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sábado, 12 de março de 2022

Doresópolis e os Cânions do Alto São Francisco

(Por Arnaldo Silva) Doresópolis é cidade com boa estrutura urbana. Pequena, pacata e charmosa, a cidade faz parte do Alto São Francisco, no Centro Oeste Mineiro com origens no século XVIII. Sua emancipação política e administrativa ocorreu em 30 de dezembro de 1962, quando foi elevada de distrito de Perobas, à cidade chamada, com o nome de Doresópolis, por ser Nossa Senhora das Dores, a padroeira do município.
          O acesso ao município se dá pela BR-354 e MG-050. Atualmente, vivem no município cerca de 1600 habitantes. Está a 249 km distante de Belo Horizonte, 545 km de São Paulo, 625 km do Rio de Janeiro e a 805 km de Vitória. Doresópolis faz divisa com os municípios de Piumhi, Pains, Iguatama e Bambuí. (na foto acima de Marcelo Bastos, o Rio São Franscisco em Doresópolis MG, com sua margem ladeada por cânions e abaixo de Eduardo Valente, a Praça da Matriz da cidade)
Solo de alta qualidade e rico em calcário
          Em Doresópolis e região a vegetação de Cerrado predomina, além de contar em suas terras planas, vários mananciais de água, como o Ribeirão dos Patos e o Córregos Perobas. A cidade faz parte da Bacia do São Francisco, sendo o Rio São Francisco, o principal que banha a cidade.
          Além disso, a região no entorno de Doresópolis, é formada por solo plano e turfoso (camada de terra escura formada devido a decomposição vegetal). São solos com sistema de aluvião, de baixadas, composto ainda por uma textura argilosa e calcário. A argila presente no solo da região faz com que o solo retenha água, e decomponha com mais rapidez a flora vegetal, enriquecendo o solo, formando as turfas. Como consequência imediata, torna o solo de alta qualidade e fertilidade, excelente para agricultura e pecuária, outra base da economia do município.
          A vegetação presente em Doresópolis é conhecido como Mata de Pains, riquíssimo em calcário, argila e água. Os municípios que compõem a Mata de Pains são Doresópois, Iguatama, Arcos, Formiga, Córrego Fundo, Pimenta, Piumhi e Pains, de onde originou-se o nome, Mata de Pains. (imagem acima de Eduardo Valente na região de Doresópolis MG)
          Somente esses municípios tem esse tipo de solo, predominante em Doresópolis, Iguatama e Pains. A Mata de Pains, embora esteja numa onde predomina o bioma Cerrado, se difere das demais regiões mineiras de Cerrado, devido as rochas, argila e calcário presente no subsolo. É uma das regiões de maior concentração de calcário do mundo, principalmente em Arcos, considerada a Capital Mundial do Calcário.
          Além da riqueza desse tipo de mata, é uma região de rara beleza e formações rochosas que impressionam, além de contar sítios arqueológicos de grande valor científico.
Museu Pré-histórico
          Na Mata de Pains, já nas terras do município de Pains, encontra-se o Museu Arqueológico do Carste do Alto São Francisco com vários objetos e materiais coletados na região, pertencentes a antigas povoações indígenas pré-históricas, datas de 11 mil a 500 anos atrás. (na foto acima de Marcelo Bastos, paisagem do Carste do Alto São Francisco)
          Além disso, em Pains, como na região formada pelas Matas de Pains, são encontradas várias grutas, formações rochosas impressionantes, como a Pedra do Cálice, dentre outros atrativos naturais e mais de 300 sítios arqueológicos pré-históricos, presentes em uma área de cerca de 1.500 km², na região.
Os Paredões em Doresópolis
           Em Doresópolis, a beleza da Mata de Pains pode ser notada em suas formações rochosas e cânions. São enormes paredões que impressionam e até assustam, além de várias furnas (fendas abertas naturalmente, entre rochas) e cavernas. (na imagem acima enviada por Lucas do Rampa, as formações rochosas às margens do Rio São Francisco entre Piumhi e Doresópolis MG)
Povoação da região
          Com a descoberta de minas de ouro em Minas Gerais, no início do século XVIII, ocorreu uma intensa onda migratória de bandeirantes para encontrar ouro, diamantes e esmeraldas nesta região. 
          A região do Alto São Francisco começou a ser povoada por volta de 1732, quando se instala na margem direita do Rio São Francisco, na Piraquara, hoje município de Bom Despacho, o bandeirante paulista João Batista Maciel,  acompanhado dos filhos, e um bom número de agregados e escravos. (na imagem acima, enviada por Lucas Du Rampa, balsa e barcos de pescadores próximo a Ponte São Leão. A única forma de ver os paredões de perto é por barco)
          A bandeira de João Batista Maciel, subiu o Rio São Francisco, vasculhando tudo que podia em suas margens, em busca de ouro. Esse é o marco da povoação da região.
A Trans Canastra
          A rica história, cultura, música, tradições, gastronomia, belezas naturais, festas e feiras do Centro Oeste de Minas foi transformada na rota turística Trans Canastra é um trecho de leste para oeste da Picada de Goyáz e está inserido no projeto de revitalização, recuperação de todo o percurso da Picada de Goyáz, tanto o Caminho Velho, que tem início em Sabará MG, quando do Caminho Novo, que tem início em São João Del Rei MG. O destino final da Picada de Goyáz é a cidade de Vila Boa, em Goiás.
          A Trans Canastra é uma rota pelo mais genuíno sertão mineiro, na parte alta do Vale do São Francisco, que há séculos desperta o interesse de aventureiros, estudantes, espeleólogos e arqueólogos. (na imagem acima enviada por Lucas Du Rampa, barco de pescador no Rio São Francisco em Piumhi MG)
          A rota, formada pelos municípios de Formiga, Córrego Fundo, Pains, Doresópolis, São Roque de Minas e Desemboque, distrito de Sacramento MG, foi idealizada por Eduardo Valente, ex-secretário e Cultura e Turismo de Dores do Indaiá MG, além de ser o idealizador e coordenador da restauração de todo o Caminho do Sertão, a Picada de Goiáz. 
          Com apoio do fotógrafo Marcelo Bastos, Eduardo Valente criou o mapa da Rota da Trans Canastra (acima), além de registro em vídeos e fotos de todo o caminho. O objetivo é detalhar e planejar o uso turístico da rota, bem como fomentar o aquecimento da economia dos municípios que formam a Rota Trans Canastra, com o aumento do fluxo de turistas.
          É um caminho incrível, do início ao fim, com aventuras, farras, suor, novos amigos, muita comida e bebida típica mineira, belas cidades, história. Tudo isso e muito mais numa rota que tem história, tradição, cultura e a hospitalidade marcante de um povo único, forjado nas mais fortes matrizes antropológicas da nossa brasilidade.

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