíde, se destaca hoje pela jabuticaba. (a Jabuticaba-Sabará, na foto acima de Sabará e Sabor/Restaurante Jotapê em Pompéu, distrito de Sabará MG)
          Fruta nativa da Mata Atlântica, a jabuticaba é tão importante para a cidade, que uma das 15 espécies existentes de jabuticaba, carrega seu nome: Jabuticaba-Sabará. Nos quintais do município, a fruta está presente e dos quintais sabarenses, saem vinho de jabuticaba, cachaça, licor, bolo, doce, geleia, molho, sorvete, pudim e diversos pratos com a fruta Jabuticaba-Sabará, que é um dos patrimônios do município, bem como os derivados da fruta, que tem selo de origem. 
          Todos os anos, entre novembro e dezembro, época de temporada, acontece o Festival da Jabuticaba, com shows, exposição de arte local e são apresentados todos os derivados da jabuticaba nos 3 dias de eventos. A cidade é a Capital da Jabuticaba.
08 - Salinas - Capital da Cachaça
          Distante 640 km de Belo Horizonte, Salinas, no Norte de Minas se destaca no mundo inteiro por sua bebida destilada de cana. A cachaça, movimenta alambiques e indústrias, gerando emprego e renda para centenas de famílias. São cercas de 50 marcas de cachaças, com destaque para a Havana, reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial de Salinas. As cachaças de Salinas são comercializadas em todo o Brasil, sendo ainda exportada para vários países. (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade, uma das salas do Museu da Cachaça de Salinas)
          A cidade de 42 mil habitantes, conta óptima estrutura urbana para receber visitantes, bem como um museu dedicado a contar a história da bebida, além de organizar todos os anos, no mês de julho, o Festival Mundial da Cachaça, bebida que faz de Salinas a Capital da Cachaça, reconhecida pela Lei Federal, nº 13.773, publicada no Diário Oficial da União em 19/12/2018. 
09 - Santo Ant. do Monte - Capital dos Fogos de Artifício
          Com cerca de 30 mil habitantes, a cidade de Santo Antônio do Monte, no Centro Oeste de Minas, a 185 km de Belo Horizonte, se destaca no Brasil por suas indústrias de fogos de artifícios, os populares, foguetes. A cidade responde por 80% da produção de fogos de artifícios no Brasil, além de exportar para vários países, sendo por isso, a Capital Nacional dos Fogos de Artifícios. A cidade organiza todos os anos, geralmente em novembro, a tradicional Festa do Foguete, com shows pirotécnicos, musicais, comida típicas e mostra da indústria. (foto acima de Arnaldo Silva) 
10 - Santa Rita do Sapucaí - Capital dos Eletrônicos
          A cidade fica na Região Sul de Minas, a 406 km da capital e conta atualmente com cerca de 45 mil habitantes. É um dos mais importantes polos eletrônicos do país, sendo a cidade uma potência tecnológica em Minas Gerais. (fotografia acima de Leonardo Souza/@jleonardo_souza_srs)
          Por sua importância, é comparada ao famoso Vale do Silício, polo tecnológico da Califórnia, nos Estados Unidos, nos anos 1950. O município abriga o Vale da Eletrônica, formado por mais de 150 empresas de setores que vão da informática à telecomunicação, produzindo mais de 13 mil produtos, como fios, placas e softwares, chip do passaporte eletrônico, transmissor de TV, urnas eletrônicas, utilizadas nas eleições, dentre outros produtos eletrônicos. 
          Santa Rita do Sapucaí é a única cidade brasileira que produz e exporta tokens e transmissores digitais. Seus produtos, abastecem o mercado nacional e internacional. Além disso a cidade é considerada “cidade criativa”, por suas inovações e reciclagem, além de oferecer uma excelente estrutura urbana, um setor de serviços eficiente, uma boa rede hoteleira e gastronômica, além de ser uma cidade muito bonita e acolhedora.
11 - São Gotardo – A capital nacional da cenoura
          São Gotardo, na Região do Alto Paranaíba, conta atualmente com cerca de 36 mil habitantes. Está na região onde encontra-se o PADAP (Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba), formado pelos municípios de Campos Altos, Ibiá, Matutina, Rio Paranaíba, Tiros e São Gotardo, que conta com grande presença de descendentes de imigrantes japoneses, que vieram para a região, trabalhar na agricultura. Essas cidades juntas, formam um dos maiores polos hortifruti do país, com grandes variedades de frutas, legumes e hortaliças, plantados em cerca de 50 mil hectares. A atividade agrícola é hoje, uma das maiores geradoras de emprego e renda nas cidades do PADAP. (na foto acima do Emílio Mendes Ferreira, a Paróquia de São Sebastião)
          Um dos maiores produtos da região, é a cenoura, com a cidade de São Gotardo se destacando no país, sendo atualmente, a Capital Nacional da Cenoura, além de produzir outras variedades de hortifrutis. A cidade organiza, desde 1997, uma das maiores festas do interior do Brasil, a Festa Nacional da Cenoura (FENACEN). A festa atrai milhares de turistas para a cidade e apresenta mostras de novas tecnologias agrícolas, concurso de culinária e barracas com pratos típicos, principalmente, feitos com cenoura, bem como a eleição da Rainha Nacional da Cenoura, grandes shows musicais, etc.
12 - Teófilo Otoni - Capital das Pedras Preciosas
          Com mais de 145 mil habitantes, Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, é uma das maiores e mais importantes cidades de Minas Gerais e de grande destaque internacional. Distante 450 km de Belo Horizonte, a cidade tem tradição na mineração, já que seu subsolo é riquíssimo em pedras preciosas como berilo, ametista, água marinha, topázio, espodumênio, opala, calcita, alexandrita, turmalina, crisoberilo, olho-de-gato, quartzo rosa, dentre outras tantas pedras preciosas. (fotografia acima de Sérgio Mourão)
          São mais de 3 mil oficinas na cidade, dedicadas a essa atividade, gerando emprego e renda. Por isso que Teófilo Otoni é referência internacional em pedras preciosas e considerada a Capital Mundial das Pedras Preciosas. Não é capital de Minas e nem do Brasil, em termos de pedras preciosas, Teófilo Otoni é reconhecida como polo mundial na lapidação e comercialização pedras preciosas. É a Capital Mundial das Pedras Preciosas.
          A cidade conta com uma excelente estrutura urbana, com rede hoteleira, gastronômica e de eventos eficientes, já que na cidade acontece todos os anos, feiras, congressos, workshops e exposições culturais e científicas. Um desses eventos que atrai para cidade turistas vindos de todas as regiões do Brasil e de vários países do mundo, é a Feira Internacional de Pedras Preciosas (AFIPP), um dos maiores eventos do gênero, no mundo.
13 - Timóteo - Capital do Inox
          Timóteo, distante 196 km de Belo Horizonte, conta com cerca de 91 mil habitantes, fazendo parte do Vale do Aço. É uma das mais industrializadas cidades mineiras, com diferentes ramos de atividades, além de um comércio diversificado, uma excelente estrutura urbana, principalmente para turismo de negócio e rede hoteleira e gastronômica de qualidade. (fotografia acima de Elvira Nascimento)
          Desde 1944, Timóteo se destaca na produção do aço inox, com instalação na cidade da Companhia de Aços Especiais Itabira (Acesita), privatizada em 1992, com o comando da empresa assumido, desde essa época, pela Aperam South America. Atualmente é comandada pela ArcelorMittal Inox Brasil, uma das maiores empresas do setor metalúrgico e siderúrgico do mundo, dotada de altíssima tecnologia. Atualmente, a empresa em Timóteo, é a maior produtora de aço inoxidável da América Latina.
          O Aço Inox faz parte da identidade e orgulho do povo timotense, com a cidade se destacando no Brasil como a Capital do Inox. Vem ganhando destaque ano a ano, um dos grandes eventos de negócios de Minas Gerais, a Expo Inox. Uma grande feira que reúne as novidades do setor de inox, com a presença de expositores do ramo.
14 - Ubá - Capital mineira da indústria moveleira
          Distante 290 km de Belo Horizonte, na Zona da Mata e com cerca de 120 mil habitantes, está Ubá. É uma das principais cidades de Minas, destaque no Brasil, não apenas pela manga que leva o nome da cidade, mas por sua fortíssima e diversificada indústria moveleira. Sua produção de móveis, além de estar presente no mercado nacional, vem ganhando a cada ano, espaço no mercado internacional. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade)
          Ubá é o primeiro polo moveleiro de Minas e o terceiro do país. O polo moveleiro de Ubá é formado ainda pelas cidades de Guidoval, Piraúba, Rio Pomba, Rodeiro, São Geraldo, Tocantins e Visconde do Rio Branco. Consolidando sua liderança no setor moveleiro em Minas, todos os anos, a cidade organiza a Feira de Móveis de Minas Gerais (FEMUR), um dos maiores eventos desse ramo no país.
15 - Uberaba - Capital Mundial Gado do Zebu
          Uberaba, no Triângulo Mineiro, conta mais de 340 mil habitantes e está, distante 480 km de Belo Horizonte. A cidade se destaca em Minas pela sua qualidade de vida, excelente estrutura urbana, pelas suas indústrias e atividades agrícolas como a soja, sementes de girassol, cana-de-açúcar, milho, etc., e principalmente na pecuária, em destaque, a criação de gado da raça Zebu. (na foto acima o Parque de Exposições Fernando Costa de Uberaba. Foto:ACBZ/Divulgação)
          O Zebu é uma raça de gado de origem indiana e chegou à cidade, no início do século XX. Desde a chegada do Zebu à Uberaba, a raça bovina se desenvolveu, graças a estudos, pesquisas, investimentos em melhoramentos genéticos da raça zebuína e na melhora da qualidade dos embriões bovinos. Isso fez de Uberaba ser uma referência na área de genética animais e ser a capital do gado zebu, no mundo. São 215 milhões milhões de cabeça de gado Zebu, no Brasil, o que faz do país ser o maior exportador mundial de carne e o o quarto maior produtor leiteiro do mundo.
          Em Uberaba, está uma das mais conceituadas empresas de inseminação pecuária, a Alta Genetics. A matriz da empresa tem sede em Calgary, Canadá, com filiais em mais de 90 países, além do Brasil, em Uberaba, a empresa tem filiais na China, Holanda, Argentina, Estados Unidos, etc.
          Na cidade está instalado o Museu do Zebu e a sede da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ACBZ) com 23 mil associados, 100 técnicos no campo e 24 escritórios distribuídos em todo o país. Todos os anos, em maio, acontece na cidade uma das mais importantes exposições agropecuárias do mundo, a EXPOZEBU (na foto acima da ACBZ/Divulgação).
          O evento conta com a presença de personalidades nacionais, empresas e empresários do agronegócio do Brasil e de vários países do mundo. Nos dias da exposição, são apresentadas novidades tecnológicas do setor, leilões de gado, exposição da raça zebuína, além de mega-shows com grandes artistas, barracas com comidas típicas, etc.

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